EDUCAÇÃO PARA A : UM DESAFIO DA ESCOLA ACTUAL

Diana Filipa da Silva Oliveira Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade de Coimbra

Actualmente, a Educação para a Cidadania é encarada como um desafio central das instituições escolares e da sociedade em geral. Assim, os agentes educativos devem promover a formação e a socialização das crianças e jovens, fomentando igualmente a sua integração a participação activa e responsável na vida da sociedade. Neste âmbito é atribuído aos professores um papel fundamental: o de mediadores do processo de desenvolvimento pessoal e social dos seus alunos. A presente investigação visa reflectir sobre a importância da educação para a cidadania no contexto escolar, bem como apresentar alguns desafios inerentes a esta realidade. Para tal, conduzimos um Estudo de Caso com professores do 1º ciclo do ensino básico, de modo a analisarmos e compreendermos as suas concepções e perspectivas face à abordagem da Cidadania em contexto escolar.

I. Introdução

A sociedade actual tende, cada vez mais, a assumir-se como sociedade de formação e de aprendizagem ao longo da vida. Face às desigualdades sociais, económicas e culturais em que vivemos e aos conflitos e lutas que persistem, a Educação surge como um trunfo e um bem essencial para o desenvolvimento e para a convivência saudável entre todos nesta “aldeia global”. No Relatório para a UNESCO da Comissão Internacional sobre a Educação para o século XXI (Delors et al., 2003) estão delimitados os quatro pilares da Educação, que passamos a citar:

“Para poder dar respostas ao conjunto das suas missões, a educação deve organizar-se à volta de quatro aprendizagens fundamentais que, ao longo de toda a vida, serão dalgum modo para cada indivíduo, os pilares do conhecimento: aprender a conhecer, isto é adquirir os instrumentos da compreensão; aprender a fazer, para poder agir sobre o meio envolvente; aprender a viver juntos, a fim de participar e cooperar com os outros em todas as actividades humanas; finalmente aprender a ser, via essencial que integra as três precedentes” (pp. 77).

Ora, a delimitação destas quatro aprendizagens fundamentais leva-nos a reflectir e a (re)pensar o papel da Escola, local por excelência de formação dos indivíduos. A Escola não se pode limitar a transmitir saberes vazios e sem significado, mas deve possibilitar o

1457 desenvolvimento de conhecimentos e competências que permitam a adaptação a um mundo em mudança. Consequentemente, os professores possuem uma função fundamental neste âmbito, assumindo uma grande responsabilidade na formação e na preparação dos indivíduos “para o amanhã”. A eles compete a exigente tarefa de educar as crianças e jovens para serem elementos activos, participativos e impulsionadores da mudança e da transformação social. Esta nobre “missão” de formar os indivíduos para o exercício da cidadania tem-se revelado uma questão central no panorama educativo actual. Tendo como grande objectivo a análise e a compreensão da (real) importância da promoção da Cidadania em contexto escolar iremos, numa primeira parte deste artigo, tecer algumas considerações teóricas sobre a Cidadania e a Educação para a Cidadania. Numa segunda parte, apresentaremos as conclusões da investigação realizada sobre as concepções de professores do 1º ciclo do ensino básico sobre esta realidade.

II. O conceito de Cidadania

A Educação para a Cidadania tem ganho nos últimos anos uma crescente e assumida importância. Actualmente, as ideias de Cidadania e Educação fazem parte das preocupações centrais de grande parte dos Estados democráticos. A multiplicidade de concepções e representações atribuídas ao conceito de Cidadania está directamente relacionada com a sua importância histórica e social. Apesar de ser um conceito em voga, é evidente a sua presença na história das diferentes sociedades. Como tal, a sua origem remonta à antiguidade greco-romana em que a Cidadania era considerada como “a essência da vida em sociedade, como o conjunto das acções que convêm a um cidadão” (Fonseca, 2001, pp. 7). Na Grécia o cidadão era aquele que tinha um conjunto de direitos e deveres, sendo que o mais importante dos seus direitos era a participação activa nas decisões da cidade (Fontes, 2000). Contudo, vigorava “um conceito de cidadania excludente: a designação afastava alguns que, por uma condição adquirida à nascença eram súbditos, enquanto que outros, pela mesma razão, eram considerados cidadãos” (Praia, 1999 In Figueiredo, 2002, pp. 5). No que concerne aos Romanos, a Cidadania era entendida como um estatuto jurídico- -político que era conferido a um determinado indivíduo, independentemente da sua origem ou da sua condição social anterior. Logo, os cidadãos eram aqueles que aceitavam submeter-se e respeitar o regime (Figueiredo, 2002, pp. 5).

1458 Na Idade Média, com a desagregação do Império Romano, o conceito greco-romano de cidadania é substituído pelo conceito de submissão (Fontes, 2000). Neste sentido, os direitos e deveres do indivíduo estão directamente dependentes da vontade do seu senhor. Entre os séculos XVI e XVIII, durante a Idade Moderna, surge uma nova perspectiva sobre a Cidadania, que advém essencialmente de três importantes movimentos políticos: a centralização dos poderes do Estado (abolindo o poder dos senhores da Idade Média); a proclamação da igualdade de direitos de todos perante a Lei, em Inglaterra; e o surgimento da filosofia humanista de teóricos como Locke (cf. Fontes, 2000). Assim, a noção de Cidadania ressurge na sequência de importantes revoluções como é o caso da Revolução Inglesa (1688), da Revolução Americana (1774-76) e da Revolução Francesa (1789) (Paixão, 2000 In Figueiredo, 2002, pp. 5). Na sequência das modificações decorrentes destas revoluções, foi elaborada a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão (1789), que apresenta alguns princípios relativos aos direitos e deveres do ser humano. Na Época Contemporânea, as lutas sociais que despoletam na Europa procuram salvaguardar os direitos políticos e os direitos económicos (Fontes, 2000), logo o conceito de cidadania ganha um novo vigor. Já no século XX, depois da segunda guerra mundial, sentiu-se a necessidade de se valorizar e reconhecer formalmente os direitos fundamentais dos indivíduos e dos Estados (Figueiredo, 2002, pp. 5). É neste contexto que surge a Declaração Universal dos Direitos Humanos, em 1948, documento fundamental da história da Cidadania. Neste contexto, o conceito de cidadania é, de certo modo, sinónimo de democracia, pois “todos os cidadãos podem intervir na organização e actividade pública” (Santos, 2005, pp. 23). Podemos, assim, confirmar a diversidade de concepções e representações que assume a noção de “cidadania”. A este respeito, Braga da Cruz (1998) refere que a “cidadania é pois um conceito polissémico e uma realidade plurifacetada. Cidadania quer dizer liberdade, participação igualitária, social, qualidade de vida (…) quer dizer também nacionalismo e patriotismo enquanto pressupôs o Estado-Nação e a sua defesa, identificação com a comunidade nacional, com a sua tradição cultural e os seus valores sociais” (In Santos, 2005, pp. 22). Apresenta-se então como “uma realidade complexa e multidimensional, que deve ser contextualizada em função do espaço político e histórico que lhe serve de referência” (Fonseca, 2001, pp. 42). Actualmente, a Cidadania pode ser entendida “como um conjunto de práticas (jurídicas, políticas, económicas e culturais) que definem uma pessoa como membro competente da sociedade” (Turner, 1993 In Nogueira & Silva, 2001, pp. 7). Traduz-se no modo de estar e de saber viver em sociedade, o que implica o reconhecimento e a aceitação da diferença e do Outro.

1459 De facto, caminhamos para uma noção mais alargada de Cidadania, como consequência das constantes mutações sociais, políticas e culturais que temos vindo a sofrer. Neste sentido, os Estados têm vindo a associar-se a Organizações Supra-Nacionais (ex. União Europeia), nas quais os direitos e deveres dos cidadãos conhecem um espaço mais alargado e, simultaneamente, mais ambíguo. Falamos portanto dos conceitos de Cidadania Europeia ou Cidadania Global, que assumem uma dimensão holística e adaptada à sociedade europeia moderna (cf. Santos, 2005, pp. 24). Curiosamente o perfil que se deseja de um cidadão do século XXI é aquele que já preconizava Sócrates: Não sou ateniense, nem grego, mas sim um cidadão do mundo. Assim, o conceito de Cidadania, em que se espera alicerçar a modernidade, deverá promover nos indivíduos a consciência e o sentimento de pertença a uma sociedade que se reconheça, simultaneamente, como local e global, acrescentando-se a esta característica uma cidadania activa e participativa “passando as forças do egocentrismo para reconhecer o outro social e manifestando um eu cívico simultaneamente enraizado no solo da tradição a que se pertence e aberto aos novos espaços de intervenção que a evolução humana suscita” (Fonseca, 2001, pp. 24).

III. Educação para a Cidadania: um desafio da Escola actual

Educar é, hoje, uma tarefa exigente que obriga a uma actualização permanente. A escola, que não esgota a educação mas é o seu centro, reflecte todos os desafios e crises do nosso tempo e da nossa sociedade. Mas reflecte também a esperança e o desejo de nos tornarmos seres mais e mais cultos, mais aptos a imaginar e a perspectivar o futuro. Pires (2001) afirma que “a Educação para a Cidadania é uma referência omnipresente no discurso actual dos responsáveis pelo sector educativo” (pp. 179). Face aos múltiplos desafios da sociedade actual esta revela-se uma condição central para o desenvolvimento harmonioso e equilibrado dos indivíduos. Logo, a promoção da Cidadania faz parte das preocupações centrais da maioria dos Estados democráticos, algo que está consagrado em documentos internacionais e nacionais de grande valor ético, social e político. É o caso da Declaração Universal dos Direitos Humanos (adoptada pela ONU em 1948) proclama que a “educação deve visar a plena expansão da personalidade humana e o reforço dos direitos do homem e das liberdades fundamentais” (artigo 26º, alínea 2). A educação deve, portanto, assegurar o desenvolvimento dos indivíduos, salvaguardando os seus direitos e deveres.

1460 Também a Declaração dos Direitos da Criança (aprovada pela ONU em 1959) defende que todas as crianças devem ter direito a uma educação “capaz de promover a sua cultura geral, e capacitá-la a (…) desenvolver as suas aptidões, a sua capacidade de emitir juízo e o seu senso de responsabilidade moral e social, e a tornar-se um membro útil na sociedade” (princípio 7º). Neste caso, é realçado o papel da educação na/para a formação de cidadãos activos e participativos no meio em que vivem. A Convenção dos Direitos da Criança (adoptada pela ONU em 1989), por seu lado, considera que os Estados devem assegurar uma educação que promova o respeito pelos Direitos Humanos, preparando as crianças para uma vida adulta activa numa sociedade democrática e justa (cf. Artigo 29º). Em Portugal, também a Lei de Bases do Sistema Educativo (Lei nº 46/86, de 14 de Outubro, com alterações introduzidas pela Lei nº 115/97, de 19 de Setembro) proclama, no artigo 2º, que a educação deve contribuir para a “formação de cidadãos livres, autónomos e solidários”, tornando-os “capazes de julgarem com espírito crítico e criativo o meio social em que se integram e de se empenharem na sua transformação progressiva”. Logo, considera-se que o sistema educativo deve “contribuir para a realização do educando, através do pleno desenvolvimento da personalidade, da formação do carácter e da cidadania”, bem como assegurar a “realização pessoal e comunitária dos indivíduos” (artigo 3º). A par disto, os Decretos-Lei nº 6/2001 e nº7/2001 (de 18 de Janeiro) que estabelecem, respectivamente, os princípios orientadores do ensino básico e secundário, reconhecem a cidadania como uma área prioritária e transversal, que visa o desenvolvimento da consciência cívica dos educandos. A educação para a Cidadania deve então contribuir para a formação de “cidadãos responsáveis, críticos, activos e intervenientes” na vida da sua escola e da sua comunidade (cf. Artigo 3º, Decreto-Lei nº 6/2001). Tendo por base os princípios consagrados nestes documentos, a Educação para a Cidadania surge actualmente como um elemento central na formação de crianças e jovens: as “esperanças do amanhã”, no quadro de uma sociedade do conhecimento e da informação. De acordo com Audigier (2000) não se resume, portanto, a um conteúdo escolar ou a um conjunto de actividades, mas traduz “uma finalidade essencial das políticas educativas” (Figueiredo, 2002, pp. 7). Apesar da sua reconhecida importância no panorama educativo actual, a operacionalização do conceito de Educação para a Cidadania não é uma tarefa fácil, tendo em conta a diversidade de elementos que o integram. Apesar disso, apresentamos uma definição de Margarida Serrão e Maria Clarice Baleeiro (1999) que, na nossa opinião, consegue caracterizar sintética e claramente esta complexa realidade:

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“Educar para a cidadania é construir e/ou fortalecer a auto-estima, o auto-conhecimento e o conhecimento dos outros, de modo a possibilitar a inserção no colectivo, percebendo-se como alguém com direitos e deveres e como agente de transformação social responsável e consciente dos seus próprios limites.” (In Figueiredo, 2002, pp. 7)

Neste contexto, não podemos deixar de questionar o porquê da necessidade de se educar, desde cedo, para a Cidadania… Que motivos justificam a valorização desta área na/para formação de crianças e jovens? A este respeito, encontraremos certamente diversas justificações que apontarão na maior parte dos casos para a complexificação da vida social, cultural e política, algo que tem vindo a influenciar a forma de ser, estar e agir dos indivíduos, em particular, e da sociedade, em geral. De facto, “como que receando a emergência de uma crise civilizacional, os estados democráticos defendem a necessidade urgente de promover uma educação para a vida pública, único meio ao seu alcance para reconstituir a sociedade contemporânea em torno de um conjunto de valores que transmitam uma alma colectiva às novas gerações” (Fonseca, 2001, pp. 15). A par disto, a Escola, enquanto instituição formadora por excelência, tem igualmente revelado alguma necessidade em (re)pensar o seu papel e (re)definir o(s) seu(s) âmbito(s) de acção, de modo a enfrentar os desafios que se lhe colocam. Citando alguns desses desafios não podemos deixar de referir a diversidade e o multiculturalismo, os fenómenos crescentes de exclusão social, o “regresso” dos valores à educação, a ecologia, o ambiente e a procura de um desenvolvimento sustentável (Idem, pp. 19). Logo, a Escola deve constituir-se como um modelo de prática democrática que leve as crianças e jovens a compreender, a partir de experiências concretas, quais são os seus direitos e os seus deveres, e de como o exercício da autonomia e da liberdade individual implicará o respeito pela autonomia e liberdade dos outros. Como tal, a abertura da Escola à sociedade a que pertence é requisito fundamental para a construção de uma sociedade democrática e solidária. De facto, “a educação para uma cidadania participativa, crítica e activa só é possível numa escola que seja, ela mesma, cidadã, institucionalmente e na sua prática” (Ferreira, 2003, pp. 11). De facto, nas sociedades modernas a Escola deve ter, associada à sua função educativa, uma função social de formação do espírito de cidadania. Por isso, é e deverá ser sempre um local privilegiado para a formação das “esperanças do amanhã”, na medida em que é o “ponto de encontro” de diferentes culturas, raças, sexos e religiões.

1462 Neste contexto, a educação para a Cidadania deve ser considerada “um campo transversal, situando-se na confluência de contributos de várias áreas de saber para a vida em sociedade…” (Figueiredo, 2002, pp. 8). A transversalidade1 desta área temática está assim associada a todo um conjunto de valores2 que caracterizam as sociedades democráticas, e que devem ser desenvolvidos em contexto escolar. Alguns autores, como Fonseca (2001) renunciam a lógica da disciplina específica3 mas reconhecem a centralidade desta temática nos diversos contextos educativos. O autor em questão defende que a educação para a Cidadania “deixe de ser um objectivo educacional e se transforme num processo pedagógico em si mesmo, assumido e concretizado por todos os agentes implicados no acto educativo” (Fonseca, 2001, pp. 47). Apesar disso, não podemos deixar de atender à recente inclusão das Novas Áreas Curriculares, ou se preferirmos Áreas Curriculares Não Disciplinares, nos currículos do ensino básico4 como espaços próprios para o desenvolvimento de competências pessoais e sociais. Falamos, portanto, da Área Projecto, do Estudo Acompanhado e da Formação Cívica, que são consideradas áreas de natureza transversal e integradora. Mais especificamente, a área da Formação Cívica é entendida como um espaço privilegiado de abordagem de diversos temas relacionados com a Cidadania, visando portanto “o desenvolvimento da consciência cívica dos alunos, como elemento fundamental no processo de formação de cidadãos responsáveis, críticos, activos e intervenientes…” (Abrantes, 2002, pp. 2). Ainda que estas áreas tenham como grande objectivo articular diversos conhecimentos e competências, será que a sua integração curricular não levará à “compartimentação” de saberes e competências que devem, pelo contrário, ser transversais e transdisciplinares? De facto, o risco da “disciplinarização”, isto é, da tendência para se encarar cada uma destas áreas como uma disciplina ou como um programa previamente estabelecido e estruturado pode realmente assombrar as expectativas positivas em relação a esta nova realidade educativa. Perante este panorama, cabe aos agentes educativos a importante missão de “desenhar” o seu próprio roteiro ou percurso educativo, tendo em conta a especificidade da sua turma, da sua escola e da sua comunidade. Contudo, não podemos esquecer que “a cidadania dos alunos não começa nem acaba na escola” (Sanches, 2003, pp. 187), e deve ser encarada como um projecto global e participativo,

1 A Educação para a Cidadania é considerada um campo de natureza transversal “situando-se na confluência de contributos de diversas áreas do saber” (Figueiredo, 2002, pp. 8). 2 A educação para a Cidadania pressupõe uma educação para os valores democráticos como sendo “a liberdade, a participação responsável, a solidariedade social, a defesa e o respeito pela vida e pela natureza, por um lado, e a competitividade e a inclusividade, por outro lado” (Fonseca, 2001, pp. 43-44). 3 Como p.e. a Educação Cívica, Educação Sexual, Ética, Desenvolvimento Pessoal e Social. 4 Estas Novas Áreas Curriculares foram criadas no âmbito da Reorganização Curricular do Ensino Básico (Decreto-Lei nº 6/2001, de 18 de Janeiro).

1463 envolvendo toda a comunidade em prol de um mundo mais justo e democrático. Isto é, a promoção da cidadania ultrapassa muitas vezes os muros da escola, devendo ser encarada como uma aprendizagem contínua e extensível aos diversos âmbitos da vida humana. Ela conquista-se no dia-a-dia, nas relações dos indivíduos, no conjunto das organizações da sociedade. Por isso, educar para a cidadania implica, antes de mais, educar na cidadania (cf. Leite & Rodrigues, 2001, pp. 24).

IV. O papel dos Professores na Educação para a Cidadania

Face aos múltiplos desafios da sociedade actual, a Educação surge como um trunfo essencial e uma aposta necessária para a concretização de ideais democráticos, bem como para o desenvolvimento pleno e harmonioso dos indivíduos. É pois nesta nova missão da Educação, em geral, e da Escola, em particular, que a Cidadania ganha grande importância e valor. Consequentemente, os professores possuem uma missão complexa mas, simultaneamente, nobre e grandiosa, ou seja, a formação dos “cidadãos do amanhã”. Assim, “a educação para cidadania deve ser, antes de mais, uma condição de sucesso do trabalho de qualquer educador em geral e, em particular, de qualquer professor” (Fonseca, 2001, pp.8). Neste contexto, o professor assume um papel crucial: “o de mediador do conhecimento, o de orientador das aprendizagens e ainda o de facilitador do desenvolvimento de competências relacionais e pessoais” (Santos, 2005, pp. 10). Apesar do seu papel ser, desde sempre, o de educar crianças e jovens para o futuro nunca, como hoje, foi tão evidente esta necessidade de os preparar convenientemente para a vida em sociedade. De facto, a partir dos Decretos-Lei nº 6/2001 e 7/2001 (de 18 de Janeiro), os professores passaram “formalmente” a ser responsáveis pela inclusão desta área nos seus programas e pela sua abordagem em diversos momentos lectivos. Neste sentido, possuem a responsabilidade de planear e desenvolver momentos de aprendizagem cívica (cf. Figueiredo, 2002), mediando assim o conhecimento e a prática. O seu papel assume, actualmente, “novos problemas e requisitos (…) novas competências e conhecimentos” (Santos, 2005, pp. 33). Paralelamente à promoção da aprendizagem de saberes e conteúdos, devem fomentar o desenvolvimento de atitudes e competências de saber ser e saber fazer. Ora, esta abordagem da cidadania em contexto escolar tem grandes consequências quanto ao papel dos professores:

1464 ƒ “Diz respeito a todos (…); ƒ Instaurar a democracia na sala de aula transforma profundamente a relação pedagógica e a gestão da turma; ƒ A educação cívica passa pelo debate que é preciso instaurar na aula a propósito dos saberes (…); ƒ Se o estabelecimento escolar se transforma numa cidade democrática, tal exige de todos uma presença e uma participação mais empenhada (…); ƒ A gestão do estabelecimento também é afectada e exige de cada um novas responsabilidades” (Perrenoud, 2002, pp. 52-53).

Como tal, perante o desafio de formar cidadãos activos, responsáveis e participativos os sentimentos e receios são muitos. Uma das dificuldades encontradas pelos professores a este nível prende-se com o facto de se confrontarem com documentos oficiais que “não apresentam linhas clarificadoras passíveis de balizar as suas práticas pedagógicas” (Ferreira et al., 2002, pp.1). Outra dificuldade consiste exactamente na falta de formação específica nesta área. Considerando um “domínio muito vago, uma utopia e, atendendo aos constrangimentos existentes…” alguns professores vêm, então, a educação para a cidadania como “mais um problema a resolver, uma nova tarefa a desempenhar, em suma, como algo que lhes vai trazer um acréscimo de trabalho” (Idem). Tendo em conta estas dificuldades e crenças podemos encontrar diversas posturas dos professores face à educação para a Cidadania. Assim, apresentamos algumas atitudes que os professores podem assumir neste âmbito, sistematizadas por Carla Figueiredo (2002, pp. 3-4):

- “Não… essa não é a minha função”: consideram que essa função pertence exclusivamente à Família; - “Não posso… não tenho tempo”: reconhecem que a Educação não se resume à transmissão de conteúdos científicos, mas consideram o «programa extenso» e o tempo pouco para o cumprir; - “Bem… por certo alguém irá responder”: aceitam que os desafios e as novas exigências que se colocam à escola são importantes, mas tendem a considerar que haverá outros colegas mais vocacionados ou que isso é tarefa que cabe ao director de turma ou ao colega da disciplina X ou Y; - “Era capaz… mas não tenho formação”: sentem-se inseguros para abordar uma área que não fez parte da sua formação inicial. A formação surge, por isso, como uma

1465 necessidade e até uma exigência sempre que se propõe qualquer tipo de reestruturação e/ou reforma; - “Sozinho(a)… não sou capaz…”: esperam das organizações, especialmente dos seus corpos directivos, iniciativas de apoio e/ou de sustentação das práticas; - “Isto é o que sempre fiz…”: desvalorizam e, até mesmo, menosprezam a ideia de «inovação». Consideram que em Educação tudo já foi dito e revisto e o que se faz é vestir «velhas ideias com novas roupagens».

Neste seguimento, importa referir que a adopção da educação para a cidadania em contexto escolar não é uma tarefa simples e linear. Pelo contrário, compreende um largo espectro de processos e práticas pedagógicas. Logo, é imprescindível que “se criem apoios diversos, a nível central e a nível local, incluindo documentos de reflexão e de orientação, exemplos de materiais de trabalho e oportunidades de formação e de troca de experiências” (Abrantes, 2002, pp. 6). Para além disso, comunidade educativa, em geral, e os professores, em particular, devem ser um exemplo de cidadania e civismo no dia-a-dia. De facto, não podemos esquecer que a educação para a cidadania ser essencialmente uma educação na cidadania, ou seja, deve estar presente na interacção entre professores e alunos.

V. Da Teoria à Prática: Um Estudo de Caso sobre as concepções de professores do 1º ciclo do ensino básico relativas à Educação para a Cidadania

De modo a analisarmos e compreendermos as perspectivas e concepções dos professores em relação à educação para a cidadania, conduzimos um estudo de caso com alguns professores do 1º ciclo do ensino básico. A escolha desta metodologia qualitativa relaciona-se com o facto de permitir o estudo aprofundado e sistemático de um “determinado aspecto de um problema” (Bell, 2002, pp. 22), neste caso a importância que os professores atribuem à educação para a cidadania em contexto escolar.

Metodologia Sujeitos Neste estudo de caso participaram 12 professores5 do 1º ciclo do ensino básico do concelho de Santa Maria da Feira. Destes 12 sujeitos, 10 pertencem ao sexo feminino e apenas 2

5 Estes professores foram seleccionados aleatoriamente.

1466 ao sexo masculino. Os anos de serviço destes professores situam-se entre os 2 e os 29 anos, sendo a média 11 anos de serviço.

Instrumento de Recolha de Dados O presente estudo de caso implicou a realização de uma entrevista individual a todos os sujeitos envolvidos. Esta entrevista é constituída por 15 questões abertas subordinadas ao tema da educação para a cidadania. A escolha desta fonte de recolha de dados prende-se com o facto da entrevista ser “um dos processos mais directos para encontrar informação sobre um determinado fenómeno” (Tuckman, 2000, pp. 517), na medida em que as respostas dos participantes traduzem, normalmente, suas opiniões, sentimentos e perspectivas face ao “caso” em estudo.

Recolha e análise dos dados A recolha de dados decorreu entre os meses de Abril de Maio do presente ano. Todos os sujeitos receberam previamente um documento a informar o âmbito e os objectivos desta investigação. Mais tarde, foram contactados e foi solicitada a sua colaboração no decorrer da mesma. Na condução das entrevistas, frisámos que a sua participação era voluntária, não devendo por isso sentir-se obrigados a participar, assim como apelámos para a honestidade das respostas. Após termos concluído as entrevistas, passámos à análise dos dados obtidos, recorrendo à técnica da análise de conteúdo.

Síntese dos Resultados A principal intenção desta investigação consiste em estudar e analisar as concepções de professores do 1º ciclo relativas à educação para a cidadania. Uma vez que não é nosso objectivo apresentar resultados efectivamente conclusivos, passamos a uma sintetização dos dados realçados pela análise de conteúdo. Relativamente ao primeiro tema em estudo – “os desafios da escola actual” – foram delimitadas quatro categorias essenciais que correspondem às prioridades defendidas pelos sujeitos, neste âmbito. Neste sentido, os professores consideram que o maior desafio da escola actual é preparar crianças e jovens para o futuro, mais especificamente formar cidadãos activos e responsáveis e integrar as crianças na vida em sociedade. Assumem que a melhoria do processo de ensino-aprendizagem é igualmente uma meta a atingir. Para tal, consideram que é fundamental recorrer à interdisciplinaridade de conteúdos; motivar os alunos para a aprendizagem6, bem como desenvolver iniciativas educativas inovadoras.

6 [P1]…as motivar para a aprendizagem e para o saber…

1467 Um outro desafio que evidenciam é a importância da Escola contribuir para o desenvolvimento global das crianças, nomeadamente a nível emocional, intelectual e social. Por fim, assumem que a crise civilizacional que atravessamos se revela igualmente um grande desafio. Assim, a Escola deve ser capaz de definir os valores essenciais para a vida em sociedade, bem como acompanhar a complexa evolução da sociedade. O segundo tema em estudo está intimamente relacionado com o propósito central da investigação – “as concepções dos professores face à educação para a cidadania”. Relativamente à definição de Educação para a Cidadania constatamos que a maioria dos sujeitos considera que educar para a cidadania é sinónimo de educar para os valores7, de preparar as crianças e jovens para a vida em sociedade8 e, ainda, de formar cidadãos responsáveis, activos, conscientes, participativos e críticos9. No que concerne às causas que motivaram o aparecimento da educação para a cidadania, os professores referem sobretudo a falta de referências e valores sociais e morais10, a instabilidade económica, social e familiar que vivemos11 e a constante evolução da sociedade e do mundo12. Quanto à importância da educação para a cidadania, atrevemo-nos a inferir que os sujeitos encaram esta área como uma mais valia na formação das crianças e jovens, que permite essencialmente desenvolver comportamentos, competências e atitudes cívicas13, bem como valores14 essenciais para a vivência em sociedade. Neste sentido, os professores apontam como principais vantagens da inclusão da cidadania no ensino básico a preparação das crianças e jovens para o futuro15, a formação de cidadãos responsáveis, críticos e participativos16 e a análise organizada e estruturada de temas sociais prementes17. Por outro lado, apontam a falta de formação específica neste âmbito18 e a falta de material pedagógico de apoio19 como as maiores desvantagens desta inclusão. Relativamente às finalidades da educação para a cidadania os sujeitos realçam sobretudo o desenvolvimento de cidadãos livres, responsáveis e activos20, capazes de construir

7 [P12]…passa sobretudo por uma educação para os valores… 8 [P7]…encaminhar o aluno para a sociedade… 9 [P9]…para serem cidadãos activos, conscientes e responsáveis… 10 [P5]…já não existe uma certeza do que é certo e do que é errado… 11 [P4]…atravessamos um momento delicado a nível social e económico… 12 [P7]…sociedade agitada e em permanente mudança… 13 [P2]…fomentando o desenvolvimento de determinadas competências essenciais… 14 [P11]…formarmos crianças e jovens para os valores… 15 [P8]…preparação das crianças para o amanhã… 16 [P3]…contribuir para a formação de pessoas mais atentas, responsáveis e participativas… 17 [P11]…existência de momentos próprios e mais estruturados para se discutirem e abordarem diversos temas. 18 [P2]…os professores não terem formação específica nesta área. 19 [P10]…não existirem praticamente materiais pedagógicos de apoio… 20 [P12]…serem elementos activos e participativos na sociedade em que vivem.

1468 um mundo melhor, mais justo e democrático. Assim, defendem que os principais conteúdos e temáticas que devem ser abordados neste contexto são: os valores (como p.e. a solidariedade, a responsabilidade e o respeito)21, as regras de civismo e de comportamento22 e o meio ambiente23. Curiosamente, também consideram que a natureza, o ambiente e os recursos naturais24 devem ser elementos centrais a realçar nas actividades de educação para a cidadania, assim como a segurança rodoviária25. No que diz respeito às competências e capacidades fomentadas pela educação para a cidadania, os sujeitos apontam a essencialmente a responsabilidade, a solidariedade, o respeito pelo(s) outros(s), a entreajuda, e a capacidade crítica, interventiva e reflexiva. Relativamente ao exercício da cidadania na sua prática pedagógica os professores afirmam que o fazem sobretudo no estabelecimento de regras na sala de aula26, no incentivo à separação do lixo e reciclagem27 e na realização de trabalhos diversos relacionados com esta área28. Para além disso, podemos inferir que reconhecem a importância do seu papel no complexo processo de educar para a cidadania. Como tal, assumem que as suas principais responsabilidades neste âmbito consistem em preparar os seus alunos para o futuro29, desenvolvendo-os em múltiplas vertentes, e colaborar com outros agentes educativos30 nesta “missão”. Tendo em conta estes desafios, admitem algumas das suas necessidades de formação nesta área, nomeadamente a nível de metodologias, estratégias31 e actividades32 de educação para a cidadania. Por fim, realçam que, apesar das boas intenções de alguns professores e técnicos, no geral a abordagem da cidadania em contexto escolar, não está a ser feita de modo organizado e estruturado. Como tal, sentem que é necessário se implementar uma acção concertada e organizada33, e maior apoio do Estado e das autoridades competentes nesse âmbito34.

21 [P1]…valores, como o respeito e a solidariedade… 22 [P6]…as regras de comportamento social… 23 [P4]…temas relacionados com o ambiente e a preservação de recursos naturais… 24 [P3]…actividades no âmbito da educação ambiental (…) aproveitamento de recursos… 25 [P7]…actividades que promovam o respeito pelas regras e sinais de trânsito… 26 [P6]…definição e estabelecimento de regras na sala de aula… 27 [P5]…realizamos a separação do lixo… 28 [P4] …trabalhos sobre o ambiente e a segurança rodoviária… 29 [P9]…educar e formar as crianças para o amanhã… 30 [P3]…a Escola representa o seu papel, ainda que em colaboração com os pais. 31 [P5]…estratégias e técnicas que permitam o trabalho prático destes temas… 32 [P9]…aprender alguns jogos relacionados com a cidadania… 33 [P12]…a educação para a cidadania não está a ser dada (…) de um modo estruturado… 34 [P9]…maior apoio das autoridades superiores, como é o caso do Ministério…

1469 Referem ainda que, para existirem resultados consistentes desta prática nos próximos anos, é fundamental maior e melhor cooperação e responsabilização de todos os agentes educativos35 e do Estado em todo este processo36.

VI. Considerações Finais

A “aldeia global” em que vivemos exige cada vez mais, aos indivíduos, uma grande flexibilidade de pensamento teórico e prático, capacidade de adaptação à mudança e à diferença, capacidade criadora e criativa, bem como espírito de iniciativa. Deste modo, a Educação deve formar mentalidades abertas à contínua aquisição de saberes e ao exercício de competências de saber ser e saber fazer. Neste contexto, a educação para a cidadania revela-se uma mais valia essencial na/para a formação pessoal e social dos indivíduos. A cidadania, não se impõe mas constrói-se, assumindo-se como uma “missão” que deve ser o próprio cerne da educação de crianças e jovens em fase de formação da sua personalidade, ou seja, a preparação para o “amanhã”. Como tal, não implica somente o desenvolvimento de valores democráticos de participação, solidariedade, autonomia e responsabilidade, mas também a promoção de práticas pedagógicas coerentes, estruturadas e concertadas, que envolvam toda a comunidade educativa. As concepções e opiniões manifestadas pelos professores do 1º ciclo, no estudo de caso realizado, comprovam exactamente a importância desta área transversal em contexto escolar. Os mesmos defendem que a educação para a cidadania contribui decisivamente para a formação de cidadãos responsáveis, atentos, participativos e activos, e que possui um papel fundamental na construção de um mundo mais solidário e mais justo. Por isso, procuram realizar, sempre que possível, actividades relacionadas com a cidadania na sua prática pedagógica. Contudo, assumem que a falta de formação específica nesta área e a falta de material pedagógico de apoio são grandes entraves para o desenvolvimento de iniciativas mais estruturadas neste âmbito. Para além disso, realçam que é fundamental o apoio do Estado, bem como maior envolvimento de todos os agentes educativos no processo de educar para a cidadania. Reconhecem ainda o papel decisivo que, enquanto educadores, possuem não só em termos de organização de iniciativas no âmbito da cidadania, mas essencialmente em termos de preparação dos seus alunos para a plena inserção e participação na vida da sociedade. Logo, mais do que ensinar e transmitir conhecimentos, os professores são actualmente desafiados a

35 [P1]….cooperação entre escola – família. 36 [P11]…as autoridades centrais deviam responsabilizar-se um pouco mais neste âmbito…

1470 facilitar e a mediar todo o processo que envolve o desenvolvimento de competências de aprender a conhecer, aprender a viver juntos, aprender a fazer e aprender a ser. Apesar disso, convém realçarmos que os professores não estão, ou não devem estar, sozinhos nesta importante missão. Acreditamos que a educação para a cidadania deve ser essencialmente um projecto comum abraçado por todos os agentes educativos: Escola, Família, Organizações Sociais e Comunidade em geral, em prol de um mundo melhor.

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