PLANO MUNICIPAL DE GESTÃO INTEGRADA DE RESÍDUOS SÓLIDOS DE CRUZALTENSE/RS

JULHO/2012

Elaboração

Prefeitura Municipal de Cruzaltense

J. Celi & Cia. Ltda. - Bionature Soluções Ambientais

Prefeitura Municipal de Cruzaltense/RS

Av. Pedro Álvares Cabral, n° 300, Centro - Cruzaltense/RS

CEP: 99665.000

Fone: (54) 3613-6032/6117

J. Celi & Cia. Ltda. – Bionature Soluções Ambientais

Av. Antonio Paris, nº 389, Centro – Ponte Preta/RS

CEP: 99735.000

Fone: (54) 3568-0032

Equipe Executora

Nome Profissão Função na Equipe Conselho Profissional

Jean Carlos Merg Químico Coordenação/Fiscalização CRQ-V 05201969

Prefeitura Muncipal

Jonia Celi Bióloga Executora CRBio 058893-03D

Leandro Fagundes Eng. de Minas Executor CREA/RS 072.949

Josiel Fernando Griseli Técnico em Executor CREA/RS 130.946 Agropecuária

SUMÁRIO

1.APRESENTAÇÃO 1 2.INTRODUÇÃO 2 3. OBJETIVOS 4 3.1. Objetivo Geral 4 3.2. Objetivos Específicos 4 4. CRONOGRAMA DAS ATIVIDADES DO PMGIRS 5 5. CONSIDERAÇÕES DE RESÍDUOS SÓLIDOS 6 5.1. Resíduo Sólido 6 5.2. Classificação dos Resíduos Sólidos 6 5.2.1. Quanto à Natureza Física 7 5.2.1.1. Resíduos Secos e Úmidos 7 5.2.2. Quanto à Composição Química 8 5.2.2.1. Resíduo Orgânico 8 5.2.2.2. Resíduo Inorgânico 8 5.2.3. Quanto aos Riscos Potenciais ao Meio Ambiente 8 5.2.3.1. Resíduos Classe I – Perigosos 9 5.2.3.2. Resíduos Classe II – Não perigosos 9 5.2.4. Quanto à Origem 10 5.2.4.1. Doméstico 10 5.2.4.2. Comercial 10 5.2.4.3. Público 11 5.2.4.4. Serviços de Saúde 11 5.2.4.5. Especial 14 5.2.4.6. Construção Civil/ Entulho 16 5.2.4.7. Industrial 17 5.2.4.8. Portos, Aeroportos e Terminais Rodoviários e Ferroviários 17 5.2.4.9. Agrícola 18 6. CARACTERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO 19 6.1. Aspectos Gerais 19

6.1.1. Perímetro Urbano do Município 22 6.1.2. Histórico do Município 23 6.1.3. Características Demográficas 25 6.1.4. Indicadores Socioeconômicos 25 6.1.5. Fatores Abióticos 29 6.1.6. Situação do Saneamento Básico 34 6.1.7. Legislação Local Vigente 37 6.1.8. Estrutura Administrativa Municipal 38 6.1.9. Orçamento Municipal – Resíduos Sólidos 39 6.1.10. Educação Ambiental 40 6.2. Levantamento e Diagnóstico da Situação Atual dos Resíduos Sólidos 41 6.2.1. Serviços de Resíduos Sólidos Urbanos – Coleta Seletiva 42 6.2.1.1. Catadores em Cruzaltense 51 6.2.1.2. Cooperativas em Cruzaltense 51 6.2.2. Serviços de Limpeza Pública 52 6.2.2.1. Serviço de Varrição 53 6.2.2.2. Serviço de Limpeza de Ralos e Bocas-de-lobo 55 6.2.2.3. Serviço de Capina e Raspagem 55 6.2.2.4. Serviços de Poda 56 6.2.3. Resíduos de Serviços de Saúde 57 6.2.4. Resíduos Industriais e da Construção Civil 59 6.2.5. Resíduos Funerários 60 6.2.6. Resíduos Especiais 61 6.2.6.1. Pilhas e Baterias 61 6.2.6.2. Lâmpadas Fluorescentes 61 6.2.6.3. Óleos e Graxas 62 6.2.6.4. Pneus 62 6.2.6.5. Embalagens de Agrotóxicos 63 6.2.6.6. Resíduos de Mineração 63 6.2.6.7. Resíduos Agrícolas 64 6.2.6.8. Eletroeletrônicos 65

6.3. Áreas Favoráveis para Disposição Final Ambientalmente Correta dos Resíduos Sólidos 65 7. LEGISLAÇÃO E NORMAS BRASILEIRAS DE RESÍDUOS SÓLIDOS 67 8. PROGNÓSTICOS E ALTERNATIVAS 68 8.1. Estrutura Administrativa 69 8.1.1. Regularização dos Serviços 69 8.2. Soluções Consorciadas ou Compartilhadas 71 8.3. Responsabilidades dos Geradores e do Poder Público 72 8.3.1. Consumidores 72 8.3.2. Poder Público 73 8.3.3. Fabricantes, Importadores, Distribuidores e Comerciantes (setor empresarial) 73 8.4. Responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos 73 8.5. Logística Reversa 74 8.5.1. Acordos Setoriais, Regulamentos e Termos de Compromissos 74 8.6. Obrigação de Elaborar PGRS 75 9. ESTIMATIVA E PROJEÇÃO POPULACIONAL 76 10. ASPECTOS ECONÔMICOS FINANCEIROS 77 10.1. Orçamento e Investimento 77 10.2. Forma de Cobrança dos Serviços de Limpeza Urbana 78 10.2.1. Taxas e Tarifas 80 10.2.2. Taxa de Coleta, Transporte, Tratamento e Disposição Final de Resíduo Sólido Domiciliar – RSD 81 10.2.3. Tarifa para Coleta de Resíduos Índustriais (RI), Resíduos de Serviço de Saúde (RSS) e Resíduos da Construção Civil (RCC) 81 10.3. Fontes de Financiamento 82 10.4. Incentivos Fiscais, Financeiros e Creditícios 84 11. METAS, PROJETOS/AÇÕES e PROGRAMAS 85 11.1. Estimativas de Investimentos e Custos 91 11.2. Formas de Implantação de Unidades Operacionais 92

11.3. Programas 93 11.3.1. Não geração 94 11.3.2. Redução 94 11.3.3. Reutilização 95 11.3.4. Reciclagem 96 11.3.5. Publicidade 97 11.3.6. Educação Ambiental 97 12. MEDIDAS SANEADORAS DO PASSIVO AMBIENTAL 99 13. GERENCIAMENTO DE INFORMAÇÕES DOS RESÍDUOS SÓLIDOS 100 13.1. SINIR 100 14. MECANISMOS DE AVALIAÇÃO DO PLANO 101 14.1. Revisão 101 14.2. Indicadores 101 15. AÇÕES DE EMERGÊNCIA E CONTINGÊNCIA 104 16. FORMALIZAÇÃO DO PLANO 106 16.1. Audiência Pública 106 16.2. Aprovação e Homologação 108 17. CONCLUSÃO 109 18. BIBLIOGRAFIA 111

LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Fases de Elaboração/Execução do PMGIRS 5 Tabela 2. Classificação dos Resíduos Sólidos 6 Tabela 3. Classificação dos Resíduos de Serviços de Saúde 12 Tabela 4. Demonstrativo da População de Cruzaltense 25 Tabela 5. Receitas e Despesas do Município de Cruzaltense 27 Tabela 6. Comparativo do Produto Interno Bruto (PIB) de Cruzaltense 27 Tabela 7. Indicadores de Educação Pública do Município 28 Tabela 8. Indicadores de Saúde Pública do Município 28 Tabela 9. Frequência de Coleta Seletiva de RSU 44 Tabela 10. Composição dos Resíduos Sólidos em Cruzaltense 46 Tabela 11. Metas, Metas Específicas e Definição de Projeto/Ação 87 Tabela 12. Custos Físico-financeiro do PMGIRS 91 Tabela 13. Modelo de Indicadores de Sustentabilidade 102

LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Localização Geográfica do Município de Cruzaltense 19 Figura 2. Mapa da Região do Alto Uruguai 21 Figura 3. Área do Perímetro Urbano de Cruzaltense 23 Figura 4. Índice de Desenvolvimento Socioeconômico por Município do Estado do RS 26 Figura 5. Mapa da Distribuição Geológica do 30 Figura 6. Carta de Unidades de Solo do Município de Cruzaltense 32 Figura 7. Carta de Rede de Drenagem, Bacias Hidrográficas do Município de Cruzaltense 33 Figura 8. Estrutura de Administrativa Municipal 39 Figura 9. Mapa do Rio Grande do Sul – Municípios com Coleta Seletiva 42 Figura 10. Itinerário de Coleta no Perímetro Urbano 45 Figura 11. Quadro Resumo de Normas e Legislação que trata sobre Resíduos Sólidos 67 Figura 12. Etapas de Gerenciamento de Resíduos Sólidos 69

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1. Peso (Kg) de Resíduos Sólidos 47 Gráfico 2. Porcentagem (%) de Resíduos de Limpeza Pública 52

LISTA DE FOTOS

Foto 1. Vista aérea da cidade de Cruzaltense-RS 20 Foto 2. Vista da Sede Administrativa do Município de Cruzaltense 20 Foto 3. Vista de locais de acondicionamento de lixo doméstico 47 Foto 4. Levantamento fotográfico de locais com disposição de RSU incorretos 48 Foto 5. Levantamento fotográfico de lixeiras dispostas no centro do Município 48 Foto 6. Vista do caminhão caçamba de coleta seletiva 49 Foto 7. Vista dos servidores realizando a coleta seletiva 49 Foto 8. Levantamento fotográfico dos locais de tratamento e disposição final dos RSU 50 Foto 9. Vista do material para varrição das vias públicas 53 Foto 10. Vista dos servidores realizando varrição das vias públicas urbana 54 Foto 11. Vista do local de disposição irregular de resíduos de varrição, poda e capina 57 Foto 12. Vista do local de armazenamento provisório do RSS 58 Foto 13. Levantamento fotográfico locais de bota fora RSCC 59 Foto 14. Levantamento fotográfico de locais de bota fora (inadequados) RSCC 60 Foto 15. Levantamento fotográfico locais com resíduos do Cemitério Municipal 61 Foto 16. Participantes da Audiência Pública PMGIRS 107 Foto 17. Validação e Aprovação do PMGIRS em Audiência Pública 107

1. APRESENTAÇÃO

O Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos de Cruzaltense aponta e descreve de forma sistêmica, as ações relativas ao manejo de resíduos sólidos produzidos no Município, desde sua geração até a disposição final, além de propor ao gestor, diretrizes e orientações para o gerenciamento adequado.

Este trabalho tem por finalidade apresentar um levantamento detalhado da situação atual desde a geração, coleta, transporte, tratamento e disposição final dos resíduos sólidos de Cruzaltense, propondo alternativas viáveis ao Município, visando adequá-lo a legislação vigente.

Através do conhecimento qualitativo e quantitativo dos resíduos sólidos, o gestor poderá realizar o correto gerenciamento dos mesmos, apresentando significativas melhorias, destacando-se: diminuição de custos de coleta, transporte, tratamento e disposição final; minimização dos impactos ambientais; e, reutilização dos resíduos passíveis de reciclagem.

O Plano de Resíduos Sólidos proporciona ao Município informações necessárias para implantar, de forma gradativa, um gerenciamento racional de seus resíduos, melhorando a qualidade de vida da população, além de conscientizá-la quanto à correta separação e disposição final de seus resíduos sólidos.

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2. INTRODUÇÃO

A questão dos resíduos sólidos no Brasil, apesar de ser um tema muito discutido atualmente, ainda se constitui em um grande desafio, principalmente no que diz respeito à poluição do solo, da água, do ar e à saúde pública. Falta ainda a elaboração de políticas públicas voltadas para essa questão, maior comprometimento das administrações municipais, recursos humanos especializados, recursos financeiros e outros fatores determinantes como a conscientização da sociedade. Além disso, para tratar adequadamente a enorme quantidade de lixo produzido no Brasil, muito há que se fazer para garantir a redução de seu volume.

O Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos é o resultando do envolvimento de diferentes setores da administração pública e da sociedade civil, com o propósito do melhoramento das condições da qualidade de vida dos munícipes cruzaltinos. Na sua elaboração é levado em consideração as características dos geradores, os volumes e os tipos de resíduos, para que estes recebam o correto tratamento e destino final.

No decorrer do mês de maio e junho foram realizados os levantamentos preliminares, compreendendo os levantamentos “in loco” com a caracterização dos resíduos sólidos e pesquisas de informações necessárias para o desenvolvimento do relatório final do PMGIRS.

Para o bom desenvolvimento dos trabalhos foi obtido informações com a participação e envolvimento dos responsáveis da Secretaria Municipal de Agricultura, Meio Ambiente e Desenvolvimento Econômico, da Secretaria Municipal de Obras Públicas, Habitação e Urbanismo e da Secretaria Municipal de Administração e Finanças, além de pesquisas na legislação vigente, normas técnicas brasileiras – NBR/ABNT e bibliografias pertinentes.

Todas as informações levantadas foram analisadas e organizadas neste documento.

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O Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos foi submetido à apreciação, discussão, incorporação de contribuição e validação em audiência pública realizada em 23 de julho de 2012.

O PMGIRS consolidado foi homologado pelo Senhor Vice-Prefeito em Exercício, através do Decreto Municipal nº 624 de 31 de julho de 2012, passando assim a fazer parte integrante da legislação municipal vigente.

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3. OBJETIVOS

3.1. Objetivo Geral

O objetivo principal do Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos é construir um modelo de gestão dos resíduos sólidos do Município de Cruzaltense, abrangendo os aspectos técnicos, administrativos e socioambientais relacionados ao correto acondicionamento, coleta, transporte, tratamento e disposição final.

3.2. Objetivos Específicos

o Descrever a situação atual da geração, coleta, transporte, tratamento e disposição final dos resíduos gerados no Município de Cruzaltense, abrangendo os diversos tipos de resíduos sólidos;

o Definir as diretrizes, de acordo com a legislação vigente, para adequar o gerenciamento dos resíduos gerados no Município, visando proteger a saúde humana e a qualidade ambiental, além de incentivar a produção limpa: reduzindo, reutilizando e reciclando;

o Propor atividades para ampliar a coleta seletiva e conduzir ações educativas sobre resíduos e o meio ambiente, com a finalidade de minimizar o passivo ambiental do Município.

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4. CRONOGRAMA DAS ATIVIDADES DO PMGIRS

1ª Fase 2ª Fase 3ª Fase 4ª Fase Reunião Reunião Audiência Aprovação Pública

Prazo: 10 dias Prazo: 60 dias Prazo: 15 dias Prazo: 5 dias

Aprovar o Reunião de Apresentação dos Apreciação e Aprovação Cronograma de avaliação dos resultados, com pelo Poder Executivo Atividades. resultados dos participação dos Municipal, através de Promover o diagnósticos da munícipes, dos Decreto, do Plano andamento dos situação geral dos representantes dos trabalhos quanto aos resíduos sólidos, dos Conselhos Municipais de Municipal de Gestão aspectos de planejamentos de Saúde, Meio Ambiente e Integrada de Resíduos metodologia a ser ações e metas, demais interessados e Sólidos de Cruzaltense. utilizado, expressando as envolvidos na elaboração levantamento da opiniões individuais do PMGIRS, com situação atual e e/ou coletivas sobre discussão, incorporação aspectos gerais os conteúdos que das contribuições e quanto as diretrizes, vão integrar o validação do Plano estratégias, ações e Relatório Técnico Municipal de Gestão metas, com a Final do PMGIRS. Integrada de Resíduos participação dos Sólidos de Cruzaltense, agentes envolvidos onde expressarão as no processo de opiniões individuais e/ou elaboração. coletivas para consolidação do Plano.

Tabela 1. Fases de Elaboração/Execução do PMGIRS

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5. CONSIDERAÇÕES DE RESÍDUOS SÓLIDOS

5.1. Resíduo Sólido

A NBR 10.004/04 define resíduos sólidos como: resíduos nos estados sólidos e semi-sólidos, resultantes de atividades de origem industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviço e de varrição. Ficam incluídos nesta definição os lodos provenientes do sistema de tratamento de água, aqueles gerados em equipamentos e instalações de controle de poluição, bem como determinados líquidos, cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou corpos de água, ou exijam para isso soluções técnica e economicamente inviável em face à melhor tecnologia disponível.

5.2. Classificação dos Resíduos Sólidos

Os resíduos sólidos são classificados de diversas formas, as quais se baseiam em determinadas características ou propriedades. A classificação é relevante para a escolha da estratégia de gerenciamento mais viável. Os resíduos podem ser classificados quanto: à natureza física, a composição química, aos riscos potenciais ao meio ambiente e ainda quanto à origem, conforme explicitado na tabela 2.

Secos QUANTO A NATUREZA FÍSICA Úmidos Matéria Orgânica QUANTO A COMPOSIÇÃO QUÍMICA Matéria Inorgânica Resíduos Classe I – Perigosos QUANTO AOS RISCOS POTENCIAIS Resíduos Classe II – Não perigosos: AO MEIO AMBIENTE Resíduos classe II A – Não Inertes 6

Resíduos classe II B – Inertes Doméstico Comercial Público Serviços de Saúde Resíduos Especiais Pilhas e Baterias Lâmpadas Fluorescentes Óleos Lubrificantes QUANTO A ORIGEM Pneus Embalagens de Agrotóxicos Radioativos Construção Civil / Entulho Industrial Portos, Aeroportos e Terminais Rodoviários e Ferroviários Agrícola

Tabela 2. Classificação dos Resíduos Sólidos

5.2.1. Quanto à Natureza Física

5.2.1.1. Resíduos Secos e Úmidos

Os resíduos secos são os materiais recicláveis como, por exemplo: metais, papéis, plásticos, vidros, etc. Já os resíduos úmidos são os resíduos orgânicos e rejeitos, onde pode ser citado como exemplo: resto de comida, cascas de alimentos, resíduos de banheiro, etc.

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5.2.2. Quanto à Composição Química

5.2.2.1. Resíduo Orgânico

São os resíduos que possuem origem animal ou vegetal, neles podem- se incluir restos de alimentos, frutas, verduras, legumes, flores, plantas, folhas, sementes, restos de carnes e ossos, papéis, madeiras, etc.. A maioria dos resíduos orgânicos pode ser utilizado na compostagem sendo transformados em fertilizantes e corretivos do solo, contribuindo para o aumento da taxa de nutrientes e melhorando a qualidade da produção agrícola.

5.2.2.2. Resíduo Inorgânico

Inclui nessa classificação todo material que não possui origem biológica, ou que foi produzida por meios humanos como, por exemplo: plásticos, metais, vidros, etc. Geralmente estes resíduos quando lançados diretamente ao meio ambiente, sem tratamento prévio, apresentam maior tempo de degradação.

5.2.3. Quanto aos Riscos Potenciais ao Meio Ambiente

A NBR 10.004 - Resíduos Sólidos de 2004, da ABNT classifica os resíduos sólidos baseando-se no conceito de classes em:

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5.2.3.1. Resíduos Classe I – Perigosos

São aqueles que apresentam risco à saúde pública e ao meio ambiente apresentando uma ou mais das seguintes características: periculosidade, inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade e patogenicidade. (ex.: baterias, pilhas, óleo usado, resíduo de tintas e pigmentos, resíduo de serviços de saúde, resíduo inflamável, etc.)

5.2.3.2. Resíduos Classe II – Não perigosos

Resíduos classe II A – Não Inertes: Aqueles que não se enquadram nas classificações de resíduos classe I – perigosos ou de resíduos classe II B – inertes, nos termos da NBR 10. 004. Os resíduos classe II A – Não inertes podem ter propriedades tais como: biodegradabilidade, combustibilidade ou solubilidade em água. (ex.: restos de alimentos, resíduo de varrição não perigoso, sucata de metais ferrosos, borrachas, espumas, materiais cerâmicos, etc.)

Resíduos classe II B – Inertes: Quaisquer resíduos que, quando amostrados de uma forma representativa, segundo ABNT NBR 10007, e submetidos a um contato dinâmico e estático com água destilada ou deionizada, à temperatura ambiente, conforme ABNT NBR 10006, não tiverem nenhum de seus constituintes solubilizados a concentrações superiores aos padrões de potabilidade de água, excetuando-se aspecto, cor, turbidez, dureza e sabor. (ex.: rochas, tijolos, vidros, entulho/construção civil, luvas de borracha, isopor, etc.).

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5.2.4. Quanto à Origem

5.2.4.1. Doméstico

São os resíduos gerados das atividades diária nas residências, também são conhecidos como resíduos domiciliares. Apresentam em torno de 50% a 60% de composição orgânica, constituído por restos de alimentos (cascas de frutas, verduras e sobras, etc.), e o restante é formado por embalagens em geral, jornais e revistas, garrafas, latas, vidros, papel higiênico, fraldas descartáveis e uma grande variedade de outros itens.

A taxa média diária de geração de resíduos domésticos por habitante em áreas urbanas é de 0,5 a 1 Kg/hab/dia para cada cidadão, dependendo do poder aquisitivo da população, nível educacional, hábitos e costumes.

5.2.4.2. Comercial

Os resíduos variam de acordo com a atividade dos estabelecimentos comerciais e de serviço. No caso de restaurantes, bares e hotéis predominam os resíduos orgânicos, já os escritórios, bancos e lojas os resíduos predominantes são o papel, plástico, vidro entre outros. Os resíduos comerciais podem ser divididos em dois grupos dependendo da sua quantidade gerada por dia. O pequeno gerador de resíduos pode ser considerado como o estabelecimento que gera até 120 litros por dia, o grande gerador é o estabelecimento que gera um volume superior a esse limite.

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5.2.4.3. Público

São os resíduos provenientes dos serviços de limpeza urbana (varrição de vias públicas, limpeza de praias, galerias, córregos e terrenos, restos de podas de árvores, corpos de animais, etc.), limpeza de feiras livres (restos vegetais diversos, embalagens em geral, etc.). Também podem ser considerados os resíduos descartados irregularmente pela própria população, como entulhos, papéis, restos de embalagens e alimentos.

5.2.4.4. Serviços de Saúde

Segundo a Resolução RDC nº 306/04 da ANVISA e a Resolução RDC nº. 358/05 do CONAMA, os resíduos de serviços de “saúde são todos aqueles provenientes de atividades relacionados com o atendimento à saúde humana ou animal, inclusive de assistência domiciliar e de trabalhos de campo; laboratórios analíticos de produtos para saúde; necrotérios; funerárias e serviços onde se realizem atividades de embalsamento; serviços de medicina legal; drogarias e farmácias inclusive as de manipulação; estabelecimento de ensino e pesquisa na área de saúde; centros de controle de zoonoses; distribuidores de produtos farmacêuticos; importadores, distribuidores e produtores de materiais e controles para diagnóstico “in vitro”; unidades móveis de atendimento à saúde; serviços de acupuntura; serviços de tatuagem, entre outros similares”.

E também de acordo com essas mesmas resoluções, os resíduos de serviços de saúde são classificados conforme o tabela 3, a seguir.

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GRUPO DESCRIÇÃO

Culturas e estoques de microrganismos; resíduos de

fabricação de produtos biológicos, exceto os hemoderivados; descarte de vacinas de microrganismos

vivos ou atenuados; meios de cultura e instrumentais utilizados para transferência, inoculação ou mistura de

culturas; resíduos de laboratórios de manipulação genética. Resíduos resultantes da atenção à saúde de A1 indivíduos ou animais, com suspeita ou certeza de contaminação biológica por agentes classe de risco quatro, microrganismos com relevância epidemiológica e risco de disseminação ou causador de doença emergente que se torne epidemiologicamente importante ou cujo mecanismo de transmissão seja desconhecido. Bolsas transfusionais contendo sangue ou hemocomponentes rejeitadas por contaminação ou por má conservação, ou com prazo de validade vencido, e aquelas oriundas de coleta incompleta. Sobras de amostras de laboratório contendo sangue ou líquidos corpóreos, recipientes e materiais resultantes do processo de assistência à saúde, contendo sangue ou líquidos corpóreos na forma livre. Carcaças, peças anatômicas, vísceras e outros resíduos

provenientes de animais submetidos a processos de experimentação com inoculação de microorganismos, bem A2 como suas forrações, e os cadáveres de animais suspeitos de serem portadores de microrganismos de relevância epidemiológica e com risco de disseminação, que foram submetidos ou não a estudo anatomopatológico ou confirmação diagnóstica. Peças anatômicas (membros) do ser humano; produto de

fecundação sem sinais vitais, com peso menor que 500 gramas ou estatura menor que 25 centímetros ou idade A3 gestacional menor que 20 semanas, que não tenham valor científico ou legal e não tenha havido requisição pelo paciente ou familiar. Grupo A Kits de linhas arteriais, endovenosas e deslizadores,

(Potencialmente quando descartados.Filtros de ar e gases aspirados de área contaminada; membrana filtrante de equipamento

Infectante) médico-hospitalar e de pesquisa, entre outros similares. Sobras de amostras de laboratório e seus recipientes contendo fezes, urina e secreções, provenientes de pacientes que não contenham e nem sejam suspeitos de conter agentes Classe de Risco quatro, e nem apresentem relevância epidemiológica e risco de disseminação, ou microrganismo causador de doença emergente que se torne epidemiologicamente importante ou cujo mecanismo A4 de transmissão seja desconhecido ou com suspeita de contaminação com príons. Resíduos de tecido adiposo proveniente de lipoaspiração, lipoescultura ou outro procedimento de cirurgia plástica que gere este tipo de resíduo. Recipientes e materiais resultantes do processo de assistência à saúde, que não contenha sangue ou líquidos corpóreos na forma livre. Peças anatômicas (órgãos e tecidos) e outros resíduos provenientes de 12

procedimentos cirúrgicos ou de estudos anatomopatológicos ou de confirmação diagnóstica. Carcaças, peças anatômicas, vísceras e outros resíduos provenientes de animais não submetidos a processos de experimentação com inoculação de microorganismos, bem como suas forrações.Bolsas transfusionais vazia ou com volume residual pós-transfusão. Órgãos, tecidos, fluidos orgânicos, materiais perfuro

cortantes ou escarificantes e demais materiais resultantes da atenção à saúde de indivíduos ou animais, com A5 suspeita ou certeza de contaminação com príons. Produtos hormonais e produtos antimicrobianos; citostáticos; antineoplásicos; imunossupressores; digitálicos; imunomoduladores; anti-retrovirais, quando descartados por serviços de saúde, farmácias, drogarias e distribuidores de medicamentos ou apreendidos e os Grupo B resíduos e insumos farmacêuticos dos Medicamentos controlados pela Portaria MS 344/98 e suas atualizações. (Químicos) Resíduos de saneantes, desinfetantes, desinfetantes; resíduos contendo metais pesados; reagentes para laboratório, inclusive os recipientes contaminados por estes. Efluentes de processadores de imagem (reveladores e fixadores). Efluentes dos equipamentos automatizados utilizados em análises clínicas Demais produtos considerados perigosos, conforme classificação da NBR 10.004 da ABNT (tóxicos, corrosivos, inflamáveis e reativos). Quaisquer materiais resultantes de atividades humanas que contenham radionuclídeos em quantidades superiores aos limites de isenção especificados nas normas do CNEN e para os quais a reutilização é imprópria ou não prevista. Grupo C Enquadram-se neste grupo os rejeitos radioativos ou (Rejeitos Radioativos) contaminados com radionuclídeos, proveniente de laboratórios de análises clinica, serviços de medicina nuclear e radioterapia, segundo a resolução CNEN-6.05. Papel de uso sanitário e fralda, absorventes higiênicos, peças descartáveis de vestuário, resto alimentar de paciente, material utilizado em anti-sepsia e hemostasia de venóclises, equipo de soro e outros similares não Grupo D classificados como A1; Sobras de alimentos e do preparo (Resíduos Comuns) de alimentos; Resto alimentar de refeitório; Resíduos provenientes das áreas administrativas; Resíduos de varrição, flores, podas e jardins Resíduos de gesso provenientes de assistência à saúde Materiais perfuro cortantes ou escarificantes, tais como: Lâminas de barbear, agulhas, escalpes ampolas de vidro, brocas, limas endodônticas, pontas diamantadas, lâminas Grupo E de bisturi, lancetas; tubos capilares; micropipetas; lâminas e lamínulas; espátulas; e todos os utensílios de vidro (Perfurocortantes) quebrados no laboratório (pipetas, tubos de coleta sanguínea e placas de Petri) e outros similares. Tabela 3. Classificação dos Resíduos de Serviços de Saúde Fonte: ANVISA/CONAMA, 2006

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5.2.4.5. Especial

Os resíduos especiais são considerados em função de suas características tóxicas, radioativas e contaminantes, devido a isso passam a merecer cuidados especiais em seu manuseio, acondicionamento, estocagem, transporte e sua disposição final. Dentro da classe de resíduos de fontes especiais, merecem destaque os seguintes resíduos:

Pilhas e Baterias: As pilhas e baterias contêm metais pesados, possuindo características de corrosividade, reatividade e toxicidade, sendo classificadas como Resíduo Perigoso de Classe I. Os principais metais contidos em pilhas e baterias são: chumbo (Pb), cádmio (Cd), mercúrio (Hg), níquel (Ni), prata (Ag), lítio (Li), zinco (Zn), manganês (Mn) entre outros compostos. Esses metais causam impactos negativos sobre o meio ambiente, principalmente ao homem se expostos de forma incorreta. Portanto existe a necessidade de um gerenciamento ambiental adequado (coleta, reutilização, reciclagem, tratamento e disposição final correta), uma vez que descartadas em locais inadequados, liberam componentes tóxicos, assim contaminando o meio ambiente.

Lâmpadas Fluorescentes: A lâmpada fluorescente é composta por um metal pesado altamente tóxico o “Mercúrio”. Quando intacta, ela ainda não oferece perigo, sua contaminação se dá quando ela é quebrada, queimada ou descartada em aterros sanitários, assim, liberando vapor de mercúrio, causando grandes prejuízos ambientais, como a poluição do solo, dos recursos hídricos e da atmosfera.

Óleos Lubrificantes: Os óleos são poluentes devido aos seus aditivos incorporados. Os piores impactos ambientais causados por esse resíduo são os acidentes envolvendo derramamento de petróleo e seus derivados nos recursos hídricos. O óleo pode causar intoxicação principalmente pela presença de compostos como o tolueno, o benzeno e o xileno, que são absorvidos pelos organismos provocando câncer e mutações, entre outros distúrbios.

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Pneus: No Brasil, aproximadamente 100 milhões de pneus usados estão espalhados em aterros sanitários, terrenos baldios, rios e lagos, segundo estimativa da Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos – ANIP (2006). Sua principal matéria-prima é a borracha vulcanizada, mais resistente que a borracha natural, não se degrada facilmente e, quando queimada a céu aberto, gera enormes quantidades de material particulado e gases tóxicos, contaminando o meio ambiente com carbono, enxofre e outros poluentes. Esses pneus abandonados não apresentam somente problema ambiental, mas também de saúde pública, se deixados em ambiente aberto, sujeito a chuvas, os pneus acumulam água, formando ambientes propícios para a disseminação de doenças como a dengue e a febre amarela. Devido a esses fatos, o descarte de pneus é hoje um problema ambiental grave ainda sem uma destinação realmente eficaz.

Embalagens de Agrotóxicos: Os agrotóxicos são insumos agrícolas, produtos químicos usados na lavoura, na pecuária e até mesmo no ambiente doméstico como: inseticidas, fungicidas, acaricidas, nematicidas, herbicidas, bactericidas, vermífugos. As embalagens de agrotóxicos são resíduos oriundos dessas atividades e possuem tóxicos que representam grandes riscos para a saúde humana e de contaminação do meio ambiente. Grande parte das embalagens possui destino final inadequado sendo descartadas em rios, queimadas a céu aberto, abandonadas nas lavouras, enterradas sem critério algum, inutilizando dessa forma áreas agricultáveis e contaminando lençóis freáticos, solo e ar. Além disso, a reciclagem sem controle ou reutilização para o acondicionamento de água e alimentos também são considerados manuseios inadequados.

Radioativo: São resíduos provenientes das atividades nucleares, relacionadas com urânio, césios, tório, radônio, cobalto, entre outros, que devem ser manuseados de forma adequada utilizando equipamentos específicos e técnicos qualificados.

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5.2.4.6. Construção Civil/ Entulho

Os resíduos da construção civil são uma mistura de materiais inertes provenientes de construções, reformas, reparos e demolições de obras de construção civil, os resultantes da preparação e da escavação de terrenos, tais como: tijolos, blocos cerâmicos, concreto em geral, solos, rochas, metais, resinas, colas, tintas, madeiras e compensados, forros, argamassa, gesso, telhas, pavimento asfáltico, vidros, plásticos, tubulações, fiação elétrica etc., freqüentemente chamados de entulhos de obras.

De acordo com o CONAMA nº. 307/02, os resíduos da construção civil são classificados da seguinte forma:

- Classe A: são os resíduos reutilizáveis ou recicláveis como agregados, tais como:

de construção, demolição, reformas e reparos de pavimentação e de outras obras de infra-estrutura, inclusive solos provenientes de terraplanagem;

de construção, demolição, reformas e reparos de edificações: componentes cerâmicos (tijolos, blocos, telhas, placas de revestimento, entre outros), argamassa e concreto;

de processo de fabricação e/ou demolição de peças pré- moldadas em concreto (blocos, tubos, meiosfios, entre outros) produzidas nos canteiros de obras.

- Classe B: são materiais recicláveis para outras destinações, tais como: plásticos, papel/papelão, metais, vidros, madeiras e outros.

- Classe C: são os resíduos para os quais não foram desenvolvidas tecnologias ou aplicações economicamente viáveis que permitam a sua reciclagem/recuperação, tais como os produtos oriundos do gesso.

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- Classe D: são os resíduos perigosos oriundos do processo de construção, tais como: tintas, solventes, óleos, ou aqueles contaminados oriundos de demolições, reformas e reparos de clínicas radiológicas, instalações industriais.

5.2.4.7. Industrial

São os resíduos gerados pelas atividades dos ramos industriais, tais como metalúrgica, química, petroquímica, papelaria, alimentícia, entre outras. São resíduos muito variados que apresentam características diversificadas, podendo ser representado por cinzas, lodos, óleos, resíduos alcalinos ou ácidos, plásticos, papel, madeira, fibras, borracha, metal, escórias, vidros, cerâmicas etc. Nesta categoria também, inclui a grande maioria dos resíduos considerados tóxicos. Esse tipo de resíduo necessita de um tratamento adequado e especial pelo seu potencial poluidor. Adota-se a NBR 10.004 da ABNT para classificar os resíduos industriais: Classe I (Perigosos), Classe II (Não perigosos), Classe II A (Não perigosos - não inertes) e Classe II B (Não perigosos - inertes).

5.2.4.8. Portos, Aeroportos e Terminais Rodoviários e Ferroviários

São os resíduos gerados em terminais, como dentro dos navios, aviões e veículos de transporte. Os resíduos encontrados nos portos e aeroportos são devidos o consumo realizado pelos passageiros, a periculosidade destes resíduos está diretamente ligada ao risco de transmissão de doenças. Essa transmissão também pode ser realizada através de cargas contaminadas (animais, carnes e plantas).

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5.2.4.9. Agrícola

Originados das atividades agrícolas e da pecuária. A falta de fiscalização e de penalidades mais rigorosas para o manuseio inadequado destes resíduos faz com que sejam misturados aos resíduos comuns e dispostos nos vazadouros das municipalidades, ou o que é pior, sejam queimados nas fazendas e sítios mais afastados.

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6. CARACTERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO

6.1. Aspectos Gerais

O município de Cruzaltense localiza-se na microrregião noroeste Rio- Grandense, na Região do Alto Uruguai, inserido no bioma denominado “Mata Atlântica”, entre as coordenadas geográficas de 27º33’44” a 27º41’80” de latitude sul e, 52º33’28” a 52º45’20” de longitude oeste, apresentando uma altitude média de 600 metros acima do nível do mar. O território municipal possui uma área total de 166,883 Km2 (16.688,30 hectares), representando 0,0616% do território do estado

do Rio Grande do Sul, 0,0294% da Região e 0,002% de todo território brasileiro.

Figura 1. Localização Geográfica do Município de Cruzaltense Fonte: URI Campus de , 2007

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Foto 1. Vista aérea da cidade de Cruzaltense-RS

O município possui a sua sede administrativa na Avenida Pedro Álvares Cabral, nº 300, Centro, CEP: 99665.000.

Foto 2. Vista da Sede Administrativa do Município de Cruzaltense

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Cruzaltense faz divisa com os municípios circunvizinhos, da região do

Alto Uruguai, descritos abaixo:

a) ao norte, com os municípios de e São Valentim;

b) ao sul, com o município de ;

c) ao leste, com o município de Ponte Preta;

d) a oeste, com a Barragem da Usina Hidrelétrica do Rio ;

Figura 2. Mapa da Região do Alto Uruguai Fonte: URI, Campus Erechim, 2011

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O Plano Diretor divide o território em Zona Rural e Zona Urbana. A zona urbana do município com população residente correspondente, aproximadamente, de 22,8% da área total do município, conforme IBGE (2010).

A Zona Rural do município é subdividida em 16 localidades: Linha Ceccato, Linha Seca, Linha Dez, Linha Giaquini, Linha Lopes, Linha Nossa Senhora de Lourdes, Linha Nove, Linha Palmeirinha, Linha Princesa Isabel, Linha Progresso, Linha Rio Liso, Linha Santa Catarina, Linha Santa Cruz, Linha São Roque, Linha Treze e Linha Vertente Baccin.

Já, a Zona Urbana é delimitada pelo perímetro urbano legal, apresentada na Figura 3 e divide-se em: Zona Urbana de Ocupação Prioritária e Zona de Expansão Urbana.

A Zona Urbana de Ocupação Prioritária é composta pelas áreas da cidade efetivamente ocupada, servidas por ruas e glebas a elas contíguas, formada por um único bairro na cidade denominado de Bairro Centro.

A Zona de Expansão Urbana é constituída pelas áreas da cidade situadas entre a Zona Urbana de Ocupação Prioritária e o Perímetro Urbano Legal.

6.1.1. Perímetro Urbano do Município

A área do perímetro urbano de Cruzaltense é de 1.542.141,99m2, apresentando um perímetro de 6.242,78 metros.

A Figura 3, nos remete a uma visualização atual do município, dando um panorama do perímetro urbano.

O Perímetro urbano compreende a sede do município e suas delimitações. Possui aproximadamente 5.000 metros lineares de arruamento. A parte central da cidade é asfaltada, já as ruas adjacentes encontram-se calçadas com pedras irregulares de rocha basáltica.

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Figura 3. Área do Perímetro Urbano de Cruzaltense Fonte: Lamonato Engenharia e Serviços Ltda, 2010

6.1.2. Histórico do Município

O Município de Cruzaltense fez parte do território da Fazenda Quatro Irmãos, que o governo brasileiro concedeu à Empresa Jewish Colonization

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Association - ICA, pertencente a um grupo residente em Londres, com o direito da exploração da madeira de espécie nativa araucária, muito abundante na região.

Até 1944, o então município de Cruzaltense era uma área coberta por floresta de araucária angustifólia, madeira nobre muito abundante na região, a qual sua exploração tornou-se a principal fonte de renda do local.

Neste local, surgiu a primeira serraria, que tinha como dono Oppen Petry e como gerente Ulrich Hermann Hoscheler, que vieram do município de Cruz Alta - RS.

Anos depois, Ulrich Hermann Hoscheler, se tornou dono da serraria, adquirindo oito alqueires de terra, no qual originou um loteamento que denominou Vera Cruz, e dele destinou, por doação, lotes para construção de igreja, cemitério, escola pública, praça e campo de futebol.

Com a imigração, novos moradores surgiram, o comércio passou a fazer parte do cenário e Vera Cruz começou a se desenvolver economicamente.

Em 27 de junho de 1979, Vera Cruz se torna distrito do Município de Campinas do Sul - RS e alguns anos depois (1988) passam a chamar de Cruzaltense.

Em 12 de maio de 1988 foi criado o município de Cruzaltense.

Em 06 de junho de 1988, uma comissão inconformada pela emancipação entrou com um mandato de segurança e conseguiu revogar o decreto quer criava o município.

Valendo-se das condições legais, da vontade da comunidade e da ação decisiva das lideranças locais, em 1996 novas comissões retornaram a caminhada em busca da emancipação, e conseguiram um novo plebiscito.

Assim, conforme Lei nº 10.745 de 16 de abril de 1996, é criado o então município de Cruzaltense-RS. Sendo que, em 1° de outubro de 2000 realizou sua primeira eleição política-administrativa.

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6.1.3. Características Demográficas

A população atual do município de Cruzaltense é de 2.141 habitantes, sendo 12,83 hab/Km2, estando residentes em zona urbana e zona rural, conforme demonstrado na tabela abaixo.

Ano 2010

População Total 2.141

Masculina 1.100 (51,4%)

Feminina 1.041 (48,6%)

População Urbana 488 (22,8%)

População Rural 1.653 (77,2%)

Tabela 4. Demonstrativo da População de Cruzaltense Fonte: IBGE - Censo Demográfico, 2010

Conforme dados do IBGE, o município de Cruzaltense possui 1.918 eleitores, dados estes que demonstram um considerável equilíbrio entre número de eleitores e população total, caracterizando-se um município com população de idade média acima dos 16 anos.

6.1.4. Indicadores Socioeconômicos

Visando demonstrar os aspectos socioeconômicos do município de Cruzaltense, foi utilizado os índices do IDESE/FEE-RS, que abrange um conjunto amplo de indicadores socioeconômicos.

Assim, observa-se que o IDESE/FEE-RS médio no ano de 2008 apontou um índice geral de 0,624 para o município de Cruzaltense, classificando o 25

município em 393º na ordem de colocação em relação ao total dos municípios do Estado do Rio Grande do Sul, demonstrado na Figura 4.

O IDESE está baseado no IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), que abrange um conjunto amplo de indicadores sociais e econômicos classificados em quatro blocos temáticos: saneamento e domicílios, educação, renda e saúde.

Dessa forma o município de Cruzaltense encontra-se com índices intermediários em comparativos aos demais municípios do estado, conforme demonstrado abaixo:

a) Saneamento e Domicílios: Índice de 0,179 - 403º lugar;

b) Educação: Índice de 0,885 - 75º entre os municípios gaúchos;

c) Renda: Índice de 0,582 - 388ª posição;

d) Saúde: Índice de 0,848 - 286º na classificação.

Figura 4. Índice de Desenvolvimento Socioeconômico por Município do Estado do RS Fonte: IDESE, 2008.

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No quadro abaixo, verificam-se os valores das receitas e despesas do município de Cruzaltense. Observa-se que vem elevando consideravelmente suas receitas, principalmente nos últimos anos. A maior parte dessa receita provém do setor primário, principal atividade que gera dividendos para a economia municipal.

Ano Receita Total (R$) Despesa Total (R$)

2011 8.161.052,16 8.611.851,33

2010 6.946.265,51 7.038.398,50

2007 5.675.789,69 5.482.268,13

2006 5.034.725,62 5.137.900,33

Tabela 5. Receitas e Despesas do Município de Cruzaltense Fonte: Secretaria Municipal de Administração e Finanças, 2012

Através da tabela apresentada abaixo, verifica-se que o município de Cruzaltense/RS apresenta em 2005 um PIB (Produto Interno Bruto) Per Capita de R$ 5.069,00, valor este inferior aos dois anos anteriores, bem como inferior ao PIB Per Capita do Estado.

Município Estado (RS)

Ano Preços correntes Per Capita Preços correntes Per Capita

(1.000 R$) (R$) (1.000 R$) (R$)

2002 12.065 4.782 105.486.816 10.057

2003 21.913 8.720 124.551.267 11.742

2004 18.649 7.454 137.830.682 12.850

2005 12.631 5.069 144.344.171 13.310

Tabela 6. Comparativo do Produto Interno Bruto (PIB) de Cruzaltense Fonte: IBGE, 2007

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Na Educação fica demonstrado que a maioria dos alunos está matriculado na Rede Municipal de Ensino, aproximadamente 67% do total de alunos do município, sendo que do total de alunos, 82% estão no Ensino Fundamental.

Matrículas

Ensino Municipal Estadual Federal Privado Total

Total 238 115 -- -- 353 Infantil 43 ------43 Fundamental 195 30 -- -- 225 Médio -- 85 -- -- 81 Especial ------EJA ------

Tabela 7. Indicadores de Educação Pública do Município Fonte:Secretaria Municipal de Educação, 2012.

O programa de Saúde Municipal é observado através dos dados gerais da Saúde Básica:

Ano: 2012

PACS ESF Total

População coberta 2.141 2.141 2.141 % população coberta pelo programa 100 100 100 % visitas por família 100 100 100 % de crianças c/ esq.vacinal básico em dia - 100 100 % de crianças c/aleit. materno exclusivo - 100 100 % de cobertura de consultas de pré-natal - 100 100 Taxa mortalidade infantil por diarréia - - - Prevalência de desnutrição - - - Taxa hospitalização por pneumonia - 0,10 0,10

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Taxa hospitalização por desidratação - 0,05 0,05

Tabela 8. Indicadores de Saúde Pública do Município Fonte: Secretaria Municipal de Saúde, 2012

Para análise da infraestrutura do município de Cruzaltense foram coletados dados junto a Federação dos Municípios do Rio Grande do Sul referentes ao ano de 2010.

De acordo com o número de domicílios em 2010, entre zona urbana e rural, correspondente a 681, sendo que 92,8% destes eram próprios.

Porém, dos 681 domicílios, apenas 329 possuíam fossa séptica e 258 possuíam fossa rudimentar, sendo que, o restante dos domicílios destinava seus esgotos diretamente para o córrego que atravessa o perímetro urbano. Menos de 0,44% dos domicílios não tinham banheiro ou sanitário.

O sistema de abastecimento de água é prestado pela Prefeitura Municipal de Cruzaltense, tanto na zona urbana como rural, e atende aproximadamente a totalidade de domicílios municipal.

6.1.5. Fatores Abióticos

O Município de Cruzaltense situa-se no Planalto Meridional, formado por rochas basálticas decorrentes de um grande derrame de lavras, ocorrido na era Mesozóica. Geologicamente está localizado na Bacia Intracratônica do Paraná, estando situada estratigraficamente na Formação Serra Geral, tendo por base a Formação Botucatu, topos e depósitos quaternários recentes.

A geomorfologia da área caracteriza-se por ser uma região de Planalto.

Esta unidade geomorfológica tem influência significativa de dissecação gerada pela rede de drenagem da Bacia Hidrográfica do Rio Uruguai.

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Figura 5. Mapa da Distribuição Geológica do Rio Grande do Sul Fonte: http://coralx.ufsm.br/ifcrs/mapageologia.jpg.

A altitude geral do município está na faixa de 451m a 750m. A sede do município localiza-se a uma altitude de aproximadamente 529 metros acima do nível do mar.

O tipo de solo predominante no município é o de Associações de Solos e Afloramentos Rochosos, que totaliza 9.120,65 hectares, correspondendo a 54,98% do território, localizando-se na metade norte e oeste do município. Estes solos se apresentam nas formas classificadas em:

a) RRe1 - Apresentam certas restrições para culturas anuais, entretanto com contato sobre:

- rocha decomposta e declividade < que 15% (6,75º), podem ser cultivados mediante práticas intensas de conservação, com mobilização mínima do solo. Ocorrência de práticas conservacionistas: plantio em cordão de contorno, cobertura permanente do solo e plantio direto;

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- áreas com declividades de 15 a 25% (6,75º a 11,25º), devem ser ocupados preferencialmente para pastagens;

- áreas com declives de 25 a 45% (11,25º a 20,25º), devem ser usados para reflorestamento ou fruticultura associada a cobertura verde;

- áreas com declives superiores a 45% (25º), recomendada para manutenção de cobertura vegetal natural, constituindo áreas de APP’s.

- o preparo convencional do solo, o pisoteio excessivo do gado e a redução de cobertura vegetal contribui para o afloramento de regolitos e rochas, ocasionando perda de material.

b) CXe – Em situações de maior altitude devido as limitações climáticas apresentam certas restrição as culturas anuais, sendo propicias à atividades como fruticultura de clima temperado (macieiras, pereiras), silvicultura, além de pastagens. Devido ao relevo acidentado, há pouca disponibilidade de nutrientes nestes solos exigindo práticas conservacionistas intensas, principalmente no Alto Uruguai, onde o uso intenso resultou na erosão e degradação do horizonte A.

c) TXp – Boa fertilidade química natural e carência de fósforo, com alto teor de argila e matéria orgânica. Estão constantemente associados a afloramentos rochosos e neossolos litólicos ou regolíticos. Apresentam aptidão regular as culturas anuais, devido ao armazenamento de água para as plantas e restritivo uso de implementos agrícolas. Exigem práticas agrícolas intensas como terraceamento em desnível e cobertura vegetal viva ou morta permanente.

A outra parte do território com 7.467,15 hectares, correspondente a 45,02%, é do tipo Latossolo Vermelho Aluminoférrico, que são solos bem drenados, normalmente profundos a muito profundos, apresentando no perfil uma seqüência de horizontes A-Bw-C, onde o horizonte Bw é do tipo B latossólico. Em alguns casos podem ser poucos profundos associados com inclusões de Neossolos Regolíticos ou Litólicos. Os Latossolos têm pouco ou nenhum incremento de argila com profundidade e apresentam uma transição difusa ou gradual entre os horizontes; por isso mostram um perfil muito homogêneo, onde é difícil diferenciar os horizontes. Por

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serem solos muito intemperizados, tem predomínio de caulinita e óxidos de ferro, o que lhes confere uma baixa Capacidade de Troca de Cátions - CTC (atividade da argila < 17cmol/km). A maioria dos Latossolos apresentam acentuada acidez, uma baixa reserva de nutrientes e toxidez por alumínio para plantas, entretanto, também ocorrem Latossolos com alta saturação por bases (eutroférricos) em área da região do Alto Uruguai.

Figura 6. Carta de Unidades de Solo do Município de Cruzaltense Fonte: URI Campus de Erechim, 2010

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Quanto a hidrografia do município, através da Carta Hidrográfica demonstrada na Figura abaixo, esta região se caracteriza por apresentar inúmeros pequenos cursos de água e nascentes que deságuam em seu todo no Rio Erechim.

A rede de drenagem do município com extensão de 297,82 km é composta pelos principais cursos hídricos: Rio Erechim e Lajeado Liso, bem como alguns secundários: Lajeado Jupirangaba, Sanga da Viúva, Sanga Revoltosa, Sanga Crioula, Lajeado Vau Grande, Lajeado Ipiranga entre outros pequenos arroios.

São duas as bacias hidrográficas que se constituem no município: Bacia do Rio Erechim com 131,97 Km2 (79,56%) de extensão e a Interbacia do Rio Passo Fundo com extensão de 33,91 Km2 (20,44%). Estas microbacias integram o início da Bacia do Rio Uruguai.

Figura 7. Carta de Rede de Drenagem, Bacias Hidrográficas do Mmunicípio de Cruzaltense Fonte: URI Campus de Erechim, 2010

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6.1.6. Situação do Saneamento Básico

Com base em pesquisas realizadas, informações básicas sobre os serviços de saneamento foram coletadas principalmente no estudo elaborado no Plano Municipal de Saneamento Básico de Cruzaltense, o qual demonstra alguns dados para abastecimento de água e esgotamento sanitário.

O abastecimento de água do município de Cruzaltense é municipalizado. Para o componente dos Serviços de Abastecimento de Água Potável, o diagnóstico contemplou as áreas rurais e urbanas, com as seguintes informações:

 O sistema de abastecimento do perímetro urbano de Cruzaltense tem como base o suprimento por dois poços tubulares profundos, e sendo que os mesmos estão em atividade.

 O sistema existente consiste de captação junto ao poço artesiano, por meio de duas estações de bombeamento, na qual interliga a captação com a bomba dosadora de cloro.

 O sistema de reservação é composto por dois reservatórios, localizados no perímetro urbano, com capacidade de 20 m³ cada.

 A rede de distribuição conta ao todo com aproximadamente 5.500 metros de tubulação, atendendo aproximadamente 235 economias. De acordo com a Prefeitura Municipal, 40% da rede de distribuição é de fibrocimento, já os outros 60% é de PVC, com diâmetros variando entre 20 a 50 mm.

Os sistemas de abastecimento de água na Zona Rural apresentam-se da seguinte forma:

 Linha Ceccato: O sistema de abastecimento possui uma caixa de água de 15.000 litros e a rede de distribuição é de aproximadamente 6.500 metros com tubos de PVC de 50 e 32mm, atendendo cerca de 18 economias.

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 Linha Coxilha Seca: O sistema de abastecimento possui uma caixa de água de 10.000 litros e a rede de distribuição é de aproximadamente 12.000 metros com tubos de PVC de 50, 32, 25 e 20mm, atendendo cerca de 25 economias.

 Linha Dez: O sistema de abastecimento possui uma caixa de água de 20.000 litros e a rede de distribuição é de aproximadamente 10.000 metros com tubos de PVC de 50, 40, 32, 25 e 20mm, atendendo cerca de 21 economias.

 Linha Giaquini: O sistema de abastecimento possui uma caixa de água de 10.000 litros e a rede de distribuição é de aproximadamente 7.500 metros com tubos de PVC de 50, 40, 32, 25 e 20mm, atendendo cerca de 13 economias.

 Linha Lopes: O sistema de abastecimento possui uma caixa de água de 10.000 litros e a rede de distribuição é de aproximadamente 7.500 metros com tubos de PVC de 50, 40, 32, 25 e 20mm, atendendo cerca de 23 economias.

 Linha Nossa Senhora de Lourdes: O sistema de abastecimento possui uma caixa de água de 20.000 litros e a rede de distribuição é de aproximadamente 20.000 metros com tubos de PVC de 50, 40, 32, 25 e 20mm, atendendo cerca de 52 economias.

 Linha Nove: O sistema de abastecimento possui duas caixa de água de 10.000 litros e a rede de distribuição é de aproximadamente 18.500 metros com tubos de PVC de 50, 40, 32, 25 e 20mm, atendendo cerca de 38 economias.

 Linha Rio Liso: O sistema de abastecimento possui duas caixas de água de 10.000 e 5.000 litros e a rede de distribuição é de aproximadamente 22.000 metros com tubos de PVC de 50, 40, 32, 25 e 20mm, atendendo cerca de 47 economias.

 Linha Santa Catarina: O sistema de abastecimento possui uma caixa de água de 15.000 litros e a rede de distribuição é de aproximadamente 15.000 metros

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com tubos de PVC de 50, 40, 32, 25 e 20mm, atendendo cerca de 33 economias.

 Linha Santa Cruz: O sistema de abastecimento possui uma caixa de água de 20.000 litros e a rede de distribuição é de aproximadamente 10.000 metros com tubos de PVC de 50, 40, 32, 25 e 20mm, atendendo cerca de 19 economias.

 Linha São Roque: O sistema de abastecimento possui uma caixa de água de 10.000 litros e a rede de distribuição é de aproximadamente 20.000 metros com tubos de PVC de 50, 40, 32, 25 e 20mm, atendendo cerca de 58 economias.

 Linha Treze: O sistema de abastecimento possui uma caixa de água de 10.000 litros e a rede de distribuição é de aproximadamente 11.000 metros com tubos de PVC de 50, 40, 32, 25 e 20mm, atendendo cerca de 44 economias.

 Linha Progresso: O sistema de abastecimento possui três caixas de água, duas de 10.000 litros e uma de 20.000 litros, a rede de distribuição é de aproximadamente 50.000 metros com tubos de PVC de 50, 40, 32, 25 e 20 mm, atendendo cerca de 90 economias.

A cidade de Cruzaltense não conta com um sistema coletivo de tratamento de esgotamento sanitário, sendo utilizado na maioria dos casos sistema unitário, com fossa séptica e sumidouro.

Existe um Estudo de Concepção para o Sistema Coletivo de coleta e tratamento de Esgotos Sanitários elaborado por técnicos da Prefeitura Municipal de Cruzaltense, que irá conduzir os esgotos até a área da Estação de Tratamento de Esgotos, por gravidade, localizada na estrada de acesso à Linha Santa Catarina, aproximadamente 2 km da área urbana,

No entanto, em uma análise geral o município de Cruzaltense não se encontra diferente dos demais municípios pertencentes a região do Alto Uruguai. Segundo levantamentos de dados da equipe técnica, a grande maioria dos

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municípios desta região se encontram em situação deficitária no comprometimento a legislação do saneamento básico, porém, a grande maioria para não dizer a sua totalidade, e assim, incluindo o Município de Cruzaltense, estão realizando esforços individuais ou através de receitas provindas de recursos da união e do estado, visando sanar em um primeiro momento o déficit de situação do saneamento básico às famílias de baixa renda do município. Também, através de elaboração de projetos e estudo de concepção técnica, o município tenta obter recursos dos governos federal e estadual para iniciar as obras de melhorias na coleta e tratamento do esgoto doméstico urbano.

6.1.7. Legislação Local Vigente

 Plano Diretor - As Leis Municipais de n° 561/2008, 562/2008, 564/2008, 565/2008 e 570/2008 formam o Plano Diretor do Município. A Lei Municipal n° 561/08 dispõe sobre o Código Municipal do Meio Ambiente e estabelece a política de Meio Ambiente do Município de Cruzaltense, sua elaboração, implementação e acompanhamento, instituindo princípios, fixando objetivos e normas básicas para a proteção do Meio Ambiente e melhoria da qualidade de vida da população. Já, a Lei Municipal n° 562/08 institui o Código Administrativo, a Lei Municipal n° 564/08 dispõe sobre parcelamento do Solo Urbano, a Lei Municipal nº 565/08 dispõe sobre o desenvolvimento urbano, zoneamento de uso do solo urbano no município de Cruzaltense/RS. Estabelece o Plano de Desenvolvimento Urbano e Ambiental Sustentável de Cruzaltense (PDDUAS), e a Lei Municipal nº 570/08 disciplina as edificações na área urbana.

 Plano Local de Habitação de Interesse Social

 Plano Municipal de Saneamento Básico

 Plano Ambiental - Legislação Ambiental Municipal

 Código de Meio Ambiente do Município 37

 Lei Orgânica do Município

 Lei Municipal n° 636/09, Dispõe sobre a Estrutura Administrativa do Poder Executivo Municipal, cria os Cargos de Confiança, Estabelece Funções Gratificadas e dá outras providências.

 Lei Municipal n° 690/09, Define o Perímetro Urbano do Município de Cruzaltense e da outras providências.

 Lei Municipal nº. 669, que dispõe sobre o Plano Plurianual para o quadriênio 2010 a 2013.

6.1.8. Estrutura Administrativa Municipal

O Município de Cruzaltense possui uma estrutura operacional, fiscalizatória e gerencial para o tratamento específico da Política de Resíduos Sólidos, através da Secretaria de Obras Públicas, Habitação e Urbanismo e a Secretaria Municipal de Agricultura, Meio Ambiente e Desenvolvimento Econômico. Possui um Departamento de Licenciamento Ambiental especificamente para tratar da gestão ambiental pública do município, conforme demonstrado na Figura 8.

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GABINETE DO PREFEITO

Prefeito Municipal: Marculino Luiz Fontana

GABINETE DO VICE-PREFEITO

Vice-Prefeito: Carlos Santa Catarina

SEC. OBRAS PÚBLICAS, SEC. AGRICULTURA, MEIO HABITAÇÃO E URBANIMO AMBIENTE E DES. ECONOMICO

SERVIDORES: SERVIDORES:

GERENCIAL E FISCALIZAÇÃO OPERACIONAL

Figura 8. Estrutura Administrativa Municipal

6.1.9. Orçamento Municipal – Resíduos Sólidos

Em relação ao total de receitas a serem investidas, Cruzaltense não prevê em seu Plano Plurianual 2010/2013, investimentos em Maquinários e Equipamentos para prestação de serviços de Resíduos Sólidos.

Dentre os gastos principais estão os valores a serem despendidos com pagamento de folha de pagamento dos servidores e despesas com manutenção dos veículos de transporte, bem como, com os serviços de terceirização.

Neste sentido, destaca-se uma diferença entre o orçamento de receitas e despesas, evidenciando um déficit no sistema de prestação dos serviços públicos de resíduos sólidos. 39

No ano de 2010 o Município arrecadou somente R$ 3.402,23 referente a cobrança de taxa de serviços de limpeza, sendo esta cobrança realizada juntamente com a taxa de IPTU, e tendo uma despesa de aproximadamente de R$ 97.806,00.

6.1.10. Educação Ambiental

A Educação Ambiental é componente indispensável num Plano de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos. A apropriação de conhecimentos, iniciando pela própria cultura e passando por temáticas específicas do meio ambiente, é o passo inicial imprescindível à compreensão das relações homem-natureza. Daí decorre o desencadeamento de um processo conscientizado que dá sentido às ações, atividades e práticas na busca de relações equilibradas com o meio e a conseqüente recuperação e preservação deste meio.

Portanto, a educação ambiental é um processo pelo qual o individuo e a coletividade constrói valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação, preservação e recuperação do meio ambiente.

Dessa forma no processo educativo mais amplo, todos têm direito a educação ambiental, cabendo ao poder público, definir política pública que incorpore a dimensão ambiental, além de promovê-la de forma integrada aos programas educacionais, priorizar ações de educação ambiental que integre a conservação, recuperação e melhoria meio ambiente.

Os programas e projetos ambientais devem estar sob tais preceitos e a garantia da sua efetividade deve ser norteada por princípios básicos, de caráter educativo, que contemple processos de comunicação, sensibilização e desenvolvimento de habilidades a todos, sejam pessoas jurídicas ou físicas, e a definição de competências àqueles a quem cabe a proteção ou recuperação de determinado recurso.

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A Prefeitura Municipal de Cruzaltense já desenvolve campanhas para coleta, transporte e disposição final do lixo orgânico e seco. Mas, é importante retomar esta campanha com mais ênfase e dedicação.

Inicialmente, a partir da campanha de educação ambiental, pretendeu- se melhorar o sistema de coleta seletiva de resíduos domésticos urbanos e rurais de crescente complexidade. O principal objetivo é manter a cidade e o município limpo, evitando a poluição ambiental das águas, do solo e das áreas verdes, principalmente por plásticos, vasilhames, pilhas, baterias, lâmpadas fluorescentes, pneus e outros materiais poluentes.

6.2. Levantamento e Diagnóstico da Situação Atual dos Resíduos Sólidos

A Constituição Federal dispõe sobre a competência dos municípios em "organizar e prestar, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, os serviços públicos de interesse local, que tem caráter essencial". O que define e caracteriza o "interesse local" é a predominância do interesse do Município sobre os interesses do Estado ou da União. No que tange aos municípios, portanto, encontram-se sob a competência dos mesmos os serviços públicos essenciais, de interesse predominantemente local e, entre esses, os serviços de limpeza urbana.

Com o crescimento das cidades, o desafio da limpeza urbana não consiste apenas em remover o lixo de logradouros e edificações, mas, principalmente, em dar um destino final adequado aos resíduos coletados.

Essa questão merece atenção porque, ao realizar a coleta de lixo de forma ineficiente, a prefeitura é pressionada pela população para melhorar a qualidade do serviço, pois se trata de uma operação totalmente visível aos olhos da população.

A questão do destino final de parte dos resíduos sólidos no município de Cruzaltense reflete o cenário clássico observado em todo o País.

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6.2.1. Serviços de Resíduos Sólidos Urbanos – Coleta Seletiva

A coleta seletiva é uma das atividades fundamentais de um plano de gestão integrada de resíduos. Atualmente, no município de Cruzaltense, o serviço de coleta de resíduos domésticos e comercias (coleta seletiva) atende toda a área urbana e, bimestralmente, localidades rurais, através da coleta de resíduos inorgânicos.

Para elucidar estes aspectos, a Pesquisa Nacional de Saneamento Básico, 2008, realizada no Rio Grande do Sul (IBGE), neste componente: Manejo de Resíduos Sólidos aponta o número de municípios com serviço de coleta seletiva.

Neste contexto, o município de Cruzaltense também está identificado, conforme demonstrado na figura abaixo:

Figura 9. Mapa do Rio Grande do Sul – Municípios com Coleta Seletiva Fonte: IBGE, 2011

O município de Cruzaltense conta com a coleta seletiva e transporte realizados por servidores do município, devidamente licenciada a atividade de transporte junto a FEPAM, através da Declaração de Isenção de Licenciamento nº

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00532/2011, com vigência por tempo indeterminado. A Central de Triagem e Compostagem de RSU com Estação de Transbordo é terceirizada, através do Contrato nº 051/2011, despendendo dos cofres do Município pelos serviços mensais o valor de R$ 2.850,00, de responsabilidade da empresa JULIANO WIETZYCOSKI – ME, localizada no município de Paulo Bento/RS, distante 25 km da cidade de Cruzaltense. Analisando o site da FEPAM, constata-se que a referida empresa, está com sua Licença de Operação suspensa, o que demonstra que a atividade exercida pela referida empresa está irregular atualmente. Esta empresa realiza a triagem do lixo inorgânico e compostagem do lixo orgânico de todos os resíduos sólidos domiciliares e comerciais do município, após é destinado os rejeitos da matéria inorgânica e orgânica para o aterro sanitário, devidamente licenciada a atividade de transporte junto a FEPAM, através da Declaração de Isenção de Licenciamento nº 00059/2010, com vigência por tempo indeterminado, bem como, o aterro sanitário pertencente a empresa SIL SOLUÇÕES AMBIENTAIS LTDA, que também está em processo de análise junto à FEPAM, estando a empresa com atividades irregulares perante a legislação ambiental. O aterro sanitário está localizado no município de Minas do Leão/RS, à aproximadamente 80 quilômetros de /RS, em uma área total de 500 hectares, dos quais cerca de 73 hectares estão sendo utilizados na operação. Com uma capacidade total para receber 25 milhões de toneladas de resíduos, o aterro tem uma vida útil estimada em 23 anos.

A quantidade de lixo urbano gerado no município é de aproximadamente 20.000 Kg/mês. Sendo, 8.700 Kg de lixo inorgânico, como plásticos, vidros, latas, entre outros, e 11.300 Kg de lixo orgânico.

A rota e freqüência de coleta foram definidas pela Prefeitura Municipal. Um único caminhão caçamba realiza a coleta de resíduos de todo o município, juntamente com uma equipe de servidores nos turno da manhã das segundas e sextas-feiras, das 07:00 às 11:00 horas, e o chamado turno extra que ocorre em dias pré determinados nas localidades do interior do município.

As freqüências de coleta de resíduos estão elucidadas abaixo:

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Calendário da Coleta dos Resíduos Sólidos - Orgânico e Reciclável

Local/Dias da Segunda-Feira Terça-Feira Quarta-Feira Quinta-Feira Sexta-Feira Semana

Área Reciclável/ Reciclável/ Urbana Centro - - - Orgânico Orgânico

Área Somente Reciclável Todas as Rural Localidades Coleta Bimestral

Tabela 9. Frequência de Coleta Seletiva de RSU Fonte: Prefeitura Municipal de Cruzaltense, 2012

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Figura 10. Itinerário de Coleta no Perímetro Urbano Fonte: Secretaria Municipal de Obras Públicas e Urbanismo, 2012.

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No município, os resíduos sólidos urbanos não estão sendo pesados, nem caracterizados, quando da realização das coletas. Nesse sentido, realizou-se o processo simplificado de caracterização física dos resíduos. Essa caracterização não foi realizada de forma minuciosa, porém, se pode observar as quantidades por tipos de resíduos.

Ressalta-se que uma caracterização minuciosa dos resíduos sólidos urbanos está inserida como uma das ações, e irá auxiliar no dimensionamento dos serviços.

Para o processo simplificado de caracterização física dos resíduos sólidos domésticos foram obtidas amostras dos resíduos coletados pelo serviço de limpeza e coleta urbana do município a fim de conseguir resultados que aproximam o máximo possível da realidade.

Todo o processo de separação iniciou-se com a abertura de todas as sacolas, através de um processo de triagem, na central de triagem terceirizado pela Prefeitura Municipal. O processo consistia em separar os lixos recicláveis dos rejeitos. Os catadores despejaram todo o lixo das sacolas, e separaram os recicláveis da matéria orgânica.

Cada tipo de resíduo, devidamente separado, foi pesado, sendo que os rejeitos também foram pesados.

Resíduos Total Composição (%) (Reciclados e Rejeitos = 305,00Kg) Papel/papelão 11,6% Plásticos 13,8% Vidro 6,8% Matéria Orgânica + Rejeitos 59,5% Latas 6,9% Borracha 1,4% Tabela 10. Composição dos Resíduos Sólidos em Cruzaltense

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Gráfico 1. Peso (Kg) de Resíduos Sólidos

No município de Cruzaltense, os resíduos domésticos e comerciais costumeiramente ficam acondicionados em sacos plásticos e dispostos em lixeiras em frente às residências ou comércio, conforme ilustrado na fotografia abaixo.

Foto 3. Vista de locais de acondicionamento de lixo doméstico

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Durante visita a campo, verificou-se que em alguns locais ocorre à disposição de resíduos de maneira incorreta, devido à inexistência de lixeiras ou simplesmente fora das lixeiras existentes.

Foto 4. Levantamento fotográfico de locais com disposição de RSU incorretos

No centro da cidade e nas praças centrais, encontram-se lixeiras dispostas em pontos estratégicos, onde ocorre a maior circulação de pessoas.

Foto 5. Levantamento fotográfico de lixeiras dispostas no centro do município

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Para o transporte dos resíduos domésticos, a Prefeitura dispõe de caminhão caçamba, com capacidade de 7 ton. Após coleta no perímetro urbano, o caminhão é devidamente enlonado para o transporte até a Central de Triagem no município de Paulo Bento.

Foto 6. Vista do caminhão caçamba de coleta seletiva

Verificou-se também que, durante visita a campo, os funcionários responsáveis pela coleta de resíduos não apresentavam os EPI’s – Equipamentos de Proteção Individual necessários, como por exemplo: luvas, uniforme completo refletivo, calçado antiderrapante, entre outros.

Foto 7. Vista dos servidores realizando a coleta seletiva 49

Na sequência, está apresentado levantamento fotográfico dos locais terceirizados: Central de Triagem com compostagem e do Aterro Sanitário, onde é realizado a disposição final adequada.

Foto 8. Levantamento fotográfico dos locais de tratamento e disposição final dos RSU

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O município de Cruzaltense, por ser um município de pouco tempo de constituição, não possui nenhum local onde era realizado a disposição final de RSU, caracterizando alguma situação de passivo ambiental, sempre realizando o transporte à aterros de municípios vizinhos, com contratos de terceirização para disposição final.

6.2.1.1. Catadores em Cruzaltense

Associados à questão dos resíduos sólidos também estão os catadores de materiais recicláveis, pessoas muito pobres que tiram dos resíduos dispostos nas ruas o sustento para suas vidas.

Assim como em outros municípios de pequeno porte da região do Alto Uruguai, Cruzaltense por ser um município tipicamente habitado por população economicamente com padrão razoável, e de atividade principalmente rural, ainda não possui catadores realizando informalmente o trabalho de coleta seletiva de resíduos recicláveis.

6.2.1.2. Cooperativas em Cruzaltense

No processo de valorização do “lixo” e, por conseguinte, da atividade de catação, é imprescindível garantir as condições de infraestrutura necessárias aos trabalhadores de forma a tornar o trabalho digno.

Assim, como não há a presença da atividade de catadores no município, não estão implantadas cooperativas no município.

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6.2.2. Serviços de Limpeza Pública

A execução dos serviços de limpeza pública do município de Cruzaltense é de responsabilidade da Secretaria Municipal de Obras Públicas, Habitação e Urbanismo, e ocorre por meio de administração direta.

Compete a esta secretaria todos os serviços desde a coleta até a destinação final de varrição das sarjetas e calçadas, limpeza e desobstrução de bocas de lobo, capina manual e mecanizada das vias públicas, roçagem dos terrenos públicos, poda de árvores, pintura dos meio-fio, lavagem de logradouros públicos, somando-se ainda a limpeza caracterizada pelo recolhimento dos resíduos de construção civil (entulhos), e dos resíduos verdes caracterizados pela capina e poda, que são dispostos ilegalmente na malha urbana.

De acordo com o levantamento realizado pelo município, através de estimativa do volume coletado de resíduos gerados pelos serviços de limpeza e coleta foi de aproximadamente 15 (quinze) ton/mês, sendo que os resíduos de Cruzaltense são compostos da seguinte forma:

Gráfico 2. Porcentagem (%) de Resíduos de Limpeza Pública

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Na análise feita, não foi possível fazer uma divisão criteriosa dos materiais e utensílios por equipe ou serviços, uma vez que todos ficam guardados no mesmo almoxarifado e são disponibilizados para as equipes no momento de realização de determinado serviço. Abaixo, é demonstrado na foto, o local do Almoxarifado do Setor de Limpeza e Obras.

Foto 9. Vista do material para varrição das vias públicas

6.2.2.1. Serviço de Varrição

Este serviço contempla a limpeza dos logradouros públicos. No serviço, realiza-se: o recolhimento de resíduos domiciliares espalhados na rua (não acondicionados), a varrição do passeio e da sarjeta no roteiro determinado, e o recolhimento de lixo das caixas coletoras.

Pelo levantamento de extensão de vias varridas, em função de todas as vias do município, sabe-se que o serviço de varrição abrange 100% das vias urbanas. Os serviços são executados de forma manual, com freqüência de varrição

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diária. O tipo de pavimentação das ruas é na grande maioria de poliédricos irregulares, com uma minoria de asfalto.

Os serviços são realizados por três (03) servidores municipais e cada um possui equipamentos auxiliares como: 01 vassoura, 01 carrinho de ferro com rodas de pneus e 01 pá.

Os servidores são divididos por ruas determinadas. O rendimento diário de vias varridas por servidor, conforme o planejamento é de média 1,5Km/dia, sendo a extensão média mensal de vias varridas de aproximadamente 90 km/mês ou aproximadamente 18 dias do perímetro urbano totalmente limpo.

Foto 10. Vista dos servidores realizando varrição das vias públicas urbana

O destino e disposição final dos resíduos de varrição são de forma irregular, em locais da zona rural do município, sem a realização de um tratamento adequado.

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6.2.2.2. Serviço de Limpeza de Ralos e Bocas-de-lobo

No município, o serviço de limpeza de ralos e bocas-de-lobo ocorre juntamente do serviço de varrição, sendo a equipe responsável não apenas pela limpeza, mas também pela manutenção das caixas de ralo, caso as mesmas estejam entupidas ou danificadas.

A limpeza é realizada de forma manual, e são utilizados utensílios como: enxada, pás, chibancas, picaretas, alavanca e colher de pedreiro.

Os resíduos provenientes da limpeza de ralos e bocas-de-lobo também são destinados irregularmente juntamente com os resíduos de varrição.

Esses locais de bota-fora onde são realizados os despejos dos resíduos se tornaram um passivo ambiental.

6.2.2.3. Serviço de Capina e Raspagem

Os serviços de capina e raspagem correspondem à limpeza de terra, mato e ervas daninhas que se acumulam junto às sarjetas para garantir as condições adequadas de drenagem e evitar o mau aspecto das vias. Caracteriza também a limpeza de ervas daninhas da sarjeta e ao redor das árvores, canteiros e postes. Os serviços de roçagem são utilizados para a retirada de capim e mato ou outras vegetações em locais públicos.

Não há como calcular a extensão de áreas capinadas, consequentemente a cobertura dos serviços pode ser apenas estimado. Assim, estima-se que o serviço de capina é realizado em aproximadamente 70% do perímetro urbano do município.

Esses resíduos atualmente são dispostos em locais de bota-fora do município.

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Os servidores também são responsáveis pela arborização e manutenção das áreas verdes municipais, abrangendo a Praça Central e jardinagem dos canteiros centrais.

Em relato feito com o responsável pela equipe, nota-se que a mesma é relativamente de um número reduzido de servidores em vista da quantidade de locais a serem mantidos. Nesse sentido, nota-se a prioridade à praça e jardins centrais, onde o fluxo de pessoas é maior.

6.2.2.4. Serviços de Poda

Para este serviço também não houve possibilidade de se realizar um estudo de cobertura, estima-se que o serviço de poda é realizado em 75% da área urbana, compreendendo prioritariamente áreas centrais e comercial.

Muitas vezes, o proprietário do imóvel realiza a poda particularmente.

O serviço executado pela Prefeitura ocorre de forma manual. A freqüência varia conforme a necessidade do serviço e espécies apropriadas até o momento, não há registros a respeito da rotina de execução da atividade.

A equipe dispõe de utensílios como facão e moto-serra, e na maioria das vezes uma retro-escavadeira juntamente com caminhão para auxiliar na coleta.

Esses resíduos coletados são dispostos em locais bota-fora do município sem nenhum tipo de controle, conforme demonstrado abaixo.

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Foto 11. Vista do local de disposição irregular de resíduos de varrição, poda e capina

6.2.3. Resíduos de Serviços de Saúde

Verificou-se que o sistema de coleta, transporte e destinação final dos resíduos oriundos de serviços de saúde nos estabelecimentos públicos e privados do Município de Cruzaltense são realizados por empresa terceirizada.

A Prefeitura Municipal possui contrato nº 007/2012 com vigência até 31/12/2012, firmado com a empresa SPIELMANN & SPIELMANN LTDA, portadora do CNPJ nº: 07.075.504/0001-10, devidamente licenciada ambientalmente pela FEPAM, sob nº 02530/2010 de Licença de Operação para Estação de Transbordo de Resíduos de Saúde na cidade de /RS, com validade até 17/05/2014 e Licença de Operação FEPAM nº 01597/2012 para Transporte Rodoviário de Resíduos Perigosos, com vigência até 04/04/2016. A empresa com sede na cidade de Dois Vizinhos – PR está com sua Licença de Operação suspensa pela IAP/PR

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para o tratamento de resíduos de saúde, através de esterilização, assim demonstrando irregularidade no tratamento e destino final desses resíduos.

A unidade de saúde é atendida com freqüência de coleta quinzenalmente, sendo a quantidade mensal dos serviços de coleta, transporte e destinação final dos resíduos de saúde produzidos na Unidade de Atendimento de Saúde de Cruzaltense de aproximadamente 1.000 L/mês, despendendo a importância de R$ 320,00 mensais. Os resíduos são acondicionados em bombonas de 200 litros e armazenadas em uma sala do local.

Foto 12. Vista do local de armazenamento provisório do RSS

Segundo levantamento da Prefeitura, a geração de resíduos neste estabelecimento não é regular. Considerando a coleta mensal destes resíduos, entre Janeiro e Junho de 2012, a média produzida no período foi de 935 L/mês.

Para os estabelecimentos privados, fica a critério dos mesmos a escolha e contratação da empresa. As coletas são efetuadas periodicamente, conforme demanda (semanal, quinzenal ou mensalmente).

Os resíduos produzidos pelos empreendimentos privados de saúde são, em sua maior parte, resíduos comuns (lixo doméstico).

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6.2.4. Resíduos Industriais e da Construção Civil

Como a cidade é de pequeno porte, e não há indústrias de grande porte na cidade, praticamente não existe lixo industrial. A coleta do lixo industrial não é atribuição do Serviço de Limpeza Urbana, o qual apenas recolhe pequenas quantidades de lixo não perigoso disposto em recipientes normais. A Prefeitura é responsável apenas pela orientação e fiscalização dos serviços.

Foto 13. Levantamento fotográfico locais de destinação dos RSCC

Da mesma forma, os resíduos de obras civis devem ser removidos pelos próprios geradores. Entretanto nem sempre estes resíduos são dispostos em lugares adequados. O que se vê com certa freqüência são estes materiais dispostos em terrenos baldios, beira de vias de trânsito, calçadas, etc. As causas destes despejos inadequados são:

- desconhecimento ou inexistência de um local determinado pela Prefeitura para sua disposição; e,

- falta de fiscalização atuante e efetiva;

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O presente plano objetiva trazer uma contribuição ao município, apresentando diretrizes básicas para elaboração e implantação do PGIRS, incluindo os resíduos da construção civil.

O fato de não possuir um aterro de inertes no município, e em municípios vizinhos, faz com que o município realize o destino final de forma inadequada, em locais de bota-fora, conforme levantamento fotográfico abaixo.

Foto 14. Levantamento fotográfico de locais de bota fora (inadequados) RSCC

6.2.5. Resíduos Funerários

Os resíduos produzidos pelos de serviços funerários, caracterizados por materiais comuns, como restos de flores e velas, são depositados em lixeiras distribuídas pelo cemitério. A coleta e destino final é realizado pela Prefeitura Municipal.

Os restos funerários, geralmente, são mantidos dentro dos jazigos ou lançados em um terreno baldio, no fundo do cemitério.

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Foto 15. Levantamento fotográfico locais com resíduos do Cemitério Municipal

6.2.6. Resíduos Especiais

6.2.6.1. Pilhas e Baterias

Como diagnóstico da situação atual dos resíduos de pilhas e baterias, o município de Cruzaltense não apresenta programas específicos para a coleta de pilhas e baterias bem como não apresenta pontos de entrega voluntária.

Devido a essa deficiência, em conjunto com a falta de conscientização da população, os resíduos de pilhas e baterias do município são dispostos na coleta seletiva de resíduos domésticos, tendo por fim o aterro sanitário.

6.2.6.2. Lâmpadas Fluorescentes

Segundo informações obtidas pelos técnicos, verificou-se a falta de programas específicos para a coleta dos resíduos de lâmpadas fluorescentes, bem como a falta de pontos de entrega voluntária.

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Até o momento, as lâmpadas estão armazenadas em local fechado, separadas dos outros resíduos.

As lâmpadas comuns são depositadas no lixo reciclável.

6.2.6.3. Óleos e Graxas

Os resíduos gerados na manutenção dos veículos públicos são armazenados em tambores na garagem da Prefeitura, e posteriormente são coletados por empresas terceirizadas.

Nos estabelecimentos privados, tais como postos de combustíveis, oficinas mecânicas, indústrias em geral e agricultores, os resíduos de óleos e graxas também são armazenados em tambores, e posteriormente coletados por empresas terceirizadas, as quais dão a destinação correta.

No caso das estopas, filtros e serragem contaminadas com óleo e graxa, o processo de armazenamento ocorre da mesma forma, sendo coletado pela Prefeitura Municipal, porém não efetuando corretamente o destino final.

Para obter o Licenciamento Ambiental, os estabelecimentos de lavagem de automóveis são obrigados a instalar caixas separadoras e coletoras de óleos e graxas. A coleta é feita por empresa terceirizada.

6.2.6.4. Pneus

Os pneumáticos descartados pela Prefeitura, na manutenção dos veículos públicos, são armazenados na garagem da Prefeitura, onde permanecem até formarem uma quantia justificável para a entrega em pontos de coleta.

Nos estabelecimentos privados, a situação não é muito diversa. As borracharias estabelecidas no município também armazenam estes resíduos até que

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a quantidade justifique financeiramente o envio à pontos de coleta. Alguns estabelecimentos, os pneus são devolvidos para a empresa que os fornecem, tendo como exemplo a empresa F. Vachileski, do município de Erechim/RS, que recolhe os pneus usados.

6.2.6.5. Embalagens de Agrotóxicos

A coleta de embalagens de agrotóxicos do município é realizada pela Secretaria Municipal de Agricultura e Meio Ambiente e pelas empresas terceirizadas, anualmente.

Para conscientização dos agricultores, é feito divulgação da campanha através de rádio e distribuição de panfletos. As embalagens são coletadas nos locais de maior concentração de agricultores, mediante rota pré-estabelecida e são transportadas pela empresa Cimbalagem, do município de Passo Fundo-RS.

Estas embalagens são recolhidas independentes da cultura em que foi utilizada.

Seguem abaixo, as condições necessárias para a entrega das embalagens, segundo a Secretaria Municipal de Agricultura e Meio Ambiente:

• as embalagens devem ser tríplices lavadas e secas;

• devem estar classificadas, com vasilhames separados das embalagens em pó;

• as tampas devem estar separadas dos pacotes;

6.2.6.6. Resíduos de Mineração

A exploração mineral no município é incipiente. Se desconsiderarmos a utilização de água, explorada em poços tubulares profundos, restam apenas a existência e exploração de quatro pedreiras e uma cascalheira devidamente

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licenciadas ambientalmente junto aos órgãos competentes. Contudo observações preliminares apontam para inadequações no processo de recuperação ambiental no local de extração da lavra.

6.2.6.7. Resíduos Agrícolas

Com o aumento da produção de animais no Município de Cruzaltense, especialmente suínos, aves de corte e gado de leite, há a necessidade de desenvolver trabalhos na área de manejo de dejetos animais, visando fundamentalmente à diminuição da poluição ambiental e redução dos custos para implantação de lavouras (culturas anuais, e frutas) pelo uso dos dejetos como adubação orgânica.

Para atender a demanda de retirada e transporte dos dejetos da suinocultura a Prefeitura Municipal conta com tratores e tanques de distribuição de esterco. Os produtores rurais que necessitam do serviço de distribuição do esterco devem solicitá-lo a Secretaria Municipal de Agricultura. O custo depende das horas trabalhadas. Este custo é subsidiado para beneficiar o produtor. A distribuição é feita em áreas com topografia de no máximo 15% de declividade. Quanto aos produtores que não tem onde distribuir o esterco, os mesmos repassam para aqueles que têm interesse.

A Secretaria Municipal de Agricultura promove em conjunto com o Escritório Municipal da ASCAR/EMATER, orientação técnica, para que os suinocultores construam esterqueiras, visando o não despejo dos dejetos junto aos rios e sangas.

Existe a necessidade da realização de um cadastro rural, com objetivo de coletar dados com vistas à minimização dos impactos ambientais gerados no interior do município.

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6.2.6.8. Eletroeletrônicos

Os equipamentos eletroeletrônicos são todos aqueles aparelhos que usamos em casa e nas empresas, incluindo todos os componentes necessários para o seu funcionamento. Abrange desde pequenos eletrodomésticos aos mais diversos eletrônicos.

O município de Cruzaltense, não possui um ponto de coleta ou programa específico para o manejo desses resíduos, o que facilita a disposição inadequada desses resíduos e o amontoamento dessas sucatas dentro de casas e locais impróprios.

6.3. Áreas Favoráveis para Disposição Final Ambientalmente Correta dos Resíduos Sólidos

A delimitação de áreas para disposição de resíduos sólidos é importante para o estabelecimento de tecnologia que visa minimizar impactos ambientais ao meio físico e à população, bem como, redução de custos de investimento.

A forma correta e segura para disposição final de resíduos sólidos no município de Cruzaltense é o aterro sanitário ou industrial.

Uma área para qualquer que seja o aterro, deve apresentar como condições adequadas pelo menos os seguintes: baixa densidade populacional, proximidade à fonte geradora e vias de transporte, baixo potencial de contaminação do aqüífero, baixo índice de precipitação, alto índice de evaporização, subsolo com alto teor de argila, pouca declividade e ausência de depressões naturais, área não sujeita a inundação, camada insaturada de pelo menos 1,5m entre o fundo do aterro e o nível mais alto do lençol freático, subsolo não constituído essencialmente por

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coeficiente de permeabilidade superior a 1 X 104 cm/s e distância de 200m de qualquer fonte de abastecimento humano e animal.

Visando analisar áreas para implantação de aterros no município de Cruzaltense, primeiramente deve se elaborar mapa com as áreas favoráveis e apresentando as principais condições relatadas no parágrafo anterior. A utilização de técnicas de geoprocessamento facilitaria a integração desses dados.

Cruzaltense, município de pequeno porte, mas com áreas em seu território propicias à implantação de aterros, em um primeiro momento deve em conjunto com alguns municípios de seu envolto, organizar e contratar equipe técnica especializada para o levantamento das condições econômicas de constituição na forma de consórcio com os demais municípios, e posterior deixar a disposição o seu território para a execução do aterro.

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7. LEGISLAÇÃO E NORMAS BRASILEIRAS DE RESÍDUOS SÓLIDOS

O quadro resumo, abaixo, destaca as principais normas brasileiras aplicáveis a gestão dos resíduos:

Figura 11. Quadro Resumo de Normas e Legislação que trata sobre Resíduos Sólidos Fonte: DPM-RS, março 2012

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8. PROGNÓSTICOS E ALTERNATIVAS

Em decorrência da aprovação da Lei nº 12.305/2010, que instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos, o Brasil vive uma fase importante quanto ao gerenciamento dos resíduos sólidos.

Através da elaboração do PMGIRS, Cruzaltense visa buscar soluções que sejam eficazes e dentro de uma política ambientalmente correta, com o objetivo de redução dos custos e diminuição do desperdício de matéria-prima.

As propostas apresentadas no PMGIRS de Cruzaltense tem como base o diagnóstico realizado, a partir do qual foi possível avaliar as reais condições em que se encontra o município em relação a geração dos seus resíduos sólidos.

O Plano de Resíduos Sólidos de Cruzaltense é entendido como um conjunto de ações normativas, operacionais, financeiras e de planejamento que a administração municipal deverá desenvolver.

O gerenciamento integrado de resíduos sólidos urbanos é, em síntese, o envolvimento de diferentes órgãos da administração pública e da sociedade civil com o propósito de realizar a limpeza urbana, a coleta, o tratamento e a disposição final, levando em consideração as características das fontes de produção, o volume e os tipos de resíduos.

Na gestão e gerenciamento de resíduos sólidos, deverá ser observada a seguinte ordem de prioridade: não geração, redução, reutilização, tratamento e disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos.

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Figura 12. Etapas de Gerenciamento de Resíduos Sólidos

Para que a implantação do PMGIRS no município de Cruzaltense seja bem sucedida, é imprescindível que as ações sejam realizadas de acordo com as orientações deste documento e que sejam discutidas e avaliadas de forma periódica pelos munícipes.

Cabe lembrar, que as ações são elaboradas de acordo com os conhecimentos técnicos existentes até a presente data, relativo à gestão dos resíduos sólidos, que, quando colocadas em prática, pode ser que nem todas apresentem o resultado esperado. Assim, faz-se necessário que as idéias passem por avaliação e melhoria continua por parte do órgão público municipal, com intuito de adaptá-las à situação prática.

O PMGIRS de Cruzaltense possui um horizonte de projeção de vinte anos, e sua periodicidade de revisão deve observar prioritariamente o período de vigência do plano plurianual municipal, conforme estabelece a Lei 12.305/2010.

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8.1. Estrutura Administrativa

Apesar da existência da Secretaria Municipal de Obras Públicas, Habitação e Urbanismo, é necessário atentar a grande demanda de serviços, sendo que o acúmulo das atribuições atuais somadas àquelas que serão decorrentes da implementação do Plano, poderá resultar na geração de ineficiências.

O fato do setor de limpeza urbana estar sob responsabilidade de uma secretaria específica não significa necessariamente que apenas esse setor seja capaz de interferir no ciclo de resíduos sólidos.

Em se tratando de resíduos sólidos, é necessário observar a inter- relação entre os responsáveis por todas as suas etapas. Atualmente a tendência é a terceirização dos serviços de limpeza pública e manejo de resíduos sólidos, assim, caberá a administração desempenhar funções de planejar o sistema de coleta, tratamento e disposição final, destinar recursos e fiscalizar os serviços contratados.

8.1.1. Regularização dos Serviços

Tendo em vista a legislação federal referente aos resíduos sólidos, saneamento básico e meio ambiente, através da Lei 12.305/2012 e preceitos da Lei 11.445/2007, bem como, a legislação estadual e municipal, e tendo em vista que o sistema atual de gerenciamento de resíduos no município foram implantados em momentos distintos sem muitas vezes se adequar a legislação vigente, torna-se necessário avaliar e adequá-los.

Alguns procedimentos operacionais se fazem necessários:

- Reestruturação e ampliação da capacidade funcional;

- Redefinição de atribuições do Departamento de Urbanismo;

- Programas de capacitação e treinamento;

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- Reestruturar a tabela de cobranças de taxas e tarifas de serviços prestados de limpeza urbana visando à correta aplicação da cobrança pelos serviços;

- Rever contratos de prestação de serviços, itens de gastos e taxas de aplicação de serviços contratados visando a redução de despesas com limpeza urbana.

- Adequação da legislação municipal, no que se refere a resíduos sólidos.

- Determinar especificações mínimas a serem adotadas nos serviços públicos de limpeza urbana e de manejo de resíduos sólidos, incluída a disposição final ambientalmente adequada de rejeitos, em consonância com o disposto na Lei nº 11.445/2007 e Decreto nº 7.217/2010.

8.2. Soluções Consorciadas ou Compartilhadas

Os serviços inerentes ao gerenciamento dos resíduos sólidos são caracterizados pelos altos custos operacionais e muitas outras complexidades à município do porte de Cruzaltense.

Assim, a maioria dos municípios da região não teria capacidade financeira e operacional para gerenciar os resíduos de maneira ambientalmente correta e eficiente. Uma possível solução para esses problemas é a busca por soluções consorciadas de forma a viabilizar determinadas operações.

Uma das dificuldades para a formação de consórcios é a prática de uma ação coletiva em detrimento da individualizada.

As soluções consorciadas principalmente para a destinação e disposição final dos resíduos sólidos, para o município de Cruzaltense e outros municípios da região, devido a baixa quilometragem de distância entre eles, é uma alternativa promissora para racionalização dos custos e operação mais criteriosa na

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contenção de riscos ambientais, embora não muito fácil, por parte das administrações municipais em chegar a um local sem restrições por parte da população.

8.3. Responsabilidades dos Geradores e do Poder Público

Compete ao gerador de resíduos sólidos a responsabilidade pelos resíduos gerados, compreendendo as etapas de acondicionamento, disponibilização adequada para coleta, tratamentos e disposição final ambientalmente correta.

A terceirização dos serviços não isenta a responsabilidade do gerador pelos danos que vierem a ser provocados pelo gerenciamento inadequado.

Cabe ao poder público atuar, com vistas a minimizar ou cessar o dano, logo que tome conhecimento do evento lesivo ao meio ambiente ou à saúde pública, cabendo aos responsáveis pelo dano ressarcir ao poder público pelos gastos decorrentes das ações empreendidas para minimizar ou cessar o dano.

8.3.1. Consumidores

Os consumidores de Cruzaltense deverão efetuar a devolução após o uso, aos comerciantes ou distribuidores, dos produtos e embalagens a que se referem os Resíduos Especiais e de outros objetos de logística reversa.

Os consumidores são obrigados a acondicionar adequadamente e de forma diferenciada os resíduos sólidos gerados e disponibilizar adequadamente os resíduos reutilizáveis e recicláveis para coleta ou devolução, tendo cessada sua responsabilidade pelos resíduos com a disponibilização adequada para a coleta.

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8.3.2. Poder Público

Os responsáveis pelos serviços de limpeza pública no município de Cruzaltense, observado o respectivo PMGIRS, a Lei nº 11.445/2007, a Lei nº 12.305/2010 e seu regulamento, deverá gerir pela organização e prestação direta ou indireta desses serviços.

8.3.3. Fabricantes, Importadores, Distribuidores e Comerciantes (setor empresarial)

Os fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes são obrigados a estruturar e implementar o sistema da logística reversa, de forma independente dos serviços públicos de limpeza urbana no município.

Cabe aos fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes dos produtos caracterizados como Resíduos Especiais, tomar todas as medidas necessárias para assegurar a operacionalização da logística reversa.

Os comerciantes e distribuidores deverão efetuar a coleta e devolução aos fabricantes e importadores. Já os fabricantes e importadores deverão dar a destinação ambientalmente correta, sendo o rejeito encaminhado para a disposição final ambientalmente adequada.

8.4. Responsabilidade Compartilhada pelo Ciclo de Vida dos Produtos

A responsabilidade compartilhada é um ponto fundamental proposto como solução para a destinação final adequada dos resíduos sólidos neste PMGIRS, determinando que todos aqueles que estão envolvidos no ciclo de vida do produto, desde o fabricante até o consumidor final, são responsáveis, cada qual com sua atribuição, estando definido no art. 30 da Lei 12.305/2010.

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8.5. Logística Reversa

O sistema de logística reversa é mais um instrumento trazido pela Lei da Política Nacional de Resíduos Sólidos, visando solucionar a problemática dos resíduos sólidos, conforme descrito no art. 3º, XII da Lei 12.305/2010.

Porém, nem todo tipo de resíduo é sujeito ao mecanismo da logística reversa. O artigo 33 da Lei 12.305/10 estabelece a aplicação da logística reversa à resíduos sólidos.

Com exceção dos consumidores, todos os participantes dos sistemas de logística reversa no município de Cruzaltense deverão manter atualizadas e disponíveis ao órgão municipal competente e à outras autoridades, informações completas sobre a realização das ações sob sua responsabilidade. Quanto ao Poder Público Municipal a participação fica restrita a fiscalização e coordenação do sistema.

8.5.1. Acordos Setoriais, Regulamentos e Termos de Compromissos

De acordo com a Lei 12.305/2012, conforme consta no art. 3º, inciso I, os sistemas de logística reversa são implementados e operacionalizados por meio da utilização dos seguintes instrumentos:

- Acordos setoriais (procedidos de editais de chamamento dos setores);

- Regulamentos específicos (com previsão de audiência pública);

- Termos de compromisso (firmados entre o setor privado e o Poder Público);

Os acordos setoriais ou os termos de compromisso servirão para revalidar ou refazer o que está definido nas resoluções e leis em vigor.

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Os acordos setoriais visando à implementação da logística reversa deverão conter no mínimo os requisitos previstos no art. 23 do Decreto 7.404/10.

8.6. Obrigação de elaborar PGRS

Os Planos de Gerenciamento de Resíduos Sólidos são os documentos preparados pelas pessoas jurídica de direito público ou privado que gerem resíduos ou exerçam as atividades previstas no artigo 20 da Lei 12.305/10.

Estão sujeitos à obrigação de elaboração dos PGRS, os seguintes geradores de resíduos no município de Cruzaltense:

- Geradores de resíduos dos serviços públicos de saneamento básico;

- Geradores de resíduos industriais;

- Geradores de resíduos de serviço de saúde;

- Geradores de resíduos de mineração;

- Geradores de resíduos perigosos;

Também, devem elaborar um Plano as empresas da construção civil, se exigidos por órgãos competentes, as atividades agrossivilpastoris, empresas de transporte, entre outras.

Quanto ao transporte desses resíduos, quando da coleta no município de Cruzaltense, os veículos e empresas prestadoras destes serviços deverão estar devidamente licenciadas ambientalmente nos órgãos competente, bem como, nas condições de exigências dos órgãos ambientais.

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9. ESTIMATIVA E PROJEÇÃO POPULACIONAL

Para a aplicação e desenvolvimento das metas, projetos/ações, deve- se considerar primeiramente a estimativa da população residente em anos futuros.

De acordo com a projeção da população para os próximos 20 anos, que diminuiria em 2030 para 2.110 habitantes, e a produção de resíduos correspondente, estima-se uma mudança pouco significativa na quantidade em toneladas/ano no município de Cruzaltense dos números atuais.

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10. ASPECTOS ECONÔMICOS FINANCEIROS

Na maioria das vezes a gestão dos resíduos sólidos é considerada um serviço público, sendo, portanto totalmente custeada pelo governo. Entretanto, uma correta e eficiente gestão e gerenciamento dos resíduos sólidos exige relevantes recursos financeiros que nem sempre as administrações públicas estão aptas ou dispostas a pagar.

Sabendo-se que a sustentabilidade econômica é um importante fator para garantir a qualidade dos serviços de limpeza urbana, passamos a relatar alguns tópicos relevantes.

10.1.Orçamento e Investimento

A execução da limpeza urbana, além de evitar problemas ambientais, ainda evita a transmissão de diversas doenças causadas pela destinação e disposição inadequada de resíduos. Através deste conceito, a limpeza urbana é muitas vezes questionada como uma questão de saúde pública passível de previsão orçamentária.

Cruzaltense dispõe de três instrumentos de planejamento, para nortear a execução deste Plano de Resíduos Sólidos, classificados em: Plano Plurianual (PPA), instrumento básico que detalha as diretrizes, objetivos e metas para o período de quatro anos; Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), define as metas e prioridades que orientam a elaboração da Lei Orçamentária; e a Lei Orçamentária Anual (LOA), define as obras e serviços separadamente pelos órgãos da Prefeitura, acompanhada da definição dos recursos para cada uma das prioridades.

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10.2. Forma de Cobrança dos Serviços de Limpeza Urbana

Mesmo quando existente, a forma de cobrança dos serviços relacionados a sistemas de limpeza urbana nem sempre guardam proporcionalidade com o custo dos serviços prestados, muito menos asseguram o atendimento de um planejamento econômico que permita estabelecer reservas adequadas às necessidades contínuas de ampliações dos serviços, contratações, renovação de equipamentos, de frota de veículos e conservação de bens patrimoniais.

Embora muitos municípios brasileiros remunerem, total ou parcialmente, os serviços de limpeza urbana mediante uma “taxa”, em geral cobrada na mesma guia do IPTU, existem dois pontos de atenção a serem observados na aplicação dessa cobrança. O primeiro é que fica vedada a criação de taxas que tenham a mesma base de cálculo de impostos, ou seja, a tributação pelo serviço de limpeza não pode ter a mesma base de cálculo da área do imóvel (área construída ou área do lote).

O segundo refere-se à natureza da taxa, que conforme o Artigo 77 do CTN define que a taxa será instituída em razão da utilização de serviços públicos específicos e divisíveis.

No entanto, o atual sistema de limpeza urbana de Cruzaltense não dispõe de um sistema de medição dos resíduos coletados, ficando impossibilitada a característica de divisão destes.

Atualmente a cidade recebe do contribuinte os valores pela limpeza urbana, inseridos na mesma guia do IPTU, através de uma taxa que tem a mesma base de cálculo deste imposto.

Desta forma, para que a aplicação da taxa como forma de cobrança dos serviços de limpeza urbana seja juridicamente viável, esta necessita ter base de cálculo própria e seu valor deverá revelar divisibilidade entre os contribuintes em razão dos respectivos potenciais de uso.

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Em geral, os municípios que utilizam a taxa de resíduos sólidos domiciliares raramente conseguem custear 100% dos serviços com sua arrecadação, o que gera a necessidade de aportes complementares de recursos do tesouro municipal por meio de desvio de verbas orçamentárias de outros setores essenciais, para a execução dos serviços de coleta, limpeza de logradouros e destinação final dos resíduos.

Outra forma de cobrança pelo serviço de limpeza urbana é a tarifa chamada de preço público, sendo uma tarifa sem caráter compulsório, sendo cobrada somente dos usuários que utilizam efetivamente os serviços.

Dessa forma, os cortes comumente adotados no fornecimento de luz e água, pela falta de pagamento, não pode ser instituído nos serviços e atendimento de coleta de lixo, simplesmente porque o lixo de que ele dispõe para a coleta tem que ser recolhido de qualquer maneira por razões de saúde pública.

Considerando as limitações dos requisitos para aplicação de taxa ou tarifa, conclui-se que é difícil assegurar a sustentabilidade financeira por meio desses instrumentos, portanto é preciso que o município de Cruzaltense garanta dotações orçamentárias que sustentem adequadamente o custeio e os investimentos do sistema, ficando prejudicada a qualidade dos serviços prestados e o sistema não é modernizado nem evoluído, pois não dispõe de recursos necessários.

É importante ressaltar, que uma cobrança eficiente não apenas garantiria a sustentabilidade financeira do setor, como também seria um modo de conscientizar a população para a necessidade de reduzir a geração e destinar de forma adequada os resíduos.

Assim, uma das fórmulas adequadas seria:

Remuneração = Despesas = Recursos do Tesouro Municipal + Arrecadação da Taxa de Limpeza Pública + Arrecadação de Tarifas e Receitas Diversas.

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Independente da forma de gestão, os recursos do município e a arrecadação de tarifas possíveis devem equivaler ao orçamento do custeio e despesas de capital de todas as operações que abrangem a limpeza pública.

A arrecadação da taxa de limpeza pública deverá, tentativamente, cobrir o custeio e os investimentos das operações de coleta, transporte, tratamento e disposição final do lixo.

10.2.1. Taxas e Tarifas

A definição da metodologia para o cálculo da Taxa ou Tarifa de Limpeza Pública e disposição final de resíduos sólidos deverá ter como base o princípio legal de que esta deve ser aplicada aos usuários dos serviços para a remuneração dos custos incorridos pelos provedores dos mesmos. Para tanto, deve- se identificar todos os serviços relacionados com a coleta e a disposição final dos resíduos sólidos.

Propõem-se assim, respeitando a classificação dos resíduos e aspectos da Lei 11.445/2007, a cobrança indiscriminada da taxa de prestação dos serviços, em duas metodologias para o cálculo tarifário:

. Para definição do valor da taxa de coleta, transporte, tratamento e disposição final de RSD, a proposta voltada para a aplicação da metodologia que considera os aspectos da Lei 11.445/2007, que estabelece como diretrizes nacionais para o saneamento básico peso ou volume médio, renda da população e características do lote;

. Para a definição do valor da tarifa de coleta, transporte, tratamento e disposição final de RI, RSS e RCC, a proposta é para que se aplique a metodologia que considere o volume real e individual de produção de resíduos.

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10.2.2. Taxa de Coleta, Transporte, Tratamento e Disposição Final de Resíduo Sólido Domiciliar – RSD

A metodologia utilizada para taxa de coleta, transporte, tratamento e disposição final de resíduos sólidos de categoria domiciliar e comercial de pequeno gerador, deve considerar os seguintes fatores:

 Nível de renda da população da área atendida;

 Característica dos lotes urbanos;

 Produção de lixo per capita na cidade;

 Fator de reajuste.

Destaca-se por fim, que deve ser estabelecido um procedimento de controle os gastos relacionados à limpeza urbana, aprimorando os instrumentos de controle interno a serem utilizados pelos departamentos e secretarias.

10.2.3. Tarifa para Coleta de Resíduos Industriais (RI), Resíduos de Serviço de Saúde (RSS) e Resíduos da Construção Civil (RCC)

Considerando que o volume desses tipos de resíduos é representativamente menor, propõe-se que a metodologia considere o volume real de resíduos produzidos em cada um dos geradores.

Propõe-se que o município não preste por si só, a coleta/transporte desses resíduos, mas que autorize empresas especializadas a fazê-lo. Contudo, é evidente, que o município não irá arrecadar, mas eliminará os custos pela execução dessas atividades, e não terá mais que despender de recursos próprios com elas.

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10.3. Fontes de Financiamento

Os recursos destinados ao setor de saneamento, mais especificamente ao de resíduos sólidos, estão baseados principalmente sobre o Orçamento Geral da União (OGU – Esfera Fiscal, Emendas Parlamentares) ou provenientes de Agência Multilaterais de Crédito, como o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FTGS) Caixa e BNDES, por meio de linha de crédito.

Os investimentos são feitos na sua grande maioria através da Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental, vinculada ao Ministério das Cidades, e alguns deles estão vinculados ao Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Para os municípios de menor porte, com população de até 50.000 habitantes, têm seu atendimento viabilizado pelo Ministério da Saúde, por meio da Fundação Nacional de Saúde - FUNASA.

O município possui seu Fundo de Meio Ambiente, o qual foi regulamentado por Decreto, mas até o momento não houve repasse para o fundo.

Os principais programas de financiamento para projetos na área de RSU no âmbito do governo federal são apresentados a seguir:

 Ministério das Cidades – Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental – SNSA: Os Recursos Federais são repassados através de programas:

o Saneamento para Todos

o Programa de Resíduos Sólidos – Sistemas de Limpeza Pública.

o Programa Brasil Joga Limpo

 Ministério da Saúde – Recursos Federais da FUNASA (Fundação Nacional de Saúde), derivados do PAC. Saneamento em municípios com população total até 50.000 habitantes:

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o Implantação e ampliação ou melhoria de sistemas de tratamento e destinação final de resíduos sólidos para controle de agravos.

 Secretaria de Desenvolvimento Urbano – SEDU, vinculada à Presidência da República o Programa Ação Resíduos Sólidos

 Caixa Econômica Federal - Recursos repassados do Gov. Federal ou próprios: o Implantação e/ou adequação de coleta e transporte, transbordo e tratamento de RSU; o Eliminação de lixões, reciclagem e inserção social de catadores.

 Fundo Nacional de Direitos Difusos - FDD / Ministério da Justiça.

 Banco Nacional do Desenvolvimento – BNDES: Linhas, programas e fundos voltados a Inovação, investimentos sociais e investimentos em infra- estrutura: o Saneamento Básico – Coleta, tratamento e disposição de RSU. Redução de Lixões; o Racionalização de uso de recursos naturais – Aumento da reciclagem; o Recuperação de passivos ambientais – Recuperação de áreas degradadas por disposição final inadequada.

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10.4. Incentivos Fiscais, Financeiros e Creditícios

A existência do Plano de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos é condição prévia para o recebimento dos incentivos e financiamentos dos órgãos federais de crédito e fomento.

Segundo a Política Nacional de Resíduos Sólidos, o Município de Cruzaltense, dentro de suas competências, poderá instituir normas com o objetivo de conceder incentivos fiscais, financeiros ou creditícios, respeitadas as limitações da Lei Complementar nº 101/2000 (Lei de Responsabilidade Fiscal), bem como com as diretrizes e objetivos do respectivo plano plurianual, as metas e as prioridades fixadas pelas leis de diretrizes orçamentárias e no limite das disponibilidades propiciadas pelas leis orçamentárias anuais.

Também, o município pode instituir incentivos econômicos aos consumidores que participam do sistema de coleta seletiva progressiva, na forma de Lei Municipal. Quanto ao comércio e industria poderá ainda instituir incentivos para empresas dedicadas à reutilização, ao tratamento e à reciclagem, que possuam projetos em parceria com cooperativas ou outras formas de associação de catadores.

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11. METAS, PROJETOS/AÇÕES e PROGRAMAS

A proposição de metas, projetos e ações tem como escopo a melhoraria das condições dos serviços prestados à população, e deverá ser produto de uma análise integrada de todas as alternativas levantadas, que considere a possibilidade de otimizar o uso dos ativos existentes e a melhoria da eficiência operacional e gerencial na prestação dos serviços.

Analisou-se também a viabilidade técnica, verificando a solução mais adequada para o cenário local, considerando a tecnologia disponível no mercado e se há condições adequadas para implantá-la.

No aspecto ambiental, as alternativas aqui propostas estão em acordo com os princípios e normas ambientais, desde as normas gerais até aquelas aplicáveis localmente no município e região, levando-se em conta os prazos para licenciamento ambiental.

Por ultimo, e não menos importante, no desenvolvimento do plano, também se avaliou os custos envolvidos em cada solução escolhida.

As metas foram definidas de acordo com seu prazo de implementação/execução de suas ações levando-se em consideração um horizonte de 20 anos para o Plano.

 Emergenciais – ações de implementação imediata;

 De curto prazo – Ações de 1 a 4 anos de alta prioridade que possam ser programáveis e não necessitem significativas alterações estruturais para implementação;

 De médio prazo – Ações de 5 a 9 anos de média prioridade que possam ser programáveis e que necessitem alterações estruturais de e/ou que envolvam ações precedentes ainda não implementadas;

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 De longo prazo – Ações de 10 a 20 anos de baixa prioridade que possam ser programáveis, que necessitem alterações estruturais de longo prazo ainda não projetadas e/ou que envolvam ações precedentes ainda não implementadas nem projetadas.

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Tabela 11. METAS, METAS ESPECÍFICAS E DEFINIÇÃO DE PROJETOS/AÇÃO

Serviço Meta Meta específica Nº Ação / Projeto Executor Prazo

Análise e atualização da legislação Analisar a legislação municipal de 1 Curto vigente. Resíduos Sólidos Urbanos

Implantar órgão gestor Criar regulamento dos serviços de de limpeza urbana coleta à destinação dos resíduos Curto abrangendo os serviços sólidos no município. de coleta, transporte e Modernização do modelo de Reavaliação do Plano Tarifário e do destinação final dos 2 gestão. Sistema de cobrança/valores para RSU. o serviço de coleta e tratamento Médio dos RSU, assim como multas/prazos. Reforçar a fiscalização e avaliação Realizar análises dos contratos em dos contratos de prestação de vigor. serviço relacionados aos RSU, 3. Curto RSSS. Aferir e atualizar correções Prefeitura Institucional/Financeiro Reverter o déficit . contratuais. Municipal corrente das operações Analisar a vida útil dos de limpeza urbana para equipamentos utilizados na Recuperação, aquisição e atingir o ponto de limpeza urbana, planilhar o ampliação das estruturas físicas e equilíbrio. consumo por ano, realizar análise do retorno de investimento da 4. trocas de equipamentos, máquinas Médio qualificação das máquinas, e veículos. equipamentos e veículos à serviço da limpeza urbana. Propor capacitação e Buscar parcerias para realização melhorias de trabalho de palestras e treinamentos. Treinamento e desenvolvimento do para o pessoal envolvido pessoal. 5. Disponibilizar EPI's e EPC's - Emergencial com os Resíduos equipamento de proteção individual Sólidos. e coletivo. Avaliação e projeto Sistema alternativo de Avaliar necessidades e 6. piloto das alternativas de tratamento/disposição dos RSU. especificidades do município 87

disposição final dos contendo o método atual de resíduos sólidos disposição final dos resíduos urbanos. Avaliar todas sólidos, e característica dos Curto as alternativas, definindo resíduos sólidos municipais. a mais adequada para o Definir viabilidade de implantação município. dos potenciais alternativos de Médio disposição e/ou tratamento dos resíduos sólidos municipais. Desenvolver projeto piloto para Médio teste da alternativa escolhida. Elaborar novo planejamento do serviço de varrição, capina/raspagem e poda de Secretaria de Serviços de Varrição, árvores, contendo novos roteiros Administração e Curto Capina/raspagem e Otimização e expansão Implementar o serviço das vias a serem varridas com as Finanças / Sec. de Poda de árvores dos serviços 7. respectivas extensões, e estudo de Obras Públicas, produtividade por pessoa/dia. Habitação e Realizar aquisição de Urbanismo equipamentos e máquinas para Longo beneficiar os resíduos. Secretaria de Especificar e avaliar a Agricultura e Meio

produtividade e eficiência do Ambiente / Sec. de Curto serviço de coleta seletiva. Obras e Urbanismo Secretaria de Realizar programa de coleta Agricultura e Meio Serviços de coleta Melhorar os serviços de 8. seletiva progressivo (resíduos Ambiente / Sec. de Médio Qualificar os serviços de coleta seletiva coleta seletiva seletiva secos e suas parcelas específicas). Obras e Urbanismo Inserção de catadores e de Secretaria de Médio cooperativas nas atividades de Assistência Social coleta e de reciclagem.

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Implantar local para aterro sanitário - consórcio de municípios da Gabinete Prefeito Longo região.

Incrementar a Coleta Realizar estudo de aceitação e uso Analisar a aceitação e uso do PEV Sec. Obras Pontos de Entrega Seletiva de Aporte do PEV. pela sociedade, com implantação Públicas e Curto Voluntários Voluntário - Pontos de 9. de 01 PEV piloto. Urbanismo Entrega de pequenos Implantar para população. Implantação de 02 novos PEV's. Médio volumes. Listar atuais geradores, classificar Adequar o sistema de Implementar o Serviço de e quantificar os RSSS Curto Coleta dos Resíduos gestão de Resíduos Gerenciamento dos Resíduos Sec. Saúde Sólidos dos Serviços de Saúde. Sólidos de Saúde Sólidos de Serviço de 10. Implantar local adequado de Saúde. armazenamento dos RSSS na Médio Unidade Básica de Saúde.

Implantar Implantar Gerenciamento de Adquirir local e licenciar junto ao Resíduos de Construção Gerenciamento de resíduos provenientes da órgão competente uma área para Civil Resíduos da Construção construção civil. 11. beneficiamento e disposição dos Gabinete Prefeito/

Civil RSCC inertes. Sec. Meio Longo Realizar aquisição de Ambiente equipamentos e máquinas para beneficiar os resíduos.

Adequar a Legislação Municipal Sec. Meio Curto 12. para responsabilização e parcerias Ambiente

Resíduos Especiais Implantar Sistema de Realizar estudo de implantação Logística Reversa dos serviços Realizar Termos de responsabilização e parcerias com Médio entes envolvidos

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Realizar pesquisa buscando Secretaria de Curto conhecer o grau de satisfação do Administração e usuário / população. Finanças

Melhorar divulgação de horários e Sec. Obras Curto forma de acondicionamento na Públicas e coleta seletiva. Urbanismo Lançamento de uma campanha de sensibilização à população para as

Melhorar a qualidade do questões da saúde, vetores, Sec. de Saúde Médio Serviço de Limpeza Criação de canal de comunicação poluição dos corpos hídricos. Urbana em entre Orgão Gestor RSU - Desenvolvimento de programas de Educação Ambiental conformidade com os Sociedade - Geradores, visando aproveitamentos dos materiais Sec. de Meio aspectos social, conscientização socio-ambiental e 13. coletados para fins comerciais. Ambiente Médio ambiental, e de renda do melhoria dos serviços Desenvolver Programa de Sec. Educação / município. Educação Ambiental junto à Sec. Meio Permanente população e nas escolas. Ambiente Incentivar/conscientizar a população ao uso de sacolas Sec. Meio alternativas biodegradáveis/pano Médio Ambiente em detrimento do não uso das sacolas plásticas convencionais.

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11.1. Estimativas de Investimentos e Custos

Os custos estimados dos projetos/ações são fundamentais para a escolha das melhores alternativas técnicas a serem tomadas no plano de ação.

Para se definir os projetos/ações integrantes do PMGIRS, realizou-se a estimativa de custeamento das possíveis ações e projetos.

Nesta tabela, são discriminados os custos de implantação (investimento) e de operação (anual), de acordo com o tipo de ação proposta.

Serviços Valor Estimado de Estimativa de Operação Implantação (R$) Mensal (R$)

Institucional/Financeiro 400.000,00 15.000,00

Serviços de Varrição- 80.000,00 5.000,00 Capina/roçagem-Podas de árvores

Serviços de Coleta Seletiva 100.000,00 5.000,00

Ponto de Entrega Voluntária 30.000,00 2.000,00

Coleta dos Resíduos Sólidos 15.000,00 500,00 de Saúde - RSSS

Resíduos de Construção 50.000,00 5.000,00 Civil - RSCC

Resíduos Especiais 5.000,00 1.000,00

Educação Ambiental 10.000,00 1.500,00

Tabela 12. Custos Físico-financeiro do PMGIRS

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11.2. Formas de Implantação de Unidades Operacionais

Ações de implantação de possibilidades que o município de Cruzaltense poderá adotar, segundo as diversas tecnologias operacionais, entre elas: PEVs, Ecopontos, Ecocentro, Estação de transbordo, Central de triagem, entre outras.

Um ponto de entrega voluntário (PEV) é um local, constituído por depósitos individualizados, utilizados para depositar separadamente materiais recicláveis. Os PEVs deverão estar localizados em locais públicos, de fácil visualização e acesso a população cruzaltina. Além de manter a cidade limpa, essa proposta beneficia o meio ambiente.

Dentro os tipos de PEVs, que poderão ser instalados no município de Cruzaltense, estariam o recebimento de óleo vegetal, pilhas e baterias, lâmpadas, eletroeletrônicos, ente outros.

Os Ecopontos são um conjunto de contêineres diversificados destinados a receber separadamente diversos materiais de pequenos geradores.

Os Ecocentros são unidades de recolhimento seletivo de resíduos sólidos, tais como: entulhos, pneus, pilhas e baterias, entre outros materiais que podem ser reciclados. É uma solução para dar fim ao despejo desses materiais em vias públicas, rios e terrenos baldios.

Para instalação de um ecocentro deverão ser previstas algumas estruturas, como, um isolamento da área por cercamento, de modo a evitar o acesso de animais e pessoas estranhas. O local deverá possuir os equipamentos de segurança necessários para sua operação.

Para implantação de uma central de gerenciamento de resíduos sólidos urbanos, constituída de uma estação de transbordo, unidade de triagem e unidade de compostagem, Cruzaltense deve levar em consideração primeiramente a diminuição de custos e geração de emprego e renda. Porém analisando os serviços prestados pelo município, vislumbra-se que pelo porte do mesmo, decisões de 92

implantação de PEVs, Ecopontos e Ecocentros seriam viáveis, já quanto a implantação de local para triagem, compostagem e transbordo não é viável para um futuro de 20 anos, pelas expectativas de crescimento populacional.

Uma vez desenvolvida a conscientização da população na redução da geração de resíduos, quanto aos resíduos da construção civil, o próximo passo seria a implantação de um local devidamente licenciado para reciclagem dos RSCC.

Além do ônus social da disposição incorreta destes resíduos no ambiente, a Lei 12.305/2010 dispõe que todos os municípios não deverão mais encaminhar resíduos recicláveis para aterros até 2014, sob essa ótica a implantação de um local de beneficiamento se torna uma alternativa interessante para solucionar os problemas do município de Cruzaltense.

O local de instalação da central de beneficiamento de RSCC é o principal ponto a ser analisado, uma vez que a boa localização é essencial para que o programa seja bem sucedido.

O investimento inicial é relativamente alto, entretanto é necessário que seja analisado futuramente, visto que traz consigo inúmeras vantagens ambiental, social e econômica. Além das vantagens citadas, o material produzido seria aproveitado em quase sua totalidade pela Prefeitura Municipal, em obras de pavimentação e concertos diversos.

11.3. Programas

Serão abordadas algumas diretrizes para que a Prefeitura Municipal de Cruzaltense desenvolva programas inovadores, reunindo tecnologia em prol da melhoria da qualidade ambiental a fim de construir um padrão sustentável de consumo no município, bem como a eficiência do sistema e a satisfação da população. Lembrando que devem ser priorizados nos programas a seguinte ordem:

1º Não geração;

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2º Redução;

3º Reutilização;

4º Reciclagem.

A não geração de resíduos deve ser o principal objetivo da realização dos programas, todos devem buscar uma futura não geração de resíduos sólidos e buscar um padrão sustentável de produção e consumo, aplicando-se medidas de redução, reutilização ou reciclagem.

11.3.1. Não geração

Para que a minimização da geração de resíduos sólidos ocorra, os geradores destes resíduos deverão adotar medidas que promovam diminuir a quantidade de resíduos que é produzida. A forma mais eficiente no controle da geração de resíduos sólidos é a sua não geração. O primeiro passo para diminuir a quantidade de resíduos é sem dúvida a de se reduzir o consumo. Para que isso aconteça, é necessário que haja uma mudança no comportamento da sociedade em geral.

Atitudes simples como não adquirir copos e talheres plásticos, utilização de sacolas retornáveis ao invés das oferecidas nos mercados, podem impactar e serem fundamentais para se alcançar um dos objetivos deste PMGIRS e da Lei 12.305/2010, que é a não geração de resíduos sólidos.

11.3.2. Redução

Uma vez impossibilitada ou esgota as possibilidades de não geração de resíduos sólidos, deve optar-se pela redução da geração, conforme preconiza a Lei 12.305/2010.

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A redução da geração dos resíduos sólidos pode ser alcançada através da minimização da geração de resíduos sólidos, direto na fonte, a qual pode ser atingida através do consumo consciente. De um modo geral a redução consiste em tentarmos diminuir a quantidade que produzimos através de mediadas simples, tais como:

o comprar somente o que vai usar;

o preferência na compra de produtos naturais;

o adquirir produtos mais duráveis;

o escolher produtos feitos com materiais que possam ser reciclados;

o utilizar sacolas permanentes;

o evitar produtos poluentes, que resultam em lixo tóxico, como é o caso de pilhas, baterias, entre outros produtos.

11.3.3. Reutilização

Conforme consta na Lei 12.305/2010, o processo de reutilização é entendido como o “processo de aproveitamento dos resíduos sólidos sem sua transformação biológica, física ou físico-química(...)”, ou seja, o uso por mais de uma vez ou continuado de um mesmo produto que o mesmo firmou, não do que fora inicialmente concebido.

A reutilização de produtos considerados inservíveis implica na desnecessidade de novos gastos de energia e matéria-prima, assim como o aumento da vida útil dos aterros sanitários, pelo não envio destes possíveis resíduos em aterros.

Podemos destacar algumas medidas de reutilização:

o separar materiais que podem ser reutilizados;

o doar roupas e brinquedos;

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o usar como rascunho o verso das folhas de papel já utilizados;

o não jogar no lixo equipamentos eletroeletrônicos quebrados que podem ser vendidos no ferro velho, ou desmontados, reaproveitando as peças;

11.3.4. Reciclagem

Varias são as vantagens através da reciclagem. Consegue-se, por exemplo:

o reduzir o volume diário dos resíduos enviados a aterros, aumentando sua vida útil;

o gerar menor poluição ambiental e agressão visual;

o poupar recursos com a destinação final;

o gerar trabalhos direto e indiretos;

o poupar recursos naturais renováveis e não renováveis;

o fortalecer uma nova mentalidade ambiental;

o reduzir o consumo de energia pelas industrias;

o reduzir os custos de produção, devido ao reaproveitamento de recicláveis pelas indústrias de transformação.

De um modo geral, ao informar os consumidores sobre a viabilidade de reciclagem dos resíduos, eleva-se a possibilidade de implantação de programas concisos e eficazes sobre a temática. Porém, devido a grande diversidade de materiais disponíveis no mercado este sistema de informação deve ser aplicado sob a responsabilidade dos produtores, ou seja, para facilitar a identificação tanto pelas cooperativas como pelos consumidores, a identificação das embalagens se torna um elemento fundamental no setor da reciclagem.

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Estimular a rotulagem ambiental e o consumo sustentável é uma forma de valorizar a reciclagem de resíduos, algumas industrias passaram a inserir em seus produtos símbolos que inferem à reciclabilidade de materiais.

11.3.5. Publicidade

O sucesso dos programa de reciclagem domiciliar depende de um nível de evolução da população que envolve a conscientização, mudança de comportamento e aspectos culturais, sendo os resultados obtidos em longo prazo.

Os programas brasileiros de coleta seletiva que investiram de forma massiva em programas de educação ambiental são os que tiveram menores custos de operação, pois otimizaram os recursos disponíveis para a coleta e processamento de recicláveis.

Desta maneira, devem-se garantir os recursos necessários para a realização de campanhas educativas e pedagógicas para estimular a participação da comunidade no programa. Experiências anteriores demonstraram que a participação efetiva ocorre quando se combinam distribuição de material informativo com campanhas de esclarecimentos.

11.3.6. Educação Ambiental

A educação ambiental constitui um processo informativo e formativo dos indivíduos, desenvolvendo habilidades e modificando atitudes em relação ao meio, tornando a comunidade educativa consciente de sua realidade global. Uma finalidade da educação ambiental é despertar a preocupação individual e coletiva para a questão ambiental com uma linguagem de fácil entendimento que contribui para que o individuo e a coletividade construam valores sociais, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente.

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Apesar de programas de educação ambiental bem sucedidos, realizados por órgãos públicos, ainda há necessidade de se implantar um programa de educação ambiental mais eficiente e com respaldo legal.

A educação ambiental voltada aos resíduos sólidos deverá servir de apoio ao PMGIRS.

A educação ambiental concentra-se segundo dois principais objetivos a serem alcançados: estimular a participação da população na gestão integrada de resíduos sólidos e promover a redução da geração de resíduos mediante o incentivo ao consumo consciente e práticas sustentáveis.

Nesta perspectiva, o processo de construção de um município sustentável frente aos resíduos sólidos ratifica a necessidade de implantação de uma Política Municipal de Educação Ambiental como uma estratégia que possibilite a integração de conceitos e práticas de determinadas ações. A metodologia participativa norteará a elaboração de campanhas educativas visando garantir mobilização e sensibilização das pessoas.

Algumas ações a serem desenvolvidas:

o introduzir novo conceito sobre o lixo, transmitindo conhecimentos sobre resíduos, possibilitando mudanças quanto a necessidade de redução, reutilização e reciclagem;

o conscientização e sensibilização da população e empresas por meio de campanhas educativas;

o elaborar campanhas de divulgação dos serviços públicos de coleta de resíduos;

o realizar seminários, oficinas, cursos, palestras, gincanas...

o apoio e incentivo a programas de educação ambiental nas escolas, de forma a sensibilizar os alunos e, através deles, suas famílias;

o produzir materiais didáticos e de divulgação;

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12. MEDIDAS SANEADORAS DO PASSIVO AMBIENTAL

É evidente a necessidade de promover a recuperação das áreas de disposição final inadequadas no município de Cruzaltense, no intuito de prevenir ou reduzir os possíveis efeitos negativos ao meio ambiente e à saúde pública.

Uma área degradada por disposição inadequada de resíduos envolve a remoção total dos resíduos depositados, transportando para aterros adequados, seguida de recuperação das áreas.

A legislação prevê que o dano envolvendo resíduos sólidos, a responsabilidade para execução de medidas mitigatórias, corretivas e reparatórias será do empreendimento causador do dano, solidariamente com seu gerador.

Algumas ações iniciais devem ser tomadas:

o Levantamento criterioso dos locais de disposição final inadequadas;

o Fiscalizar empreendedores geradores de resíduos sólidos, quanto aos locais de disposição final de seus resíduos.

o Recuperar os locais, com coleta e transporte dos resíduos encontrados.

o Definir os locais adequados e devidamente regularizados para disposição final dos resíduos sólidos do município.

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13. GERENCIAMENTO DAS INFORMAÇÕES DOS RESÍDUOS SÓLIDOS

A definição das diretrizes, ações, programas já consiste um grande avanço na parte de resíduos sólidos. Porém, essas definições poderão se tornar ineficazes, se não vierem acompanhadas de um mecanismo institucional eficiente de operacionalização.

O município deve desenvolver sistemas de controle e fiscalização visando garantir a perfeita execução dos serviços, além de promover a gestão de informações.

13.1. SINIR

A Política Nacional de Resíduos Sólidos instituiu, como um de seus instrumentos, o Sistema Nacional de Informações sobre a Gestão de Resíduos Sólidos (SINIR), que será responsável por coletar, organizar e disponibilizar informações relacionadas a resíduos sólidos à sociedade, possibilitando a eficiência e a adequação das ações desenvolvidas.

O SINIR deverá ser implantado até 23.12.2012 e será organizado em conjunto pelo Ministério do Meio Ambiente, Estados e Municípios.

Essas informações deverão ser públicas e de livre acesso a todos, devendo ser publicadas também no site oficial do município.

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14. MECANISMOS DE AVALIAÇÃO DO PLANO

14.1. Revisão

O presente PMGIRS de Cruzaltense tem um horizonte previsto de 20 anos, com revisões periódicas a cada 4 (quatro) anos para que se possa realizar uma avaliação geral do Plano.

As revisões são oportunidades de se avaliar o andamento das ações planejadas em relação aos prazos pré-determinados, assim como atualizar prazos ou novas ações e metas para os próximos anos, de acordo indicadores de desempenho adotados e em novas informações e demandas ou tecnologias que possam ter sido desenvolvidas e/ou otimizadas no tempo decorrido desde a elaboração inicial do Plano, e ainda novas fontes de financiamento de projetos.

14.2. Indicadores

Os indicadores são instrumentos essenciais para guiar a ação e subsidiar o acompanhamento e a avaliação do progresso alcançado rumo à sustentabilidade. Podendo reportar fenômenos de curto, médio e longo prazos, os indicadores viabilizam o acesso à informações relevantes geralmente retidas a pequenos grupos ou instituições, assim como apontam a necessidade de geração de novos dados.

Dentre os indicadores relacionados aos RSU, o indicador mais utilizado no Brasil e no mundo é o da quantidade gerada de resíduos/habitante/unidade de tempo. Outro indicador largamente medido se refere à recuperação de resíduos municipais, percebido como o conjunto de operações (reciclagem, reutilização ou compostagem) que permitem o aproveitamento total ou parcial dos resíduos. 101

Três parâmetros de avaliação são utilizados para cada indicador:

o MD - tendência muito desfavorável;

o D - tendência Desfavorável;

o F - tendência Favorável à sustentabilidade.

Tema Indicador Parâmetro de avaliação (MD) Assiduidade inferior a X% Assiduidade dos trabalhadores Percentual de homens/dias (D) Assiduidade entre X% e Y% do Serviço de Limpeza Pública efetivamente trabalhados (F) Assiduidade superior a Y% (MD) Presença de catadores trabalhando de forma precária nos locais de disposição final. Existência de situações de risco .(D) Presença de catadores à Saúde em atividades Existência de situações de risco trabalhando de forma precária vinculadas à gestão de RSU nas ruas. (F) Inexistência de situações escritas anteriormente. (MD) As informações não são sistematizadas. Existência de informações (D) As informações são Acesso da população às sistematizadas e sistematizadas, mas não estão informações relativas à gestão disponibilizadas para a acessíveis à população. dos RSU população (F) As informações são

sistematizadas e divulgadas de forma proativa para a população (MD) Parte da população não é atendida. Percentual da população População atendida pela coleta (D) Toda população é atendida, atendida pela coleta misturada de resíduos sólidos mas nem todos regularmente de resíduos ou na freqüência necessária.

(F) Toda população é atendida na freqüência necessária. (MD) Eficiência econômica não Eficiência econômica dos identificada ou abaixo de R$ X. Gastos econômicos com gestão serviços de limpeza pública (kg (D) Eficiência econômica entre de RSU de resíduos por R$1000,00) R$ X e R$ Y.

(F) Eficiência econômica acima de R$ Y (MD) Não há nenhum sistema de cobrança para financiamento dos serviços de Percentual autofinanciado do coleta, Autofinanciamento da gestão custo de coleta, tratamento e tratamento e destinação final. dos RSU disposição final (D) (a) Há sistema de

financiamento, mas esse não cobre todos os custos, ou (b) há sistema de financiamento, 102

mas não é proporcional ao uso do dos serviços de coleta, tratamento e destinação final. (F) Os serviços de coleta, tratamento e destinação final são totalmente financiados pelos usuários proporcionalmente ao uso desses mesmos serviços (MD) Não foi identificada a existência de passivo ambiental. Percentual das áreas (D) Passivo ambiental Recuperação de áreas degradadas pela gestão dos identificado, mas sem degradadas RSU que já foram recuperadas recuperação plena.

(F) Passivo ambiental identificado e plenamente recuperado (MD) Inexistência de programa Percentual, em peso, dos para recuperação de RSU. resíduos coletados pelo poder (D) Recuperação parcial dos Recuperação de material público que não são materiais reaproveitáveis realizado pela administração encaminhados para a presentes nos RSU. municipal disposição final (F) Recuperação significativa dos materiais reaproveitáveis presentes nos RSU. Tabela 13. Modelo de Indicadores de Sustentabilidade Fonte: Modificado de Milanez (2002)

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15. AÇÕES DE EMERGÊNCIA E CONTINGÊNCIA

O Plano de Emergências e Contingências objetiva estabelecer os procedimentos de atuação assim como identificar a infra-estrutura necessária do prestador nas atividades tanto de caráter preventivo quanto corretivo. Tem que elevar o grau de segurança e garantir a continuidade operacional dos serviços de coleta e destinação de resíduos sólidos.

As ações de redução de desastres abrangem os seguintes aspectos globais:

o Prevenção de desastres;

o Preparação para emergências e desastres;

o Resposta aos desastres (corretiva);

o Reconstrução.

O município, nas suas atividades de operação e manutenção, deve se utilizar de mecanismos locais e corporativos de gestão no sentido de prevenir ocorrências indesejadas através de controles e monitoramento das condições físicas das instalações e equipamentos visando minimizar ocorrência de sinistros e interrupções na prestação dos serviços.

As possíveis situações críticas que exigem ações de contingências podem ser minimizadas através de um conjunto de procedimentos preventivos de operação e manutenção como os listados a seguir:

o Acompanhamento do serviço de coleta por meio de Fiscalização da execução dos serviços.

o Controle do funcionamento dos veículos e equipamentos através de monitoramento por meio de parâmetros como quilometragem percorrida/veículo ou pesos máximos transportados/ veículo.

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o Fiscalização da abrangência de atendimento e qualidade do serviço medida por número de reclamações. o Prevenção de acidentes nos sistemas através de plano de ação nos casos de incêndio e gestão de riscos ambientais em conjunto com órgãos ambientais e de recursos hídricos. o Sistema de gestão da manutenção o Ações administrativas: a) manter cadastro de empresas fornecedoras dos serviços para contratação em caráter emergencial; b) manter cadastro de aterros sanitários de cidades próximas para serviços de contratação em caráter emergencial.

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16. FORMALIZAÇÃO DO PLANO

16.1. Audiência Pública

A Lei 12.305/2010 que estabeleceu a Política Nacional de Resíduos Sólidos informa no seu art. 14, § único, que é assegurada a ampla publicidade ao conteúdo dos planos de resíduos sólidos.

Assim considerando que a Audiência Pública é uma das formas de participação, e, de controle popular da Administração Pública, pois propicia ao particular a troca de informações com o administrador, a administração do município de Cruzaltense identificando a relevância da questão, realizou audiência pública, com caráter consultivo, com discussão, incorporação das contribuições e validação do Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos de Cruzaltense, onde foram expressadas as opiniões individuais e/ou coletivas para elaboração final deste Plano.

Após a audiência, foram avaliadas possíveis propostas, bem como foi realizada uma ata do evento que será anexada ao presente Plano.

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Foto 16. Participantes da Audiência Pública PMGIRS

Foto 17. Validação e Aprovação do PMGIRS em Audiência Pública

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16.2. Aprovação e Homologação

A Legislação que trata de Resíduos Sólidos, tanto a nível Federal quanto Estadual, não determina de que maneira devem ser homologados os Planos de Gestão Integrado de Resíduos Sólidos.

Assim, posterior a realização da audiência pública, o Município de Cruzaltense, edita Decreto Municipal, aprovando e homologando o Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos.

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17. CONCLUSÃO

A partir da realização deste trabalho, foi possível verificar que a elaboração e a posterior implantação de um Plano de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos Urbanos não é tarefa de fácil execução. Além da necessidade de conhecer detalhadamente os aspectos operacionais, dos custos envolvidos com os serviços atuais e os recursos financeiros disponíveis para implantação do plano, a concepção e implantação do PMGIRS são também condicionadas pela disponibilidade e capacitação de recursos humanos, pois é primordial a existência de uma estrutura organizacional que lhe ofereça o devido suporte. Ou seja, para que um plano funcione, deve haver subsídios para o planejamento técnico, estratégico, financeiro, operacional, gerencial, de recursos humanos e que permita e incentive o envolvimento dos segmentos representativos da população. Também conta muito a vontade política do administrador público em ver as questões dos RSU plenamente resolvidas.

Entende-se que a Secretaria Municipal de Meio Ambiente deve liderar as ações a serem tomadas, mas ao mesmo tempo, deve trabalhar em conjunto com as demais secretarias envolvidas na questão.

Uma das dificuldades já apresentada é que o serviço de limpeza urbana do município já tem uma rotina operacional e propor alterações numa prática já consolidada é tarefa de difícil concretização. Outro fato é que alterações e melhorias que envolvem os serviços serão implementados com o tempo, tornando a cada momento o PMGIRS, em alguns aspectos, defasado.

Para melhorar o desempenho do município na área de gerenciamento de resíduos sólidos são importantes o cumprimento dos programas, objetivos, metas e ações propostas no presente plano.

Ter o município um Plano de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos Urbanos não significa que os problemas referentes aos resíduos sólidos gerados 109

estão plenamente resolvidos ou que os caminhos a serem trilhados estão pavimentados. È necessário colocá-lo efetivamente em prática e para isso persistência e vontade política é fundamental.

A Prefeitura Municipal deve analisar a hipótese de criação e formalização de cooperativas de catadores visando a triagem dos resíduos e incorporação dessa população em um meio de trabalho digno, bem como de um Consórcio Público Intermunicipal com o objetivo de resolver de forma conjunta com os municípios vizinhos a problemática de destinação final dos resíduos sólidos urbanos.

Conclui-se, portanto, que o do PMGIRS do Município apresenta algumas lacunas que, só poderão ser sanadas no momento de sua plena implantação, através do envolvimento eficaz e participativo de todos os envolvidos. Dessa forma, as chances de se obter o devido sucesso almejado, estão diretamente ligados à determinação com que os trabalhos serão conduzidos daqui para frente.

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18. BIBLIOGRAFIA

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ANEXOS