Liana d´Urso de Souza Mendes Cap. 8 Análise dos Resultados

8 ANÁLISE DOS RESULTADOS

Os resultados das técnicas empregadas na pesquisa são analisadas separadamente, embora estejam todos interligados de uma forma sistêmica. As imagens deram o suporte antes, durante e depois da aplicação das outras técnicas, e se apresentam basicamente no item 8.1 que é específico sobre fotos, assim como também nos itens 8.2 (entrevistas) e 8.3 (Passeio Acompanhado), como ilustração de certas situações específicas, verbalizadas pelos idosos.

8.1 Resultados da Técnica 1 – Levantamento de dados através de imagens

8.1.1 Placas de sinalização de rua a) Placa de rua, fundo azul escuro com letras brancas FOTO 1 LOCAL: Praça Edmundo Bittencourt (Bairro Peixoto).

Fig. 27: placa azul baixa de rua (set. 2007). TIPO DE SINALIZAÇÃO: placa de localização de rua, horizontal, azul escura com letras brancas, frente e verso, com o dispositivo superior de propaganda, com iluminação interna, à noite. OBSERVAÇÕES: é conhecida como “pirulito” por causa da área arredondada para propaganda, e redesenhada antes dos jogos Pan-Americanos no Rio, em Liana d´Urso de Souza Mendes Cap. 8: Análise dos Resultados 106

2007. Por causa da altura e do contraste das letras brancas com o fundo escuro, torna-se visível e legível de perto. Muito utilizada pelos motoristas, taxistas, entregadores de mercadorias e pessoas visitantes, não moradoras do bairro. Os idosos moradores não as observam por estarem acostumados com elas e com as ruas locais. O CEP Código de Endereçamento Postal em letras miúdas é não é visível à distância. b) Placa alta amarela, do RioCidade FOTO 2 LOCAL: cruzamento da Av. Nª Sª de Copacabana com a rua Joaquim Nabuco, Posto 6. TIPO DE SINALIZAÇÃO: placa de rua horizontal amarela, de localização, frente e verso, colocada no alto do poste.

Fig. 2: placa amarela alta (julho 2008).

Fig. 28: placa amarela alta, de rua (jul. 2008).

OBSERVAÇÕES: a) Voltada tanto para motoristas quanto para pedestres, é quase ilegível pela falta de contraste entre o amarelo e o laranja que são cores análogas, isto é, próximas uma das outras, e claras, e estar disposta muito alta. A cor Liana d´Urso de Souza Mendes Cap. 8: Análise dos Resultados 107 amarela se sobressai somente em caso da placa estar colocada em algum lugar cujo entorno favorece com cores mais escuras e contrastantes. b) Do outro lado da rua, a placa "ESTACIONE" na entrada e saída do estacionamento do Shopping Cassino Atlântico, é visível pelo tamanho das letras e o contraste entre elas, cor escura sobre fundo branco. Só não é legível porque o que está escrito está na vertical. c) Placa de esmalte, antiga FOTO 3 LOCAL: esquina das ruas Rodolfo Dantas com Av. Nª Sª de Copacabana, prédio do Hotel Copacabana Palace. TIPO DE SINALIZAÇÃO: placa de rua antiga de esmalte, azul escura com letras brancas, presa na parede lateral dos prédios.

Fig. 29: placa antiga de esmalte, de rua - Posto 3 (mar. 2007).

OBSERVAÇÕES: por ser antiga, nem sempre se encontra em bom estado de conservação e limpeza. As características de tamanho (pequena), e localização (colocada no alto), prejudicam a sua visibilidade, além das letras muito juntas e todas maiúsculas. Se o prédio for pintado com cor clara, há contraste suficiente entre a cor do fundo da placa com a cor da parede, para que ela seja avistada com maior rapidez. De qualquer forma, a legibilidade fica comprometida, face as outras características da placa.

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8.1.2 Placa de orientação, alta, para motoristas, no centro da via FOTO 4 LOCAL: Av. Nª Sª de Copacabana, esquina com a Figueiredo de Magalhães, em direção ao Leme, do lado esquerdo da via. TIPO DE SINALIZAÇÃO: conjunto de 2 placas altas de orientação para motoristas. OBSERVAÇÕES: placas novas, em bom estado de conservação, voltadas para os motoristas, e observadas também pelos pedestres. Sem contraste da parte verde da placa, em relação ao fundo (árvore verde). Maior contraste na parte azul evidenciando-se a cruz vermelha sobre o branco.

Fig. 30: Placa de orientação alta, para motoristas (set. 2006).

8.1.3 Placas de advertência de situações específicas a) Placa amarela de obras FOTO 5 LOCAL: rua Pompeu Loureiro, em direção ao Corte Cantagalo, perto das obras do Metrô, na frente do Corpo de Bombeiros. TIPO DE SINALIZAÇÃO: a) placa quadrada amarela, de advertência, de obras, na diagonal; b) placa redonda normativa de velocidade máxima 40Km/h. OBSERVAÇÕES: a) a representação gráfica do homem cavando (obras) está fina, porem, dessa distância, é visível. O contorno preto externo dá à placa maior visibilidade, pois faz contraste com o fundo dos edifícios. b) placa normativa de velocidade, porém o local está interditado para veículos – todos da foto estão estacionados, e em filas. Liana d´Urso de Souza Mendes Cap. 8: Análise dos Resultados 109

Fig. 31: placa de advertência de obra (jul. 2005).

FOTO 6 LOCAL: descida do Corte Cantagalo em direção à Lagoa Rodrigo de Freitas. TIPO DE SINALIZAÇÃO: amarela, de advertência, “Atenção Ao Girar: Escola”.

Fig. 32: paca de advertência na saída de escola (jul. 2005).

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OBSERVAÇÕES: placa em frente a alguns colégios tais como o municipal da praça Benedito Cerqueira (quase Lagoa) mostra um adulto segurando a mão de uma criança. É voltada para motoristas, mas, vista de longe, este é mais sensibilizado pela cor amarela do que pelo texto, ou mesmo pelo símbolo, pois estes não têm destaque na área do desenho. b) Placas pintadas a mão, orientando passagem de pedestres FOTO 7 FOTO 8

Figs. 33 e 34: placa branca de passagem de pedestre pintada a mão (mar. 2007).

LOCAL: Av. Atlântica, esquina com a rua Fernando Mendes, Posto 3. TIPO DE SINALIZAÇÃO: orientação de passagem para pedestre. OBSERVAÇÕES: passagem estreita e sem proteção em obra de hotel na Av. Atlântica. Placa colocada no chão, de forma precária.

FOTO 9 LOCAL: Rua Barata Ribeiro, na altura da rua Xavier da Silveira. Calçada do lado esquerdo em direção ao Posto 6. OBSERVAÇÕES: sinalização de passagem de pedestre feita de forma rudimentar1, pintada à mão, com frente e trás, voltada para ambas as direções da calçada. Altura adequada para a pessoa não bater com a cabeça, e visível mesmo de longe.

1 A placa regulamentada que serviu de modelo para a pintura, encontra-se no capítulo 4 item 4.3.

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Fig. 35: placa laranja de passagem de pedestres pintada a mão (set. 2006).

8.1.4 Placas normativas a) Estacionamento de veículos FOTO 10 LOCAL: na rua Bolivar, quarteirão entre a rua Barata Ribeiro e a rua Pompeu Loureiro, em direção ao Corte Cantagalo (para a Lagoa Rodrigo de Freitas).

Fig. 36: placa de estacionamento proibido para veículos (jul. 2005).

TIPO DE SINALIZAÇÃO: a) placa retangular vertical branca, normativa de Liana d´Urso de Souza Mendes Cap. 8: Análise dos Resultados 112 proibido estacionar / sujeito a reboque, com símbolo e letras; b) placa retangular vertical com símbolo, indicativa de ponto de ônibus. OBSERVAÇÕES: a) carro de grande porte estacionado embaixo da placa, atrapalhando a acessibilidade e desrespeitando os pedestres e as normas de trânsito. O detalhe do friso preto circundando o final da placa branca dá a ela maior visibilidade, sobressaindo-a do fundo também branco do edifício atrás. b) a curvatura da placa do ônibus, por causa de danos e amassados, a torna menos legível.

b) Carga e descarga FOTO 11: rua Itanhangá com a Barata Ribeiro, lado esquerdo em direção ao Posto 6, perto do Metrô Estação Arcoverde. FOTO 12: esquina da rua Figueiredo de Magalhães com Barata Ribeiro, direção Túnel Velho, lado direito da via. FOTO 13: Rua Barata Ribeiro, na altura da rua Xavier da Silveira. Calçada do lado esquerdo em direção ao Posto 6.

Figs. 37 e 38: estacionamento permitido de carga e descarga (set. 2006).

TIPO DE SINALIZAÇÃO: placas normatizando local para carga e descarga no horário apresentado, voltadas para o fluxo de veículos, na beira da calçada. OBSERVAÇÕES: a mesma situação, porem coexistindo 3 desenhos de símbolos. Liana d´Urso de Souza Mendes Cap. 8: Análise dos Resultados 113 a) foto 11: ao longo. Placa mais antiga, com símbolo diferente das outras placas que têm a mesma finalidade; estado de conservação e limpeza ruins. b) foto 12: placa nova com sinais de vandalismo; símbolo do caminhão e do motorista pequenos demais e difíceis de serem identificados. Sobre o fundo azul escuro a letra branca poderia dar destaque, porem o “Carga e Descarga” não é visível porque as letras são finas. Essa informação está em 2º plano em relação à SEG. A SEX. O código da placa no sistema da CET-Rio não é legível e toma espaço de informações mais importantes para o pedestre e o motorista. O código poderia se apresentar de alguma outra forma e em outro lugar, para ter mais espaço para a informação mais importante que é a atividade regularizada. c) foto 13: término do estacionamento permitido; placa nova e bem conservada; símbolo sem contraste e de difícil compreensão.

Fig. 39: estacionamento permitido de carga e descarga (set. 2006). c) Ônibus de turismo FOTO 14 LOCAL: Av. Nª Sª de Copacabana, na calçada do lado esquerdo da via, em direção ao Leme, quase esquina com a rua Francisco Sá, ainda no Posto 6. Liana d´Urso de Souza Mendes Cap. 8: Análise dos Resultados 114

Fig. 40: estacionamento permitido para ônibus de turismo (set. 2006).

TIPO DE SINALIZAÇÃO: de local permitido para estacionamento de ônibus de turismo, com tempo máximo determinado. OBSERVAÇÕES: placa nova, em bom estado de conservação e limpeza. o pictograma não é visível e a compreensão do turismo fica por conta do boné de motorista, porém visto de longe não dá para identificar a imagem. Não dá para ver e nem ler o que está escrito nas faixas estreitas escuras. A placa desconsidera que os passageiros, pedestres, precisam tomar conhecimento que ali é o local onde vão embarcar no ônibus, e não mostra a informação em ambas as direções da calçada. O texto MAX 30 MIN é maior que a informação de que ali é estacionamento para ônibus de turismo. A parte escura do código da placa é ilegível.

8.1.5 Numerais de prédios FOTO 15 LOCAL: Av. Nª Sª de Copacabana, Posto 5. TIPO DE SINALIZAÇÃO: numeral de prédio. OBSERVAÇÕES: Numeral azul, sem contraste com o fundo de mármore escuro do portal de entrada, e colocado no alto do portal de entrada. Como foi colado embaixo de um pequeno cartaz muito claro, que chama atenção, desvia o foco do olhar para ele, causando mais transtornos à visibilidade e à leiturabilidade. Liana d´Urso de Souza Mendes Cap. 8: Análise dos Resultados 115

Fig. 41: numeral em prédio de Copacabana (dez. 2006).

FOTO 16 LOCAL: Av. Nª Sª de Copacabana OBSERVAÇÕES: Os números são visíveis por causa do tamanho e da colocação, porém o forte contraste de luz e sombra atrapalha a leitura em determinada hora do dia. A altura da letra também faz sombra e ajuda a distorcer a informação.

Fig. 42: forte contraste em numeral de prédio (dez. 2006)

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8.1.6 Placa de estabelecimento comercial (letreiro de loja) FOTO 17

Fig. 43: letreiro de loja (dez. 2006).

LOCAL: 14º Ofício de Notas na Av. Nª Sª de Copacabana, Posto 5, na calçada do lado direito em direção ao Leme, antes da rua Constante Ramos. OBSERVAÇÕES: O letreiro da loja do 14º Oficio não é visto adequadamente pelo pedestre que caminha olhando para o chão ou para a frente. Está alto demais e não dá para ver direito. A placa colocada em uma altura adequada e de frente para o pedestre, ajuda a localizar o local com maior rapidez. Dependendo do tamanho da placa, das cores e do tipo de letras, ela pode ser bem visível e legível, como a propaganda da clínica.

FOTO 18 FOTO 19

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Figs. 44 e 45: Farmácia Popular na rua Barata Ribeiro perto do Metrô Arcoverde (nov. 2007)

LOCAL: Farmácia Popular Vital Brasil do Governo do Estado do Rio (Posto 3). OBSERVAÇÕES: Calçada e entrada sem algo que identifique que naquele lugar existe a farmácia popular estadual (única de Copacabana). Letreiro da loja fora da linha de visão do pedestre.

FOTO 20 FOTO 21

Figs. 46 e 47: letreiro de loja na altura dos olhos (nov. 2007).

LOCAL: rua Rodolfo Dantas com a Av. Nª Sª de Copacabana (Posto 3). SINALIZAÇÃO: letreiro de loja nas laterais da porta de entrada. OBSERVAÇÕES: Letreiro indicando o estabelecimento. Visível ao longe e na altura da visão dos pedestres. Escrita na vertical, porém sinaliza bem a entrada.

8.1.7 Placa de órgão de serviço público FOTO 22 LOCAL: Av. Rainha Elizabeth esquina com a Av. Nª Sª de Copacabana, no prédio do Banco Itaú (Posto 6). SINALIZAÇÃO: placa alta, de serviço público da Prefeitura do Rio (Secretaria Municipal de Fazenda – 5ª Inspetoria Regional de Licenciamento e Fiscalização). Metálica prateada, com letras grandes gravadas escuras, e símbolo da Prefeitura. OBSERVAÇÕES: visibilidade baixa em função do pouco contraste entre as letras escuras e o fundo claro da placa, e legibilidade ruim por causa da altura que a placa foi colocada. Não existe placa na calçada, na altura dos olhos para o idoso se orientar e saber que ali é a entrada do estabelecimento. Liana d´Urso de Souza Mendes Cap. 8: Análise dos Resultados 118

Fig. 48: placa de órgão público, sobre o portal (abr. 2006).

FOTO 23

Fig. 49: placa Delegacia Legal (set. 2006).

LOCAL: Nª Sª de Copacabana, no quarteirão entre Francisco Sá e Souza Lima. placa indicativa de serviço público - Delegacia Legal OBSERVAÇÕES: Na placa lê-se bem POLICIA e o resto com dificuldade, por causa do contraste intenso entre o claro e o escuro provocados pelo arredondamento da placa, e pelo material utilizado. Os desenhos são de difícil compreensão, e a palavra “Legal” amarela, não se distingue do fundo prateado. Liana d´Urso de Souza Mendes Cap. 8: Análise dos Resultados 119

8.1.8 Placa de entrada e saída de veículos da garagem FOTO 24 LOCAL: Av. Nª Sª de Copacabana, final do Posto 6

Fig. 50: placa de entrada e saída de veículos (jul. 2005).

TIPO DE SINALIZAÇÃO: placa de estacionamento (saída e entrada). OBSERVAÇÕES: o local aonde foi colocada a placa não ajuda a visibilidade da mesma. A palavra “Estacionamento” não está legível com os tipos muito grudados uns nos outros. O que chama atenção é a grande seta indicando a entrada, porém, pela localização da mesma, chama mais atenção dos pedestres do que dos motoristas.

FOTO 25

Fig. 51: placa alta de estacionamento em garagem particular (nov. 2007).

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LOCAL: rua Figueiredo de Magalhães, perto da Barata Ribeiro. TIPO DE SINALIZAÇÃO: de estacionamento para veículos com símbolo. OBSERVAÇÕES: placa com o desenho de carro bem grande, e visível ao longe pelos motoristas, voltada também para os pedestres, já que tem frente e verso. Não protege o idoso já que está colocada muito no alto e não tem nada na altura dos olhos do pedestre para avisá-lo que ali é entrada e saída de veículos.

FOTO 26 LOCAL: prédio perto da rua Francisco Sá. TIPO DE SINALIZAÇÃO: dispositivo de alarme sonoro e visual na saída de garagem. a) placa retangular horizontal, sinalizando entrada e saída de veículos de um prédio particular, acoplada com sinal sonoro; b) plaqueta retangular horizontal, indicativa de entrada de serviço do mesmo prédio.

Fig. 52: dispositivo de alarme sonoro e visual na saída de garagem (jul. 2005).

OBSERVAÇÕES: alarme sonoro não funciona para deficientes auditivos e idosos com pouca audição, nem para as pessoas desatentas, ou aquelas que já estão acostumadas com muito barulho. Da mesma forma, o sinal luminoso não funciona durante o dia por causa da claridade, nem para deficientes visuais de todos os graus e tipos, tampouco para as pessoas distraídas e acostumadas com muito Liana d´Urso de Souza Mendes Cap. 8: Análise dos Resultados 121 movimento. Na fig. 52 o dispositivo foi colocado alto demais, fora da visão do pedestre. Plaquinhas com letras muito pequenas que não chamam a atenção.

8.1.9 Placas de ônibus a) Placas de parada de ônibus, na calçada (frente e verso) FOTO 27 e FOTO 28 LOCAL: na Av. Nª Sª de Copacabana, no quarteirão entre as ruas Francisco Sá e Souza Lima. TIPO DE SINALIZAÇÃO: placa dupla de ponto de ônibus / Metrô, com roteiro. OBSERVAÇÕES: mobiliário urbano projetado sobre a calçada, dificultando a visibilidade.

Fig. 53 e 54: placa de ônibus vista de frente e de trás (jul. 2005).

OBSERVAÇÕES: visualiza-se o símbolo do ônibus do Metrô, mas não lê-se o texto. A placa só tem frente virada para o fluxo dos veículos, sem verso. A propaganda, no interior e do lado de fora do mobiliário urbano, é vista integralmente pelas pessoas que ficam no ponto aguardando o ônibus.

FOTO 29 LOCAL: rua Siqueira Campos quase esquina com a Toneleros. TIPO DE SINALIZAÇÃO: Placas de ponto de ônibus do Metrô. Liana d´Urso de Souza Mendes Cap. 8: Análise dos Resultados 122

OBSERVAÇÕES: cabine telefônica virada para a calçada, na altura da cabeça e dos olhos dos pedestres. Volume excessivo de pessoas caminhando na calçada, obstruindo as informações. Vendedores com carrinho de comida, prejudicando o acesso.

Fig. 55: placas de ponto de ônibus do Metrô, na rua Siqueira Campos (abril 2006).

FOTO 30

Fig. 56: placa simples de parada de ônibus (setembro 2006).

LOCAL: rua Barata Ribeiro, lado direito em direção ao Posto 6, perto do Metrô Estação Arcoverde. TIPO DE SINALIZAÇÃO: placa de ponto de ônibus do Metrô, nova. OBSERVAÇÕES: Como a placa é nova, o contraste é mais intenso entre o fundo azul e os números. Boa visibilidade e legibilidade. O pictograma preto do ônibus faz bastante contraste com o retângulo branco. Liana d´Urso de Souza Mendes Cap. 8: Análise dos Resultados 123

LOCAL: rua Barata Ribeiro, lado direito em direção ao Posto 6, perto do Metrô Estação Arcoverde.

b) Placa de roteiro dos ônibus, no abrigo FOTO 31 LOCAL: Av. Nª Sª de Copacabana, no meio do quarteirão entre as ruas Sá Ferreira e Djalma Ulrich. TIPO DE SINALIZAÇÃO: placa retangular vertical, de sinalização de roteiros de ônibus, da Prefeitura do Rio. OBSERVAÇÕES: placa em mau estado, riscada, suja e danificada, com letras e números pequenos. O brilho na superfície interfere na visibilidade.

Fig. 57: placa do itinerário dos ônibus (jul. 2005).

8.1.10 Símbolos2 nas placas a) Símbolo na placa da Prefeitura FOTO 32 LOCAL: Av. Atlântica, no cruzamento com a Av. Rainha Elizabeth, Posto 6.

2 Conforme apresentado no cap. 4, o termo símbolo pode ser compreendido como um símbolo pictórico = sinal pictórico = pictograma. O termo símbolo é mais conhecido e compreendido pelos idosos do que o termo pictograma. Liana d´Urso de Souza Mendes Cap. 8: Análise dos Resultados 124

TIPO DE SINALIZAÇÃO: placa de orientação da Prefeitura do Rio, indicativa de serviços: da RIOTUR, da 5ª Administração Regional, da 13ª DP (Delegacia Legal), e informativa de direção (praia de ). OBSERVAÇÕES: falta de contraste entre as letras e o fundo da placa. Símbolos com contornos finos e sem destaque na placa. Pouca diferença de cor entre as placas avermelhadas. Placa com frente e verso voltada tanto para pedestres quanto para motoristas. Para o motorista, pouca legibilidade ao longe. Para o pedestre, boa visibilidade em ambos os lados (frente e trás).

Fig. 58: placa de orientação da Prefeitura com pictogramas diversos (set. 2006). b) Símbolos na placa de turismo FOTO 33 LOCAL: após a saída da rua Bolívar, na rua Pompeu Loureiro em direção ao Corte Cantagalo. TIPO DE SINALIZAÇÃO: de orientação de pontos turísticos (Floresta da , Maracanã e Corcovado, entre outros). OBSERVAÇÕES: placa nova, colocada no meio do ano de 2006. Por serem monumentos conhecidos internacionalmente, tanto o Corcovado quanto o Maracanã são compreendidos; por sua vez, o da Floresta da Tijuca parece um rosto ao longe. Liana d´Urso de Souza Mendes Cap. 8: Análise dos Resultados 125

Fig. 59: placa indicando locais de turismo, com pictogramas (set. 2006). c) Símbolo na placa de estacionamento FOTO 34

Fig. 60: placa para estacionamento na frente de farmácia (nov. 2007).

LOCAL: rua Barata Ribeiro, Posto 4 TIPO DE SINALIZAÇÃO: estacionamento para veículos em frente à farmácia. OBSERVAÇÕES: Placa visível porem o pictograma representando a seringa é pequeno e de difícil visibilidade e compreensão. Sinalização que normatiza o estacionamento em frente às farmácias. Letras maiores e com melhor Liana d´Urso de Souza Mendes Cap. 8: Análise dos Resultados 126 aproveitamento visual. As informações todas na mesma cor dão ao texto uma leitura mais demorada, pois formam um só bloco visual, sem evidenciar nenhuma delas. d) Pictograma na placa simples de parada de ônibus FOTO 35 LOCAL: rua Barata Ribeiro na altura do Posto 5, na direção do Posto 6. TIPO DE SINALIZAÇÃO: parada de ônibus, somente para as linhas apresentadas OBSERVAÇÕES: placa suja precisando limpeza. Outro tipo de representação de ônibus, diferente do pictograma da foto 30.

Fig. 61: pictograma na placa simples de parada de ônibus (set. 2006).

FOTO 36

Fig. 62: placa de ônibus da CET-Rio, ponto final de ônibus Posto 6 (set. 2006).

LOCAL: na rua Barata Ribeiro, já no Posto 6, quase esquina com a rua Francisco Otaviano, na calçada do lado direito. TIPO DE SINALIZAÇÃO: de parada final do ônibus 455 OBSERVAÇÕES: placa danificada, precisando de um símbolo igual aos das novas placas de ônibus existentes no bairro. O desenho do ônibus não é Liana d´Urso de Souza Mendes Cap. 8: Análise dos Resultados 127 compreensível: visto de longe parece um retângulo branco, além da placa estar com a sua forma original alterada. e) Placa alta de sinalização para veículos FOTO 37 LOCAL: retorno que tem na rua Pompeu Loureiro (perto do Corte Cantagalo), em direção à rua Miguel de Lemos. TIPO DE SINALIZAÇÃO: alta, para motoristas mas que o pedestre também observa. O idoso tem mais dificuldade porque ela fica muito no alto e distante. OBSERVAÇÕES: visibilidade prejudicada por causa da sujeira na placa. O desenho só é reconhecido porque o guarda-sol está associado à palavra PRAIA escrita ao lado. O contorno branco em volta da placa dá maior visibilidade à mesma.

Fig. 63: placa alta de sinalização para veículos (set. 2006).

8.1.11 Sinalização precária FOTO 38 LOCAL: rua Siqueira Campos (Posto 4). TIPO DE SINALIZAÇÃO: faixa de lona pintada OBSERVAÇÕES: Sinalização precária na entrada do Centro de Saúde João Barros Barreto. Faixa pintada com o apoio da Câmara Comunitária de Copacabana, Bairro Peixoto e Leme. Não existe placa de sinalização, na calçada, indicando a entrada do posto de saúde. O poste curvado e a faixa com dobras, prejudicam a legibilidade do texto. Liana d´Urso de Souza Mendes Cap. 8: Análise dos Resultados 128

Fig. 64: faixa pintada localizando o centro de saúde (set. 2006).

8.2 Resultados da Técnica 2 – Entrevistas

8.2.1 Resultados das entrevistas com os idosos Certos problemas do idoso em relação a ele mesmo e em relação à sinalização do bairro em que vive foram identificados a partir das entrevistas. As situações mais contundentes vividas por eles foram relacionadas: - à violência e à insegurança, - medo por várias causas: falta de acessibilidade na calçada e cair por causa de buracos, sujeira, assaltos, atropelamentos de bicicletas e triciclos andando na contramão e sobre as calçadas, - falta de atendimento médico (público) de urgência, -falta de dinheiro para fazer as coisas que deseja e para comprar remédios de uso contínuo, - dificuldades de todo o tipo com os ônibus locais, menos os do Metrô, - reclamam de sinalização deficiente, inexistente e inadequada, dependendo do caso, - reclamam da qualidade de atendimento dado pelos atendentes, - se sentem descriminados pela falta de respeito e descaso das pessoas, - e o tempo curto do sinal luminoso para travessia nas ruas.

8.2.1.1 Algumas verbalizações Shopping Center a céu aberto Liana d´Urso de Souza Mendes Cap. 8: Análise dos Resultados 129

Ma (61 anos, professora de matemática, moradora de Copacabana há 28 anos)- “É o ideal. Inclusive, é um Shopping Center aberto. Você sai, encontra de tudo em Copacabana. E coisas muito boas...Eu acho “o” bairro para o idoso, pelo seguinte: o idoso pode ir para o calçadão, e lá ele pode tomar água de coco e já está feliz da vida. Ele não tem dinheiro pra poder fazer outras coisas, não é ? Basta ele ir pro calçadão, num daqueles quiosquezinhos, ele senta, toma água de coco...

Sobre independência e autonomia Li-(...) “E, o que para você, é ser autônoma e independente ?” Ce (normalista, aposentada, síndica de um prédio de 80 apartamentos, moradora de Copacabana há 28 anos)- “Eu acho que é uma felicidade, porque, com a minha idade de 72 anos, eu me sinto totalmente autônoma e independente, em todos os sentidos. Eu não tenho problema nenhum pra andar, pra pegar ônibus, pra sair, pra ir pra teatro, cinema sozinha, ando qualquer hora, então eu acho que isso é uma bênção de Deus, sabe ? Porque, com a minha idade, tem pessoas que nem saem de casa mais, né ? Eu estou em franca atividade em todos os sentidos. Luto muito com o condomínio, e sozinha, praticamente sozinha, e sou uma pessoa muito feliz e gosto muito da minha vida aqui em Copacabana. Acho ótimo, boa.”

O aspecto econômico afeta a autonomia e a independência Cla (75 anos jornalista, moradora de Copacabana há 20 anos)- “Eu acho que devia ter um questionário sobre as limitações financeiras perturbando o idoso que quer fazer ainda muita coisa, e que pode fazer. Que pode exercer essa autonomia, essa independência, mas que fica limitado pelo problema financeiro...Então, por que não ter um barateamento geral no custo em todos os medicamentos ? Porque uma coisa que prejudica a autonomia e independência do idoso, é a manutenção (rs). A “manutenção” do idoso é muito dispendiosa !”

Violência e policiamento ZR- (...) “Hoje existe um abandono muito grande dos policiais. Só existe guarda municipal, mas guarda municipal não tem poder de polícia, entendeu ? Eles realmente estão fazendo um trabalho bom aqui em Copacabana, mas precisa ter mais poder de polícia, entendeu ? E ...tinha realmente que atacar mais diretamente esses mendigos, esse pessoal de rua que realmente só traz prejuízo Liana d´Urso de Souza Mendes Cap. 8: Análise dos Resultados 130 para o bairro, e, principalmente os turistas que visitam aqui. De vez em quando tão assaltando um turista.”

Sinalização Jo (67 anos,4ª série primária, porteiro de prédio, morador de Copacabana há 37 anos)- Li- “A sinalização o ajuda a caminhar com maior segurança ?” Jo- “Ah, sim, não tenha dúvida”. Li- “O Sr. costuma observar alguma dessas placas: tipo obras, o sinal luminoso, de zona eleitoral, hospital, posto de saúde, praças, polícia ?” Jo- “Sim, eu valorizo muito. Muito”.

Sinalização, para uns, quer dizer sinal luminoso Li- (...) “A Sra. tem alguma dificuldade com a sinalização ?” Ma- “Não, não tenho dificuldade. Só que, às vezes, os sinais não estão bem sincronizados. Teria de fechar tudo de uma vez. Fecha um, daqui a pouco vai atravessar, ele já está fechado, não é ? O mal sincronizamento dos sinais.” Ma- “Lá em baixo, na Siqueira Campos, por exemplo, põe a gente tonta. Tem vários sinais. Tem o amarelo, tem o não sei o quê...Muita sinalização também atrapalha. Atrapalha muito. Você não sabe quando abre, quando fecha. Abre de um lado, fecha de outro, entendeu ?”

O risco de atravessar Ma- (...) “Eles estão desrespeitando muito os sinais. Você passa, às vezes eles não respeitam...A gente atravessa e correndo risco com os animaizinhos na mão. É uma falta de respeito ao morador...a qualquer pessoa. Não tem faixa de idade, não tem nada. Eu acho que ali é o respeito humano, não é ? Tem que respeitar as leis também !”

Nem todo mundo conhece os símbolos3 Li- (...) “O que acha de um símbolo para sinalizar algo ?” Ma- “Um símbolo ? Eu não acho que algumas pessoas vão saber...A não ser que seja um símbolo bem conhecido. De mulher gestante todo o mundo vai entender,

3 O termo símbolo é mais compreendido pelos idosos do que pictograma (ver cap. 4). Liana d´Urso de Souza Mendes Cap. 8: Análise dos Resultados 131 não é ? E...por exemplo, do deficiente, a pessoa com a bengala, as pessoas vão entender. Criança no colo, também vão entender, mas há determinados símbolos de trânsito que fica difícil pra todo mundo entender.”

Problema de acessibilidades no trecho do hotel Cla-(...) “Aliás, esse trecho aqui é péssimo, porque o hotel fez recuar. Diminuiu a passagem de pedestre, com esses carros que estacionam. Como eu transito bastante por aqui, é bem perto, quando a gente chega aqui, a gente tem que dar passagem pro outro pedestre. Não passam mais que duas pessoas...Se passar gente com criança, a gente tem que passar pelo meio da rua...Péssimo esse trecho !”

Fig. 65: excesso de veículos no Fig. 66: calçada estreita por causa do recuo recuo da entrada (julho 2005). para estacionamento na porta do hotel.

Mais rigor com os triciclos e policiamento Al-(...) “É um problema de fiscalização das guardas municipais, da polícia. Quem tiver alguma autoridade, é pra dizer: Oh cara, não é porque você está com essa bicicleta que você vai fazer esse seu trânsito do jeito que você quer !, principalmente com o triciclo cheio dessas garrafas, desses garrafões da água mineral, entrega de bebida, entrega de supermercado, andando na contramão e em cima da calçada.”

Obras Ce-(...) “Muita, muita reforma aqui em Copacabana. Muito perigoso porque, às Liana d´Urso de Souza Mendes Cap. 8: Análise dos Resultados 132 vezes, tem andaimes que não são bem colocados e a gente vê as pessoas reclamando que caiu areia, caiu pedaço de tijolo, sabe ? Então, a gente tem que ter muito cuidado, de olhar essa parte dos andaimes nos passeios de Copacabana.” Li- “Então, quais são os transtornos que podem acontecer com o idoso, na rua, por causa da obra ?” Ce- “Todos, inclusive pode matar o idoso porque cai pedaço de pau, cai pedaço de pedra, cai areia, sabe ? O andaime mal feito ele pode, inclusive, ele quando balança é perigoso, ele cai em cima da pessoa...Ela precisa ser mais fiscalizada, sabe ? Obra com andaime tem que ter mais fiscalização.” Li- “E o que você acha que protegeria as pessoas que passam ?” Ce- “Eu acho que tinha que fazer assim: tinha que isolar aquela obra. Seria melhor isolar, pro idoso não ter que passar embaixo e correr esse perigo de cair uma pedra, de um pau cair na pessoa.”

Ônibus Pegar o ônibus que não pára no ponto JV- (...) “Tem isso também: eles não param no ponto. O que os motoristas tem que levar a sério é parar no ponto determinado...pelo número da placa. Ai dá. Ai que, às vezes eu estou esperando um ônibus no ponto, que é original, o ônibus passa por fora. Por quê ? Porque tem uns que não são de lá e estão parando”.

Se é idoso, às vezes não param ZR- (...) “Um ponto que eu acho que é desagradável, é o seguinte: é quando você sinaliza no ponto, e o motorista observa que você está sozinho, e é da terceira idade, eles geralmente passam direto. A maioria não pára, entendeu ? Só quando você está, digamos, “acompanhado” de outras pessoas que ele identifica: “Tem um idoso ali, mas tem duas pessoas que vão pagar.”

O motorista “puxa” o carro ZR- (...) “Agora, eu acho o lado ruim de Copacabana, o primeiro é o seguinte: é a falta de policiamento. Um outro ponto que eu vejo também são as bicicletas, o desrespeito ao idoso. E os ônibus que não são bem preparados. O motorista não respeita quando entra um idoso no ônibus. Ele “puxa” o carro. Às vezes o idoso cai dentro do ônibus, entendeu ? Quebra a costela, tudo mais e tal.” Liana d´Urso de Souza Mendes Cap. 8: Análise dos Resultados 133

A admiração pelo Metrô-interação Lu - (...) “Não, esse, não. Esse ônibus é maravilhoso. É o Interação do Metrô. Ele é todo, todo...Por exemplo, não balança como os outros. Ele deve ter um jogo de molas melhor. Qualquer coisa desse tipo, não é ? O próprio motorista....o motorista muito mais educado, entendeu ? Inclusive chega a cumprimentar, uma coisa que nos outros ônibus não se vê (...) Esse tem parada obrigatória. A gente não precisa ficar preocupada em correr pra fora pra ver se ele está chegando ou não. Porque ele vem e pára !”

8.2.2 Resultados das entrevistas com os especialistas Foram ouvidos 21 especialistas ligados: a) ao envelhecimento e à visão: oftalmologistas, fisioterapeutas, médicos, psicólogos, gerontólogos, cardiologistas, e especialistas na medicina ortomolecular. b) e à sinalização: designers, arquitetos, especialistas em cor e técnicos da CET- Rio. Como resultado, o aspecto da prevenção foi o mais enfatizado por todos eles. - Na área médica: é preciso cuidar preventivamente de todo o sistema integrado do idoso, que vai desde fortalecer a musculatura e os ossos do idoso, até a qualidade da visão. - Medir a pressão arterial e ocular periodicamente. - Mais apoio público aos idosos. - Na área de sinalização: colocar placas indicativas antes do local procurado, e no local, em uma altura adequada à visão do idoso. - Evitar sobreposição de equipamentos das empresas de telefonia, gás, luz e outras, que colocam seus equipamentos e dispositivos uns sobre os outros tapando a sinalização em certos casos. - Placas de sinalização com informação visível e compreensível pelos pedestres (tipo de letra, cor, tamanho material, etc.)

8.2.2.1 Especialistas da área médica 1) Dr. Orlando Abdlo4 (nov. 2006)

4 Oftalmologista, diretor da Clínica São Vicente (Gávea, RJ), diretor da Barra Eye Clinic, no Centro Médico Barrashopping. Liana d´Urso de Souza Mendes Cap. 8: Análise dos Resultados 134

Dr.Orl- “Bom, o mas comum, 90%, é a catarata, que é um problema reversível. Uma vez operada, o paciente recupera a visão. Agora, tem um outro que é um terror, que é o segundo mais freqüente que é a degeneração de mácula, e que, atualmente já existe uma forma de tratamento, mas ainda é muito precário. (...) “Muito comum é o glaucoma, que é um problema realmente muito sério no nosso meio porque não dá sintoma nenhum, e, ao contrário do que o público pensa, tem criança, bebê que já nasce com glaucoma. Tem criança que adquire durante a sua vida. E, agora, o diagnóstico na maior parte das vezes é feito aos 40 anos de idade. Por quê ? Porque, a hora de a gente começa a esticar o braço, não ver bem pra ler, ai a pessoa procura o oftalmologista. Então, se você combinar a curva de glaucoma, 40 anos, tá lá em cima. Não é que seja aos 40, não. Mas é que, realmente, a pessoa foi procurar o médico por outro motivo, e o médico viu que aquela pessoa tinha glaucoma.” (...) “Então, varia muito isso. Basicamente, uma visita uma vez ao ano.” (...) “O infravermelho queima a retina. Aqui no Brasil, país tropical, por esse efeito que dá no cristalino, etc, a gente aconselha a todos usarem óculos escuros. Normalmente. Na Austrália é lei a partir de 5 anos de idade.” (...) “Não é o fato dele ser velho que vai ter uma visão baixa. Tem que ter um problema pra ter visão baixa.” (...) “Então a gente vê o paciente que tem a cabeça centrada, e aquele que precisa de “colinho”. A maioria precisa de “colinho”. Eu tenho uma paciente que me liga toda a semana. Ela quer me dar um abraço. Aquilo alimenta ela. Nem cobro mais...sabe ? Eu já sei que não é por causa do olho, eles querem conversar, se sentir...Talvez eu lembre o filho deles...Alguma coisa assim, entendeu ?”.

2) Marta Cristina Porto5 (dez. 2006) Li- “E o que é, para você, um idoso saudável ?” Marta- “É o idoso comprometido com o seu bem estar. Ele procurar, no seu dia-a- dia estar bem com a sua saúde física, saúde mental e emocional.”

4) Dr. Mauro Weissberg6 (dez. 2006)

5 Fisioterapeuta do HUGG Hospital Universitário Gaffré e Guinle (UFRJ Universidade Federal do Estado do / UNIRIO), pós-graduada na FIOCRUZ em Envelhecimento e Saúde da Pessoa Idosa, fisioterapeuta responsável pela área do grupo RENASCER, voltado para idosos carentes da Zona Norte do Rio de Janeiro Liana d´Urso de Souza Mendes Cap. 8: Análise dos Resultados 135

Dr. Mauro- (...) “Hoje, a coisa está mudando muito porque, antigamente, o indivíduo com sessenta, setenta e cinco anos já tinha que compulsoriamente se retirar da atividade e ficava parado esperando as coisas acontecerem. E hoje não, a gente vê que o indivíduo com setenta e cinco anos está em plena atividade (...) Isso ai é importante. Para você manter a qualidade de vida, você tem que dar assistência, dar condição a esses indivíduos poder se manter ativos. Tem que ter uma série de cuidados com os envelhecentes, porque o adolescente vai virar adulto e o envelhecente vai virar idoso.”

Sobre a importância do movimento (...) “A gente foi “regulado” para funcionar com períodos de movimentos e períodos de repouso. Então, na hora que você tira os períodos de movimento e aumenta os períodos de repouso, você altera a tua regulagem.” (...) “O movimento é uma das coisas fundamentais para o teu organismo funcionar. Teu organismo foi bolado pra funcionar em movimento, com fases de movimento e fases de repouso. Então, se você tira o movimento, se você diminui muito o movimento, o funcionamento não pode ser normal.” Li- (...) “Então, no caso, Dr. Mauro, para o idoso que já chegou à idade do idoso, o que é que o Sr. aconselha sobre o movimento ?” Dr. Mauro- “Que começasse a se movimentar, a fazer exercício. Pegar um bom profissional, um médico, professor de educação física que trabalhem em conjunto, que tenha uma boa orientação...”

Prestar um serviço e não um desserviço Dr. Mauro- (...) “Então, eu acho também que as pessoas que regulam todas essas coisas, desde sinalização até bula de remédio, deveriam pensar na importância de manter tudo isso ai funcionando de uma maneira que realmente preste um serviço e não um desserviço. Você pega um monte de coisas de sinalização que são totalmente inadequadas.”

Sobre as quedas e a saúde geral do idoso Dr. Mauro- (...) “o que a gente vê, como clínico, um dos problemas principais do

6 Médico e professor da UFSP Universidade Federal de São Paulo, na disciplina de Clínica Médica, especialista em Medicina do Esporte e Reumatologia. Liana d´Urso de Souza Mendes Cap. 8: Análise dos Resultados 136 idoso são as quedas, (...) a alteração visual é super importante. É muito importante, é você alertar as pessoas que é necessário um controle oftalmológico regular. Se ele não tem uma boa visão, qualquer desnivelzinho de terreno... A gente não anda olhando para baixo, mas a gente, automaticamente vai olhando e calculando o que precisa fazer para subir mais o pé e tudo mais. Se você tiver uma visão boa, a chance de você cair diminui. Se você cair menos, você tem menos fraturas. A morbidade, a mortalidade de quem cai, a fratura aumenta uma barbaridade. Então, é um sistema integrado. Você precisa melhorar o osso, você precisa melhorar o músculo, você precisa melhorar a visão. Faz tudo parte de um sistema integrado.”

Sinalização inadequada para o idoso pedestre Dr. Mauro- (...) “Isso não é uma coisa de Copacabana. Eu acho que é um fenômeno do Brasil como um todo. Isso é um problema antigo que a gente não consegue solucionar, atravancando as passagens, as saídas de cadeiras de rodas. Os tapumes das obras reduzem o tamanho das calçadas, eles colocam os tapumes muito próximos ao meio fio...Pontas de madeira, pontas de ferro sem sinalização, isso é perigosíssimo. Os buracos na rua, o que leva às quedas desses idosos. Não só aos idosos, nós também caímos constantemente, torcemos o tornozelo por causa disso. Dentro dos prédios, às vezes é mal sinalizado, os degraus são mau sinalizados.”

5) Dr. Silmar Silva Teixeira7 (out. 2006) Sobre labirintite e vestibulopatia Dr. Silmar-(...) “As disfunções do labirinto são comuns. Oitenta por cento da população mundial já teve alguma queixa de tonteira, ou seja, que leva ao desequilíbrio corporal (...) De uma forma geral os movimentos na rua estão muito relacionados à visão, ao labirinto e os aspectos musculares (...) Então, para o idoso, para caminhar em Copacabana e olhar a sinalização, seria ele estar bem fisicamente para poder levantar a cabeça, balançar a cabeça...Ele estar bem

7 Fisioterapeuta formado e Mestre em Ciência da Motricidade Humana pela Universidade Castelo Branco, e doutorando do Instituto de Psiquiatria da UFRJ, professor do curso de Fisioterapia da UVA – Universidade Veiga de Almeida, no Rio de Janeiro. Liana d´Urso de Souza Mendes Cap. 8: Análise dos Resultados 137 fisicamente, um calçamento adequado, um fluxo de pessoas diminuído. Copacabana tem um fluxo de pessoas muito grande.

Quanto ao calçamento, e rampas para os idosos Dr. Silmar- (...)“A reclamação maior deles, pela minha experiência profissional desses anos, é justamente o calçamento. O calçamento, a rampa, a dificuldade de descer, em muitas ocasiões, uma calçada, não tem apoio para isso...então não tem um corrimão para poder apoiar ali.”

O tempo do sinal luminoso para a travessia dos idosos Dr.Silmar- (...) “O desrespeito do motorista...em muitas ocasiões, a impaciência...Veja bem, o sinal de pedestre, em Copacabana poderia ter um período maior do que o sinal dos carros. Por quê ? Quando o idoso vai atravessar a rua, ele está na metade do caminho, os carros ficam parados, buzinando, aguardando que ele termine. É muito desrespeito isso.”

6) Dra. Helenice Rosa8 (mar. 2007) Sobre geriatria e prevenção Dra.H.-(...) A Geriatria é a especialidade médica que trata dos velhos, ou seja, que trata dos idosos, e essa realidade está mudando um pouquinho porque nós podemos já iniciar um tratamento geriátrico bem antes de chegarmos à Terceira Idade. Li -E qual a finalidade ? Dra.H.-Da prevenção, para que nós sejamos longevos mais saudáveis.

Tudo sofre um processo degenerativo Li -(...) “Então doutora, quais são as doenças mais comuns das pessoas em geral, e o idoso em particular ? Dra.H.- A osteoartrose. Porque, na verdade, o que nós observamos, é que o ser humano ele vai ser um dia um deficiente físico. Ou vai ser físico, das pernas, ou vai ser um deficiente visual, ou vai ser um deficiente físico auditivo. Porque tudo sofre um processo degenerativo. Então, a osteoartrose, e os problemas reumáticos

8 Médica cardiologista, geriatra e gerontóloga, especialista em prevenção através da medicina ortomolecular. Liana d´Urso de Souza Mendes Cap. 8: Análise dos Resultados 138 são, eu acho, os problemas que mais acometem o idoso e que mais os retiram do convívio social.

As doenças que afetam o idoso e a demência Dra.H.- (...) “A catarata e a degeneração macular. Com exceção da doença de Alzeimer, que é uma das doenças mais comuns que nós temos, a segunda mais comum é a doença vascular, que é perfeitamente prevenível. A vascular é aquela que é do idoso que tem pressão alta, e não trata.

8.2.2.2 Especialistas da área de sinalização

1- Joaquim Redig9 (maio de 2007) Sinalização para pedestre JoR- Na verdade, a sinalização para pedestre, infelizmente, existe muito pouco.

Sinalização é informação JoR- O veículo não pára na rua para ler uma placa, ele tem que ler andando, o pedestre pode parar. Enfim, a escala é diferente, a quantidade de informação tem que ser menor para o motorista do que para o pedestre. A própria informação, para motorista você vai dizer Av. Brasil e coisas que estão longe, para pedestre você vai dizer: área comercial, banheiro, etc., coisas que estão mais ali. (...) Então, sinalização é a informação colocada no espaço. Espaço físico, público, arquitetônico, paisagístico, natural, seja o que for, para oferecer às pessoas um conforto e uma utilização desse espaço da melhor forma possível, conforto, segurança, cultura, informação patrimonial.

Um problema para a sinalização JoR- “Tem toda essa problemática também de superposição de cores, porque tem o órgão que cuida do telefone, bota o orelhão ali. Ai vem o outro que cuida do semáforo, bota o semáforo em cima do orelhão, ai vem o outro que bota o relógio, bota o relógio em cima do semáforo que está em cima do orelhão. Cada um bota a sua coisa aonde ele quer, e quando uma empresa, que coloca relógio vai colocar

9 Joaquim Redig - designer formado na ESDI Escola Superior de Desenho Industrial do Rio de Janeiro, professor da PUC-Rio, foi sócio do escritório do Aloísio Magalhães PVDI Produto Visual Desenho Industrial, nos anos 70 e 80.

Liana d´Urso de Souza Mendes Cap. 8: Análise dos Resultados 139 um relógio na rua, a Prefeitura não tem uma planta da cidade com tudo o que a TELEMAR tem, com tudo que a CEG tem, com tudo o que a LIGHT tem, com tudo que a RIOLUZ tem, com tudo o que a COMLUB tem. A COMLURB tem a planta onde está a lixeira, a RIOLUZ tem a planta onde está o poste de luz, a TELEMAR tem a planta onde está o orelhão, mas ninguém tem a planta, na própria Prefeitura, com tudo isso junto. E, se aquilo onde eu acho que é, tem alguma outra coisa, o cara que vai instalar, vai instalar a um metro do lado, entendeu ?. E ai fica uma superposição de uma coisa em cima da outra, é um problema drástico para a sinalização, porque tem sinalizações que estão completamente cobertas por um outro equipamento.”

Ter placas ANTES do local Li- “Eu notei que não existem placas na calçada, na frente de um órgão de saúde, por exemplo. O pedestre não vê nenhuma plaquinha na frente do órgão.....” JoR- “E menos ainda, antes, para a circulação, para você chegar lá. Enfim, o cara pode não saber onde é que é, pode ter uma pessoa que vem de algum outro lugar e precisa saber onde é que é.” Li- “Você acha que antes deveria ter uma sinalização, de circulação ?” JoR- “Sim, de circulação.”

2- Cláudia Granjeiro10 (maio 2007) Sobre a tradicional placa azul escura, de rua Cláudia- (...) “Mas o “pirulito” não foi criado pelo escritório do Aloísio Magalhães, não. O que foi criado pelo escritório do Aloísio foi a placa. Nessa ocasião aqui, ele não previa a propaganda. Ele dá a tipografia, dá a cor, mas só a placa. Não sei se você se lembra, as placas já existiam no Rio de Janeiro. Elas eram um pouquinho menores. Eram placas brancas com letras pretas, um pouquinho menores, e tinham uma propaganda redonda em cima. Depois veio esse modelo do Aloísio, e ai foi criada a propaganda, o engenho publicitário, que aumentou de 50 para 60 cm. Mas o formato continuou. Era redondo e continuou redondo”.

10 Cláudia Granjeiro, arquiteta responsável pelo mobiliário urbano da cidade do Rio, e trabalha há anos no IPP Instituto Pereira Passos, da Prefeitura (maio 2007).

Liana d´Urso de Souza Mendes Cap. 8: Análise dos Resultados 140

A placa tradicional está mudada Cláudia- (...) “As placas vão mudar e elas vão ter mais informação (...) Elas vão ser iluminadas por leds ao invés de lâmpadas. Será uma coisa mais moderna. É uma tecnologia mais moderna. Li- Ah ! É o led branco ? Cla- É branco. Com um ledzinho você faz uma economia 250 vezes menos do que uma lâmpada, e dura para sempre. Uma lampadinha bem pequenininha ! Ela consegue um resultado melhor do que com 2 lâmpadas, e a economia de energia é impressionante: são 250 vezes menos”.

A nova placa de rua Cláudia- (...) “A gente tentou com o RioCidade inventar novos padrões de placas e nenhum foi melhor do que a existente. É por isso que nós mesmos, aqui da Prefeitura, na hora de fazer a licitação, a gente falou: “A gente não vai inventar muito”. Vamos fazer essa só que um pouco mais moderna. A iluminação mais moderna, mais informações, que é essa coisa de escrever quem foi o personagem, que é uma coisa que já estavam pedindo há muito tempo. Vai ter o CEP e o bairro.”

Fig. 67: placa nova sem o dispositivo de propaganda em cima (jul. 2008).

Sobre a falta da placa na calçada, na frente dos serviços públicos Cláudia- (...) “O órgão é a Secretaria de Fazenda, é o CLF, que é a Coordenadoria de Licenciamento e Fiscalização que regulamenta isso. Fiscaliza, e estabelece normas diferentes para anúncios de identificação de estabelecimentos. Liana d´Urso de Souza Mendes Cap. 8: Análise dos Resultados 141

É o mesmo que regulamenta letreiros, totens, mas isso que você está falando, colocar na calçada , nem sempre isso é permitido. Porque, se você colocar na calçada, você estaria atrapalhando o usuário que é idoso, que usa cadeiras de roda, ou até nós, mortais “normais” porque a calçada tem um regulamento também, onde você circula, na circulação de pedestres você não deve fazer obstáculos, não deve criar obstáculos. Eles já têm bastante...”

A placa da calçada é um totem identificador Cláudia- (...) “Essa placa que você quer, é uma identificação da farmácia. Tem que ir pela CLF mesmo, que é o letreiro identificador. É o letreiro, como eu te falei, o totem identificador do estabelecimento.” Li- “Entendi. A placa de identificação do estabelecimento.” Cláudia- “Uma placa da Prefeitura para sinalizar isso você não vai conseguir, não é por ai. A gente nunca vai fazer uma placa para sinalizar essa farmácia porque amanhã ela não está ali, e depois tem outras farmácias...”

Não precisa da placa na calçada Cláudia- “Ah, mas isso não precisa. Isso é realmente desnecessário. As farmácias já se sinalizam. Você não precisa colocar essa sinalização na rua.” Li- “Mas é o que eles falam.” Cláudia- “Não, mas isso é contra as nossas normas, completamente. Isso é uma farmácia particular, tem várias farmácias, se agente sinalizar essa a gente tem que sinalizar todas.”

Cada edificação é responsável pela calçada Cláudia- (...) “Não, eu não tenho essa norma, mas eu sei que é uma coisa estabelecida pela Secretaria de Urbanismo Municipal. Cada edificação é responsável pela calçada em frente ao seu lote; é o imóvel que está em frente a ele. Quer dizer, o seu prédio é que coloca os balizadores em frente, que limpa a calçada...Isso é normatizado. Se você estiver com uma calçada toda esburacada, a Prefeitura pode ir lá e te multar, pode mandar você pintar a fachada...”

Problemas com a conservação das placas Cláudia- (...) “A gente tem um outro problema, também: as placas do projeto do Liana d´Urso de Souza Mendes Cap. 8: Análise dos Resultados 142

RioCidade estão sofrendo muito por falta de manutenção. Como você tem uma muito diferente da outra, um projeto muito diferente do outro, fica mais difícil conservar (...) É a Prefeitura tem todos as dificuldades de conservar, de uma forma geral. Você tendo um padrão em cada rua, é mais difícil ainda.”

Quem é que escolhe os símbolos ? Cláudia- Então, muita coisa já está estabelecida no manual da EMBRATUR. A EMBRATUR tem um manual de sinalização que a gente obedece, mas tem umas, por exemplo, que ela não tem. Por exemplo: o Maracanã, o Pão-de-Açúcar...Ela não tem , então a gente cria. Cria em conjunto com o pessoal da ADSHELL. Até é um trabalho bem legal. O Alberto11 é quem criou a maioria deles.

3- Solange Cintra Martires de Faria12 (maio 2007) Explicando o Programa RioCidade Li- Solange, o que foi o RioCidade ? Sol-(...) O nome é Projeto RioCidade, mas é um programa de urbanização que teve o objetivo requalificar os principais eixos do Rio de Janeiro, nós chamamos de Centros de Bairro. Porque, o quê é que nós estávamos observando ? Que as pessoas com os shoppings centers, deixando as ruas, preferindo os shoppings. Com isso estava acontecendo o esvaziamento econômico desses centros de bairro. E mais ainda, eram lugares de muito movimento, passagem importante dos ônibus nesses pontos, mas estava num processo de esvaziamento, de degradação. E o RioCidade veio com o objetivo de, requalificando esses espaços, trazer de volta as pessoas às ruas.

4- Cláudio Cavalcanti13 (junho 2007) A acessibilidade feita durante o RioCidade dos anos 90 Claudio- Uma outra grande coisa que foi feita no RioCidade foi a acessibilidade, que não existia no Rio de Janeiro, e passa a não existir depois do RioCidade. Aquilo foi um momento que foi uma excessão. Essas calçadas e rampas que foram

11 Alberto, na época da entrevista, era o designer senior do IPP Instituto Pereira Passos do Rio de Janeiro. 12 Arquiteta há mais de 12 anos, primeiramente integrada nos quadros do IPLAM Instituto de Planejamento Municipal e depois, com o desmembramento desse órgão, para o IPP. 13 Arquiteto pernambucano, amigo e contemporâneo do Aloísio Magalhães, responsável pelo projeto do RioCidade aplicado em Copacabana.

Liana d´Urso de Souza Mendes Cap. 8: Análise dos Resultados 143 feitas no RioCidade, são ótimas; as travessias de pedestres sinalizadas, também foi no RioCidade.

Os “fradinhos” do Cláudio Cavalcante Claudio- Eu, por exemplo, desenhei um “fradinho”, um obstáculo de cimento, e depois a Prefeitura oficializou aquilo como sendo um padrão da cidade, e encheu a cidade...e eu fiz aquilo para Copacabana.

5- Bethy Branco14 (abr. 2007) Sobre símbolos nas placas e o idoso Bet-“Eu acho que o símbolo, o desenho, a imagem, perto da letra, da imagem escrita é melhor do que ela sozinha (...) É muito importante, até porque, eu acho, como você estava falando da terceira idade, um dos fatores, não só o desgaste da visão, mas o desgaste da capacidade, da rapidez da leitura. Se a gente pensar bem, é muito mais fácil a gente ser atraído por um desenho, do que ter que parar no meio da rua para ler tudo o que está escrito. Quando você abrevia as letras, você começa a interferir no processo cognitivo, na capacidade de entender o que está sendo abreviado. E quando você coloca tudo por extenso, há lentidão para ler tudo e completar um raciocínio. Então eu acho que a imagem é fundamental.”

6- Luiz Fernando Souza Santos15 (jul. 2008) Sobre as placas da CET-Rio Li- “Qual o significado do código que aparece nas placas de estacionamento, de sinalização vertical de 2005 ? Exemplo em uma placa de estacionamento permitido ? Exemplo: COD 068882 / 232 / 96 (ver fig.s. 34 e 36).” LF- “O COD-068882 é o logradouro / seguem 3 números ex. 232 que formam o código do projeto / e o final com 2 números, que querem dizer o ano, ex. 96. Antes vinham gravadas na frente da placa. Agora só vem atrás. Na linha inferior, o telefone para reclamações não é mais colocado nas placas.” Li- “Onde posso encontrar informações de placas da CET-Rio ?”

14 Especialista em comunicação visual, publicidade e consultora na área de cores aplicadas a recintos abertos e fechados. 15 Técnico de estradas da CET-Rio lotado na CRT4 Coordenação Regional de Tráfego, na . Liana d´Urso de Souza Mendes Cap. 8: Análise dos Resultados 144

LF- “No Manual de Padronização da sinalização16 do Município do Rio, feito por funcionários da CET-Rio, e publicado em 2006. Nessa parte do manual aparecem todos os glifos (símbolos pictóricos) utilizados pelas entidades brasileiras que trabalham com sinalização, e são tombados pelo IPHAN. Também tem as placas de advertência (simples e composta), as placas de regulamentação (simples e composta), placas indicativas e de alerta, placas de estacionamento, e todas as placas de advertência simples. Todas elas utilizam os glifos do IPHAN.” ...... LF- “Estamos desenvolvendo novos materiais para placas de sinalização, com madeira, papelão, etc., já que as de alumínio são muito roubadas por que valem em torno de 5,00 reais cada, no ferro velho. Em uma só noite foram roubadas as 25 placas da Estrada do Joá, numa só noite !”

8.2.2.3 Especialistas em trânsito e os numerais dos prédios

1) Taxista Gilberto17 (dez. 2006) A opinião sobre os numerais Li- “..A numeração dos prédios pode atrapalhar o trânsito ?” Gil- “Pode, porque eu sou obrigado a diminuir a minha marcha pra ficar olhando, procurando o número, e, quando eu vejo o número que eu quero, é um número pequenininho, passei dele e já tou no número do lado !... Gil- (...) Pode causar até um acidente porque, quando você vê “Ih ! Passei !” você freia pra olhar pra trás pra ver se o número ficou pra trás, nisso um carro que possa vir atrás pode vir a colidir com você. Gil- (...) “O passageiro acaba saltando do carro aborrecido. Ele não quer dar uma nova volta porque vai encarecer a corrida dele. Mas ele acaba soltando e olhando pra minha cara como se eu fosse um idiota, que passei de onde ele queria ficar.”

O mais importante: o tamanho dos números Gil- “Tamanho mais do que qualquer outra coisa, porque nem todo mundo tem uma boa visão. Um número grande, que a pessoa passe e que, de longe, ela

16 Ver nas referências do capítulo 8. 17 Taxista na Praça do Jóquei, no ponto de táxi do Jóquei.

Liana d´Urso de Souza Mendes Cap. 8: Análise dos Resultados 145 consiga visualizar (...) Uma média de 5 metros. Eu tenho que visualizar numa média de 5 metros que é eu tando no carro, mais a calçada e ver a parede. É o mínimo de 5 metros”. Gil-“Você tem muitas coisas a fazer ao mesmo tempo...Se você tá guiando, você não pode estar procurando o número. Quando chega lá, vai novamente procurar. Agora, os números “pequititinhos”, quando tu vê, tu passou dez casas de números...Os números dão saltos. Os números não têm uma seqüência correta. As numerações são mal feitas. De seiscentos eu pulo pra setecentos e tal !...”

2) Taxista Marcelo18 (dez. 2006) A colocação do número é importante Mar- “Às vezes o número não fica de frente, da portaria, ele fica dentro do portal.” Li- “E, quer dizer que ele fica voltado para o pedestre, e não para o motorista ?” Mar- “Exatamente. Às vezes você passa desapercebido, ai vai contando...que a gente calcula mais ou menos a numeração, né ? ...que ela pula de tanto em tantos números, ai você acaba passando direto por não enxergar.” Mar- “Às vezes o passageiro está com pressa, né ? Às vezes é um passageiro que está indo para uma reunião, uma coisa assim, e você tá ali afoito querendo achar a numeração pra deixar logo o passageiro, né ? e, acaba passando direto. Ai, o passageiro não quer ficar...e voltar um quarteirão à pé. Você tem que dar novamente aquele contorno no quarteirão...” Mar- “Não encontrando o numeral, você até causa aumento da tarifa, né ? por dar uma volta maior no quarteirão, o tempo maior pra o passageiro chegar ao destino...Às vezes a gente vai pegar um passageiro, você tem que ir devagar pra poder localizar. Se você não souber a numeração, principalmente na Nª Sª de Copacabana ou na Barata Ribeiro, você tem que ir devagarzinho pra poder localizar o número, que, às vezes você passa direto, não é ? não vê o número, ai tem que dar a volta no quarteirão novamente pra poder....Atrasa o trânsito, e atrapalha a chegada. Você dá cinco a dez minutos pra chegar na casa do cliente e... acaba tendo que leva mais tempo por dar essa volta no quarteirão.”

18 Taxista estacionado, esperando passageiro na rua José Roberto Macedo Soares, no Jóquei. Liana d´Urso de Souza Mendes Cap. 8: Análise dos Resultados 146

Na Av. Atlântica os números são grandes Mar- “A numeração não têm um padrão. São muito diferentes, então, ela tem números visíveis e números que você passa desapercebido pelo tamanho, pela cor, entendeu ? Na própria Atlântica, às vezes, a maioria tem números grandes, que você enxerga perfeitamente, mas têm outros prédios que você acaba passando direto por conta da cor. Coincide a cor do prédio com a mesma cor do número. Em alguns lugares ela não traz a numeração, só traz o CEP. Vamos supor: você entrou dentro de um quarteirão, você olha aquela numeração. Você sabe que o número que você está procurando está compreendido dentro daquele quarteirão.” Mar- “E, além do mais, ainda sabe qual é o lado, se é o lado direito ou esquerdo...Normalmente é padronizado assim: esquerdo e direito, ímpar, par.” Li- “Então, essas placas azuis que ficam nas esquinas, azuis com letras brancas indicando a rua, elas ajudam o motorista também...” Mar- “Muito útil.”

8.2.2.4 Especialistas em Copacabana 1- César Maia19 (via internet junho 2007)

Sr. Prefeito CÉSAR MAIA: 1) Como era Copacabana antes do RioCidade, especificamente em termos de sinalização nas ruas e idosos ? R- Os idosos não tinham como andar nas ruas. Os camelôs ocupavam as calçadas com barracas chumbadas e não as retiravam nem para dormir. Além disso as pedras portuguesas produziam acidentes permanentes com os idosos. 2) Como o Sr. acha que ficou logo depois dessa intervenção ? R- Os idosos recuperaram a capacidade de movimentação e voltaram às ruas. 3) Atualmente, anos depois do RioCidade implantado no bairro, como o Sr. acha que está Copacabana ? R- Se compararmos com 1992, infinitamente melhor. CM 2) Karla Maria Muhadabisaber20 (fev. 2007)

19 Prefeito da Cidade do Rio de Janeiro em 3 gestões: primeira de 1993 a 1996; segunda de 2001a 2004; e a terceira de 2005 a 2008. Entrevista via internet. 20 Psicóloga formada na universidade John Hopkins (EUA), pós-graduada em Geriatria e Gerontologia na França e especialização no Brasil; responsável pelo Projeto Só Para Maiores, voltado especialmente para idosos; funcionária da Prefeitura do Rio de Janeiro; moradora de Copacabana há muitos anos. Liana d´Urso de Souza Mendes Cap. 8: Análise dos Resultados 147

Um bairro cada vez mais “lotado” de gente KMa- “Todas as pessoas que morriam com sessenta estão morrendo com oitenta, e conseqüentemente Copacabana está ficando cada vez mais lotada (...) Porque tem os velhos de ontem, que estão continuando a ser mais longevos, e tem os “novos” velhos (...) Tem os filhos que casam e vão morar em Copacabana, e assim vai ficando Copacabana. Hoje, então, muitas casas que tinham em Copacabana foram demolidas, e estão virando edifícios. Tem vários edifícios construindo em Copacabana (...) Então, hoje em Copacabana tem problema de esgoto. Óbvio, a rede de esgoto. Aqui, quando chove, tem pontos que entope porque o esgoto não dá conta”.

O turista não interfere KMa- “Na verdade para o morador, não interfere. O turista não fica aqui em Copacabana. Ele passeia em Copacabana. Ele vem conhecer o Rio de Janeiro. Na realidade ele dorme em Copacabana, acorda em Copacabana, ele vai à praia em Copacabana, que não atrapalha o fluxo de nada. Ele não vem de carro para Copacabana, não atrapalha o trânsito, ele usa o Metrô.”

Copacabana tem salvação KMa- “Depende da mobilização das pessoas, eu acho. E não precisa de nenhum órgão. Não precisa de Associação de Moradores, de Prefeitura, de Governo. Precisa é da boa vontade de cada um. Se cada um começar dentro da sua própria casa, do seu prédio, da sua rua, Copacabana tem salvação, como em qualquer outro bairro. Só depende de boa vontade.”

8.3 Resultados da Técnica 3 – Técnica do Passeio Acompanhado

8.3.1 Verbalizações do 1º Passeio Acompanhado com ZR Violência reconhecida ZR- “Cartão postal aqui é a Baia da Guanabara, pessoas caminhando, vendedores, tudo mais...Agora, lamentavelmente aqui do Othon até ali no Posto 6, hoje tem uma concentração muito grande de garotos que vivem em frente, que assaltam as pessoas.”

Liana d´Urso de Souza Mendes Cap. 8: Análise dos Resultados 148

Impressões da viagem no microônibus Li- “ZR, como é que você se sentiu dentro do ônibus ? ZR- “Olha, eu...eu...agora até que me senti bem porque achei o motorista educado, risonho, tudo mais. Achei, digamos, a cobradora também, e várias pessoas, não sei se por causa do meu cabelo branco, me ofereceram lugar, entendeu ?. Eh...eu achei isso bonito porque isso é uma integração. A gente tem que viver realmente como vivem as formiguinhas: todas trabalhando com o mesmo fim.”

Falta conservação na placa Li- “Quando você olhou para cima, para a placa, você visualizou o escrito ?” ZR- “Visualizei muito bem. Agora o que me chamou a atenção é que a placa já devia ser restaurada porque ela está enferrujada, e ela está torta. E nem está na posição correta.”

Problemas de informação sobre o local ZR- “Então vamos adentrar aqui no prédio. Aqui: Prefeitura Governo 5ª Administração Regional (...) A dificuldade é que eu tinha quase certeza que o ICMS funcionava na 5ªAdministração. Agora, pelo que eles me falaram é aqui Nª Sª de Copacabana à direita, e não na Rainha Elizabeth.” ZR- “A informação não existe, né ?A dificuldade que a gente encontra... muita desinformação. A pessoa acabou de dizer que saia do prédio, caminhava pra direita, entendeu ? E aqui não tem nada que identifique que é o ICMS. Vou falar com o porteiro aqui na rua”. ZR- “Acho que agora está bem identificado. Vamos ver se a gente consegue o que nós desejamos.” Li- “No caso foi um porteiro que te ajudou...” ZR- “Foi o porteiro que me ajudou porque já deve ter muitas pessoas vindo aqui, com a mesma dificuldade e...e...ele tem informado bastante.”

O grande problema: a falta de informação ZR- “Esse grande problema que nós temos aqui em Copacabana e em todo o lugar que a gente se dirige aqui no Brasil: é exatamente isso: a falta de informação. A desinformação geral !” Liana d´Urso de Souza Mendes Cap. 8: Análise dos Resultados 149

Na volta, o ônibus Li- “ZR, por que você prefere ficar aqui perto da porta ?” ZR- “Porque o itinerário que tô fazendo é curto. Eu acho que mais ou menos umas quatro quadras estou chegando no local que eu desejo. É bem confortável, porque eu estou com a visão tanto à direita como à esquerda.” Li- “Sentado aqui no meio do corredor.” ZR- “Exatamente.”

Cuidados dentro do ônibus para não cair Li- “ZR, eu notei que você está segurando ai no banco da frente. Isso é mania ou o que é que você acha a respeito ?” ZR- “Não. Isso...eu diria que não é mania. Eu faço de propósito, por que, num dado momento que esse carro....os ônibus de Copacabana...eu acho que eles desenvolvem muita velocidade. Num dado momento que ele frear o carro.... (interrompeu) Você vê que ele está puxando o carro ! Olha, ele já deu o puxão ! Então, no momento que ele dá o puxão, eu estou protegido aqui.” Li- “....segurando ai na parte da frente....” ZR- “Exatamente.”

Insegurança à noite ZR- A dificuldade que eu vejo maior, aqui em Copacabana, é à noite. Porque de dia, não tem muito problema não. Agora, à noite, você tem realmente uma insegurança muito grande.

A demanda por um grande hospital ZR- Eu acho que já caberia um hospital tipo Miguel Couto aqui em Copacabana. Porque a demanda é muito grande.

8.3.2 Verbalizações do 2º Passeio Acompanhado com AR Dificuldades de estacionar Li- “Essas placas de estacionamento permitido...o que é que você acha ?....” Liana d´Urso de Souza Mendes Cap. 8: Análise dos Resultados 150

AR -Com as dificuldades que existem em Copacabana, é preciso que o poder público abra a possibilidade de alguém, que chega de carro, poder estacionar.

O Posto de Saúde não abre no final de semana AR – “E o Posto está aqui ! (referindo-se ao Posto de Saúde que tem na rua Siqueira Campos com a rua Tenreiro Aranha). Infelizmente o Posto está fechado.” Li- “Está fechado hoje porque é sábado ?” AR – “Por que é sábado.”

Morador do local conhece certas dificuldades Li – “Nós estamos na frente da entrada do Metrô da Siqueira Campos. O que você acha ?” AR -“Eu acho...Olha, sinalização tem de sobra. Alá ! Temos ai pra tudo o que é lugar. Quer dizer, não há nenhuma dificuldade para pedestre. Até mesmo para turista: eles têm uma facilidade enorme em....(interrompeu a fala porque estava na esquina com a rua Toneleros, para atravessar)... Toneleros. É...vamos em frente porque nós vamos ter muita dificuldade de atravessar a rua lá na frente, e é bom que isso fique registrado ai.”

Atravessa o sinal vermelho Li – “Você atravessa o sinal mesmo com ele vermelho ?” AR – “É mais prudente a gente aguardar um pouquinho, não é ? Mas, dependendo da situação, a gente, às vezes, atravessa, não é ?”

Sente a falta de sinalização de advertência L - “Já estamos aqui na esquina com a Barata Ribeiro. Ainda na Siqueira Campos. Você vai atravessar ?” AR – “Nós estando aqui desse lado, é muito difícil atravessar porque a faixa de pedestres está lá, na outra margem da rua. Acho que, pudesse ter uma sinalização, seria bom....Encaminhando o pedestre pro lado de lá, onde ele tem a travessia protegida pela sinalização.”

Liana d´Urso de Souza Mendes Cap. 8: Análise dos Resultados 151

Problemas de acessibilidade: “orelhão” AR –“Isso ! Isso. E vamos seguir até a Figueiredo onde....” (nesse momento AR se esquiva de um “orelhão” da Telemar colocado na calçada, abaixando-se e saindo um pouco do seu caminho, e, como essa cabine não é muito alta, e tinha gente passando ao seu lado, isso o obrigou a desviar para não bater com a cabeça e nem bater na pessoa que estava ao seu lado). AR - ...”a cabine está muito no meio da rua e eu tive de baixar a cabeça pra não bater. Agora, imagine, se eu fosse um cego, naturalmente eu ia dar uma cabeçada na cabine.”

Fig. 68: “orelhão” na calçada (set. 2006).

Problemas de acessibilidade: carga e descarga do mercado Li- “AR, você está aqui, na saída de um supermercado. O que é que você acha quando você transita por aqui ?” AR- “Acho que há sempre uma dificuldade com o trânsito de veículos para abastecer e desabastecer o supermercado. Tem uma sinalização mas é muito pequena, quase não se percebe que é uma sinalização.” Li – “É luminosa ?” AR –“Luminosa, luminosa. Mas não tem nada aqui embaixo. Nenhum indicativo escrito de que se trata de uma garagem. Nenhuma pessoa pra orientar.”

Liana d´Urso de Souza Mendes Cap. 8: Análise dos Resultados 152

Problema de acessibilidade: os carrinhos do mercado Li – “E os carrinhos ?” AR – “Esses carrinhos também fazem o trânsito de mercadorias do supermercado, e nem sempre eles estão estacionados num lugar onde não atrapalhe o pedestre (...) Sempre na calçada. Às vezes atrapalha.”

Disciplina da COMLURB Li – “Você jogou um papel aqui na lixeirinha, aqui na rua. O que é que você acha disso ?” AR – “Eu acho que é importantíssimo o disciplinamento que a COMLurb faz botando as cestinhas pra receber o lixo. Se o morador tiver próximo, uma cesta mais próxima da outra, melhor ainda.”

Problemas de acessibilidade: banca de jornais invade a calçada Li – “O que é que você acha agora que tem essa guarita aqui desse jornaleiro, em cima da calçada, na frente da Lojas Americanas ?” Ar- “Esses jornaleiros deviam ocupar menos espaços na calçada pública. Mas, infelizmente, a gente vê que....Aliás, não. A próxima....se vê: a próxima já está num, num local que não atrapalha muito o pedestre.”

Fig. 69: Redução da calçada para carga e descarga de veículos grandes na rua Figueiredo de Magalhães (set. 2006).

Liana d´Urso de Souza Mendes Cap. 8: Análise dos Resultados 153

Estrutura metálica na altura da cabeça Li- “AR, agora que você atravessou, e nós estamos aqui na esquina da Nª Sª de Copacabana com a Figueiredo de Magalhães, o que é que você acha dessa obra?” AR –“Eu acho que nós temos aqui uma estrutura metálica pra concerto. Um andaime. Obra de prédio, necessária. Isso é pra evitar o perigo de cair um desses anteparos que tem lá em cima e que estão mal conservados. “ Li- “Você abaixou pra poder vir pro lado de cá, mais perto da loja. O que é isso ?” AR – “Exato. A gente cai naquele mesmo problema. Nós que temos boa visão, sabemos quando temos que abaixar a cabeça para não bater, mas, se for um cego, por exemplo, fica complicado...Agora, imagine, se eu fosse um cego, naturalmente eu ia dar uma cabeçada na cabine.”

Fig. 70: o idoso e a estrutura de obras (set. 2006).

8.3.3 Verbalizações do 3º Passeio Acompanhado com MLu Li- (o lugar que MLu escolheu é uma escola municipal) “Qual o seu interesse nessa escola ?” MLu- “Eu vou perguntar se lá tem algum curso pra idoso, qual é a idade. Eu Tenho vontade de fazer um curso.” Li- “É aqui perto da sua casa ?” MLu- “Eu não sei bem o lugar onde fica. Não sei se é na República do Peru... É perto.” Liana d´Urso de Souza Mendes Cap. 8: Análise dos Resultados 154

Teatro a 1 real só no último domingo do mês MLu- Por exemplo, tem essa Sala Baden Powell aqui. É uma maravilha ! (...) Ainda foi ontem...Aqui, todo o fim de mês tem um teatro a um real, que facilita muito para o idoso, e para qualquer idade. É da Prefeitura. Então, no sábado eu vim aqui ver um show. Maravilhoso ! Foi sobre a vida do Chacrinha. Muitos artistas. Artista que estavam fazendo parte do passado. Foi muito lindo ! O teatro estava cheio ! Li- “E foi a um real ! (rs)” MLu- “Não, não foi um real, não. Um real é no último domingo do mês.” Li- “Ah, esse foi gratuito ?” MLu- “Não. Esse, por exemplo, foi a R$ 25,00, ai o idoso paga R$ 12,50.”

Buracos na calçada Li- “Foi só aquela vez que você caiu ou teve alguma outra vez ?” MLu- “Não, já teve outra vez que eu cai. Já cai mais de uma vez...Nesses quatro anos...” Li- “Ah, por causa dessas coisas que têm aqui no meio da calçada ?” MLu- “Sim. Buracos.”

Rampas nas portas dos prédios MLu- “É... a síndica falou que vai ter uma rampa ali na nossa entrada (...) Na calçada, pra entrar uma cadeira de rodas, para um morador do prédio. Aqui tem muito idoso, né ? E o prédio é muito antigo. Eu acredito que nesses prédios modernos os engenheiros já estão fazendo, principalmente onde eu moro. Então, a síndica é quem falou. Não perguntei a ela se é iniciativa dela ou se ela foi solicitada.”

Mendigos e pombos sujam os bancos Li- “Aqui está a escola Dr. Cícero Penna. O que é que você acha desse local ?” MLu- “Olha, é um local que ele, eu acho que eles deveriam ter mais precaução sobre os mendigos. Porque as pessoas querem sentar nos bancos aqui, mas...ai, eu fico....eu não quero ser melhor do que ninguém, mas eu fico preocupada. É um lugar que vem as mães com as crianças, ficar esperando as crianças na porta da Liana d´Urso de Souza Mendes Cap. 8: Análise dos Resultados 155 escola, e às vezes a gente quer ficar aqui e nem pode. É tanto mendigo ! Eles deitam, nos bancos, né ?E também tem pombos aqui. Olha só quanto pombo ! Pombo é um perigo pra criança, né ?”

Decepção com a falta de informação Li- “Maria da Luz, o que é que você acha como foi tratada, e recebida ? Obteve as suas informações ?” MLu- “É, eu não tive uma pessoa pra me dar as explicações como deveria ser, né? Como ela falou, só depois das sete horas da noite. Acho que deveria...Ela acha que o colégio fica por conta da Prefeitura, à noite...Pensei...Eu achava que deveria ser uma pessoa que desse uma explicação melhor. Ela não sabe dar informação.” MLu- “Será que não tem uma pessoa, outra pessoa que não dê...Mas ela disse que não tem, né ? Ai temos que ir embora, não ?”

No verão a rua fica intransitável Li- “Eu tenho uma pergunta: a gente está entrando aqui na República do Peru. Uma e vinte e quatro da tarde, e a rua está relativamente tranqüila. É assim sempre nesse horário ?” MLu- “Não, é porque hoje está um dia, assim...está nublado. Tem poucas pessoas na praia, e já começaram os colégios...É, quando é uma época de verão, e...em época de férias, aqui fica intransitável.” Li- “Ah, interessante. Também tem isso, não é ?” MLu- “É.”

Precisam colocar gelo baiano para não subir carro Li- ...”Eles chamam isso aqui de gelo baiano. O que é que você acha ?” MLu- “O nosso povo não respeita também. O problema é esse também. A finalidade do “gelo baiano” é para a pessoa poder entrar onde mora. A pessoa é obrigada a botar isso...Às vezes as pessoas chegam em casa, na entrada da garagem está o carro, bem na porta !” Li- “Isso pode oferecer algum problema ou não ?” MLu- “É...para uma pessoa já idosa, e que tenha uma visão já dificultada, ou venha assim, distraída, é...”

Liana d´Urso de Souza Mendes Cap. 8: Análise dos Resultados 156

Sobre a plaquinha amarela do RioCidade Li- “Essa placa, por exemplo, o que é que você acha dela ?” (placas amarelinhas com letras escuras, que ficam no cruzamento da Av. Nª Sª deCopacabana, com a rua República do Peru, no alto). MLu- “Eu acho que ela não é uma placa visível. Está até suja, precisando de conservação....O problema é o seguinte: ela, mais baixa, não pode porque tem muitos caminhões altos.”

Cuidar mais da Praça do Lido MLu- “Olha, uma praça que deveria ser remodelada é a Praça do Lido. Que é uma praça muito boa, ela é toda fechada. Agora , precisava ter também, esses mesmos cuidados. A gente entra lá dentro, as vezes a pessoa fica até com medo. São os mendigos deitados, são os meninos de rua...Está cada vez pior esse povo de rua, sabe ?

Calçada esburacada MLu- “Estamos atravessando a rua General Azevedo Pimentel em direção à outra calçada, e continuando na Barata Ribeiro. Opa !” Li- “Olha só ! Eu estava falando com você, enquanto isso você percebeu uma coisa na calçada. O caso é sério mesmo. Vou tirar um retrato ! “(mostrando buracos feitos pela falta das pedras portuguesas)

Fig. 71: Calçadas esburacadas e com “gelos baianos” no caminho do idoso (mar. 2007). Liana d´Urso de Souza Mendes Cap. 8: Análise dos Resultados 157

Sobre a farmácia Li- “Essa farmácia só serve às pessoas que moram no bairro, ou às outras pessoas também ?” (referindo-se à Farmácia Vital Brasil do governo estadual). MLu- “Não, só serve às pessoas do bairro. Tem que ter receita do Posto de Saúde da Siqueira Campos. Você precisa ser cadastrada aqui, ter o cartão daqui, ai a pessoa vem com a receita e compra o remédio. Cada bairro tem sua farmácia que a pessoa tem direito de comprar.” Li- “Essa aqui serve para toda a Copacabana ?” MLu- “Toda a Copacabana.” Li- “E, você acha que uma pessoa que vem lá do finalzinho do Leme ou lá do final do Posto 6, que vem comprar aqui, acha facilmente essa farmácia ?” MLu- “Não sei. Tem que ter uma indicação, né ? Porque não tem nada explicando, não tem nada na rua, nada explicando. A pessoa tem que vir com um endereço ou se informar com outra pessoa, né ? Se tivesse uma placa já indicando, a pessoa vai chegando “Ah, estou perto da farmácia !”, né ? Quanto mais, melhor pro o idoso, né ? Porque aqui, a farmácia é mais pro idoso, só vende mesmo para quem tem mais do que sessenta anos.”

8.4 Resultados da Técnica 4 - Questionário O que segue são os alguns resultados obtidos, tabulados e inseridos em gráficos. A íntegra dos resultados em quadros e tabelas está no Anexo 4, lembrando que o total de 100% de pesquisados se refere a 60 idosos.

8.4.1 Alguns resultados do Questionário

Pergunta 6: Como você se sente com a idade que tem ? Fig. 72 “Gostar” e se “conformar com a idade que tem” são coisas diferentes para o idoso. A maioria (62%) gosta de ter a idade que tem, porém 23% se conforma porque diz não ter outra escolha.

Liana d´Urso de Souza Mendes Cap. 8: Análise dos Resultados 158

Figura 5: Como se sente com a idade que tem ?

Não me conformo com a idade que 2% tenho

Me conformo com a idade que tenho 23%

Gosto de ter a idade que tenho 62%

Não gosto da idade que tenho 7%

Indiferente 7%

0% 20% 40% 60% 80% 100% Porcentagem do total de 60 entrevistados

Pergunta 13: Gosta de viver em Copacabana ? Fig. 73

Figura 14: Gosta de viver em Copacabana?

Sim 43%

Não 2%

Adoro 50%

Mais ou menos 5%

0% 20% 40% 60% 80% 100%

Porcentagem do total de 60 entrevistados

À medida que as entrevistas iam se sucedendo e a pergunta “Você gosta de viver em Copacabana ?” ia sendo respondida “Adoro!” enfaticamente, mesmo com todos os problemas vividos pelos entrevistados no bairro, a pesquisadora passou a anotar todas as vezes que um idoso respondia “Adoro!” e resolveu incluir essa resposta nos resultados obtidos. No total, 93% responderam que gostam realmente de morar no bairro. Entre os 2% de pessoas que não gostam, estava uma idosa recém vinda do bairro de Ipanema, e que pegou uma fase difícil e violenta no final do ano de 2006 quando se mudou, não se adaptando com a realidade Liana d´Urso de Souza Mendes Cap. 8: Análise dos Resultados 159 diferente que vivia há anos no bairro vizinho, diferentemente dos outros moradores de longa data de Copacabana, que ainda têm na lembrança o bairro mais tranqüilo, e o amam a muito tempo.

Pergunta 14: Sai de casa diariamente ? Fig. 74 Interessante foi notar a vitalidade dos idosos, pois a grande maioria sai diariamente de casa, até nos sábados e domingos. Fazer compras, visitar amigos, ir ao banco, caminhar, reuniões, cinema, etc. Tudo é motivo para sair dos apartamentos que, em geral, são médios e pequenos, e onde vivem sozinhos e desacompanhados.

Figura 15: Sai de casa diariamente?

Sim 95%

Não 5%

0% 20% 40% 60% 80% 100%

Porcentagem do total de 60 entrevistados

Na continuação da pergunta Mesmo com chuva ? 87% dizem que sim, enquanto 13% não saem de casa nesse estado.

Pergunta 16: Sai à noite ? Fig. 75 Os 42% dos idosos que saem de casa à noite às vezes, 25% não tem horário exato para sair e 7% saem depois das 21h.

Figura 18: Sai de casa à noite?

Não 28%

Raramente 30%

Às vezes 42%

Muitas vezes 0%

0% 20% 40% 60% 80% 100%

Porcentagem do total de 60 entrevistados

Liana d´Urso de Souza Mendes Cap. 8: Análise dos Resultados 160

Pergunta 18: O que faz quando sai de casa (A)? Fig. 76 Na figura 76 ressaltam-se os fatos: a) 40% se distraem e pegam sol nas praças de Copacabana; b) poucos vão efetivamente banhar-se no mar (20%), por causa do sol e do calor; c) de 92% dos idosos não têm animais em casa;

Figura 20: O que faz quando sai de casa? (A)

Não 100% Raramente 92% As vezes Muitas vezes

80%

60% 53% 50% 43% 40% 40% 35% 30% 27% 20% 20% 20% 17% 12% 13% 10% 10% 8% 10% 2% 5% 2% 0%

Vai à praça ? Vai à praia ? Leva algum animal Sai para caminhar ? Acompanha alguém para passear ? à algum lugar ?

d) 50% das pessoas saem para se exercitar, caminhando no calçadão do lado da praia, porque ali não tem interrupção de ruas ou sinais de trânsito; 0,e) somando 27% das pessoas que acompanham muitas vezes alguém para ir em algum lugar, com 10% que o fazem às vezes, o total de 37% está a “serviço” de outras pessoas, demonstrando uma situação de apoio ou camaradagem ao semelhante, que pode ser um(a) idoso(a) como ele, que vive sozinho e que também pode precisar de ser acompanhado para algum lugar.

Pergunta 18: O que faz quando sai de casa (B)? Fig. 77 Na fig. 77 ressaltam-se os fatos: a) 65% não saem para dançar, porém 22% o fazem muitas vezes; b) entre muitas vezes e às vezes, os idosos vão mais ao teatro do que ao cinema; c) 43% vão muitas vezes ao banco, 32% às vezes, e 18% diz ir raramente; Liana d´Urso de Souza Mendes Cap. 8: Análise dos Resultados 161

d) o destaque vai para 72% das pessoas que vão muitas vezes às compras, além de 18% às vezes.

Figura 21: O que faz quando sai de casa? (B)

100% Não Raramente As vezes Muitas vezes 80% 72%

65%

60%

43% 42% 40% 33% 33% 32%

25% 25% 22% 18% 18% 20% 17% 12% 7% 8% 5% 7% 7% 5%

0% Sai para dançar ? Vai para o teatro ? Vai para o cinema ? Vai ao banco? Sai para fazer compras ?

Pergunta 18: O que faz quando sai de casa (C)? Fig. 78

Figura 22: O que faz quando sai de casa? (C)

100% Não Raramente As vezes Muitas vezes

80% 75%

58% 60% 55% 57%

38% 40% 37% 30% 28%

22% 20% 20% 17% 13% 15% 8% 12% 8% 3% 2% 1% 0% 0% Vai para algum tipo Freqüenta algum Vai para algum tipo Vai visitar amigos ? Vai para alguma de trabalho tipo de aula ? de encontro de congregação voluntário ? grupo ? religiosa ?

Liana d´Urso de Souza Mendes Cap. 8: Análise dos Resultados 162

a) 13% se dedicam ao trabalho voluntário muitas vezes e mais 8% às vezes; 75% não o fazem nunca; b) os 38% que responderam que vão muitas vezes à aula, são aqueles que freqüentam os numerosos grupos de Terceira Idade espalhados por todo o bairro, em aulas de dança, palestras, cinema de graça ou a 1 real, etc.; c) quanto às pessoas (55%) que vão a algum tipo de encontro de grupo, esse total se distribui nas aulas acima citadas dos grupos para a Terceira Idade, e nas reuniões em congregações religiosas; d) a maioria não vai à casa dos amigos, preferem encontrá-los em lugares públicos, cinemas, restaurantes, teatros ou nas aulas; e) o destaque é que 57% das pessoas vão muitas vezes para as congregações religiosas, além das 17% que vão às vezes.

Pergunta 18: O que faz quando sai de casa (D)? Fig. 79 Na fig. 79 ressaltam-se os fatos: a) 48% dizem que vão ao oculista quando necessário. O ideal para os especialistas, é que a pessoa vá anualmente (regularmente) mesmo sem apresentar sintomas já que certas doenças oculares traiçoeiras se desenvolvem sem apresentar sintomas; b) da mesma forma, não tem o costume da prevenção pois 67% dizem que vai ao médico ou 72% fazem exames só quando necessário, isto é, quando apresentam algum distúrbio e sintoma.

Figura 23: O que faz quando sai de casa? (D)

Não 100% Raramente

As vezes 80% 72% Muitas vezes 67% Quando 60% necessário 48%

40%

22% 18% 20% 13% 17% 12% 10% 5% 5% 2% 3% 3% 3% 0% Vai ao oftalmologista medir a sua Sai para fazer exames médicos ? Vai ao médico ? pressão ocular e fazer exame de fundo de olho ?

Liana d´Urso de Souza Mendes Cap. 8: Análise dos Resultados 163

Pergunta 22: Acha que algo atrapalha quando você anda a pé em Copacabana ? Fig. 80

Figura 28: Acha que algo lhe atrapalha quando anda a pé por Copacabana?

Sim 73%

Não 27%

0% 20% 40% 60% 80% 100%

Porcentagem do total de 60 entrevistados

A partir da resposta de outra pergunta anterior “Anda à pé no bairro ?” quando 78% das pessoas disseram que andam, nessa pergunta nº 22, 73% dos idosos se sentem incomodados com a desordem urbana existente, e, no desdobramento das sub-modalidades à essa pergunta, o “Por quê ?” resultou nas seguintes informações: a) 19 pessoas dizem que os buracos e pedras soltas atrapalham o caminhar; b) 9 pessoas acham que os pivetes os atrapalham; c) muitas pessoas andando nas calçadas e ruas atrapalham 6 idosos; d) camelôs, bicicletas, triciclos e sujeira de cachorro atrapalham 12 pessoas; e) carros estacionados sobre as calçadas e a sujeira generalizada atrapalham 6 pessoas; f) o restante, 9 pessoas, se distribuiu em respostas tais como: as calçadas desniveladas, a altura das calçadas (os paralelepípedos altos demais), os “gelos baianos”, a má sinalização das obras, a entrega de papéis de publicidade, a falta de respeito no trânsito, isto é, motoristas, motos e triciclos de entrega avançando o sinal fechado, e também a falta de educação das pessoas, a visão deficiente de alguns idosos, e o medo de cair marquise.

Pergunta 28: Qual o tipo de condução que costuma pegar (A) ? Fig. 81 O táxi é o transporte que os idosos se sentem mais seguros, mesmo caros.

Liana d´Urso de Souza Mendes Cap. 8: Análise dos Resultados 164

Figura 38: Qual o tipo de condução que costuma pegar? (A)

100% 97% Não Raramente 87% As vezes 90% Muitas vezes

80% 77%

70%

60%

50% 43% 40% 35% 30% 23% 25% 25% 20% 20% 13% 13% 15% 10% 5% 10% 5% 0% 3% 3% 0% 0% 0% Moto ? Alternativass tipo Seu próprio carro ? Carro de amigo ou Taxi ? VANs e KOMBIs ? familiar ?

Pergunta 32: O que acha dos sinais sonoros com placas, nas calçadas, avisando os pedestres da ENTRADA e SAÍDA de veículos ? Fig. 82 Ao contrário do que a pesquisadora imaginava, 87% dos idosos afirmaram que essas placas com o sinal sonoro e luminoso piscante, nas entradas das garagens de prédios residenciais e comerciais, são necessárias para o pedestre.

Figura 44: O que acha dos SINAIS SONOROS com placas, nas calçadas, avisando os pedestres da ENTRADA e SAÍDA de veículos ?

São necessários 87%

Não são 7% necessários São necessários 3% mas não existem

Incomodam 28%

Não incomodam 58%

Não sei quais são 7%

0% 20% 40% 60% 80% 100%

Porcentagem do total de 60 entrevistados

Liana d´Urso de Souza Mendes Cap. 8: Análise dos Resultados 165

O barulho da sinalização sonora não incomoda para 58% do total de entrevistados, já que a maioria não mora perto de um deles, e, por isso, o comentário predominante foi que só incomodam as pessoas que moram ao lado do dispositivo. Estas somam um total de 28%. 7% não sabem que dispositivo é esse e não os acham necessários.

Pergunta 33: Você se guia pelas placas de orientação para motoristas, colocadas no meio das ruas, no alto ? Fig. 83

Figura 45: Você se guia pelas placas de orientação para MOTORISTAS, colocadas no meio das ruas, no alto ? Sim 47%

Não 53% São visíveis 38%

Não são visíveis 10%

Não sei quais são 53%

0% 20% 40% 60% 80% 100%

Porcentagem do total de 60 entrevistados

Na fig. 83 ressaltam-se os fatos: a) 53% dizem que não se guiam por essas placas e também nem sabem quais são; b) 43% olham e lêem o que está escrito e se guiam por elas no caso de não conhecerem bem a região. Alguns idosos seguiam por elas estando dentro de ônibus ou mesmo táxi.

Pergunta 34: O que acha das placas de sinalização de ruas, azuis escuras com letras brancas, que ficam nos cruzamentos ? Fig. 84

Figura 46: O que acha das placas de sinalização de ruas, azuis escuras com letras brancas, que ficam nos cruzamentos ?

São necessárias 92%

Não são 2% necessárias São visíveis 52%

Não são visíveis 40%

Não sei quais são 8%

0% 20% 40% 60% 80% 100%

Porcentagem do total de 60 entrevistados

Liana d´Urso de Souza Mendes Cap. 8: Análise dos Resultados 166

Além do sinal luminoso de travessia de rua, essa placa azul é uma sinalização muito conhecida e respeitada por (quase) todos. 92% das pessoas acham que essa placa é necessária e 52% a acham visível. É uma placa mais utilizada pelos motoristas, pedestres e turistas que não conhecem bem o local.

Pergunta 35: O que acha das placas de sinalização de ruas, amarelas com letras escuras, colocadas no alto de certos cruzamentos ? Fig. 85 Dos 68% dos idosos que sabem que placa é essa , 58% acham que ela é necessária embora para 52% deles, ela não seja visível. Isso porque, com a reforma do RioCidade em Copacabana, o arquiteto responsável pela área Cláudio Magalhães, projetou essa placa no poste “multiuso” nas esquinas das ruas com a Av. Nª Sª de Copacabana, e ela foi colocada em uma altura e com dimensão não apropriadas para a visualização ao longe. 32% das pessoas não a conhecem, principalmente aquelas que não moram perto dessa via importante do bairro.

Figura 47: O que acha da sinalização de ruas, amarelas com letras escuras, colocadas no alto de certos cruzamentos ?

São necessárias 58%

Não são 10% necessárias

São visíveis 17%

Não são visíveis 52%

Não sei quais são 32%

0% 20% 40% 60% 80% 100%

Porcentagem do total de 60 entrevistados

Pergunta 36: O que acha das placas dos pontos de ônibus, que ficam nas calçadas ? Fig. 86 Em termos de sinalização de rua, nas calçadas, a placa do ponto de ônibus é da maior importância para 83% dos entrevistados. Eles acham que além delas serem necessárias, 55% as acham visíveis. Entre as poucas pessoas que não andam de ônibus 10% sugeriram que elas não são necessárias, e 7% não sabem Liana d´Urso de Souza Mendes Cap. 8: Análise dos Resultados 167 que placas são essas. Alguns (35%) não as acham visíveis por vários motivos, entre eles por não terem contraste, letras e símbolos ilegíveis ou incompreensíveis, por estarem depredadas, sujas, e sem o verso para o pedestre que vem na outra direção, na calçada.

Pergunta 38: O que acha da sinalização de órgãos públicos de Copacabana ? (postos de saúde, polícia militar, secretarias de fazenda, juizados, etc.). Fig. 87

As sub-modalidades dessa pergunta foram descobertas a partir do 1º Passeio Acompanhado com o idoso ZR, quando o tempo, o esforço físico e a perplexidade que viveu ao não achar uma seção da Secretaria de Fazenda no Posto 6, poderiam ter sido amenizados se existisse uma placa na calçada, na frente da entrada, indicando que ali era o local procurado.

Figura 50: O que acha das placas de sinalização dos órgãos públicos (postos de saúde, polícia militar, secretarias de fazenda, juizados, etc) ? Existem nas calçadas 5%

Não existem nas calçadas 93%

Existem nas paredes dos prédios 57%

Não existem nas paredes dos prédios 42%

Quando tem, são visíveis 42%

Quando tem, não são visíveis 57%

Não sei quais são 2%

0% 20% 40% 60% 80% 100%

Porcentagem do total de 60 entrevistados

Ressaltam-se os dados: a) para 93% dos idosos não existem placas na calçada, na frente de certos órgãos públicos tais como os acima mencionados; b) também, essas placas não existem nas paredes dos referidos prédios (42%). Não foi perguntado em qual parede elas não existem, mas, certas observações registradas por escrito pela pesquisadora dão conta que são as Liana d´Urso de Souza Mendes Cap. 8: Análise dos Resultados 168 paredes laterais da entrada externa e o local seria mais na altura dos olhos das pessoas. Não se referem àquelas colocadas acima dos portais. c) e 57% dizem que elas não são visíveis, justamente por serem colocadas muito altas ou sem contraste com a parede.

Pergunta 40: Você entende o que os símbolos querem informar ? Fig. 88

Figura 52: Você entende o que os SIMBOLOS querem informar ?

Sim 18%

Não 20%

Alguns sim, outros 17% não

Não sei quais são 45%

0% 20% 40% 60% 80% 100%

Porcentagem do total de 60 entrevistados

Conforme observado anteriormente, a palavra símbolo foi aplicada em função de um maior entendimento da questão por parte dos idosos. A maioria dos desenhos nas placas de sinalização é composta de pictogramas, palavra sintetizada por símbolo. Alguns não sabiam nem o que queria dizer símbolo (45%), muito menos o que eles significavam (20% + 17% = 37%). Somente 18 sabiam o que significavam, mesmo assim verbalizando que alguns não eram adequados.

Pergunta 42: Você se sente uma pessoa independente e com autonomia? Fig.89 Como já foi tratado anteriormente, a autonomia e a independência são quase sinônimos. Na pergunta 42 do Questionário: “Você se sente uma pessoa independente e com autonomia ?” 72% das 60 pessoas, responderam que sim, 15% mais ou menos, e 13% responderam que não se sente assim. Para a grande maioria que se sentia independente e com autonomia, alguns fatores interferiram na resposta: Liana d´Urso de Souza Mendes Cap. 8: Análise dos Resultados 169 a) um dos requisitos da pesquisa era que as pessoas pesquisadas deveriam ter autonomia de ir e vir ao caminhar e desempenhar suas tarefas diárias sozinhos, mesmo estando sujeitos a certos “impedimentos” tais como a violência (mais à noite), dificuldades financeiras, pouca visão, problemas físicos de coluna, etc., que poderiam tolher, em parte, essa autonomia e independência. b) a maioria dos pesquisados era constituída de mulheres e muitas delas, viúvas. Elas verbalizaram que se sentiam com mais independência depois que passaram a morar sem seus companheiros (mesmo sentindo muita a falta deles).

Figura 54: Você se sente uma pessoa independente e com autonomia ?

Sim 72%

Não 13%

Mais ou menos 15%

0% 20% 40% 60% 80% 100%

Porcentagem do total de 60 entrevistados c) mesmo com alguns problemas de saúde decorrentes ou não do envelhecimento, mesmo com chuva, mesmo com todos os outros impedimentos já citados, mesmo sem uma sinalização de rua adequada, os entrevistados saiam praticamente todos os dias de casa para executar suas tarefas, mesmo com chuva, e por isso se consideravam independentes e autônomos.

Pergunta 43: O que acha que poderia melhorar em Copacabana ? Fig. 90 Da mesma forma que a pergunta 38, as sub-modalidades foram sendo descobertas através das entrevistas com os idosos desde o início da tese. A última pergunta do Questionário é determinante e a figura 86 mostra alguns fatores que prejudicam a autonomia e a independência do idoso: - 98% dos entrevistados desejam que melhore o estado de conservação das calçadas – assim como 98% que aumente o policiamento ostensivo; - da mesma forma, 97% deles querem que o bairro tenha mais serviços públicos (escolas municipais, centros de saúde, juizados, hospitais, etc), que amenize o Liana d´Urso de Souza Mendes Cap. 8: Análise dos Resultados 170

estado de violência, diminuindo a mendicância e os moradores de rua; - por sua vez, 93% desejam melhorar a situação irregular de veículos sobre as calçadas (carros, motos, bicicletas e entregadores na contramão), sobre as calçadas, da mesma forma a respeito de outros obstáculos interrompendo o caminhar do pedestre.

Figura 55: O que você acha que poderia melhorar em Copacabana ?

O estado de conservação das calçadas 98% O policiamento 98% Mais serviços públicos como postos de saúde / escolas, etc 97% A violência 97% A população moradora de rua 97% As bicicletas, os triciclos e as motos na contramão e sobre as calçadas 93% Os obstáculos nas calçadas 87% O atendimento ao idoso nos serviços públicos (pessoal e equipamentos) 83% Os sinais luminosos marcando o tempo de travessia 83% A limpeza 83% O atendimento ao idoso nos ônibus 73% O atendimento aos idosos nos estabelecimentos comerciais 62% O atendimento aos idosos nos bancos 58% O barulho 57% As placas de sinalização nas ruas 52% O atendimento ao idoso nos taxis 23% Outros 0%

0% 20% 40% 60% 80% 100%

8.5 Conclusão do capítulo

8.5.1 Conclusão do levantamento de imagens Algumas fotos da pesquisa foram tiradas em um intervalo de tempo de mais de 2 anos de diferença, do início da tese em julho de 2005, até o final de 2007. Percebeu-se clara diferença em algumas situações, como placas com a parte da frente e a de trás voltada para os pedestres em ambos os sentidos da calçada, e no design do símbolo e das letras (maior contraste) – figs. 91 e 92.

Liana d´Urso de Souza Mendes Cap. 8: Análise dos Resultados 171

Figs. 91 e 92: placa do ônibus do Metrô na rua Figueiredo de Magalhães (nov. 2007).

8.5.2 Conclusão das entrevistas Percebeu-se que, quanto mais entrevistas com especialistas e com os idosos fossem feitas, mais profunda e completa seria a abordagem do tema proposto na tese. Cada entrevista traz informações preciosas que podem se transformar em aprofundamentos de um tema ou desdobramentos de assuntos. A pesquisadora contou com a boa vontade de todos os contatados, sem nenhuma exceção. Para não dizer que não houve nenhuma, a lembrança de 3 idosos na “Praça dos Paraibas” na rua Siqueira Campos, no Posto 4, querendo agredir a pesquisadora quando eles descobriram que a pesquisa era sobre sinalização de rua e não sobre a violência, quase foi apagada da memória. Para esse grupo de freqüentadores assíduos da praça, na manhã de um dia qualquer de setembro de 2005, era um absurdo querer entrevistá-los por um assunto que não fosse o que mais e realmente os afligia diariamente: a violência. E foram violentos, retrucando e falando alto e saindo de perto da pesquisadora demonstrando estar completamente contrários à pesquisa. Esta foi a forma que tiveram de se expressar. Dar oportunidade às pessoas se expressarem, principalmente através da palavra, é algo que muitas pessoas querem e precisam fazer. Uma entrevista visando o bem comum é valorizada pelas pessoas e elas naturalmente procuram ajudar, mesmo trazendo transtornos na sua agenda, e até custos com telefonemas, horas de trabalho abdicadas em função de receber o pesquisador. Liana d´Urso de Souza Mendes Cap. 8: Análise dos Resultados 172

8.5.3 Conclusão da técnica do Passeio Acompanhado O Passeio Acompanhado depende das pessoas envolvidas na aplicação da Técnica. Pode haver uma certa insegurança em alguma fase da técnica, como foi o caso da MLu, do 3º Passeio Acompanhado. Ela precisou de maiores esclarecimentos quanto ao termo de Livre e Esclarecido e quanto a colocar o nº da sua carteira de identidade no papel pois não conhecia a pesquisadora. A aplicação da 3ª técnica aconteceu entre o Posto 2 e 3, e as anteriores realizadas uma no Posto 4, e a outra do Posto 5 ao 6. Ao final dos 3 Passeios, percebeu-se que é melhor que esta técnica seja feita somente com as duas pessoas, que são o pesquisador e o pesquisado. Essa relação pode ajudar a verbalização de coisas por parte do sujeito da pesquisa. Ao ter ao lado um amigo, um parente, o sujeito pesquisado pode se dispersar e não lembrar de dizer coisas que poderiam ser importantes, desviando o foco do pesquisador em relação à pesquisa em alguns momentos. Por parte do pesquisador existem algumas dificuldades a serem vencidas durante a realização da técnica, e que devem ser executadas ao mesmo tempo, como o manejo do gravador, a anotação com caneta sobre um bloco de notas, pensar rapidamente e fazer as perguntas face a determinadas situações, fotografar/ filmar eventos significativos, tudo ao mesmo tempo, mas ainda é melhor o pesquisador não ter ajudante, do que ter.

8.5.4 Conclusão do Questionário Quanto ao questionário, este foi feito com rigor desde o seu início, desde a elaboração das perguntas, até a aplicação presencial e individual, e posterior análise e desmembramento nas sub-modalidades. Este levou meses no seu processo total, e foi o ponto alto da tese, confirmando a hipótese levantada no princípio dos estudos. Quanto à parte gráfica demonstrando os resultados obtidos, foi muito útil por sua fácil visualização e compreensão dos dados.