Relatório e Contas 2002 Relatório & Contas 2002

CARTA DO PRESIDENTE

O ano de 2002 que agora analisamos, foi de grande importância para o País e para a REFER. De facto, em Abril tomou posse o XV Governo Constitucional que, no que respeita ao sector dos transportes, se empenhou desde o início na revitalização do caminho de ferro em e na articulação e interligação do modo ferroviário com os outros meios de transporte.

Em Outubro de 2002, assumiu funções, o Conselho de Administração da REFER, EP a que tenho a honra de presidir, que, em consonância com as orientações definidas pela Tutela, assinalou desde logo como áreas prioritárias de actuação: a definição do Eixo Atlântico como objectivo estratégico, o bom relacionamento com todas as entidades do sector e a reestruturação interna da empresa:

ƒ A definição do Eixo Atlântico como objectivo estratégico da Empresa, visa assegurar a coordenação de um vasto conjunto de investimentos incluídos na espinha dorsal da nossa rede, o Eixo Atlântico entre Braga e Faro, que permitirá o funcionamento da ferrovia em moldes verdadeiramente competitivos em 2004.

ƒ Lançaram-se as bases para, já em 2003, se concluir com êxito um acordo com a CP- Caminhos de Ferro Portugueses, sobre a Taxa de Utilização da infra-estrutura ferroviária, que põe fim a um incompreensível diferendo que opunha o operador ao INTF e à REFER. Trata-se de um passo fundamental para uma saudável convivência entre o gestor da infra-estrutura e o seu maior cliente, indispensável para o desenvolvimento do sector.

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ƒ A reestruturação em curso na REFER visa a reorientação da empresa para o seu «core-business», enquanto entidade pública responsável pela materialização das infraestruturas ferroviárias e pelo controlo das áreas de negócios relacionadas, devendo a visão empresarial e a capacidade de iniciativa, a par do rigor da gestão, constituir âncoras que contribuam para melhorar a eficácia da nossa empresa.

Neste âmbito, pretendemos criar condições para responder de forma adequada ao enorme desafio que representa a introdução de um factor de concorrência no transporte ferroviário, decorrente da transposição do chamado “Pacote FerroviárioI”.

Devo também assinalar que, o ano de 2002 ficou marcado por fortes restrições orçamentais do Estado, accionista único da REFER, com reflexos nos montantes das dotações orçamentais afectas à empresa, bem como em dificuldades acrescidas no recurso ao instrumento "aval do Estado" para garantia de operações de financiamento contratadas nos mercados financeiros.

Assim, pela primeira vez na historia da REFER, contratámos uma operação de financiamento de 500 milhões de euros, através da emissão de obrigações nos mercados internacionais, sem o aval do Estado, a qual foi concluída já em 2003 e que se destina a dotar a empresa dos fundos necessários ao desenvolvimento da sua actividade.

Para 2003 o Conselho de Administração vai orientar a sua atenção para a concretização de outro objectivo que alargará definitivamente o horizonte do desenvolvimento da REFER : a contratualização com o Estado, por forma a assegurar a definição de regras de relacionamento, claras e transparentes, em especial no que respeita aos apoios financeiros.

A concretização deste objectivo será determinante para, definitivamente, estabilizar o novo enquadramento do sector ferroviário que resultou da separação das duas vertentes, gestão da infra-estrutura e operador de transporte, tendo sempre presente as necessidades dos passageiros e dos utilizadores dos serviços de transporte de mercadorias.

Para concluir, desejo expressar a todos os colaboradores da REFER, em meu nome e do Conselho de Administração a que presido, uma palavra de apreço pela dedicação e

- 3 - Relatório & Contas 2002 profissionalismo demonstrados, esperando poder continuar a contar com todos na prossecução dos objectivos enunciados.

O Presidente do Conselho de Administração

José Braamcamp Sobral

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1. INTRODUÇÃO...... 7

2. ENQUADRAMENTO MACROECONÓMICO ...... 9

3. RELAÇÕES INTERNACIONAIS E ENQUADRAMENTO COMUNITÁRIO ...... 11

4. SITUAÇÃO FINANCEIRA...... 12

5. COMUNICAÇÃO E IMAGEM...... 13

6. GESTÃO DA QUALIDADE ...... 14

7. GESTÃO DO PATRIMÓNIO...... 14

8. SISTEMAS DE INFORMAÇÃO ...... 16

8.1. Plano da Infraestrutura ...... 16

8.2. Sistemas e Aplicações ...... 17

9. GESTÃO DOS RECURSOS HUMANOS ...... 18

10. ÁREA DE EXPLORAÇÃO...... 20

10.1. Introdução ...... 20

10.2. Gestão da Circulação...... 20

10.3. Gestão da Capacidade...... 20

10.4. Segurança...... 22

10.5. Gestão Comercial...... 22

11. ÁREA DE CONSERVAÇÃO...... 23

12. ÁREA DE ENGENHARIA ...... 24

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12.1. Introdução ...... 24

12.2. Estudos e Projectos ...... 25

12.3. Apoio Técnico ...... 26

12.4. Qualidade e Segurança...... 26

12.5. Recepções...... 27

13. PROJECTOS DE INVESTIMENTO...... 27

13.1. Introdução ...... 27

13.2. Projecto Travessia Norte-Sul...... 28

13.3. Projectos e Norte ...... 29

13.4. Projecto de Modernização da ...... 30

13.5. Projecto de Modernização da ...... 32

13.6. Projecto Sintra/Cascais ...... 33

13.7. Projecto Ligação Lisboa-Algarve...... 36

13.8. Projecto para a Supressão e Reconversão de Passagens de Nível ...... 37

13.9. Acessibilidades Portuárias ...... 38

13.10. Caracterização da Rede Ferroviária Nacional ...... 39

14. EMPRESAS AFILIADAS DA REFER...... 40

15. RESULTADOS ECONÓMICOS E FINANCEIROS...... 41

16. PROPOSTA DE APLICAÇÃO DE RESULTADOS ...... 46

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1. Introdução

A passagem de mais um ano sobre a criação da REFER permitiu uma cada vez mais notória consolidação da empresa enquanto gestora da rede ferroviária nacional e responsável pela sua modernização. Evidencia-se já uma cultura própria da empresa, perceptível no sentimento de pertença à organização da generalidade dos colaboradores.

A 11 de Outubro de 2002, tomou posse o actual Conselho de Administração da REFER. A partir de 21 de Novembro, iniciou-se uma profunda reestruturação organizativa da empresa, a concluir durante o ano de 2003, visando a reorientação da empresa para os aspectos que representam o seu negócio nuclear.

2002 foi o ano da webização da REFER, na concretização de uma aposta assumida de reforçar a utilização das tecnologias de informação, tanto enquanto elemento de uma dinâmica interna de modernização de processos, como de projecção da imagem da empresa para o exterior, à medida que cada vez mais o portal corporativo se assume como um interface privilegiado com os mais diversos interlocutores da REFER.

Também ao nível dos recursos humanos voltou a ser evidente o empenho que tem sido colocado, quer no redimensionamento dos efectivos, quer no seu rejuvenescimento e aumento de qualificações.

Sendo o conhecimento, hoje, um dos recursos estratégicos fundamentais para as organizações, a implementação de um Centro de Documentação no seio da empresa constituiu um contributo importante para o reforço de competências, enquanto factor de desenvolvimento e de competitividade das pessoas e da organização. Assim, em Março de 2002, procedeu-se à abertura ao público do Centro de Documentação da REFER, num espaço situado em Santa Apolónia e renovado especificamente para o efeito.

A actividade de exploração caracterizou-se pelo desenvolvimento de um conjunto de acções tendentes à melhoria da gestão de que se salientam a consolidação da actividades das Regiões Operacionais de Circulação (ROC’s) e a implementação de aplicações e sistemas informáticos, essencialmente ao nível da gestão da capacidade. Foi também dada a necessária atenção às alterações impostas pela

- 7 - Relatório & Contas 2002 transposição das Directivas Comunitárias que integram o designado Pacote Ferroviário I, a concluir até ao final do primeiro trimestre de 2003.

Também na área da conservação se desenvolveram projectos e aplicações informáticas iniciados nos anos anteriores, como o Projecto GIC (Gestão Integrada da Conservação), tendentes a optimizar as intervenções preventivas e correctivas sobre a infraestrutura, minimizando as perturbações impostas à circulação de comboios e os custos associados à sua realização física.

Ao nível do investimento na modernização da rede ferroviária, prosseguiu a bom ritmo o Programa 2000-2006, sendo detalhados em capítulos autónomos deste Relatório as principais realizações das diversas Equipas de Projecto, a efectuar intervenções de Norte a Sul do País. Para além de sensíveis melhorias na qualidade e fiabilidade do serviço prestado aos operadores, logo ao utilizador final do sistema de transportes, não podemos deixar de destacar os progressos em termos da introdução de normas de qualidade, e, em muitos casos, a correspondente certificação, bem como o considerável aumento da segurança, com a supressão e reconversão de passagens de nível, evidenciado numa redução muito significativa no número de acidentes registado.

No entanto, o ano de 2002 ficou também marcado pelo acentuado crescimento das dificuldades financeiras e pelo consequente aumento do nível de endividamento. As contribuições financeiras do Estado, presentes no espírito da legislação que regula a actividade da empresa mas cronicamente insuficientes, reduziram-se ainda mais, não tendo sido possível concretizar o objectivo de celebração de um Contrato-Programa.

Já no primeiro trimestre de 2003, mas com efeitos reportados ao fecho de contas de 2002, foi possível chegar finalmente a um acordo com a CP relativamente à taxa de utilização da infraestrutura. Os termos do acordo implicam para a REFER uma redução de proveitos de 60 milhões de euros, resultando naturalmente num agravamento muito significativo do resultado líquido que, a não ser esta situação, seria o melhor alcançado desde a criação da empresa. No entanto, a resolução do diferendo é vista como muito positiva, na medida em que traz vantagens óbvias para o futuro, quer da REFER, quer do conjunto das entidades que fazem parte do sistema de transporte ferroviário nacional, para além do acréscimo de receitas de

- 8 - Relatório & Contas 2002 tesouraria decorrente do pagamento efectivo da dívida da CP até final de Julho de 2003.

Não obstante as dificuldades acima referidas, foi possível alcançar muitos dos objectivos a que nos propousemos, graças à dedicação e competência dos colaboradores da empresa e também à acção do Conselho de Administração que cessou funções, factos que não poderíamos aqui deixar de publicamente reconhecer e agradecer.

Cabe ainda reconhecer a leal e diligente colaboração da Comissão de Fiscalização, sendo também devido o nosso agradecimento às instituições financeiras, ao Instituto Nacional do Transporte Ferroviário e aos Ministérios Tutelares, pelo seu indispensável apoio na concretização dos objectivos traçados.

2. Enquadramento Macroeconómico

A economia portuguesa terminou um ciclo de 5 anos de expansão, na sequência, aliás, do abrandamento da actividade económica que se tinha já registado no ano de 2001, especialmente no último trimestre. A procura interna, que tinha desacelerado em 2001, em termos do sector privado, deverá ter estagnado em 2002 e não é previsível um cenário de retoma forte em 2003 ou mesmo em 2004. O imperativo de consolidar as contas públicas e cumprir o Pacto de Estabilidade e Crescimento condiciona a implementação de uma política orçamental expansionista, ao mesmo tempo que a apreciação do euro impõe igualmente condições mais restritivas. Neste contexto, a recuperação terá essencialmente como motor a procura externa dirigida à economia portuguesa o que, obviamente, está condicionado, quer ao próprio ritmo de recuperação dos nossos principais parceiros comerciais, quer ao desenlace que venham a ter as actuais ameaças de conflito armado no cenário internacional.

Como se pode constatar pelas estimativas do Banco de Portugal, a única evolução positiva a assinalar entre 2001 e 2002 é uma ligeira redução da taxa de inflação, mas que, apesar disso, acentuou a sua trajectória divergente em relação aos restantes países da zona euro. O consumo privado deverá ter registado um crescimento muito modesto, no máximo 0,75%, enquanto o consumo público se terá caracterizado por uma taxa de crescimento que é cerca de metade da do ano anterior. A situação do investimento, que tinha já sofrido um decréscimo em 2001,

- 9 - Relatório & Contas 2002 com uma Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) negativa, deverá agravar-se ainda mais em 2002, com uma quebra entre 3% e 5%. A procura interna contraiu-se nitidamente, mantendo-se um nível de endividamento muito elevado do sector privado, e a procura externa, na melhor das hipóteses, manterá a taxa de crescimento do ano anterior. O crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), por seu turno, registará valores apenas muito ligeiramente positivos.

Cenário macroeconómico em 2002

2001 2002(E)

Consumo privado 1,0 [0 ; 0,75] Consumo público 2,9 1,5 FBCF -0,4 [-5 ; -3] Procura interna 1,1 [-0,75 ; -0,25] Exportações 1,7 [1 ; 2] Procura global 1,3 [-0,25 ; 0,25] Importações 0,1 [-2,25 ; -0,25] PIB 1,8 [0,25 ; 0,75]

Balança corrente + balança de capital (% PIB) -8,4 [-6,5 ; -5,5]

Índice Harmonizado de Preços no Consumidor 4,4 3,7

Fonte: BdP Boletim Económico Dez. 2002

A contenção das pressões salariais, tanto no sector público como no privado, em conjunto com um crescimento muito rápido da taxa de desemprego e níveis de confiança de consumidores e empresários a atingir mínimos históricos, deverão marcar a quase totalidade do ano de 2003, podendo vir a registar-se ligeiras melhorias apenas a partir do último trimestre do ano.

As perspectivas para os dois próximos anos apontam para uma redução progressiva da taxa de inflação, ainda que a projecção de crescimento do PIB para 2003 do Banco de Portugal tenha subjacente uma nova redução da procura interna em termos reais, ainda que menos acentuada que a estimada para 2002. Para 2004, mesmo continuando a assumir-se crescimentos negativos do consumo e investimento públicos, é já de esperar alguma recuperação no comportamento do sector privado.

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3. Relações Internacionais e Enquadramento Comunitário

A actividade legislativa da União Europeia, na área dos Transportes Ferroviários, centrou-se durante o ano de 2002, basicamente, na implementação do Primeiro Pacote Ferroviário e na procura de acordo para a aprovação do Segundo Pacote, quer ao nível do Conselho de Ministros, quer ao nível do Parlamento Europeu. Outras matérias já sobejamente anunciadas pela Comissão, como, por exemplo, os contratos de serviço público, as ajudas de Estado, e a tarificação das infraestruturas, continuaram a ser sucessivamente adiadas.

Durante o ano de 2002, o órgão Relações Internacionais continuou a desempenhar a sua principal função, servir de interface entre a REFER e a sua envolvente internacional, trazendo ao conhecimento da empresa os aspectos mais relevantes desta, e transmitindo para o exterior as consequentes reacções da REFER.

O acompanhamento destas situações pela REFER desenvolveu-se no âmbito das organizações internacionais a que a empresa pertence – EIM – Associação dos Gestores de Infra-estruturas Ferroviárias Europeus, UIC – União Internacional do Caminho de Ferro e CEEP – Centro Europeu das Empresas com Participação Pública e/ou de Interesse Económico Geral – através das Relações Internacionais, de membros do Conselho de Administração e de outros técnicos da empresa.

Das acções desenvolvidas destacam-se, pela sua particular relevância:

• Março de 2002 – reunião de Delegados EIM, promovida em Lisboa, a convite da REFER;

• Março de 2002 – participação em Madrid na reunião RENFE / REFER / CP;

• Junho de 2002 – “Infrastructure Charging Seminar”, Conferência Internacional, organizada em Lisboa a convite da REFER;

• Setembro de 2002 – representação da REFER na assinatura do Contrato RailNetEurope (RNE), em Berlim. Trata-se de um Acordo Quadro de Cooperação entre Gestores de Infraestruturas da Suíça, Dinamarca, Suécia, Luxemburgo, Alemanha, Áustria, Hungria, Noruega, Holanda, Reino Unido, Portugal, Espanha, França, Itália, Finlândia e Bélgica, destinado a possibilitar e facilitar o estabelecimento e a afectação de canais horários internacionais para o tráfego internacional;

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• Outubro de 2002 – participação em Madrid no Congresso “EURAILSPEED 2002” e presença na respectiva Feira de Exposições.

Completando um processo que vinha sendo desenvolvido há já algum tempo, a REFER apresentou a sua candidatura ao FTE – Forum Train Europe, uma organização – quadro para a coordenação internacional da planificação da realização do tráfego internacional de passageiros e mercadorias, no âmbito do transporte ferroviário europeu e foi admitida em 6 de Novembro de 2002, como membro efectivo.

Refira-se ainda que as Relações Internacionais propuseram e definiram um WebSite para os EIM, o qual veio a ser desenvolvido pelos Sistemas de Informação da REFER.

4. Situação Financeira

Durante o ano de 2002, voltou a assistir-se a um agravamento da situação económico-financeira da REFER, traduzido num crescimento de 22,8% do nível de endividamento em relação ao ano anterior. No entanto, há que referir que o aumento do défice total da empresa de 7,7% entre 2001 e 2002 reflecte, em simultâneo, uma redução de 3,8% no défice de exploração e um agravamento de 32,1% no défice de investimento. No entanto, a melhoria ao nível da exploração, isto é, do conjunto de actividades directamente relacionadas com a gestão e manutenção da infraestrutura ferroviária, resulta exclusivamente do facto de as indemnizações compensatórias de 2001, terem sido recebidas já em 2002. O não pagamento por parte da CP da taxa de utilização da infraestrutura ao longo dos exercícios anteriores implicou que a empresa tivesse tido níveis muito baixos de receitas operacionais desde a sua constituição, tanto mais que a taxa de utilização da Fertagus continua a ser paga à REFER pelo Estado, por não sido ainda atingido o limite inferior da banda de tráfego contratualmente definida, e este tem optado por realizar essas compensações apenas uma vez por ano, embora os pedidos sejam apresentados no final de cada trimestre, e incluídas no montante de indemnizações compensatórias.

O programa de investimentos aprovado pelas Tutelas sectorial e financeira para o período de 2000 a 2006 tem resultado numa extraordinária melhoria da qualidade e fiabilidade do serviço oferecido aos operadores CP e Fertagus e, consequentemente, ao utilizador final do transporte ferroviário. Não obstante, as

- 12 - Relatório & Contas 2002 comparticipações do Estado, em termos de PIDDAC e de dotações de capital (nulas em 2002), têm vindo a reduzir-se substancialmente, forçando a REFER a recorrer cada vez mais ao endividamento. Por outro lado, tem sido também crescentemente difícil a obtenção de garantia do Estado na contratação de empréstimos.

Neste contexto, ao longo do último trimestre do ano montou-se uma operação de financiamento de 500 milhões de euros, através de um empréstimo obrigacionista garantido por uma monoline, que o mercado recebeu muito favoravelmente. A emissão do empréstimo veio a concretizar-se no final de Janeiro de 2003.

5. Comunicação e Imagem

Com o objectivo de potenciar as valências das Estações, dinamizando as suas áreas mais nobres, numa aposta clara da REFER de humanização dos seus espaços públicos, pelo segundo ano consecutivo cumpriu-se o programa Música em Estações, tendo sido convidados a actuar diversos grupos com sonoridades étnico- tradicionais.

À semelhança do ano passado, a REFER prestou mais uma homenagem aos ferroviários que cumpriram 25 e 40 anos de serviço em 2002. Numa cerimónia que teve lugar no dia 9 de Dezembro, no Museu da Água, foram entregues alfinetes de lapela, de prata e ouro, como símbolo de apreço à dedicação ferroviária dos 109 homenageados.

No decurso de 2002, a REFER patrocinou a Companhia de Teatro Re. Al, as Festas Populares do Pinhal Novo (folclore e fado), o Festival de Sintra (música e bailado) e a Exposição Engenho e Obra, Engenharia em Portugal no Séc. XX. Para além disso, apoiou o Centro de Investigação sobre Economia Portuguesa e o Grupo Português de Betão Estrutural.

Na continuação dos donativos habitualmente concedidos a entidades de carácter humanitário, a REFER apoiou o Grupo Ferroviário de Dadores de Sangue (SANGFER).

A empresa apoiou também, através da inserção de publicidade institucional, a Revista Flecha de Prata, edição pertencente ao Clube de Entusiastas do Caminho-de-ferro.

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Durante o ano organizaram-se diversas visitas a trabalhos em curso, cujo principal objectivo foi dar a conhecer os projectos que a empresa está a desenvolver em toda a rede ferroviária nacional.

6. Gestão da Qualidade

Durante o ano de 2002, prosseguiu o projecto de aprofundamento da Gestão da Qualidade com a implementação efectiva do Sistema de Gestão da Qualidade (SGQ), desenhado de acordo com a norma NP EN ISO 9001:2000, na Zona Operacional de Conservação de Lisboa (ZOCL).

Tal como previsto, será requerida a certificação daquela unidade orgânica em 2003, dando-se seguimento ao projecto com a expansão do SGQ a outras unidades da estrutura da REFER, merecendo prioridade as áreas da Conservação e Manutenção e da Engenharia.

7. Gestão do Património

Constitui objectivo fundamental do Património e Cadastro obter um conhecimento correcto e exaustivo dos bens imóveis pertencentes à Empresa, por forma a conseguir-se uma gestão mais eficaz e integrada do respectivo património.

Nessa perspectiva, está a promover-se o desenvolvimento do processo de informatização do cadastro através da constituição de uma base de dados gráfica que integrará a informação dominial com linkagem a bases de dados alfanuméricos.

Está igualmente em curso o processo de avaliação do património imobiliário, fundamentalmente para dar cumprimento às obrigações fiscais respeitantes ao património imobiliário do caminho de ferro.

O desenvolvimento do processo de informatização do cadastro conduziu a que o Conselho de Administração solicitasse um programa de levantamentos topográficos da rede, levantamentos esses que serão postos ao dispor de toda a empresa e serão essenciais para a representação gráfica da definição patrimonial do caminho de ferro.

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Das principais acções desenvolvidas em 2002 pelo Património e Cadastro, merece especial destaque a quantidade de informação movimentada, cerca de 9.500 expedientes, que dizem respeito fundamentalmente a solicitações, quer de entidades externas quer de órgãos internos da REFER, bem como à emissão de pareceres, sobre os bens imóveis pertencentes ao domínio ferroviário.

Análise e registo digital

A valiações realizadas

4% Atribuição de casas (REFER e 19% 16% CP) Desocupações de casas 10% 1% 3% Mudanças de titularidade sobre bens t ransf eridos para a REFER

1% Certidões diversas 1% DUP's elaborados 45%

Pareceres emitidos

Pareceres solicitados

Feita a comparação entre áreas cedidas e áreas adquiridas pela REFER ao longo de 2002, observa-se que 84% dos casos corresponde a cedências que incluem as desafectações, as transferências de domínio público, as parcelas permutadas, as parcelas objecto de contrato de concessão e ainda as áreas alienadas. As áreas adquiridas resultam de permutas com particulares ou edilidades municipais e de processos de expropriação. Estes são realizados na sua grande maioria pela Ferbritas e apenas são efectuados no Património e Cadastro os casos excepcionais, que dizem respeito a expropriações litigiosas e a processos que estavam a decorrer e cuja celebração de escrituras ou contratos promessa de compra e venda se concretizou no ano de 2002.

O saldo entre as quantias despendidas e as quantias recebidas neste âmbito é claramente positivo para a empresa (cerca de 147 milhares de euros).

Na sequência da transferência da CP para a REFER dos bens patrimoniais, nos termos do Decreto-Lei n.º 104/97, de 29 de Abril, está a proceder-se à regularização da situação matricial destes bens, actividade esta considerada de primeira prioridade. Foram realizadas 3.277 mudanças de titularidade, correspondendo a cerca de 35% do total.

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No âmbito da Gestão do Condomínio do Complexo de Santa Apolónia, que também incumbe a este órgão, é de destacar a gestão das instalações existentes, com afectação de espaços e distribuição de áreas pelos órgãos e a participação em reuniões com o Metropolitano de Lisboa, conjuntamente com a Engenharia e a Zona Operacional de Conservação (ZOC) de Lisboa, tendo em vista a coordenação e acompanhamento das eventuais interferências das obras do metro nas instalações da estação de Santa Apolónia.

É de referir ainda a colaboração com a ZOC Lisboa nas obras de beneficiação e conservação dos espaços que integram este condomínio, bem como a gestão da prestação de serviços relativos à segurança e vigilância bem como à limpeza das instalações deste complexo.

8. Sistemas de Informação

Em resultado da forte opção estratégica traçada no ano transacto relativamente aos Sistemas de Informação como alavanca modernizadora da Empresa, 2002 foi um ano marcado por profundas e estruturais mudanças em todos os seus domínios.

8.1. Plano da Infraestrutura

A REFER TELECOM, que já vinha assegurando a conectividade da rede de dados, passou também a assumir a gestão dos serviços básicos assentes na mesma, como é o caso do correio electrónico, acesso à Internet, etc., e o próprio alojamento físico dos servidores passou a fazer-se no seu datacenter da Gare do Oriente.

Em ordem a obter as larguras de banda necessárias aos novos serviços, foi realizado um forte investimento na remodelação da rede WAN, a que se aliou também uma profunda intervenção ao nível das redes locais, daqui resultando que a REFER dispõe hoje de uma rede de dados moderna e fiável.

Na sequência da identificação das plataformas standard efectuada em 2001, iniciou-se o processo de upgrade para Windows 2000, quer a nível de clientes quer de servidores, acção que se planeia terminar em 2003. Promoveu-se também a migração da base de dados do SAP R/3 de Informix para SQL Server 2000.

Com estas acções pretendeu-se aumentar os níveis de segurança e fiabilidade na utilização dos sistemas e reduzir o esforço necessário à respectiva administração, potenciando uma melhor utilização dos recursos existentes.

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8.2. Sistemas e Aplicações

A concretização do projecto REFER ONLINE foi outro dos marcos importantes de 2002. Sucessivamente, a partir do início do 2º semestre, entraram em produção os primeiros e-projectos, a plataforma de e-learning, o portal corporativo e a componente piloto de compras electrónicas.

Ficaram assim montados os pilares base que tinham sido definidos em 2001, dispondo hoje a empresa de um portal corporativo, através do qual se visa promover o trabalho colaborativo e a partilha de informação e conhecimento entre os seus colaboradores.

Referência ainda para as iniciativas que designámos por e-projectos – ou seja, a transposição para aplicações web dos processos de trabalho após reengenharia dos mesmos, num processo de envolvimento das diferentes áreas da empresa.

Após uma primeira fase que visou fundamentalmente o desenvolvimento de aplicações de self service, sucedeu uma nova vaga de e-projectos virados para os aspectos nucleares do negócio, como é o caso do e-Viriato (gestão das solicitações de horários por parte dos clientes e divulgação electrónica dos mesmos) e do e-Post que complementa as funcionalidades do SAP R/3 quanto à gestão das interdições de via, projecto cujo termo se perspectiva ocorrer no 1º. trimestre de 2003.

Por outro lado, a par da aposta em novas soluções sob o paradigma web, continuou o esforço de consolidação do SAP R/3, de resto agora integrado no portal corporativo, também de tecnologia SAP.

Assim, 2002 foi o ano da extensão do módulo de Manutenção (PM) à ZOC Porto após a conclusão com sucesso e assinalável adesão dos colaboradores verificada na ZOC Lisboa em 2001.

Concretizou-se igualmente o processo de digitalização de facturas no último trimestre do ano, assim se introduzindo novos mecanismos de workflow electrónico.

De referir ainda a entrada em funcionamento, no âmbito da Secretaria Geral e das Relações Internacionais, do projecto piloto de gestão documental e workflow electrónico baseado em “Documentum”, visando uma gestão eficaz e dinâmica da documentação utilizada na empresa.

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9. Gestão dos Recursos Humanos

No final do ano de 2002, o número de trabalhadores a cargo desceu pela primeira vez abaixo dos 5000: um total de 4988. Seguindo a política de ajustamento do efectivo às necessidades da REFER, verificaram-se 683 saídas, sendo que quase 70% das mesmas resultaram de rescisões por mútuo acordo, e 54 entradas, sendo 40 com formação universitária. Ao longo do ano, o número médio de trabalhadores a cargo foi de 5183, 10% inferior ao do ano de 2001.

Trabalhadores a Cargo

Média 7000 Dezembro 6500

6000

5500

5000

4500

4000 1999 2000 2001 2002

A constante procura de valorização dos recursos humanos da empresa passou por 77.856 horas de formação, distribuídas por 2.815 formandos, ou seja, uma média de 15 horas de formação por trabalhador, em consonância com os compromissos assumidos em sede de concertação social sobre a responsabilidade das empresas no âmbito da formação contínua. O arranque do e-learning foi igualmente um marco importante e vem colocar a empresa na vanguarda também neste domínio.

Não obstante os acréscimos verificados na Massa Salarial em resultado da negociação colectiva e do Sistema de Análise de Desempenho e Potencial (mais de 1/3 dos trabalhadores foram promovidos), os Custos com Pessoal ficaram dentro das previsões. O Vencimento Base representa mais de 50% da Massa Salarial, seguido pelo Trabalho Variável e pelo Subsídio de Férias e 13º mês.

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Massa Salarial

Venc. Base 11,0% 0,7% Outros Fixos 2,5% 51,5% Subs. Escala / Turno 6,8% Trabalho Variável Prémios 5,8% Subs. Refeição Deslocações 11,3% Subs. Férias + 13º 3,7% 6,8% Remun. Adicionais

A permanente preocupação com as condições de segurança e saúde no trabalho proporcionadas aos colaboradores da empresa, motivou em 2002 o aprofundamento do respectivo sistema de gestão, consubstanciado em iniciativas de que se realçam o novo seguro de acidentes de trabalho, o programa de melhoria de condições de trabalho, a contratação de serviços de medicina do trabalho e de prevenção e controlo de alcoolémia, a produção de novos instrumentos na área da segurança da construção, do sistema de emergência e de suportes informativos de sensibilização para os termos de segurança do trabalho. Globalmente, este vasto conjunto de medidas envolveu recursos financeiros da ordem dos 2,5 milhões de euros.

Em 2002, prosseguiu-se o reforço da Política Social da Empresa, em que se destaca a ampliação de coberturas do seguro de saúde de Grupo. No total, esta política custou à empresa cerca de 1.8 milhões de euros, havendo ainda a considerar um conjunto de iniciativas no âmbito da promoção cultural, que, no entanto, não envolveram encargos directos para a empresa. Acrescem àquele montante cerca de 3 milhões de euros, valor assumido pela empresa relativo às Concessões de Transporte na CP para utilização particular.

Ainda em 2002, foi concretizada a empreitada de construção civil e equipamento do novo Snack Bar de Santa Apolónia, num total de cerca de 350 mil euros, e a respectiva adjudicação de concessão para exploração, sendo também de registar, num plano mais simbólico, que este foi o primeiro ano em que a empresa organizou uma festa de Natal dedicada aos filhos dos trabalhadores.

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Finalmente, sublinha-se que foi possível manter em 2002 um clima de diálogo social, evidenciado pela assinatura da Revisão do Acordo de Empresa por parte de todas as organizações sindicais que em 1999 o subscreveram.

10. Área de Exploração

10.1. Introdução

Ao longo do ano de 2002, prosseguiu o desenvolvimento de um conjunto de acções tendentes à melhoria da gestão do modelo implantado na Área de Exploração.

10.2. Gestão da Circulação

Ao nível da Gestão da Circulação procedeu-se à consolidação das actividades das ROC’s, com a nomeação de Responsáveis por Eixos e Centros Operacionais, reportando directamente às ROC’s, e introduziu-se um sistema de monitorização de desempenho nos Suburbanos da (USGL) e nos comboios Alfa e Intercidades da Linha do Norte. Mediante análise das cargas de trabalho, foi possível uma racionalização do número de efectivos, que permitiu uma redução de 293 postos de trabalho, em vários locais da rede, nomeadamente em função da supressão de passagens de nível e também da melhoria da qualidade do serviço prestado. A passagem da Linha da Póvoa para o Metro do Porto resultou na transferência de 104 trabalhadores para aquela empresa.

10.3. Gestão da Capacidade

Das actividades desenvolvidas pela Gestão da Capacidade, são de salientar a elaboração do Directório de Rede, decorrente da transposição do Pacote Ferroviário I, o início da implementação de uma aplicação informática que servirá de base ao sistema de gestão de segurança e a participação no Projecto Improverail, promovido pela UE, cujo objectivo é o apoio à implementação das melhores práticas de gestão da infraestrutura, em domínios como a capacidade, manutenção e tarificação.

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No âmbito da actividade de programação de trabalhos, foi concluída a preparação das “Bases para Entendimento”, com a CP, relativas aos trabalhos de todas as Equipas de Projecto e às Grandes Intervenções de Conservação, bem como a preparação de Programas Trimestrais para os trabalhos a desenvolver por todas as Equipas de Projecto e pelas ZOC’s.

No que respeita ao Sistema Viriato, implementou-se a aplicação de cálculo dos comboios-km comprometidos, programados e realizados, dos comboios dos Operadores CP e FERTAGUS e deu-se início à revisão da base de dados que permite o cálculo do tempo de trajecto dos comboios.

Na sequência dos trabalhos de modernização em curso na rede ferroviária, procedeu-se à revisão e consequente elevação das velocidades máximas autorizadas em alguns troços da Rede de Via Larga, sendo de destacar as Linhas do Norte e do Sul:

Extensão da linha em que a velocidade é praticada (em %) Intervalo de Velocidades Linha do Norte Final 2001 Final 2002 Final 2001 Final 2002

Inferiores a 120 km/h 9,4 6,1 61,2 54,5

Entre 120 km/h e 160 km/h 62,4 61,1 38,8 45,5

Entre 160km/h e 200 km/h 10,9 9,6 0 0

Iguais ou superiores a 200 km/h 17,3 23,2 0 0

A nível das novas instalações, proporcionando significativos acréscimos na segurança e fiabilidade na disponibilização da infraestrutura, foram concretizadas novas instalações de Sinalização electrónica, designadamente o Posto de Concentração de Sinalização de Estarreja, a integração no Posto de Concentração de Sinalização de Campolide Cintura do comando e controlo da estação de Roma Areeiro, da plena via até Braço de Prata e da Concordância de Xabregas e a integração no Posto de Concentração de Sinalização de Ermidas Sado da Linha de Sines, e da Concordância de Ermidas.

Ainda em 2002, o CTC de Campolide passou a integrar, também, a estação satélite de Roma Areeiro, a plena via até Braço de Prata e a Concordância de

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Xabregas e o CTC de Setúbal passou a integrar, também, a Linha de Sines e a Concordância de Ermidas.

Entrou também ao serviço o equipamento de via do sistema de Controlo Automático de Velocidade (Convel) na Linha de Sines e iniciou-se a exploração em tracção eléctrica na linha do Sul entre Águas de Moura e Ermidas Sado, na concordância de Poceirão entre Águas de Moura Norte e Águas de Moura Sul, n a linha de Sines entre Ermidas Sado e Porto de Sines, assim como nos ramais de EDP- Cinzas e Petrogal Asfaltos, na entre Cête e Caíde e na com a conclusão da electrificação da estação de S. Romão.

10.4. Segurança

No que respeita à segurança, são de destacar, entre outras, a coordenação dos processos relativos à autorização de acesso à infraestrutura do material circulante, dos Operadores CP, FERTAGUS e veículos especiais de empreiteiros de trabalhos ferroviários, a continuação da implantação do Planeamento de Emergência da Rede Ferroviária Nacional e a análise das ocorrências na Rede numa perspectiva de segurança pró-activa, com elaboração de relatórios e proposta de medidas preventivas. Neste âmbito, é produzido o Relatório Anual de Segurança.

10.5. Gestão Comercial

Em termos da gestão comercial, prosseguiu-se a consolidação da relação com os actuais Operadores Ferroviários e o desenvolvimento contratual de situações decorrentes da utilização da infraestrutura e de instalações acessórias. Procedeu-se ainda ao acompanhamento da execução dos Contratos de Acesso à Infraestrutura e Concessão da Exploração de Estações e Interfaces, com o operador Fertagus e ao aprofundamento das negociações com o Operador CP – USGL, tendo em vista formalizar contratos de igual alcance.

Deu-se início ao tratamento sistemático das ocorrências com perturbações na circulação ferroviária, com vista à assunção, por parte da REFER, CP e terceiros, das responsabilidades que lhes estão associadas.

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No CTC de Campolide foi assumida a gestão total da Informação ao Público, sonora e teleindicação, e a Videovigilância, para as Linhas de Sintra e Eixo Ferroviário Norte/Sul.

11. Área de Conservação

Em 2002 ocorreram duas reorganizações nesta Área, a primeira em Junho integrando as funções da Direcção de Conservação na Direcção de Infraestruturas e a outra em Novembro, criando a Direcção de Conservação e Manutenção no âmbito de uma nova Direcção Geral de Exploração e Conservação. Esta última reorganização teve por objectivo aglutinar numa nova Direcção Geral todas as funções relacionadas com a gestão operacional das infraestruturas ferroviárias.

No que respeita à actividade desenvolvida salientam-se os seguintes aspectos:

O Projecto Gestão Integrada da Conservação (GIC) em funcionamento nalguns órgãos centrais da Conservação e na ZOC Lisboa, foi implementado na ZOC Porto, arrancando em produção em Junho. Em Dezembro entrou em produção na ZOC Centro e na ZOC Sul o módulo prioritário de tratamento das Ordens Semanais de Trabalho.

Não foi possível em 2002 instituir para toda a rede os “Corredores Azuis”, canais destinados a acções de conservação preventiva e curativa que resultariam na optimização de custos e em melhor qualidade da infraestrutura disponibilizada, mas estão em curso negociações com a CP – USGL no âmbito do “Contrato de Utilização da Infraestrutura” embora ainda não concluidas.

Consolidou-se também o funcionamento do plano nacional de acções que requerem interdição de via (Conservação e Equipas de Projecto), apoiada numa programação integrada com grande previsibilidade e boa taxa de execução.

No âmbito das Pontes foi implementado o novo Sistema de Gestão de Obras de Arte (GOA), continuando em 2003 o carregamento de dados e testes finais. A vertente Túneis desse mesmo sistema será a desenvolver em 2003 com base na informação recolhida num Plano Sistemático de Inspecção de Túneis iniciado em 2002 e recorrendo a um software específico para mapeamento de perfis e anomalias, cedido pela SNCF (Radis).

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Na sequência das inspecções realizadas em 2001, foram iniciadas campanhas de levantamentos batimétricos em Pontes com fundações permanentemente submersas, permitindo obter algumas propriedades físicas do rio e respectiva evolução na vizinhança dos pilares, e desenvolver uma abordagem metódica para identificação de potenciais riscos de acidentes e desencadear as acções correctivas necessárias.

Assim, foram realizados estudos em 14 Pontes do Rio Douro tendo em vista, por um lado, a execução dos respectivos trabalhos de protecção às fundações, e, por outro, caracterizar os riscos de ocorrência de fenómenos de infraescavação face aos vários cenários de cheia, incluindo o impacto das barragens no mesmo. Em 2003 estes estudos irão ser estendidos a outras linhas.

Prosseguiram também obras de prevenção de acidentes geotécnicos, nomeadamente em taludes, com realce para as intervenções nas Linhas do Douro e do Oeste.

Em complemento da intervenção da Equipa de Projecto de Modernização da Linha do Norte e tendo em vista a manutenção das velocidades nos troços não intervencionados, prosseguiu um programa de intervenções específicas em pontos críticos.

Na , ficou concluída a rebalastragem do troço Malveira/Meleças ficando assim completo o ciclo de renovação entre Torres Vedras e Meleças.

12. Área de Engenharia

12.1. Introdução

Com o objectivo de assegurar o desenvolvimento e gestão integrada das actividades da engenharia ferroviária, no que se refere à definição da base normativa, à realização e coordenação de estudos e projectos, ao estudo e acompanhamento de novas tecnologias e materiais, à definição das bases de cadastro técnico das infraestruturas e respectivos critérios de actualização, a Direcção de Engenharia desenvolveu durante o ano de 2002, uma diversidade de processos que poderão ser sintetizados no gráfico seguinte:

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Estudo de viabilidade

Estudo prévio 0% 1% 10% 13% 10% 4% Project o

SEEP

Parecer

62% Parecer mat erial circulant e

Apoio técnico

12.2. Estudos e Projectos

Relativamente à elaboração de estudos e projectos, a Engenharia, quer por execução própria, quer recorrendo a projectistas externos, foi responsável por um lote considerável de trabalhos para as diversas equipas responsáveis pelos projectos de investimento e para a área de conservação. Estes estudos e projectos incluem a alteração/definição de layout de estações, projectos de regularização de traçado, adaptações e projectos de nova sinalização, estabilização de taludes, drenagem de aterros, execução de catenária, reforço e modernização de pontes e túneis e estudos para estabelecimento de um normativo respeitante ao circuito de retorno, terras e protecção das instalações.

Relativamente à elaboração de estudos e à execução de projectos encomendados pelas equipas de projecto e pela Conservação ao exterior, a Engenharia foi responsável pelo seu acompanhamento e aprovação. Neste âmbito incluem-se igualmente intervenções na maior parte da rede ferroviária, referentes a projectos de sinalização, catenária, reconversão e automatização de passagens de nível e acessos ferroviários. É ainda de referir o acompanhamento na observação conjunta LNEC, REFER e CPPE dos taludes confinantes com as albufeiras das barragens de Fratel, Aguieira, Carrapatelo, Régua e Valeira, assim como o acompanhamento na observação dos taludes instrumentalizados de Portas do Sol, Gibalta, Alcântara-Terra, Luizianos e Porto Rei.

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12.3. Apoio Técnico

No que se refere ao apoio técnico às Equipas de Projecto, à Conservação e aos restantes órgãos da Empresa, a Engenharia foi chamada a intervir numa grande diversidade de trabalhos que vão desde o acompanhamento e apoio técnico à elaboração de cadernos de encargos, análise de propostas, execução dos trabalhos, ensaios e colocação em serviço e recepções provisórias e definitivas, bem como a uma diversidade de pareceres, de que podemos destacar os relativos a materiais, requerimento de obras de terceiros a realizar junto ao caminho de ferro, obras com interferências na rede electrificada, material circulante, construção de estações, passagens superiores, passagens inferiores, etc.

Durante o ano 2002, a Engenharia emitiu 349 pareceres diversos.

12.4. Qualidade e Segurança

Relativamente à qualidade e segurança, e como forma de assegurar a elaboração dos necessários mecanismos e a sua aplicação, a Engenharia desenvolveu em 2002 diversas intervenções.

Em 2002, os técnicos das diversas especialidades da Engenharia estiveram envolvidos no Plano de Normalização, o qual inclui a elaboração/actualização de Instruções Técnicas e Normativos para as especialidades Edifícios e Espaços Intermodais, Sinalização e Telecomunicações, Geotecnia, Catenária e Energia de Tracção, Via e Obras de Arte.

Neste âmbito, foram realizados estudos de compatibilidade e certificação do material circulante novo ou modernizado com a sinalização em serviço.

Em 2002, a Engenharia foi chamada a intervir na homologação de 107 unidades, desde locomotivas, atacadeiras, desguarnecedoras, rail-routes, vagões, etc, dos quais foram concluídos, com aprovação, um total de 94 unidades.

No mesmo ano, a Engenharia participou ainda chamada na homologação e recepção de materiais, nomeadamente de Via, de Catenária e Inertes, assegurada através de contratos de prestação de serviços.

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12.5. Recepções

No que se refere à participação na recepção e entrega de novas instalações, a actividade da Engenharia envolveu, nomeadamente, a verificação de conformidade das obras com os projectos e, nalguns casos, como por exemplo a sinalização, a realização de ensaios de entrada ao serviço.

13. Projectos de Investimento

13.1. Introdução

Durante o ano de 2002, o total de investimentos da REFER ascendeu a 528,5 milhões de euros, correspondendo a uma taxa de realização de cerca de 92% face ao previsto. Deste total, apenas pouco mais de 25 milhões de euros dizem respeito a investimentos fora do âmbito do PIDDAC, consistindo essencialmente em investimentos correntes de infraestruturas (17,5 milhões de euros), para além de estudos de âmbito genérico e investimentos de funcionamento.

Como se constata pela análise do quadro seguinte, as contribuições do PIDDAC e de fundos comunitários ficaram muito aquém dos valores de investimento concretizados, pelo que o recurso ao endividamento representa a maior parcela da cobertura financeira.

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(Milhares de euros) Cobertura Financeira PROGRAMAS / PROJECTOS Previsto Realizado PIDDAC Fin.Com. Outras Rede Ferroviária Nacional - R.Geral 247.749 214.754 46.085 103.347 65.321 Proj Integr. da L. Norte 90.047 83.376 18.739 47.191 17.447 Proj.Integr. L. Algarve 94.200 86.988 16.552 52.700 17.736 Proj.Integr. L. Beira Baixa 32.403 22.105 5.487 3.456 13.162 Proj.Integr. L. Oeste 6.918 6.522 500 0 6.022 Proj.Integr. L. Minho 1.691 789 110 0 679 Proj.Integr. L. Douro (Marco-Régua) 4.335 3.917 150 0 3.767 L.Norte-Nova Estação de Espinho 2.499 157 153 0 4 Ligação Ferrov. Sines-Beja-Évora-Elvas-Espanha 1.491 495 176 0 319 Modern.L.Algarve (Faro-VRSA e Tunes-Lagos) 6.915 3.990 631 0 3.359 Linhas de Carácter Regional 1.566 956 100 0 856 Seg.Rodov. - Sup. e Reconv. de PN's 5.684 5.460 3.488 0 1.972 Reforço Estrutural da Ponte 25 de Abril 2.769 1.886 250 0 1.636 Rede Ferroviária Nacional - A.M.Porto 163.911 160.488 2.993 21.427 136.068 Intervenções no Grande Porto 48.391 47.357 1.000 0 46.357 Itin.Suburbano do Porto - Braga - Guimarães 70.870 69.726 1.000 0 68.726 Itin.Suburbano do Porto - Marco 44.650 43.405 993 21 427 20.984 Rede Ferroviária Nacional - A.M.Lisboa 133.942 127.214 14.914 22.504 89.796 L.Sintra, R.Alcântara e L. Oeste (inclui Cacém-Meleças) 36.352 33.615 2.500 0 31.115 L. Cascais 14.867 12.715 1.000 0 11.715 Eixo Ferrov. Norte Sul (Fogueteiro-Entrecampos-Chelas) 27.189 27.150 4.988 10.464 11.698 Eixo Ferrov. Norte Sul (Chelas-B.Prata) 200 174 0 0 174 Eixo Ferrov. Norte Sul (Coina-Pinhal Novo) 45.095 43.960 4.976 11.976 27.008 Eixo Ferrov. Norte Sul (Barreiro-Setúbal) 10.240 9.599 1.450 64 8.085 Multimodalidade 1.157 1.102 416 0 686 Terminal Cacia e Lig. Porto de Aveiro 879 834 376 0 458 Aces. Ferroviárias ao Porto de Lisboa 278 268 40 0 228 Total Investimento em ILD's -PIDDAC 549.528 505.444 64.658 147.278 293.507 Total de Outros Investimentos 25.193 23.065 0 0 23.065 Total de Investimentos REFER 574.721 528.508 64.658 147.278 316.572

13.2. Projecto Travessia Norte-Sul

No sentido de dar continuação ao cumprimento das metas estabelecidas, o Projecto Travessia Norte-Sul levou a cabo diversas acções em 2002.

Neste ano, foram concluídos os diversos projectos de execução, tendo-se lançado os concursos das estações de Pinhal Novo, Venda do Alcaide e Palmela, bem como o da adjudicação da via entre Pinhal Novo/Setúbal.

Iniciaram-se as empreitadas relativas às estações e Interfaces de Coina e Penalva, bem como o viaduto rodoviário a nascente da vila de Pinhal Novo e a adjudicação de via entre Pinhal Novo e Setúbal e os trabalhos de instalação da sinalização electrónica entre Coina e Pinhal Novo.

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Foram concluídas as empreitadas relativas ao Túnel de Penalva e ao Viaduto de Vale de Coina.

Enquadrado no objectivo do fecho e modernização da malha ferroviária na zona de Lisboa, decorreram durante o ano de 2002 os trabalhos de quadruplicação da entre Entrecampos e Chelas e de construção do edifício da Estação Roma/Areeiro, obras estas que se prevê estarem concluídas durante o ano 2003.

Concluiu-se, também, a instalação de sinalização electrónica na Linha de Cintura, com interligação dos CTC´s de Campolide e Oriente e com reformulação do sistema Convel.

13.3. Projectos Porto e Norte

A renovação e modernização do troço Cête/Caíde iniciada em 2000 culminou em Junho de 2002 com o início da exploração em via dupla e, em Setembro, em via dupla electrificada.

A intervenção desenrolou-se entre os Kms 30,838 e 46,395 da linha do Douro, e foi constituída, basicamente por: duplicação de Via, electrificação a 25 Kv, 50 Hz , infraestruturas para instalação de Sinalização electrónica, Convel, telecomunicações, informação ao Público, construção de novas pontes e viadutos, supressão de 37 passagens de nível, vedação do espaço – canal e modernização das Estações e Apeadeiros e envolventes.

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Esta intervenção permitiu uniformizar os patamares de velocidade, reduzir os tempos de percurso e aumentar o conforto dos passageiros , viabilizando, assim, a melhoria da oferta ferroviária.

No âmbito da modernização do Eixo Atlântico entre Vila Nova de Gaia e Braga, foi iniciada em 2002 a remodelação dos troços Lousado/Nine, Estação de Nine, Nine/Tadim e Tadim/Braga, visando a duplicação dos novos traçados, a electrificação da via, a supressão da totalidade das passagens de nível, a remodelação das estações e dos apeadeiros e a construção do terminal de mercadorias de Tadim/Aveleda. A conclusão deste conjunto de obras está prevista para Fevereiro de 2004.

Na estação de Campanhã , ficou concluido o prolongamento da passagem inferior de peões e instalação de meios mecânicos de elevação e prosseguiram os trabalhos de remodelação da cabeceira Norte e de ligação a seis vias a Contumil.

Foi adjudicado o projecto de beneficiação da estação de Rio Tinto que inclui a construção de uma passagem inferior de peões, com acesso às plataformas de passageiros por escadas e elevadores, e ligação ao exterior.

Ficou concluído o projecto de execução da Variante da Trofa.

No campo das acções ambientais, foi ainda adjudicado o estudo da avaliação das condições acústicas do troço Ermesinde/S. Romão e de caracterização das medidas minimizadoras a implementar.

13.4. Projecto de Modernização da Linha do Norte

Ao longo do ano de 2002, a Equipa de Projecto de Modernização da Linha do Norte prosseguiu as suas actividades, essencialmente em três vertentes, Estudos e Projectos, Construção Civil e Sinalização e Telecomunicações.

No âmbito dos estudos e projectos, são de referir o desenvolvimento dos projectos de detalhe dos subtroços Vila Franca de Xira/Azambuja e Azambuja/Vale de Santarém, bem como dos projectos das pontes de São Lourenço e Simões no subtroço Albergaria/Alfarelos. Destacam-se ainda os projectos de passagem superior da Quinta do Cruzeiro/Aveiro e de alargamento da passagem superior ao caminho de ferro na EN 109.

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Em termos de construção civil, são de destacar essencialmente a conclusão da empreitada de barreiras acústicas na estação da Póvoa de Santa Iria, o início da empreitada do novo apeadeiro de Moscavide e o desenvolvimento dos trabalhos de construção de passagens desniveladas que permitirão a correspondente supressão de passagens de nível. Deu-se ainda início à empreitada geral de modernização do subtroço Entroncamento/Albergaria.

No capítulo da sinalização, foi colocada em serviço a nova estação de concentração de Estarreja com sinalização electrónica do tipo SSI, comandando as estações e a plena via entre Estarreja e Ovar, numa extensão de aproximadamente 13 Km, e feitas as adaptações na sinalização a relés de forma a viabilizar os faseamentos construtivos da empreitada de via, catenária e construção civil. Foi igualmente colocado em serviço um bloco interpostos utilizando tecnologia a relés entre as estações de Entroncamento e Lamarosa.

No âmbito dos estudos, consolidou-se a intervenção em termos de compatibilização com a catenária e com a plataforma para a construção de caminhos de cabos e realizou-se o estudo prévio para a quadruplicação de via entre Vila Franca de Xira e Azambuja.

No que respeita às telecomunicações, foram colocados em serviço os sistemas de alimentação e de transmissão (Acesso e SDH) entre Aveiro e Porto e deu-se início à instalação da Rede Telefónica de Exploração numa vasta área que vai desde Santarém até Albergaria dos Doze, de Alfarelos à Pampilhosa e de Aveiro ao Porto, incluindo ainda os ramais de Tomar, Figueira da Foz e Cantanhede. Foram instalados suportes físicos de transmissão (fibra óptica e cabos metálicos da rede local) nas zonas em que se concluíram os trabalhos de modernização.

Os sistemas de informação ao público estão em particular destaque com a colocação em serviço na estação de Pombal de novos teleindicadores, sendo esta a primeira instalação na REFER que cumpre com o novo normativo para este tipo de instalações, merecendo destaque a grande simplicidade de operação e a grande dimensão dos painéis que permitem uma visão clara a distâncias consideráveis. Este equipamento, totalmente desenvolvido em Portugal, importa diariamente a informação de uma base de dados disponibilizada pela Exploração de modo a garantir que a informação disponibilizada está devidamente actualizada.

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Foram construídos em 2002 doze novos edifícios técnicos, em Lamarosa, Paialvo, Fungalvaz Resguardo, Fungalvaz, Fátima, Seica/Ourém, Caxarias, Cacia, Canelas, Estarreja, Válega e Avanca e remodeladas as instalações de telecomunicações de Salreu, Ovar, Esmoriz, Granja e Valadares.

O sistema Convel foi adaptado às novas condições decorrentes das alterações na sinalização e controlados os afrouxamentos temporários decorrentes das intervenções nas infraestruturas objecto de modernização. Foram ainda promovidas as alterações ao equipamento de via Convel resultantes das alterações na TVM nos troços já modernizados.

No capítulo de retorno de corrente de tracção e terras de protecção, foi celebrado contrato para elaboração de projecto de retorno de corrente de tracção do subtroço entre Albergaria dos Doze e Alfarelos.

Procedeu-se ainda ao fecho de contas da quase totalidade dos contratos de fornecimento e instalação de sistemas de Sinalização Telecomunicações e Convel celebrados para os subtroços já modernizados.

13.5. Projecto de Modernização da Linha da Beira Baixa

A modernização do troço Vale de Prazeres/Covilhã (33 Km) que englobou, em anos anteriores, a construção de sete variantes, catorze obras de arte, reperfilamento e estabilização de taludes, drenagens de plataformas de via e renovação integral de via, prosseguiu em 2002 com obras complementares de melhorias em apeadeiros.

A modernização do troço Mouriscas “A”/Castelo Branco (79 Km) que se iniciou em 2001, compreende a remodelação de estações, estabilização de taludes e execução de passagens desniveladas, criando condições para a futura electrificação do troço e introdução do novo sistema de sinalização electrónica e de telecomunicações. Em 2002 realizaram-se diversas intervenções de estabilização de taludes, estando ainda em curso a execução da nova sinalização electrónica, incluindo a automatização de 4 passagens de nível, a execução da rede integrada de telecomunicações, a electrificação no sistema de 25 KV – 50 Hz e a instalação do sistema Radio Solo Comboio. Foi construida a Subestação de tracção de Ródão. Remodelaram-se os edifícios de passageiros e plataformas nas

- 32 - Relatório & Contas 2002 estações de Belver, Barca da Amieira, Fratel, Ródão e Sarnadas para instalação de equipamento de telecomunicações e sinalização.

Ao longo do ano, foram lançados concursos para a remodelação das estações de Ródão e Castelo Branco e rectificação do traçado de via.

Paralelamente às intervenções nos troços referidos, está em curso o processo de reconversão ou supressão de passagens de nível ao longo de todo o traçado da linha da Beira Baixa. Em 2002 suprimiram-se 11 passagens de nível, e foram construídas as correspondentes passagens desniveladas, superiores ou inferiores.

É ainda de realçar a construção da estação da Guarda, incluindo edifício de passageiros, plataformas, coberturas e interfaces.

13.6. Projecto Sintra/Cascais

Ao longo de 2002, o principal objectivo do Projecto Sintra/Cascais foi dar continuidade à Modernização da Linha de Sintra, para além de algumas intervenções realizadas na .

Com efeito, o constante crescimento demográfico verificado nas últimas décadas, nas zonas periféricas da capital, originou uma intensa procura de transporte na Área Metropolitana de Lisboa, para a qual as infraestruturas ferroviárias não tinham capacidade de resposta, condicionando negativamente a qualidade da oferta.

A Linha de Sintra, onde se verificava a maior desadequação na relação oferta/procura, foi considerada prioritária nos objectivos de intervenção. Concebeu-se assim uma actuação programada em três fases. A primeira, já concluída em 1992, correspondeu ao alteamento e prolongamento dos cais de passageiros, a fim de permitir a entrada em serviço dos novos comboios formados por material circulante moderno e de maior capacidade, as UQE’S – Unidades Quádruplas Eléctricas. A segunda e terceira fases correspondem a melhorias qualitativas e quantitativas da oferta, alcançadas pela remodelação das estações existentes e pela implementação da via quádrupla até ao Cacém em associação com novos sistemas de segurança.

Actualmente, na Linha de Sintra já foram remodeladas dez estações, construídas três novas, está em remodelação uma estação e estão em fase de elaboração de projecto duas outras estações.

- 33 - Relatório & Contas 2002

A quadruplicação da via, a ser implementada progressivamente até ao Cacém, encontra-se estabelecida, desde Junho de 2002, até à estação de Queluz/Massamá, com a remodelação da estação de Queluz/Belas. Em Setembro de 1999, e com a conclusão dos empreendimentos de Sta. Cruz/Damaia e Reboleira, havia ficado estabelecida a quadruplicação até à estação da Amadora, cuja remodelação havia sido concluída em 1995. No final de 2006, com a remodelação das estações de Barcarena e do Cacém, cujos projectos se encontram, respectivamente, concluídos e em fase final de execução, ficará concluída a quadruplicação da via até ao Cacém e a modernização da Linha de Sintra, com todos os benefícios daí inerentes.

Em 2002, foram as seguintes as principais actividades do Projecto Sintra/Cascais, no que respeita à Linha de Sintra:

• Em Junho de 2002, estabelecimento em definitivo da via quádrupla entre a Cruz da Pedra e a estação de Queluz/Massamá (inclusive);

• Conclusão da empreitada de remodelação da estação de Queluz/Belas, integrada na via quádrupla até ao Cacém;

• Entrada ao serviço uma Passagem Inferior pedonal de atravessamento urbano e de acesso aos cais de passageiros e uma Passagem Inferior rodoviária, de ligação entre ambos os lados da linha férrea, na estação de Queluz/Belas;

• Conclusão da 3ª e última fase da construção dos interfaces rodoferroviários junto à estação de Queluz/Massamá;

• Intervenção decorativa das Passagens Inferiores rodoviárias das Forcadas, em Queluz/Massamá, com painéis de azulejos da autoria de Eduardo Nery;

• Continuação da empreitada de construção da Passagem Inferior dos Missionários, que permitirá o encerramento da correspondente passagem de nível;

• Conclusão da empreitada de remodelação da estação de Rio de Mouro, com o encerramento da passagem de nível existente na antiga estação;

• Construção de uma nova Passagem Superior pedonal junto a uma antiga passagem de peões, em Rio de Mouro;

- 34 - Relatório & Contas 2002

• Início da empreitada de construção da nova estação de Meleças, que constituirá o novo semi términos para os comboios da família Cacém e que igualmente permitirá o encerramento da passagem de nível rodoviária de Meleças;

• Continuação dos trabalhos de sinalização e telecomunicações nos troços de linha férrea intervencionados e nas estações remodeladas;

• Continuação do acompanhamento técnico prestado pelo LNEC ao estado do Túnel do Rossio;

• Continuação da elaboração do Projecto do arruamento de ligação entre o Nó do IC19 (Nó do Hospital) e o Nó do Lido, na Amadora;

• Conclusão do projecto para a remodelação da estação de Barcarena, integrado no troço da via quádrupla até ao Cacém;

• Conclusão do projecto para a construção da Passagem Inferior do Papel, cuja execução permitirá o encerramento da que será a última passagem de nível rodoviária da Linha de Sintra;

• A discussão com o Cacém/Polis e com a Câmara Municipal de Sintra permitiu a conclusão do Estudo Prévio para a remodelação da estação do Cacém.

No que respeita à Linha de Cascais:

• Conclusão da intervenção relativa à construção do novo Edifício de Passageiros, na estação de Paço de Arcos;

• Lançamento do concurso referente à execução da empreitada de remodelação dos cais e instalação de coberturas na estação de Paço de Arcos, no seguimento da intervenção já concluída no Edifício de Passageiros;

• Conclusão da empreitada de construção das novas Pontes de Oeiras, que possibilitou a sua classificação na classe D4-UIC e a eliminação do afrouxamento permanente aí existente;

• Conclusão da empreitada de construção da Variante à EN6/7, em Carcavelos, com o correspondente encerramento da passagem de nível rodoviária dos Lombos;

- 35 - Relatório & Contas 2002

• Construção de uma nova Passagem Superior pedonal junto à antiga passagem de nível dos Lombos, em Carcavelos;

• Conclusão do projecto para uma nova intervenção no Parque de Material Circulante de Carcavelos, respeitante à instalação de dois novos topos nos extremos, cujo projecto de sinalização seguiu paralelamente;

• Continuação dos trabalhos de substituição dos contadores de eixos da Linha de Cascais;

• Início da empreitada de vedação integral da Linha de Cascais.

13.7. Projecto Ligação Lisboa-Algarve

O Projecto de Ligação Lisboa - Algarve inclui a ligação de Pinhal Novo a Faro, para além do Itinerário dos Granéis e do Troço Tunes/Lagos da . Na ligação de Lisboa ao Algarve, o principal objectivo é a modernização e a electrificação do itinerário de modo a reduzir os tempos de percurso, aumentar a segurança e a fiabilidade e melhorar as acessibilidades.

Em 2002 concluiu-se a intervenção no troço Pinhal Novo/Ermidas Sado, ou seja, em 105 Km do percurso Pinhal Novo/Faro, com excepção da vedação da linha, prevista para 2003.

- 36 - Relatório & Contas 2002

Foi efectuada a modernização das infraestruturas de Via para 220 Km/h, concluída a electrificação (Catenária para 220 Km/h) , instalados os Sistemas Convel e Rádio Solo Comboio, efectuado o redimensionamento e optimização dos layouts, cais e acessos de estações e construção de passagens desniveladas para encerramento de passagens de nível.

No troço Pinhal Novo/Faro foram encerradas 51 passagens de nível, das 150 existentes em 1998.

No troço Ermidas/Funcheira (modernização prevista para velocidades de 190 Km/h) concluíram-se as obras de Arte Especiais (Viaduto de Alvalade e Nova Ponte de Campilhas).

No troço Ermidas/Faro, iniciou-se a intervenção de modernização da via, electrificação, nova sinalização, rede integrada de telecomunicações, Convel, Rádio Solo Comboio, passagens desniveladas e adequação de edifícios para Salas Técnicas.

No Itinerário dos Granéis entre Setil/Sines e Funcheira/Ourique, concluiu-se a intervenção de modernização e electrificação no troço Poceirão/Sines.

Entrou ao serviço em Outubro 2002 a tracção eléctrica e continua a intervenção de modernização e electrificação no troço Funcheira/Ourique da .

Na Linha do Algarve, entre Tunes e Lagos, está em curso a instalação de sistemas de sinalização e telecomunicações, para além de se ter iniciado a intervenção na nova estação de Lagos.

13.8. Projecto para a Supressão e Reconversão de Passagens de Nível

A Equipa para a Supressão e Reconversão de Passagens de Nível promove e conduz os processos de supressão e de reconversão de passagens de nível ao longo dos troços com efectiva circulação de comboios de passageiros e/ou mercadorias, fora das zonas de acção de outras Equipas de Projecto.

No início de 2002, na área de intervenção desta Equipa, existiam 1.450 passagens de nível numa extensão de 1.858 Km de via.

Durante o ano de 2002, a Equipa do Projecto de Supressão e Reconversão de Passagens de Nível executou 220 acções, distribuídas da seguinte forma:

- 37 - Relatório & Contas 2002

N.º de PN’s N.º de PN’s

Linhas Suprimidas Reconvertidas TOTAL Minho 18 0 18 Douro 707 Norte 516 Beira Baixa 101 Oeste 42 5 47 Alentejo 25 7 32 Tua 8210 Vouga 41 28 69 Vendas Novas 516 Évora 101 Algarve 11 0 11 Cáceres 101 Neves Corvo 11 0 11 TOTAL 176 44 220

Foi ainda construída uma passagem inferior para peões ao Km 220,422 na localidade da Adémia/Coimbra, em cuja passagem de nível já ocorreram vários acidentes mortais.

Em Novembro de 2002, foi adjudicada a construção de mais duas passagens inferiores rodoviárias na Linha do Norte, uma no concelho de Santarém e outra no de Torres Novas, que vão suprimir outras tantas passagens de nível e cuja conclusão se prevê para Julho de 2003.

Foram também executados projectos para desnivelamentos nas Linhas de Évora, Alentejo e Beira Baixa. Nas Linhas do Norte, Oeste, Minho, Algarve e estão em curso estudos prévios para passagens inferiores e superiores ao caminho de ferro.

Os programas que esta Equipa desenvolveu em 2002 apontam para que, durante o ano de 2003, a sua actuação incida sobre mais de 150 passagens de nível.

13.9. Acessibilidades Portuárias

No decurso do ano de 2002, e no que respeita à ligação ferroviária ao Porto de Aveiro, concluiu-se o projecto de execução da plataforma multimodal de Cacia e realizou-se o concurso público para a empreitada de construção, estando

- 38 - Relatório & Contas 2002 concluída a fase de análise das propostas. Procedeu-se ainda ao acompanhamento do estudo de impacto ambiental. Relativamente ao ramal ferroviário de acesso ao Porto de Aveiro, concluiu-se o respectivo projecto de execução e realizou-se o processo de concurso para a fiscalização dos trabalhos de construção. Elaborou-se igualmente o protocolo para definição das atribuições das entidades envolvidas para a execução do projecto variante, o qual foi adjudicado e acompanhado pela Direcção das Acessibilidades Portuárias.

13.10. Caracterização da Rede Ferroviária Nacional

Em final de 2002, a Rede Ferroviária Nacional, aberta à exploração, tinha uma extensão de 2.690 km, com as características evidenciadas no quadro seguinte:

Electrificado Não Total 25.000 V 1.500 V Subtotal Electrificado Via Larga 1035,5 25,4 1060,9 1414,5 2475,4 Via Única 581,2 581,2 1381 1962,2 Via Dupla 421,6 25,4 447 33,5 480,5 Via Quadrupla 32,7 32,7 32,7 Via Estreita 0 214,6 214,6 Via Única - 214,6 214,6 Via Dupla ---

Total 1035,5 25,4 1060,9 1629,1 2690

Com a supressão de passagens de nível e a melhoria das condições no seu atravessamento, tem vindo a diminuir significativamente o número de acidentes. Em 1991, com 4.203 passagens de nível, o número de acidentes registado foi de 218, enquanto em 2002 este valor se situou em 113 para 1.947 passagens de nível actualmente existentes, apesar do tráfego automóvel ter tido um aumento significativo, podendo assim concluir-se que o investimento nestes trabalhos resulta numa melhoria sensível na segurança.

- 39 - Relatório & Contas 2002

ACIDENTES EM PNs - 1990 a 2002

250 225 200 Colhidas Colisões 175 150 125 100 75 Nº de acidentes 50 25 0 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002

Total 234 218 198 205 182 166 147 144 144 154 119 123 113 Colhidas 35 45 38 34 22 18 18 22 17 25 15 17 18 Colisões 199 173 160 171 160 148 129 122 127 129 104 106 95 Anos

Em 2003, dando continuidade à actividade que vem sendo desenvolvida, está prevista a supressão de 361 passagens de nível, o que se traduzirá numa densidade média de passagens de nível, no final de 2003, próxima da média europeia (0,5 PN/km).

14. Empresas Afiliadas da REFER

Ao longo dos anos decorridos desde a criação da REFER, foram sendo autonomizadas algumas áreas de negócios cujas especificades se afastam da

- 40 - Relatório & Contas 2002 actividade principal da empresa de gestão da infraestrutura ferroviária, constituindo-se novas empresas afiliadas e passando a REFER a realizar as correspondentes actividades através de outsourcing. Além disso, a REFER detém ainda um conjunto de participações em diversas empresas criadas antes da separação da CP.

Em 2002, não há a assinalar alterações nas partcipações de capital nas empresas afiliadas, mantendo-se a estrutura já existente em 2001. No entanto, é de referir que se iniciou o estudo relativo à fusão das afiliadas na área de telecomunicações, NETRAIL, SA e REFER TELECOM, SA, devendo a mesma concretizar-se durante o ano de 2003.

15. Resultados Económicos e Financeiros

O exercício de 2002 apresentou um resultado líquido negativo de 158.555 milhares de euros, o que representa um agravamento de 34,4% quando comparado com o ano anterior. No entanto, e como foi já referido anteriormente, o resultado líquido deste exercício reflecte a resolução do diferendo com a CP no que toca à taxa de utilização da infraestrutura. Os termos do acordo a que as duas empresas chegaram implicaram uma correcção ao nível dos proveitos registados em exercícios anteriores de menos 37,3 milhões de euros, resultante do perdão de parte da dívida, incluindo juros.

No próprio exercício, a diferença entre a facturação da taxa de uso da infraestrutura, e dos juros calculados para o valor em dívida, resultante do acordo alcançado, e a que seria devida, a manter-se o critério de anos anteriores, é de 22,7 milhões de euros, pelo que o impacto total nas contas de 2002 é efectivamente de 60 milhões de euros.

Custos, Proveitos e Resultados do Exercício

Quanto à cobertura dos custos pelos proveitos, a tendência verificada desde a criação da empresa até ao exercício de 2001 de um maior crescimento dos proveitos face aos custos inverte-se em 2002, mais uma vez em resultado do acordo com a CP. A redução nos proveitos da componente de prestação de serviços decorre igualmente da nova metodologia acordada para cálculo da taxa de

- 41 - Relatório & Contas 2002 utilização da infraestrutura para o operador CP, aplicada também à facturação de 2002.

Estrutura de Custos

1,0% Outros Custos 1,2%

11,8% Consumos de Mat eriais 10,8%

16,8% Fornec. e Serv.Externos 18,4%

37,0% Custos com Pessoal 41,5%

2,6% Provisões e Amortizações 2,3%

14,5% Encargos Financeiros 15,6%

16,2% Custos Extraordinários 10,4%

0,0% 5,0% 10,0% 15,0% 20,0% 25,0% 30,0% 35,0% 40,0% 45,0%

2001 2002

A estrutura de custos em 2002 não sofreu alterações significativas relativamente ao ano anterior, para além dos mencionados custos e perdas extraordinários. No entanto, é de salientar a continuação da redução dos custos com o pessoal, este ano acompanhada de uma ligeira redução dos Fornecimentos e Serviços Externos.

A rubrica consumos de matérias registou um crescimento de 19% face ao exercício anterior, essencialmente devido ao aumento do volume de trabalhos para investimento. No conjunto dos custos, o consumo de matérias representou cerca de 12% do total, face a 11% no ano anterior, tendo os fornecimentos e serviços de terceiros reduzido o seu peso relativo de 18% para 17%.

Quanto aos encargos financeiros, o seu peso relativo diminuiu ligeiramente, de 15,6% para 14,5% do total dos custos, tendo registado um aumento marginal do seu valor absoluto de apenas 1,4%. Apesar do acréscimo do endividamento total da empresa, tanto para financiamento de investimentos, como para fazer face ao elevado cashflow negativo da exploração, a descida das taxas de juro e as opções tomadas em termos de gestão da dívida permitiram que um aumento do endividamento global de quase 23% tenha tido uma repercussão mínima em termos de encargos financeiros.

No que concerne aos proveitos, à semelhança dos anos anteriores, as rubricas Prestação de Serviços e Trabalhos para a Própria Empresa continuam a representar a maior parcela do total dos proveitos, cerca de 78%.

- 42 - Relatório & Contas 2002

A rubrica Prestação de Serviços engloba a Taxa de Utilização da Infraestrutura e outros serviços prestados aos Operadores e representa a principal fonte de receitas da empresa, 42,4% do total, tendo-se assistido a uma diminuição, em valor, de 18% face ao exercício anterior, pelas razões já expostas. A Taxa de Utilização representa a maior parcela dos proveitos registados em Prestação de Serviços, correspondendo a 82% do total.

A rubrica Trabalhos para a Própria Empresa apresenta um crescimento de quase 20%, decorrente do acentuado aumento verificado no nível de investimento.

Estrutura de Proveitos

0,3% Outros Proveitos 0,6%

3,6% Proveitos Suplementares 3,9%

5,9% Subsídios à Exploração 3,6%

4,0% Prov eitos Financeiros 2,4%

8,0% Proveitos Extraordinários 13,6%

35,7% Trabalhos p/ Própria Emp. 27,7%

42,4% Prestação de Serviços 48,2%

0,0% 10,0% 20,0% 30,0% 40,0% 50,0% 60,0%

2001 2002

Demonstração de Resultados por actividade

A REFER exerce a sua actividade em dois segmentos distintos, a Gestão da Infraestrutura e o Investimento por conta do Estado. Consciente de que se tratam de actividades distintas e de que o peso da actividade de investimento continua a ser bastante superior ao que seria normal num Gestor de Infraestruturas, a empresa inclui no seu Relatório anual uma demonstração de resultados por actividade, por forma a evidenciar os custos e proveitos associados às duas vertentes.

- 43 - Relatório & Contas 2002

DEMONSTRAÇÃO DOS RESULTADOS POR ACTIVIDADES 2002 CONSERVAÇÃO TOTAL DA CONTAS INVESTIMENTO E EXPLORAÇÃO EMPRESA CUSTOS 100.459.547 242.231.290 342.690.837 61-Mercad. Vend. e Consum. 34.923.096 5.649.018 40.572.114 62-Fornec. e Serv. Externos 8.784.455 48.696.238 57.480.693 63-Impostos e Taxas 55.333 207.000 262.333 64-Pessoal 20.473.732 106.452.691 126.926.423 65-Outos Custos Operac. 61.266 3.060.316 3.121.582 66-Amortizações 541.143 5.684.428 6.225.571 67-Provisões 0 2.683.494 2.683.494 68-Custos e Perdas Financ. 35.438.673 14.358.598 49.797.271 69-Custos e Perdas Extraord. 181.847 55.439.509 55.621.356 PROVEITOS 68.815.865 115.396.725 184.212.590 71-Vendas 0 0 0 72-Prestação de serviços 70.865 77.994.935 78.065.800 73-Proveitos suplementares 342.379 6.369.374 6.711.753 74-Subsídios à Exploração 0 10.816.132 10.816.132 75-Trab. p/ própria empresa 64.644.365 1.073.946 65.718.311 76-Outros Prov.Operacionais 0 630.191 630.191 78-Prov. e Ganhos Financ. 33.146 7.418.475 7.451.621 79-Prov. e Ganhos Extraord. 3.725.110 11.093.672 14.818.782 86-Imposto s/Rendimento 0 77 77 RESULTADO -31.643.682 -126.834.642 -158.478.324 unidade: 1000 euros Em termos da actividade de investimento estão reflectidos não só os custos incorridos com cada um dos órgãos de investimento, mas também uma quota parte dos custos de funcionamento dos órgãos centrais da empresa.

Tendo a REFER como atribuições tanto a gestão da infraestrutura ferroviária como a realização de investimento, necessariamente a sua estrutura está dimensionada para dar resposta a ambas as actividades, pelo que se considera como o mais correcto imputar os seus custos nas proporções adequadas.

Esta imputação, iniciada no exercício de 2000, foi em 2001 revista e aperfeiçoada tendo sido tomado em consideração o contributo maior ou menor que cada um dos órgãos de apoio dá à Actividade de Investimento. Para o exercício de 2002, voltou a aplicar-se a mesma metodologia, tendo o valor imputado ascendido a de 15.912 milhares de euros, correspondente a cerca de 3,4% do imobilizado corpóreo do ano antes da imputação.

- 44 - Relatório & Contas 2002

Balanço

O activo líquido, que no final do exercício atingiu os 5.147.188 milhares de euros, registou um acréscimo de 12,8% em relação ao final do ano de 2001. Para tal, concorreu essencialmente o aumento de 57% no imobilizado incorpóreo e de 12,6% no imobilizado corpóreo. As dívidas de clientes sofreram um acréscimo de 38,7%, dizendo respeito quase exclusivamente à CP.

Estrutura do Balanço

Capital Próprio Imobilizado 49% 90%

Passivo M/L Prazo

34%

Realiz.+Disp. 10% Curto Prazo 17%

Em termos de estrutura, o imobilizado líquido continua a representar 90% do total do activo, facto que se justifica por nunca terem sido objecto de amortização as ILD’s, de conta do Estado e integradas no Domínio Público Ferroviário. Por este motivo, a conta Outras Reservas, onde estão contabilizados os subsídios concedidos para financiamento destes projectos, nunca foi reduzida proporcionalmente.

Em relação ao passivo, assistiu-se a uma alteração da sua estrutura representando agora as dívidas a terceiros a médio e longo prazo 65% do total, (74% em 2001), contra 33% das dívidas a terceiros a curto prazo (24% em 2001). Esta alteração derivou quer do aumento do peso relativo do endividamento a curto prazo de 11,5% em 2001 para 18,8% em 2002, quer da passagem de médio e longo prazo para curto prazo de uma dívida à CP de 73,5 milhões de euros, ainda respeitante à transferência de património aquando da criação da REFER.

Em termos globais, assistiu-se ao aumento do endividamento da empresa em cerca de 376 milhões de euros, cerca de 23%, ainda que, conforme foi já referido, tenham

- 45 - Relatório & Contas 2002 sido pouco significativas as respectivas repercussões na conta de exploração ao nível dos encargos financeiros.

No final do exercício de 2002, o Capital Próprio, no valor de 2.536.237 milhares de euros, é, pela primeira vez desde a criação da empresa, inferior ao passivo total. As razões para esta evolução negativa são, naturalmente, o agravamento do resultado líquido e o não aumento do capital estatutário em 2002, visto não ter sido atribuído à REFER qualquer montante a título de dotação de capital.

100%

80%

60%

40%

20%

0% 1997 1998 1999 2000 2001 2002

Rácio de Liquidez Geral Estrutura do Endividamento Autonomia Financeira

Assim, e como se constata do gráfico acima, a autonomia financeira da REFER, que tem diminuído continuamente desde a criação da empresa, situa-se em 2002 abaixo de 50% (49,3%). O comportamento da estrutura do endividamento (passivo de curto prazo/passivo) evidencia o já referido aumento da componente de curto prazo no endividamento total em 2002, ao contrário do que sucedera no exercício anterior.

16. Proposta de Aplicação de Resultados

Nos termos das disposições em vigor, propõe-se que o Resultado Líquido do Exercício – défice de 158.555.192 euros -, seja transferido para a conta de Resultados Transitados.

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Lisboa, 27 de Março de 2003

O CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO

Presidente – José Braamcamp Sobral

Vice-Presidente – José Osório e Castro

Administrador – Luís Miguel Silva

Administrador – António Correia Alemão

Administrador – José Marques Guedes

- 47 - Relatório & Contas 2002

DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS

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BALANÇO a 31 de Dezembro de 2002 (Euros)

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BALANÇO a 31 de Dezembro de 2002 (Euros)

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DEMONSTRAÇÃO DOS RESULTADOS no período findo em 31 de Dezembro de 2002

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Relatório & Contas 2002

DEMONSTRAÇÃO DOS RESULTADOS no período findo em 31 de Dezembro de 2002

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DEMONSTRAÇÃO DOS RESULTADOS POR FUNÇÕES no período findo em 31 de Dezembro de 2002

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ANEXO AO BALANÇO E À DEMONSTRAÇÃO DOS RESULTADOS em 31 de Dezembro de 2002

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Nota Introdutória A Rede Ferroviária Nacional – REFER, E.P., abreviadamente designada por REFER, E.P. é uma entidade de direito público, dotada de autonomia administrativa e financeira e de património próprio, sujeita à tutela dos Ministérios das Finanças e do Equipamento Social, com sede na estação de Santa Apolónia em Lisboa e foi constituída pelo Decreto-Lei nº 104/97 de 29 de Abril tendo como actividade principal a prestação de serviço público de gestão da infraestrutura integrante da rede ferroviária nacional e ainda tem como atribuição a construção, instalação e renovação das Infra-estruturas ferroviárias. As notas que se seguem respeitam a numeração sequencial definida no Plano Oficial de Contabilidade. As notas cuja numeração se encontra ausente deste anexo não são aplicáveis à Empresa ou a sua apresentação não é relevante para a leitura das demonstrações financeiras. Todos os valores estão expressos em Euros (Eur), salvo indicação em contrário.

3. Bases de apresentação e principais critérios valorimétricos Os critérios valorimétricos utilizados em relação às várias rubricas do Balanço e da Demonstração dos Resultados foram os seguintes :

3.1 Imobilizações O Imobilizado é constituído, essencialmente, por Infraestruturas ferroviárias de Longa Duração (ILD´s), e engloba património dos Gabinetes extintos, património transferido da CP e investimento realizado pela REFER.

3.1.1 Imobilizações Incorpóreas As Imobilizações Incorpóreas encontram-se registadas ao custo de aquisição e são amortizadas pelo método das quotas constantes durante um período de 3 anos.

3.1.2 Imobilizações Corpóreas Estão evidenciadas pelos valores de aquisição e/ou transferência e amortizados anualmente, quando aplicável.

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Relatório & Contas 2002

As amortizações são calculadas pelo método das quotas constantes, de forma a que o valor dos bens seja reintegrado durante a sua vida útil estimada. As taxas de amortização utilizadas foram as seguintes:

Taxas Edifícios 2% e 10% Equipamento básico 3,33% a 12.5% Ferramentas e utensílios 12.5% a 25% Equipamento de transporte 12.5% a 25% Equipamento administrativo 12.5% a 33.33% Outras imobilizações corpóreas 12.5% a 14.28%

Os encargos financeiros inerentes à aquisição das Infraestruturas de longa duração são capitalizados em imobilizado em curso, até à data da sua conclusão. O imobilizado considerado Infraestrutura do Estado não foi objecto de qualquer amortização. No presente exercício, as Infraestruturas consideradas Refer, foram objecto de amortização. Dando continuidade ao processo iniciado em 2000, prosseguiu-se com a reclassificação do Imobilizado definitivo constante do Anexo IV e V, estando regularizada na totalidade a conta de adiantamentos, faltando regularizar cerca de Eur 566.812 de Imobilizado em Curso.

3.1.3 Investimentos Financeiros Os Investimentos Financeiros dizem respeito a participações nas seguintes empresa:

- GIL – Gare Intermodal de Lisboa ,SA - FERBRITAS - Empreendimentos Industriais e Comerciais, SA - INVESFER - Promoção e Com. de Terrenos e Edifícios, SA

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Relatório & Contas 2002

- REFER TELECOM – Serviço de Telecomunicações, SA - NETRAIL TELECOMUNICAÇÕES, SA - RAVE, SA - FERNAVE – Formação Técnica, Psicologia Aplicada e Consultoria em Transportes e Portos, SA - , SA encontrando-se valorizadas pelo método da equivalência patrimonial. Em Maio é efectuada a consolidação de contas do grupo.

3.2 Existências As existências são constituídas por matérias primas, subsidiárias e de consumo e encontram-se valorizadas ao custo de aquisição, utilizando-se o custo médio como método de custeio.

3.3 Acréscimos e Diferimentos A conta dá expressão ao princípio contabilístico da especialização do exercício, visto que é através dos movimentos nela efectuados que se acrescentam custos ou proveitos, ou se retiram, conforme sejam ou não referentes ao exercício em causa.

Nesta conformidade, a REFER regista os custos e proveitos de que não tinha documentação mas que dizem respeito ao exercício, ou que tendo-a, se referem a exercícios vindouros.

3.4 Subsídios atribuídos para financiamento de imobilizações corpóreas Os subsídios atribuídos à Empresa, a fundo perdido, para financiamento de imobilizações corpóreas, são registados em reservas, uma vez que as ILD´s não são objecto de amortização.

3.5 Provisões As provisões constituídas correspondem às necessidades previstas.

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4. Activos e passivos registados em moeda estrangeira Todos os activos e passivos expressos em moeda estrangeira, em 31 de Dezembro de 2002, foram convertidos para Euros utilizando-se as taxas de câmbio vigentes naquela data. As diferenças de câmbio foram contabilizadas em resultados.

MOEDA COTAÇÃO Francos Suíços 1,4524 Libra 0,6505 Dólar 1.0487 Coroa Sueca 9,1528

As diferenças de câmbio, favoráveis e desfavoráveis, originadas pelas diferenças entre as taxas de câmbio em vigor na data das transacções e as vigentes na data das cobranças ou pagamentos, foram registadas como proveitos e custos na demonstração de resultados do exercício.

7. Número médio de pessoal O número médio de pessoas ao serviço da empresa, no presente exercício foi de 5.183 empregados.

8. Despesas de instalação, de investigação, desenvolvimento e propriedade industrial As Despesas de Instalação bem como as de Investigação e Desenvolvimento, incluem essencialmente custos com estudos e projectos relacionados com a implementação da REFER, nomeadamente o Sistema SAP.

10. Movimento do Activo imobilizado O movimento ocorrido na rubrica de imobilizações e as respectivas amortizações que constam do balanço estão descriminados nos mapas 10.1 e 10.2. Existem transferências entre contas devido a se terem efectuado correcções na classificação de alguns bens.

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11. Custos financeiros capitalizados Durante o exercício foram imputados a Imobilizações em Curso custos financeiros relacionados com empréstimos contraídos para as financiar. Deste modo, foram capitalizados Eur 21.755.605, dos quais cerca de Eur. 20.351.583 são juros dos empréstimos do BEI, do Banco Berlin e do Banco ABN, sendo o restante referente às Taxas de Aval dos financiamentos referidos.

14. Caracterização das Imobilizações Corpóreas e em Curso:

a) Não existem Imobilizações em poder de terceiros • A totalidade das Imobilizações estão afectas à actividade da empresa • Imobilizações implantadas em propriedade alheia: As Imobilizações implantadas em propriedade alheia ascendem a cerca de Eur. 10.217 e referem-se a Edifícios situados na Av. Fontes Pereira de Melo e na Rua Diogo do Couto. • Não existem Imobilizações localizadas no estrangeiro

b) Encargos Financeiros Capitalizados

ATÉ 01.01.02 AUMENTOS DO ANO TOTAL EM 31.12.2002 Encargos Financeiros 62.277.249 21.755.605 84.032.854

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16. Empresas do grupo, associadas e participadas

% Capitais Resultado Valor de EMPRESAS Participação Próprios Exercício Balanço

Do Grupo 31.12.2002

FERBRITAS 98,43% 6.901.184 667.143 6.792.835 Empreend. Industriais e Comerciais, SA Rua da Oliveira ao Carmo, nº 8 - piso 7 Lisboa

INVESFER 99,33% 218.041 17.671 216.580 Promoção e Com. de Terrenos e Edif., SA Viaduto Ferroviário de Transição - Porta 8 Lisboa

NETRAIL TELECOMUNICAÇÕES, SA 100% 3.691.572 -466.780 3.691.572 Estação de Santa Apolónia Lisboa

REFER TELECOM 100% 736.442 188.793 736.442 Serviços de Telecomunicações, SA Estação de Santa Apolónia Lisboa

RAVE 40% 2.467.035 -5.177 986.814 Estação de Santa Apolónia Lisboa Total Empresas do Grupo 12.424.243 Associa da s GIL 33% -17.138.222 -3.064.352 Gare Intermodal de Lisboa, SA Av. Marechal Gomes da Costa, Nº 37 Lisboa

Outras Empresas

FERNAVE 10% -5.325.804 -2.809.168 Formação Técnica, Psicologia Aplicada e Consultoria em Transportes e Portos, SA

METRO MONDEGO Praça 8 de Maio, 38 2,5% 583.087 -191.193 14.577 Coimbra Total Outras Empresas 14.577 TOTAL DAS PARTICIPAÇÕES 12.438.820

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As informações supra referidas relativas às empresas participadas foram extraídas das respectivas demonstrações financeiras relativas ao exercício em aprovação. As participações financeiras que detemos sobre aquelas empresas, são valorizadas pelo método da Equivalência Patrimonial. Às empresas do Grupo – Ferbritas, NetRail e Refer Telecom e outras empresas - Fernave - foram concedidos empréstimos – Suprimentos com carácter de permanência prolongada, num total de Eur 3.996.555, repartido do seguinte modo:

EMPRESA MONTANTE Ferbritas 997.861 Net Rail 152.353 Refer Telecom 974.912 Fernave 1.871.429 3.996.555

Estes empréstimos não vencem juros nem têm plano de reembolso definido.

22. Mercadorias em Trânsito Em 31.12.2002 os cerca de Eur 1.864.588 de Mercadorias em Trânsito referem-se a Aparelhos de Mudança de Via ( AMV’S ), cujos desenhos não estão aprovados, não podendo ser criada a respectiva nomenclatura. Destes, perto de Eur 152.449, referem- se a AMV’s regenerados.

23. Dívidas de Cobrança Duvidosa As dívidas de cobrança duvidosa, tanto quanto é a nossa expectativa, atingem os Eur 5.736.211.

25. Dívidas activas e passivas com o pessoal O total das dívidas referentes ao pessoal da empresa é o seguinte:

2002 2001 Saldos credores 551.828 840.950

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28. Estado e Outros Entes Públicos À data de 31 de Dezembro de 2002, não existiam dívidas em situação de mora com o Estado e Outros Entes Públicos. O valor desta rubrica é composto por:

2002 2001 ACTIVO PASSIVO ACTIVO PASSIVO IVA 36.855.051 32.326.232 Imp. s/ Rendimento 282.656 1.520.178 165.649 1.712.279 Segurança Social 667.554 2.571.685 579.478 2.658.337 37.805.261 4.091.863 33.071.359 4.370.616

29. Dívidas a terceiros a mais de cinco anos O valor das dívidas a terceiros a mais de 5 anos é o seguinte:

Descrição Valor Data Fim Taxas (variáveis) Dívidas a Instituições bancárias BEI - Travessia Ferroviária do Tejo 99.759.579 15.09.2016 3,281% BEI - Projecto Linha do Douro 43.894.215 15.09.2016 3,281% BEI - Travessia Ferroviária do Tejo 93.108.941 15.09.2017 3,281% BEI - Projecto Linha do Norte 49.879.790 15.06.2022 3,281% BEI - CPIIE 21.207.995 15.06.2012 3,321% BEI - LM - A 74.819.685 15.09.2018 4,587% BEI - Travessia Ferroviária do Tejo - C 99.759.579 15.09.2018 4,260% BEI - CPIIB 15.961.533 15.08.2011 4,830% BEI - CPIIID 25.937.491 15.09.2020 3,281% BEI - LAAlgarve 90.000.000 15.09.2021 3,281% BEI - LM - B 59.855.747 15.09.2021 3,228% Berlin 250.000.000 04.08.2010 3,477% ABN 300.000.000 11.04.2011 3,396% WESTLB 200.000.000 08.10.2012 3,131% BPI 8.978.362 18.12.2005 4,041% Banif 1.227.475 01.07.2008 4,870% Emp.Obrigacionista CP/95 274.338.843 22.12.2005 3,348%

TOTAL 1.708.729.235

Os empréstimos foram contraídos exclusivamente para financiamento de projectos. Os juros são pagos trimestral, semestral ou anualmente e postecipadamente. Com excepção dos empréstimos do ABN, do Berlin e do WestLB, que serão pagos de uma só vez, nos restantes o capital é

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reembolsado em anuidades iguais e consecutivas. Estes empréstimos têm o Aval do Estado, com excepção dos empréstimos BPI e BANIF.

32. Garantias prestadas Em 31 de Dezembro de 2002 a REFER tinha assumido responsabilidades por garantias prestadas, como segue: Garantias Bancárias Prestadas a Fornecedores 11.015.631 Outras Garantias 20.333.274 Garantias, fianças e avales prestados pela Refer 49.879.790 Esta garantia, sob a forma de livrança, foi prestada ao Barclays Bank, pela linha de crédito concedida, a qual não está a ser utilizada actualmente

34. Movimento ocorrido nas provisões O desdobramento das contas de Provisões acumuladas e respectivo movimento do exercício, foi o seguinte:

Saldo Saldo Contas Inicial Aumentos Reduções Final

281 - Prov.Clientes Cob.Duvidos 5.736.211 5.736.211 5.736.211 0 0 5.736.211

293 - Prov. Judiciais em curso 14.442.434 2.400.811 2.108.332 14.734.913 294 - Prov. Acidentes Trabalho 8.866 8.866 298 - Prov. Outros 2.394.230 2.394.230 299 - Prov. Pré Reformas 10.313.265 4.843.667 5.469.598 27.158.795 2.400.811 6.951.999 22.607.607

396 - Prov. Mat. Primas 7.109 282.683 1.831 287.961 7.109 282.683 1.831 287.961

32.902.115 2.683.494 6.953.830 28.631.779

A Provisão dos Processos Judiciais em curso, inclui os processos judiciais do Apoio Jurídico, bem como os referentes às Relações de Trabalho. A Provisão para Acidentes de Trabalho diz respeito a custos com acidentes que irão ser custeados nos exercícios seguintes. A Refer celebrou com a Companhia de

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Seguros Império, um Seguro de Acidentes de Trabalho que teve inicio no dia 1/1/2000, pelo que esta provisão tende a desaparecer. A Provisão para Pré Reformas diz respeito a pessoas de áreas que transitaram da CP em situação de Pré Reforma, pelo que foi constituída a respectiva provisão, sendo utilizada nos exercícios a que dizem respeito.

35. Movimento ocorrido no capital O Estado Português detém 100% do capital da REFER. O Capital Estatutário no presente exercício não sofreu qualquer alteração.

40. Variação das outras rubricas de capital próprio O movimento ocorrido nas rubricas de Capitais Próprios, das rubricas constantes no balanço, foi o seguinte:

Saldo Saldo Contas Inicial Aumentos Regulariz. Final

510 - Capital Estatutário 305.200.000 305.200.000 551 - Ajustamentos de Partes de Capital -333.843 145.013 -188.830 575 - Reservas Transferidas: dos extintos GNFL, GNFP, GECAF 678.085.773 678.085.773 da CP ( Anexo III e 2º Semestre) 128.604.887 128.604.887 da CP (Anexo IV e V) 716.452.794 716.452.794 Subsidios obtidos: PIDDAC 472.662.327 64.991.591 333.175 537.320.743 FEDER/IOT 331.040.004 23.411.856 354.451.860 F COESÃO 253.436.912 122.075.590 375.512.502 DGVII 8.771.450 1.009.053 9.780.503 Expo 98 31.147.349 31.147.349 UE - Feder 7.101.823 7.101.823 AP Lisboa 949.736 949.736 INTF 158.713 158.713 SETEP 8.479 8.479 REN 2.418.465 2.418.465 PRODOURO 67.338 67.338 COPÉRNICOS 9.572 9.572 AP Aveiro 185.552 187.977 373.529

Resultados transitados -334.679.522 -117.983.863 -452.663.385 Resultado do exercício -158.555.192 -158.555.192 2.601.287.809 -64.862.988 478.188 2.536.236.659

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41. Custo das mercadorias vendidas e matérias consumidas Demonstração do custo das mercadorias vendidas e das matérias consumidas:

Movimentos 2002 2001

Existência Inicial 31.530.545 34.847.248 Compras 37.776.952 28.035.564 Ganhos em Existências(Sobras) 191.561 87.968 Existências Finais -30.596.831 -31.530.545 Outros 1.669.887 2.602.287 Custos no exercício 40.572.114 34.042.522

Estes custos correspondem a material vendido e consumido, material incorporado no Investimento e na regeneração de Aparelhos de Mudança de Via.

43. Remunerações dos membros dos Órgãos sociais As remunerações atribuídas aos Órgãos Sociais foram as seguintes:

2002 2001 Conselho de Administração 534.833 465.835 Comissão de Fiscalização 25.918 24.977

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45. Demonstração dos Resultados Financeiros A demonstração dos resultados financeiros é como segue:

Custos e perdas Financeiras 2002 2001

681 - Juros suportados 45.315.012 45.023.409 682 - Perda Emp.Grupo e Assoc. 1.667.806 1.403.922 685 - Diferenças de câmbio desfavoráveis 23.846 15.201 688 - Outros custos e perdas financeiras 2.790.607 2.657.557

Resultado Financeiro -42.345.650 -44.350.361

7.451.621 4.749.728

Proveitos e ganhos Financeiros

781 - Juros Obtidos 6.958.599 2.330.768 782 - Ganhos Emp.Grupo e Assoc. 219.181 1.356.932 785 - Diferenças de câmbio favoráveis 11.534 46.224 786 - Descontos de pronto pagamento 11.046 221 788 - Outros prov. e ganhos financeiros 251.261 1.015.583

7.451.621 4.749.728

Dos juros suportados, cerca de 20% dizem respeito ao empréstimo obrigacionista, 34% referem-se aos juros de Empréstimos do BEI, 16% diz respeito a juros do ABN e cerca de 25% dizem respeito às Linhas de Crédito. Os restantes 5%, repartem-se pelos juros do empréstimo do BPI , do WestLB e juros de mora.

As Perdas em Empresas do Grupo e Associadas, referem-se às participações na NetRail, na Refer Telecom, RAVE e Metro Mondego e às amortizações dos Ajustamentos de Partes de Capital, durante 5 anos, das participações na GIL, Ferbritas, Invesfer, Refer Telecom e NetRail.

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A rubrica Outros Custos e Perdas Financeiras é composta do seguinte modo:

DESCRIÇÃO 2002 2001 Serviços Bancários 1.323.346 987.921 Gastos c/ Emissão Obrigações 9.033 12.690

Taxa de Aval 1.458.171 1.656.847 Outros não especificados 57 99 2.790.607 2.657.557

A Taxa de Aval referente aos empréstimos BEI, ABN e Berlin foi capitalizada em cerca de Eur 1.404.022.

Em relação aos Proveitos e Ganhos, na rubrica de juros obtidos, cerca de 98% do seu saldo diz respeito aos juros a debitar à CP, pelo não pagamento da Taxa de Uso de 1999 a 2002. De referir, que este montante já foi deduzido de cerca de Eur 6.152.000, resultante do acordo celebrado com a CP para pagamento da dívida.

Os Ganhos em Empresas do Grupo referem-se à Equivalência Patrimonial efectuada na Ferbritas e na Invesfer.

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46. Demonstração dos Resultados Extraordinários A demonstração dos resultados extraordinários é como segue:

Custos e perdas Extraordinárias 2002 2001

691 - Donativos 2.993 39.405 692 - Dívidas Incobráveis 42 693 - Perdas em Existências 122.203 234.491 694 - Perdas em Imobilizado 69.776 107.766 695 - Multas e penalidades 12.943 486 696 - Amortizações 6.512 657.118 697 - Correcções Exercícios Anteriores 40.940.847 7.822.347 698 - Outros custos e perdas extraordi- nários 14.466.041 23.862.099

Resultado Extraordinário -40.802.575 -5.770.134

14.818.782 26.953.578 Proveitos e ganhos Extraordinários

791 - Restituição Impostos 733 42 793 - Ganhos em Existências 191.561 87.968 794 - Ganhos em Imobilizado 89.097 98.735 795 - Benef. Penal. Contratuais 3.731.640 20.666 796 - Reduções Provisões 6.953.830 12.470.825 797 - Correcções Exercícios Anteriores 3.820.984 13.428.950 798 - Outros proveitos e ganhos extraordi- nários 30.937 846.392

14.818.782 26.953.578

Na rubrica Custos e Perdas - Correcções Exercícios Anteriores , cerca de 91% dizem respeito ao acordo celebrado com a CP, para pagamento da dívida, o que resultou num perdão referente à divida de 1999 a 2001 de Eur 37.308.397, com juros incluídos.

Em Outros Custos e Perdas Extraordinários cerca de 35% da conta referem-se às Pré Reformas (ver Nota 48.14), às Indemnizações de Rescisões por mútuo acordo, correspondem 54%, que são diferidas por um período de 5 anos ( Ver Nota 48.15).

No que respeita aos Proveitos e ganhos Extraordinários, na rubrica Reduções de Provisões, cerca de 70% diz respeito à utilização da Provisão para Pré Reformas, estando o restante relacionado com os Processos Judiciais resolvidos.

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Na rubrica Proveitos e Ganhos - Correcções de Exercícios Anteriores encontra-se o montante de Eur 1.373.392, referente a juros a debitar à CP, referentes ao exercício de 2000, e que não tinham sido considerados naquele exercício. De referir que este valor está deduzido de Eur 2.531.308, valor resultante do acordo celebrado entre a CP e a Refer. Cerca de 19 %, do saldo da conta, dizem respeito a cedência de trabalhadores em exercícios anteriores, e cerca de 16% são custos de consultoria de 2001 que foram levados ao Investimento. Os restantes 29% referem-se a Proveitos Suplementares e a Serviços Secundários.

47. Informações exigidas por diplomas legais

47.1 Informação a que se refere o Despacho do Secretário de Estado do Tesouro, de 25 de Junho de 1980: • Encargos com estruturas representativas dos trabalhadores Para os trabalhadores envolvidos a tempo inteiro - Dirigentes Sindicais e Comissão de Trabalhadores - foram determinados encargos para a estrutura representativa dos trabalhadores, no exercício de 2002, no montante total de Eur. 287.255 descriminado do seguinte modo:

VALOR

Retribuição Mensal 173.777 Diuturnidades 16.253 Subs. Férias e Décimo Terceiro mês 31.381 Contribuição Patronal 53.873 Outros 11.970 287.255

• Número de trabalhadores envolvidos A tempo parcial ( nº médio): Dirigentes sindicais 111 Comissão e Subcomissões 28

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A tempo inteiro: Dirigentes sindicais 15 Comissões Trabalhadores 1

47.2 Informação a que se refere o Decreto – Lei nº 411/91 de 17 de Outubro : A dívida à Segurança Social – T.S.U. - ascende a Eur 2.302.311, não se encontrando qualquer valor em situação de mora.

48. Informações adicionais Outras informações consideradas relevantes para melhor compreensão da posição financeira e dos resultados:

48.1 A REFER começou no exercício de 1999 a fase de exploração das suas infra estruturas e consequentemente a cobrança da taxa de uso aos operadores ferroviários - CP e FERTÁGUS. À data de 31.12.2002 a dívida daquelas duas entidades está repartida do seguinte modo:

VALOR CP 340.699.029 Fertágus 1.309.269 342.008.298

É de referir que a CP celebrou com a Refer um acordo para pagamento da dívida referente à Taxa de Uso e respectivos juros, num total de Eur 295.682.667, repartido em Eur 282.615.523 (valor com IVA) e Eur 13.067.144, respectivamente. Deste modo, foram perdoados perto de Eur 60.000.000, repartidos em Eur 50.854.925 de Taxa de Uso ( sem IVA) e Eur 9.139.622 de juros

Em relação à Fertágus, não tem sido efectuado qualquer pagamento, visto que de acordo com o contratualmente estabelecido, o tráfego encontra-se

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Relatório & Contas 2002

abaixo da banda mínima de referência, para poder ser facturada. Nos termos do Dec-Lei nº 189-B/200, de 2 de Junho, o Estado tem compensado a Refer do montante daquela taxa, valor incluído no montante de Indemnizações Compensatórias recebidas. Em 2002, o valor retirado destas Indemnizações foi de Eur 1.905.345.

48.2 Durante o presente exercício foram contabilizados Eur 10.537.839 a título de Normalização de contas ( RCM 118/2002).

48.3 Os Trabalhos para a Própria Empresa referem-se essencialmente aos custos com materiais e com pessoal das equipas de projecto da REFER, em trabalhos exclusivamente para investimento, bem como de encargos gerais de gestão e administrativos dos projectos de investimento, no montante de Eur 15.911.842, que representou cerca de 3,4% do imobilizado corpóreo do ano, antes da imputação deste valor.

48.4 No final do exercício de 2002, os processos judiciais, em curso, referentes a expropriações, atingem o valor de Eur 14.948.944. Os processos judiciais objecto de provisão referem-se a acidentes e pedidos de indemnização por estragos, por ocupação de terreno, etc, que ascendem a Eur 3.294.378 e a processos das relações do trabalho que atingem o montante de Eur 11.440.537.

48.5 A rubrica Outros Devedores é composta por:

2002 2001

Fornecedores 6.865.974 4.435.438 Adiantamentos CP 1.033 1.033 Valores a Regularizar 13.955.971 4.525.892 Outros Devedores e Credores 15.345.156 73.188.619 Outros 323.311 196.732 36.491.445 82.347.714

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Na rubrica Valores a Regularizar, encontram-se cerca de Eur 1.207.014 referentes a pedido de reembolso de IVA cujo direito à dedução ultrapassou o prazo de um ano, dos quais já foram pedidos aos Serviços do IVA cerca de Eur 1.099.645. (Eur 517.146 em Julho de 2001 e Eur 582.499 Novembro de 2002). Perto de Eur 12.600.000, dizem respeito ao IVA das facturas de Investimento, a ser objecto de a regularização em 2003.

Na rubrica Outros Devedores, encontram-se cerca de Eur 6.020.908 nas contas dos Tribunais, para fazer face aos processos de Expropriações. A CP, o Instituto para a Construção Rodoviária e o Parque Expo perfazem cerca de 29% do saldo.

48.6 Existem cerca de Eur 1.839.475.991 referentes a Avales prestados pelo Estado, pelos empréstimos do BEI, do Empréstimo Obrigacionista, dos Empréstimos dos Bancos Berlin, Banco ABN e Banco WestLB.

48.7 À data de 31 de Dezembro de 2002 existem cerca de Eur 157.399.702 de Garantias Bancárias Recebidas de Fornecedores, e cerca de Eur 26.757.526 referentes a Outras Garantias Recebidas de Fornecedores.

48.8 Em relação a Garantias Bancárias Recebidas de Clientes/Devedores, existem cerca de Eur 1.699.613, à data de 31.12.2002 e Eur 4.988, referente a Outras Garantias .

48.9 Com a aquisição das acções da FERBRITAS, a REFER assumiu em 1999 integralmente as obrigações daí decorrentes, o que origina que a REFER passará a ser responsável pelas cartas de conforto subscritas a favor do Banco Mello relativas a Leasings Imobiliários / Financiamentos de Médio e Longo Prazo até aos montantes de Eur 4.239.782 e Eur 498.798, respectivamente.

48.10 Em relação à Invesfer, a REFER é responsável pelas cartas de conforto que foram subscritas a favor do BPI, relativas a crédito de curto prazo, Médio e

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Relatório & Contas 2002

Longo prazo e leasing de viaturas, até aos montantes de Eur 274.339, Eur 39.904 e Eur 67.116, respectivamente.

48.11 No que respeita à NetRail, a REFER é responsável pela carta de conforto subscrita a favor do Banco Santander, relativa a um financiamento de Médio e Longo prazo até ao montante de Eur 12.469.947.

48.12 Para a Fernave, a REFER é responsável pela carta de conforto subscrita a favor Banco Espirito Santo, relativa a um financiamento de curto prazo até ao montante de Eur 2.743.388.

48.13 Cerca de 98,69% do total de Imobilizações Corpóreas, correspondem a Imobilizado de conta do Estado (ILD`s). Assim, esta rubrica atingiu em 31.12.02 Eur 4.568.086.346, dos quais Eur 1.525.063.496 respeitam a Imobilizado em Curso.

48.14 Com a transferência de cerca de um milhar de trabalhadores pré- reformados anteriormente à constituição da REFER que exerciam a sua actividade em áreas transferidas para esta Empresa em 1998 e 1999, a REFER teve necessidade de constituir provisões de Eur 25.285.517, as quais estão a ser utilizadas nos exercícios a que dizem respeito.

48.15 A política de rescisão de contratos de trabalho por mútuo acordo insere-se num processo de reestruturação da REFER que visa, a médio prazo, colocar a Empresa em condições de operar com eficiência económica, reduzindo os seus custos para níveis que possam vir a ser progressivamente cobertos pelas taxas de utilização da infraestrutura pagas pelos operadores, sem perda de competitividade por parte destes.

Deste modo, as indemnizações pagas em cada exercício não constituem verdadeiramente um custo ligado à actividade produtiva desse exercício, antes revestindo um carácter extraordinário, visando não só sanear situações passadas e herdadas com o processo de transferência de actividades e

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Relatório & Contas 2002

pessoal da CP, como também adequar, para o futuro, os meios de produção à actividade programada.

Assim, e embora o POC considere que as indemnizações devam ser consideradas um custo do exercício, entendemos, no caso vertente, que, atendendo ao primado da substância sobre a forma, o valor das indemnizações por rescisão de contrato de trabalho por mútuo acordo, pagas em cada ano pela REFER, deverão constituir um activo da Empresa, sujeito a amortização durante um período que se fixou em 5 anos. Os valores considerados foram:

ANO MONTANTE 1998 3.482.318 1999 5.798.625 2000 4.868.831 2001 11.668.418 2002 13.384.742

TÉCNICO OFICIAL de CONTAS CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO

Maria do Céu Pernas Presidente - José Braamcamp Sobral Vice-Presidente - José Osório e Castro Administrador - Luís Miguel Silva Administrador - António Correia Alemão Administrador - José Marques Guedes

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Relatório & Contas 2002

10.1 MOVIMENTO OCORRIDO NAS RUBRICAS DO ACTIVO IMOBILIZADO

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Relatório & Contas 2002

10.2 MOVIMENTO OCORRIDO nas AMORTIZAÇÕES das RUBRICAS do ACTIVO IMOBILIZADO

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Relatório & Contas 2002

DEMONSTRAÇÃO DA ORIGEM E DA APLICAÇÃO DE FUNDOS no periodo findo em 31 de Dezembro de 2002

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Relatório & Contas 2002

DEMONSTRAÇÃO DAS VARIAÇÕES DOS FUNDOS CIRCULANTES no periodo findo em 31 de Dezembro de 2002

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Relatório & Contas 2002

DEMONSTRAÇÃO DOS FLUXOS DE CAIXA - Método Indirecto no periodo findo em 31 de Dezembro de 2002

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RELATÓRIOS e CERTIFICAÇÃO DE CONTAS

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RELATÓRIO E PARECER DA COMISSÃO DE FISCALIZAÇÃO

(Exercício de 2002)

I - Introdução

1. De acordo com a alínea b) do nº 1 do artigo 11.º dos Estatutos da Rede Ferroviária Nacional – REFER, EP, que constituem o anexo I do Decreto Lei nº 104/97, de 29 de Abril, compete à Comissão de Fiscalização (CF) emitir parecer sobre os documentos de prestação de contas da Empresa. É no cumprimento dessa disposição estatutária que a CF emite o presente relatório e parecer sobre o Relatório e Contas da REFER, apresentado pelo respectivo Conselho de Administração (CA), relativo ao exercício findo em 31 de Dezembro de 2002.

Como facto significativo regista-se o Acordo alcançado com a CP, em 13 de Março de 2003, relativamente a taxa de uso de infra-estruturas, pondo termo a um litígio que se arrastava desde o primeiro ano (1999) em que a mesma passou a ser devida pelos operadores, fixando- se definitivamente os valores relativos ao período que decorre entre 1999 e 2002.

Em Outubro de 2002 teve lugar a substituição de todos os membros do CA, cabendo-nos expressar o nosso apreço aos membros cessantes pela atenção dispensada para o bom desempenho das nossas funções.

A partir de 16 de Janeiro de 2002, a representante da Sociedade nomeada como membro ROC desta CF, passou a ser representada pelo Dr. Issuf Ahmad.

Foram contratados novos auditores externos, que iniciaram funções no terceiro trimestre de 2002. Aos anteriores auditores cabe também uma palavra de apreço e reconhecimento por todo o apoio prestado.

2. A REFER foi criada pelo Decreto-Lei nº. 104/97, de 29 de Abril, tendo iniciado a sua actividade em 4/5/97.

A REFER, EP continua a reger-se pelos estatutos anexos ao Decreto-Lei nº. 104/97, de 29/4, os quais não foram ainda adaptados ao regime do capítulo III do Decreto-Lei nº. 558/99, de 17/12, não obstante o artigo 35.º deste diploma determinar a sua adaptação até 31/12/2000.

II – Actividade Desenvolvida pela Comissão de Fiscalização

1. No decorrer do exercício, a CF acompanhou com regularidade a actividade e gestão da Empresa, tendo sido solicitados e obtidos os esclarecimentos necessários do Conselho de Administração e dos Serviços.

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Relatório & Contas 2002

2. Análise das actas das reuniões do Conselho de Administração, bem como da documentação de suporte que, na sequência da apreciação efectuada, foi entendido solicitar.

3. Durante o ano de 2002 emitimos os relatórios trimestrais a que se refere o nº. 2. do artigo 11º. dos Estatutos da REFER, EP, tendo os mesmos sido enviados às competentes entidades.

4. Acompanhamento da realização dos projectos de investimento da empresa e a sua forma de financiamento.

5. Acompanhamento da evolução da tesouraria da empresa.

6. Análise das principais rubricas de custos e proveitos.

7. A CF efectuou todas as reuniões ordinárias, com a periodicidade mensal.

8. A CF no desenvolvimento da sua actividade contou com a colaboração dos trabalhos efectuados pelos auditores externos.

Através do membro ROC da CF foram levadas a efeito um conjunto de acções específicas sobre procedimentos contabilísticos e outros de controlo interno, com vista à formação da sua opinião sobre as demonstrações contabilísticas, numa base de teste, através do exame dos documentos de suporte.

III- Apreciação do Relatório e Contas da REFER

1. O Relatório do CA refere com suficiente clareza a forma como decorreu a actividade da Empresa durante o exercício de 2002.

2. O membro ROC da CF produziu, relativamente ao exercício findo em 31 de Dezembro de 2002, o seu relatório anual, nos termos da alínea a) do nº. 1 do artigo 52º do Decreto-Lei nº 487/99, de 16/11, bem como a correspondente Certificação Legal de Contas, com reservas e ênfases consideradas apropriadas pelo ROC, cujos conteúdos dos referidos documentos mereceram a concordância dos restantes membros.

3. O Conselho de Administração da REFER propõe que o Resultado líquido do exercício de 2002, no montante de Euros 158.555.191 negativos, seja transferido para a conta de Resultados Transitados.

4. Os planos de investimentos e financiamentos elaborados pela Empresa e submetidos às respectivas tutelas continuam a não ser objecto de autorização ou aprovação nos termos do disposto na alínea d) do artigo 13.º dos Estatutos. Essa aprovação constitui requisito prévio para o exercício da competência, em matéria de financiamento da Empresa, prevista na alínea h) do nº. 2 do artigo 6.º dos Estatutos. Refira-se, no entanto, que os financiamentos de médio e longo prazo contraídos pela Empresa têm sido submetidos pelo Conselho de Administração à apreciação das tutelas.

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Relatório & Contas 2002

IV – Situação Económica e Financeira

Analisadas as demonstrações financeiras, entendemos realçar os seguintes aspectos:

1. O agravamento do Resultado líquido do exercício, o qual atinge cerca de 159 milhões de euros negativos em 2002 (cerca de 118 milhões de euros negativos em 2001), decorre fundamentalmente do ajustamento dos proveitos relativos à taxa de uso, na sequência do Acordo firmado com a CP. Com a aplicação dos critérios subjacentes no Acordo, o total da facturação de taxa de uso relativa aos anos de 1999 a 2002 ascende a 237.492.037 euros, acrescido de juros de mora de cada ano, calculados à taxa Euribor a 6 meses+1,5 p.p., o que implica um impacto negativo no Resultado líquido do exercício de 2002 de cerca de 60 milhões de euros, dos quais 50,9 milhões de euros dizem respeito à correcção da taxa de uso (diferença entre o total de valores registados anualmente como proveitos pela REFER, com base nas taxas homologadas pelo Instituto Nacional do Transporte Ferroviário, e o montante global resultante da aplicação dos critérios subjacentes no Acordo) e 9,1 milhões de euros a juros de mora.

2. Os Custos com o pessoal, que constituem a principal rubrica de custos, diminuíram cerca de 3%, devido à redução de 10% do número médio de trabalhadores por efeito da reestruturação da Empresa, que passam de 5.760, em 2001, para 5183, em 2002 (redução de 10%).

3. Os custos financeiros sofreram apenas um ligeiro aumento de cerca de 1,4%, não obstante o aumento do endividamento bancário em cerca de 432 milhões de euros, de Dezembro de 2001 a Dezembro de 2002, cuja situação se deve à redução da taxa de juro e ao efeito da capitalização de juros. Os custos financeiros capitalizados aumentam de 20,7 milhões de euros, em 2001, para cerca de 21,8 milhões de euros, em 2002.

4. Os Resultados extraordinários sofreram um agravamento de cerca de 35 milhões de euros (aumento de 23 milhões de euros nos custos e perdas extraordinários e redução de 12 milhões de euros nos proveitos e ganhos extraordinários). Esta situação deve-se fundamentalmente à anulação de proveitos relativos a taxa de uso no período anterior a 2002, no montante de cerca de 37 milhões de euros.

5. O endividamento total da Empresa ascende a cerca de 2.557,6 milhões de euros, em 31/12/2002, o que corresponde a um aumento de cerca de 533,6 milhões de euros relativamente a 31/12/2001. A tendência continua a ser de agravamento face ao elevado défice anual de exploração e insuficiência de capitais próprios para financiamento dos projectos de investimento em curso.

V - Parecer

1. Face ao anteriormente referido, a CF é de parecer favorável à aprovação do Relatório e Contas da Rede Ferroviária Nacional – REFER, EP do exercício findo em 31 de Dezembro

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Relatório & Contas 2002

de 2002, bem como da proposta de aplicação de resultados formulada pelo CA, com as reservas e ênfases expressas na Certificação Legal de Contas.

Finalmente, não podemos deixar de registar e agradecer o apoio e colaboração recebidos do Conselho de Administração, bem como a disponibilidade manifestada pelos responsáveis das diversas áreas da Empresa e pela generalidade do pessoal da REFER, EP e dos Auditores Externos.

Lisboa, 28 de Março de 2003

José António Coelho Alves Portela (Presidente)

SALGUEIRO, CASTANHEIRA E ASSOCIADOS, SROC (vogal ROC) representada por Issuf Ahmad

Joaquim Gaspar Ribeiro de Carvalho Guimarães (vogal)

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SALGUEIRO, CASTANHEIRA E ASSOCIADOS SOCIEDADE DE REVISORES OFICIAIS DE CONTAS (Inscrita sob o nº. 151)

CERTIFICAÇÃO LEGAL DE CONTAS

Introdução

1. Examinámos as demonstrações financeiras da Rede Ferroviária Nacional – REFER, E.P., as quais compreendem o Balanço em 31 de Dezembro de 2002, que evidencia um total de 5.147.187.849 euros e um total de capital próprio de 2.536.236.660 euros, incluindo um resultado líquido negativo de 158.555.192 euros, as Demonstrações dos resultados por naturezas e por funções e a Demonstração dos fluxos de caixa, referentes ao exercício findo naquela data, e os correspondentes Anexos.

Responsabilidades

2. É da responsabilidade do Conselho de Administração a preparação de demonstrações financeiras que apresentem de forma verdadeira e apropriada a posição financeira da Empresa, o resultado das suas operações e os fluxos de caixa, bem como a adopção de políticas e critérios contabilísticos adequados e a manutenção de um sistema de controlo interno apropriado.

3. A nossa responsabilidade consiste em expressar uma opinião profissional e independente, baseada no nosso exame daquelas demonstrações financeiras.

Âmbito

4. O exame a que procedemos foi efectuado de acordo com as Normas Técnicas e as Directrizes de Revisão/Auditoria da Ordem dos Revisores Oficiais de Contas, as quais exigem que o mesmo seja planeado e executado com o objectivo de obter um grau de segurança aceitável sobre se as demonstrações financeiras estão isentas de distorções materialmente relevantes. Para tanto o referido exame inclui:

- a verificação, numa base de amostragem, do suporte das quantias e divulgações constantes das demonstrações financeiras e a avaliação das estimativas, baseadas em juízos e critérios definidos pelo Conselho de Administração, utilizadas na sua preparação;

- a apreciação sobre se são adequadas as políticas contabilísticas adoptadas e a sua divulgação, tendo em conta as circunstâncias;

- a verificação da aplicabilidade do princípio da continuidade; e

- a apreciação sobre se é adequada, em termos globais, a apresentação das demonstrações financeiras.

______Sede: Rua da Padaria, nº. 25, 1º. Dtº., 1100 – 388 Lisboa – Telefs. 21 491 44 05; 21 885 51 90; Fax: 21 491 10 53

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5. Excepto no que respeita às limitações constantes dos parágrafos 6 a 8, entendemos que o exame efectuado proporciona uma base aceitável para a expressão da nossa opinião.

Reservas

6. Relativamente ao imobilizado corpóreo, a informação disponível revela-se insuficiente, não permitindo formar opinião sobre a razoabilidade dos valores contabilizados nas Demonstrações Financeiras, em virtude de:

- O ficheiro de imobilizado da REFER, EP, para os bens transferidos para esta Empresa não oferecer garantias no que se refere à integralidade dos respectivos registos, concretamente se todos os bens existentes se encontram registados ou se todos os bens registados existem fisicamente, bem como a identificação do seu estado e localização; - O processo de desagregação do imobilizado corpóreo e em curso, resultante da transferência de bens da CP para a REFER, EP, nos termos do disposto no Decreto-Lei nº. 104/97, de 29 de Abril, Anexos III, IV e V, de forma a permitir a sua adequada relevância contabilística não estar ainda concluído, faltando apenas discriminar, em 31/12/2002, cerca de 1,9 milhões de euros deste imobilizado; - As infra-estruturas de longa duração (ILD), de conta do Estado, nunca terem sido objecto de qualquer amortização, em consequência a conta Outras Reservas, que integra Capitais Próprios, onde estão contabilizados os subsídios concedidos ao financiamento destes investimentos, não foi reduzida proporcionalmente.

Não nos é possível determinar o efeito dos ajustamentos que poderão vir a resultar da análise das situações acima descritas.

7. Apesar do Acordo alcançado com a CP quanto a facturação da Taxa de Uso devida relativamente aos anos de 1999 a 2002 e correspondentes juros de mora, subsistem ainda algumas divergências entre esta Empresa e a REFER na reconciliação da respectiva conta corrente, envolvendo montantes bastante significativos.

8. A REFER, EP considera parte dos custos de administração geral como custo de investimentos em ILD, a suportar pelo Estado, os quais atingem, em 2002, 15.911.842 euros, sendo os valores capitalizados nos últimos dois anos de cerca de 12,1 milhões de euros em 2001 e cerca de 8,8 milhões de euros em 2000. A informação disponível não nos permite concluir sobre a razoabilidade do critério adoptado, pelo que os custos em causa, sendo estruturais e incorridos anualmente, dificilmente poderão deixar de ser considerados como custo de exercício.

9. Conforme explicitado na nota 48.15 do Anexo ao Balanço e à Demonstração de Resultados, os valores das indemnizações por rescisão de contratos de trabalho por mútuo acordo, pagos desde 1998, foram sendo registados na rubrica do Balanço de custos diferidos a amortizar em 5 anos, sendo o respectivo saldo, em 31/12/2002, de cerca de 20.816 milhares de euros. De acordo com o POC e os princípios ______Sede: Rua da Padaria, nº. 25, 1º. Dtº., 1100 – 388 Lisboa – Telefs. 21 491 44 05; 21 885 51 90; Fax: 21 491 10 53

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contabilísticos aplicáveis em Portugal, as referidas indemnizações constituem custos do exercício em que os mesmos ocorrem. Deste modo verifica-se uma subvalorização dos custos do exercício em cerca de 5.544 milhares de euros e dos resultados transitados negativos em cerca de 15.272 milhares de euros.

10. A Empresa utilizou o método de equivalência patrimonial na valorização das suas participações financeiras, com base nos capitais próprios das sociedades participadas em 31/12/2002. No entanto, não foi criada qualquer provisão para riscos e encargos para retratar as suas responsabilidades decorrentes da participação em capitais social de 33% na GIL – Gare Intermodal de Lisboa, SA e 10% na FERNAVE – Formação Técnica, Psicologia Aplicada e Consultoria em Transportes e Portos, SA, que apresentam, em 31/12/2002, capitais próprios negativos de 17.138.222 e 5.325.804 euros, respectivamente. De facto, afigura-se-nos que, com base no princípio contabilístico da prudência, será aconselhável a constituição de uma provisão, pelo que o prejuízo do exercício encontra-se subvalorizado em 6.188.193 euros.

Opinião

11. Em nossa opinião, excepto quanto aos efeitos dos ajustamentos que poderiam revelar-se necessários caso não existissem as limitações descritas nos parágrafos 6 a 8 e excepto quanto aos efeitos das situações mencionadas nos parágrafos 9 e 10, as referidas demonstrações financeiras apresentam de forma verdadeira e apropriada, em todos os aspectos materialmente relevantes, a posição financeira da REFER – Rede Ferroviária Nacional, E.P., em 31 de Dezembro de 2002, bem como o resultado das suas operações e os fluxos de caixa, referentes ao exercício findo naquela data, de acordo com os princípios contabilísticos geralmente aceites em Portugal.

Ênfases

Sem afectar a nossa opinião sobre as contas, chamamos a atenção para o seguinte:

12 De acordo com a nota 48.4 do Anexo ao Balanço e à Demonstração de Resultados, existem diversos processos judiciais em curso relativos a expropriações e outras situações litigiosas, os quais envolvem montantes significativos, que se encontram provisionados na medida em que a Empresa entende ser a sua exposição ao respectivo risco.

13 De acordo com o disposto no Decreto-Lei nº 104/97, de 29 de Abril, a REFER, EP tem direito a cobrar a Taxa de Uso pela utilização da infra-estrutura ferroviária por parte dos operadores ferroviários. Em 13 de Março de 2003 foi celebrado com a CP um Acordo relativamente a Taxa de Uso, o qual prevê um total de facturação de 237.492.037 euros, relativa aos anos de 1999 a 2002 e correspondentes juros de mora O impacto deste Acordo nas contas da REFER traduziu-se no agravamento de prejuízos em cerca de 60 milhões de euros, repartidos em 50.854,9 milhares de euros de taxa de uso (diferença entre o total de valores registados anualmente como

______Sede: Rua da Padaria, nº. 25, 1º. Dtº., 1100 – 388 Lisboa – Telefs. 21 491 44 05; 21 885 51 90; Fax: 21 491 10 53

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proveitos pela REFER, com base nas taxas homologadas pelo Instituto Nacional do Transporte Ferroviário, e o montante global resultante da aplicação dos critérios subjacentes no Acordo) e 9.139,6 milhares de euros de juros.

Lisboa, 28 de Março de 2003

SALGUEIRO, CASTANHEIRA E ASSOCIADOS Sociedade de Revisores Oficiais de Contas Representada por:

Issuf Ahmad, ROC nº 779

______Sede: Rua da Padaria, nº. 25, 1º. Dtº., 1100 – 388 Lisboa – Telefs. 21 491 44 05; 21 885 51 90; Fax: 21 491 10 53

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PricewaterhouseCoopers Avenida da Liberdade, 245 - 7º C 1250 - 143 Lisboa Portugal Tel +351 21319 70 00 Ao Fax +351 21316 11 12 Conselho de Administração de Rede Ferroviária Nacional - REFER, E.P.

Relatório de Auditoria

1 Efectuámos a auditoria ao Balanço da REFER - Rede Ferroviária Nacional, E.P., à data de 31 de Dezembro de 2002, bem como às Demonstrações dos Resultados por natureza e por funções do exercício findo naquela data e ao respectivo Anexo e à Demonstração dos Fluxos de Caixa e respectivo Anexo. Estas Demonstrações Financeiras são da responsabilidade do Conselho de Administração da Empresa, competindo-nos como auditores a emissão de uma opinião sobre estas, baseada na nossa auditoria.

2 Excepto quanto às limitações descritas nos parágrafos nºs 3 e 4 abaixo, a nossa auditoria foi conduzida de acordo com as Normas Internacionais de Auditoria. Estas normas exigem que planeemos e executemos a auditoria por forma a obtermos segurança aceitável sobre se as referidas Demonstrações Financeiras não contêm distorções materialmente relevantes. Uma auditoria inclui o exame, numa base de teste, das evidências que suportam os valores e informações constantes das Demonstrações Financeiras. Adicionalmente, uma auditoria inclui a apreciação dos princípios contabilísticos adoptados e a avaliação das estimativas significativas efectuadas pela Administração, bem como a apreciação da apresentação das Demonstrações Financeiras. Em nosso entender a auditoria efectuada constitui base suficiente para a emissão da nossa opinião.

3 A informação disponível para análise na área das Imobilizações Corpóreas, incluindo a rubrica de Imobilizações em Curso, não é considerada suficiente, em virtude de: i) O ficheiro de bens do imobilizado referente aos itens transferidos da CP - Caminhos de Ferro Portugueses E.P. para a REFER, E.P., em resultado do cumprimento do disposto no Decreto - Lei nº104/97, Anexos III, IV e V, no valor total de 1.225.760 milhares de euros, não oferece garantias no que respeita à totalidade e exactidão dos registos contabilísticos, não tendo sido ainda efectuado um inventário físico que garanta a existência, estado de conservação e localização dos bens em causa. A Empresa tem procedido a um esforço significativo para completar a desagregação dos bens acima referidos e inclusos nas rubricas de Imobilizado Corpóreo e em Curso, para que seja possível efectuar a sua adequada relevação contabilística e posterior inventário, restando somente por discriminar à

PricewaterhouseCoopers - Auditores e Consultores, Lda. Sede: Avenida da Liberdade 245 8º A, 1269 - 034 Lisboa Contribuinte nº. 504193279 Capital social Euros 750.000 Matriculada na Conservatória do Registo Comercial sob o nº. 7297 - 89 -

Rede Ferroviária Nacional - REFER, E.P.

data de 31 de Dezembro de 2002, itens no valor de aproximadamente 1.926 milhares de euros; ii) A Empresa tem como procedimento não sujeitar a depreciação sistemática o Imobilizado relativo a infra-estruturas de longa duração (ILD's) de conta do Estado, quer o transferido no início da sua actividade, quer o construído pela Empresa, considerando os subsídios atribuídos para o respectivo financiamento, em Reservas, parte integrante dos Capitais Próprios, quando deveriam estar a ser considerados em Proveitos Diferidos, e afectar os resultados proporcionalmente à depreciação efectuada aos activos.

Não nos é possível determinar o efeito dos ajustamentos que poderão vir a resultar da resolução das situações acima referidas.

4 Nos exercícios de 2000, 2001 e 2002 a REFER, E.P. capitalizou nas rubricas de Imobilizado em Curso, os montantes de cerca de 8.800 milhares de euros, 12.090 milhares de euros e 15.912 milhares de euros, respectivamente, relativos a custos incorridos internamente com a gestão e execução dos diversos projectos de investimento em curso relacionados com ILD’s, sendo que a informação disponível não permitiu aos anteriores auditores concluir sobre a razoabilidade dos critérios de capitalização adoptados pela Empresa. À data do presente relatório, não dispomos de informação especifica e sistematizada, que nos permita determinar quer a necessidade de capitalização de custos incorridos com a gestão e execução dos projectos de investimento em curso, quer concluir sobre a razoabilidade dos critérios de capitalização adoptados pela empresa.

5 A REFER E.P., pagou, no decurso dos exercícios de 1998 a 2002, indemnizações a empregados relativas a rescisões de contratos de trabalho por mútuo acordo, nos montantes de 3.482, 5.799, 4.869, 11.668 e 13.385 milhares de euros, respectivamente. Os referidos valores, que se encontram registados na rubrica de Custos Diferidos constante do Balanço, estão a ser amortizados linearmente durante um período de 5 anos, sendo o saldo a 31 de Dezembro de 2002 da referida rubrica de aproximadamente 20.816 milhares de euros. De acordo com os princípios contabilísticos geralmente aceites em Portugal, os valores das referidas indemnizações constituem custos do exercício em que são incorridos, pelo que os custos do exercício e os resultados transitados se encontram subvalorizados por cerca de 5.544 milhares de euros e 15.272 milhares de euros, respectivamente.

6 A Empresa utilizou o método de equivalência patrimonial na valorização das suas participações financeiras, com base nos capitais próprios das sociedades participadas em 31 de Dezembro de 2002. No entanto, não foi criada qualquer provisão para riscos e encargos para retratar as suas responsabilidades decorrentes da participação nos capitais próprios das entidades “GIL – Gare Intermodal de Lisboa, S.A.” e “Fernave – Formação Técnica, Psicologia em Transportes e Portos, S.A.”, os quais, à data mencionada,

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Rede Ferroviária Nacional - REFER, E.P.

apresentam valores negativos de cerca de 17.138 milhares de euros e 5.326 milhares de euros, respectivamente. Com base no princípio contabilístico da prudência, afigura-se que será aconselhável a constituição duma provisão, decorrente das participações de 33% e 10% no capital das referidas entidades, pelo que o prejuízo do exercício se encontra subvalorizado por aproximadamente 6.188 milhares de euros.

7 Em nossa opinião, excepto quanto aos efeitos dos ajustamentos que poderiam revelar-se necessários caso não existissem as limitações referidas nos parágrafos nºs 3 e 4 acima e excepto quanto aos efeitos das situações referidas nos parágrafos nºs 5 e 6 acima, as Demonstrações Financeiras apresentam de forma apropriada, em todos os seus aspectos relevantes, a situação financeira da REFER - Rede Ferroviária Nacional, E.P., a 31 de Dezembro de 2002, bem como os resultados das suas operações e os fluxos de caixa no exercício findo naquela data, de acordo com os princípios contabilísticos geralmente aceites em Portugal.

8 Sem afectar a opinião expressa no parágrafo anterior, chamamos a atenção para os seguintes factos: i) De acordo com a Nota 48.1 do Anexo, na sequência do Acordo estabelecido entre a REFER, E.P. e o operador CP - Caminhos de Ferro Portugueses, E.P., datado de 13 de Março de 2003 e aprovado pelo Ministro das Obras Públicas, a situação de discussão existente relativamente aos valores facturados em 1999, 2000, 2001 e 2002 referentes à denominada taxa de utilização anual da infra-estrutura de circulação foi clarificada. Desta forma, os valores facturados nos exercícios referidos nos montantes de cerca de 62.849, 72.774, 76.843 e 75.881 milhares de euros, respectivamente, foram rectificados para 55.225, 59.576, 60.812 e 61.878 milhares de euros, o que originou uma redução dos resultados do exercício de 2002 em cerca de 59.995 milhares de euros; ii) Conforme Nota 48.4 do Anexo, existem diversos processos judiciais em curso relativos a expropriações e outras situações litigiosas, nomeadamente processos laborais, os quais envolvem montantes significativos, que se encontram provisionados na medida em que a Empresa entende ser a sua exposição no respectivo risco.

Lisboa, 27 de Março de 2003

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