CARACTERIZAÇÃO DA REGIÃO DO ENTORNO DO DF

O homem e seu espaço

O Entorno de Brasília localiza-se entre os meridianos de 46º15’ e 49º30’ a W Gr., entre os paralelos de 14º e 17º e 30’ ao Sul do Equador, abrangendo no Estado de Goiás 19 municípios: Abadiânia, Água Fria de Goiás, Águas Lindas de Goiás, Alexânia, , , Cocalzinho de Goiás, Corumbá de Goiás, , Formosa, Luziânia, Mimoso de Goiás, , , Pirenópolis, Planaltina de Goiás, Santo Antônio do Descoberto, Valparaíso e Vila Boa, totalizando uma área de 35.950,001 Km², o que corresponde a 10,57% da área do Estado.

Esta região insere-se entre as bacias hidrográficas do Paranaíba, Tocantins e São Francisco, tendo como principais rios o Corumbá, São Marcos, São Bartolomeu, Paranã, Paraim e Maranhão. Portanto, constitui-se em um importante divisor de águas.

A vegetação predominante é de campo cerrado, com ocorrência de mata tropical ao longo dos vales dos rios. O relevo dominante é de superfície tabular aplainada, com altitudes oscilantes entre 900 e 1.250 m.

A ocupação do território da área designada como Entorno de Brasília iniciou-se no princípio do século XVlll, através das incursões das Entradas e Bandeiras, na busca de metais preciosos e catequização de índios pelos gerais.

O deslocamento do eixo de desenvolvimento da faixa litorânea, aliado a outros fatores, fez com que se buscasse a viabilização da transferência da capital para o Centro- Oeste.

A construção de Brasília define um novo momento para os municípios que compõem o seu Entorno. Estes passam por um processo de crescimento populacional, aliado, obviamente, a um relativo dinamismo em suas atividades econômicas, redundando em alterações substanciais na estrutura espacial dos mesmos.

O crescimento populacional da região no período de 1960 a 1996, foi acelerado, pois de um contingente de 107.659 passou para 645.717 habitantes, aumentando sua população em 6 vezes mais, apresentando incremento de aproximadamente 499,7% neste período, enquanto que a população nacional cresceu 2,3 vezes.

1 No período de 1991 a 2003 a população residente passou de 472.586 para 916.034, com uma taxa de crescimento anual cumulativo de 5,67 %, contra 2,34 % do crescimento médio do Estado de Goiás, demonstrando que o crescimento populacional da Região do Entorno do DF correspondeu a 2,4 vezes o crescimento populacional médio do Estado de Goiás no mesmo período.

A densidade demográfica da região é de 25,48 hab./Km². No entanto deve-se considerar que seu adensamento apresenta distorções, encontrando-se municípios com elevadíssimos índices como é o caso de Valparaíso de Goiás, 1.779,54 hab./Km², Águas Lindas 690,78hab./Km², Novo Gama 436,02 hab./Km², e outros com adensamento rarefeito como é o caso de Mimoso de Goiás com 1,81 hab./Km², Água Fria de Goiás 2,28 hab./Km² e Vila Boa com 3,23 hab./Km².

Observa-se que as áreas mais adensadas continuam apresentando altas taxas de crescimento populacional, enquanto muitas áreas vazias tiveram crescimento negativo. Portanto, conclui-se que áreas densamente povoadas continuam sendo foco de atração de migrantes, enquanto que inúmeras áreas pouco povoadas vêm continuamente liberando contingentes populacionais.

A concentração urbana é fenômeno flagrante em alguns municípios do Entorno, pois em 1996, 85,8% de sua população vivia em núcleos urbanos. Já no ano de 2000, segundo os dados do IBGE, esse índice elevou para 89,35%.

Esta concentração populacional desordenada exerce uma forte pressão sobre os equipamentos sociais e urbanos (educação, saúde, saneamento, assistência social, segurança pública e habitação), gerando problemas sociais que comprometem a qualidade de vida na região e contribuem de forma negativa para que os menos favorecidos possam exercer sua cidadania.

PRODUÇÃO E TRABALHO

A região do Entorno, a exemplo do Estado apresenta um quadro fundiário com concentração das terras. Entretanto, esta concentração não ocorre uniformemente entre os municípios. Cristalina, Formosa, Padre Bernardo e Planaltina são áreas com estruturas mais concentradas, onde as grandes propriedades acima de 1.000 ha. Ocupam boa parte das áreas fundiárias existentes. Os municípios de Abadiânia, Alexânia e Santo Antônio do Descoberto possuem a maior área ocupada por pequenas propriedades.

Até a década de 70 o setor agrícola não tinha expressão, predominando a agricultura de subsistência. A partir de então, ocorrem grandes transformações nas atividades rurais, possibilitando a prática de uma agropecuária moderna que ainda coexiste com a de subsistência em algumas áreas.

A agricultura regional apresenta baixo nível de diversificação. As principais culturas temporárias são o arroz, feijão e a mandioca. A expansão de lavoura como a da soja e do milho faz parte do processo de evolução da agricultura moderna desenvolvida no cerrado, para atender os mercados nacional e mundial.

Observa-se que as culturas de alto valor comercial, o milho e a soja ocupam uma área significativa em relação às outras culturas tradicionais, com importância cada vez

2 maior para a economia regional. As lavouras permanentes ocupam uma posição secundária, sendo a laranja o produto mais importante, seguido da banana e da manga.

Segundo os dados do IBGE, no ano de 2003, a região do Entrono do DF possui municípios com elevados índices de produção de grãos como os municípios de Cristalina 595.596 toneladas, Luziânia 303.664 toneladas, contra municípios como Águas Lindas e Valparaíso de Goiás que nada produzem.

A pecuária é um importante segmento da economia regional. O rebanho bovino é voltado basicamente para a produção de carne. Existindo municípios grandes produtores como Formosa que possui 213.165 cabeças de gado, segundo o IBGE, e municípios como Valparaíso de Goiás que possui apenas 380.

A bovinocultura de corte é quase toda realizada de forma extensiva e com padrões baixos de produtividade. A carne produzida se destina ao mercado do Distrito Federal e ao consumo regional, procedente principalmente dos frigoríficos de Luziânia e Formosa.

A suinocultura também é uma atividade representativa na região, segundo o IBGE, no ano de 2002 o município de Cristalina possui 12.500 cabeças em contrapartida Valparaíso de Goiás possui apenas 100.

A avicultura, segundo o IBGE, no ano de 2002, é uma atividade desenvolvida principalmente nos municípios de Luziânia com 1.177.000, Alexânia com 550.000, Cidade Ocidental com 130.000 e Pirenópolis 85.000, tendo importância significativa para a verticalização regional.

A estrutura das unidades produtivas do Entorno de Brasília é diferenciada. Em algumas áreas são utilizadas pouquíssimas técnicas modernas e em outras se destaca a produção mecanizada, em moldes empresariais, com o uso intensivo de capital e baixa ocupação de mão-de-obra. A atividade agro-industrial é recente na região. Só começaram a ser implantadas a partir da década de 80 os primeiros projetos utilizando matérias primas locais, caracterizando-se por apresentarem baixo poder de competitividade e voltados para um mercado restrito. Constata-se que fatores como a baixa produtividade, a pequena diversificação, a estrutura de produção, os métodos empregados e o faturamento restrito indicam que a agroindústria é uma atividade que ainda não atingiu o dinamismo necessário, se restringindo basicamente à subsistência do grupo familiar.

Quanto ao setor industrial observa-se que ainda é incipiente e de pouco significado em termos de quantitativo e de absorção de mão-de-obra. É composto de pequenas unidades industriais, voltado para o mercado local e regional, concentrando-se principalmente em Luziânia. Os gêneros industriais mais significativos são produtos alimentares, bebidas e álcool, mineração não metálica, construção civil, etc.

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Fábrica Schincariol em Alexânia

O setor terciário desempenha papel estratégico na economia regional, principalmente aquelas atividades desenvolvidas em Luziânia e Formosa que apresentam oferta e diversidade de estabelecimentos comerciais e de prestação de serviços de abrangência regional.

Com relação ao turismo, pode-se dizer que a região possui um potencial incomensurável de belezas naturais, não convertendo ainda em riquezas os seus recursos turísticos, que podem e devem ser explorados sob a ótica do desenvolvimento sustentável.

A falta de dinamismo das atividades produtivas da região está diretamente ligada à fragilidade da Ciência & Tecnologia, associada a pouca qualificação profissional da mão-de-obra para o desempenho de suas funções.

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