Instituto Histórico Da Ilha Terceira Boletim Do Instituto Histórico Da Ilha Terceira 111
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INSTITUTO HISTÓRICO DA ILHA TERCEIRA BOLETIM HKTÓRICO-DA mm |i^l VOL. LVIII 2000 INSTITUTO HISTÓRICO DA ILHA TERCEIRA PATROCINADO E SUBSIDIADO PELA SECRETARIA REGIONAL DA EDUCAÇÃO E CULTURA SEDE Convento de S. Francisco DIRECÇÃO (2000) Presidente - Dr. Francisco dos Reis Maduro Dias Secretário -Ten. Cor. Manuel Augusto de Faria Tesoureiro - Valdemar Mota de Orneias da Silva Gonçalves TODA A CORRESPONDÊNCIA DEVE SER DIRIGIDA À DIRECÇÃO DO INSTITUTO A publicação de qualquer trabalho não significa a concordância do Instituto com as doutrinas, ideias ou conclusões nele contidas, que são sempre da responsabilidade exclusiva do autor. (Art015° do Regulamento do Instituto) BOLETIM DO INSTITUTO HISTÓRICO DA ILHA TERCEIRA INSTITUTO HISTÓRICO DA ILHA TERCEIRA BOLETIM HISTÓRICO-DA VOL. LVIII 2000 ANGRA DO HEROÍSMO INSTITUTO HISTÓRICO DA ILHA TERCEIRA (31 de Dezembro de 2000) SÓCIOS EFECTIVOS : Dr. Álvaro Pereira da Silva Leal Monjardino Dr. António Bento Fraga Barcelos Dr. Eduardo Ferraz da Rosa Emanuel Félix Borges da Silva Dr. Francisco dos Reis Maduro Dias Francisco Ernesto de Oliveira Martins Jácome de Bruges Bettencourt João Dias Afonso Pe. Dr. João Maria de Sousa Mendes Dr. Jorge Eduardo Abreu Forjaz Doutor José Guilherme Reis Leite Eng. José Henrique dos Santos Correia Guedes Dr. José Leal Armas Dr. José Mendonça Brasil e Ávila Luís Manuel Conde Vieira Pimentel TCor. Manuel Augusto de Faria Dr. Rui Ferreira Ribeiro de Meireles Valdemar Mota de Orneias da Silva Gonçalves SÓCIOS HONORÁRIOS : Prof. Doutor António Manuel Bettencourt Machado Pires (Prol. da Universidade dos Açores) Dr. António Maria de Orneias Ourique Mendes (Adido Cultural da Embaixada de Portugal em Roma) Prof. Doutor Artur Teodoro de Matos (Prof. da Universidade Nova de Lisboa) Prof. Doutor Dante de Laytano (Director do Museu do Estado do Rio Grande do Sul, Brasil) Dr5 Elsa Brunilde Lemos de Mendonça (Prof3 Efectiva do Ensino Secundário) Prof. Doutor Frederic Mauro (Prof. da Universidade de Paris) Prof. Doutor Joaquim Veríssimo Serrão (Presidente da Academia Portuguesa de História) Prof. Doutor Joel Serrão (Prof. da Universidade Nova de Lisboa) Prof. Doutor José Enes Pereira Cardoso (Prof. da Universidade dos Açores) Prof. Doutor Walter Fernando Piazza (Prof. da Universidade Federal de Santa Catarina, Brasil) INSTITUTO HISTÓRICO DA ILHA TERCEIRA (31 de Dezembro de 2000) SÓCIOS CORRESPONDENTES : - Dr. Alberto Borges dos Santos - Leonel Holmes - Doutor Alberto Vieira - Arq. Luís António Guizado Durão - Doutora Ana Maria Ferreira - Dr. Luís Filipe Ferreira Reis Thomaz - Doutor António José Telo - Dr. Luís Manuel Machado Meneses - Doutor Augusto de Athaíde - Doutor Luís Manuel Vieira Andrade - Doutor Avelino Meneses - Doutor Manuel Lobo Cabrera - Doutora Carmen Maria Radulet - General Manuel de Sousa Meneses - Dr. Celestino Sachetti - Doutora Maria Augusta Lima Cruz - Dr. Daniel António Pereira - Doutora Maria Margarida Roque Lalanda Gonçalves - Doutor Donald Warrin - Doutora Maria Norberta Bettencourt Amorim - Doutor Douglas Wheeler - Dra. Marie Lyn Salvador - Doutor Eduino de Jesus - Doutora Mary Theresa Vermette - Ermelindo Santos Machado Ávila - Dr. Miguel Figueiredo Corte Real - Arq. Francisco Riopardense de Macedo - Doutor Miguel Monjardino - Dr. Gonçalo Andrade Pinheiro Nemésio - Doutor Nereu do Vale Pereira - Dra. Isabel Cid - Dr. Nestor de Sousa - Pe. Dr. Jacinto Monteiro da Câmara Pereira - Doutor Onésimo Teotónio Almeida - Almirante Jesus Salgado Alba - Oriolando Sousa da Silva - João Gabriel Ávila - Doutor Osvaldo Ferreira de Melo - Doutor Jorge Couto - Pedro da Silveira - Dr. Jorge Felizardo - Dr. Ricardo Manuel Madruga da Costa - Doutor José de Almeida Pavão - TCor. Doutor Rui Carita - José Leite Pereira da Cunha - Doutor Rui de Sousa Martins - Cor. Eng. José Carlos de Magalhães Cymbron - Doutor Victor Hugo Forjaz - Doutor José Manuel Bettencourt da Câmara - Doutor Arq. José Manuel Fernandes - Doutor José Martins Garcia - Doutor José Medeiros Ferreira - Dr. José Olívio Mendes Rocha - Dr. José Pereira da Costa - Dra. Judite Costa Evangelho - Padre Júlio da Rosa Boletim do Instituto Histórico da Ilha Terceira 9 A ERMIDA DO VARADOURO Subsídios para a sua história Por: Jácome de Bruges Bettencourt Sócio efectivo do I.H.I.T. Sócio efectivo da Academia Portuguesa de Ex-Líbris Estes subsídios para a história da Ermida do Varadouro não têm outra pretensão que serem isso mesmo. Com a ajuda preciosa de meu primo Elerberto Bettencourt Dart, que colaborou na compilação de elementos relativos à Ermida de N.a S.a da Saúde, com algum trabalho foto- gráfico que devemos à Sandra Isabel e ao Nicolau mais o que disponho nos arquivos de família, foi possível fazer a tarefa que agora '■ ■? se publica. Tinha fotografias que poderiam Varadouro. 1925. encher mais umas dezenas de páginas, sobre- Ermida vista do lado da Sacristia. tudo, sobre os transportes ao longo do séc. XX Foto: Prof. Nestor Garcia Lobo no Varadouro, porém, acho que tal não teria grande cabimento aqui. Pode ser que surja outra oportunidade. Mas deu-me grande satisfação organizar este trabalho. Foi um rememorar os tempos de menino e moço em que nestes espaços físicos vivemos momentos felizes, de muita alegria. Recordo com saudade a primeira vez que fiz questão de viajar no carrão dos Malhados, de Castelo Branco. Isto aí pelo Verão de 1951, 10 Boletim do Instituto Histórico da Ilha Terceira quando minha tia avó Chica (D. Francisca Rocha Bettencourt) mandou fazer uma paragem no Areeiro, pois estávamos a passar as férias na nossa casa do Areeiro, para se tomar rumo ao Varadouro. Todos os anos em Junho e Setembro usava este transporte no percurso cidade (casa da rua de São João) - Varadouro - Horta, que levava cerca de sete horas, com almoço em Castelo Branco. Viajava acompanhada das criadas e mantimentos para três meses de vilegiatura. Ela enjoava em veículos motorizados. Meu avô Honorino era transportado para a casa do Varadouro por meu Pai, primeiramente no seu Austin Eight, depois no Anglia, da Ford inglesa, adquirido no ano em que nasci, 1946. Lembro-me das milhentas idas ao Varadouro, a pé, por atalhos rápidos, ora para o banho, no Porto Velho, ou a casa da Tia Chica, apanhar amoras ou passear. Ao domingo íamos (toda a família) à missa na Ermida do Varadouro, de automóvel. Demos conta, neste meio século, do crescimento do lugar em termos de densidade de casario e do melhoramento das vias. Tenho, aliás, alguma documentação fotográfica, quase secular, que o atesta ao mostrar caminhos estreitos, sinuosos e de terra batida. Assistimos, ainda em finais dos anos cinquenta, à construção de várias vivendas, já não eram veraneantes só, as famílias Bettencourt, Pamplona, Mesquita, ou de João Inácio da Silva, do professor Henrique Saldanha ou do tio do Padre Correia, depois, mais as de Antero Gonçalves, José Maria Gonçalves, Teófilo Ferreira Garcia, Francisco Dutra Faria (Chico da Viúva, da vivenda Dalila), do médico dr. José Pereira de Freitas, meu padrinho de crisma, etc. A partir de meados dos anos sessenta, outros vem, como o médico dr. Luís Carlos Decq Motta. O Varadouro deixou de ser aquele lugar que conheci. O movimento de viaturas obrigava a outros cuidados diferentes de quando aí circulavam diariamente apenas uma dúzia de carros e a "camioneta dos banhos", quanto muito. O Varadouro já não era mais aquela terra "porto de mar da freguesia do Capelo, na ilha do Faial -12 habitantes" que Alberto Telles menciona na sua "Chorographia Geral dos Açores" em 1889. co rT O- o r-fc O X Ox Õ" O G. =r g H -in> 4 o 2. 3 Varadouro, 1945, Aspecto geral do Varadouro e Capelo ao fundo. Foto: Júlio Vitorino 12 Boletim do Instituto Histórico da Ilha Terceira Varadouro. Ermida, 2.9.2001. D. António de Sousa Braga, Bispo d'Angra, celebrando a Missa da festa de N.a S.a da Saúde. Fotos: Of. Pároco do Capelo ■ Idem. Aspecto da Procissão, realizada após as celebrações religiosas na Ermida. Boletim do Instituto Histórico da Ilha Terceira 13 O VARADOURO Além do que Alberto Telles refere na sua Chorographia, no tocante a textos de outros escritores não encontramos notícias que adiantem mais do que as que António Lourenço da Silveira Macedo e Marcelino Lima deixaram. O Dicionário Corográfico dos Açores de José Rodrigues Ribeiro, publicado em 1979, também, pouco diz sobre este lugar. António Lourenço da Silveira Macedo, em 1871, na História das Quatro Ilhas que formam o distrito da Horta, sobre o Varadouro anota: "(...) tem um bom porto no sítio do Varadouro muito abundante em pesca e ahí quasi ao nível do mar existe uma fonte com cujos banhos alguns doentes tem experimentado alívios; mt.0 conviria q. fossem analysadas, e que ali se fizessem algumas obras para tomar aquelle lugar mais accessível e cómodo aos doentes. Há também ali um forte abandonado". "(...) antes do vulcão era muito fértil, ficou o solo na maior parte coberto de lava e impróprio para cultura, assim mesmo o trabalho de seus habitantes o aproveitou em parte, plantando-lhe vinha, figueiras e árvores de carouço, de q. conseguiram tirar um bom produto, que o destmidor Oidyum veio anniquilar em 1854: contudo apesar d'estas calamidades; ainda n'ellas se cultivam todos os géneros que as mais produzem". Outro autor, Rodrigo Alves Guerra Júnior, no livro Trutas regista; "(...) chegamos ao alto da Ribeira do Cabo. A freguesia do Capelo aparece-nos em baixo, toda inundada de luz, as casas nuas de cal, saindo do verde das urzes, o Varadouro muito negro de pedras, onde o mar vem bater em baixo, espuma de alvura. (...)". Guido de Monterey, na sua monografia Faial (Açores). Uma ilha de encantar, dada à estampa em 1980, tomba o seguinte sobre este sítio: "... o Capelo, terra recém-nascida para a ponta, onde uns resquícios de vegetação teimam em brotar, como que a medo, da lava requeimada. E logo após se depara com a costumeira fisionomia da ilha - verde com laivos de azul, detalhe que lhe é transmitido pelas hortênsias em flor. E é nessa mesma freguesia, nesse Capelo que sofreu as maiores angústias, que, por estranho capricho, se encontra uma das maiores, senão a maior, exuberância faialense - o Varadouro.