PL044/2021 Protocolo: 026920

I1111111111 1111 ~III\II\\ 22/02/2021 11: 53 CÂMARA li Dir. Legislativa - Câmara MUNICIPAL DE BETIM

PROJETO DE LEI N° ci:iL/2021

"RECONHECE COMO PATRIMÔNIO CULTURAL DO MUNICIPIO DE BETIM A USINA HIDRELÉTRICA DR. GRA VATÁ".

A Câmara Municipal de Betim, aprova:

Art. 1° Fica reconhecida como Patrimônio Cultural do Município de Betim a Usina Hidrelétrica Dr. Gravatá, situada na Fazenda Cachoeiras, as margens do Rio Betim, neste Município.

Art. 2° Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Câmara Municipal de Betim, 19 de fevereiro de 2021.

Eduardo Lucio Assimos Braga Vereador - Dudu Braga

Av. Governador Valadares, 241- Centro - Betlm - Cep: 32600-115 Fone: (31) 2010-3417 CÂMARA MUNICIPAL DE BETIM

JUS T I F I C A T I V A:

A Usina "Dr. Gravatá", como era popularmente conhecida, teve seu início de funcionamento definitivo em 1914. Sua construção foi realizada pelo Estado de e pela empresa Schnoor, de propriedade do francês Emílio Schnoor. Antônio Gonçalves Gravatá era o engenheiro-chefe da empresa Schnoor e veio ao distrito de Capela Nova do Betim com a finalidade, em 1909, de construir a Estação Ferroviária Capela Nova, na Estrada de Ferro Oeste de Minas, que liga a capital a Henrique Galvão, atual Divinópolis. A partir desta empreitada, a empresa decide explorar o manancial hidráulico do distrito capela novense, construindo a hidrelétrica no Rio Betim. O rio possui uma queda d'água favorável para tanto: cerca de oitenta e quatro metros de queda, em sua porção final. A produção de energia era tão satisfatória que era possível oferecê-Ia para as cidades de Divinópolis e, posteriormente, - esta que utilizou a energia no período de construção e operação de sua "cidade industrial", na década de 1940. Estes fatos demonstram que a usina proporciona um desenvolvimento não apenas local, mas também regional. A casa de máquinas operava com duas turbinas que tinham capacidade de 250 W; corrente trifásica com 6.000 volts de transmissão; capacidade de queda de 4.800 cavalos. Sua instalação foi feita na Fazenda Cachoeira, pertencente, na época, a José da Silva Lima (o "Zé do Pio"); comprada por 100 contos de réis. A Usina era formada por uma barragem, próxima à antiga ponte de arcos, que desviava a água do rio; um sistema de comportas (foram identificadas cinco comportas) e canais que conduzem a água até um tanque grande, com capacidade estimada em 72 m'; tubulações com, aproximadamente, um metro de diâmetro (conduziam a água do tanque para a casa de máquinas); uma casa de máquinas com duas turbinas da marca Oerlikon, localizada na porção final da queda d'água. Todo equipamento existente na casa de máquinas era proveniente de empresas estrangeiras, como por exemplo: Siemens, A.E.G., Westinghouse etc. A distância entre a barragem, primeira parte de todo o sistema, e a usina, última parte, gira em torno de 1300 metros, ou seja, desde o desvio d'água até a geração propriamente dita de energia, a água percorria esta distância. A Usina "Dr. Gravatá" era assim, popularmente, conhecida devido à figura de Antônio Gonçalves Gravatá, engenheiro-chefe da empresa Schnoor e apontado como o responsável direto pela idealização da construção da Usina. Baiano de Salvador viveu em Betim (na época Capela Nova) por aproximadamente dez anos; era tido como figura carismática e bem quista socialmente. Como engenheiro atuou em algumas cidades mineiras e até mesmo na capital, onde trabalhou em importantes

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CAMARA MUNICIPAL DE BETIM empreendimentos - a construção das estações de passageiros da Central do Brasil e da Rede Mineira de Viação, como exemplos. Faleceu em maio de 1950, em Belo Horizonte. A construção desta Usina foi realizada em conformidade com o momento histórico de início da industrialização mineira. A partir da segunda metade do século XIX, o Estado mineiro investe em sua industrialização, e eletricidade é considerada um ponto importante na pauta industrial. No caso específico da geração de energia elétrica, o Estado fazia concessões de exploração em recursos naturais (quedas d'água em geral) ou contratos com empresas que desenvolviam este tipo de trabalho. É neste momento histórico que surge o termo "Hulha Branca", que designava toda a empresa que trabalhava com produção de eletricidade, utilizando as quedas d'águas favoráveis para tanto. As Hulhas Brancas foram, neste sentido, as pioneiras da produção energética em minas. De acordo com o anuário de Nelson de Senna, publicado em 1914, a Usina "Dr. Gravatá" fora catalogada e classificada como uma Hulha Branca; este fato demonstra seu valor para o desenvolvimento da industrialização mineira e local. A sua desativação ocorre na década de 1950, quando é instalada em Betim uma distribuidora de energia da então criada CEMIG. Em resumo, percebe-se que Betim (Capela Nova, na época) é parte importante no circuito industrial, devido à passagem da Estrada de Ferro Oeste de Minas e da construção de sua usina geradora de energia elétrica, símbolos, naquele momento histórico, de desenvolvimento. Hoje o bem é tombado pelo Conselho Deliberativo do Patrimônio Cultural de Betim. Pela sua relevância histórica, é que solícito aos pares desta Casa de Leis, o voto favorável para a presente propositura.

~ Eduardo Lucio Assimos Braga Vereador Dudu Braga

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