Revista do Instituto Geológico, , 25(1/2), 29-48, 2004.

LITOFÁCIES E PROVÁVEIS AMBIENTES DE SEDIMENTAÇÃO DO GRUPO SÃO ROQUE NA REGIÃO DE E , SP

Paulo Cesar FERNANDES DA SILVA

RESUMO

O presente estudo teve como objetivo a descrição e caracterização de fácies sedimentares das rochas proterozóicas pertencentes ao Grupo São Roque, aflorantes na região que compreende as cidades de Votorantim e Salto de Pirapora e arredores (sudeste do Estado de São Paulo). O levantamento foi efetuado na escala 1:50.000, e incluiu uma análise geológico-estrutural que procurou dar suporte ao entendimento da distribuição espacial das fácies sedimentares e do empilhamento estratigráfico. Quatro associações de litofácies foram reconhecidas na área de estudo, que da base para o topo correspondem a: A. associação siliciclástica basal, correspondendo a uma deposi- ção em águas profundas predominantemente associada a uma sucessão turbidítica; B. associação siliciclástica intermediária, correspondendo a uma plataforma rasa de carac- terísticas progradantes; C. associação clasto-química transicional, aqui interpretada como uma transição de ambientes deposicionais de uma plataforma rasa para uma planície de maré mista (intramaré a intermaré); D. associação carbonática impura supe- rior, representando as porções mais proximais e superiores de uma planície de maré (intermaré a supramaré). Estas associações foram informalmente correlacionadas às subdivisões estratigráficas sugeridas para o Grupo São Roque em trabalhos anteriores (particularmente as formações Estrada dos Romeiros, Voturuna e Pirapora).

Palavras-chave: rochas metamórficas, associações de litofácies, ambientes de sedi- mentação, Grupo São Roque.

ABSTRACT

The present study aims at characterizing the sedimentary facies of Proterozoic rocks of the São Roque Group that outcrop in the region including the cities of Votorantim and Salto de Pirapora and neighbourhood (southeast of the state of São Paulo, ). These rocks were mapped at a scale of 1:50.000; included is a structural-geological analysis that supports the understanding of the spatial distribution of sedimentary facies and the stratigraphic units. Four associations of lithofacies and related depositional environments were recognized. They comprise from base to top: A. lower siliciclastic association, probably associated with deep-water sedimentation, mostly related to a turbiditic succession; B. intermediate siliciclastic association, corresponding to a shallow-water platform with prograding characteristics; C. transitional clastic-carbonate association, here interpreted as a transition from shallow platform deposition to a mixed carbonate tidal flat environment (subtidal to intertidal conditions); and D. upper impure carbonate association that may correspond to a tidal flat governed by tidal currents and related oscillatory movements (intertidal to supratidal conditions). These associations were informally correlated with previously proposed stratigraphic subdivisions of the São Roque Group in the region (namely Estrada dos Romeiros, Voturuna and Pirapora formations).

Keywords: metamorphic rocks, sedimentation settings, lithofacies associations, Grupo São Roque.

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1 INTRODUÇÃO rochas vulcânicas intercaladas na base, e Piragibu, superior, composta por filitos rítmicos e quartzitos Apesar de serem relativamente numerosos os intercalados. Destacaram os autores que a tectônica estudos efetuados em unidades metassedimentares transcorrente foi posterior ao metamorfismo regio- proterozóicas do Estado de São Paulo, observa-se nal, tendo inclusive controlado a intrusão de corpos uma significativa carência de pesquisas cuja abor- graníticos. dagem principal esteja voltada para a descrição das Com base em critérios geológico-estruturais, estruturas sedimentares ocorrentes e a caracteriza- HASUI & SADOWSKI (1976) propuseram a subdi- ção de ambientes deposicionais correspondentes às visão do Grupo Açungui em conjuntos litológicos, referidas unidades. que caracterizaram como complexos (Pilar e Embu), Levando em consideração tal fato, o presente assim como a sua separação do contexto do Grupo trabalho visou o estudo das fácies sedimentares e São Roque (submetido a apenas duas fases de do- buscou interpretações acerca dos possíveis ambi- bramento, segundo os autores). O Complexo Pilar entes de sedimentação do Grupo São Roque na re- seria formado predominantemente por um conjunto gião que inclui as cidades de Votorantim e Salto de de filitos e xistos (submetido a três fases de dobra- Pirapora e arredores, sudeste do Estado de São Pau- mento) e o Complexo Embu, por migmatitos e lo (Figura 1). gnaisses migmatizados (contendo feições de dobra- mento invertido). Tal proposição foi adotada no 1.1 Contexto regional Mapa Geológico do Estado de São Paulo (BISTRICHI et al. 1981) e Nota Explicativa (ALMEIDA et al. 1981). Atendo-se apenas à evolução da designação No entanto, CARNEIRO (1983) desenvolvendo es- da unidade como Grupo São Roque pode-se remon- tudos em áreas de afloramento do Grupo São Ro- tar ao trabalho de MORAES REGO (1930), que sepa- que, entre o Pico do Jaraguá e a Serra dos Cristais rou as rochas epimetamórficas do Complexo Crista- (situada a nordeste da área enfocada no presente lino aflorantes no Estado de São Paulo com a deno- estudo e mais próxima da Cidade de São Paulo), re- minação de Série São Roque, termo este utilizado conheceu quatro unidades litoestratigráficas, afeta- por diversos autores em trabalhos posteriores (e.g. das generalizadamente por três fases de dobramen- KNECHT 1943; ALMEIDA 1955; FRANCO 1958). A to e submetidas a metamorfismo regional (em geral, ênfase em aspectos evolutivos de conteúdo geoló- no fácies xisto-verde). Reconheceu ainda que em gico-estrutural pode ser observada nos trabalhos determinados locais a foliação não se caracteriza de HENNIES et al. (1967) e de HASUI et al. (1969), como plano-axial, mas sim, paralela à estratificação que reconheceram o controle tectônico sobre as reliquiar, diferentemente do indicado por HASUI & unidades litológicas por meio de falhas, como a Fa- SADOWSKI (1976). Tais conclusões foram corro- lha de Taxaquara, mencionando a existência de três boradas por BISTRICHI (1982) e SANTORO (1984). blocos tectônicos. O Bloco São Roque, enfocado CARNEIRO (op.cit.) assinala também o aparecimen- no presente estudo, encontra-se entre os blocos to de dobras invertidas com provável transporte para Jundiaí e Embu, sendo delimitado a norte pela Zona SE, aspecto este observado em trabalhos posterio- de Cisalhamento Itu-Jundiuvira e a sul pela Zona de res (por ex. CARNEIRO et al. 1985, HACKSPACHER Cisalhamento Taxaquara. et al. 1991). COUTINHO (1972) propôs a reunião das ro- STEIN (1984) referiu-se aos metassedimentos chas de idade pré-cambriana superior numa mesma situados ao sul da Falha de Taxaquara, nos arredo- unidade, argumentando a continuidade geográfica res de Pilar do Sul, como Complexo pré-Açungui, existente entre os grupos São Roque e Açungui. Tal distribuindo-os em três faixas que correspondem a proposição foi reforçada por HASUI (1973) ao estu- filitos, xistos finos e xistos feldspatizados localmen- dar a geologia das folhas São Roque e Pilar do Sul. te migmatizados. Estas faixas exibem contatos Posteriormente, HASUI (1975) reviu a conclusão transicionais, e teriam sido afetadas por até quatro anterior, reconhecendo a disposição das unidades estágios de metamorfismo regional. Posteriormente, em blocos justapostos e diferentes histórias CAMPOS NETO et al. (1990) estudando a geologia deformacionais, reconsiderando o Grupo São Ro- da Folha Pilar do Sul, na escala 1:25.000, reconhece- que como unidade distinta. HASUI et al. (1976) re- ram uma seqüência de metassedimentos turbidíticos alizaram a primeira tentativa de divisão estratigráfica a sudeste da cidade homônima e um domínio consti- formal da unidade, propondo duas formações: tuído por micaxistos e rochas ígneas pré- Boturuna, inferior, de natureza psamo-pelítica e com metamórficas localizado na Serra dos Lopes e

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adjacências, ao sul da Zona de Cisalhamento Ciclo Brasiliano, com o magmatismo atingindo seu Taxaquara. Esse conjunto de rochas foi máximo entre 0.8 e 0.7 Ga a partir da fusão parcial da correlacionado ao Grupo Açungui. crosta continental inferior, associado a processos JULIANI et al. (1986) e JULIANI (1993) propu- transtensivos e alojamento dos maciços granitóides seram o uso do termo Grupo Serra do Itaberaba para e São Roque. O processo transpressivo- aquela que seria a porção basal do Grupo São Ro- transcorrente teria ocorrido em torno de 0.6 Ga, va- que, caracterizada por rochas metavulcânicas bási- lor este interpretado por TASSINARI et al. (1988) cas com quimismo toleítico de natureza oceânica. como de resfriamento. Datações K/Ar efetuadas por Retomando a abordagem regional, verifica-se estes últimos autores apresentaram idades de 1.52 que boa parte dos trabalhos existentes sugere uma Ga para a cristalização e metamorfismo de anfibolitos evolução a partir de um quadro colisional no início do Grupo Serra de Itaberaba e de 1.65 e 1.05 Ga para do Neoproterozóico. Em HASUI (1985) e HASUI et rochas metabásicas da região de Pirapora do Bom al. (1989), a parte basal do Grupo Açungui, incluin- Jesus. do a porção Ribeira e o Complexo Embu, além do Trabalhos recentes proporcionaram uma série Grupo Serra do Itaberaba, são destacados como de informações geocronológicas acerca do Grupo porções mais antigas relacionadas a uma mesma São Roque e correlatos. Datações U-Pb em rochas paleobacia. Essas porções são ou seriam afetadas metavulcânicas (frações zircão e monazita), por regime colisional do tipo himalaiano, conside- efetuadas por HACKSPACHER et al. (1999, 2000), rando as faixas de supracrustais (Açungui Superior, indicam que a deposição do Grupo São Roque teria Complexo Pilar do Sul) como prismas de acresção ou ocorrido entre 0.628 e 0.607 Ga. Especificamente com preenchimentos de bacias retroarco e antearco, e os relação às rochas aflorantes na área de estudo, re- granitóides como vinculados a arcos magmáticos sultados de datações Sm/Nd apresentados por das etapas pré- a pós-colisional. Para o Grupo São DANTAS et al. (2000) indicaram idades de 2.44 Ga e Roque e porções superiores restritas do Grupo de 1.86 Ga para as rochas-fonte, em metarritmitos e Açungui, os referidos trabalhos assinalam que não filitos do Grupo São Roque. Datações U-Pb em é possível estabelecer se faziam parte de uma exten- zircões provenientes de metandesitos basais indi- sa seqüência supracrustal ou de embaciamentos in- cam idades em torno de 1.4 Ga para o início da depo- dependentes. Estas unidades, que atualmente ocor- sição de pelitos e vulcanismo do Grupo Serra do rem em faixas limitadas, poderiam representar por- Itaberaba (JULIANI et al. 2000). ções remanescentes de pacotes mais extensos e es- Aspectos sobre a sedimentação do Grupo São pessos. O quadro tectônico regional estaria relacio- Roque foram destacados por BERGMANN (1988, nado à articulação de blocos crustais, com desloca- 1992), que efetuou caracterização estratigráfico-es- mento do Bloco Vitória de leste para oeste, produ- trutural de seqüência vulcano-sedimentar constitu- zindo cavalgamento deste em relação ao Bloco São ída por três unidades representativas de diferentes Paulo em rampa oblíqua. Com este cavalgamento condições paleoambientais na região do Sinclinório oblíquo de baixo ângulo, num primeiro estágio pro- de Pirapora, e por IG/SMA (1990), no mapeamento duziu-se desarticulação, imbricação e lenticularização geológico da Folha Salto de Pirapora (1:50.000). Nes- dos corpos rochosos em estado plástico, desenvol- te último trabalho, as interpretações sugerem que na vendo foliação milonítica com baixos mergulhos para porção ao sul da Zona de Cisalhamento de Pirapora SSE, paralela à sutura entre os blocos, e lineação de teria ocorrido uma deposição em águas profundas estiramento com direção ESE. Num estágio seguin- por meio de fluxos gravitacionais de massa repre- te, o transporte de leste para oeste foi sendo sentados por correntes de turbidez (metarritmitos), gradativamente impedido, induzindo o surgimento às quais se intercalam processos de decantação num de diversas zonas de cisalhamento dúctil e dúctil- contexto de deposição pelágica ou hemipelágica rúptil de alto ângulo com direção ENE-WSW, e cri- (metargilitos e filitos). Ao norte da referida zona de ando outra lineação de estiramento. Diferentemen- cisalhamento, foi suposta uma deposição em siste- te, HACKSPACHER et al. (1993) e HACKSPACHER mas de leques submarinos em posição relativamen- (1994) sugeriram que a crosta transamazônica con- te distal, com maior variação de litofácies. solidada teria sofrido uma distensão há aproximada- Para fins de analogia e correlação, foram utili- mente 1,8 Ga, dando início à deposição da seqüên- zadas no presente trabalho, as designações de cia vulcano-metassedimentar referente aos grupos BERGMANN (1988, 1992) para as rochas do Grupo Serra do Itaberaba e São Roque. Em seguida teria São Roque, cujo posicionamento estratigráfico foi ocorrido a evolução tectono-metamórfica durante o tentativamente redefinido em HACKSPACHER et al.

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(1993) e HACKSPACHER (1994), com base na geo- ainda de metarenitos feldspáticos a metarcósios, logia da Folha Cabreúva. Três unidades principais metassiltitos e filitos variados com passagens gra- são descritas por estes autores: duais para metarritmitos e metassiltitos. ii) Formação Voturuna, compreendendo metassiltitos i) Formação Estrada dos Romeiros (base), compre- em contato basal gradativo com as rochas da uni- endendo principalmente metarritmitos constituí- dade inferior, sobrepostos por quartzitos puros a dos por intercalações de metarenitos feldspáticos micáceos, também feldspáticos, em contato abrup- e metapelitos, contendo laminações plano-para- to. lelas, granodecrescência ascendente, laminações iii) Formação Pirapora (topo), incluindo metabásicas onduladas do tipo “climbing” e canais de preen- e metacalcários, em contato abrupto com a uni- chimento na base psamítica. A unidade consiste dade subjacente.

FIGURA 1 - Localização aproximada da área de estudo e mapa simplificado enfocando as litofácies identificadas e descritas no presente trabalho. Compartimentação da área em domínios estruturais delimitados por zonas de cisalhamento (ZCTM - Zona de Cisalhamento Transcorrente de Moreiras, ZCTP - Zona de Cisalhamento Transcorrente de Pirapora, ZCTT - Zona de Cisalhamento Transcorrente de Taxaquara). Litotipos associados ao Grupo São Roque: Mrt - metarritmitos; Msl - metassiltitos e metargilitos; Mar - metarenitos quartzosos e feldspáticos; Mcd - metacarbonatos diversos; Fil - filitos diversos. Letras A, B, C e D acompanhando a nomenclatura dos litotipos e seguidas por numeração indicam as litofácies descritas (Tabela 1 e texto). Outros litotipos associados ao Grupo Açungui e rochas granitóides: Mxa - micaxistos; Gna - gnaisses félsicos passando a migmatitos; So - Maciço Sorocaba; Sf - Maciço São Francisco; Pi - Maciço Piedade; Ps - Maciço Pilar do Sul. A linha tracejada acompanhada por pontos configura o limite aproximado da Bacia do Paraná (rochas sedimentares do Subgrupo Itararé). (adaptado de FERNANDES DA SILVA 1997).

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É interessante notar que nas descrições de tes aspectos relativos aos metassedimentos do BERGMANN (1988) a Formação Estrada dos Romei- Grupo São Roque aflorantes na região: (1) deter- ros seria constituída por metassiltitos e minados litotipos repetem-se com maior ou menor metarritmitos, com intercalações de rochas número de variações (composicionais e/ou metabásicas e metacarbonáticas, e a Formação texturais) ao longo da coluna ou seção vertical; Pirapora compreenderia rochas metabásicas (2) os litotipos analisados referem-se possivel- toleíticas e metacalcários de natureza algácea. mente a fácies e sistemas deposicionais contem- porâneos. Tais aspectos reforçaram o uso de as- 1.2 Objetivos e escopo do presente trabalho sociações de litofácies como elemento de análise mais adequado para a investigação dos ambien- O presente trabalho teve como objetivos prin- tes de sedimentação, incluindo processos e fei- cipais: ções decorrentes, suas relações cronológicas, e possíveis conotações com o quadro estratigráfico a) o estudo de fácies sedimentares, empregando regional. princípios e métodos interpretativos da análise de bacias, aqui adaptados a um pacote de ro- 2 ASSOCIAÇÕES DE LITOFÁCIES chas que foi submetido à deformação e metamorfismo; O presente trabalho enfocou o conjunto de b) cartografar a distribuição dos tipos litológicos iden- metassedimentos referido como Grupo São Roque, tificando suas variações e relações espaciais, delimitado ao sul pela Zona de Cisalhamento de enfocando aspectos descritivos sobre sedimenta- Taxaquara (ZCTT, Figura 1) e estendendo-se para ção, considerando aspectos da tectônica regional norte com uma distribuição razoavelmente contínua e local e relações com eventos magmáticos; até as proximidades da cidade de Votorantim. Regis- c) analisar os pacotes rochosos enfatizando o re- tra-se ainda a incursão de corpos de rochas conhecimento e interpretação dos episódios granitóides e de manchas de sedimentos fanerozóicos deposicionais e processos envolvidos e, den- no trecho mencionado (BISTRICHI et al. 1981, IG/ tro do possível, reconstituir relações SMA 1990). Segundo FERNANDES DA SILVA (1997), estratigráficas; todo o conjunto de metassedimentos atribuídos ao d) reconhecer os eventos deformativos, com o in- Grupo São Roque teria sido afetado na área de estudo tuito de subsidiar possíveis reconstituições por três fases progressivas de deformação. A primeira estratigráficas. fase (Dn), de natureza dúctil, corresponderia a uma cinemática de baixo ângulo, responsável por dobra- Considerando que uma fácies é um corpo de mentos locais a semi-regionais do acamamento rochas com características específicas, no presen- sedimentar (S0), envolvendo o desenvolvimento da te trabalho, o enfoque foi dado às características foliação tectono-metamórfica (Sn). As outras duas físicas e químicas da rocha, sendo apropriado o fases de deformação (Dn+1 e Dn+2), dizem respeito uso do termo litofácies (MIALL 1985). Uma a uma cinemática de alto ângulo com transição do litofácies deve ser idealmente uma rocha com ca- caráter dúctil para dúctil-rúptil. A fase Dn+1 caracteri- racterísticas distintivas, formada sob certas con- za-se pelo desenvolvimento de dobras (sinformes e dições de sedimentação, refletindo um processo antiformes) de estilo bastante variado sobre a foliação ou ambiente particular. As fácies podem ser sub- anterior (Sn), com desenvolvimento local de foliação divididas em sub-fácies ou agrupadas em assem- plano-axial (Sn+1), geralmente verticalizada, que evo- bléias ou associações de fácies. As associações lui para uma foliação milonítica (Sm) associada ao de fácies são grupos de fácies que ocorrem juntas desenvolvimento de zonas de cisalhamento e são consideradas como geneticamente ou transcorrente de característica dúctil-rúptil. A fase ambientalmente relacionadas. Cada grupo de Dn+2 representa os efeitos transpressivos tardios fácies pode ser identificado como uma associa- associados ao cisalhamento, caracterizando-se pela ção distinta. A associação é capaz de prover evi- formação de dobras normais, suaves e abertas, que dências adicionais que tornam a interpretação podem evoluir a dobras apertadas nas proximidades ambiental mais fácil do que tratando cada fácies das zonas de cisalhamento transcorrente (Figura 2). isoladamente (READING 1996). Estas, por sua vez, constituem feições de dimensões Nesse sentido, a abordagem adotada no pre- quilométricas, que delimitam domínios estruturais, sente estudo levou em consideração os seguin- blocos ou compartimentos tectônicos (Votorantim,

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FIGURA 2 - Perfil geológico esquemático P – P’ cortando a área de estudo no sentido WNW – ESE (aproximadamente perpendicular ao trend regional) e mostrando a relação espacial das unidades (litofácies aqui descritas e outros litotipos ocorrentes) entre as localidades de Salto de Pirapora e Piedade (vide localização na figura 1). Litotipos/litofácies associados ao Grupo São Roque: Mar-A2 - metarenitos quartzosos e feldspáticos; Mrt-A3 - metarritmitos; Fil-A4 - filitos sericíticos e grafitosos; Msl-C1 - metassiltitos laminados; Mcd-C2 – metamargas laminadas e bandadas; Mcd-C3 – metadolomitos e metacalcarenitos dolomíticos bandados; Mcd-C4 – metacalcilutitos laminados e bandados. Rochas granitóides e outros litotipos: So - Maciço Sorocaba; Sf - Maciço São Francisco; Pi - Maciço Piedade; Ita – lamitos e arenitos do Subgrupo Itararé; Qa – sedimentos aluvionares. ZCTM - Zona de Cisalhamento Transcorrente de Moreiras; ZCTP - Zona de Cisalhamento Transcorrente de Pirapora; ZCTT - Zona de Cisalhamento Transcorrente de Taxaquara. Adaptado de FERNANDES DA SILVA (1997).

Pirapora, Fazendinha-Jurupará e Pilar do Sul, como compreende metassiltitos laminados, metarritmitos, ilustrado na figura 1), dentro dos quais os conjuntos metarenitos feldspáticos a arcosianos e algumas ocor- de rochas foram menos afetados pelo regime de rências de tipos quartzosos, filitos sericíticos e transcorrência. FERNANDES DA SILVA (1998) assi- grafitosos, e eventuais níveis de metargilitos maciços. nala que esse conjunto de metassedimentos teria sido A associação de litofácies siliciclástica basal ainda afetado por seis eventos de deformação rúptil foi observada em duas porções distintas da área de de idade possivelmente meso-cenozóica. estudo. Ao norte, próximo a cidade de Votorantim, No presente trabalho foi possível identificar e estendendo-se para SW, onde apresenta relações caracterizar quatro associações de litofácies distin- de contato pouco definidas (devido à cobertura de tas, provavelmente representando ambientes solos) com a associação de litofácies B sobrejacente, deposicionais diferentes, como sintetizado na tabe- em condição de topo invertido estruturalmente. Na la 1. As associações de litofácies identificadas na porção centro-sul (Domínio Fazendinha - Jurupará), área de estudo foram correlacionadas tentativamente onde ocupa uma grande extensão, exibe contatos às unidades estratigráficas descritas por abruptos definidos por zonas de cisalhamento BERGMANN (1988, 1992) e HACKSPACHER (1994) transcorrente. Neste domínio, o limite norte é dado mencionadas acima. pela Zona de Cisalhamento de Pirapora (ZCTP, Fi- A relação entre litofácies e associações de guras1 e 2) que provoca o truncamento dos trends litofácies é apresentada em seção vertical esquemática faciológicos, justapondo associações de litofácies no item 3 (Figura 12). As espessuras aparentes, quan- distintas. No limite sul, ocorre o mesmo tipo de situ- do indicadas na seção vertical esquemática, foram esti- ação envolvendo a Zona de Cisalhamento de madas a partir da distribuição em mapa e de perfis geo- Taxaquara (ZCTT, Figura1) e rochas que foram se- lógicos com integração de dados de poços tubulares paradas do contexto do Grupo São Roque neste e profundos, procurando levar em consideração os efei- em trabalhos anteriores, associadas provavelmente tos produzidos pela tectônica. As relações espaciais ao Grupo Açungui, conforme as descrições de entre as litofácies na porção central da área de estudo HASUI & SADOWSKI (1976), STEIN (1984) e CAM- são ilustradas de forma esquemática no perfil geológi- POS NETO et al. (1990). co apresentado na figura 2. As associações de litofácies Cinco litofácies referentes à associação caracterizadas são descritas a seguir. siliciclástica basal são descritas a seguir (Tabela 1, Figura 12). 2.1 Associação de litofácies A - siliciclástica basal • Metassiltitos laminados (Msl-A1, Figura 1). A A associação de litofácies A - siliciclástica basal litofácies corresponde às ocorrências ao sul e a su-

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deste de Salto de Pirapora (Domínio Fazendinha- composicionais e granulométricas. Os tipos Jurupará), com espessuras relativas aparentes entre quartzosos apresentam grã levemente grossa a fina, 250 e 300 metros. Nos trechos citados são observa- como na ocorrência ao sul de Salto de Pirapora ante- das rochas argilo-siltosas com cores de alteração, entre riormente mencionada, onde os metarenitos apre- cinza castanho-avermelhado escuro a arroxeado mui- sentam-se em termos conglomeráticos finos, con- to característico, constituídas por níveis extremamen- tendo na base, clastos da litofácies A1 descrita aci- te contínuos com espessuras inferiores a 2 mm, confi- ma (metassiltitos laminados), em granodecrescência gurando laminações plano-paralelas. Em direção ao ascendente (Figura 5). Os referidos clastos são an- topo da litofácies há um nítido incremento de níveis gulosos a subangulosos, com dimensões inferiores de metarenito muito fino (geralmente com espessuras a 5 mm de comprimento, distribuídos de maneira le- de 1 a 15 mm). Ao sul da cidade de Salto de Pirapora, vemente orientada subparalelamente ao plano de próximo ao contato com os metarenitos da litofácies acamamento. Os tipos feldspáticos são em geral mais sobrejacente (Mar-A2), são observadas laminações grossos e estratificados, e apresentam-se freqüen- cruzadas de baixo ângulo do tipo climbing e de temente deformados e associados à presença de truncamento por ondas. São feições com dimensões zonas de cisalhamento transcorrente (Figura 2). decimétricas a milimétricas (espessura máxima dos • Metarritmitos (Mrt-A3, Figuras 1 e 2). Esta foresets inferior a 3 mm) que indicam topos normais litofácies predomina na associação A, assim como para SE e , por vezes, fluxo combinado (alguns sets nas duas porções de área acima mencionadas (Do- indicam a existência de duas direções aparentemente mínios Votorantim e Fazendinha-Jurupará), possi- a 180º). Nas laminações cruzadas de baixo ângulo (Fi- velmente refletindo a estruturação tectônica regio- gura 3) observa-se que os contatos basais das cama- nal. As espessuras aparentes estimadas indicam das claras (silto-arenosas) são predominantemente pacotes possivelmente superiores a 1000 m. É cons- bruscos, com a concavidade voltada para cima, exi- bindo truncamento angular das laminações internas pela camada escura subjacente (pelítica). Um pouco acima da referida porção, as camadas silto-arenosas permanecem com a concavidade para cima, entretan- to, as laminações internas apresentam contatos basais mais tangenciais e gradativos. Embora sejam menos freqüentes, ainda no mesmo local, observam-se fei- ções com convexidade voltada para cima, do tipo laminação cruzada truncada por ondas (Figura 4). O padrão aparentemente bimodal observado em alguns casos nas estruturas sedimentares acima descritas não necessariamente representariam pro- dutos de fluxos combinados. Por exemplo, as estru- turas poderiam representar laminações cruzadas do tipo climbing, cujo corte em afloramento estaria apro- FIGURA 3 - Metassiltitos laminados (Msl-A1). Laminações cruzadas de baixo ângulo. ximadamente perpendicular à direção da corrente (festões), ou poderiam ainda representar descontinuidades internas de foresets, relacionadas à base de estratificações cruzadas de maior ordem (COLLINSON & THOMPSON 1989), mas que não puderam ser identificadas localmente.

• Metarenitos maciços a levemente estratificados (Mar-A2, Figuras 1 e 2). A litofácies está representa- da por “manchas” ou lentes de dimensões variáveis e espessuras aparentes estimadas em dezenas a uma centena de metros, aflorantes no trecho entre as Zonas de Cisalhamento de Pirapora (ZCTP) e de Taxaquara (ZCTT). Compreendem metarenitos pre- FIGURA 4 - Metassiltitos laminados (Msl-A1). dominantemente maciços com variações Laminações cruzadas truncadas por ondas.

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tituída pela alternância de níveis psamíticos (cujas Zona de Cisalhamento de Pirapora (ZCTP, Figuras 1 espessuras variam desde alguns centímetros até 2 e 2), especialmente no seu flanco sul, ocorrem exten- metros) contendo metarenitos muito finos a médi- sas faixas de filitos justapostas aos metarritmitos os, de composição predominantemente feldspática, (Mrt-A3), com os quais exibem contatos e de níveis de metapelitos (metassiltitos, gradacionais, e também aos metassiltitos (Msl-A1), metargilitos, filitos), com espessura nunca exceden- com os quais apresentam contatos abruptos em al- do 50-60 cm. Os níveis metareníticos apresentam guns locais. O tectonismo rúptil posterior parece ter contatos bruscos na base (onde são geralmente sido o responsável pela ocorrência desta litofácies maciços), com granodecrescência normal ascen- também no flanco norte da referida zona de dente em direção às porções pelíticas, marcando cisalhamento na localidade de Piraporinha (Figura estratificação gradual que passa a plano-paralela. 2), onde está em contato com rochas granitóides e Laminações cruzadas de marcas onduladas com associações de litofácies aqui consideradas cavalgantes (climbing), de dimensões milimétricas, estratigraficamente superiores (associação clasto- ocorrem com pouca freqüência próximas à interface química transicional). Em condições normais, os entre os níveis pelíticos e psamíticos, aspecto tam- filitos incluídos nesta litofácies apresentam bém reportado em IG/SMA (1990) na área de estu- estratificação do tipo plano-paralela e representam do e, em HACKSPACHER (1994) para ocorrências uma passagem gradual dos níveis pelíticos verifica- na Folha Cabreúva. Em localidades situadas a su- dos na litofácies anterior (Mrt-A3) para níveis mais deste da área de estudo, essas feições indicam to- espessos e definidos. pos normais, ora para NW, ora para SE, com pre- • Metargilitos maciços (Msl-A5). A litofácies com- dominância desses últimos, provavelmente devido preende níveis de metargilitos maciços, geralmente a dobramentos locais (conjunto de sinformes e caolinizados em afloramento, com ocorrência, dimen- antiformes atribuído à fase de deformação Dn+1). sões e espessuras restritas (provavelmente algumas Ao norte, no Domínio Votorantim, próximo ao con- poucas dezenas de metros) limitando sua represen- tato com os metassiltitos e metargilitos tação em mapa. Os metargilitos estão sobrepostos sobrejacentes da associação de litofácies B (des- em contato gradacional aos filitos anteriormente crita a seguir), os metarritmitos exibem finas descritos (Figura 12). As cores de alteração vão de estratificações onduladas (wavy bedding) indican- cinza esverdeado claro a amarelo esbranquiçado. do topos invertidos para SE, visto que o acamamento sedimentar original mergulha para NW no local. 2.2 Associação de litofácies B - siliciclástica inter- • Filitos laminados a bandados (Fil-A4, Figuras mediária 1 e 2). Esta litofácies tem nos filitos sericíticos seu principal constituinte, ocorrendo subordinadamente A associação de litofácies B - siliciclástica níveis ou variações laterais de filitos grafitosos. A intermediária tem ocorrência restrita à porção norte distribuição desta litofácies na área de estudo está da área de estudo (Domínio Votoratim), constituin- em grande parte associada à deformação provocada do uma faixa contínua de orientação NE-SW, a partir pelas zonas de cisalhamento transcorrente. Junto à da localidade de Santa Helena (sudeste de Votorantim, Figura 1). Nesta associação foram reco- nhecidas três litofácies, descritas a seguir. • Metassiltitos laminados e maciços (Msl-B1, Fi- gura 1). Esta litofácies inclui extensas camadas de metapelitos finos a muito finos, cuja espessura total aparente estimada pode superar 500 m. Caracteri- zam-se por contínuos níveis argilosos e siltosos a areno-siltosos exibindo estratificação/ laminação plano-paralela, cujas espessuras médias variam de 5 mm a 10 cm. Os níveis pelíticos mais puros possuem coloração cinza médio a escuro, passando a casta- nho-avermelhado quando intemperizados, enquan- to os níveis silto-arenosos exibem cores mais claras, FIGURA 5 - Metarenitos maciços a levemente de cinza claro a amarelado. A litofácies apresenta estratificados (Mar-A2). Intraclastos basais e contatos abruptos e descontínuos com os granodecrescência ascendente. metarritmitos (Mrt-A3) da associação de litofácies

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subjacente, em relação espacial de topo invertido escala de afloramento, o que inibiu a individualização nas proximidades da cidade de Votorantim. Os con- destas litofácies no mapa da figura 1. Os contatos tatos são gradacionais com os metarenitos da são difusos e possivelmente de natureza litofácies B3 sobrejacente (descrita a seguir). interdigitada, sugerindo uma possível variação Notadamente, há um incremento dos níveis silto- faciológica vertical e lateral (expressa principalmen- arenosos em direção à litofácies B3. Nesse contexto, te em termos granulométricos e também pela presen- entre Salto de Pirapora e a localidade de Santa Hele- ça ou ausência de estruturas sedimentares), como na, são observadas laminações cruzadas de baixo representado na seção esquemática da figura 12. ângulo (amplitudes de 1 a 2 cm), caracterizadas pela Também não são claras as relações de contato entre concavidade dos sets basais e convexidade para cima esta litofácies e os metassiltitos (Msl-C1) da associ- dos sets superiores, que se assemelham a feições do ação de litofácies C sobrejacente, o que é discutido tipo hummocky (HARMS et al. 1975 apud WALKER oportunamente na descrição daquela associação. & JAMES 1992), embora suas dimensões possam ser consideradas reduzidas para tal. • Metargilitos maciços (Msl-B2, Figura 1). Como acima mencionado, esta litofácies possivelmente re- Por outro lado, a passagem dos metassiltitos presenta variação vertical e lateral da litofácies ante- desta litofácies para os metargilitos maciços da riormente descrita, tendo uma distribuição restrita à litofácies Msl-B2 (descrita a seguir) não é nítida em localidade de Santa Helena, situada a sudeste de

TABELA 1 - Associações de litofácies e prováveis ambientes de sedimentação.

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Votorantim. Caracteriza-se como uma rocha de colo- sos, de coloração mais clara (creme a amarelado) ração cinza claro de tonalidade castanho-amarelada, contendo material de granulometria mais fina (silto- com textura maciça, no entanto, exibindo localmente arenoso) (Figura 6). As formas do acamamento vari- foliação tectono-metamórfica (pouco desenvolvida) am de plano-paralelo a ondulado e lenticular, indi- e pequenas manchas sub-elipsoidais constituídas cando topo normal para ENE. Os foresets de de mineral opaco geralmente oxidado. laminações cruzadas têm espessuras inferiores a 1 cm, concavidade voltada para cima, com contatos • Metarenitos quartzosos (Mar-B3, Figura 1). Na inferiores tendendo a tangenciais e superiores trun- localidade de Santa Helena, a sudeste de Votorantim, cados, apresentando caráter unidirecional de feições ocorre um corpo de forma alongada e lenticular, com subparalelas à paleocorrente. A atitude média dos espessura aparente estimada variando entre 100 e planos de foresets é N63E/60o SE, indicando direção 150 m, constituído por metarenitos cujo conteúdo de paleocorrente para WSW (Az 250-240 aproxima- em quartzo é superior a 95%. A rocha é predominan- damente), como mostra o diagrama de roseta da fi- temente maciça, passando a estratificada em direção gura 11-A. aos contatos, que são parcialmente afetados pelo cisalhamento transcorrente, especialmente em de- 2.3 Associação de litofácies C - clasto-química terminados trechos na interface com metadolomitos transicional pertencentes a associação de litofácies D, sobrejacente. A associação de litofácies C - clasto-química transicional ocorre na porção centro-norte da área Os contatos com litofácies subjacentes de estudo (Domínio Votorantim, Figura 1), particu- (metassiltitos e metargilitos, Msl-B1 e Msl-B2 res- larmente nos arredores da cidade de Salto de Pirapora. pectivamente) são gradacionais e aparentemente A associação inclui metassiltitos maciços e interdigitados, exibindo ao longo dos mesmos laminados, metamargas, metadolomitos e acamamentos ondulados e lenticulares (wavy e metacalcilutitos bandados, metacalcarenitos lenticular bedding) (Figura 6) que, por sua vez, con- dolomíticos, metacalcários laminados e bandados, e têm estruturas sedimentares internas tais como biotita-clorita filitos bandados, descritos a seguir. laminações de migração de marcas onduladas (ripple Apesar da continuidade física e ausência de drift cross lamination). Nesses locais, a atitude ge- contatos bem demarcados com a associação de ral do acamamento sedimentar é N16W/ 88NE, des- litofácies B, assim como similaridades com a associ- tacando-se níveis mais ou menos contínuos, com ação de litofácies D devido à presença comum de espessuras entre 5 e 15 cm, contendo areia fina a rochas clasto-químicas, existem diferenças média de coloração avermelhada, adjacentes e alter- faciológicas que justificam a individualização desta nados com níveis mais abundantes e mais espes- associação. A leste de sua área de ocorrência, as zonas de cisalhamento de Pirapora e de Moreira pro- vocaram a justaposição das rochas da associação de litofácies C e os filitos sericíticos e grafitosos (Fil-A4) da associação de litofácies A (Figuras 1 e 2). No entanto, em direção ao norte, as relações de con- tato com a associação de litofácies B são pouco de- finidas e sugerem um caráter gradacional. A análise geológico-estrutural, incluindo os indicadores de topo e base das camadas, indica uma posição sobrejacente das rochas metacarbonáticas e filitos bandados da associação de litofácies C em relação aos metassiltitos (Msl-B1) pertencentes à associa- ção de litofácies B. Por outro lado, a associação de litofácies C não exibe contato vertical ou continui- dade físico-geográfica com a associação de litofácies D, estando ambas diretamente assentadas em posi- ção sobrejacente à associação de litofácies B. No FIGURA 6 - Metarenitos quartzosos (Mar-B3). entanto, a interpretação faciológica sugere um Acamamento ondulado e lenticular. posicionamento que parece refletir a justaposição

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lateral de ambientes ou de porções distintas de um macroscópica. Mais restritamente, foram observa- mesmo sistema deposicional, como foi das em afloramento, na interface entre níveis claros tentativamente representado na seção vertical (predominantemente quartzosos) e níveis de colora- esquemática da figura 12 e como será discutido pos- ção cinza (carbonáticos) em metamargas do tipo teriormente no item 3. bandado, marcas onduladas levemente assimétricas, com amplitudes inferiores a 5 mm e cristas arredon- • Metassiltitos maciços e laminados (Msl-C1, Fi- dadas. Essas feições foram observadas numa única guras 1 e 2). Esta litofácies compreende as ocorrên- seção aproximadamente perpendicular ao cias de metassiltitos próximas à cidade de Salto de acamamento, indicando topo para a direção WNW Pirapora, cujas características e cores de alteração (Figura 11-B). observadas em afloramento assemelham-se àquelas • Metadolomitos, metacalcilutitos e da litofácies B1, entretanto, apresentando sensíveis metacalcarenitos dolomíticos bandados (Mcd-C3, diferenças. Os perfis geológicos integrados aos da- Figuras1 e 2). Na ocorrência da Mina de Salto (su- dos de poços tubulares profundos não permitiram deste de Salto de Pirapora, contígüa à Zona de estimar a espessura aparente para esta litofácies. As Cisalhamento de Moreiras, ZCTM), esta litofácies rochas aqui incluídas apresentam localmente textu- consiste de um arranjo plano-paralelo no qual pre- ras maciças que evoluem para laminações plano-pa- dominam camadas de coloração cinza claro, com es- ralelas em direção às litofácies sobrejacentes, com pessuras variando de 1-2 mm até 8-10 cm, que se as quais exibem contatos gradacionais e incluem pos- alternam com camadas de cor cinza escuro, com es- síveis variações laterais (contatos com as litofácies pessuras inferiores a 2 cm. Os níveis mais claros C2, C3 e C4 descritas a seguir). A estratificação, quan- geralmente apresentam uma textura mais granular do observada, expressa-se por níveis contínuos de (microesparítica), sendo constituídos predominan- material silto-argiloso com espessuras nunca exce- temente por carbonatos e quartzo, enquanto os ní- dendo 5 ou 6 mm. veis escuros exibem textura criptocristalina (micrítica), • Metamargas laminadas a bandadas (Mcd-C2, onde os minerais opacos são os constituintes prin- Figuras1 e 2). Esta litofácies refere-se às ocorrências cipais. de rochas metacarbonáticas impuras, de forma alongada e/ou lenticular descontínuas, distribuídas Mesoscopicamente, o contato entre os níveis de maneira esparsa. A espessura provavelmente va- é bem marcado pelo contraste textural e, em seção ria no sentido lateral em decorrência da forma delgada, pela passagem abrupta. Todavia, os conta- lenticularizada, tendo sido estimados valores máxi- tos com as litofácies subjacente (Mcd-C2) e mos entre 150 e 200 m. Os contatos com as demais sobrejacente (Fclx-C5), no local, não refletem essa litofácies são gradacionais e também indicam varia- característica, prevalecendo o caráter gradacional. ções laterais e interdigitamentos. As rochas que cons- Nas ocorrências da localidade de Ponte Alta (área tituem esta litofácies caracterizam-se pela alternância de mineração desativada, a leste-nordeste de Salto de níveis estratificados de material silto-argiloso, de Pirapora, Figura 2) a litofácies caracteriza-se pela cujas espessuras variam de 1 a 2 mm nos tipos presença mais freqüente de termos psamíticos, apre- laminados e de 5 a 10 mm nos tipos bandados, exi- sentando contatos gradacionais a levemente abrup- bindo coloração cinza médio a escuro com tonalida- tos (onde há maior contraste textural) com as de verde a castanho-avermelhada. A análise litofácies adjacentes (C1, C2 e C4). Nesse último lo- petrográfica revelou que o acamamento sedimentar cal a rocha exibe estratificação plano-paralela, cons- em arranjo plano-paralelo consiste de níveis claros, tituída pela alternância de níveis mais espessos (de onde predominam grãos angulosos de quartzo e 3 mm a 6 cm) de material silto-arenoso muito fino a sericita, que se alternam com níveis compostos por fino de coloração cinza claro a amarelado, constitu- carbonatos e opacos e níveis contendo clorita e ído por carbonatos e quartzo, e de níveis menos es- opacos, responsáveis pelas tonalidades pessos (inferior a 1 mm a 15 mm), por vezes, avermelhadas e esverdeadas respectivamente. Lo- descontínuos, de coloração cinza esbranquiçado, calmente as espessuras dos níveis variam bastante contendo material mais fino (carbonatos). Ocorrem ressaltando-se a granodecrescência ascendente dos granodecrescência ascendente e variação vertical níveis quartzosos em direção aos níveis da espessura dos níveis. Observa-se a presença de carbonáticos. Este aspecto, observado em nível mi- diferentes tipos de estruturas sedimentares, impor- croscópico, parece refletir as condições ambientais tantes para interpretação paleoambiental. Na base e o arranjo das litofácies em escala meso e desta litofácies os níveis são mais finos e aproxima-

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damente equidimensionais (laminações plano-para- zo. Possíveis estruturas de contração foram obser- lelas), passando a espessuras maiores onde predo- vadas nos níveis escuros, em escala meso e mi- minam gradativamente os níveis silto-arenosos, atin- croscópica, definidas por vênulas aciculares pre- gindo texturas mais maciças a uniformemente enchidas por material carbonático, com disposição estratificadas no topo, onde são observados intraclastos de metarenito muito fino (Figura 7), dis- postos paralelamente ao acamamento sedimentar, segundo direções de maior comprimento cujas di- mensões variam de 2 a 7 cm. Na porção intermediá- ria, onde a alternância entre os níveis é mais caracte- rística, observam-se diversas estruturas sedimentares internas ao acamamento. São laminações de migração de marcas onduladas (ripple drift cross lamination), como mostrado nas figuras 8 e 9, de baixo ângulo, cujo comportamento parece acompanhar as variações verticais acima descritas, observando-se uma tendência à assimetria de for- FIGURA 7 - Metadolomitos, metacalcilutitos e mas, e característica estrutural por vezes dissimilar metacalcarenitos dolomíticos bandados (Mcd-C3). dos sets adjacentes na direção do topo (DE RAAF Intraclastos. et al. 1977 apud READING 1996). Localmente, regis- tra-se a ocorrência de laminações cruzadas de baixíssimo ângulo que tendem a paralelizar-se ao pla- no de estratificação na parte inferior, passando a laminações cruzadas de ângulos maiores, prevale- cendo foresets unidirecionais mas também em dire- ções opostas. Os foresets têm espessuras entre 2 e 3 mm podendo chegar a 1 cm, com mergulhos varian- do de 5 a 15o para NNE indicando topos normais das camadas para WNW e direção de paleocorrente para SSW (Figura 11-B). As laminações cruzadas apre- sentam, em geral, base côncava com limites tangenciais dos foresets; na parte superior, predo- minam os limites erosivos, por vezes, com feições de FIGURA 8 - Metadolomitos, metacalcilutitos e truncamento angular e superfícies de reativação e, metacalcarenitos dolomíticos bandados (Mcd-C3). menos freqüentemente, recobrimentos por material Laminações de migração de marcas onduladas. mais fino (mud drapes) ssemelhantes a estruturas do tipo tidal bundles (WALKER & JAMES 1992), como o exemplo apresentado na figura 9. As espes- suras aparentes estimadas para esta litofácies não devem exceder os 200 m.

• Metacalcários (metacalcilutitos predominan- temente laminados e bandados) (Mcd- C4, Figu- ras 1 e 2). As ocorrências referentes a esta litofácies correspondem a corpos alongados e/ou lenticulares situados a leste e nordeste de Salto de Pirapora. Em geral, correspondem a tipos bandados que se caracterizam por faixas claras, com espessuras en- tre 3 mm e 4 cm, constituídas de carbonato e quart- zo (texturas esparíticas), alternadas a filmes e finos FIGURA 9 - Metadolomitos, metacalcilutitos e níveis escuros a esverdeados, com espessuras de metacalcarenitos dolomíticos bandados (Mcd-C3). menos de 1 mm a 1 cm, compostos por minerais Laminações cruzadas de migração de marcas onduladas e opacos e carbonatos associados a epídoto e quart- mud drapes.

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sub-perpendicular ao acamamento e confinadas a mente sobreposta aos metassiltitos e metargilitos esses níveis. Essas feições indicaram topo normal (Msl-B1 e Msl-B2 respectivamente) e metarenitos para NW. O contato com a litofácies Mcd-C3, des- (Mar-B3) da associação de litofácies B. Os contatos crita anteriormente, varia de gradacional a levemen- são predominantemente gradacionais destacando- te abrupto devido a contrastes texturais. Na ocor- se trechos em que este contato foi afetado pelo rência de Ponte Alta (leste-nordeste de Salto de cisalhamento transcorrente. Como mencionado an- Pirapora) (Figura 2), os metacalcários são mais teriormente no item 2.3, não existem relações de con- laminados, e passam gradacionalmente nos conta- tato vertical ou continuidade física entre as associa- tos inferior e superior para os metacalcilutitos e ções de litofácies C e D, que, no entanto, apresen- metacalcarenitos dolomíticos da litofácies C3, res- tam similaridades litofaciológicas, cujas relações de pectivamente. contato (gradacional) com a associação de litofácies • Biotita-clorita filitos bandados (Fcl-C5) (Fi- B subjacente sugerem a justaposição lateral de am- gura 2). A única ocorrência desta litofácies regis- bientes, que poderiam ser partes integrantes de um tra-se na localidade de Piraporinha, estendendo- mesmo sistema deposicional. As litofácies da asso- se da Mina de Salto à lavra da Minercal, onde ciação D – carbonática impura superior são descri- passa vertical e lateralmente às metamargas da tas a seguir. litofácies C2 e a metadolomitos e metacalcilutitos da litofácies C3 (Figura 12). Corresponde a uma • Metadolomitos e metacalcilutitos dolomíticos estreita faixa aflorante com espessura aparente bandados, laminados e maciços. (Mcd- D1) (Figura estimada inferior a 80-100 m, apresentando rela- 1). A presente litofácies diz respeito às ocorrências ções de contato difusas (gradacionais a levemen- da Mina Baltar e do Pastinho, onde ocorrem corpos te abruptas) e posições estratigráficas variadas alongados e/ou lenticulares com espessura aparen- em relação às demais litofácies (C1, C2 e C3), po- te estimada em 200-400 m. Apresenta sensíveis vari- dendo representar interdigitamentos. As rochas ações texturais traduzidas pelos tipos mencionados são constituídas por uma alternância de caráter acima, que aparentemente refletem flutuações nas rítmico entre níveis claros (branco leitoso a cinza condições de deposição. muito claro), contendo predominantemente quart- zo, e níveis escuros (cinza escuro a esverdeado), Os tipos laminados e bandados são predo- contendo principalmente biotita, clorita e epidoto. minantes, caracterizando-se pela alternância de ní- A espessura dos níveis é bastante variável, desde veis de coloração cinza médio a escuro, de textura 1-2 mm até superior a 1 m nos níveis claros. predominantemente micrítica, e de níveis de colo- Algumas feições centimétricas, observadas na ração cinza claro, onde as texturas predominantes interface de contato entre os níveis, insinuam mar- são esparíticas. A espessura de cada nível é bas- cas onduladas levemente assimétricas, indicando tante variável (de 1-2 mm até 50-60 cm) ao longo topo normal para SSE. dos afloramentos, prevalecendo os níveis de granulometria mais fina. Os contatos entre os ní- 2.4. Associação de litofácies D - carbonática impu- veis são eminentemente gradacionais, assim como ra superior em relação à litofácies sobrejacente (D2), compos- ta por metacalcários, onde observa-se A associação de litofácies D - carbonática granodecrescência ascendente e aumento progres- impura superior compreende metadolomitos e sivo da quantidade e da continuidade das lentes metacalcilutitos predominantemente laminados a de metacalcário em direção ao topo. Na Mina do bandados, metacalcários maciços, e porção bastan- Baltar, os contatos entre os metadolomitos e as te restrita e localizada de quartzo-filitos e filitos lentes de metacalcário apresentam tênues e laminados. O trecho de ocorrência desta associação descontínuas ondulações centimétricas, marcadas está limitado à localidade de Santa Helena (Figura 2, pela concentração de material fino de coloração Domínio Votorantim, nordeste da área de estudo), escura, similares a feições do tipo flaser (REINECK onde estão situadas as instalações da fábrica de ci- & SINGH 1980, COLLINSON & THOMPSON mento Votoran I e respectivas áreas de explotação 1989). Eventualmente, os metadolomitos e mineral. As relações de contato conjugadas à análi- metacalcilutitos apresentam textura maciça e, em se geológico-estrutural, incluindo as indicações de alguns locais, exibem aspecto brechóide, com topo e base das camadas, mostram que a associação vênulas aciculares preenchidas por material de litofácies D ocupa posição estratigráfica direta- carbonático, similares às feições descritas na

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litofácies C4, que poderiam corresponder a estru- onde sobre o plano de acamamento sedimentar são turas de contração. observadas marcas onduladas de tipos distintos. Marcas onduladas assimétricas de cristas arredon- Na porção inferior da Mina Baltar (entre dadas ocorrem com padrão mais ou menos contí- cotas altimétricas de 510 e 495 m), foram observa- nuo e sinuoso, fora de fase em plano, com amplitu- das laminações de migração de marcas onduladas des máximas não ultrapassando 1 cm e comprimen- (ripple drift cross lamination), cujas amplitudes tos de onda da ordem de 4 a 5 cm (Figura 10); tais variam entre 3 e 4 mm. As observações foram feições indicam inversão do topo da camada para efetuadas em seção vertical aproximadamente lon- NW, e sentido da paleocorrente, inferido a partir gitudinal ao plano do acamamento que, no local, do caimento da linha hipotética transversal à dire- apresenta atitude média N58E/48NW. As ção das cristas e da direção dos flancos montan- laminações indicaram topo normal para a direção NNW, com foresets submilimétricos tendo atitude média N25E/38NW. Na mesma localidade, também foram observadas laminações cruzadas de baixo ângulo, indicando truncamento por ondas. A am- plitude da referida estrutura é de cerca de 15 mm, e o acamamento sedimentar tem atitude N87E/ FIGURA 11 - Diagramas de rosetas indicando as direções 77NE. de paleocorrentes observadas na área de estudo. A - associação de litofácies B, B - associação de litofácies C, C • Metacalcários maciços (Mcd- D2) (Figura 1). - associação de litofácies D. Esta litofácies corresponde essencialmente às ro- chas de coloração escura (preta) e composição pre- dominantemente calcítica, com textura maciça (micrítica), aflorantes nas Minas Baltar, da Placa e do Pastinho (sudeste de Votorantim), cuja espessu- ra aparente estimada não deve exceder os 100 m. São rochas extremamente homogêneas, não sendo ob- servadas estruturas sedimentares. Os contatos são gradacionais com os metadolomitos da litofácies subjacente (D1) e com os filitos da litofácies sobrejacente (D3) descritos a seguir. • Filitos laminados e quartzo filitos. (Fil- D3) (Fi- gura 1). Na ocorrência da Mina da Placa, afloram filitos de textura microcristalina de cor escura (pre- to), que apresentam laminações plano-paralelas com extrema uniformidade de espessuras (de 2 a 3 cm). Entre os níveis pelíticos alternam-se níveis mais quartzosos de textura ligeiramente mais grossa,

FIGURA 12 - Seção vertical esquemática mostrando as relações entre as diferentes litofácies e associações de litofácies identificadas nas rochas do Grupo São Roque, sudeste do Estado de São Paulo. Indicação das estruturas sedimentares ocorrentes e de algumas espessuras aparentes FIGURA 10 - Filitos laminados e e quartzo filitos (Fil- estimadas a partir de perfis geológicos conjugados a dados D3). Marcas onduladas assimétricas. de poços tubulares profundos.

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tes, para SW (Az 220 aproximadamente). Também interpretadas como parte da associação de litofácies são observadas marcas onduladas de perfil simé- A – siliciclástica basal dada à sua contigüidade físi- trico apresentando cristas arredondadas e mais co-geográfica e aparente ausência de contínuas, com padrão retilíneo em planta. As am- descontinuidade estratigráfica em relação às plitudes são inferiores a 5 mm e os comprimentos litofácies A3 e A4, com as quais estão em contato. de onda situam-se entre 7 e 8 cm. De forma especulativa, poder-se-ia dizer que as fei- ções observadas são indicativas de que os Parte dos quartzo-filitos (ou mesmo, filitos metassiltitos (Msl-A1) representariam uma suces- miloníticos) aflora nas adjacências da Zona de são de plataforma rasa (lamas plataformais), possi- Cisalhamento de Moreiras (ZCTM, Figura1) apre- velmente num sistema influenciado por ondas e tem- sentando-se em afloramento e em seção delgada pestades. Nesse contexto, a presença de corpos de intensamente afetados por esta, correspondendo a metarenitos quartzosos e feldspáticos (Mar-A2), lo- porções milonitizadas desta litofácies. calmente exibindo termos conglomeráticos e intraclastos basais, poderia ser interpretada como 3 DISCUSSÃO depósitos de canal, não sendo possível precisar, no entanto, se tais depósitos estariam associados a um As descrições efetuadas acima, integradas às perfil regressivo, de descida relativa do nível do mar. análises petrográficas e aos resultados obtidos pela As feições características da associação de análise estrutural e tectônica, conduzem a interpre- litofácies B - siliciclástica intermediária indicam tações distintas para cada uma das associações de condições de deposição de uma plataforma rasa de litofácies caracterizadas no presente trabalho. caráter progradante, possivelmente dominada por Características sedimentares, geometria e re- ondas e com influência de tempestades. Os lações de contato entre as diferentes litofácies su- metassiltitos da litofácies B1 (Msl-B1), nos quais gerem que a porção superior da associação de predominam laminações plano-paralelas, mas con- litofácies A - siliciclástica basal corresponde a um tendo laminações cruzadas truncadas por ondas si- contexto deposicional de águas profundas, no qual milares a hummockys, apesar de suas reduzidas di- a sucessão compreendida pelas litofácies A3, A4 e mensões, poderiam constituir lamas plataformais si- A5 corresponderia a uma sucessão turbidítica. Os tuadas próximas ou pouco acima do nível de base metarritmitos (Mrt-A3) que incluem intercalações das ondas. Os metarenitos da litofácies B3 e cíclicas de metarenitos com granodecrescência as- metargilitos maciços da litofácies B2 podem repre- cendente na base, seguidos de estratificações e sentar os depósitos de uma antepraia (shoreface) laminações plano-paralelas e laminações cruzadas com indícios de progradação sobre a associação de do tipo climbing na interface com camadas pelíticas, litofácies D, onde há transição para um ambiente no representariam fluxos gravitacionais de massa repre- qual a influência de fluxos gerados por marés torna- sentados por correntes de turbidez de alta densida- se progressivamente relevante, ainda assim, com de em condições possivelmente distais. Em direção aspectos indicativos de progradação, como menci- ao topo, correspondendo aos filitos e metargilitos onado a seguir. A presença de acamamentos ondu- maciços (litofácies A4 e A5, respectivamente), a su- lados a lenticulares contendo laminações internas cessão passaria a turbiditos de baixa densidade, ou na interface entre a litofácies B1 e B3 indica uma poderia ainda representar a intercalação de proces- zona de transição entre os sedimentos plataformais sos de decantação num contexto de deposição e sedimentos depositados em ambiente sujeito à in- pelágica ou hemipelágica. Tal contexto é bastante fluência de marés. Os trechos em que a litofácies B2 similar àquele sugerido por IG/SMA (1990), signifi- gradaciona ou interdigita-se diretamente com os se- cando portanto condições de aprofundamento dimentos carbonáticos da litofácies D1 podem re- batimétrico e subida relativa do nível do mar. presentar a progradação da shoreface sobre os am- No entanto, as litofácies A1 e A2, posicionadas bientes vinculados àquela associação. na porção inferior da associação, compreendendo As informações coletadas, abrangendo as os metassiltitos com laminações cruzadas de baixo variadas litofácies que compõem a associação de ângulo e de truncamento de ondas no topo, sucedi- litofácies C - clasto-química transicional, indicam, dos em contato abrupto por metarenitos com como a própria denominação adotada sugere, con- intraclastos basais e granodecrescência ascenden- dições de deposição que vão de uma plataforma rasa, te, aparentemente integram um contexto deposicional com aporte de material carbonático, dominada por de águas mais rasas. Essas litofacies foram aqui ondas e de características progradantes, para um

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ambiente de sedimentação onde prevaleceram os a porção intermaré e alcançando restritamente a zona processos associados a fluxos determinados por supramaré. Dessa forma, as litofácies D1 e D2, cons- marés (intramaré passando a intermaré). As litofácies tituídas respectivamente por metadolomitos e aqui incluídas (em especial, C2, C3, C4 e C5), metacalcilutitos dolomíticos predominantemente notadamente, apresentam geometrias lenticulares, bandados e laminados e por metacalcários maciços, além de variações laterais e verticais entre si, que correspondem em parte a ambientes de sedimenta- podem estar associadas a variações batimétricas e à ção do tipo mixed flats e, principalmente, ambientes quantidade de aporte sedimentar. Nesse contexto, do tipo mud flats. A presença de feições similares a os metassiltitos da litofácies C1 e as metamargas hummockys na base da litofácies D1 pode significar correspondentes à litofácies C2, constituiriam de- a incursão de ondas de tempestade sobre a planície pósitos plataformais propriamente ditos. Parte des- de maré, associada à característica progradante dos ta última litofácies (C2), associada à litofácies C5 depósitos plataformais e de shoreface (referentes à (biotita-clorita filitos bandados), onde são observa- associação de litofácies B) como mencionado aci- das granodecrescências ascendentes, marcas ondu- ma. A litofácies D3, contendo marcas onduladas ladas e feições do tipo flaser, podem representar a assimétricas e simétricas de oscilações na superfície passagem do contexto de plataforma rasa para ambi- do acamamento, configura possivelmente as porções entes de sedimentação associados a sistemas de topo do ambiente intermaré (mud flat) passando carbonáticos perimaré ou de planícies de maré a supramaré. (READING 1996, WALKER & JAMES 1992). Na figura 12, as associações de litofácies C e D As constituições granulométricas e estrutu- são representadas como sucessões verticais de ras sedimentares observadas nas litofácies C3 e C4 litofácies dispostas paralelamente em seção evidenciam ambientes de sedimentação dominados estratigráfica esquemática. Tal disposição procura por ondas e marés com características intermaré, refletir uma possível justaposição lateral de ambien- correspondendo a uma transição de porções inferi- tes ou de porções distintas de um mesmo sistema ores para porções superiores de uma planície de maré deposicional. Note-se que as relações de campo in- (sand flats para mixed flats). Segundo WALKER & dicam que, apesar de não haver contigüidade físico- JAMES (1992), sand flats ocupam a porção distal da geográfica entre as associações C e D, ambas são maioria das planícies de maré, onde a velocidade da sobrejacentes à associação de litofácies B, num con- corrente é menor, exibindo laminações cruzadas, en- texto em que as transições entre as sucessões de quanto as camadas de lama tornam-se mais abun- litofácies não apresentam grandes descontinuidades, dantes em direção ao continente, na medida em que ou seja, predominam contatos gradacionais verti- se afastam dos canais de maré, configurando mixed cais e laterais, como por exemplo, a passagem lateral flats. Ainda que sejam tênues evidências, as possí- dos metassiltitos e argilitos das litofácies B1 e B2, veis estruturas de contração verificadas na litofácies respectivamente, para os metassiltitos da litofácies C4, situada no topo desta associação, teriam origem C1. subaquosa, corroborando a hipótese de lâminas Em três associações de litofácies foi possí- d’água menores. COLLINSON & THOMPSON vel reconhecer feições indicativas da direção e do (1989) assinalam a presença de gretas de sinérese sentido das paleocorrentes. Embora a ocorrência (shrinkage cracks) em sedimentos argilosos ricos dessas feições tenha sido pontual e esparsa, restrita em carbonatos, principalmente onde as camadas são a alguns poucos afloramentos, elas contribuíram para pouco espessas, como é o caso dos metacalcários a descrição e interpretação acerca dos ambientes de laminados e bandados da litofácies C4. sedimentação. Para o contexto da área de estudo As estruturas sedimentares observadas, como um todo, as indicações são de que as conjugadas à geometria e relações de contato entre paleocorrentes direcionavam-se predominantemen- as litofácies (espessuras menores, formas te para o sul-sudoeste (Figura 11), já computadas as lenticulares, contatos gradacionais com feições ca- possíveis inversões de topo das camadas. No en- racterísticas), indicam que a deposição da associa- tanto, os efeitos do cisalhamento transcorrente e a ção de litofácies D - carbonática impura superior possibilidade de rotação de blocos tectônicos de- processou-se num ambiente de águas muito rasas vem ser considerados, o que significa que tais inter- dominado por correntes e oscilações de maré, com pretações devem ser tomadas com ressalvas. Na as- possibilidade de períodos de exposição subaérea das sociação de litofácies B, os indicadores apontam o porções superiores. O referido contexto corresponde sentido da paleocorrente para WSW (Figura 11-A), provavelmente a uma planície de maré, abrangendo enquanto que, na associação de litofácies C, o sen-

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tido indicado é SSW (Figura 11-B) e, na associação poderiam ser consideradas como co-genéticas, por de litofácies D varia de SW a SSW (Figura 11-C). Por aparentemente representarem porções distintas de outro lado, a relativa consistência das direções de um mesmo sistema deposicional, que apresentam paleocorrentes para o quadrante SW dentro de cada características diferenciadas em termos de proces- associação de litofácies e entre as mesmas, acres- sos sedimentares e de paleogeografia, razão pela centada ao fato de que as associações de litofácies qual foram interpretadas no presente trabalho (e B, C e D, onde foram efetuadas as medidas, encon- representadas graficamente na seção esquemática tram-se todas situadas dentro de um mesmo bloco da figura 12) como justaposição lateral de ambien- tectônico (Domínio Votorantim, ao norte da Zona de tes. Dessa forma, parte da associação de litofácies Cisalhamento de Pirapora, ZCTP, Figura 1) é um as- C representaria as porções intramaré e intermaré de pecto favorável à confiabilidade das interpretações uma planície de maré, enquanto a associação de aqui efetuadas. litofácies D corresponderia às porções inter a supramaré. As descrições e interpretações efetuadas aci- 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS ma, integradas ao empilhamento estratigráfico pro- posto para a área de estudo (Figura12), permitem o O levantamento efetuado visando à caracteri- estabelecimento de correlações informais entre as zação de fácies sedimentares permitiu o reconheci- associações de litofácies caracterizadas e as desig- mento de quatro associações de litofácies distintas nações utilizadas por BERGMANN (1988, 1992) e na parte ocidental do Grupo São Roque, aflorantes HACKSPACHER (1994) para as possíveis unidades no sudeste do Estado de São Paulo. As associações litoestratigráficas do Grupo São Roque em áreas ad- caracterizadas correspondem a ambientes de sedi- jacentes, com pequenas variações e algumas ressal- mentação que variam de marinho profundo, passan- vas. Dentro desse contexto, podem ser feitas as se- do a marinho raso e marinho restrito ou marinho- guintes observações: lagunar. As litofácies A1 e A2, situadas na porção infe- • a associação de litofácies A - siliciclástica basal rior da associação de litofácies A - siliciclástica basal, corresponderia à Formação Estrada dos Romeiros; apresentam características de uma deposição inici- • a associação de litofácies B - siliciclástica interme- almente em águas mais rasas, que poderia diária corresponderia, em parte, à Formação corresponder a uma sucessão regressiva, sem evi- Voturuna, ressalvando-se, no entanto, a possibili- dências conclusivas para tal. Já as litofácies A3, A4 dade de variações laterais e verticais que implicam e A5 sobrejacentes, corresponderiam a depósitos possíveis intervalos estratigráficos de transição; de águas profundas associados a uma aparente su- • a associação de litofácies C - clasto-química bida do nível relativo do mar. transicional, representa provavelmente as referidas As características faciológicas observadas variações, que podem estar relacionadas a aspec- nas associações de litofácies B, C e D refletem a tos tais como variações batimétricas e possíveis predominância de um contexto progradacional, de- deslocamentos das fácies sedimentares, como in- senvolvido em condições de nível do mar constan- dicam as estruturas sedimentares observadas e dis- te (possivelmente alto) e significativo aporte tribuição espacial das litofácies. Desse modo, a as- sedimentar. A interpretação dos dados e a seção sociação de litofácies C poderia representar uma esquemática da figura 12 sugerem uma superfície transição da porção superior da Formação Voturuna máxima de inundação (GALLOWAY 1989) entre as para a porção mais inferior da Formação Pirapora; associações de litofácies A e B. Especulativamente, • a associação de litofácies D - carbonática impura pode ser interpretado que o nível relativo do mar superior corresponderia, com ressalvas, à For- poderia ter se mantido alto após a aparente subida mação Pirapora. No caso, o contexto deposicional registrada na sucessão turbidítica (litofácies A3, aqui mencionado difere a princípio daquele ob- A4, e A5) da associação de litófacies A, com pro- servado por BERGMANN (1988) na região de gressiva diminuição da batimetria em função do Pirapora do Bom Jesus, marcado pela ausência preenchimento do espaço por sedimentação de rochas metavulcânicas associadas a progradante (associação de litofácies B), culminan- metacalcários de origem algácea. do com o estabelecimento de planícies de maré mis- tas representadas pelas associações de litofácies Alguns aspectos envolvendo a tectônica da C e D. De forma restrita, estas duas associações área também merecem ser destacados:

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• dobramentos observados em escala métrica a 6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS decamétrica, associados à primeira fase de de- formação dúctil (Dn), são responsáveis por in- ALMEIDA, F.F.M. 1955. As camadas de São Paulo e versões estratigráficas locais, que, no entanto, a tectônica da serra da Cantareira. São Paulo: podem refletir um comportamento regional. Tal Boletim SBG, 4(2): 23-40. possibilidade é corroborada pela ocorrência da litofácies Mrt-A3 (metarritmitos) em porções ALMEIDA, F.F.M.; HASUY, Y.; PONÇANO, W.L.; opostas e distintas da área de estudo; na extre- DANTAS, A.S.L.; CARNEIRO, C.D.R.; midade norte no Domínio Votorantim, em situa- MELO, M.S. de; BISTRICHI, C.A. 1981. Mapa ção de topo invertido em relação à associação Geológico do Estado de São Paulo, Esc. de litofácies B, e ao sul no Domínio Fazendinha- 1:500.000. São Paulo, IPT, v.1, Nota Jurupará (Figura 1). Note-se ainda que as se- Explicativa. qüências de rochas turbidíticas e micaxistos identificadas por CAMPOS NETO et al. (1990) BERGMANN, M. 1988. Caracterização na Folha Pilar do Sul, correlacionáveis ao Gru- estratigráfica e estrutural da seqüência po Açungui ao sul, poderiam representar a con- vulcano-sedimentar do Grupo São Roque, tinuidade dos ambientes deposicionais de região de Pirapora do Bom Jesus (SP). Insti- águas mais profundas representados pela as- tuto de Geociências, Universidade de São sociação de litofácies A - siliciclástica basal, Paulo, São Paulo, Dissertação de Mestrado, caracterizada no presente trabalho e aflorante 164p. na porção imediatamente ao norte da Zona de Cisalhamento de Taxaquara; BERGMANN, M. 1992. Litoestratigrafia e • os trends faciológicos foram significativamente paleoambiente do Grupo São Roque na região afetados pela tectônica transcorrente, como é o do sinclinório de Pirapora(SP) - Revisão. In: caso de Piraporinha (porção centro-oeste da área SBG, CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLO- de estudo, próximo à cidade de Salto de Pirapora, GIA, 37, São Paulo, Boletim Resumos Expandi- Figuras 1 e 2), onde a Zona de Cisalhamento de dos, 1: 282-283. Pirapora justapõe porções das associações de litofácies A e C. Na mesma localidade observam- BISTRICHI, C.A. 1982. Geologia do Sinclinório de se ainda deslocamentos dos contatos litológicos Pirapora, SP. Instituto de Geociências, Univer- e, por conseguinte, dos limites de algumas sidade de São Paulo, São Paulo, Dissertação litofácies, provocados por conjugados de falhas de Mestrado, 126p. associados a regime compressional de orientação NW-SE (FERNANDES DA SILVA 1997, 1998). BISTRICHI, C.A.; CARNEIRO, C.D.R.; Deslocamentos nos contatos litológicos entre DANTAS, A.S.L.; PONÇANO, W.L.; CAM- metarritmitos (Mrt-A3), filitos (Fil-A4) e granitos PANHA, G.A.C.; NAGATA, N.; ALMEIDA, (Sf) foram também atribuídos a este evento rúptil M.A.; STEIN, D.P.; MELO, M.S. de; em localidades situadas na extremidade leste da CREMONINI, O.A.; HASUI, Y.; ALMEIDA, área estudada, no Domínio Fazendinha-Jurupará. F.F.M. 1981. Mapa Geológico do Estado de São Paulo, Esc. 1:500.000. São Paulo, IPT.v.2. 5 AGRADECIMENTOS CAMPOS NETO, M.C.; BERGMANN, M.; SIGA, O autor gostaria de expressar seus agradeci- Jr., O; FIGUEIREDO, M.C.H. 1990. Geologia mentos ao Prof. Dr. Claudio Riccomini pela orienta- da Folha Pilar do Sul, 1:25.000. Relatório ção dos trabalhos, críticas e sugestões; ao Instituto IGUSP/PRO-MINÉRIO (inédito), V.1, Geolo- Geológico (IG/SMA) pelo apoio financeiro e gia, 161p. infraestrutura; à Cristina M. Nunes pelo apoio em diversas etapas do trabalho, incluindo digitação de CARNEIRO, C.D.R. 1983. Análise estrutural do Gru- textos, tabelas e tabulação dos dados estruturais; à po São Roque na faixa entre o pico do Jaraguá CAPES pela concessão de bolsa de estudos, e aos e a serra dos Cristais, SP. Instituto de relatores da Revista do Instituto Geológico pela lei- Geociências, Universidade de São Paulo, São tura crítica do presente artigo. Paulo, Tese de Doutoramento, 155p.

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Paulo Cesar Fernandes da Silva - Instituto Geológico, Secretaria do Meio Ambiente, Av. Miguel Stéfano 3900, CEP 04301-903, São Paulo, SP. Email: [email protected].

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