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Ambiente político cada vez mais sombrio no país Jogos perigosos!

BRITALAR: pedregulho no sapato de David Simango! Pág.á 6 2 TEMA DA SEMANA Savana 09-01-2015

Ambiente cada vez mais sombrio em Moçambique Incertezas e nervosismo -Renamo e MDM em consultas para não tomarem posse na Assembleia da República

panorama político no país Findos 30 dias, a assembleia funcio- está a deteriorar-se a olhos na normalmente com os membros vistos. O mais recente sinal que estão lá”, explicou ao SAVANA Ode incerteza e nervosismo Manuel Rodrigues, director nacio- político é a alegada movimentação nal de desenvolvimento autárquico de tropas governamentais na míti- no Ministério da Administração ca zona da Gorongosa, local onde Estatal (MAE) ainda se encontram estacionados os Das dez assembleias provinciais, guerrilheiros da Renamo. A deten- a Frelimo goza de uma maioria ção de António Muchanga, porta- em cinco (Niassa, Cabo Delgado, -voz de Afonso Dhlakama, nesta Inhambane, Gaza e Maputo), pro- terça-feira por cerca de dez horas, víncias moçambicanas menos popu- é outro sinal do ambiente cada vez losas. mais inquietante que se vive no país. Na assembleia provincial de Nam- pula, Frelimo e Renamo estão em- Aliado a isso, membros da Rena- patados com 46 lugares cada, o que mo nas dez assembleias provinciais coloca um poder fora de comum nas do país boicotaram a cerimónia de mãos do único membro do MDM. tomada de posse nesta quarta-feira Aliás, nesta quarta-feira, o único e há indicações de consultas entre a membro do MDM tomou posse, bancada do maior partido da oposi- mas, em seguida, abandonou a sala, ção e do Movimento Democrático inviabilizado o início da primeira de Moçambique (MDM), a terceira sessão dos trabalhos do órgão por força política, para não tomarem os falta de quórum. seus lugares na próxima segunda- Na assembleia de Manica, a Freli- -feira na Assembleia da República. mo tem uma vantagem de apenas Mas uma outra fonte ligada à Rena- Alegada movimentação de militares na Gorongosa indicia um ambiente de incerteza um assento sobre Renamo, contra mo indicou ao jornal que ainda não um do MDM. Mas se o membro do está claro se o partido de Afonso O facto de a função de deputado famintos”, descreveu, dessa forma, que liquidava a ideia de inclusão no partido de Daviz Simango decide Dhlakama tomará ou não posse no ser vista em Moçambique, de resto, naquele ano, os “traidores”. Governo, defendida pela Renamo. votar com a Renamo há um empate Parlamento. “Tudo depende de uma à semelhança do que se passa um Mas os militantes da Renamo po- técnico. aproximação política com a Frelimo pouco por todo o mundo, como um dem sentir que as circunstâncias são Quatro assembleias Apesar de na prática a falta de quó- nos próximos dias”, frisou. Ao que o “ganha-pão”, é apontado como uma outras e o contexto é favorável a um inviabilizadas rum não afectar o funcionamento SAVANA apurou, Afonso Dhlaka- das razões que poderão levar os par- esticar da corda até rebentar do lado Nesta quarta-feira, a Renamo cum- normal dos poderes provinciais, uma vez que os seus titulares são no- ma deverá orientar um comício po- lamentares da Renamo a “furar” o da arqui-rival Frelimo, obrigando-a priu o que havia prometido e in- meados pelos órgãos do poder cen- pular na cidade da Beira neste sába- boicote e ir morar na “casa do povo”, a fazer cedências. viabilizou o início dos trabalhos de tral, a ausência do principal partido do, onde irá reiterar a exigência de rebelando-se contra o seu próprio O cenário de cedências em matéria quatro (Zambézia, Sofala, Tete e da oposição é um enorme embaraço formação de um Governo de Ges- líder. de lugares no Governo é, para já, vis- Nampula) assembleias provinciais. à Frelimo, tendo em conta a referên- tão. Afonso Dhlakama encontra-se “Muitos deputados eleitos estão to como ilusório, devido à tradição e O partido de Afonso Dhlakama cia constante que este partido faz à desde 23 de Dezembro em Man- endividados e precisam de ganhar princípios que a Frelimo segue, des- controla, confortavelmente, três as- composição plural dos órgãos elec- gunde (distrito de Chibabava), sua dinheiro o mais rapidamente pos- de a implantação do multipartida- sembleias provinciais (Zambézia, tivos do Estado como prova da boa terra natal, onde se deslocou para sível”, comentam alguns analistas rismo em Moçambique. “The win- Sofala e Tete). Segundo a lei das as- saúde de que pretensamente goza o passar as festas com a sua família. atentos à política moçambicana. neres take all”, ou, em tradução livre, sembleias provinciais, os membros Filme de 2009? país. Tal como aconteceu em 2009, uma o “vencedor fica com tudo”. que não tomaram posse têm 30 dias Órgãos multipartidários, como são, A Frelimo conquistou 144 lugares tomada de posse à revelia de Afonso De resto, o chefe de Estado eleito, para o fazer ou perdem automatica- por excelência, a Assembleia da Re- no Parlamento, contra 89 da Rena- Dhlakama seria um profundo golpe Filipe Nyusi, deu a entender que mente os seus lugares. pública e as assembleias provinciais, mo e 16 do MDM. O partido que à autoridade do líder, seguindo-se, a vitória nas eleições gerais de 15 “Os membros que não tomaram com um único partido, atiram o país forma governo desde 1975, ano da inevitavelmente, o léxico indecoroso de Outubro é inegociável. Na sua posse perdem os mandatos depois para uma posição de chacota na foto independência em Moçambique, que o presidente da Renamo costu- enunciação, Nyusi elaborou sobre de 30 dias a contar da data oficial de de família das democracias africanas perdeu 47 assentos, uma importante ma dedicar aos que o desafiam. “São o seu próprio conceito de inclusão, tomada de posse (esta quarta-feira). e mundiais. (Redacção) quebra que não se via desde 1994, ano das primeiras eleições multipar- tidárias no país. No entanto, não é a primeira vez Investidura dos Membros da Assembleia Provincial na Zambézia que a Renamo ameaça não tomar posse na AR. Depois das eleições de 2009, Afonso Dhlakama, líder da Renamo, declarou que os 51 depu- Renamo manda “passear” cerimónia tados da Renamo não iriam tomar posse em protesto contra a alegada Por António Munaíta, em Quelimane fraude eleitoral, numa eleição onde pela primeira vez a Frelimo con- uma cerimónia me- ção da Assembleia Provincial repre- objectivos de combate à pobreza, à e que saibam levar para junto do quistou uma maioria qualificada e nos concorrida, foram senta o início do segundo mandato corrupção, ao burocratismo e a con- governo as reais preocupações, Armando Guebuza foi reeleito com investidos na manhã do órgão de quem a população e o solidação da unidade nacional. aspirações e vontade do povo. mais de 70% dos votos validamente desta quarta-feira os governo da Zambézia esperam que Segundo disse, estes objectivos se- Dada a ausência dos 51 mem- expressos. N membros da Assembleia Pro- continue a colaborar e apoiar os es- rão materializados com o esforço bros da Renamo, não foi possí- Mas em Janeiro de 2010, 16 deputa- vincial da Zambézia. Apesar de forços que têm sido empreendidos dos membros da Assembleia Pro- vel eleger o Presidente daquele dos da Renamo, a maioria do círculo ser a maioria com 51 assentos, para combater a pobreza e elevar vincial, daí que lembrou aos inves- órgão já constituído e muito eleitoral da Zambézia, desafiaram as a Renamo não esteve presen- o desenvolvimento da província. tidos que com a AP o cidadão deve menos o vice-presidente. Bo- ordens do líder e foram tomar posse. te naquele acto, apenas os 37 Num outro desenvolvimento, Mu- sentir-se mais próximo do processo aventura Maricoa, membro Os restantes tomaram os seus luga- membros da Frelimo e quatro themba disse que as contribuições da tomada de decisões, o que exige da Assembleia que orientou a res nas semanas seguintes. O regi- do Movimento Democrático dos membros da AP no mandato maior responsabilidade na fiscali- sessão que culminaria com a mento da Assembleia da República de Moçambique (MDM) par- anterior reflectem-se nos resultados zação da acção governativa e dina- eleição da direcção máxima da determina que qualquer deputado ticiparam. registados pela província na melho- mismo do governo na prestação de Assembleia Provincial, disse que não toma o seu lugar num prazo ria das condições sócio-económicas serviços públicos. Acrescentou que na ocasião que não havia como de 30 dias a contar a partir da sessão Cadmiel Muthemba, ministro da população. Prometeu que no espera que os membros da Assem- continuar, ou seja, eleger os fu- de abertura perde automaticamen- das Obras Públicas e Habitação, quinquénio 2015-2019 a acção do bleia Provincial continuem a agir turos dirigentes da AP porque te o assento. Em 2009, a Renamo que veio testemunhar a cerimó- governo vai continuar a privilegiar com dedicação, humildade e respei- os 41 membros do MDM e havia prometido uma manifestação nia em representação do chefe os grandes programas de desen- to para com o povo, manter o con- da Frelimo não constituíam a à escala nacional, o que não chegou de Estado, disse que a instala- volvimento do país centrados nos tacto permanente com o eleitorado maioria. a acontecer. Savana 09-01-2015 TEMA DA SEMANA 3

Um voto decisivo do MDM salva Manica Renamo trava três assembleias Por André Catueira

Renamo boicotou a ce- da sala de sessão, uma medida que rimónia de tomada de afectou o jornalista da STV, que se posse nas assembleias viu longamente impedido de ace- Aprovinciais de Sofala, der à sala, até haver uma interven- Tete e Zambézia, na região cen- ção dos colegas. tro do país, “inviabilizou” quarta- A Renamo primou pela ausência -feira as primeiras sessões por não dos 39 membros eleitos pelos 10 reunirem quórum para deliberar círculos da província de Manica e colocou de “joelhos” os órgão para órgão, em resposta aos apelos que ficam escravos da sua posição, do seu líder, Afonso Dhlakama, pelo menos nos próximos 30 dias, que rejeita os resultados eleitorais, para funcionarem. A inviabiliza- validados semana passada pelo ção sugere que os Governos a se- “adiamento da sessão para uma zembro na Gorongosa. timação. Conselho Constitucional, e exi- rem nomeados nestas províncias data a anunciar”. Moçambique realizou as segundas O MDM, terceira força política, ge um Governo de Gestão, como terão problemas para aprovar os O mesmo cenário repetiu-se em eleições multipartidárias das as- tinha um voto decisivo para que solução para a alegada fraude elei- seus planos e programas naqueles Tete, onde a Renamo ficou com 42 sembleias provinciais e as quintas aquele órgão fosse validamente toral. órgãos. membros para o órgão, contra 37 eleições legislativas e presidenciais formado e estivesse apto a delibe- Sofrimento Matequenha, delega- da Frelimo e três do MDM, não a 15 de Outubro passado, cujos re- rar na primeira plenária da assem- do político da Renamo em Ma- O maior partido da oposição ele- reunindo, os últimos dois, poderes sultados proclamados dão vitória bleia, constituída por 80 membros, nica, disse que a não tomada de geu 45 membros (dos 82 ), contra para decidir, tendo se encerrado a à Frelimo e ao seu candidato pre- dos quais 40 eleitos pela Frelimo e posse deve-se à “reivindicação dos 30 da Frelimo e sete do Movimen- cerimónia de posse sem a investi- sidencial, Filipe Nyusi, colocando 39 da Renamo. resultados eleitorais” e os membros to Democrático de Moçambique dura da cabeça da assembleia. a Renamo e o seu líder, Afonso “Fiz um voto de consciência em daquela formação política “deve- (MDM), terceira força política na Já na Zambézia, o maior círculo Dhlakama, em segundo lugar e o respeito à vontade do eleitorado” rão, em princípio, tomar posse de- Assembleia provincial de Sofala, eleitoral de Moçambique, a Re- MDM e o seu presidente, Daviz declarou Domingos Soqueires, pois de um entendimento político seu tradicional bastião militar e namo elegeu 51 membros dos 92 Simango, em terceiro lugar. com um desassossego no rosto, com o Governo”. político, contra apenas um mem- mandatos, cabendo à Frelimo 37 Os dois partidos da oposição rejei- após receber “beijos e abraços vi- Em contacto com a imprensa, após bro no anterior mandato. lugares e quatro do MDM, tendo tam os resultados eleitorais, estan- brantes do Governo”, incluindo a sua investidura, Rosita Lubrino, Com estes mandatos tem direito os membros destes últimos dois do a Renamo a exigir a formação do comandante da Polícia e da se- a presidente eleita da Assembleia de eleger o presidente e vice-pre- partidos regressado à casa sem de um Governo de Gestão, como creta estatal à saída da cerimónia provincial de Manica para este sidente, para o órgão funcionar e saber se a “escolinha de barulho” solução para a alegada fraude que de tomada de posse, adiantando mandato, disse esperar que nos que a sua “espectativa é de ver o próximos 30 dias, o limite que órgão constituído completamente rege a legislação para justificação nos próximos dias”. das ausências, “haja bom senso na Ao que o SAVANA apurou, o Renamo” para que os seus mem- plano inicial do MDM era tomar bros integrem o órgão para o seu posse e não participar da primeira pleno funcionamento. sessão, o que inviabilizava a cons- A responsável disse, contudo, ser o tituição daquele órgão, sendo que maior desafio do órgão a constru- o membro do partido, após duas ção de uma infra-estrutura, por as saídas durante o processo, foi im- actuais instalações serem empres- pedido de se deslocar novamente tadas ao Governo, a quem devem da sala de sessões por agentes de fiscalizar e aprovar os seus progra-

deliberar validamente, ficando o local vai conceber sessões um dia. ocorreu nas eleições gerais. segurança e protocolo. mas de funcionamento. órgão refém ao que o partido deci- Os 294 membros da Renamo Xeque-mate do MDM Agentes da FIR (Força de In- Entretanto, um aparatoso contin- dir nos próximos dias. eleitos para as 10 assembleias pro- Em Chimoio, capital provincial de tervenção Rápida) e Forças de gente policial, não comum com “Não podemos constituir os órgão vinciais não fizeram parte das ce- Manica, a cerimónia iniciou com Protecção de Altas Individuali- pirilampo e sirenes, foi destacado de direcção da assembleia provin- rimónias de investidura, realizadas ausência da Renamo e o voto de- dades (FPAI), que mantinham a para a segurança da cerimónia, cial de Sofala com ausência da Re- em simultâneo em todas as capi- cisivo do Movimento Democráti- segurança do evento, encerraram que decorreu num anfiteatro da namo”, declarou Manuel Ramissa- tais provinciais, em cumprimento co de Moçambique (MDM) viria forçadamente os portões do Mon- capital Chimoio, contrariamente ne, presidente cessante, eleito pela de uma directiva da última sessão a mudar a história da primeira talto, um anfiteatro de uma insti- a anterior cerimónia que decorreu Frelimo, que dirigiu a cerimónia da Comissão Política do partido, sessão, por ter suportado sua via- tuição de ensino. Não era permi- num palco aberto numa das ruas na Beira, Sofala, informando o realizada nos dias 20 e 21 de De- bilização, para constituição e legi- tida entrada nem saída de pessoas da cidade. 4 TEMA DA SEMANA Savana 09-01-2015

Renamo acusa Governo de promover instabilidade Chumbo, Kalashnikov e BTR regressam à Gorongosa

Por André Catueira

ntre o nervosismo pós-elei- distrito” e poder colher melhor. toral e a pálida justificativa Moçambique alcançou um segundo da defesa da soberania, For- acordo de Paz assinado a 05 de Se- Eças de Defesa e Segurança, tembro de 2014 entre o Presidente que incluem o exército e a polícia cessante, Armando Guebuza, e o lí- anti-motim, voltaram a ser movi- der da Renamo, Afonso Dhlakama, mentadas e concentradas nos dis- pondo fim às hostilidades militares, tritos de Gorongosa, Chibabava e o que permitiu a participação des- Marínguè - palcos do recém-ter- te últimos nas eleições gerais. Em minado conflito político-militar 1992, o primeiro pôs fim a uma em Sofala - onde a Renamo tem guerra de 16 anos. bases dos seus homens para desmi- Contudo, o país atravessa “incer- litarização, denunciou terça-feira o tezas e nervosismo” pós-eleitoral, movimento, que acusa o Governo porque a Renamo rejeita os resul- de estar a promover instabilidade. tados das eleições de 15 de Ou- tubro, agudizados com a acusação Ao SAVANA, Albano Bulaunde, do partido sobre a movimentação delegado político da Renamo em de forças militares e policiais para Sofala, disse que vários efectivos regiões tradicionais redutos da or- militares estão a ser movimentados ganização. e concentrados em tradicionais re- “Em 2015 queremos ficar livres na dutos do movimento, acompanha- Gorongosa” afiança Inácio Baera, dos de abertura de novas posições um inquilino do centro de trânsito militares em regiões onde tem con- com nove membros da família des- centrados seus homens para desmi- de Novembro de 2012, que consi- litarização, classificando a acção de Forças governamentais na base de Satunjira dera não “digna” a convivência no “intimidatória e ameaça à estabili- novo lar. dou semana passada os resultados crático”. Enquanto posições militares são dade” de Moçambique. “Nós queremos voltar para casa eleitorais, com algumas décimas de Em contacto com o SAVANA, revitalizadas na Gorongosa, milha- “O raio militar foi estendido para e vivermos como antes”, precisou diferença da contagem da Comis- um jornalista da Gorongosa des- res de deslocados de guerra, agora os cruzamentos de Casa Nova e Inácio Baera, que se contenta por são Nacional de Eleições (CNE), e creveu uma “entrada assustadora” severamente atingidos pela fome e Mangunde, onde se encontra actu- ter recebido um “cabaz” do Gover- de camiões militares, com homens, ainda perseguidos pela insegurança almente o líder da Renamo, Afonso proclamou vitória da Frelimo e do no local – uma dezena de quilos mantimentos e armamento naquele e incertezas, esperam por um 2015 Dhlakama”, disse Albano Bulaun- seu candidato presidencial Filipe farinha de milho, grãos de mapira distrito, adiantando que cancelas e mais “sossegado e de abundância”. de, garantindo que “há mais efec- Nyusi, colocando a Renamo e o seu e óleo alimentar - para as festas do vasculhas foram reforçadas na es- Cerca de seis mil pessoas foram tivos militares visíveis desde a vali- líder, Afonso Dhlakama, em segun- natal e fim do ano, mas que garan- trada que liga a antiga Vila Paiva a forçadas a viverem na condição de dação dos resultados pelo Conselho do lugar e o Movimento Democrá- te “se estivesse em casa teria festas Satunjira. deslocados num centro de trânsito Constitucional a 30 de Dezembro”, tico de Moçambique (MDM) e o melhores”. “Sim, chegam mais camiões mili- na vila da Gorongosa, em Sofala, sob alegação de “garantia de se- seu presidente, Daviz Simango, em “Em 2015 gostava de concluir uma tares a cada dia”, precisou, mas ad- e agora se “recusam” a regressar às gurança da quadra festiva”. Mas o terceiro lugar. casa com as chapas que o Governo mitindo que a vida ao nível da vila zonas de origem, por considerarem Governo negou que o líder da Re- A Renamo rejeita os resultados e ofereceu, pois vejo que não vale a continua com a mesma dinâmica. não estarem criadas condições de namo esteja sitiado. insistiu na ameaça de promover pena regressar com estas chapas, Todavia, Gabriel Muthisse, vice- segurança, apesar de terem cessado O delegado da Renamo em Sofa- desobediência civil e manifestações porque o amanhã não se sabe”, ex- -chefe da delegação do Governo confrontos militares, dum conflito la disse que há agora posições nas violentas, sem recurso à guerra, caso plicou Joaquim Inácio, que fundou no diálogo político com a Renamo, que durou 17 meses, que opunha as zonas de Muxúnguè, Casa Nova, a Frelimo recuse a sua exigência de uma igreja no local, “que consola os considerou segunda-feira que o Forças de Defesa e Segurança e a Mangunde e Rio Save (Chiba- formação de um Governo de Ges- deslocados e reza por dias melho- acordo assinado entre o Presiden- guarda da Renamo, maior partido bava), Gravata, Piro e na vila de tão, como solução para a suposta res”. te Armando Guebuza e o líder da da oposição. Marínguè (Marínguè) e Mucodza, fraude que ocorreu nas eleições ge- Os refugiados ora no centro são Renamo não limita as FADM e/ “Primeiro queria que em 2015 fi- Vunduzi, Canda e Casa Banana rais de 15 de Outubro. O partido das regiões de Nhataca, Mucodza, ou Polícia a movimentarem seus casse resolvida definitivamente a (Gorongosa), ou seja, nas posições no poder, que chamou a exigência Vunduzi, Chionde, Casa Banana, de uma “anarquia”, reiterou que efectivos, tanto no centro como em situação político-militar”, declara Mussicadzi, Piro e Domba, nos norte e este, na Serra da Gorongo- qualquer região de Moçambique, Feliciano Matchisso, que pelo se- sa, onde esteve escondido o líder da não vai “tolerar ameaças” à paz, mas arredores da serra da Gorongosa, Filipe Nyusi, no seu discurso de sustentando a total liberdade das gundo ano consecutivo tem uma largamente atingida pela tensão Renamo no conflito armado de 17 instituições. “consoada em branco” no centro de meses. vitória, garantiu um “Governo de político-militar e onde o exército deslocados de guerra na Gorongo- assaltou e desalojou a 21 de Ou- As zonas, tradicionais bastiões mi- inclusão”. Contudo, Nyusi deixou À espera de sossego e claro, no seu discurso público como sa, debaixo de uma nuvem escura tubro de 2013 o líder da Renamo, litares e políticos da Renamo, foram abundância que o devolve esperança de “regar o palcos do recém-terminado confli- presidente, que “ inclusão não é no- Afonso Dhlakama. to militar que durou 17 meses, que meação para cargos. Não é aspirar opôs forças governamentais e o ao poder a todo o custo”. braço militar do maior partido da oposição. Mas também foram fixa- Camiões militares das bases para a desmilitarização e “A nós, a Renamo, preocupa-nos posterior efectivação dos homens mais ainda por sermos o interlo- armados nas Forças Armadas de cutor válido na manutenção da Defesa de Moçambique (FADM) paz em Moçambique”, explicou e na Polícia, resultado do Acordo Bulaunde, avançando: “deixava de de Cessação das Hostilidades, re- ser preocupação se os militares es- fém agora a divergências de imple- tivessem a ser movimentados para mentação no diálogo entre o Go- Maputo e Matutuine, onde há con- verno e a Renamo, em Maputo, há centração de infra-estruturas eco- meses sem avanço. nómicas e justificasse a defesa da “Essa concentração de militares é soberania”. uma tentativa clara de intimidar e “O que tem Inchope ou Marínguè calar a boca das pessoas que bus- para se concentrar tanta força mi- cam justiça eleitoral e permitir que litar”, questionou Albano Bulaun- a Frelimo governe à força”, declarou de, que pediu à sociedade civil e Albano Bulaunde, manifestando-se à comunidade internacional para preocupado com o “regresso à ins- repararem com a mesma “propor- tabilidade”, agudizado ainda com a ção e preocupação” a actual tensão, concentração das forças no terreno. sustentando ser tremenda ameaça O Conselho Constitucional vali- num país que se “prima de demo- Feliciano Matchisso Joaquim Inucio Savana 09-01-2015 TEMAPUBLICIDADE DA SEMANA 5 6 SOCIEDADESOCIEDADE Savana 09-01-2015

Reabilitação da Avenida Julius Nyerere e a estranha relação entre a edilidade de Maputo e a(s) Britalar(es) Autópsia de uma obra fora de prazo Por Milton Machel & Argunaldo Nhampossa rónica de uma morte por três vezes, o que é aliado a má anunciada. Se Gabriel qualidade das mesmas, não fazia Garcia Marquez fosse vivo mais sentido continuar a esticar Ce incarnasse um jornalista os prazos e fechar os olhos a esta e escritor moçambicano, decerto realidade”, assim falou o vereador convocava-nos à incompetência Victor Fonseca, em improvisada geral, de não termos tido a corajosa conferência de imprensa esta quar- lucidez de (descre)ver por antevi- ta-feira em Maputo. são o inevitavelmente triste desfe- Fonseca aponta que já estão em cho do estranho casamento entre curso negociações entre as partes o Conselho Municipal da Cidade de modo que o consórcio possa de Maputo e a neófita construto- indemnizar o Município somente ra Moçambicana de origem por- nesta secção. tuguesa Britalar. A Britalar, seja De acordo com o Vereador, uma ela qual for a responsável por esta avaliação muito preliminar indica não-obra, não deixa Ar Lindo al- que Britalar poderá pagar cerca de gum na inacabada reconstrução da um milhão de dólares norte-ameri- emblemática Avenida Julius Nye- canos, valor que deverá ser canali- rere. Resta-nos o mea culpa deste zado uma vez mais, para custear as obituário, como primeiro exercício Local onde as cheias de 2000 interromperam a Avenida Julius Nyerere despesas de reabilitação da mesma da autópsia de uma obra copiosa- tempo foi o próprio negócio. Em melhor tradução, poderíamos di- amos a fazer ressonância do jornal via, cujas obras deverão ser executa- mente fora do prazo. concurso público cujos contornos zer que os responsáveis da Britalar Notícias citando o vereador Victor das por outro empreiteiro. “Até ao vamos revisitar nas próximas edi- passaram a cantar aquela cantiga do Fonseca, a edilidade chegou ao en- momento as negociações são ami- É de invocar o Mito de Sísifo esta ções, o Conselho Municipal de cantor angolano Fernando Santos tendimento com o empreiteiro no gáveis e caso o consórcio não aceite obra de reconstrução da Avenida Maputo atribuiu em Novembro de e que é slogan de turismo a nível sentido de se concluir a reconstru- indemnizar-nos, vamos accionar mecanismos judiciais para resolver Julius Nyerere. Terminada em li- 2011 a Britalar esta hercúlea obra, internacional: Moçambique é ma- ção até Fevereiro de 2014. Novo o problema”. tígio ainda por resolver, a relação para um projecto de reabilitação ningue nice! prazo e nova justificativa: a prorro- Desvalorizando o rumor de empre- de quatro anos entre a edilidade financiado pelo Banco Mundial e gação do prazo se deveu às chuvas sa chinesa para substituir a Britalar, de Maputo e a Britalar deixa o pelo próprio Conselho Municipal e registadas em Janeiro de 2013 e Enfático! Fonseca avança que dentro de dias pedregulho de uma nova obra nos orçado em 12,5 milhões de dólares. que destruíram praticamente tudo “Adiar, adiar e adiar”, re- será lançado um novo concurso pú- ombros do Banco Mundial, do pró- É preciso referir que a Britalar Ar que havia sido feito até então, o que frão da cantiga blico para seleccionar um novo em- prio elenco de David Simango e do Lindo era um ilustre desconheci- exigiu um recomeço dos trabalhos. Arrancada em Dezembro de 2011, preiteiro para dar continuidade as povo do Grande Maputo, seja ele do no mercado das grandes obras Déja vu: este quinto prazo não foi a obra devia ter sido inicialmente obras e, desta vez estará reservado pobre ou rico mas que a cada perío- de engenharia em Moçambique e cumprido. entregue em Dezembro de 2012, somente as empresas de construção do chuvoso repete o filme de terror esse contrato foi como o escanca- Quando a corda dos prazos come- mas a incompetência do emprei- que actuam no mercado nacional. que nunca mais acaba e que iniciou rar de portas e abrir de janelas para çava a denotar sinais de se partir, eis teiro atrasou-a e a complacência A ver vamos! com as enxurradas de 2000. esta firma de origem portuguesa, que, em Setembro de 2014 a Brita- do Município alargou o prazo até Devido à abertura do novo concur- Não foi por falta de aviso. A relação nascida no Município de Braga. A lar avança com uma frente noticio- Junho ou Agosto de 2013. Era o so, Fonseca diz que não pode falar entre a Britalar e o Município de Britalar, importa ressaltar, conse- sa, a partir de Portugal. Sinal claro segundo aviso. do custo da obra, mas garante que Maputo estava fadada para acabar guiu de seguida afirmar-se no mer- de uma relação já podre, a Britalar Em Março de 2013 chegava mais o projecto já foi renovado e estabe- mal, muito mal, no que diz estrita- cado moçambicano naquilo que é alegava que paralisara a obra porque um anúncio público de que algu- lecido o mês de Dezembro do pre- mente respeito a esta obra. sua especialidade: a construção de o Município de Maputo lhe devia ma coisa ia mal, e com potencial sente ano para a sua entrega. No final do ano passado, cansa- imóveis, sejam obras públicas ou dinheiro e uma fonte não identifi- de acabar muito mal, quando foi Esta terça-feira, o SAVANA en- da de tanto desaforo e gozando edifícios privados. Internacionali- cada da empresa dizia agastada ao noticiado que a empresa mãe da trou em contacto com a Britalar, de uma oposição de qualidade em zada por França e Brasil, para além Correio da Manhã de Portugal que Britalar Ar Lindo em Moçambique entidade responsável pelas obras e relação aos dossiers malparados do de Moçambique, a Britalar e suas decidiu “congelar as obras e relaxar estava à beira da falência. Acusada com o Banco Mundial, o financia- Conselho Municipal, a Assembleia ramificações e associações de negó- as máquinas até que o Conselho de dever milhões a vários constru- dor por forma a obter alguns escla- Municipal de Maputo aprovou, em cio gozam de uma marca registada Municipal resolva a situação. A Ju- tores em Portugal e sob processos recimentos torno deste assunto. sua 36ª sessão ordinária no final do como construtoras de hospitais, lius Nyerere constitui uma dor de de pedido de insolvência por mais Na Britalar, a secretária que nos ano passado, uma resolução que hotéis e centros de negócios. De cabeça em termos de encargos fi- de trinta credores, em Portugal a atendeu pediu-nos que enviásse- instou a edilidade a rasgar o con- estradas e infra-estruturas afins de nanceiros para a Britalar, diferente- empresa estava mesmo a sentir a mos as questões por correio elec- trato de adjudicação das obras de transportes e comunicações, o seu mente das outras obras adjudicadas corda a pregar-lhe um nó de Euc- trónico e que de seguida haveria de reconstrução do troço devastado há currículo é duvidoso. à firma em Moçambique”, eis o de- lésio ao pescoço. reenviá-las ao encarregado de obras 15 anos. Numa altura em que o sector da sabafo de uma engenheira da Brita- Por cá, pelos vistos, não se passava por forma a nos responder. Contu- Musculado após este acto de construção em Portugal entrou lar publicado por aquele jornal luso nada. Sim, aparentava estar tudo do até ao fecho do jornal esta quar- bullying político da sua Assembleia, naquilo que os especialistas de e republicado pelo jornal @Verdade bem, pois, como bem anotou um ta-feira ainda não havíamos recebi- o Conselho Municipal de Maputo mercados de capitais apelidam de cá em Moçambique. do qualquer reacção da construtora cidadão num dos mais acesos de- diz que o consórcio composto por bear market, após o país bater com Por um lado, o Município desmen- portuguesa. bates no Facebook, ao “jornal mais Aurélio Martins Sobreiro e Filhos/ o Titanic no icebergue da crise fi- tia tal dívida, e já tinha em mãos No Banco Mundial, fomos infor- oficial do país”, o vereador Infra- Britalar Sociedade Construção S.A nanceira, lá para os idos 2011 e relatórios de três auditorias de mados que os responsáveis pelo -Estruturas no Conselho Muni- e Construção Europa Ar - Lindo, 2012, os investidores da Britalar laboratórios de engenharia inde- projecto ainda estão em gozo das cipal “garantiu que as ameaças de encarregue pela reconstrução do viram Moçambique como um bull pendentes (duas nacionais e uma férias e retomariam as actividades falência da empresa-mãe, sedeada troço compreendido entre a Praça market, tanto assim que o seu Pre- portuguesa) que atestavam a má na próxima semana. em Portugal, não afectariam a sua de Destacamento Feminino e Pra- sidente viria a ser enlevado como qualidade da obra até então realiza- Sobre o papel do Banco Mundial, subsidiária moçambicana, tanto ça dos Combatentes, na Avenida O construtor no paradoxalmente da. Enquanto isso, a Britalar come- co-financiador da obra, o vereador que nem recebeu todo o valor cor- Julius Nyerere, deverá indemnizar a catastrófico fim do seu consulado. çou a espalhar o rumor de que ha- Fonseca assegurou que aquele de- responde àquela obra.” edilidade pelo mau trabalho efectu- Com a devida vénia do jornal veria negociatas entre o Município verá continuar a custear as despesas Falhou 2012, falhou Julho ou ado naquela via. português Negócios, é de citar a e uma empresa chinesa: “isso não é de execução, porque o valor inicial Agosto de 2013 como novos pra- O carimbo de mau trabalho susten- directora financeira da Britalar, oficial, mas ficámos a saber desse não foi desembolsado na totalidade, zos de entrega, esticou-se a corda ta-se, segundo a edilidade, nestes Rossa Braga, quando em Outubro negócio nos bastidores”, afiançava aliado ao facto de que a edilidade para Novembro desse ano, “devido argumentos: incumprimento dos de 2011 animava-se porque (em àquele jornal luso a mesma fonte enviava os relatórios do desenvolvi- à alegada demora de transferência prazos para entrega das obras e má Moçambique) “temos estabeleci- resguardada no anonimato. mento da empreitada. “Não se trata de equipamentos de alguns serviços qualidade por uso de material de do boas relações com o Centro de de desembolso de novos fundos, baixa…qualidade. Promoção de Investimentos (…) públicos como condutas de água e mas sim do pacote acordo porque Apesar de não ser um país com os cabos de telecomunicações e/ou de Indemnização e novo con- os fundos não foram desembolsa- níveis de preços e rentabilidade que energia eléctrica que atravessavam curso público dos de uma só vez. O acordo com Moçambique é maningue se praticam em Angola, as relações a zona da obra”, de acordo com a A corda esticou-se até ao limite e já o empreiteiro previa pagamento nice! comerciais são mais seguras. As au- mesma fonte do município ao jor- tinha mesmo rompido. “Visto que após a conclusão de cada secção”, Não foi por falta de aviso - repe- toridades moçambicanas são mais nal Notícias. os prazos da entrega das obras da repisou. timos. O primeiro aviso de mau friendly do que em Angola”. Para Em Dezembro de 2013, continu- primeira secção foram prorrogados É um bico-de-obra! Savana 09-01-2015 PUBLICIDADE 7 8 SOCIEDADE Savana 09-01-2015

Assembleia da República fez vista grossa aos poderes executivo e judicial O novo Código Penal numa guerra entre surdos

Por Marcelo Mosse

novo código penal con- silêncio, a assessoria de Guebuza tém uma inovação bizar- pediu pareceres ao MJ, à PGR e ra: o confisco de bens será ao TS. O SAVANA está na posse Oapenas aplicado a pessoas desses documentos. Todos realçam colectivas. Se você é um empre- que as preocupações da sociedade sário em nome individual e tiver civil tinham razão de ser. E todos uma grande maka em tribunal, sugeriram ao PR que a melhor pode ficar descansado que aquela saída era devolver o CP ao parla- situação em que o Estado decide mento para este fazer as alterações confiscar seus bens para se ver res- sugeridas. sarcido de uma fraude foi liminar- Alberto Nkutumula, vice-Ministro mente removida. Pelo menos é o da Justiça, assinou um parecer da- que está previsto no artigo 64, que tado de 7 de Outubro onde se pode versa sobre Penas Acessórias. ler o seguinte: “O CP aprovado (...) está longe de ser considerado Uma análise profunda ao Código isento de falhas ou de críticas. Al- Penal recentemente aprovado pela gumas questões prevalecentes no Assembleia da República precisa Código Penal e que foram sendo de ser feita. Mas, em leitura dia- levantadas, inclusivamente por nós, gonal podem detectar-se aspectos justificavam uma reapreciação pois curiosos como o facto de se ter a manterem-se assim como estão deixado a figura do duelo: dois vão ter um impacto extremamente cidadãos podem acordar resolver negativo na sociedade”. O MJ foi um diferendo através de um due- mais longe, chegando a sugerir ao lo…sim uma luta como nos velhos PR que fizesse um pedido de fisca- tempos do faroeste. lização prévia do Código Penal ao Em finais de Dezembro, o Presi- Teodoro Waty, presidente da comissão de Assuntos Constitucionais, Direitos Humanos e Legalidade, dirigiu a reforma do Conselho Constitucional”. dente Armando Guebuza promul- Código Penal no Parlamento Por sua vez, o Conselho Técnico da gou o novo Código Penal (que vai Procuradoria Geral da República, substituir o antiquado código, da- saiu-se o “vencedor” da guerra foi da Reforma Legal (UTREL), sob ONGs que tem feito advocacia so- reunido a 14 de Outubro, senten- tado de 1886) depois de muita he- o PR. Na sua primeira legislatura, a batuta do jurista e gestor Abdul bre o assunto) faz o balanço de um ciava assim: “As obscuridades, de- sitação, consubstanciada num “veto Joaquim Chissano vetou, em 1996, Carimo Issa. A UTREL ensaiou autêntico diálogo de surdos com a ficiências e incongruências susci- político” ao documento, forçado uma Lei que ensaiava introduzir um processo de consultas abran- AR: “Com a AR, não se conseguiu tadas na análise do Código Penal pela sociedade civil e acarinhado feriados islâmicos em Moçambi- gentes e estava suficientemente nunca ter um verdadeiro diálogo, levam à conclusão de que não está pelo Ministério da Justiça (MJ), que. Ele nem sequer solicitou uma aberta para acolher contribuições porque, apesar das várias notas en- conforme as hodiernas concepções Procuradoria Geral da República fiscalização preventiva de consti- de várias correntes da sociedade. viadas comentando as diferentes da dogmática penal, nem ajustado (PGR) e Tribunal Supremo (TS). tucionalidade, função que estava Entretanto, a reforma andou a versões da proposta nunca foi pos- à realidade política, social, cultural Mas Guebuza “engoliu um sapo”. atribuída ao Tribunal Supremo. passo de camaleão, alegadamen- sível obter respostas para entender e económica, necessitando ainda de Quando devolveu o documento Posteriormente, devolveu uma Lei te por falta de “vontade política”, a lógica e os argumentos que le- reformulação e enriquecimento às à Assembleia da República (AR) de mordomias para deputados e a um jargão usado para significar vavam os legisladores a aceitar al- recomendações apresentadas, a fim o pressuposto era de que o parla- AR não fez mais do que colocá-la que, mesmo em face de um discur- gumas das demandas e a descartar de se encontrar um melhor equilí- mento iria fazer as alterações que na gaveta. so aparentemente reformista, ele sumariamente outras. Mais do que brio quanto a sua estrutura e siste- eram sugeridas nos pareceres que não é complementado com acções isso, houve atitudes de hostilização matização e realidade das opções”. recebeu do MJ, da PGR e do TS. Veto Político na prática. Entretanto, e embora da sociedade civil”. O Tribunal Supremo, em docu- Algumas mexidas propostas eram Agora, com o veto de Guebuza, a pressões de organizações de classe Quando finalmente o CP foi apro- mento assinado pelo seu Presiden- mesmo de substância, mas a AR proposta de Código Penal (e ou- como a Ordem de Advogados e vado na especialidade em 11 de te Adelino Muchanga, foi cáustico apenas deu uns retoques na forma. tros dispositivos menores como ONGs de defesa dos direitos hu- Julho, Teodoro Waty confirmou o na forma como criticou o CP, de- as leis das mordomias, incluindo manos, a proposta do Governo só seu mal-estar relativamente à par- nunciando nomeadamente o facto Nos poucos anos da democracia a reforma presidencial de Eduar- foi completada em 2011. E subme- ticipação da sociedade civil no pro- de o documento conter “legislação moçambicana, raramente assistiu- do Mulémbwè) e a aprovação por tida ao Parlamento. cesso. No seu discurso, ele fez men- avulsa que versa de matéria ainda -se a um processo legislativo tão parte da AR desse mesmo docu- Uma activista de direitos humanos ção a “muitas pedras arremessadas em processo de consolidação, com- peculiar como este que enformou mento sem alterações substanciais, ouvida pelo SAVANA faz um ba- por cidadãos nacionais e estrangei- portando o perigo de comprome- a revisão do código penal, iniciada parece ter-se inaugurado uma nova lanço positivo do momento em que ros”, referindo-se às notas enviadas ter o texto legal”. Em face destes em 2006 com muitos percalços no fase no relacionamento entre os as consultas aconteciam sob a alça- legitimamente ao Parlamento, às e outros argumentos recebidos do diálogo entre a AR (a sua comissão poderes executivo e legislativo. da do Governo. “Houve melhorias marchas públicas, às petições en- MJ e dos órgãos do poder judicial, de Assuntos Constitucionais, Di- Guebuza e a AR protagonizaram, substanciais em relação às versões tregues em mão e que circularam Guebuza devolveu o documento a reitos Humanos e Legalidade, diri- na fase derradeira da legislatura, preliminares. Por exemplo, a ideia na Internet. Waty, evitando uma coisa que era gida pelo deputado Teodoro Waty, uma situação inédita, que analistas de se descriminalizar a bigamia foi Mas as peripécias deste processo apontada como a mais sensata: so- um jurista, membro da Comissão ouvidos pelo SAVANA não crêem retirada”, aponta ela um exemplo. de produção legislativa não se fi- licitar ao Conselho Constitucional Política, que não se cansa de recor- que venha para ficar, havendo mes- Mas quando o Governo depositou caram por aí. Muitas das propostas uma fiscalização prévia (ou seja: dar que é Prof. Doutor em Direi- mo quem considere que a coisa foi a proposta na comissão especiali- que a sociedade civil submetera ao optou pelo veto político e não pelo to) e as organizações da sociedade mais teatral que real e que, no fun- zada da AR, o cenário mudou de parlamento foram simplesmente veto constitucional?) civil directamente interessadas na do, houve, entre as duas entidades, feição. A AR, um lugar de repre- postas de lado. E quando o CP E a AR acabou aprovando, por reforma, entre elas a WILSA Mo- uma aliança tácita que tinha como sentação democrática, bloqueou os aprovado por Guebuza foi enviado maioria de dois terços e às pressas, çambique (Mulher e Lei na África objectivo derradeiro “ultrapassar” a espaços de participação da socieda- ao PR e partilhado com o público, na sua sessão extraordinária de De- Austral). Por via da sua maioria, o férrea pressão que a sociedade civil de civil. Aliás, a primeira coisa que a Plataforma reparou que o docu- zembro, um documento que, tudo partido que tem formado Governo fez ao parlamento e ao PR no sen- a comissão presidida por Teodoro mento tinha nuances de incons- indica, mantém-se, no essencial, tal (no caso, a Frelimo) e os PRs anda- tido de se aprovar um código pe- Waty fez foi descartar o código en- titucionalidade, designadamente como chegou às mãos de Guebu- ram sempre alinhados no mesmo nal alinhado com as boas práticas quanto Proposta do Governo para tendo em conta os seguintes arti- za. E remeteu de novo ao PR que, diapasão e nunca, nem com Chis- mundiais em matéria de direitos passar a apresentá-la como um gos da Constituição: Princípio da por força do Regimento da AR, sano nem agora com Guebuza, um humanos. Projecto da AR. igualdade (art. 35), Igualdade de não teve outra escolha senão pro- PR foi contrariado de forma tão Vamos por partes. A reforma do género (art. 36), Direito à vida (art. mulgá-lo e mandar publicar. Pode veemente como aconteceu com a Código Penal tem sido um proces- Um diálogo de surdos 40), Direitos das Crianças (art. 47). ser que a AR tenha desafiado o PR recente reacção da AR ao veto de so cheio de peripécias. Ela iniciou E a sociedade civil começou a ser Guebuza recebeu o CP mas dias mas o processo mostrou que um Guebuza. como uma proposta do Governo vista não como parceira mas como depois entrava no seu gabinete um documento de extrema importân- Nas poucas situações em que hou- ainda na primeira legislatura de um entrave. Esta semana, no seu documento da Plataforma pedindo cia para a vida nacional foi apro- ve divergências entre estas duas en- Guebuza, em 2006, gerada no qua- website, a WILSA (um dos mem- ao PR para não promulgar o do- vado num meio de um diálogo de tidades do sistema político, quem dro da extinta Unidade Técnica bros mais activos da Plataforma de cumento. Depois de uns dias de surdos. Savana 09-01-2015 9 PUBLICIDADE

81,9(56,'$'(('8$5'2021'/$1( )$&8/'$'('($*52120,$((1*(1+$5,$)/25(67$/ CANDIDATURAS PARA O MESTRADO ANO ACADÉMICO DE 2015 / 2016 Estão abertas as candidaturas para os cursos de Mestrado da Faculdade de Agro- PROPINAS nomia e Engenharia Florestal (FAEF) nas seguintes áreas: Inscrição: 6HWHPLOPHWLFDLV SDUDRVGRLVDQRV DESENVOLVIMENTO RURAL Propinas: 1RYHPLOHTXLQKHQWRVPHWLFDLV SRUPrV

EXTENSAO AGRARIA REQUISITOS DE ADMISSÃO

PRODUÇÃO VEGETAL ‡ /LFHQFLDWXUDHP$JURQRPLD(QJ)ORUHVWDORXiUHDVDÀQV ‡ &XUULFXOXPYLWDH PROTECÇÃO VEGETAL ‡ 'LVSRQLELOLGDGHÀQDQFHLUD ‡ &DUWDGHDXWRUL]DomRSDUDHVWXGDUSDUDHVWXGDQWHVWUDEDOKDGRUHV GESTÃO DE SOLOS E ÁGUA ‡ 2FDQGLGDWRGHYHSRVVXLUDQRWDGHFRQFOXVmRGRJUDXGH/LFHQFLDWXUDLJXDORX ‡ 5DPRGH*HVWmRGHÉJXD VXSHULRUDYDORUHVRXQmRLQIHULRUDYDORUHVGHVGHTXHDSUHVHQWHFRPSUR- ‡ 5DPRGH*HVWmRGH6RORV YDGDH[SHULHQFLDSURÀVVLRQDOGHDQRV ‡ 1~PHURGHYDJDV SRUFXUVR  MANEIO E CONSERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE PROCEDIMENTOS PARA CANDIDATURA ECONOMIA AGRÁRIA ‡ 5DPRGH$QiOLVHGH3ROtWLFDVH'HVHQYROYLPHQWR$JUiULR Do procedimento de candidatura deve constar: ‡ 5DPRGH0HUFDGRV$JUiULRV ‡ )LFKDGH&DQGLGDWXUD SRGHVHUREWLGDQDVHFUHWDULDGH0HVWUDGRGD)$() ‡ 5DPRGH(FRQRPLDGH5HFXUVRV1DWXUDLV ‡ &DUWDHQGHUHoDGDDR'LUHFWRUGR&XUVRLQGLFDGRRUDPRHDPRWLYDomR ‡ 5DPRGH$JUR1HJRFLRV ‡ &HUWLÀFDGRGHKDELOLWDo}HVHGLSORPDGH/LFHQFLDWXUD TECNOLOGIA E UTILIZAÇÃO DE MADEIRA ‡ &HUWLÀFDGRGDVFDGHLUDVIHLWDV ‡ 8PDFDUWDGHUHFRPHQGDomRDFDGpPLFD REGIME DE LECCIONAMENTO 2VSURFHVVRVGHFDQGLGDWXUDGHYLGDPHQWHLQVWUXtGRVGHYHPGDUHQWUDGDGHaté 20 O leccionamento das aulas obedece o calendário académico da UEM. As aulas de- de Janeiro de 2015QRVHJXLQWHHQGHUHoR correm entre as 15 e as 19 horas a partir de Fevereiro de 2015. Dependendo das HVSHFLÀFLGDGHVGHFDGDFXUVRDVDXODVSRGHUmRGHFRUUHUQRSHUtRGRGHPDQKm1R Faculdade de Agronomia e Engenharia Florestal ~OWLPRWULPHVWUHGRSULPHLURDQRRVHVWXGDQWHVUHDOL]DPWUDEDOKRVGHFDPSRLQVH- &DPSXV8QLYHUVLWiULR0DSXWR ULGRQDGLVFLSOLQDGH6LPXODomRGH3URMHFWRV Tel: 21 – 492177/09 Fax: 21 – 492176 Extensão  ORGANIZAÇÃO DOS CURSOS 2VUHVXOWDGRVGDVFDQGLGDWXUDVVHUmRGLYXOJDGRVHPJaneiro de 2015. $GXUDomRGRVFXUVRVpGHGRLVDQRV2SULPHLURDQRGHVWLQDVHjFRPSRQHQWHOHFWL- 0DLVLQIRUPDo}HVSRGHUmRVHUREWLGDVQD6HFUHWDULDGR&XUVRGXUDQWHDVKRUDVQRU- YDHRVHJXQGRDQRpGHGLFDGRjHODERUDomRLQGLYLGXDOGRWUDEDOKRGHFXOPLQDomR PDLVGHH[SHGLHQWHRXDLQGDDWUDYpVGRHPDLO GLUIDHI#JPDLOFRP  do curso. 10 Savana 09-01-2015 SOCIEDADE

Muchanga e as peripécias da sua detenção e soltura

Por Raul Senda

ntónio Muchanga, convidaram-no a abandonar a sua apropriando dos meios públicos sido avisado para moderar seus nifestação na medida em que na porta-voz do presiden- viatura e acompanhá-los. andam a insultar partidos da opo- discursos e que a manifestação ti- realidade não houve manifestação te da Renamo, Afonso Muchanga diz que perguntou o sição é incitar a violência”, disse nha sido ilegal, Muchanga referiu mas sim marcha dos membros da Dhlakama, contou ao que se estava a passar e lhe res- Muchanga. que Alice Mabota pronunciou- A Renamo da sede nacional para a SAVANA que foi detido e solto ponderam que tinham ordens para Quanto aos depoimentos da sua -se naqueles moldes porque não sem mandado judicial, não foi in- prendê-lo. advogada, Alice Mabota, que terá queria desmentir a tese da ma- sede da cidade de Maputo. terrogado durante as mais de 10 Quis saber da ordem ou mandado horas de reclusão e nem foi infor- de busca mas foi em vão, na medi- mado das razões da detenção e da da em que os agentes informaram entidade que ordenou a prisão. que isso não era possível, pois es- tavam afectos à província de Ma- Para Muchanga, as informações puto e naquela situação cumpriam públicas prestadas, de forma en- apenas a solicitação do Comando ganosa, pelo porta-voz da Polícia da cidade de Maputo, que dizia da República de Moçambique que ele era um fugitivo das autori- (PRM) ao nível da cidade de Ma- dades e devia ser capturado. puto, Orlando Mudumane, sobre Diz que recusou sair da viatura e a sua detenção, foram forçadas por convidou os agentes para o carro. um grupo de membros do famige- Aceitaram. Porém, no meio do ca- rado grupo denominado G40 que minho exigiram que fossem eles a se viu sem argumentos para con- conduzir a viatura. trariar suas posições, usou o seu Conta Muchanga que depois o le- poder de manipulação de meios varam até à Quinta Esquadra da públicos para instrumentalizar a polícia na Machava onde funcio- justiça e a polícia para silenciá-lo. na a sede provincial da Polícia de Muchanga, que não apontou no- Investigação Criminal. No local mes dos supostos cabecilhas da foram informados que o assunto sua detenção, referiu que o porta- devia ser tratado junto do Tribu- -voz Mudumane mentiu ao públi- nal Judicial da cidade de Maputo. co ao transcrever os contornos que “Fomos até ao Tribunal da cidade. culminaram com a sua detenção. Lá também não sabiam do assun- Contudo, apesar das declarações to e daí fomos até ao Comando do porta-voz da PRM ao nível da da cidade. O comando da cida- cidade de Maputo serem graves, de também não tinha nenhuma informação e ordenou-nos que acaba entendendo porque foram fóssemos até à Oitava Esquadra contra a sua vontade. no recinto do Porto de Maputo”, “Mudumane foi mandado men- disse. tir. Eu entendo-o. Porém, deve ter Sublinhou que na Esquadra do cuidado porque ele é espelho da Porto foi recebido pelo oficial polícia”, disse. de permanência que o mandou Muchanga referiu que há uma aguardar na sua sala. Os agentes perseguição feroz à sua pessoa, ao que o prenderam foram embora. partido e ao seu presidente prota- Minutos depois o comandante gonizada pelos membros do G40 da Esquadra e seu adjunto saíram que, por sua vez, manipulam a im- sem falar com ele. Pouco depois prensa pública, a polícia e a justiça. foi ordenado a recolher à cela. Diz que não se sente intimidado e Cerca das 14 horas chegou na Es- na qualidade de porta-voz do par- quadra uma procuradora, que pelo tido vai responder tudo de acordo que tudo indica estava na tria- com a dimensão em que são pos- gem rotineira. A procuradora cuja tas as questões, porque não fala se- identidade Muchanga não con- gundo a sua vontade mas em obe- seguiu apurar colocou-lhe apenas diência às orientações do partido. duas perguntas. Falando dos contornos da sua pri- Uma sobre o local e a hora da de- são/soltura, António Muchanga tenção e outra sobre as circuns- referiu que tal como é habitual, tâncias que culminaram com a sua nesta terça-feira, 06, deixou a sua detenção. residência cerca das oito horas da Depois de ouvir a explicação de manhã para cumprir com as acti- Muchanga foi-se embora. A mes- vidades do quotidiano. ma procuradora regressou à Es- A poucos metros da residência es- quadra por volta das 18 horas e tavam estacionadas duas viaturas ordenou a sua soltura que se ma- estranhas. terializou cerca da 19 horas. Estranhou mas ignorou e conti- Muchanga diz que formalmente nuou com o percurso. Na sua via- não sabe do que é acusado, não tura vinha com o sobrinho. Pouco viu nenhum processo, na esquadra depois de passar as referidas viatu- não se abriu nenhum auto e não ras, estas também deixaram o local viu mandado de captura. em alta velocidade seguindo a sua Muchanga refere ainda que foi direcção. com muita tristeza que viu as Minutos depois da marcha, junta- mentiras do porta-voz do Coman- ram-se mais duas viaturas e todas do da Polícia na cidade de Mapu- seguiram o percurso de Muchan- to, Orlando Mudumane. ga até às bombas de combustível “Nunca estive nas celas do Co- de Matola-Rio, onde parou para mando da Cidade, não participei abastecer o seu veículo. nas manifestações, não estive na As quatro viaturas também pa- reunião realizada no último sá- raram nas bombas e de lá saíram bado na sede do partido porque quatro homens que cercaram a cheguei tarde. Não sei se respon- sua viatura. Identificaram-se e der a membros do G40 que se Savana 09-01-2015 11 PUBLICIDADE 12 Savana 09-01-2015 INTERNACIONAL

Director e cartoonistas entre os 12 mortos do ataque a jornal francês -Foi morto o director do semanário Charlie Hebdo e vários membros do grupo de fundadores na sede de Paris. Hollande fala em “acto de barbárie excepcional”.

elo menos 12 pessoas foram Antes de fugirem, os homens tro- jornalistas”, disse ainda Hollande. mortas durante um ataque caram tiros com alguns agentes “Vários atentados foram evitados” a tiros às instalações do jor- da polícia, matando um deles à nos últimos tempos, acrescentou Pnal satírico francês Charlie queima-roupa, segundo a France ainda o Presidente francês, sem en- Hebdo nesta quarta-feira em Pa- 24. Pouco depois, abandonaram o trar em mais pormenores. ris. Os autores do ataque estão em carro em que seguiam junto à Porta O nível de alerta de segurança Vi- fuga e está em curso uma operação de Pantin, um subúrbio no Nor- gipirate foi elevado para o escalão policial para detê-los. deste de Paris, onde atropelaram máximo de “atentado terrorista” um peão, e continuam em fuga, de para toda a região parisiense. Se- acordo com a polícia. Entre as vítimas estão o director da gundo apurou o jornal Le Figaro, publicação, Stephane Charbonnier, De acordo com um balanço feito junto de fontes policiais, todas as conhecido como Charb, e outros ao final do dia pelo procurador de redacções de órgãos de comunica- membros do grupo de fundadores, Paris, François Molins, entre as 12 ção em Paris estão a ter protecção Georges Wolinski e Jean Cabut, vítimas contam-se oito jornalistas, que assinava como Cabu, segundo dois agentes da polícia, um visitan- policial extra. fontes policiais citadas pela im- te da redacção e um funcionário da Os grupos empresariais Le Monde, Rádio France e France Télévision prensa local. Vários meios de co- A segurança nas ruas de Paris foi redobrada recepção do jornal. municação relatam igualmente a JOEL SAGET/AFP O ataque coincidiu com a publi- ofereceram as suas instalações e morte do economista Bernard Ma- também referiu terem sido três os algumas testemunhas. cação da nova edição do Charlie meios à redacção sobrevivente do ris, que colaborava com o jornal. A autores do ataque e não dois, como Os homens, com a cara coberta, en- Hebdo, que inclui um cartoon do Charlie Hebdo para que “o jornal morte de dois agentes da polícia foi chegou a ser avançado. O ministro traram no edifício, localizado numa director, Charb, que se revelou pre- continue a viver”, anunciaram em também confirmada pela procura- garantiu ainda a mobilização de rua do centro de Paris, quando de- monitório. “Ainda não houve aten- comunicado. doria da capital francesa. “todos os meios do Estado” para corria a reunião semanal da equi- tados em França. Esperem. Temos O primeiro-ministro, Manuel “Sinto-me muito mal. Mataram to- “neutralizar os três criminosos na pa do jornal, descreveu o jornalista até ao fim de Janeiro para os nossos Valls, afirmou que cada francês está dos os meus amigos. É um massa- origem deste acto bárbaro”. Benoit Bringer à rádio France Info. desejos [de Ano Novo].” “horrorizado” com o ataque e que “a cre assustador. Há que não permitir Perto das 11h30 (12h30 em Mo- “Alguns minutos depois, ouvimos França foi atingida no seu coração”. que se instale o silêncio”, afirmou çambique) três homens armados muitos tiros”, disse Bringer. Um acto de barbárie, diz A líder do partido de extrema- aos microfones da rádio France Hollande começaram a disparar no interior “Matámos o Charlie -direita Frente Nacional, Marine Inter Philippe Val, que durante da sede do jornal satírico Charlie O Presidente francês, François Hebdo” Le Pen, dirigiu a sua condenação muitos anos foi director do Charlie Hebdo, que em 2011 foi alvo de um Hollande, deslocou-se ao local do Um vídeo filmado por jornalis- na direcção do “fundamentalis- Hebdo. outro ataque. Segundo uma fonte ataque que qualificou como “um tas que fugiram para o telhado do Para além dos 12 mortos há ainda citada pela AFP, os homens esta- acto terrorista”, em declarações aos mo islâmico”. “Não se pode ter edifício, mostra dois atacantes com 20 feridos, dos quais quatro em si- vam “armados com uma kalachni- jornalistas. “Um acto de uma bar- medo de usar as palavras: trata-se capuzes, um deles dizendo: “Matá- tuação grave, revelou o ministro do kov e um lança rockets” e disparam bárie excepcional foi cometido hoje de um atentado terrorista cometi- mos o Charlie Hebdo. Vingámos o Interior, Bernard Cazeneuve, que perto de “50 tiros”, de acordo com (nesta quarta-feira) em Paris sobre do em nome do islamismo radical profeta Maomé”. (...) Coloquem as questões certas e dêem respostas francas e claras”, afirmou numa curta declaração. Terror em Paris

Charlie Hebdo é um atentado contra a liberdade de im- que, até ao fim de Janeiro, ainda jornal de humor, fran- prensa num país europeu desenvol- estão a tempo. Desenho premo- cês, com uma linha vido desde há muitas décadas. nitório... Oeditorial anarquista e O último trabalho de Charb, que Perante o horror de uma tal ac- provocadora. aqui publicamos, tinha como tema ção só nos resta enviar a nossa as ameaças do chamado Estado solidariedade ao Charlie Hebdo Denuncia tudo e todos com sá- Islâmico contra a França. Nele se e desejar que o sangue derra- tiras, por vezes violentas, contra pode ver um título dizendo que, até mado lhes dê mais força para a corrupção e todos os males da ao momento, ainda não tinha ha- continuarem a acossar a canalha sociedade. vido nenhum atentado em França. imunda que o merece. Jornal ateu não deixa de criticar Por baixo um jihadista comenta (Redacção Savana) os aspectos com que não concor- da em qualquer uma das prin- cipais religiões do mundo, no- meadamente a cristã, a islâmica e a judaica. Por isso já teve pro- blemas graves e sérias ameaças, nomeadamente de extremistas islâmicos. Na passada quarta-feira a sua redacção foi atacada por três ho- mens, armados com espingardas automáticas, que irromperam a meio de uma reunião de pre- paração do próximo número e mataram 10 dos colaboradores do jornal, entre os quais Charb (o Director), Cabu, Tignous e Wolinsky, todos eles nomes de primeira linha no humor gráfico europeu. Invocando Allah ma- taram ainda dois polícias que se aproximaram do local. Tratou-se, sem dúvida, do pior O último cartoon de Charb Director da publicação, Stephane Charbonnier, conhecido como Charb Savana 09-01-2015 13 PUBLICIDADE 14 Savana 09-01-2015 NO CENTRO DO FURACÃO Savana 09-01-2015 15 Angola, Pátria e Família Por Miguel Carvalho*

chefe de gabinete do secre- Sobre a ERIGO sabe-se pouco. Des- de Justiça, que é a violação contínua uma década. Em 2003, juntaram-se bros, Dias Loureiro (ex-ministro do tário de Estado das Finanças conhecem-se accionistas, actividades e e sistemática do segredo de Justiça”, ao português Hugo Pêgo, marido de PSD, ex-BPN) e Tito Mendonça, e os filhos do ministro Rui participações, com excepção da quota criticou o advogado da SLCM no Jor- Tchizé, e criaram a Di Oro - Socieda- CEO da ERIGO. Os dois, por coinci- OMachete e do Presidente an- maioritária na Masemba, que, no ano nal de Negócios, realçando: “Se entre de de Negócios Limitada. A firma nas- dência, estão juntos em negócios desde golano José Eduardo dos Santos estão passado, comprou as publicações Re- as vítimas de violação do segredo de ceu ligada a eventos de moda e alta- Março: são administradores da Lago- ligados à mesma empresa, a ERIGO, vista de Vinhos, Lux e Lux Woman Justiça estão cidadãos de outros países, -costura. Mas dedicou-se à exploração on, SGPS. A empresa tem a mesma uma sociedade de capital de risco. à PRISA. O sítio da ERIGO na in- obviamente que a questão assume uma de diamantes, depois de um decreto do morada da ERIGO e também é gerida Esta é a história do dia em que o PSD ternet diz-nos ao que vem: “A recen- sensibilidade agravadíssima.” Presidente angolano autorizar uma li- pelo filho do general angolano Carlos meteu Angola no Governo. te crise financeira internacional criou A entrevista foi publicada a 6 de cença de prospecção na Lunda-Norte Hendrick da Silva, militar denunciado oportunidades únicas de investimento Novembro do ano passado. No dia a um consórcio que incluía a empresa à Procuradoria-Geral da República de Há um “Cavalo de Troia” angolano no para a tomada de posição de capital em seguinte, começava em Luanda a II dos filhos. Em 2010, a licença foi pro- Portugal pelo activista de direitos hu- Governo. Mas, ao contrário do outro, empresas europeias e americanas que Conferência Internacional sobre Ar- longada por dois anos. manos Rafael Marques, a pretexto do este parece agradar a gregos e troianos. detenham know-how e provas dadas bitragem, organizada pela SLCM em Paulino e Tchizé foram ainda accionis- seu livro Diamantes de Sangue (Tinta Menos épica, a odisseia vai de Lisboa no mercado.” parceria com a MGA, um dos mais tas do Banco de Negócios Internacio- da China). O fundador do site Maka a Luanda. Cruza governantes, famílias Na sede da empresa, em Lisboa, a se- importantes escritórios da ex-colónia, nais (BNI), entidade que iniciou acti- Angola acusa-o de cumplicidade com e jovens-prodígio, hoje trintões, cris- cretária não se quis identificar nem propriedade de Manuel Gonçalves, vidade em Portugal e opera em Angola torturas e assassínios na região dia- mados nos ensinamentos financeiros e forneceu o prometido endereço de antigo bastonário da Ordem dos Ad- no segmento das grandes empresas e mantífera da Lunda, conforme adian- empresariais do Opus Dei. email para o envio das perguntas da vogados angolanos. As duas socieda- particulares de elevado rendimento. tou a VISÃO, no ano passado. Para começar, uma data: 12 de Mar- VISÃO. Depois do primeiro contacto, des têm, desde 2012, uma “parceria Em 2006 terão usado o endereço do Como já se percebeu, vários caminhos ço de 2014. Foi neste dia que Manuel não mais atendeu o telefone. estratégica” para aproveitar o fluxo palácio presidencial como residência se cruzam com a ERIGO e os seus ad- Luís Rodrigues, 34 anos, secretário de económico entre os dois países. “An- para criar a Semba Comunicação. O ministradores, aqui e além-mar. Estado das Finanças, oficializou a con- ERIGO: poder na sombra gola está num processo de internacio- caso foi noticiado por Rafael Marques Em Portugal, a empresa é dona da Ma- tratação, para o seu gabinete, de Rodri- A ERIGO, como já se viu, “chegou” ao nalização. Nós também queremos ser do Maka Angola, e outros órgãos de semba, que actua nas áreas da edição, go Balancho de Jesus, 36 anos, director Governo de Portugal através da ida do parceiros dessa internacionalização, informação, nomeadamente o Pú- comunicação e marketing. O gerente de investimento da ERIGO, sociedade seu director de investimento para a Se- porque Portugal tem muito a benefi- blico. Logo nesse ano, a empresa dos é Renato Freitas, antigo coordenador filhos de José Eduardo dos Santos de capital de risco ligada à família do cretaria de Estado das Finanças. Mas ciar com os investimentos angolanos”, dos repórteres de imagem da SIC. Os lançou uma campanha internacional Presidente José Eduardo dos Santos e para percebermos a nomeação políti- resumiu o patrão de Miguel Machete. sócios são Tito Mendonça, Sérgio Va- na CNN, sob os auspícios da Agên- a ilustres angolanos. A 9 de Setembro ca, talvez seja melhor conhecer quem Os gestores da ERIGO decerto subs- lentim Neto, a produtora Até ao Fim cia Nacional de Investimento Privado, seguinte, Rodrigo passou de adjunto a o recrutou. E aquilo que os liga. Até creveriam: “O objectivo de criar uma do Mundo (detida por ex-jornalistas presidida pela mãe de ambos, Maria chefe de gabinete do governante. se tornar a “sombra” do ministro Vítor Sociedade de Capital de Risco é ala- do canal de Carnaxide) e a Semba Co- Luísa Abrantes. Manuel Luís Rodrigues tutela, entre Gaspar e, mais tarde, de Maria Luís vancar a presença deste grupo tanto municação, na sua versão portuguesa. Em 2012, a Semba arrecadou 31 mi- outros, o sector empresarial do Esta- Albuquerque, Manuel Luís Rodrigues em Angola como na Europa, atraindo Nesta, juntam-se Paulino dos Santos, lhões de euros do erário público para do e o dossier das privatizações, com- foi vice-presidente do PSD, escolha investidores privados e institucionais filho do Presidente de Angola, Tito campanhas milionárias de promoção petências delegadas pela ministra das pessoal de Passos Coelho. Nessa qua- que procurem oportunidades de inves- Mendonça, Sérgio Valentim Neto e do País no estrangeiro e gestão de dois Finanças. Por inerência de funções, lidade, integrou a equipa de Eduardo timento no mercado internacional”, Renato Freitas. canais da Televisão Pública de Angola o chefe de gabinete tem acesso à in- Catroga que negociou o Orçamento lê-se no site. (TPA). No último ano, as transferên- Resumindo: a ERIGO, a mais recen- formação reservada. Contratado “em do Estado de 2011. cias rondaram os 87 milhões de euros, te aventura empresarial de familiares regime de cedência de interesse públi- Agora chamam-lhe “Sr. Privatizações”. Tudo em família? canalizados através do gabinete de e figuras próximas da casta dirigente co”, Rodrigo Balancho de Jesus poderá Deve o “carimbo” ao facto de ter entre Já vimos que a ERIGO junta figuras propaganda e comunicação institucio- angolana, cruza-se com dois governos, regressar à ERIGO findas as funções mãos os dossiers sensíveis relacionados próximas de Eduardo dos Santos. Re- nal do Governo angolano, sob tutela um par de famílias, várias sociedades no Governo. com a alienação de património empre- gistámos que inclui nos órgãos sociais da Presidência da República. Sérgio e empresas, entre Lisboa e Luanda. Constituída em Fevereiro de 2012 sarial do Estado, que desperta apetites Miguel Machete, José Paulino Dos Santos e Rodrigo Balancho de Jesus o filho de um ministro português que Valentim Neto, sócio e director exe- Neste quadro, o recrutamento, pelo com um capital social de 250 mil eu- privados no País e no estrangeiro. O O pelouro de Manuel Luís Rodrigues comum o curso de engenharia, no Ins- portuguesas é indisfarçável. Mas nem Estrangeiros. A oposição pediu a demissão do go- mantém uma relação de paninhos cutivo da Semba e administrador da Governo português, do director da ros, a empresa tem como administra- governante é produto do ensino de eli- no Governo tem sido, de resto, porto tituto Superior Técnico. por isso as relações da família “dos No ano passado, o governante, his- vernante. O PSD contorceu-se, mas quentes com Angola. Explicámos ERIGO, já foi coordenador daquele empresa com ligações ao Presidente dor José Paulino dos Santos, filho do te do Opus Dei: tem um MBA pela seguro para antigos colegas das insti- Fixemo-nos, então, na ERIGO, onde Santos” com outros sectores nacionais tórico do PSD, foi criticado por pe- o primeiro-ministro segurou-o, resu- como o director de investimento da gabinete. angolano, até parece um pormenor. Presidente angolano e de Maria Luísa IESE Business School de Navarra tuições de ensino e formação empre- Rodrigo ocupou o cargo de director de foram afectadas. Pelo contrário, como dir “diplomaticamente desculpas” a mindo tudo a uma “expressão menos empresa entrou no Governo. Tanto Antes de irmos a outros links do poder Abrantes, sua segunda mulher. A líder (Espanha), a escola de administração e sarial do Opus Dei, sempre nomeados investimento, desde a fundação da em- se vai ler. Angola, em nome de Portugal, por feliz”. quanto possível, sabemos o que quer a da família “dos Santos” em Portugal da Agência Nacional para o Inves- direcção de empresas da instituição da presa, até chegar ao Governo pela mão causa das investigações em curso na Justino Pinto de Andrade, respeitado ERIGO. Para onde vai e com quem. vale a pena determo-nos um pouco em A reacção de Rui Machete timento Privado (ANIP) é também Igreja Católica, baptizada de “maçona- por ele. do colega da Associação de Antigos Procuradoria, envolvendo cidadãos académico angolano, criticou a “sub- Mas saberemos tudo sobre as suas ra- Maria Luísa Abrantes, mãe de Tchi- O Ministro de Estado e dos Negócios a mãe de Tito Mendonça, CEO da ria branca” pelos críticos. Foi professor Pouco mais velho do que o secretário Alunos da IESE. Portugal, Angola & Filhos angolanos da órbita do poder. “Não há serviência” do País aos interesses de mificações? zé e Paulino, filhos da relação com o Estrangeiros “desconhece a existência ERIGO, nascido de outra relação. Na da AESE - Escola de Direcção e Ne- de Estado, Rodrigo Balancho de Jesus Já sabemos que Paulino dos Santos e A Rua General Firmino Miguel, em nada substancialmente digno de rele- Luanda. “As autoridades angolanas O dia é 6 de Setembro de 2002. Em Presidente angolano nas décadas de ou o objecto” da ERIGO. “As activi- administração da sociedade está igual- gócios, liderada por membros do Opus também é da fornada MBA da IESE Tito Mendonça, rostos visíveis da em- Lisboa, é morada comum de várias vo e que permita entender que alguma não respeitam quem se põe de joe- Luanda, Walter Rodrigues, jurista ale- 70/80. dades profissionais do dr. Miguel Pena mente Sérgio Valentim Neto, outro in- Dei e obra cooperativa da prelatura, a espanhola, a escola que se vangloria de presa, são irmãos. A mãe é a mesma, empresas e sociedades. No piso 9.º, coisa estaria mal, para além do preen- lhos”, afirmou. No relacionamento gadamente próximo do Presidente an- Com passagens pelo Governo no cur- Machete apenas a este dizem respei- contornável de Luanda, com passagem partir da qual dirigiu a Naves, socieda- levar “a dimensão ética e humana aos só o pai difere. O primeiro é conhe- do número 3 da torre 2, fica a sede da chimento dos formulários e de coisas com Angola, escreveu o eurodeputado golano, sócio e representante legal de rículo, sobretudo na área do investi- to”, referiu Rui Machete através de pelo Governo. de de capital de risco. negócios”. Além disto, ambos têm em cido na cena artística por Coréon Dú, ERIGO. Um andar acima é o escritó- burocráticas”, resumiu Rui Machete à do PS Francisco Assis, Portugal não Tchizé dos Santos em negócios, regis- mento estrangeiro, Milucha, para os um curto esclarecimento enviado à cantor multifacetado que navega entre rio de advogados da Serra Lopes, Cor- Rádio Nacional de Angola, tentando precisa “dos que estão dispostos a con- tou a ZE Designs Importação e Ex- íntimos, fez parte da sua formação uni- VISÃO. Miguel Machete, advogado o kuduro e melodias pop cantadas em tes Martins (SLCM), do qual Paula pôr água na fervura. trabandear valores de sempre por inte- portação, Lda. na qualidade de “man- versitária em Lisboa (na Clássica e na da Serra Lopes, Cortes Martins & castelhano. Tito é consultor externo Teixeira da Cruz, ministra da Justiça, O ministro falara como se, em Portu- resses momentâneos”. A PGR angola- datário de José Eduardo dos Santos”, Lusíada) e é presidente do Conselho Associados, não respondeu aos nossos do Banco de Desenvolvimento de An- foi sócia. A sociedade é um peso-pesa- gal, não houvesse separação de pode- na retaliou, anunciando investigações na ocasião “representante legal do seu Fiscal do Banco Caixa Geral Totta de emails. gola. Maria Luísa Abrantes, uma das do dos escritórios de advocacia. Asses- res. Dura, a reacção da procuradora- a portugueses suspeitos de branquea- filho menor, José Eduardo Paulino dos Angola, detido maioritariamente pela Também o secretário de Estado das mulheres mais influentes do país, teve sorou a empresa estatal chinesa Three -geral da República Joana Marques mento de capitais. Santos”. Caixa Geral de Depósitos. Através da Finanças, Manuel Luís Rodrigues, outra filha da relação com o Presidente Gorges na privatização da EDP e a Vidal lembrou-lhe isso mesmo. E Cavaco, Durão Barroso e Passos Co- Começava assim, com a bênção pater- ANIP, que representou em Washing- questionado por escrito sobre a esco- angolano, de seu nome Welwitschea Controlinveste, de Joaquim Oliveira, também, já agora, que as investigações elho entraram, então, em campo para na, a carreira empresarial do actual ad- ton e da qual é presidente, priva com lha do seu chefe de gabinete, a ERI- dos Santos (Tchizé). nas negociações com o angolano An- continuavam. “serenar os ânimos”. A PGR arquivou ministrador da ERIGO. Paulino dos líderes mundiais. Foi o caso, em 2013, GO e as nomeações de antigos colegas Sócia do irmão Paulino dos Santos tónio Mosquito para a venda do grupo. Às explicações sucederam contradi- alguns dos casos relativos a figuras an- Santos tinha 17 anos. de uma conferência do Centro de Re- da IESE Business School para o ga- em vários projectos, a empresária da Na torre, há uma pessoa com acesso ções. À rádio angolana, Machete afir- golanas, a congénere de Luanda fez o Enquanto a irmã Isabel dos Santos, lações Transatlânticas, da Johns Ho- binete, optou pelo silêncio. A ERIGO consultora Westside Investments e aos dois pisos: Miguel Nuno Ferreira mou que a PGR lhe assegurara não mesmo com os portugueses, o clima bilionária, despertou para a vida em- pkins University, dos EUA, promovida também não respondeu. Por telefone, da Semba Comunicação em Angola, Pena Chancerelle de Machete. Sócio haver nada de grave nas investigações. desanuviou e Machete declarou-se presarial aos 6 anos, a vender ovos, pela ANIP e a ERIGO, em Luanda, email e via redes sociais, em Portugal é uma das personalidades? sob inves- da firma de advogados, é também pre- Quando a polémica estalou, garantiu magoado com alegadas tentativas de segundo revelou ao Financial Times, com o apoio institucional do Presidên- e Angola, a VISÃO tentou falar com tigação da Procuradoria-Geral da Re- sidente da mesa da assembleia-geral nada ter perguntado. Quisera apenas “assassínio político”. “Não acerta uma”, Paulino terá sentido o chamamento cia da República. Estiveram presentes o CEO, Tito Mendonça, ou outro res- pública. Suspeitas sobre as suas tran- da empresa ligada à família de José tranquilizar o regime angolano e evi- criticou Marques Mendes, ex-líder do mais tarde. Ainda assim, mais cedo antigos e actuais governantes de todo o ponsável da empresa, sem sucesso. Os sações financeiras foram denunciadas Eduardo dos Santos. O advogado faz tar danos maiores nas relações com PSD, no seu comentário televisivo na do que o irmão José Filomeno (Zenú), mundo, entre os quais José Maria Az- contactos com o Banco de Desenvol- ao Ministério Público português pelo parte dos órgãos sociais da ERIGO Luanda, justificou. O Jornal de Ango- SIC. que criou um banco aos 30 anos, gere nar (ex-chefe do Governo espanhol) e vimento de Angola, onde é consultor antigo embaixador angolano Adria- desde a fundação, mas não é figura de la, diário oficial do Governo, saiu em Na altura, uma reacção à polémica os 4 mil milhões de euros do Fundo Miguel Relvas (ex-ministro do Gover- externo, foram infrutíferos. Na sede da no Parreira. Tchizé não foi, até agora, noticiários, nem dá nas vistas pelas ac- defesa do ministro, criticando “as elites passou despercebida. Surgiu de Luís Soberano de Angola e é, segundo os no PSD/CDS). sociedade em Lisboa, após um primei- constituída arguida, e ameaçou proces- tividades profissionais. Administrador corruptas de Lisboa”. Cortes Martins, sócio e líder do escri- analistas, o favorito para suceder ao Promovida pela referida instituição ro contacto, nunca mais os telefone- sar o ex-diplomata por difamação. O da Benfica Multimédia, fala cinco lín- Comentadores, diplomatas e empre- tório de advocacia onde trabalha Mi- pai, na presidência. norte-americana, a denominada Ini- mas da VISÃO foram atendidos. -RVp(GXDUGR3DXOLQR'RV6DQWRV ÀOKRGRSUHVLGHQWHDQJRODQR -RVp(GXDUGRGRV6DQWRV SUHVLGHQWHGH$QJROD H$QD3DXODGRV mal-estar angolano com as averigua- guas e o apelido diz o resto: é filho de sários falaram de relações bilaterais guel Machete. “Na base de tudo isto Os manos Paulino e Tchizé andam de ciativa de Cooperação para a Bacia do 6DQWRV 3ULPHLUD'DPDGH$QJROD ções em curso nas instituições judiciais Rui Machete, ministro dos Negócios “beliscadas” por causa da polémica. está uma patologia do nosso sistema mãos dadas, nos negócios, há mais de Atlântico inclui, entre os seus mem- *Revista VISÃO 16 PUBLICIDADE Savana 09-01-2015 Savana 09-01-2015 INTERNACIONAL 17 Suécia em crise Por Carl Bildt

epois de décadas de obser- carada como um desastre. Actual- não irá fechar as suas portas. Mas a fazer-se sentir problemas de or- Alemanha é algo que nunca foi tes- vância de normas e de mo- mente, o apoio popular aos social- outros países europeus terão de dem estrutural. O nosso aclamado tado na Suécia; e a experiência da delos mais ou menos está- -democratas ronda os 30% e nas aceitar uma parte maior deste en- Estado-Providência terá um grave Áustria sugere que poderiam ser os veis e previsíveis, a política duas últimas eleições os resultados cargo e as autoridades terão de fa- problema com o envelhecimento da extremistas a sair beneficiados. Mas D poderá ser necessária uma atmosfe- na Suécia entrou em terreno desco- do partido foram os piores dos últi- zer mais para facilitar a integração. população. A este respeito, a imi- ra de maior cooperação – e, nesse nhecido nas semanas mais recentes. mos 100 anos. Muito em particular, há que man- gração é mais uma parte da solução caso, a questão decisiva será se os Muitos estão chocados com o facto A outra tendência é a ascensão do ter o ritmo da criação de empregos do que parte do problema. social-democratas serão capazes de de o governo ter caído e ter tido populista SD. Até 2010, a Suécia alcançado nos últimos anos. Apesar Não há garantia de que as eleições se distanciar dos seus aliados mais de convocar novas eleições apenas parecia imune à ascensão dos parti- de todo o seu sucesso económico de Março vão solucionar a crise po- à esquerda. dos de extrema direita, como acon- dois meses depois de ter entrado nas últimas duas décadas, não ape- lítica da Suécia, especialmente se o Carl Bildt foi primeiro-ministro e em funções. Afinal de contas, a Su- teceu na Dinamarca, Noruega e nas desde a crise de 2008, a indús- SD tiver de novo bons resultados. ministro dos Negócios Estrangeiros da écia tem sido uma referência rara Finlândia. No entanto, desde então tria está a perder força e começam Uma grande coligação ao estilo da Suécia de sucesso na Europa desde a crise o SD tem mudado fundamental- financeira global de 2008. Então o mente a paisagem política do país. que é que aconteceu? O sentimento anti-imigrantes ex- A causa imediata da desintegração plica em parte essa situação, apesar de a opinião pública sueca se ter do governo foi o voto do Parlamen- tornado mais favorável à imigração to contra a proposta de Orçamento desde inícios da década de 1990. da coligação de centro-esquerda, Para alguns, a imigração tornou- e a favor da proposta de Orça- -se um símbolo de uma sociedade mento apresentada pelos partidos à deriva. Para outros, o número de da Aliança de centro-direita, que imigrantes nos últimos anos tem formaram o anterior governo. Ao sido simplesmente demasiado ele- não conseguir fazer aprovar o seu vado. primeiro Orçamento – devido à Com efeito, os números são efec- abrupta decisão dos Democratas tivamente elevados – não em com- Suecos (SD) da extrema-direita de paração com um país como a Tur- apoiarem a Aliança alternativa – o quia, mas certamente em relação a governo não poderia, muito sim- outros países europeus. A Suécia e plesmente, continuar como se nada a Alemanha recebem, de longe, os tivesse acontecido. maiores fluxos de imigrantes – e a O pano de fundo deste episódio re- Alemanha tem quase 10 vezes o ta- monta às eleições de Setembro, em manho da Suécia. que a Aliança composta por quatro A nossa tradição de abertura aos partidos foi vencida após oito anos refugiados não é de agora. Vieram no poder (durante os quais fui mi- muitas pessoas dos países bálticos nistro dos Negócios Estrangeiros). na década de 1940, da Hungria em O governo da Aliança foi ampla- 1956, do Chile após o golpe militar mente considerado bem sucedido, de 1973 e do Irão após a revolução mas oito anos é muito tempo em de 1979. Durante décadas, a indús- política. tria sueca dependeu dos trabalha- É justo. No entanto, apesar da der- dores imigrados. rota inquestionável da Aliança, o Durante a Guerra da Bósnia nos Partido Social Democrata Sueco anos de 1990, a Suécia abriu as suas – o principal da oposição – e os portas a cerca de 100.000 pessoas – seus aliados da esquerda não saí- um desafio em qualquer altura, mas ram vitoriosos. Com efeito, os três ainda mais durante um período partidos da esquerda no Parlamen- de profunda crise económica. Mas to obtiveram uma percentagem do correu bem: os imigrantes bósnios voto popular apenas ligeiramente deram-se praticamente tão bem superior à alcançada nas eleições de quanto os suecos que os receberam 2010. O grande vencedor foi o po- e enriqueceram a nossa sociedade. pulista SD, que viu a sua percenta- Neste novo século, têm chegado gem de votos duplicar para mais de cada vez mais refugiados do Mé- 13%. E como nenhum outro parti- dio Oriente e do Corno de Áfri- do estava preparado para cooperar ca. Actualmente, 1% da população com o SD, a única alternativa viável sueca provém do Irão e quase 2% foi um governo minoritário. do Iraque. De facto, após a guerra É evidente que a coligação Social no Iraque, a pequena cidade sueca Democrata-Verdes, com o apoio de de Södertälje acolheu mais refugia- apenas 38% dos deputados, estava dos iraquianos do que os Estados destinada a exercer um poder in- Unidos. certo. Mas poderia ter funcionado Tendo em conta estes números, a se o governo não tivesse virado ra- imigração na Suécia correu melhor pidamente à esquerda, delineando do que o esperado. Mas há proble- um Orçamento e outro acordo com mas. O rigor dos sistemas e a per- o ex-comunista Partido de Esquer- sistência das estruturas do mercado da. Essa estratégia traçou o destino laboral sueco entravam a integração do governo, se bem que o fim tenha em comparação com muitos outros chegado mais cedo e mais drastica- países. E agora o número de imi- mente do que o esperado. grantes está de novo a aumentar, Mas a actual desordem política da reflectindo os tumultos crónicos no Suécia tem também raízes nalgu- Médio Oriente e noutras regiões do mas mudanças a mais longo pra- globo, bem como a vizinhança cada zo, que em certa medida reflectem vez mais turbulenta e ameaçadora tendências europeias mais amplas. da Europa – em grande medida de- Uma é o declínio estrutural dos vido ao revisionismo e à filosofia de outrora dominantes social-demo- expansão militar da Rússia. cratas. Durante décadas, qualquer A Suécia, que é já uma super-po- eleição em que o partido obtivesse tência em termos da ajuda que dá menos de 45% dos votos era en- às regiões em conflito, certamente 18 OPINIÃO Savana 09-01-2015

EDITORIAL Cartoon Os limites do boicote da Renamo

m política, não basta que um determinado actor deseje que as suas vontades prevaleçam. É preciso estar na posse dos Emeios que permitem que esse desejo se concretize. É a situação em que se encontra a Renamo, neste momento em que se deve decidir sobre se aceita a investidura dos seus deputa- dos provinciais e na Assembleia da República. A Renamo não aceita os resultados das eleições gerais de Outubro último, citando uma série de irregularidades que considera que terão contaminado todo o processo. Num processo em que tudo se tentou fazer para que a transparên- cia prevalecesse, mas que no fim também tudo aconteceu para que a transparência saísse a perder, não será fácil tirar uma conclusão definitiva sobre as alegações da Renamo, neste caso acompanhada dos protestos do seu irmão mais novo, o Movimento Democrático de Moçambique (MDM). É que um processo eleitoral que começa, em vésperas de votação, com incidentes altamente suspeitos de roubo de material eleitoral “Acredito que o CC poderia ter a caminho do seu destino, nunca deve merecer credibilidade em qualquer parte do mundo. Mas incidentes graves como esses, apesar de serem sintomáticos feito um melhor trabalho”* de um processo possivelmente viciado já desde o princípio, não é tudo o que é necessário para invalidar as eleições, se o órgão máxi- mo de validação das eleições entender, no seu melhor juízo, tratar- Por Tomás Timbane** -se de matéria desprezível. Há poucas oportunidades de sucesso quando se joga num campo inclinado, em que a bola rola apenas STADO DE DIREITO: O que, a final, veio a ser tomada, sobre- provinciais e dos deputados da As- ano de 2015 já começou e, tudo pelas reiteradas irregularidades sembleia da República. Se a Renamo numa única direcção. como era de esperar, de for- que tem sido causadas em todos os é democrática e o seu líder pai da de- Mesmo considerando-se dentro da razão, a Renamo não tem ou- ma frenética. O CC já decidiu processos eleitorais. Mas, como sem- mocracia, deveria saber que é no pal- tra alternativa se não conformar-se com a decisão irrecorrível do E quem deve liderar o país nos próxi- pre, uma decisão de um tribunal, co das instituições republicanas que Conselho Constitucional. É de lei, mesmo que nem sempre a lei mos cinco anos. Concordando ou sobretudo quando é irrecorrível, é deve defender as suas posições. Para seja sinónimo de justiça. não com os resultados, qualquer mo- de cumprimento obrigatório. Todos além disso, as (intermináveis) nego- Tal como o fez no seguimento das eleições de 2009, desta vez a çambicano tem o dever de aceitar os temos a obrigação de cumprirmos ciações no Centro Joaquim Chissano Renamo optou também por boicotar a Assembleia da República resultados, mesmo que não concorde. com o acórdão do CC. Veja-se, por podem também ajudar a defender as e as várias Assembleias Provinciais, incluindo aquelas em que ela As regras de um Estado de Direito exemplo, a detenção nesta terça-feira suas posições. Uma atitude de con- tem a maioria. impõe o primado da lei, pelo que do Conselheiro do Estado António fronto, de incumprimento reiterado Mas sem ser acompanhada de outras medidas complementares qualquer discordância deve ter como Muchanga que, por ser ilegal - e da lei, não pode sustentar uma luta que obriguem a outra parte a aceitar as suas reivindicações, a efi- alicerce a lei para fazer valer eventuais nem era preciso conhecer o processo política, muito menos contribui para cácia desta acção da Renamo é limitada naquilo que podem ser as direitos violados. Acredito que o CC para o perceber, pois ele ainda goza a paz. Tomando posse, a Renamo suas consequências materiais. poderia ter feito um melhor trabalho, de imunidade - para sustentar, ainda criaria as condições necessárias para Ou seja, a Renamo pode embaraçar o governo se com a ausência com base nos elementos de que dis- mais, o primado da lei. Infelizmente, discutir, nos locais adequados, as suas dos seus deputados provinciais impedir que se realizem as sessões punha, do mesmo modo que esperava neste caso, a culpa vai morrer solteira, posições, ao invés de se aproveitar electivas nas províncias onde possui a maioria, mas não irá con- uma atitude mais firme dos partidos mas quem tomou aquela decisão me- do desconhecimento que as pessoas seguir paralisar o governo que estará em funções logo que o novo da oposição na formulação das suas rece ser responsabilizado pelos graves têm da lei. Aproveitando a sua im- Presidente estiver investido a partir da próxima semana. reclamações junto dos órgãos elei- transtornos que causou ao país com portância no país, a Renamo deveria torais. Tenho defendido que há uma decisões irreflectidas como aquela. ser o catalisador do Estado de Di- De igual modo, estando em minoria, e com um défice de 37 as- grave dificuldade em sustentar do Mas sendo Moçambique um Esta- reito, promovendo nas comunidades sentos para se constituir em maioria, a Renamo não conseguirá ponto de vista jurídico as reclama- do de Direito, só com recurso à lei se uma cultura de cumprimento da lei impedir que a Assembleia da República assuma as suas funções e ções junto dos órgãos eleitorais. Uma poderia obter a soltura do Conselhei- e fortalecendo a democracia no país, eleja os seus corpos de direcção. das razões - a que me parece mais ro António Muchanga. Do mesmo a mesma que o seu líder se diz pai, Por uma questão de realismo político, a Renamo deve entender razoável - é o deficiente domínio da modo, se a manifestação de sábado mesmo discordando dos resultados, que tem tudo a perder e nada a ganhar com o seu boicote. Tendo legislação eleitoral e o pouco recurso foi ilegal, os seus autores devem ser mesmo discordando da validação fei- perdido a batalha pela justiça eleitoral, ela deve ser presidida pelo a juristas de elevada capacidade para responsabilizados, mas não pode a ta pelo CC. Fa-lo-ia como uma ins- espírito de que o próximo campo de batalha localiza-se precisa- articular as suas reclamações. Isso Polícia tentar enganar a opinião pú- tituição nacional preocupada com o mente nestes órgãos em que não sendo a maioria, tem uma respei- significa um desprezo pela lei, pois blica para cumprir com o seu papel. fortalecimento do Estado de Direito. tável representação que a coloca numa posição privilegiada para acredita-se que uma qualquer recla- No momento da manifestação, se ela Espero, da PGR, uma atitude firme fazer política e continuar com a sua luta. mação, seja com que argumentos for, era ilegal, a primeira medida deveria contra o responsável da detenção do De acordo com os resultados oficiais, mais de 1,8 milhões de mo- vai prevalecer. Quando leio o acór- ter sido impedi-la de prosseguir e no- Conselheiro Muchanga. Só assim çambicanos votaram no líder da Renamo, Afonso Dhlakama, e dão do CC, bem assim o voto ven- tificar os seus líderes para se apresen- podemos almejar a um Estado de quase 1,5 milhões elegeram os 89 deputados deste partido na As- cido aí inserido, vejo que a cultura de tarem, na segunda-feira seguinte, na Direito. sembleia da República e 294 outros para as Assembleias Provin- passar por cima da lei atinge órgãos esquadra, para dar início a um pro- ciais. São números significativos que não deixam dúvidas sobre o insuspeitos como o próprio CC que cesso crime por manifestação ilegal. *Título da responsabilidade do SAVA- quão politicamente dividida se encontra a nossa sociedade. passou por cima das irregularidades Mas mesmo a nossa polícia tem um NA A Renamo não pode defraudar as expectativas de todos esses elei- detectadas e não fez um exame crí- grande défice de cumprimento da lei, **Bastonário da Ordem dos Advogados tico e claro ao que constatou. Para o que é inadmissível. Tudo isso vem de Moçambique. Texto retirado da sua tores que nela depositaram a sua confiança. quem lê o acórdão, percebe que falta a propósito da agendada tomada de página de Facebook sob autorização do

alguma coisa para sustentar a decisão posse dos membros das assembleias autor

KOk NAM Editor Executivo: Serra, Ivone Soares, Luis Guevane, Miguel Bila Director Emérito Franscisco Carmona João Mosca, Paulo Mubalo (Desporto). (824576190 / 840135281) ([email protected]) Colaboradores: ([email protected]) Conselho de Administração: André Catueira (Manica) (incluindo via e-mail e PDF) Fernando B. de Lima (presidente) Aunício Silva (Nampula) Redacção: Fax: +258 21302402 (Redacção) e Naita Ussene Eugénio Arão (Inhambane) Fernando Manuel, Raúl Senda, Abdul António Munaíta (Zambézia) 82 3051790 (Publicidade/Directo) Direcção, Redacção e Administração: Sulemane e Argunaldo Nhampossa Maquetização: Delegação da Beira AV. Amílcar Cabral nr.1049 cp 73 )RWRJUDÀD Auscêncio Machavane e Prédio Aruanga, nº 32 – 1º andar, A Telefones: Naita Ussene (editor) Hermenegildo Timana. Telefone: (+258) 825 847050821 (+258)21301737,823171100, Revisão e Ilec Vilanculos Gervásio Nhalicale [email protected] Registado sob número 007/RRA/DNI/93 Propriedade da 843171100 Colaboradoes Permanentes: Publicidade: Benvinda Tamele Redacção NUIT: 400109001 Editor: Marcelo Mosse (marcelo.mosse@ (823282870) [email protected] Fernando Gonçalves mediacoop.co.mz), Machado da Graça, ([email protected]) Administração Maputo-República de Moçambique [email protected] Fernando Lima, António Cabrita, Carlos Distribuição: www.savana.co.mz Savana 09-01-2015 OPINIÃO 19 A renovada promessa da Abenomics Por Koichi Hamada*

Partido Liberal Democrata o iene desvalorizou em cerca de um bre o consumo foi necessário para para a área da cidade de Tóquio, fo- empresas a investirem as suas vastas japonês alcançou uma vi- terço contra o dólar norte-america- mantê-las em voo. Infelizmente, o ram reduzidos. Esta não é uma fór- reservas de liquidez em actividades tória decisiva nas eleições no, de acerca de 80 ienes para quase aumento foi demasiado grande para mula para o sucesso económico no mais produtivas. Oparlamentares de 14 de De- 120 ienes por dólar, revigorando as mantê-las no ar. longo prazo. Agora que o Governo de Abe tem zembro, com os eleitores japoneses indústrias exportadores japonesas. As boas notícias são que o impacto Além disso, o Governo japonês deve um renovado mandato concedido a demonstrarem o seu estrondoso Ainda mais encorajadores são os de- do aumento do imposto é tempo- forçar a conclusão das negociações pelos eleitores japoneses, deverá res- apoio à agenda de medidas macro- senvolvimentos no mercado laboral rário. Em breve, começará a desa- para a Parceria Trans-Pacífico (TPP, ponder às suas promessas – e isso económicas do primeiro-ministro que, ao contrário dos registados nos parecer e a produção industrial irá na sigla anglo-saxónica), que actual- significa uma implementação decisi- Shinzo Abe. Embora o número de mercados bolsistas, reflectem resul- atingir a capacidade total. Quando mente está a ser discutida entre 12 va e abrangente de reformas estrutu- votantes tenha sido relativamen- tados e não expectativas. Também a procura começa a exceder a ofer- países, desde o México aos EUA, rais. Naturalmente, requererá alguns te baixo, em grande parte devido à neste caso as expectativas são boas. ta, as políticas de estímulo à procura passando pelo Vietname. A TPP sacrifícios. De facto, as famílias já natureza algo técnica dos assuntos, O mercado laboral tem fortalecido, tornar-se-ão ineficazes e será, então, melhoraria consideravelmente as passaram por algumas dificuldades, a mensagem das eleições foi clara: a com o desemprego a manter-se nos altura de lançar a terceira flecha da perspectivas de comércio japonesas, a reboque do aumento do imposto maioria dos japoneses detesta a pers- 3,5% e com o rácio trabalho por can- Abenomics: reformas estruturais incluindo os sectores sensíveis como sobre o consumo. pectiva de um regresso à trajectória didato acima da média. para um reforço do crescimento. a agricultura, no qual as exportações O próximo passo será o Governo económica sombria que prevaleceu É certo que tem havido alguns con- Tais reformas são essenciais para de bens de consumo de curta durabi- de Abe usar o seu capital político no Japão antes da “Abenomics”. tratempos: o PIB do Japão encolheu aumentar o crescimento da produti- lidade, como flores e legumes, iriam para superar os interesses instalados, no segundo e terceiro trimestres de vidade e melhorar a competitividade beneficiar. tanto na burocracia como na comu- Quando a primeira “flecha” da Abe- 2014. Mas a culpa da recessão, que da economia japonesa. Quatro im- Os líderes japoneses devem também nidade empresarial. Isto significa nomics – um programa de estímulos resultou do aumento do imposto perativos mantêm-se. trabalhar de modo a expandir a força convencer as empresas a abdicarem orçamentais – foi lançada há qua- sobre o consumo em Abril – de 5% A primeira tarefa deverá ser eliminar de trabalho, que enfrenta restrições de alguns benefícios fiscais especiais se dois anos, os mercados bolsistas para 8% - não pode recair sobre a – ou pelo menos reduzir – o emara- severas, em grande parte devido ao de que agora disfrutam. Por seu lado, imediatamente reagiram de forma Abenomics. De facto, Abe honrou nhado de regulamentações que está rápido envelhecimento da popula- positiva. A segunda flecha da Abe- uma lei promulgada pelo anterior a sufocar o dinamismo económi- ção. Na ausência de imigração em os políticos devem participar no sis- nomics – política monetária acomo- Governo, liderado pelo Partido De- co. O actual sistema é tão torcido e grande escala, para a qual os japo- tema de identificação de contribuin- datícia – intensificou estes efeitos. mocrata do Japão. complexo que demorou mais de três neses continuam reticentes, uma tes. E os burocratas devem sacrificar Nos últimos dois anos, o mercado As duas primeiras flechas da Abe- décadas a abrir uma nova escola de solução relativamente simples seria a parte do poder que a excessiva regu- accionista japonês quase duplicou o nomics destinavam-se a estimular medicina em Tóquio. Do mesmo interação de mais mulheres na força lação lhes concede. seu valor, aumentando a riqueza dos a procura – e foram extremamente modo, os voos para o aeroporto de de trabalho. Um aumento de 10% na Se todos estes grupos se unirem ao consumidores japoneses. Mais ainda, eficazes. O aumento do imposto so- Haneda, uma ligação conveniente taxa de participação laboral das mu- público japonês aceitando sacrifícios lheres – um objectivo inteiramente razoáveis, o Governo de Abe poderá alcançável - iria traduzir-se num cumprir a sua promessa e construir ganho de quase 5% na participação uma economia próspera. Para o bem total da força de trabalho. de todos os japoneses – já para não Além da Grécia Finalmente, o Governo de Abe deve mencionar a economia mundial que reduzir o imposto sobre as empresas, anseia por uma nova fonte de dina- Por João Carlos Barradas de modo a alinhá-lo mais proxima- mismo – essa promessa merece ser mente com os padrões internacio- endereçada. mpotentes para impor reformas Um crescimento de 0,6% em 2014 a Atenas por parte dos demais 18 es- nais. Entre a cada vez mais intensa ou negociar nova reestruturação depois de seis anos de recessão ou tados do euro. competição internacional para atrair *Koichi Hamada, Conselheiro Econó- da dívida, o centro-direita e ex- um excedente orçamental de 3% do Alexis Tsipras pretende uma rene- investimento estrangeiro, a redução mico Especial do Primeiro-Ministro Itrema-esquerda mantêm a Grécia PIB (excluindo serviço de dívida) gociação nos moldes da conferência do imposto sobre as empresas iria, japonês Shinzo Abe, é Professor Emé- num impasse desde o colapso da al- vão a par de indicadores devastado- internacional de Londres de 1953 na realidade, aumentar as receitas rito de Economia na Universidade de ternância entre conservadores e so- res: contracção da economia na or- sobre a dívida da República Federal fiscais do Japão, ao incentivar as Yale e na Universidade de Tóquio. cialistas, base do sistema partidário e dem dos 25% desde 2009, desempre- Alemã, mas a geopolítica de 2015 é do clientelismo de estado criado após go nos 27% e superior a 50% entre bem diferente e a estratégia de in- a queda da Junta Militar em 1974. os jovens. tervenção do BCE para compra de A dívida pública, 177% do PIB, é in- dívida pública arrisca ser posta em causa por nova crise grega. Os dois escrutínios de 2012, que sustentável, mas negociar moratórias alcandoraram o “Syriza” a segunda ou perdões parciais implica transfe- A troco de coisa nenhuma maior força política, deixam antever rir custos para os demais estados da Na Alemanha, cuja metade ociden- para a próxima votação a possibili- eurozona, o BCE e o “Mecanismo tal beneficiou efectivamente do Pla- dade de frágeis coligações hegemo- Europeu de Estabilidade”. Email: [email protected] no Marshal e do perdão das dívidas nizadas pela “Nova Democracia” ou Se à direita ou pelo lado da esquer- Portal: http://www.oficinadesociologia.blogspot.com contraídas após a I Guerra Mundial a eventualidade da heteróclita frente da radical não forem apresentadas 407 (reduzidas para menos de metade: 15 de esquerda radical formar governo contrapartidas credíveis, designada- mil milhões de marcos a pagar em 30 com pequenos partidos populistas mente através da concretização de anos), prevalece a ortodoxia de supe- Sobre as teorias oriundos das alas socialistas e libe- privatizações, reforma fiscal e rees- ravit da balança de pagamentos e truturação da administração pública, rais. equilíbrio orçamental, que agrava as os credores (estados e instituições A margem de manobra é escassa assimetrias da Zona Euro. internacionais) dificilmente poderão porque na impossibilidade de se fi- Angela Merkel terá, contudo, de da conspiração continuar a financiar a Grécia. nanciar nos mercados para assegurar levar em contas as objecções dos pagamentos devidos em 2015, Ate- aliados sociais-democratas -- predis- Contágio político eguem-se algumas hipó- adversário(s) com ataques deli- nas precisa da almofada de segurança postos a negociar compromissos com Um perdão parcial da dívida (cujo teses sobre o fenómeno berados à idoneidade de movi- do BCE. futuros governos em Atenas a troco serviço equivale a 5% do PIB grego) das teorias da conspira- mentos e de pessoas. A Grécia terá de levar a bom porto de garantias de não agravamento e/ou desagravamento de limitações ção. Duas armas são particular- as conversações com a UE e o FMI de défices orçamentais -- sem abrir S orçamentais é também dificilmen- Quando a causa, directa ou indi- mente usadas contra esse(s) para conclusão em Fevereiro do se- caminho à propaganda anti-euro da gundo plano de ajuda de modo a te negociável porque terá de ter em “Alternativa para a Alemanha”. recta, de um determinado fenó- argumento(s): extracção de receber uma prestação de 1,8 mil conta compromissos diversos de Para a “Frente Nacional” de Marine meno, é atribuída à acção inten- conclusões sonantes e recurso milhões de euros e obter a concessão equilíbrio orçamental de estados Le Pen a exclusão da Grécia ou ce- cional de uma força considerada à categorização desqualificante. de mais 10 mil milhões de euros do como a França ou a situação de pa- dências dos parceiros do euro redun- externa, maléfica e desestabiliza- Por exemplo: no primeiro caso, “Fundo Europeu de Estabilidade”. íses fortemente endividados como a darão em qualquer caso em trunfo dora, estamos perante uma teo- dir-se-á que o(s) adversário(s) Itália, Portugal ou Chipre. político contra conservadores e so- ria da conspiração. está (estão) contra a unidade na- A devastação Entre a anemia económica e a de- cialistas. As teorias da conspiração en- cional; no segundo, que ele(s) é A troika avançou desde 2010 com flação, pesam-se os riscos políticos Por dois anos e meio o governo de contram terreno fértil em certos (são) antipatriota(s). 240 mil milhões de euros para evi- e financeiros de sustentar a fundo Antonis Samaras procrastinou e contextos de forte actividade so- Nota: Por lamentável erro de pa- tar a bancarrota grega, credores pri- perdido por tempo indeterminado iludiu decisões difíceis, mas, chega- cial. Por exemplo: estados de in- ginação na edição passada foi su- vados aceitaram perdas de 53,5% a a manutenção da Grécia no euro ou da a 2015, a Grécia, dividida entre tranquilidade popular, períodos primido os últimos dois parágrafos 70% e perdoaram mais de 100 mil optar pela sua exclusão. conservadores e a esquerda radical, eleitorais, disputas partidárias, deste texto tornando complicada a milhões de euros, passando a deter As eleições britânicas de Maio, pas- está em vias de confirmar a falta de manifestações, greves, etc. sua leitura. Pelo facto, nesta edi- apenas 27% da dívida, mas a purga síveis de levarem a um referendo condições políticas internas para Os produtores das teorias da ção, repetimos na íntegra o texto. de austeridade não gerou ganhos de sobre a permanência do Reino Uni- acordar com os parceiros do euro um conspiração têm um objectivo Ao autor, Carlos Serra, e aos nossos produtividade ou maior competitivi- dos na UE em caso de vitória con- programa para manutenção do país central, a saber: desacreditar o(s) leitores as nossas sinceras desculpas. dade e deixou um terço da população servadora, complicam, igualmente, a na moeda única. argumento(s) e a(s) práticas do A Redacção na pobreza. negociação de concessões financeiras Jornalista 20 OPINIÃO Savana 09-01-2015

Combater o ódio, defender a A TALHE DE FOICE Por Machado da Graça liberdade*

ronunciar o nome Charlie sede do Charlie Hebdo choca ain- fronteiras. Hebdo era, até aqui, razão da mais por ter ocorrido em pleno Para os manifestantes xenófobos de para sorrir. Pela inteligên- coração de Paris, com homens vesti- Dresden, o miserável atentado de Pcia e pela coragem das suas dos de negro a disparar Kalashnikov, Paris há-de ser visto como um in- sátiras, pela irreverência das suas como num vulgar filme de acção. centivo. Tal como será visto como críticas, pela iconoclastia da sua po- Christophe Deloire, presidente dos uma debilidade para os que se lhes lítica editorial que, não poupando Repórteres Sem Fronteiras, expri- opõem. Mas, tal como sucedeu após O mesmo filme? ninguém, ajudava os seus leitores miu da melhor forma esse espanto e o 11 de Setembro, é importante não a entenderem melhor as falhas do choque: “É o tipo de coisas que se desviar o foco do essencial. E o es- mundo, incentivando-os a corrigi- vêem no Paquistão ou na Somália, á vi este filme e não gos- com o coro das 40 vozes, afi- sencial é a defesa incondicional da -las. A partir de 7 de Janeiro, falar mas em França... É um ataque con- tei. Não gostei mesmo nado, a repetir o refrão. liberdade contra o terror, o medo e em Charlie Hebdo é, para além dis- tra a liberdade de expressão, contra a violência de toda a espécie de ti- nada. Só que, tendo já visto o outro so, falar também em vingança, as- as nossas liberdades.” É verdade, as ranos, islâmicos ou não. Para isso, é “filme” igual, sabemos que, J sassínio cobarde, crime premeditado “nossas liberdades”. No mesmo dia, fundamental que a condenação de Se não é o mesmo é um pra- se a situação militar apertar, não só contra pessoas, mas também no Iémen, um atentado com um car- crimes como este seja generalizada ticamente igual, com as mes- aquilo que era impossível e in- contra o espírito de liberdade que ro-bomba matou mais de 30 pessoas, e veemente entre todas as comuni- mas cenas, incluindo a prisão constitucional passa a ser pos- elas personificavam e, apesar de ferindo meia centena. Um atentado dades, incluindo as muçulmanas. É muitas terem sido assassinadas, ain- com marca da Al-Qaeda. O mesmo de Muchanga. sível, constitucional e desejá- preciso mais do que palavras para da personificam. O luto que agora se terror, mas longínquo, com vítimas Segundo a Renamo, as forças vel, aprovado por consenso na que a intrusão dos inimigos da liber- abateu sobre o Charlie Hedbo é um que não conhecemos e pelas quais o governamentais estão, mais Assembleia da República em dade no quotidiano das sociedades luto generalizado que envolve não mundo proferirá apenas um ligeiro uma vez, a cercar o local onde ambiente festivo. actuais, seja em Paris ou no Iémen, só os jornalistas, mas também todos lamento. Mas o atentado de Paris Afonso Dhlakama está, neste esteja definitivamente condenada ao Outra cena que se repete, aqueles que prezam a liberdade de obriga-nos a parar mais uma vez, momento, na casa da sua fa- mas de um outro “filme” mais fracasso. É preciso compromissos mília. No outro “filme” ten- expressão acima de todas as ameaças como parámos no 11 de Setembro, antigo, é o apelo de Afonso e crimes dos que procuram silenciá- ou nos atentados terroristas de Ma- que não lhes deixem margem para se taram capturar-lhe o pai mas Dhlakama para que os seus -la, seja em que nome for. drid ou Londres, porque as vítimas imporem ao mundo, amordaçando- este escapou do cerco. Desta deputados no Parlamento não “Acto de bárbarie excepcional”, nos são próximas, e sobretudo por- -o. É preciso não ceder à repugnante vez não sei como vai ser. chantagem do terror. E transformar tomem posse. Cena que aca- como lhe chamou François Hollan- que nelas vemos símbolos do que Espero, no entanto, que a cena bou de forma desprestigiante de, ou “ataque à democracia”, como está aqui em causa: a liberdade. Não o seu ódio na sua derrota. de Satunjira não se repita, para aquele dirigente com os foi classificado pelo Parlamento a “nossa”, mas a dos muitos milhões *Editorial do jornal público editado em nesta nova versão, porque isso deputados a tomarem posse, português, o mortífero atentado na que a prezam, sem olhar a credos ou Lisboa poderia precipitar os acon- tecimentos e deitar o fogo à um a um, pela porta do cavalo. pólvora. Ao repetir o apelo, Dhlaka- Nesta escalada assustadora, ma arrisca-se a nova desfeita diz a Renamo, aparecem no- e, por outro lado, se desta vez Admirável (velho) mundo novo! vos figurantes: mercenários tiver êxito, fecha mais um lo- zimbabweanos e angolanos. cal de diálogo político num Por Tavares Cebola* Se isso for verdade pode-se momento em que ele é mais omens mascarados decapi- a professores num autocarro que cada família. São os nossos tios ir- perguntar porque é que foram necessário. tam um refém num vídeo. recitassem versos islâmicos. Depois responsáveis. chamados, com que intenção? Em resumo, de um lado e do outro os falcões afiam as gar- Usam as redes sociais para tiros. O horror. Atihomo, atihomo, atihomo – zom- Na guerra das palavras tam- propaganda. Ocupam terri- O “posicionamento estratégico”, a bavam os putos, a imitar mugidos. bém as cenas se repetem. Te- ras, preparando-se para voltar H tórios e deixam instruções sobre as geopolítica, a Ucrânia, desintegra- Duas dezenas de homens e mulhe- mos dirigentes a dizer que um à guerra. imagens que as pessoas devem ver. É ções, os raptos do Boko Haram e os res numa carrinha de caixa aberta. Governo de Gestão é total- Uma guerra que a esmagado- o Estado Islâmico. Eu não sabia bem de cá, memes, hashtags e o sapo. Normalizamos. mente impossível, inconsti- ra maioria dos moçambicanos o que os motivava. Vi um documen- Houve acusações, negociações no Isso foi em 2014. tucional e outras coisas mais, não quer. tário em que um deles chora, após centro de conferências, trânsito con- * Texto extraído do Facebook, sob auto- apresentar as suas reivindicações, e dicionado no centro e norte, dispa- rização do autor. Título da autoria do promete vingar-se. Depois há Koba- ros, casas abandonadas, tensão e um Savana, inspirado na obra de Aldous ni e os curdos. No Quénia pediram acordo. Há tios irresponsáveis em Huxley “Admirável Mundo Nov

SACO AZUL Por Luís Guevane Nyusi e o desafio de partida

decisão do Conselho çar a ideia de Dhlakama (Governo “Inclusão”, “gestão” ou outro nome aceitar servi-los, estamos a permi- é uma boa leitura daquilo que Constitucional (CC) de Gestão) caso pretenda ter uma qualquer pouco significam para o tir que usem os fundos do Estado vai na alma do eleitorado. Veja- colocou Filipe Jacin- governação bem-sucedida. Falar eleitorado. Este já percebeu que o para fins a que não estão habitua- mos como será feita a interpre- Ato Nyusi na Ponta de um governo de inclusão é um desenvolvimento não se compa- dos a justificar, estamos a oferecer- tação no sentido de se presentear Vermelha. Ele e o seu partido desafio sério e adulto em termos dece com as mesquinhices geradas -lhes as excessivas mordomias a o eleitorado, aliás, os moçambi- venceram o “Outubro eleito- de possibilidade de sua real imple- pela nossa falta de inteligência. Se que se diz terem direito. Estamos canos, com a paz e o desenvol- ral”. Era até uma antevisão de mentação para melhorar a saúde quisermos verdadeiramente um a oferecer-lhes as sirenes que não vimento. Que média sairá da Dhlakama e seu partido, in- político-democrática nacional. futuro próspero para o País temos param de nos incomodar. Em tro- soma entre “governo de gestão” cluindo de outros candidatos e Inclusão é um termo que se abre à que pensar que qualquer gover- ca, não gozamos de mordomia al- e “ governo de inclusão”? Será partidos, de que o CC validaria sua própria relatividade. Inclusão no que entra em vigor é sempre guma, nem de segurança, nem de uma inclusão entendida como os resultados avançados pela de quem: dos meus partidários, a última oportunidade de desen- boa qualidade de luz e água; não acção imediata ou como proces- CNE. O milimetricamente dos meus amigos, ou dos que são volvimento. É neste sentido que percebemos o lucro dessa acção ou so? A situação actual exige que esperado “milimetricamente” necessários ao equilíbrio político- é importante que preenchamos os relação porque, na verdade, tarda e/ Nyusi comece a agir como PR aconteceu. -democrático? Inclusão pode ser vazios de democracia produzidos ou não chega a ser observável em e abandone o colo de quem lhe O PR eleito falou de inclusão entendida na perspectiva de busca pelos políticos no sentido de me- toda a temporada governativa. A produziu mesmo contra a von- logo no seu primeiro discurso de um meio-termo de “acomoda- lhorar qualitativamente as decisões recompensa material que o povo tade deste. Andar pelos próprios após a validação dos resultados ção”. Essa atitude evitará pergun- que tomam. espera é o desenvolvimento econó- pés pode ser difícil no início mas feita pelo CC. Um discurso tas como “o que é que, de facto, vai Num país pobre como o nosso, mico e social, pois a democracia é é um desafio e uma necessidade que revela já um passo no sen- mudar? O tipo de moscas? E o que paradoxalmente, ao entregarmos invencível. urgente. Próspero 2015 aos lei- tido de preparar-se para abra- é que se vai manter?” o poder aos políticos estamos a Cá entre nós: o desafio de inclusão tores do Saco Azul. Savana 09-01-2015 INTERNACIONAL 21

Angola Vítimas de massacre governamental de 1993 homenageadas -Centenas de pessoas foram mortas no Namibe em Janeiro de 1993

ela primeira vez foi feita não só, que jamais será esquecido também o culto pelas almas dos to Adirão, embora esta acção de partido no poder e o Executivo da uma homenagem pública por gerações vindouras a julgar defuntos na paróquia de San- graças tenha sido contestada pelo província do Namibe. (Voa) a centenas, senão milha- pela dimensão humana em que Pres, de pessoas mortas pe- cerca de 600 pessoas foram sacri- las autoridades governamentais ficadas inocentemente. por ocasião da onda de repressão Para o político da Unita, os mas- que se seguiu às eleições de 1992 sacres são uma das estratégias an- quando o país caminhava de novo tigas utilizada pelo regime com o para a guerra. propósito de intimidar e ao mes- mo tempo humilhar os angolanos A 5 de Janeiro de 1993, mais de que reclamam a “liberdade e o 600 cidadãos foram assassinados respeito pela pessoa humana”. na província do Namibe, sendo Tuyula rebuscou outros exem- que mais de 250 pessoas na ci- plos do passado recente, com re- dade do Namibe e outras 360 na alce para o 27 de Maio de 1977, cidade piscatória de Tombwa por em que, segundo o dirigente do asfixia, num contentor. partido do galo negro, o MPLA Desde aquela data, as famílias das dizimou “mais de 40 mil pessoas vítimas nunca puderam chorar entre militantes activos do seu e realizar o óbito de seus entes- próprio partido”. -queridos por ameaças das armas. Tuyula referiu-se também ao que Agora, pela primeira vez, as ví- denominou de “genocídio tribal timas da referida chacina foram de Luanda”, que culminou com publicamente homenageadas nas o assassinato do vice-presidente respectivas valas comuns onde ja- da Unita, Jeremias Calandundu- zem os seus restos mortais. la Tchitunda, Salupeto Pena, o O acto foi dirigido pelo secretário secretário-geral Mango Alicerces, provincial da Unita no Namibe Chimbili e outros, assim como a Ricardo Ekupa de Noé Tuyula, célebre sexta-feira sangrenta. acompanhado por membros da No local, várias pessoas prestaram direcção, militantes, simpatizan- o seu testemunho, falando o que tes, amigos do partido, familiares viram e sentiram no pretérito 5 das vítimas e de alguns membros de Janeiro de 1993, tanto na ci- da sociedade civil. O evento de- dade do Namibe, como no mu- correu sem sobressaltos no cemi- nicípio piscatório do Tombwa. tério Municipal do Calumbilo, Alegaram que pela dimensão das sob a protecção da polícia. vidas humanas perecidas, a data As mulheres entoaram cânticos não pode passar de forma desper- mas também choraram pela alma cebida, impondo-se a necessidade dos entes-queridos, cuja vida foi de se institucionalizar o 5 de Ja- amputada prematuramente pelo neiro como “dia dos mártires da simples factos de falarem e pen- repressão marxista em Angola”. sarem diferente. A actividade estendeu-se aos dois Ricardo de Noé Tuyula disse que cemitérios do Calumbilo na cida- o dia 5 de Janeiro é um marco his- de do Namibe e do Tombwa, res- tórico na província do Namibe e pectivamente. O programa previa 22 DESPORTO Savana 09-01-2015 A dança dos jogadores Por Paulo Mubalo

om a época futebolística tacar a contratação de Whisky (ex- 2015 à vista, sendo si- -Ferroviário de Maputo), Nelsinho nal disso a abertura, para (ex-Estrela Vermelha de Maputo), Cbreve, por parte da maior Michel (ex-Ferroviário de Pemba), parte dos clubes que militam no para além do nigeriano Lukman e Moçambola, das suas oficinas, a do moçambicano Lourenço (ex- transferência dos jogadores conti- Matchedje). nua ser a principal notícia do mo- Como saídas há a destacar as que mento. foram protagonizadas por Vling, que se transferiu para a HCB, e Para já, a supertaça está marcada Acácio que vai representar a Liga para a primeira semana de Feve- Desportiva de Maputo. reiro, enquanto que a participação Enquanto isto, o antigo capitão da Liga Desportiva do Maputo e tricolor, Macamito, passará a de- Ferroviário da Beira nas afrotaças sempenhar as funções de director foi agendada para a segunda sema- desportivo. Os tricolores vão abrir na do mesmo mês. Mas os adeptos as oficinas a partir do dia 12 com desta ou daquela colectividade vão treinos no seu campo, na baixa da se inteirando dos planos de prepa- cidade. Chiquinho Conde continu- ração das suas equipas, das saídas e ará a ser o treinador principal. entradas de jogadores, e, obviamen- 1º de Maio: lutar pela ma- te, enquanto uns estão satisfeitos nutenção com os nomes que são apresenta- Relativamente ao 1º de Maio de dos, outros mostram-se cépticos. Quelimane, o segundo represen- Vamos, a seguir, lançar um olhar tante da Zambézia no Moçambola sobre a movimentação de jogadores A época futebolística 2015 já mexe e a movimentação de jogadores está ao rubro para este ano, vislumbram-se mu- de alguns clubes que vão corporizar danças de vulto tendentes a colocar o Moçambola-2015. a equipa à altura das exigências da alvi-negra são: Clemente, que ali- defesa central que evolui no Tor- do guarda-redes Germano, o me- grandeza da competição em que vai Sangria no Desportivo nhava pelo Ferroviário de Queli- riense, e Philip Macie, avançado lhor do ano passado e que alinhava participar pela primeira vez. mane, e Henriques, que foi titular malawiano. Estão confirmadas as pelo seu homónimo de Nampula. Depois de ter feito um brilharete Neste sentido, é um dado adquirido no Estrela Vermelha da Beira. Há saídas de Manuelito II para a Liga Outros nomes apontados são do na época transacta, o Desportivo de a contratação de Muchene (ex-Tex- ainda a assinalar o regresso de Car- Desportiva de Maputo, Chiukwe- avançado Maurício e do defesa Maputo vai perder, neste ano, a sua táfrica), Nhama ex-Sporting da litos, que no ano passado envergou po, Themba e Tchaka. O técnico central Calima, que representaram espinha dorsal, ou seja, os jogadores Beira), Eurico e Makas (ex- Ma- a camisola verde-branca do Chive- principal será Nelson Santos, o qual a equipa do Maxaquene. que contribuíram, decisivamente, tchedje da Beira), Fredy (ex-Ferro- ve. será coadjuvado por Rui Évora. Para além destes três reforços, os para o quarto lugar alcançado. Mas viário de Nacala), Xerife e Dinho Satisfeita com o desempenho da “Locomotivas” vão contratar Mu- isso não nos surpreende, porquanto Liga liga o turbo (ex-Sporting de Quelimane); Seua equipa técnica no ano passado, a andro (ex-Liga). Victor Pontes, a águia já nos habituou a situações Os campeões nacionais, sedentos e Passé (ex-Comercial de Queli- direcção do Desportivo depositou apesar de contestado por parte de similares. Aliás, num passado re- que são em fazer a diferença, tam- mane). São jogadores sem palmarés voto de confiança a Antero Cam- alguns segmentos ligados ao clube, cente, o Desportivo viu-se na con- bém foram ao mercado à procura mas que certamente quererão se baco, o qual será coadjuvado por poderá continuar no comando téc- tigência de jogar na segunda divisão de alguns reforços, apesar de pos- Bernardo Mabui. De qualquer das nico da equipa. Mas há ainda mais impor. A equipa técnica será diri- depois de não ter logrado manter os suírem um naipe de jogadores de formas não restam dúvidas que se novidades por se confirmar. gida por Rogério Balate (Zulu) o seus jogadores preponderantes. outra galáxia, razão pela qual sem- augura um ano difícil para a águia, qual terá como adjunto Litos. Dados disponíveis, e para não va- pre são os mais sérios candidatos à depois do quarto lugar alcançado Ferroviário da Beira sem- De referir que ainda reina incerteza riar, indicam que para 2015 o clube conquista do título. Aliás, os títulos na época transacta, sendo que ficou pre a subir em relação aos treinadores que vão não poderá contar com os présti- que vêm somando são fruto desse a 12 pontos do campeão, a Liga Os representantes de Moçambique orientar o Chibuto e a ENH, uma mos do guarda-redes Victor, em- querer e qualidade dos recursos de Desportiva de Maputo. nas Afrotaças, concretamente na vez que Artur Semedo vai para o prestado pelo Chibuto na janela que dispõem. Taça Nelson Mandela, os “Loco- HCB, Nacir Armando continua no de transferência a meio da época Os reforços em perspectiva são os motivas” do Chiveve continuarão a Ferroviário de Quelimane, Sérgio passada, sendo que ainda subsistem Costa do Sol em grande seguintes: Andro e Tchitcho (ex- ser orientados por Lucas Barrarijo, Faife no Ferroviário de Nacala e algumas dúvidas quanto ao regres- estilo -Ferroviário de Maputo), Manueli- na qualidade de treinador principal, Arnaldo Ouana no Desportivo de so, ao país, do brasileiro Caio, que Não satisfeito com o desempenho to II (ex-Costa do Sol), Cremildo o qual terá como adjuntos, Victor Nacala. ano passado não mereceu confiança da equipa no ano passado, termi- (ex-Desportivo), ao que se juntam Matine e Rockssana. Como refor- Mas tudo aponta que muitos trei- da equipa técnica. Ademais, a equi- nou a prova na 8ª posição com 30 dois estrangeiros, um zimbabueano ços há a destacar a entrada do con- nadores com gabarito poderão con- pa alvi-negra perdeu o avançado pontos a 23 do campeão nacional, e um camaronês. Os regressados golês Fabrice Nkanda, do zambiano tinuar desempregados ou então a Geraldo, que se transferiu para o o presidente canarinho, Amosse são Daúdo e Osvaldo (ex-Despor- Jacob Mupenta e do moçambicano treinar equipas de segundo plano. Sporting de Braga, via Liga Des- Chicualacuala, eleito em Março tivo de Nacala) e Belito (Ferroviá- Bruno Miguel (ex-HCB), e ainda Referimo-nos a Arnaldo Salvado, portiva de Maputo e ainda os joga- do ano passado em substituição do rio de Nampula). A equipa técnica Sérgio e Ricardo António (ex-Tex- o treinador com mais títulos con- dores Jojó e Ussama, que vão enver- Eng. Augusto Fernando, fez se ao será chefiada pelo português Litos. gar a camisola canarinha, para além mercado para inverter o cenário e, táfrica); Walter, Siaca e Luís Má- quistados que era dado como certo de Cremildo que vai representar o num ápice, conseguiu contratar seis Ferroviário de Maputo quer rio, oriundos de equipas da segunda no Ferroviário de Maputo, Uzaras HCB. novos jogadores, a saber: Jojó e Us- sair dos escombros liga. Como saídas há a assinalar as Mahomed, que já trouxe alegria Outra baixa de vulto tem a ver com sama (ex-Desportivo de Maputo), Depois de uma prestação simples- de Zé Sigaúque, Mfiki e Carlitos. para o Desportivo, Mussá Osman, a saída de Jair, que regressa ao Fer- Dainho (ex-Estrela Vermelha de mente para esquecer no ano passa- que foi o obreiro do único título roviário de Maputo. Em termos de Maputo), Cosme (ex-Ferroviário do, 10º classificado com apenas 29 Maxaquene musculado conquistado pelo Ferroviário de aquisições, o Desportivo assegu- de Quelimane), Butina (ex-Ma- pontos, ou seja, a 24 do campeão O 6º lugar, com 39 pontos, ou seja, Nampula, Akil Marcelino, Miguel rou o contrato do jovem Helvécio, tchedje), M´fiki (ex-Ferroviário da nacional, o Ferroviário de Maputo a 14 do campeão nacional não agra- dos Santos, que também já trouxe que no ano passado representou o Beira), Magina, avançado que actua também está no mercado à procura dou a direcção tricolor e para não um título ao Desportivo, Hilário Estrela Vermelha. Os outros joga- no Angres, equipa do Campeona- de reforços. voltar a cair no descrédito decidiu Manjate, Euroflin da Graça, entre dores que vão envergar a camisola to Nacional de Seniores, Gerson, Para já está confirmado o regresso atacar o mercado. Assim, há a des- muitos outros. Savana 09-01-2015 DESPORTO 23

Ameaças e insultos entre Messi e Luís Enrique

ão podia estar mais tenso o autoritarismo do treinador. cóloga. ambiente no balneário do O jornal “As” cita 2015 como o ano A “Cadena Cope” avança que Mes- Barcelona. Os dados mais em que o Chelsea fará um ataque si terá recebido a garantia que Luís recentes provenientes de poderoso para contratar Lionel Enrique não vencerá esta batalha, o N que, a acontecer, poderá significar Espanha dão conta de um extremar Messi. A falta de entendimento com de posições entre Lionel Messi e o Barça e Luís Enrique, aliada à pre- o ponto final do técnico no clube, Luis Enrique, os quais terão estado sença de Cesc Fàbregas - um dos que ocupa actualmente o 2º lugar perto de chegar a vias de facto no melhores amigos de La Pulga - nos na Liga, com menos um ponto, mas treino do passado dia 2 de Janeiro. Blues e a admiração de Abramovich, mais um jogo, do que o Real Ma- dono do clube, pelo futebol refinado drid. A imprensa indica não existir um do craque podem colocar um ponto Os adeptos também estão do lado bom relacionamento entre o avan- final em sua trajectória vitoriosa na do jogador, a avaliar por vários in- quéritos nas páginas dos jornais çado e o treinador do Barcelona, Catalunha. desportivos, pelo que, se a corda isto depois de insultos e ameaças O jornal Mundo Desportivo tam- continuar a esticar e não houver, das duas partes nas últimas semanas. bém revelou um episódio de em- antes, uma intervenção a bem do Mais: Luís Enrique chegou a pon- bate entre o argentino e o técnico. clube, pode mesmo rebentar para o derar castigar o jogador depois deste Na primeira sessão de treinos de Lionel Messi lado que costuma ser mais fraco: o ter faltado ao treino desta segunda- 2015, Luis Enrique era o árbitro e do treinador. -feira. Messi fingiu uma grastro- forma voluntária, mas sozinho. Já a Rádio espanhola conta que o o camisa 10 reclamou uma falta, não “Vemo-nos no balneário”, terá jogador teria confrontado a direc- A tensão está também a gerar bur- enterite, mas que na realidade não marcada, durante uma actividade de burinho em Inglaterra, onde os ta- ameaçado o argentino, revela esta ção e o técnico Luis Enrique após aconteceu, pois, ficou incomodado cinco contra cinco. blóides começam a falar na hipótese por não ter sido titular na derrota do quarta-feira o diário AS na edição derrota do time catalão para a Real Oficialmente não sai qualquer pala- de Messi reforçar o Chelsea, de José Barcelona diante da Real Sociedade. online. Sociedade, a quem o craque se re- vra para o público, até porque terça- Mourinho. Não ajudou em nada A sanção do treinador só não seguiu Segundo a mesma fonte, o diferendo fere como o senhor do vestiário. E -feira foi dia de folga para o plantel. que, precisamente esta segunda- em frente devido à intervenção dos entre Luis Enrique e Lionel Messi o relacionamento entre ambos não Messi, esse, passou pelo centro de -feira, o argentino tenha passado a capitães do clube. E na terça-feira, poderá ditar a saída do treinador do parece ser bom. O argentino estaria treinos, escreve o “Mundo Despor- seguir o clube londrino e alguns dos em dia de folga, Messi foi treinar de clube catalão. começando a se encher do excessivo tivo”, para uma consulta com a psi- seus jogadores no Instagram. Eusébio imortalizado Queiroz pode fazer

Avenida Eusébio da dente da Câmara Municipal de “A escolha deste local tem Silva Ferreira, tro- Lisboa (CML) esta cerimónia. Sei enorme simbolismo, pois está história na Taça ço da Segunda Cir- que Eusébio, onde estiver, estará fe- junto ao sítio onde tantas ale- cular que passa em liz, mas quero assinalar a unanimi- grias viveu e proporcionou, arlos Queiroz pode fazer his- experiência europeia (Osasuna, Espa- A tória pelo Irão, na Taça das nha), com os extremos Reza Ghoo- frente ao Estádio da Luz, em dade que esta decisão teve em todas quer com a camisola do seu Lisboa, foi, recentemente, as forças políticas da autarquia de Nações Asiáticas em futebol, channejhad (Al Kuwait, Kuwait) e clube de sempre, quer com as que começa sexta-feira, na Ashkan Dejagah (Al Arabi, Qatar) a inaugurada, em memória do Lisboa, sinal da verdadeira dimen- quinas ao peito. A Avenida C Austrália, pois um inédito título no serem igualmente referências no fute- antigo futebolista português, são da figura de Eusébio”, afirmou, Eusébio da Silva Ferreira pas- seu currículo levará o país a igualar o bol ofensivo de Queiroz. que faleceu há precisamente durante a cerimónia. sa a ser a morada do Estádio Japão como o país mais vitorioso. Na primeira fase, no Grupo C, os um ano. De resto, o próprio presidente da da Luz e a morada da sede do Emirados Árabes Unidos (81.º CML, António Costa, salientou Sport Lisboa e Benfica”, refe- Depois de pegar na selecção do Irão FIFA) são os adversários mais com- a “rapidez invulgar com que foi A cerimónia, que decorreu no riu António Costa. em 2011 e de a ter levado ao Mun- plicados, pois parecem recuperar o possível cumprir todo o processo, exterior do reduto benfiquista, Eusébio da Silva Ferreira, para dial-2014, no Brasil, com bom de- valor do conjunto que em 1996, sob para que Eusébio passe a constar contou com as presenças de muitos o melhor de sempre no sempenho, o técnico português apre- a orientação do croata Tomislav Ivic da toponímia da cidade de Lisboa”, senta-se com a selecção com o melhor (ex-FC Porto e Benfica), perdeu em amigos e familiares de Eusé- futebol português, morreu na bio, bem como várias perso- o que, segundo o autarca, só foi ranking (51.º) na competição, até à casa a final frente à Arábia Saudita, madrugada de 05 de Janeiro nalidades ligadas ao clube da possível por se tratar “de uma per- frente do Japão (54.º), que defende o nos penaltis. de 2014, aos 71 anos, vítima de Luz. sonalidade que gerou consenso na título. Qatar (95.º), apenas duas vezes nos paragem cardiorrespiratória. O referido troço da Segunda sociedade portuguesa”. O Irão (quinto em 2001) conquistou quartos-de-final, e Bahrein (122.º), Circular, junto ao Estádio da três edições seguidas (1968, como que procura passar a fase de grupos Luz, passará a denominar- anfitrião, 1972 e 1976), mas o Japão, pela segunda vez, completam um gru- -se Avenida Eusébio da Silva actualmente com maior rodagem in- po que não deve oferecer resistência ternacional, tem sido o grande domi- Ferreira e será a morada oficial significativa aos pupilos de Carlos nador, vencendo quatro das últimas Queiroz. dos “encarnados” e do recinto seis competições (1992, 2000, 2004 O Japão tem sido o grande domina- desportivo. e 2001). dor da competição e no grupo D nem No dia em que termina o ano Depois de Heshmat Mohajerani ter o Iraque (103.º), surpreendente ven- de luto decretado pelo Ben- conquistado três títulos para o Irão e cedor em 2007, nem a Jordânia (82.º) fica, Luís Filipe Vieira frisou o levar ao Mundial de 1978, na Ar- e Palestina (113.º), ambos sem tradi- que a vida de Eusébio “foi ins- gentina, a selecção ficou encravada ção na prova, parecem oferecer muita piradora para milhões de pes- cinco vezes nas meias-finais. oposição. soas” e que a inauguração da Agora, tem sido dos O mexicano Javier Aguirre tem a nova avenida “é uma justa ho- seleccionadores mais bem-sucedidos favor rumo a novo título o facto de menagem da cidade de Lisboa e, depois de vencer o Grupo B de boa parte dos seus executantes já ali- a Eusébio, porque foi a sua qualificação (com Kuwait, Líbano e nhar na Europa, casos das ‘referências’ cidade, a cidade que abraçou Tailândia), promete ser uma das equi- Keisuke Honda (AC Milan, Itália), e na qual viveu com alegria e pas mais fortes em prova. Shinji Kagawa (Borussia Dortmund, ajudou a projectar no mundo”. O médio (145 ve- Alemanha), Shinji Okazaki (Mainz, “Quero agradecer ao presi- zes internacional) e o médio ofensivo Alemanha) e (Inter, conferem à equipa Itália). 24 CULTURA Savana 09-01-2015

Sou o melhor reparador de saxofones no país Por Luís Carlos Patraquim

arciso Macuácua é um homem sição de ferramentas necessárias para esta simples mas que carrega uma arte arte de reparar saxofone. Não tenho como Respirar um pouco fora do comum. Repara encontrar as peças necessárias para reparar saxofones. Um instrumento bas- este maravilhoso instrumento. Improviso as N Também eu canto a América e Constituição. Não, nem todos os homens tante peculiar quando se fala de música. “A ferramentas a minha maneira, pois não te- minha carreira musical como saxofonista nho ferramentas próprias. No entanto, há não consigo respirar”. “I, too, sing nasceram livres e iguais. A escravatura, a iniciou em 1970 na África do Sul. Toquei ferramentas próprias para reparar o saxo- America” é o título de um famo- guerra da Secessão, a segregação no Sul, so poema de Langston Hughes, a com os sul-africanos. Voltei a Moçambique fone. Embora tenha maneira de adaptar as “ a libertação, prometida por Kennedy e mais destacada personalidade literária, em 1973, onde comecei a tocar com os con- ferramentas, se eu encontrasse alguém que lavrada em Lei por Lyndon Johnson, não activista político e cultural da designada juntos Nova Dimensão, Xihora Mati, to- ajudasse a adquirir as ferramentas facilitava resolveram o pecado original. Mas as cli- Renascença Negra nos Estados Unidos, quei com a banda de Stewart Sukuma ali no ainda mais a minha tarefa”, conta. vagens são mais amplas: chicanos e gene- A Harlem Renaissance, da décade de Ponto Final. Toquei com muitas bandas”, A exigência do trabalho faz com que outros ricamente hispânicos e, lá mais para trás, vinte do século passado. recorda-se Narciso Macuácua. reparadores de saxofones canalizem os tra- os chamados índios, os irlandeses, es- balhos para a sua improvisada oficina. “Co- coceses, alemães, suecos, quakers e não, Com o andar do tempo abraçou a arte de re- nheço o único reparador de saxofones aqui Não consigo respirar é, nos dias que cor- chineses, japoneses, mais os imigrantes parar instrumentos de sopro. “Depois vi que no país que é o professor Bernardo Matola rem, o grito de indignação e de protesto de agora, relacionam-se, interiorizam, tinha de me dedicar na reparação de saxofo- que lecciona na Escola de Música, mas ele que varre o país de Obama. Há outros, caminham por uma vibrátil rede que se nes. Comecei a aprender a reparar o saxofo- não tem tempo, diz que não tem tempo por claro. rompe diante de qualquer abalo sísmico, ne com um amigo chamado Zeca Monteiro. causa das outras tarefas que tem. Às vezes De Nova Iorque a Los Angeles, de for- étnico, cultural. A invenção da america- Aí tocava e reparava saxofone. Agora sou manda-me os saxofones para eu reparar”, ma mais ou menos espontânea e, regra nidade, comporta clivagens e sentidos de o melhor reparador de saxofones. Reparar aponta. geral, pacífica, negros e brancos, mais o reprodução de pertença . Gore Vidal pas- saxofones é o meu ganha-pão. Há muitos Mesmo sendo reparador de saxofone não melting pot que é a sociedade estaduni- sou a vida a denunciar, situar, a traição do amigos que trazem saxofones para reparar. significa que seja o melhor tocador. Por isso dense, protesta na rua contra a violência American Dream. Eu reparo de verdade. Não de máfia. Toda admira alguns saxofonistas nacionais. “Esses policial e a morte de Eric Gardner, às A América protesta. Não consegue res- a gente que tem saxofone já descobriu que mesmos são meus amigos que me ensinam mãos de zelotas da violenta ordem. Há pirar. Whitman consegui e abraçou o eu sou o melhor reparador de saxofones. Por a tocar melhor do que toco. Não tenho toda outros, claro. irmão negro. Richard Wrigth, James isso procuram-me para reparar os seus ins- a prática deste instrumento. Toco pelo ouvi- .No país de Obama, o primeiro presiden- Baldwin, sofreram na pele e amplamente trumentos. Quando reparo este instrumento do, mas não conheço a pauta. O Matchote te negro dos Estados Unidos, a magoada escreveram sobre essa doença original da uma vez, a pessoa vai ficar mais de um ano ensina-me, o professor Orlando, o Moreira voz de Billy Holliday parece ressurgir formação dos Estados Unidos. sem precisar de reparar. Não é aquele tra- Chonguiça, o Zé Maria. Estes todos têm para cantar outra vez Strange Fruits, A literatura americana, na poesia e na balho que as pessoas vêm frequentemente. me incentivado e oferecem-me peças deste quando havia o Ku Klux Klan, os lincha- prosa, comporta, até aos dias de hoje – Também são poucas as pessoas que tocam instrumento. Louvo os amigos que me dão mentos e, no Deep South, a segregação basta reler Beloved, da Prémio Nobel este instrumento no país”, afirma Macuácua. força, porque me considero um tocador ama- imperava. Até Rosa Parker se recusar a Toni Morrison – detém um vasto reposi- dar o lugar a um branco num transporte O reparador de saxofones desempenhou ou- dor. Toco a minha maneira. Estou à procura tório de testemunho, denúncia e tragédia, público. As homenagens nacionais ao seu tras actividades antes de abraçar esta arte de de melhorar mais a forma de executar este sobre o racismo e da luta pela afirmação gesto corajoso não foram há muito tem- reparar instrumentos. “Eu era desenha- instrumento”, finaliza. dos Direitos Cívicos. A plena igualdade. po e Obama esteve presente. dor artístico, de letras e caricaturas. Tra- William Faulkner tem o efeito de uma Vêm sendo recorrentes os casos de execu- balhava na extinta Revista Tempo com chicotada. ção sumária de crianças e adultos negros, o Sérgio Tique. Depois de um tempo o Não se pode respirar, sufoca-se e protes- cidadãos como os outros, quase todos no nosso governo determinou que depois ta-se porque o sistema judicial e a vio- patamar mais baixo da escala social. Os dos 60 anos não podíamos continuar a negros, ou afro-americanos, preenchem lência assassina e orientada das forças trabalhar. Só se fosse licenciado podia com números gordos as estatísticas do policiais parece teimar na descriminação. ser admitido em outras empresas para desemprego e o formigueiro escandaloso Que tudo isto acontece na vigência his- continuar a fazer o mesmo trabalho de das condenações e das prisões. tórica da primeira presidência de um ilustração dos livros escolares”, recorda. Que eles são a América? Que a cantam? afro-descendente é tristemente irónico e Os saxofonistas da praça e os alunos que Como negar? Moldaram-na e entranha- mostra como a América é uma espécie de aprendem a tocar este instrumento de ram a pretensão adâmica do Novo Mun- concentrado do que chamamos globali- sopro é que são os que procuram pelo do, do ponto de vista dos emigrantes eu- zação. Mas, na percuciência da sua afir- trabalho do reparador. “A lista dos saxo- ropeus, de uma intensidade de sentidos mação, a filha de Eric Gardner tem ra- fones que reparo é vasta. Reparo saxo- que desafiaram a fria razão instrumental zão. Como Langsthon Hughes ela canta fones de Zé Maria, Matchote, Abdulay, e frenética cavalgada de fronteira. a América e denuncia, sobre o cadáver que toca soprano saxofone, e muitos As antinomias, no país de Walt Whit- do pai, a crise nacional que dilacera o seu outros”, enumera. man, Langston Hughes, Richard Wrig- país. Há putros, claro. A falta de ferramentas apropriadas faz th,, William Faulkner, Marin Luther Não se devia estar à beira do abismo. A com que o artista improvise para supe- King. tantos outros, precipitam-se sem- possibilidade do político decorre, não só rar dificuldades. “É um trabalho ma- pre para esse legado que está nos ali- da funcionalidade e transparências das ravilhoso para mim, mas peço apoio a Espero um dia transmitir os meus conhecimentos cerces fundacionais, e desprezados, da instituições mas de adquiridos culturais quem de direito para facilitar a aqui- aos mais jovens numa escola criação da Federação e da redacção da que não podem ser asfixiados. 4 Anos sem Malangatana

os últimos dias muito se fala de Eu- conheci e fui sua amiga”, afirma. guém tenha andado aos saltos com Malagan- fossem ao palco e saltassem, alternadamente, sébio, no primeiro aniversário da sua Joana Lopes recorda um dos momentos que tana numa cama elástica e eu andei. Era um em cada uma das pontas de uma cama elás- morte, mas são poucos que se refe- viveu com o artista onde teve a oportunidade daqueles fins-de-semana prolongados, com tica. Malangatana e eu decidimos entrar na rem a outro moçambicano, o artista de ganhar um auto-retrato de Malangatana. um feriado que os espanhóis não festejam brincadeira e, como ele nunca foi leve e eu N ainda não tinha engordado, cada um dos seus plástico Malangatana Valente Nguenha, um “Tenho aqui perto, à minha frente, desde há connosco (5 de Outubro, se não me engano), dos artistas mais importantes do país que muitos anos, este auto-retrato que ele pin- e mandava a tradição que se desse um salto a impulsos fazia-me subir quase ao tecto, para grande gáudio de toda a assistência – voei, no fez conhecer o nome de Moçambique além- tou numa folha do Record e me ofereceu – é Espanha, de preferência em grupo e em ca- sentido estrito da palavra, como nunca me -fronteiras. Estes dois moçambicanos fale- exemplar único. Data do ano 1972, grande ravana. Badajoz era quase sempre o modes- aconteceu na vida, nem antes nem depois. ceram no dia 5 de Janeiro. parte do qual passou em Lisboa e em que to destino mas, dessa vez, foi-se até Madrid Ao longo dos anos, sempre que nos reen- convivemos num vasto grupo de amigos. Al- nuns belos dias do Outono. contrávamos, ele repetia, com aquele sorriso Joana Lopes era amiga de Malangatana, guns deles recordaram-me, há meia dúzia de Já não sei bem como nem porquê, um dos se- inesquecível e do tamanho do mundo: “Pa- conviveu com o artista desde a década de 70 dias, uma história que não resisto a retomar, rões acabou algures numa espécie de cabaré trícia, temos de voltar a saltar numa cama em Portugal. “Malangatana é para mim im- embora já dela tenha falado em tempos idos”, onde estava em cena um espectáculo mais ou elástica!”. Mas não voltámos. Nem voltare- portante, não só pelo extraordinário artista recorda. menos ginasticado. A páginas tantas, pedi- mos. Porque ele já deu o salto definitivo – há que foi, mas pura e simplesmente porque o Continuando, Joana Lopes conta: Talvez nin- ram insistentemente que dois espectadores quatro anos. A.S SUPLEMENTO HUMORÍSTICO DO SAVANA DO 1096 Nº HUMORÍSTICO SUPLEMENTO

Dobra por aqui ‡ 9 DEJANEIRO2015 2 Savana 09-01-2015 Savana 09-01-2015 3 SUPLEMENTO Savana 09-01-2015 OPINIÃO 27

Abdul Sulemane (Texto) Ilec Vilanculo (Fotos)

Estamos para ver

esde as eleições do dia 15 de Outubro até à divulgação dos resultados pelo Conselho Constitucional que muita coisa tem acontecido. São muitas as conversas e debates sobre as peripécias do que iria aconte- Dcer. Foram divulgados os resultados das eleições, bastante contesta- das pelos partidos da oposição no país.

O Observatório Eleitoral foi bastante contestado pelos vários meios de co- municação social. Muitos diziam que o Observatório Eleitoral estava aliado ao partido no poder. Foram vários artigos que se viram passar pelos jornais. Com certeza quem fez parte do Observatório Eleitoral ficou preocupado com a situação. É a reputação que está em jogo.

O Conselho Constitucional era a esperança de muitos como instituição que poderia repor a verdade dos factos sobre as eleições que decorreram no dia 15 de Outubro de 2014 no país. A validação dos resultados trouxe uma outra realidade. Os partidos perdedores não aceitam os resultados divulgados. Fazendo o rescaldo do desempenho do Observatório Eleitoral, Dom Dinis Matsolo e a académica Iraé Lundy, pelo que vemos na foto, não gostaram de ouvir o seus nomes mal vistos, já que faziam parte do Observatório Eleitoral. Pelos seus semblantes não gostaram de ver seus bons nomes conotados com situações que não vale a pena recordar. Os fotojornalistas não deixam os seus feitos em mãos alheias. Gostam de retratar o que captam com as suas objectivas. Como dizem, a imagem vale mais que mil palavras. Muitos pensam que o trabalho dos fotojornalistas é fácil, relaxado. Nada disso. Estar em todas não é fácil mas os fotojornalistas Domingos Elias, Mauro Vombe e Sérgio Costa sempre mostram que estão atentos ao que acontece pelas suas objectivas. Podem dizer que os jornalistas são boémios. Gostam de estar na farra. Mas nada disso, quando têm oportunidade aproveitam ao máximo. Porque estes momentos de convívio não acontecem sempre devido ao trabalho. É o que vemos nesta outra imagem onde está Raul Senda, do Semanário SAVANA, em frente do Presidente do Município de Quelimane, Manuel de Araújo, e Luís Nhanchote, jornalista freelancer, num convívio. Nesta coisa de convívio sempre pergunta-se quem pagou a conta. Mas neste caso não vem ao caso. Outros que num evento estão a trocar um dedo de conversa são o académico Lourenço do Rosário e o PCA do grupo Soico, Daniel David. O que será que Daniel David diz a Lourenço do Rosário? Marcelino dos Santos é um político que despensa apresentações. Faz o que gosta. Marca presença em todos os eventos do partido dos camaradas. Desta feita, aparece a felicitar Isaura Nyusi, esposa de Filipe Nyusi. Com essa ima- gem, dá para dizer que Marcelino dos Santos também gosta de dar beijinhos. Quem não gosta que levante a mão. À HORA DO FECHO www.savana.co.mz EF+BOFJSPEFt"/099*t/o 1096

IMAGEM DA SEMANA Diz-se... Diz-se

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t.BT RVFN IBWJB TJEP UBNCÏN DPHJUBEP QBSB 1. Ï P NJOJTUSP GFDF- CPPLFJSP UJEPDPNPPQBJCJPMØHJDPEBTNBMEJUBTRVBSFOUBWP[FTDSJBEBT FBmOBEBTQBSBEJBCPMJ[BSFN%IMFFMFWBSFNPDBDIJNCP'PJEFTDBSUBEP Assembleia provincial de Sofala. O fundo de ecrã dos monitores é a foto de Armando Guebuza, PR cessante OBIPSB NBTEFWFSÈDPOTFSWBSPBDUVBMQPTUP

t"TNÈTMÓOHVBTEJ[FN FOUSFUBOUP RVFP$IFGF"CFMIBEFWJBSFDPOIF- DFSEFWF[PCSJPEPNJOJTUSPDPOTFOTVBM'JHVSBEP"OPOP'BDFCPPLF EFWJBBDSFTDFOUBSBPTFVQPSUFGØMJPBTÈSFBTEF$POUSPMPEB*OGPSNBÎÍPF FMI defende equilíbrio entre 1SPQBHBOEBEP&TUBEP t1PSGBMBS FN QSPQBHBOEB F DPOUSBJOGPSNBÎÍP  OBiGÈCSJDB EF TPOIPT JOBMDBOÎÈWFJTw  QSFHBEB QFMP QBUP RVF KÈ OÍP WPB  P GFJUJÎP WJSPV DPO- USBPGFJUJDFJSPEFUBOUPQSPMJGFSBSP'BDFCPPLEFQFSmTNBTDBSBEPTBP crescimento e sustentabilidade TFSWJÎPEP1BSUJEÍPFEP(PWFSOP PTJTUFNBQBSFDFFTUBSJNQPUFOUFBP NBJPSBHJUQSPQEBPQPTJÎÍP PCFMJDJTUBFTJOJTUSP6OBZ$BNCVNB"TTJN DPNPPSFHJNF DPN4*4&ËNJTUVSB FOUSFHBWBBNÞMUJQMPTVUJMJ[BEPSFT PTQFSmTEF1SFHBEPSEP%FTFSUP "CFM.BCVLPF.BIFNCBT4JNBOHP  da dívida MÈQBSBPTMBEPTEB3VBEBHFTUBMJCFSUBEPSBEFTDPOmBTFTFSJBNFOUFRVF IBKBNVJUPTBHJUBEPSFTFQSPQBHBOEJTUBTEFDIPRVFBOUJTJTUFNBBGB[FS Por Ricardo Mudaukana MPHJOFMPHPVUOPQFSmMEF6OBZ$BNCVNB DPNGPUPEPNÓUJDP"OESÏ .BUTBOHBÓTTBDPNPNÈTDBSB Fundo Monetário Inter- mTDBM HFTUÍPEBTmOBOÎBTQÞCMJDBTF SFOUFT EF QFSTQFDUJWBT JODFSUBT OB nacional (FMI) aponta o PGPSUBMFDJNFOUPEBDBQBDJEBEFJOT- FDPOPNJB HMPCBM  BTTJOBMB B5FSDFJ- t4PCSFB+VMJVT/ZFSFSF DPNPmNEPOFHØDJPFOUSFB#SJUBMBS"S-JOEP equilíbrio entre o actual UJUVDJPOBM  QBSB BTTFHVSBS VNB HFT- SB 3FWJTÍP EP 14*  .PÎBNCJRVF FBFEJMJEBEF PTGPGPRVFJSPTEFQMBOUÍPFJOWFKPTPTEFBUBMBJBBHVBSEBN RVFP5SJCVOBM"ENJOJTUSBUJWPFB1(3BWFSJHVFNQSFTVNÓWFJTMBÎPTEF ímpeto do crescimento UÍPUSBOTQBSFOUFEPJOWFTUJNFOUPF DPOIFDFSÈVNDSFTDJNFOUPSPCVTUP  O TBOHVFFOFHØDJPTEFJNØWFJTRVFTFHBSBOUFUFSFNBÎVDBSBEPPDIÈRVF económico e a sustentabilidade fis- FOEJWJEBNFOUPQÞCMJDPT JNQVMTJPOBEPQFMBFYQBOTÍPEPTFD- OPTEJBTEFIPKFPNBMEJUP4BQPFODIFVEFTBMOÍPJPEBEPFB[FJUFOÍP cal e da dívida como o principal de- 0 '*. EFTDSFWF B DPODMVTÍP EBT UPS EPT SFDVSTPT OBUVSBJT F JOWFTUJ- EFPMJWFJSB safio de curto prazo para Moçam- OFHPDJBÎÜFT EPT DPOUSBUPT QBSB B NFOUPTOBTJOGSBFTUSVUVSBT bique, sublinhando, no entanto, QSPEVÎÍPEF(ÈT/BUVSBM-JRVFGFJ- 'JYBOEPBJOnBÎÍPNÏEJBBOVBMFN t&NQSFQBSBÎÍPEBTDFMFCSBÎÜFTEPTBOPTEP"/$FTUFTÈCBEP P1SF- que a economia do país continuará UP -/( DPNPVNiNBSDPDSÓUJDPw    BUÏ /PWFNCSP QBTTBEP  FN TJEFOUF+BDPC;VNBEFTMPDPVTFFTUBUFSÎBGFJSBË$JEBEFEP$BCP POEF “robusta” em 2015. DPOTJEFSBOEP P QSPKFDUP VN EPT DPOUSBTUF DPN VNB QPTUVSB mTDBM OVNDPNÓDJPEJTTFRVFPQBSUJEPJSÈHPWFSOBSBUÏPSFHSFTTPEF+FTVT NBJPSFTEB«GSJDBTVCTBBSJBOB NBJT FYQBOTJPOJTUB EP RVF P QSP- "MHVÏNEFWFSJBUFSBMFSUBEPBPOPTTPIPNFNEPQSJNFJSPUJSPQBSBRVF 0'.*BOBMJTBPDPNQPSUBNFOUPEB i" DPODMVTÍP EBT OFHPDJBÎÜFT EP HSBNBEPFDPNSFTFSWBTmOBODFJSBT BMBSHBTTFPIPSJ[POUFEBTVBHPWFSOBÎÍPQBSBNBJTEPRVFBOPT FDPOPNJBNPÎBNCJDBOBFNF DPOUSBUP QBSB B QSPEVÎÍP EF (ÈT NPEFTUBNFOUF BCBJYP EB NFUB  P PT IPSJ[POUFT QBSB P OPWP BOP OB /BUVSBM-JRVFGFJUPÏVNNBSDPJN- '.*BDPOTFMIBP#BODP.VOEJBMB t0IPNFNRVFBDSFEJUBRVFVNCBOIPEFDIVWFJSPÏBDVSBQFSGFJUBDPOUSB TVB5FSDFJSB3FWJTÍPEP*OTUSVNFO- QPSUBOUF QBSB P MBOÎBNFOUP EFTUF mDBSWJHJMBOUFFBBEFSJSBPTDPNQSP- P)*7OÍPQBSPVQPSBÓ&YQMJDPVRVFiOJOHVÏNDSJBVNDBWBMPQBSB UPEF"QPJPB1PMÓUJDB 14*OBTJHMB QSPKFDUP VNEPTNBJPSFTEB«GSJDB NJTTPT RVF BTTVNJV FN UFSNPT EF RVFTFKBPPVUSPBNPOUÈMPw/ÍPBENJSBRVFOFTUBQBSUFEPNVOEPBT FN JOHMÐT  DPODMVÓEB OB TFHVOEB- TVCTBBSJBOBw TVCMJOIBP'.* PSJFOUBÎÍP EB JOnBÎÍP QBSB B NFUB FMFJÎÜFTTFKBNVNBNFSBGPSNBMJEBEF GFJSB  QFMP DPOTFMIPFYFDVUJWP EP "QFTBS EPT FMFWBEPT SJTDPT EFDPS- EFmOJEBFNSFMBÎÍPB t&OPGPSNBMJTNPEFNPDSÈUJDPRVFTPNPT IÈRVFNOPNFJPEFUPEPP '.*FN8BTIJOHUPO FOUVTJBTNP DIFHB NFTNP B FTRVFDFSTF RVF UFNPT VNB $POTUJUVJÎÍP i0QSJODJQBMEFTBmPEFDVSUPQSB[P RVFTFGVOEBOPQMVSBMJTNPEFJEFJBT EFRVFB-JCFSEBEFEF*NQSFOTB ÏNBOUFSPÓNQFUPEPDSFTDJNFOUP  ÏPTFVWFÓDVMPQSJWJMFHJBEP1BJ QFSEPFPTRVFOÍPTBCFNPRVFEJ[FN FORVBOUP TF QSFTFSWB B TVTUFOUBCJ- MJEBEFmTDBMFEBEÓWJEB"TVTUFO- t/FNUVEPÏSVJNOPQBÓTWJ[JOIP&NmOBJTEPBOPQBTTBEP PQBSMBNFOUP UBCJMJEBEFmTDBMUFNEFDPNFÎBSOP BQSPWPVVNBMFJRVFUPSOBJMFHBMGVODJPOÈSJPTFTFSWJEPSFTQÞCMJDPTFTUB- 0SÎBNFOUPEP&TUBEPEF QBSB SFNMJHBEPTBFNQSFTBTRVFEJSFDUBPVJOEJSFDUBNFOUFFTUFKBNFOWPMWJEPT SFTUBVSBSVNBHFTUÍPmTDBMQSVEFO- FNOFHØDJPTDPNP&TUBEP4FDÈFOUSFOØTBNPEBQFHB BJOEBmDBNPT UFw EJ[P'.*OPTVNÈSJPEB5FS- TFNHPWFSOP DFJSB3FWJTÍPEP14* &OGBUJ[BOEPRVFPQBÓTSFHJTUPVVN EM VOZ BAIXA DSFTDJNFOUP FDPOØNJDP EF   t/B+VMJVT/ZFSFSF OÍPOBTVBQBSUFNBJTQSPCMFNÈUJDBQBSBPFEJMNBTOB FN   P DPOTFMIP FYFDVUJWP EP TVBQBSUFNBJTDPTNPQPMJUB DSFTDFBFYQFDUBUJWBTFP'MPSJOEP"CFMIB  '.* Ï QFMB DPOUJOVBÎÍP EF SFGPS- BMJÈT POPWP7BMFOUJOPEB1POUB7FSNFMIBWBJDPOUJOVBSBGB[FSSBMMJFTEF NBTFTUSVUVSBJTDIBWF JODMVJOEPOP EPJTRVBSUFJSÜFTDPNDBSSPTEFBMUBDJMJOESBEBFUPQPEFHBNBPGFSFDJEPT - *NQPTUPTPCSFP7BMPS"DSFTDFOUB FMI defende que a conclusão das negociações do contrato para a produção de QFMPTNPMFJSPTCFNTVDFEJEPTF4JMWFTUSFTEFTUBWJEB EP *7" FFNUPEBBBENJOJTUSBÎÍP Gás Natural Liquefeito é um marco importante Savana 09-01-2015 EVENTOS EVENTOS

MDSXWo 9 GH JDQHLUo GH 201 ‡ ANO ;;I ‡ No 1096 Hoyo-Hoyo 2015

terra deu uma volta com- pleta em torno do sol, completou o seu ciclo e, Aconsequentemente, deu por terminado o ano 2014, iniciando deste modo um novo ciclo. A tran- sição de um ano para o outro é ce- lebrada no mundo inteiro de várias maneiras e a gosto pessoal de acordo com as diferentes culturas e realida- des. Especialmente para a maioria do povo moçambicano, este é um momento de festa, em que se exal- tam os grandes feitos do ano que passa ou se espera um ano melhor em relação aos descontentamentos do ano transacto. O reivellon, uma das maiores celebrações do ano, foi nesta transição 2014/2015, como já é praxe, celebrado em vários cantos do país, com maior afluência na cos- ta moçambicana, onde estão situa- das as praias mais cobiçadas do con- tinente e do mundo. Nesta época do ano, com o verão ao rubro, as praias são o principal destino dos moçam- bicanos e também de estrangeiros, com maior predominância de sul- -africanos. No entanto, visitantes de outros países ocidentais e das Amé- ricas também escolhem praias da Peróla do Índico como seus destinos, algumas já mais bem conhecidas como Pemba, Ilha de Moçambique, Fernão Veloso, Chocas, Vilanculos, Tofo, Barra, Morrungulo, Bazaruto, Zongoene, Chidenguele, Xai-Xai, Bilene, Marracuene, Inhaca, Ponta de Ouro e Ponta de Malongane. Este ano os moçambicanos tiveram praticamente cinco dias para festejar a transição do ano, graças ao decreto do governo que concedeu tolerância de ponto aos trabalhadores públicos para os dias 31 de Dezembro 2014, meio dia, e 2 de Janeiro 2015, para todo o dia. Estes dias ligados ao fim-de-semana foram mais que su- ficientes para que os moçambicanos se deslocassem para os seus locais de escolha com um grupo mais abran- gente e que também tivessem tempo suficiente de descanço, para começar tugal, Brazil, entre outros. Os que bai, organizadores de eventos tenta- ram adeus a 2014 à espera do ‘Ano Na cidade americana de Nova York, bem o ano. têm menos posses passam em casa, ram ultrapassar o recorde mundial da Cabra’, que começa em 19 de moradores e turistas reuniram-se na Infelizmente, nesta epóca nem to- no seio da família e amigos. da maior iluminação por luzes de Fevereiro de 2015. Em Hong Kong, região da Times Square para ver a dos celebram como desejam, alguns De acordo com o site bbc.co.uk, as LED. Estas foram montadas no pré- fogos de artifício lançados do alto de tradicional descida da bola de cris- optam por ficar nas grandes cidades, cerimônias para marcar o início de dio mais alto do mundo. Já na Indo- arranha-céus iluminaram durante a festejar em locais públicos, como tal. Porém, a segurança foi reforça- 2015 ocorreram nas maiores cidades nésia, as cerimónias de passagem de oito minutos os céus da ex-colônia da devido a um protesto contra o hotéis, salões de festas, discotecas, do mundo, com queimas de fogos. ano ocorreram de forma mais discre- britânica. racismo que aconteceu na região. A em que são pagas quantias avultadas Na Nova Zelândia, a festa deu-se ta, devido à queda do voo QZ8501. Em Londres, a queima de fogos roupa branca continua a ser o sím- para buffets, música ao vivo e um quando um relógio gigante na Sky Em Tóquio, no Japão, padres xinto- ocorreu às margens do rio Tâmisa, outro tipo de entretenimento. Os Tower de Auckland fez a contagem ístas realizaram o tradicional ritual como de costume. No Brasil, mais de bolo predilecto para a transição, sem que têm posses optam por atraves- regressiva para 2015. Logo depois de final de ano no Santuário Meiji. dois milhões de pessoas reuniram-se esquecer o champagne e o fogo de sar fronteiras e oceanos para passar começaram os fogos na região do Nos próximos dias, mais de 3 mi- na praia de Copacabana, no Rio de artifício, outros símbolos do brinde em locais de sonho. Alguns destinos porto de Sydney, na Austrália, onde lhões de visitantes devem passar Janeiro, para assistir à queima de fo- ao novo ano, em que se espera que marcantes são a Cidade do Cabo, na mais de 1,5 milhão de pessoas reu- pelo local, onde irão rezar pela saúde gos, que durou cerca de 15 minutos. seja melhor que o transacto. Bem África do Sul, Zanzibar, na Tanzâ- niram-se para assistir à tradicional e prosperidade para o novo ano. O evento marcou a abertura das co- haja o ano 2015. nia, Angola, Dubai, Tailândia, Por- queima de fogos da cidade. Em Du- Na China, milhares de pessoas de- memorações dos 450 anos da cidade. Edson Bernardo 2 EVENTOS Savana 09-01-2015

BCI responde à demanda em Sofala

Banco Comercial e de particular incidência para a Agri- Investimento terminou cultura, Comércio e Pecuária, mas em alta o ano 2014, com também a todos os serviços a elas Oa inauguração de novas relacionadas”.“Devido à sua proxi- agências bancárias pelo país. Mais midade”, prosseguiu, “a Agência de recentemente inaugurou, em Sofa- Dondo vai também trazer melho- la, no distrito de Dondo, novas ins- rias na prestação de serviços às po- talações da sua agência bancária. pulações dos distritos de Muanza e Recebida em festa pela população Cheringoma”. local, a inauguração deste empre- Por seu turno, o Governador de So- endimento foi presidida pelo Go- fala refereiu ser “uma honra e o pri- vernador de Sofala, Félix Paulo, vilégio que temos de testemunhar a na presença do Administrador do inauguração da Agência do BCI na Distrito de Dondo, João Oliveira, nossa província e, em particular, no do Presidente da Comissão Exe- Distrito de Dondo”, continuando cutiva do BCI, Paulo Sousa, de por afirmar: “a inauguração desta membros dos governos Provincial, nova agência é tão importante para Distrital, Municipal, de colabora- a vida das nossas populações assim dores do BCI e de convidados. como para os agentes económicos, especialmente os das grandes e mé- Falando sobre os investimentos dias empresas. Ela contribui como do BCI em novas unidades de ne- factor impulsionador do processo gócio em Sofala, o PCE do BCI de desenvolvimento socio-econó- disse que é o “corolário do notável mico do país, bem como da banca- crescimento que se verifica neste rização da nossa economia”. Distrito e na Província. Este incre- Segundo Félix Paulo,“a banca e a confiança têm uma relação de se- mento tornou as antigas instalações to aos sinais que lhe são emitidos pulação de Dondo e das localidades Mais, sublinhou o dirigente que melhança e um espaço como este, pequenas para responder a uma pelos utentes dos seus serviços, não circunvizinhas com instalações mo- “esta Agência vai trazer, certa- com maior conforto e bem-estar, cada vez maior demanda dos nos- só aumentou o espaço de atendi- dernas, melhorando, deste modo, a mente, um impulso importante às cria condições para esta confiança”. sos clientes. O BCI, sempre aten- mento, como decidiu brindar a po- qualidade de prestação de serviços”. actividades económicas locais, com Edson Bernardo

Segunda colectânea da Movitel dá “boas-vindas” a 2015

nquanto a maioria das da Conceição, disse que a Movitel lhadores do ano 2014. música moçambicana empresas moçambica- tem vindo a crescer muito no país, E para animar a noite de gala, nas oferecem banque- no momento com mais de 5 mi- os trabalhadores da Movitel tes e cocktails nas vés- lhões de clientes. organizaram várias activida- oi recentemente lançado, na O lançamento deste disco, segun- E peras do natal e fim-do-ano, a “Tudo que foi alcançado constitui des tais como poesia, dança cidade de Maputo, o disco do a mCel, representada pelo chefe operadora de telefonia móvel uma responsabilidade, representa e canto e foram igualmente “Colecção de Ouro Volume do Grupo de Eventos, Patrocínios igualmente mais um desafio para escolhidos o melhor grupo 2”, uma colectânea de música e Promoções, Jonas Alberto, está, Movitel ofereceu uma noite F de gala aos seus colaborado- continuarmos a trabalhar”, acres- da noite e o melhor casal da por um lado, inserido no programa moçambicana editada pela Vidisco centou a PCA e afirmou: “con- noite, por sinal o que tives- Verão Amarelo, que este ano tem a res nesta segunda-feira, 5 de Moçambique, em parceria com a quistar clientes é facil o difícil é se um traje africano, já que o particularidade de apostar na músi- Janeiro, com o objectivo prin- mCel e o Gabinete da Primeira- retê-los”, e apelou desta feita aos objectivo era mesmo divulgar ca moçambicana e, por outro, vem cipal de dar as boas-vindas e -Dama da República de Moçam- colaboradores a optarem pela cul- a nossa cultura. fazer jus ao apoio que a operadora começo de actividades do ano bique, Maria da Luz Dai Guebuza. tura de trabalho, assumindo que a O evento inédito contou tem prestado à cultura. 2015. Por sua vez, o director-geral da empresa é de todos. com a participação do Em- O evento, que teve lugar no Ho- Para além do balanço dos três anos baixador do Vietname, a tel Polana, juntou no mesmo palco produtora, Vali Sauji, afirmou que “a ideia é lançar anualmente uma Na noite de gala, a Presidente de existência da operadora no país, PCA da Movitel, dos cola- nomes sonantes da música moçam- do Conselho de Administra- foram também eleitos naquela noi- boradores da empresa, entre bicana, dentre os quais Wazimbo, colectânea”, que reúna talentos mu- sicais moçambicanos, estando pre- ção daquela empresa, Safura te e premiados os melhores traba- outros convidadados. Hortêncio Langa, Banda Kakana, vista a organização de um festival Chico António, José Mucavele, en- musical, que se deverá realizar a 25 tre outros. de Junho, data em que se celebra o A colectânea é composta por 25 te- dia da independência de Moçambi- mas da autoria de músicos moçam- que. bicanos, tais como Pureza Wafino, “No próximo volume, esperamos ter Arão Litsuri, José Barata, Chico mais artistas nacionais, tanto jovens António, Mingas, David Mazem- como mais experientes, clássicos ou be, Stewart Sukuma, Júlia Mwitu, não, com o único objectivo de mos- Pedro Ben, Salimo Mohamed, Al- trar o melhor da música moçam- bertina Pascoal, Eugénio Mucavele, bicana”, disse Vali Sauji, citado no Eusébio Tamele, entre outros. comunicado. (Elisa Comé)

Sede da Movitel Wazimbo Savana 09-01-2015 EVENTOS 3

Anúncio de Matrículas A ECLC deseja aos pais, en- Podendo obter mais infor- carregados de educação e mações na secretaria daquela ao público em geral, feliz e escola sita na sede do bairro próspero ano novo lectivo. E Luís Cabral, entrada a partir informa que continua a ma- da Junta ou Maquinague ou tricular alunos da 6ª a 12ª pelos telefones: 21477080 ou classes por 350,00 meticais. 847700298. 4 EVENTOS Savana 09-01-2015

Barclays lança Melhora consciência social crédito de habitação sobre acesso à justiça

Barclays Bank Moçambi- to, salientando também o facto de, pesar de o acesso à jus- pulações estão a ser levadas a cabo levantes populacionais ligados que lançou recentemen- independentemente deste cresci- tiça continuar a ser um como forma de mostrar que a justiça à exploração de gás natural, tal te, em Maputo, o crédito mento, o país deparar-se ainda com dos grandes desafios é para o povo e não para um grupo como acontece noutros pontos à habitação para os seus alguma insuficiência nas infra-es- Apara maior parte dos ci- restrito ou elites. do país onde há exploração de O dadãos nacionais, devido a vários Sem avançar números, o procura- clientes Premier. Esta informação truturas e capital humano, altas ta- recursos naturais. foi disponibilizada durante uma xas de juros e alguma inexperiência constrangimentos com principal dor refere que, quando há registo Por sua vez, Aniceto Tumbo, cerimónia, na capital moçambica- do empresariado. destaque para o desconhecimen- de casos criminais, as populações chefe das operações da PRM a na, presidida por Rui Barros, ad- Por seu turno, Manuel Vieira, re- to das vias legais, o que é agrava- têm consciência de que o caso deve nível deste distrito de Vilanku- ministrador Delegado do Barclays, presentante da REC consulting do por questões de ordem finan- ser levado às instâncias apropriadas los, partilha da opinião que e contou com a participação do Mozambique, mostrou as tendên- ceira, as autoridades dos distritos para ser resolvido e não se socorrer nos últimos tempos é notória a economista Joaquim Dai e de Ma- cias do mercado em vários locais de Inhassoro e Vilankulo, no na justiça com as próprias mãos. preocupação das populações de nuel Vieira, CEO da REC Con- do país tais como Palma, Pemba, norte da província de Inhamba- Contudo, avançou que o principal procurarem pelas autoridades sulting Moçambique. Nampula, Tete, Matola entre ou- ne, apontam que já há um des- desafio é levar a justiça para todos e legalmente estabelecidas para tros. Afirmou ainda: “o esforço para pertar da consciência populacio- de forma cada vez mais célere, com exporem os seus problemas. o arrendamento e compra de casa nal de recorrer às vias legais para destaque para as populações que re- Segundo Tumbo, o que mais Durante o evento, o economista Jo- tratar dos seus problemas. sidem nos povoados distantes das aquim Tobias Dai apresentou a tese é igual, explicando assim o nível de preocupa as autoridades poli- vida bastante alta em Moçambique, sedes distritais. ciais daquele distrito são crimes sobre a análise económica do país. A tendência de fazer justiça com De acordo com Cutana, é justamen- Naquela ocasião, Dai defendeu que daí a importância desta iniciativa contra propriedades, homicí- do Banco. (Elisa Comé) as próprias mãos, como tem sido te por isso que há um contínuo tra- dios e suicídios alguns dos quais o crescimento da construção civil hábito principalmente no meio balho com as autoridades locais que está em contínuo desenvolvimen- movidos por questões passio- rural, tende a reduzir nos últimos são o principal parceiro, porque nem nais. todas as povoações contam com tempos. O facto deve-se ao atu- Em função das queixas que são postos policiais por perto, mas em rado trabalho de sensibilização e regularmente apresentadas às contrapartida o poder local está lá. palestras com as populações que autoridades, a cadeia distrital estão a ser levados a cabo pelas Deste modo, aponta que há um de Vilankulo já está a ressen- autoridades policiais, procurado- trabalho que visa potencializar as tir-se da situação o que gera rias distritais em parceria com as lideranças comunitárias que acom- enchentes. A propósito desta lideranças comunitárias. panham o dia-a-dia das suas co- situação, o chefe das operações Estas afirmações foram feitas pe- munidades para serem vigilantes e naquele distrito disse que o as- las autoridades ligadas a este pro- participarem às instâncias compe- sunto está a ser debatido junto à cesso nos distritos de Vilankulo e tentemente os casos reportados. procuradoria distrital de modo Inhassoro, no norte da província Até Novembro de 2014, a procu- a viabilizarem as penas alter- de Inhambane. radoria distrital de Inhassoro havia nativas e, consequentemente, Segundo o procurador distrital de tramitado cerca de 400 processos- Inhassoro, José Cutana, o acesso à -crime, dos quais mais da metade já reduzir o número da população justiça é um direito constitucio- haviam sido julgados. reclusória, mas não se esquecer nal e no quadro da promoção do Destes, o destaque vai para furtos, da componente da prevenção e acesso a estes serviços, prevenção tidos como consequência de desem- combate ao crime para que os e combate ao crime, várias acti- prego e crimes contra integridade indivíduos em causa sejam úteis vidades de sensibilização das po- física. Não há relatos de casos de à sociedade. (A.N) UX vence duas competições Kay Brito expõe nos Estados Unidos “Cores Móveis”

UX, startup moçambi- desafios para a internacionalização luções com elevado potencial para stá patente na Mediateca do viveu até aos 15 anos. Aos 14 anos, cana que desenvolveu o das suas plataformas a nível regio- a transformação social, a UX está BCI – Espaço Joaquim Chis- recebeu a primeira máquina foto- sano, em Maputo, a exposi- gráfica. Foi nessa altura que surgiu site emprego.co.mz, o nal e continental, tendo apresen- a desenvolver dois projectos para o maior portal de emprego tado ao painel as necessidades de ção fotográfica da artista Kay em si a paixão e a curiosidade pela próximo ano e actualizações no seu E A Brito, intitulada “Cores Móveis”, fotografia. em Moçambique venceu, recen- financiamento para expansão dos temente, em Silicon Valley, duas seus projectos. projecto mais conhecido, o empre- da artista Kay Brito. Patente até dia O seu percurso artístico baseia-se na competições de pitchs para star- Focada no desenvolvimento de so- go.co.mz. A.S 17 de Janeiro, a amostra é composta exploração da identidade individual tups. O pitch, que consiste numa por 35 fotografias, cuja maior parte e inspira-se na arte africana e mo- curta apresentação a um painel de foi tirada em Moçambique. Segun- derna. Artistas como Malangatana e investidores que avalia os méritos do a artista, as personagens das suas Robert Rauschenberg influenciaram de uma ideia ou negócio, é recor- fotografias são a natureza e as crian- o seu estilo estético e a maneira de rente no dinâmico ecossistema das ças, “o que sugere inocência e delica- lidar com a arte. Em 2010, Brito startups. Na primeira competição, deza inicial do ser”. estudou em Paris, onde aprofundou organizada pela Social Enterprise conhecimentos sobre artes visuais. Alliance de São Francisco, a UX “Esta exposição traz fotografias Em 2012, frequentou a escola de apresentou o “Biscate”, projecto feitas em momentos diferentes. Os arte Willem de Kooning, em Roter- com que venceu, no princípio deste conceitos são diversos e têm em co- dão na Holanda, tendo feito vários ano, o concurso “Fora-da-Caixa”, mum o uso da cor e do movimento”– cursos em artes plásticas. Em 2013, daí o título “Cores Móveis”. – “Com voltou a Paris, para frequentar a organizado pelo Ministério da Ci- estas cores, tento distorcer as fotos e escola de design, Parsons The New ência e Tecnologia de Moçambi- expor a minha visão, capturar a ma- School of Design. que e a GAPI. O “Biscate” é uma gia e a espontaneidade que as coisas Em 2014, Kay Brito voltou a Mo- plataforma híbrida que combina de todos os dias contêm”– afirma a çambique, para aprender com os tecnologias Web e SMS para a artista, para mais adiante considerar: artistas plásticos moçambicanos a procura e recrutamento de profis- “esta manipulação tenta demonstrar encontrar a raiz da sua criatividade. sionais do sector informal. como algo comum também pode ser “Enraizada numa firme convicção especial ou bizarro na sua maneira de que tudo na vida está ligado de Na segunda competição, a Elevator única”. uma ou de outra forma, espero criar Pitch, também em São Francisco, a Kay Brito nasceu em 1993 em For- uma peça complexa e substancial, UX destacou o potencial de cres- tCollins, nos Estados Unidos. Um combinando os vários meios de ar- cimento do sector de recrutamen- ano depois, por motivos familiares, tes visuais com as diferentes áreas do A equipa do UX startup Moçambique depois de receber as duas distinções to nos mercados emergentes e os mudou-se para Moçambique, onde conhecimento”, disse.