Universidade Federal Fluminense

ANNA CAROLINA DE JESUS DONATO

ESTUDO TRANSVERSAL DE ASPECTOS REPRODUTIVOS EM MICOS-DE-CHEIRO – SAIMIRI (VOIGT 1831) – PRIMATES MANTIDOS EM AMBIENTE EX-SITU NO SERVIÇO DE CRIAÇÃO DE PRIMATAS NÃO HUMANOS DA FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ (FIOCRUZ-RJ): AVALIAÇÃO SÉRICA DE PROGESTERONA, COLPOCITOLOGIA VAGINAL E OCORRÊNCIA DE SPP NA MICROBIOTA VAGINAL

Orientadora: Profª Drª Ana Maria Reis Ferreira

NITERÓI 2012

Universidade Federal Fluminense

ANNA CAROLINA DE JESUS DONATO

ESTUDO TRANSVERSAL DE ASPECTOS REPRODUTIVOS EM MICOS-DE-CHEIRO – SAIMIRI (VOIGT 1831) – PRIMATES MANTIDOS EM AMBIENTE EX-SITU NO SERVIÇO DE CRIAÇÃO DE PRIMATAS NÃO HUMANOS DA FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ (FIOCRUZ-RJ): AVALIAÇÃO SÉRICA DE PROGESTERONA, COLPOCITOLOGIA VAGINAL E OCORRÊNCIA DE STAPHYLOCOCCUS SPP NA MICROBIOTA VAGINAL

Tese apresentada ao Curso de Pós- Graduação em Patologia da Universidade Federal Fluminense, como requisito parcial para obtenção do Grau de Doutor. Área de concentração: Patologia Veterinária

Orientadora: Profª Drª Ana Maria Reis Ferreira

NITERÓI 2012

Donato, Anna Carolina de Jesus ESTUDO TRANSVERSAL DE ASPECTOS REPRODUTIVOS EM MICOS-DE-CHEIRO – SAIMIRI (VOIGT 1831) – PRIMATES MANTIDOS

EM AMBIENTE EX-SITU NO SERVIÇO DE CRIAÇÃO DE PRIMATAS NÃO HUMANOS DA FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ (FIOCRUZ-RJ): AVALIAÇÃO SÉRICA DE PROGESTERONA, COLPOCITOLOGIA VAGINAL E OCORRÊNCIA DE STAPHYLOCOCCUS SPP NA MICROBIOTA VAGINAL / Anna Carolina de Jesus Donato. Niterói, 2012. 123 f.

Tese de Doutorado – Programa de Pós-Graduação em Patologia Universidade Federal Fluminense, Faculdade de Medicina. Orientadora: Prof. Dra. Ana Maria Reis Ferreira

1.Samiri spp. 2. Patologia reprodutiva. 3.Staphylococcus spp. 4. Citologia vaginal. 5. Progesterona.

I. Universidade Federal Fluminense. II. Estudo transversal de aspectos reprodutivos em micos-de-cheiro – Saimiri (VOIGT 1831) – Primates mantidos em ambiente ex-situ no Serviço de Primatologia da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz-RJ): avaliação sérica de progesterona, colpocitologia vaginal e ocorrência de Staphylococcus spp na microbiota vaginal

ANNA CAROLINA DE JESUS DONATO

ESTUDO TRANSVERSAL DE ASPECTOS REPRODUTIVOS EM MICOS-DE- CHEIRO – SAIMIRI (VOIGT 1831) – PRIMATES MANTIDOS EM AMBIENTE EX- SITU NO SERVIÇO DE CRIAÇÃO DE PRIMATAS NÃO HUMANOS DA FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ (FIOCRUZ-RJ): AVALIAÇÃO SÉRICA DE PROGESTERONA, COLPOCITOLOGIA VAGINAL E OCORRÊNCIA DE STAPHYLOCOCCUS SPP NA MICROBIOTA VAGINAL

Tese apresentada ao Curso de Pós-Graduação em Patologia da Universidade Federal Fluminense, como requisito parcial para obtenção do Grau de Doutor. Área de concentração: Patologia Veterinária

Aprovada em 13 de dezembro de 2012.

BANCA EXAMINADORA:

Prof. Dr. André Luís Rios Rodrigues (Avaliador prévio) Universidade Federal Fluminense

Prof. Dra.Silvia Susana Bona de Mondino (Avaliadora prévia) Universidade Federal Fluminense

Dra. Eliane Pedra Dias Universidade Federal Fluminense

Dra. Márcia Cristina Ribeiro Andrade Fundação Oswaldo Cruz

Dra. Tatiana Kugelmeier Fundação Oswaldo Cruz

AGRADECIMENTOS

À Deus, pelo Dom Supremo da vida e fonte inesgotável de força.

À professora Dra. Ana Maria Reis Ferreira, modelo de entusiasta, pela orientação em mais etapa profissional e pela paciência infindável, carinho, cuidado, persistência e, sobretudo, amizade. Obrigada por me fazer enxergar os bons e maus exemplos nessa estrada acadêmica durante todos esses anos. Obrigada por ter acreditado no meu potencial, e por continuar acreditando.

Ao PPG em Patologia e à coodenadora Prof. Dra. Karin Gonçalves pela oportunidade, carinho e atenção, e por ser um exemplo de excelência aos corpos docente e discente. Obrigada pela sua severidade, austeridade, honestidade e serenidade.

À Fundação Oswaldo Cruz e colegas da equipe de tecnologistas composta pelas médicas veterinárias Lynn Cysne, Mônica Calado, Márcia Andrade, Tatiana Kugelmeier, Carla Campos, Beatriz Goldschmidt e pelo biólogo Clênio Viana. Aos técnicos do SCPrim que auxiliaram na execução desse trabalho João Carlos Ribeiro, David Cabral e Antônio Américo. Um agradecimento especial à antiga chefe médica veterinária Cláudia Lopes e ao atual, biólogo Fábio Alves, ambos por terem acreditado em mim e na importância do e aperfeiçoamento profissional, muito obrigada por terem me dado total apoio para o prosseguimento do doutorado.

Ao Departamento de Endocrinologia da UNESP Botucatu e ao colega e amigo médico veterinário Mário Balaro pela contribuição inestimável no processo das análises de progesterona.

À professora e coordenadora do curso de Estatística da Universidade Federal Fluminense, Dra. Ana Beatriz Fonseca, pelo apoio fundamental no processamento dos dados, disponibilidade e paciência.

À técnica Ana Rodrigues do Laboratório de Histotécnica do HUAP pelo trabalho exemplar, carinho, dedicação e acima de tudo paciência para me passar um pouquinho do seu vasto conhecimento.

Obrigada às secretárias do PPG Thereza Fontana por me aturar durante esses anos de pós-graduação, e também pela sua serenidade e simpatia, e Anícia Pires pela paciência e competência.

Aos professores colaboradores André Luís Rios Rodrigues, Felipe Zandonadi, Silvia Mondino, José Antônio Ribas, Walter Lilenbaum e Bruno Penna pela ajuda durante a execução desta tese, pelos conselhos, considerações, conselhos e não menos importante apoio moral.

À minha mãe, Tania Donato, pelo seu exemplo de pessoa íntegra e cuja formação sempre foi uma referência. Por ter tido paciência comigo durante esses quase 30 anos, e por ter me ensinado a ler para me ocupar, mesmo antes de ter me colocado na escola. Obrigada por ter me ensinado, desde pequena, que o conhecimento é algo que ninguém pode tirar de mim. Ao meu pai, Miguel Donato, pelo seu exemplo de força e perseverança. Obrigada por ser uma figura incansável e dura na queda. Obrigada por me ensinar a cair e levantar quantas vezes for necessário.

À minha irmã Amanda Donato, pelo seu exemplo profissional como dentista habilidosa. Obrigada por suas palavras, pelo seu apoio e carinho.

Aos meus amigos de faculdade que me acompanham durante todos esses anos, Kátia Silva, Vanessa Gonçalves, Vanessa Duque, Rodrigo de Oliveira. Mesmo longe, vocês estão sempre por perto! Obrigada por compreenderem a minha ausência, meu nervosismo, minha ansiedade durante esses anos de doutorado!

Ao amigo e sensei Fredie Hidalgo, obrigada pelos ensinamentos da arte do “caminho das mãos vazias”. Obrigada por me mostrar que o karate é muito mais do que mãos e pés vazios, trajar um kimono e uma faixa colorida. Obrigada por cada treino seu ser uma lição e ao mesmo tempo, uma válvula de escape durante esses estressantes anos de doutorado. Obrigada aos meus colegas e amigos karatekas Marcos Arruda, Renan Sadoyama, Caio França, Adriano Tamm e Caio Lois pelo companheirismo.

Obrigada ao queridíssimo amigo Diego Amaral pelo apoio durante todos esses anos de amizade. Obrigada pelo seu constante e inabalável bom humor!

Obrigada às amigas e colegas de profissão Alline Brasil, Dala Kezen e Daniela Martins pela amizade, compreensão e conselhos que só os que passaram pelo PPG sabem dar!

Obrigada às mais que amigas, minhas queridas comadres, Mariana Cazaux e Tatiana Gandelman, pelos longos aconselhamentos, pela paciência, pela compreensão das ausências e silêncio.

À querida amiga Monique Lima, um anjo caído do céu! Obrigada pela amizade e apoio técnico na reta final!

Obrigada a todos os animais, ressaltando os primatas não humanos, que são exemplo de vida, respeito e amor a todos nós. Um agradecimento especial a vocês, Malu (in memoriam) e Kika, salsichas queridas!

Obrigada ao meu amigo e marido, Mauro Fabri, pela sua paciência inesgotável. Obrigada por não ter desistido do nosso amor, mesmo separados pelo Oceano Atlântico durante esses intermináveis quatro anos. Obrigada por ter esperado, acreditando sempre que a distância verdadeira é a do lado de dentro. Obrigada por insistir e acreditar no nosso amor. Grazie d´esistere!

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO...... 17 2. OBJETIVOS...... 21 2.1 OBJETIVO GERAL...... 21 2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ...... 21 3. MATERIAL E MÉTODOS...... 22 3.1 ANIMAIS...... 22 3.1.1 Descrição do Ambiente de Criação dos Animais no Centro de Criação de Animais de Laboratório - Serviço de Primatologia (CECAL – SCPRIM – Fiocruz) ...... 22 3.1.2 Animais utilizados no estudo...... 25 3.2 METODOLOGIA...... 27 3.2.1 Contenção dos animais e coleta das amostras...... 27 3.2.2 Análise microbiológica...... 31 3.2.2.1 Isolamento e identificação bacteriana...... 31 3.2.2.2.1 Teste da catalase ...... 31 3.2.2.2.2 Teste da oxidação e fermentação da glicose (OF) ...... 31 3.2.2.2.3 Teste da coagulase livre...... 32 3.2.2.2.4 Teste de Disco-difusão ...... 32 3.2.3 Análise colpocitológica...... 33 3.2.4 Análise da progesterona ...... 34 3.2.5 Análise Estatística ...... 35 4. RESULTADOS...... 37 4.1 ANÁLISE DOS PRONTUÁRIOS INDIVIDUAIS...... 37 4.1.1 Perfil dos animais...... 37 4.1.2 Análise do perfil reprodutivo dos animais...... 41 4.2 ANÁLISE DAS AMOSTRAS BACTERIOLÓGICAS...... 60 4.2.1 Análise do isolamento de Staphylococcus spp a partir dos swabs vaginais...... 60 4.2.1.1 Avaliação do isolamento bacteriano...... 60 4.2.2 Perfil de susceptibilidade aos agentes antimicrobianos...... 68 4.2.3 Staphylococcus spp e resistência à meticilina ...... 75 4.3 COLPOCITOLOGIA ...... 75 4.3.1 Fases do ciclo estral ...... 75 4.4 NÍVEIS SÉRICOS DE PROGESTERONA DURANTE O PERIODO DE COLETA ...... 79 4.4.1 Concentração sérica geral ...... 79 5. DISCUSSÃO ...... 85 5.1 ASPECTOS SOBRE OS PRONTUÁRIOS INDIVIDUAIS ...... 85 5.2 ASPECTOS SOBRE OS PERFIS REPRODUTIVOS ...... 87 5.3 ASPECTOS SOBRE AS AMOSTRAS BACTERIOLÓGICAS ...... 90 5.3.1 Aspectos sobre perfil de susceptibilidade aos antimicrobianos ...... 93 5.3.2 Considerações sobre Staphylococcus spp. resistentes à meticilina .. 95 5.4 ASPECTOS SOBRE COLPOCITOLOGIA E DOSAGEM DE PROGESTERONA ...... 96 6. CONCLUSÕES ...... 102 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...... 104 8. ANEXOS ...... 119 8.1 ANEXO 1 Autorização do Comitê de Ética em Uso de Animais ...... 119 8.2 ANEXO 2 Mapa de população GN ...... 120 8.3 ANEXO 3 Mapa de população PN ...... 121 8.4 ANEXO 4 Calendário do manejo do ano de 2011 da colônia de Saimiri spp. do SCPrim ...... 122 8.5 ANEXO 5 Etapas da técnica de Papanicolaou para coloração de lâminas citológicas ...... 123

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Comparação de peso dos recintos 1 e 2 (espécie Saimiri ustus - origem Fiocruz), considerando a divisão por faixa etária (Fiocruz, maio de 2011) ...... 38 Tabela 2 – Comparação de peso dos recintos 3, 4, 5, 6 e 7 (espécie Saimiri sciureus - origem Fiocruz), considerando a divisão por faixa etária (Fiocruz, maio de 2011) ...... 39 Tabela 3 – Comparação de peso (em g) dos recintos 8 a 22 (espécie Saimiri sciureus - origem Cayenne), considerando a divisão por faixa etária (Fiocruz, maio de 2011) ...... 40 Tabela 4 – Número de fêmeas da espécie Saimiri ustus - origem Fiocruz, de acordo com a quantidade de parições (Fiocruz, maio de 2011)...... 42 Tabela 5 – Tabela do número de fêmeas da espécie Saimiri sciureus - origem Fiocruz, de acordo com a quantidade de parições (Fiocruz, maio de 2011)...... 42 Tabela 6 – Tabela da classificação das fêmeas da espécie Saimiri sciureus - origem Cayenne, de acordo com a quantidade de parições (Fiocruz, maio de 2011)...... 43 Tabela 7 – Distribuição das fêmeas maduras da espécie Saimiri spp de acordo com a quantidade de parições (Fiocruz, maio de 2011) ...... 44 Tabela 8 – Distribuição da quantidade de partos na espécie Saimiri ustus - origem Fiocruz de acordo com as faixas etárias (Fiocruz, maio de 2011)...... 45 Tabela 9 – Distribuição da quantidade de partos na espécie Saimiri sciureus - origem Fiocruz de acordo com as faixas etárias (Fiocruz, maio de 2011) ...... 45 Tabela 10 – Distribuição da quantidade de partos na espécie Saimiri sciureus - origem Cayenne de acordo com as faixas etárias (Fiocruz, maio de 2011) ...... 46 Tabela 11 – Média e desvio-padrão do intervalo entre partos na espécie Saimiri ustus - origem Fiocruz de acordo com as faixas etárias (Fiocruz, maio de 2011) ...... 47 Tabela 12 – Média e desvio-padrão do intervalo entre partos na espécie Saimiri sciureus - origem Fiocruz de acordo com as faixas etárias (Fiocruz, maio de 2011) ...... 48 Tabela 13 – Média e desvio-padrão do intervalo entre partos na espécie Saimiri sciureus - origem Cayenne de acordo com as faixas etárias (Fiocruz, maio de 2011) ...... 49 Tabela 14 – Frequência de fêmeas maduras da espécie Saimiri spp com intervalo após o último parto superior a 720 dias – ano reprodutivo de referência: 2011-2012 (Fiocruz, maio de 2011) ...... 50 Tabela 15 – Ocorrência de abortamentos na espécie Saimiri ustus - origem Fiocruz de acordo com as faixas etárias (Fiocruz, maio de 2011) ...... 51 Tabela 16 – Ocorrência de abortamentos na espécie Saimiri sciures - origem Fiocruz de acordo com as faixas etárias (Fiocruz, maio de 2011) ...... 52

Tabela 17 – Ocorrência de abortamentos na espécie Saimiri sciureus - origem Cayenne de acordo com as faixas etárias (Fiocruz, maio de 2011) ...... 53 Tabela 18 – Ocorrência de natimortos na espécie Saimiri ustus - origem Fiocruz de acordo com as faixas etárias (Fiocruz, maio de 2011)...... 54 Tabela 19 – Ocorrência de natimortos na espécie Saimiri sciureus - origem Fiocruz de acordo com as faixas etárias (Fiocruz, maio de 2011) ...... 55 Tabela 20 – Ocorrência de natimortos na espécie Saimiri sciureus - origem Cayenne de acordo com as faixas etárias (Fiocruz, maio de 2011)...... 56 Tabela 21 – Índice de desfrute na espécie Saimiri ustus - origem Fiocruz (Fiocruz, maio de 2011) ...... 57 Tabela 22 – Índice de desfrute na espécie Saimiri sciureus - origem Fiocruz (Fiocruz, maio de 2011) ...... 58 Tabela 23 – Índice de desfrute na espécie Saimiri sciureus - origem Cayenne (Fiocruz, maio de 2011) ...... 59 Tabela 24 – Ocorrência de colonização vaginal por Staphylococcus spp na espécie Saimiri ustus - origem Fiocruz, de acordo com as faixas etárias (Fiocruz, maio de 2011) ...... 61 Tabela 25 – Ocorrência de colonização vaginal por Staphylococcus spp na espécie Saimiri sciureus - origem Fiocruz, de acordo com as faixas etárias (Fiocruz, maio de 2011) ...... 62 Tabela 26 – Ocorrência de colonização vaginal por Staphylococcus spp na espécie Saimiri sciureus - origem Cayenne, de acordo com as faixas etárias (Fiocruz, maio de 2011) ...... 63 Tabela 27 – Ocorrência da colonização vaginal por Staphylococcus spp na população de Saimiri ustus Fiocruz de acordo com o número de parições por fêmea por faixa etária (Fiocruz, maio de 2011) ...... 64 Tabela 28 – Ocorrência da colonização vaginal por Staphylococcus spp na população de Saimiri sciureus Fiocruz de acordo com o número de parições por fêmea por faixa etária (Fiocruz, maio de 2011) ...... 65 Tabela 29 – Ocorrência da colonização vaginal por Staphylococcus spp na população de Saimiri sciureus Cayenne de acordo com o número de parições por fêmea por faixa etária (Fiocruz, maio de 2011) ...... 66 Tabela 30 – Frequência da colonização vaginal por Staphylococcus spp na população de Saimiri spp Fiocruz, dentro das categorias de número de parições por fêmea (Fiocruz, maio de 2011)...... 67 Tabela 31 – Frequência de resistência a pelo menos um antimicrobiano na população de Saimiri spp que apresenta colonização vaginal por Staphylococcus spp (Fiocruz, maio de 2011) ...... 69 Tabela 32 – Frequência de susceptibilidade a antimicrobianos em Staphylococcus spp isolados em ambiente vaginal na população de Saimiri spp (Fiocruz, maio de 2011)...... 69 Tabela 33 – Frequência susceptibilidade a antimicrobianos em Staphylococcus spp isolados em ambiente vaginal na população de Saimiri spp considerando as faixas etárias (Fiocruz, maio de 2011) ...... 70

Tabela 34 – Frequência susceptibilidade a dez agentes antimocrobianos testados em Staphylococcus spp isolados em ambiente vaginal na população de Saimiri ustus Fiocruz (recintos 1 e 2) e Saimiri sciureus (recintos 3, 4, 5, 6 e 7) considerando as faixas etárias (Fiocruz, maio de 2011)...... 71 Tabela 35 – Frequência de resistência a cinco agentes antimicrobianos testados em Staphylococcus spp isolados em ambiente vaginal na população de Saimiri sciureus Cayenne considerando as faixas etárias (Fiocruz, maio de 2011) – Parte 1 de 2...... 73 Tabela 36 – Frequência de resistência a cinco agentes antimicrobianos testados em Staphylococcus spp isolados em ambiente vaginal na população de Saimiri sciureus Cayenne considerando as faixas etárias (Fiocruz, maio de 2011) – Parte 2 de 2...... 74 Tabela 37 – Fases do ciclo estral na população de Saimiri spp Fiocruz, durante o período de coleta de material para colpocitologia em maio de 2011 e fêmeas paridas paridas durante a época de partos (entre setembro de 2011 e abril de 2012) no ano reprodutivo 2011/2012...... 76 Tabela 38 – Fases do ciclo estral nos recintos da população de Saimiri ustus Fiocruz de acordo com as faixas etárias, durante o período de coleta de material para colpocitologia em maio de 2011, considerando o ano reprodutivo 2011/2012...... 77 Tabela 39 – Fases do ciclo estral nos recintos da população de Saimiri sciureus Fiocruz de acordo com as faixas etárias, durante o período de coleta de material para colpocitologia em maio de 2011, considerando o ano reprodutivo 2011/2012...... 77 Tabela 40 – Fases do ciclo estral nos recintos da população de Saimiri sciureus Cayenne de acordo com as faixas etárias, durante o período de coleta de material para colpocitologia em maio de 2011, considerando o ano reprodutivo 2011/2012...... 78 Tabela 41 – Concentração sérica de progesterona (média e desvio padrão, em ng/mL) na espécie Saimiri ustus - origem Fiocruz de acordo com as faixas etárias (Fiocruz, maio de 2011)...... 82 Tabela 42 – Concentração sérica de progesterona (média e desvio padrão, em ng/mL) na espécie Saimiri sciureus - origem Fiocruz de acordo com as faixas etárias (Fiocruz, maio de 2011)...... 83 Tabela 43 – Concentração sérica de progesterona (média e desvio padrão, em ng/mL) na espécie Saimiri sciureus - origem Cayenne de acordo com as faixas etárias (Fiocruz, maio de 2011)...... 84

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – A: vista aérea dos Gaiolões Neotropicais (GN). B: Unidade de recinto do tipo GN em detalhe. C: Recinto do tipo GN, detalhe para a área descoberta (externa), com poleiros. D: Visão geral do Pavilhão Neotropical (PN). E: Visão da área interna do PN, em que estão localizados 14 recintos. Fonte: Arquivo SCprim...... 24 Figura 2 - Exemplares de Saimiri ustus (A) e Saimiri sciureus (B) (Fonte: Arquivo SCPrim)...... 26 Figura 3 – A: contenção física de exemplar de mico-de-cheiro. B: confecção de tatuagem durante manejo médico anual. C: coleta de sangue por venopunção femoral. D: coleta de material para análise bacteriológica utilizando swab. E: coleta de material para colpocitologia com auxílio de escova Bitufo®. F: técnica de rolamento em lâmina para análise colpocitológica. (Fotos: Fiocruz/SCPrim – maio/2011)...... 30 Figura 4 – Aspectos citológicos em Saimiri spp. - A: Fase de estro, com predominância de células superficiais (400X, negativo). B: Fase de diestro, ilustrando células parabasais (400X, negativo) (Fotos: Faculdade de 34 Veterinária/UFF – setembro/2012)......

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – Representação gráfica em Box-plot da distribuição de valores da concentração sérica de progesterona da população de Saimiri spp (Fiocruz, maio de 2011)...... 80

Gráfico 2– Representação gráfica em Box-plot da distribuição de valores da concentração sérica de progesterona, segundo as faixas etárias da população de Saimiri spp (Fiocruz, maio de 2011)...... 80

Gráfico 3 - Representação gráfica em Box-plot da concentração sérica de progesterona, segundo origem (Fiocruz ou Cayenne) da população de Saimiri spp (Fiocruz, maio de 2011)...... 81

Gráfico 4 - Representação gráfica em Box-plot da concentração sérica de progesterona, segundo a espécie (Saimiri sciureus e S. ustus) da população de Saimiri spp (Fiocruz, maio de 2011)...... 81

RESUMO O Brasil abriga a maior fauna primatológica do planeta e esse patrimônio encontra- se ameaçado de extinção devido a destruição ambiental. Além do aspecto conservacionista, a manutenção em cativeiro apresenta outra faceta relevante: a utilização como modelos biológicos em pesquisas biomédicas e fornece dados importantes, contribuindo na literatura científica. O objetivo do presente estudo foi avaliar aspectos da fisiopatologia da reprodução de fêmeas reprodutivas, não reprodutivas e nulíparas durante o início da temporada reprodutiva de micos-de- cheiro (Saimiri spp) pertencentes à colônia da Fundação Oswaldo Cruz. Visamos também determinar a ocorrência de Staphylococcus spp. na microbiota vaginal da colônia de Saimiri spp da Fiocruz; avaliar o perfil de suscetibilidade aos antimicrobianos das amostras isoladas, verificando a ocorrência de Staphylococcus spp resistentes à meticilina; descrever os achados colpocitológicos em fêmeas de micos-de-cheiro (Saimiri spp) e determinar as concentrações séricas de progesterona em fêmeas de micos-de-cheiro (Saimiri spp). Foram avaliadas 177 fêmeas (Saimiri sciureus e S. ustus) com idade de três a 22 anos, quanto a colonização vaginal por Staphylococcus spp, a dosagem de concentração sérica de progesterona por radio-imunoensaio e avaliação colpocitológica (foram excluídas aquelas com menos de 4 anos, por serem imaturas sexualmente). Como resultados, foi observado média de concentração sérica de progesterona de 14,076±11,304 ng/mL no âmbito geral. Das 177 fêmeas, 56,5% foram classificadas como cíclicas após avaliação colpocitológica. Foi observada colonização vaginal por Staphylococcus spp, em 54,2% das fêmeas e em 18,1% com menos de 4 anos, 30,9% entre 4 e 10 anos e 51,1% com mais de 10 anos (p<0,05). Considerando fêmeas nulíparas, a colonização foi de 45,3%, de 16,8% em primíparas e 37,9% nas pluríparas. Houve colonização por Staphylococcus spp. em 10,5% das fêmeas com históricos de abortamento e igual percentual para natimortos (p>0,05). A gentamicina mostrou-se mais eficaz (100%) e a tetraciclina a menos indicada, com resistência em 28,4%. Em 13,7% das amostras foram evidenciadas cepas resistentes à meticilina. Concluiu-se que diante do percentual de isolamento de Staphylococcus spp em 54,2% das amostras vaginais dos animais estudados; foi apontada uma maior frequência de colonização vaginal por Staphylococcus spp. em faixa etária de micos-de-cheiro com mais de dez anos; não foi observada relação entre a a colonização vaginal estafilocócica com maior experiência reprodutiva materna e tampouco com a ocorrência de abortamentos e natimortos; cepas de Staphylococcus spp. coagulase-negativas isoladas em amostras vaginais são mais frequentes que as coagulase-positivas; a gentamicina foi o antibiótico de maior susceptibilidade, enquanto que a tetraciclina teve a maior taxa de resistência; o isolamento de cepas resistentes à meticilina reforça os cuidados com biossegurança na colônia; Saimiri spp apresentam achados colpocitológicos semelhantes àqueles descritos em primatas humanos e não humanos, sendo uma ferramenta útil para a avaliação de ciclicidade em Saimiri spp.

Palavras-chave: patologia comparada, mico-de-cheiro, fisiopatologia da reprodução

ABSTRACT

Brazil is home to the largest primatological fauna of the planet and this heritage is threatened with extinction due to environmental destruction. Besides the aspect of conservation, maintenance in captivity presents another facet relevant: use as models in biological and biomedical research provides key data, contributing to the scientific literature. The aim of this study was to evaluate aspects of the pathophysiology of reproduction of female reproductive and non-reproductive gilts during early reproductive season Saimiri spp colony belonging to the Oswaldo Cruz Foundation. We aim also to determine the occurrence of Staphylococcus spp. vaginal microbiota in the colony of Saimiri spp Oswaldo Cruz Foundation; evaluate the profile of antimicrobial susceptibility of isolates, verifying the occurrence of methicillin-resistant Staphylococcus spp; colpocytologic describe findings in female squirrel monkey (Saimiri spp) and determine serum concentrations of progesterone in female squirrel monkey (Saimiri spp.) We evaluated 177 females (Saimiri sciureus and S. ustus) aged three to 22 years, as vaginal colonization by Staphylococcus spp, the dosage of progesterone concentration by radioimmunoassay and colpocytologic evaluation (excluded were those with less than 4 years because they are sexually immature). As results, observed mean serum concentration of progesterone 14,076 ± 11,304 ng / mL in general. Of the 177 females, 56,5% were classified as cyclical after colpocytologic evaluation. It was observed vaginal colonization by Staphylococcus spp in 54,2% of females and 18,1% with less than 4 years, 30,9% between 4 and 10 years and 51,1% over 10 years (p<0,05). Considering females, colonization was 45,3%, 16,8% and 37,9% in nulliparous, primiparous and pluriparous, respectively. There were colonization by Staphylococcus spp. 10,5% of females with histories of miscarriage and stillbirth for equal percentage (p>0,05). Gentamicin was more effective (100%) and tetracycline unless indicated with resistance at 28,4%. In 13,7% of the samples were found methicillin-resistant strains. It was concluded that given the percentage of isolation of staphylococci in 54,2% of vaginal samples of the animals studied, was appointed an increased frequency of vaginal colonization by Staphylococcus spp. in aged squirrel monkey with more than ten years; no relationship was observed between a vaginal staphylococcal colonization with higher maternal reproductive experience, nor with the occurrence of miscarriages and stillbirths; Staphylococcus spp. Coagulase-negative isolated from vaginal samples are more frequent than the coagulase positive; gentamicin was the antibiotic susceptibility greater, whereas tetracycline had the highest rate of resistance; the isolation of strains resistant to methicillin enhancing the biosafety care in colony; Saimiri spp colpocytologic present findings were similar to those described in human and nonhuman primates, being a useful tool for the evaluation of cyclicity in Saimiri spp.

Keywords: comparative pathology, neotropical primates, squirrel monkey, reproduction physiopathology.

17

1. INTRODUÇÃO

O Brasil abriga a maior fauna primatológica do planeta, entretanto, grande parte deste patrimônio encontra-se ameaçado de extinção a curto, médio ou longo prazo em decorrência, principalmente, da destruição ambiental. A manutenção de populações estáveis das diferentes espécies de primatas em cativeiro nos permitirá compreender de forma mais ampla os diversos aspectos de sua biologia, além de proporcionar à comunidade científica um maior conhecimento sobre a diversidade de nossa fauna. Tanto o aprendizado científico quanto o reconhecimento e admiração populares, conseguidos com a manutenção destes símios, são fundamentais para a preservação de suas espécies, não apenas ex-situ, mas também em seus ambientes naturais (DINIZ, 1997).

Além do aspecto conservacionista, a manutenção das diferentes espécies de primatas não humanos em cativeiro apresenta outra faceta relevante: a utilização como modelos biológicos em pesquisas biomédicas que direta ou indiretamente favorecem o bem estar humano (MITTERMEIER et al., 1994).

Apesar da possibilidade de extinção, os pesquisadores das áreas biomédica e comportamental têm demonstrado grande interesse na utilização dos primatas do Novo Mundo como modelos experimentais. Entre as vantagens apontam o pequeno tamanho, a produção regular de gêmeos e maturidade atingida em aproximadamente 24 meses

18

de idade. Além disso, os calitriquídeos (primatas de pequeno porte e cauda não preênsil) produzem gêmeos fraternos e desenvolvem uma placenta vascular com anastomose entre os fetos permitindo o quimerismo hematopoiético, tornando-os bastante interessantes para os estudos imunológicos (COIMBRA-FILHO et al., 1983; DINIZ, 1997).

Apesar disto, observam-se poucos estudos referentes à patologia, particularmente em símios do Novo Mundo e, consequentemente, pouco se sabe sobre as possibilidades que cada uma das formas de platirrino (designação para primata do Novo Mundo, ou seja, aqueles que apresentam narinas afastadas) possa ser um bom modelo à Patologia Experimental. Do estudo aprofundado dos processos mórbidos que espontaneamente acometem estes animais, poderão surgir novas linhas de pesquisas, que visem à saúde, o bem-estar e assim a conservação desses animais, bem como para o benefício humano. Sem tais projetos de uso de símios para benefício da humanidade, o conhecimento sobre estes mamíferos dificilmente será ampliado no ritmo necessário, inviabilizando a conservação de um grande número (MONTALI et al., 1993; MONTALI et al., 1995; PISSINATTI et al., 1987).

O processo de transição do ambiente selvagem para o cativeiro implica na exposição dos animais a uma grande variedade de causas de estresse, relacionada com o ambiente, a alimentação e as condições sociais, entre outras. A submissão contínua ao estresse por erros no manejo (como por exemplo, temperatura ambiental inadequada, dieta não balanceada), perturbações ambientais (por exemplo, ruídos excessivos, introdução de novos animais), ou ainda, uma combinação entre as possíveis causas supracitadas podem provocar a estes animais um aumento na suscetibilidade a diversos agentes infecciosos, além da queda no seu rendimento reprodutivo (DINIZ, 1997).

O conhecimento da microbiota vaginal normal é de suma importância para estabelecer o diagnóstico e tratamento adequados para afecções do trato reprodutor (DOYLE et al., 1991). Foram descritos em macaco rhesus o isolamento de estafilococos

19

em casos de piometra (LANG & BENJAMIN, 1969), infecções vaginais toxigênicas (POLLACK et al., 1983) e infecções uterinas ascendentes (SWINDLE et al., 1982). Assim, uma melhor compreensão sobre as espécies de estafilococos que ocorrem na microbiota vaginal e a sua susceptibilidade a agentes antimicrobianos pode contribuir para o manejo correto de vaginites e outras afecções reprodutivas.

A maioria dos casos de infecção relatados em primatas não humanos na literatura é atribuída à espécie S. aureus. Porém, alguns estudos não realizam identificação completa, e, portanto, a importância de certas espécies estafilocócicas não está clara (ASPIS et al., 2003).

Em primatas não humanos, a composição da microbiota vaginal é pouco conhecida, e há hipóteses que afirmam que espécies filogeneticamente próximas tendem a apresentar microbiota semelhante, ao contrário do que acontece em espécies com menor filogenia (NOGUCHI et al., 2003). Dessa forma, primatas não humanos podem exibir microbiota similar àquela dos seres humanos (RIVERA et al., 2011).

Bactérias do gênero Staphylococcus spp foram descritas como integrantes da microbiota vaginal normal de primatas não humanos, tais como chimpanzés (Pan troglodytes) [BONCYK & KALTER, 1972], babuínos (Papio anubis) [SKANGALIS et al., 1979; RIVERA et al., 2011], bugio (Alouatta caraya) [CLAVER et al., 1984], macaco rhesus (Macaca mulatta) [DOYLE et al., 1991], macaco rabo-de-porco (Macaca nemestrina) [LICHTENWALNER et al., 2000], mico-leão-dourado (Leontopithecus rosalia), mico-leão-da-cara-dourada (Leontopithecus chhrysomelas) e mico-leão-da- cara-preta (Leontopithecus caissara) [LILENBAUM et al., 2004]. Não há na literatura descrição de ocorrência de Staphylococcus spp na microbiota vaginal de Saimiri spp.

Assim como na espécie humana, uma das alterações mais comuns do trato genital em todos os primatas é a vaginite, causada por uma variedade de microrganismos que podem atuar, em certas situações, como oportunista. Também podem provocar complicações como abortamento séptico (ISENBERG & D´AMATO,

20

1995). Esta e outras infecções tais como cervicite, metrite e piometra podem influenciar na reprodução destes animais. Portanto, é importante detectar as populações bacterianas de ocorrência contínua ou ocasional destes animais, a fim de compreender seu potencial como fonte endógena de infecção (LILENBAUM et al., 2004).

Com isso, este estudo pioneiro visa contribuir nas áreas de microbiologia, criação e reprodução ex-situ de micos-de-cheiro, importante modelo experimental em várias áreas, incluindo estudos sobre doenças tropicais, etologia, neurologia, entre outros, além de ser considerado modelo experimental padrão-ouro para pesquisas sobre malária. Diante destes fatos, a avaliação hormonal de progesterona atrelada aos achados colpocitológicos e à pesquisa de Staphylococcus spp. da microbiota vaginal em micos-de-cheiro são dados importantes que auxiliam no preenchimento da lacuna de conhecimento da área de primatas não humanos.

21

2. OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL

• Avaliar aspectos da fisiologia da reprodução de fêmeas reprodutivas, não reprodutivas e nulíparas durante o início da temporada reprodutiva de micos-de-cheiro (Saimiri spp) pertencentes à colônia da Fundação Oswaldo Cruz.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

• Determinar a ocorrência de Staphylococcus spp. na microbiota vaginal da colônia de Saimiri spp da Fundação Oswaldo Cruz;

• Avaliar o perfil de suscetibilidade aos antimicrobianos das amostras isoladas, verificando a ocorrência de Staphylococcus spp resistentes à meticilina;

• Descrever os achados colpocitológicos em fêmeas de micos-de-cheiro (Saimiri spp);

• Determinar as concentrações séricas de progesterona em fêmeas de micos-de-cheiro (Saimiri spp).

22

3. MATERIAL E MÉTODOS

Este estudo foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética no Uso de Animais (CEUA) da Fundação Oswaldo Cruz sob o número L-069/08 e é válido até 17 de dezembro de 2012, e posteriormente foi submetido e aprovado pelo Comitê de Bioética da Universidade Federal Fluminense sob o protocolo 00152-12 (Anexo 1).

3.1 ANIMAIS

3.1.1 Descrição do Ambiente de Criação dos Animais no Centro de Criação de Animais de Laboratório - Serviço de Criação de Primatas não Humanos (CECAL – SCPRIM – Fiocruz)

A obtenção das amostras para a condução dos diversos estudos foi realizada no SCPrim da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), localizado no bairro de Manguinhos (Rio de Janeiro – RJ), que reproduz um ambiente semelhante àquele de origem dos animais. Neste local a visitação é restrita e o acesso é exclusivo aos técnicos e veterinários do Setor por questões de biossegurança.

Os recintos onde os animais são mantidos estão localizados ao ar livre dentro do campus da Fiocruz, e foram construídos em disposição tal que evita o estresse visual pelos outros grupos sem impedir o contato olfativo e auditivo. Os grupos familiares ou

23

de reprodução são mantidos nestes recintos que dispõem de poleiros de madeira posicionados horizontalmente.

Os animais da colônia de micos-de-cheiro da Fiocruz estão divididos em dois tipos de recinto: Gaiolões Neotropicais (GN) e Pavilhão Neotropicais (PN).

Os GN são recintos contendo uma parte coberta (refúgio) e outra parte descoberta, que se encontram na área externa, nos quais os animais têm uma visão do ambiente natural. Desta forma, através das grades, os animais têm contato constante com a fauna e flora adjacente, tanto visualmente quanto auditivamente. Os GN são identificados com números de um a seis e cada um deles subdividido em compartimento A e B (por exemplo: GN1A, GN1B) totalizando 12 recintos cobertos (Figura 1: A, B e C). Em anexo (anexo 1), encontra-se a distribuição dos animais no mapa de população por recinto GN. É importante ressaltar ainda, conforme o anexo 1, que dos 12 recintos GN, cinco abrigavam S. sciureus da colônia Fiocruz, e dois deles, S. ustus da colônia Fiocruz. Os cinco recintos restantes foram excluídos do estudo, pois os grupos sociais eram formados somente por machos, sendo dois deles de animais da colônia Fiocruz (um recinto com S. ustus e o outro de S. sciureus), enquanto que os três recintos restantes continham S. sciureus oriundos de Cayenne.

O outro tipo de recinto - PN é constituído por uma unidade térrea totalmente coberta; os recintos são isolados por grades de ferro e encontram-se ladeados por corredores (dois laterais e um central), impossibilitando a visão dos animais para o ambiente externo. Os PN são numerados de um a 14 (PN1 a PN14), localizados dentro do Pavilhão de Neotropicais (Figura 1: D e E). No anexo 2, encontra-se a distribuição dos animais no mapa de população por recinto PN, onde se nota que 100% dos animais abrigados eram da espécie S. sciureus provenientes de Cayenne.

24

Figura 1 – A: vista aérea dos Gaiolões Neotropicais (GN). B: Unidade de recinto do tipo GN em detalhe.C: Recinto do tipo GN, detalhe para a área descoberta (externa), com poleiros. D: Visão geral do Pavilhão Neotropical (PN). E: Visão da área interna do PN, em que estão localizados 14 recintos. Fonte: Arquivo SCprim.

A B

C D

E

25

Todos os recintos contam com bebedouro automático do tipo chupeta em aço inox, como os usados em suinocultura, e garante consumo ad libitum sempre com as condições de potabilidade. A alimentação foi feita em sistema de duas vezes ao dia, sendo oferecido pela manhã ração peletizada para primatas (Nuvital®). No início da tarde, depois de retiradas as sobras de alimentos da primeira refeição eram fornecidas frutas diversas, além de ovos de codorna e larvas de tenébrio, obedecendo a um esquema de cardápio diário balanceado. Outra informação relevante é que, durante o período de coleta do estudo (de 02/05/2011 até 07/06/2011), o fotoperíodo médio foi de 12 horas, devido à localização geográfica no hemisfério sul (-22º 52´ S).

3.1.2 Animais utilizados no estudo

O presente estudo utilizou 177 fêmeas da colônia de mico-de-cheiro da Fiocruz com idade entre três e 22 anos de idade, sendo 95,5% (169 animais) da espécie Saimiri sciureus, e apenas 4,5% (oito animais) da espécie Saimiri ustus.

A idade inferior a três anos foi considerado um fator de exclusão neste estudo, pois de acordo com COE, SMITH & LEVINE (1985), somente ao redor de três anos de idade, as fêmeas jovens da espécie Saimiri sciureus apresentam variações hormonais similares às observadas em fêmeas adultas, e a puberdade ocorre ao redor de dois anos e meio de idade. Outro critério de exclusão foi o uso de qualquer tipo de fármaco ou agente antimicrobiano nos últimos seis meses.

Para determinar o perfil etário dos animais em estudo, foram divididos nas seguintes categorias etárias: imaturas (menos de quatro anos de idade, correspondendo a 14,1% dos animais), adultas (entre quatro e 10 anos de idade, abrangendo 22% dos animais) e idosas (mais de 10 anos de idade, totalizando 59,3% das fêmeas estudadas). Em oito dos 177 animais em estudo não havia informação da idade no prontuário individual, correspondendo a 4,5% dos animais em estudo. Entretanto, esses animais não foram excluídos do estudo, já que todos em questão eram maduros (mais de quatro anos).

26

A colônia de mico-de-cheiro do SCPrim-Fiocruz é composta por duas espécies atualmente disponíveis em cativeiro: Saimiri ustus e Saimiri sciureus (Figura 2). A colônia da espécie S. ustus foi estabelecida na Fiocruz em meados dos anos 80, através da introdução de animais capturados na região amazônica, durante a mesma época da fundação da colônia de S. sciureus e está distribuída em grupos sociais em dois recintos do tipo GN (anexo 2).

Já a espécie S. sciureus é dividida em duas populações: uma estabelecida na Fiocruz, de exemplares capturados na região amazônica em meados dos anos 80 e (distribuídos em cinco recintos do tipo GN, conforme anexo 2), e a de Cayenne, cujos animais são oriundos da criação ex-situ do Instituto Pasteur da Guaiana Francesa, doados à Fundação Oswaldo Cruz no início do ano de 2009, e estão abrigados em 14 recintos do tipo PN (anexo 3).

Com relação à origem dos animais, 73,4% (130 fêmeas) são oriundos de Cayenne, através da importação em 2009 em convênio entre Brasil (Fundação Oswaldo Cruz) e Guiana Francesa (Instituto Pasteur). Os 26,6% restantes, correspondentes a 47 fêmeas, são oriundas da colônia Fiocruz, constituída em 1988 por apreensão na região da Bacia Amazônica.

Figura 2 - Exemplares de Saimiri ustus (A) e Saimiri sciureus (B) Fonte: Arquivo SCprim .

A B

27

No SCPrim, cada animal é registrado por meios de prontuário individual, no qual constam dados como data de nascimento, histórico reprodutivo (número de partos, intervalo entre partos, abortamentos e outros problemas reprodutivos) e clínicos (peso, aplicação de medicamentos, realização de procedimentos cirúrgicos, entre outros).

Com relação à quantidade de partos por fêmeas, estas foram classificadas em nulíparas, primíparas e pluríparas, totalizando, respectivamente, 41,2%, 39,0% e 19,2%. Das 177 fêmeas em estudo, apenas o histórico de um animal (0,6%) não continha registro de número de partos, porém não foram excluídos do estudo. Deve-se ressaltar que, quando importados, os registros dos animais oriundos de Cayenne estavam incompletos. Para evitar problemas nos dados destes animais, foram computados os anos de 2009 (ano de importação) até 2011 (momento da coleta de material), os quais foram devidamente registrados.

Na Fiocruz, a identificação dos animais é feita através de uma numeração própria alfanumérica determinada pelo sistema de registro da colônia e que consta na tatuagem existente na face interna da coxa direita, além do microchip implantado na parte subcutânea do dorso por exigência do IBAMA por se tratar de espécie da fauna nacional.

3.2 METODOLOGIA

3.2.1 Contenção dos animais e coleta das amostras

Os animais foram capturados pelos técnicos do SCPrim – Fiocruz no interior dos recintos com a utilização de puçás de malha fina (Figura 3: A) . Uma vez fora dos recintos, mantendo-os dentro da malha, foram contidos manualmente para aplicação de contenção farmacológica, que consistiu na associação de ketamina (15mg/kg) e midazolam (0,1 mg/kg) em administração intramuscular, para então proceder com a colheita de amostras dos diferentes materiais biológicos necessários.

28

A coleta de amostras de sangue para obtenção de soro para as dosagens hormonais, de swabs vaginais para análise bacteriológica e de amostras para estudo citológico foi realizada durante o manejo médico anual, realizado entre 02/05/2011 e 07/06/2011 (conforme Anexo 4), no qual cada indivíduo da colônia foi examinado clinicamente, além de receber medicação para prevenção parasitária. Os animais nascidos no último ano reprodutivo foram tatuados (Figura 3: B).

A amostra de sangue foi coletada para determinação da concentração sérica de progesterona. Foi realizada através da punção da veia femoral com seringa de 3 mL e agulha 25 X 7 estéreis (Figura 3: C), e transferida para tubos de 5 mL com vácuo sem anticoagulante (EDTA). Foi realizada antissepia do local da punção com algodão embebido em álcool 70% antes da coleta. Após a coleta as amostram foram acondicionadas em recipiente isotérmico (5ºC) e imediatamente levadas ao laboratório para o processamento. As amostras foram centrifugadas sob refrigeração (5ºC) a 894 x g por 20 minutos, e o soro foi acondicionado a –20°C até o momento da determinação da concentração de progesterona.

A partir dos 177 animais envolvidos no estudo, foram coletados 165 swabs das três populações de micos-de-cheiro. Nos 12 animais restantes, não foi possível a coleta de amostra microbiológica, pois os mesmos apresentavam abertura vaginal muito estreita, o que poderia ter causado trauma. De acordo com a divisão das fêmeas por categorias etárias, foram coletadas 28 swabs de animais imaturos (menos de quatro anos), 37 de adultos (entre quatro e 10 anos) e 100 de idosos (mais de 10 anos).

Foi realizada prévia higienização da região genital com gaze estéril embebida em água destilada estéril; para a coleta de material vaginal foram utilizados dois tipos diferentes de swabs estéreis, de acordo com a idade do animal. Nas fêmeas que ainda não atingiram idade reprodutiva (menos de quatro anos de idade) e, portanto, apresentam anatomicamente canal vaginal mais estreito, foi usado swab mais fino (MEUS S.R.L®, Piove di Sacco, Pádua, Itália) enquanto que em fêmeas maduras sexualmente, o acesso ao canal vaginal foi feito com auxílio de swab com corpo maior (Copan Italia S.P.A®, Brescia, Itália).

29

Para a análise colpocitológica (Figura 3: D), prosseguiu-se com introdução da escova interdental Bitufo® (Itupeva, São Paulo, Brasil) no canal vaginal (Figura 3: E), e a técnica de rolamento do material sobre lâminas de microscopia para deposição do material (Figura 3: F). A utilização desta escova foi utilizada por apresentar tamanho adequado à genitália dos animais em estudo, além de ter sido testada em estudos anteriores (ANDRADE et al., 2010), verificando-se uma maior colheita de material de mucosa vaginal em primatas não humanos.

30

Figura 3 – A: contenção física de exemplar de mico-de-cheiro. B: confecção de tatuagem durante manejo médico anual. C: coleta de sangue por venopunção femoral. D: coleta de material para análise bacteriológica utilizando swab. E: coleta de material para colpocitologia com auxílio de escova Bitufo®. F: técnica de rolamento em lâmina para análise colpocitológica. (Fotos: Fiocruz/SCPrim – maio/2011).

A B

C D

E F

31

3.2.2 Análise microbiológica E

3.2.2.1 Isolamento e identificação bacteriana

As amostras vaginais foram acondicionadas em caixas térmicas até o Laboratório de Bacteriologia (Instituto Biomédico – Universidade Federal Fluminense – Niterói), onde foram realizadas as análises microbiológicas. O material foi inoculado em caldo BHI (Brain Heart Infusion, Merckâ®, Darmstadt, Alemanha) e incubadas a 37ºC durante 24 a 48 horas.

Os caldos positivos foram repicados em meio ágar manitol salgado (Himedia®, Mumbai, Índia) e incubados a 37ºC por 48h. A identificação bacteriana foi realizada fenotipicamente com base nas características coloniais (colônias normalmente lisas, butirosas, algumas convexas, com coloração variando de brancacenta a amarelada, com borda contínua, com 1 a 2 mm de diâmetro), morfotintoriais (coloração de Gram). Com relação às provas bioquímicas, foram realizados os seguintes testes: produção da catalase, capacidade de fermentação e oxidação da glicose (prova OF), produção de coagulase livre (MAC FADDIN, 1997; BANNERMAN, 2003), além do teste de disco- difusão para avaliar a resistência bacteriana.

3.2.2.2.1 Teste da catalase

Em uma lâmina de vidro, foi depositada uma colônia da amostra bacteriana crescida em Ágar Tripticase Soja (Himedia®, Mumbai, India) a 37º C por 24 horas e adicionada a uma gota de peróxido de hidrogênio a 3%. Os estafilococos formam bolhas devido à degradação do peróxido de hidrogênio pela ação da enzima catalase. Como controles positivos, foram utilizadas cepas S. aureus ATCC 29213.

3.2.2.2.2 Teste da oxidação e fermentação da glicose (OF)

A fim de determinar a capacidade de fermentação e/ou oxidação a partir da glicose, uma colônia das amostras bacterianas foi semeada em dois tubos com o meio

32

de Hugh & Leifson contendo 1% de Glicose (Himedia®, Mumbai, India), e foram posteriormente incubados a 37° C por 48 horas. Após a semeadura, foi adicionado em um dos tubos óleo mineral a fim de gerar uma atmosfera de anaerobiose. A capacidade de realizar metabolismo fermentativo e oxidativo foi observada a partir da mudança de cor do meio de verde para amarelo no tubo com óleo e sem óleo, respectivamente. Uma vez que o gênero Staphylococcus apresenta metabolismo fermentativo e oxidativo, a cor do meio de cultura fica amarela em ambos os tubos. Como controles positivo e negativo, foram utilizadas as cepas S. aureus ATCC 29213 e Pseudomonas aeruginosa ATCC 25853, respectivamente.

3.2.2.2.3 Teste da coagulase livre

Em tubo contendo plasma de coelho liofilizado (New Prov®, Paraná, Brasil) diluído em solução salina a 0,85%, foram adicionadas cinco colônias da amostra bacteriana. A leitura foi realizada com 4 horas e 24 horas de incubação a 37° C, na qual observou-se que as amostras produtoras de coagulase formam um coágulo. Neste teste foram utilizados como controle positivo e negativo, respectivamente, as cepas de S. aureus ATCC 29213 e S. epidermidis ATCC 12228.

3.2.2.2.4 Teste de Disco-difusão

Todas as amostras bacterianas de Staphylococcus spp obtidas no estudo foram avaliadas quanto à resistência aos agentes antimicrobianos pelo método de difusão de disco, segundo as recomendações do Clinical and Laboratory Standards Institute para amostras isoladas de animais (CLSI, 2008) e de humanos (CLSI, 2011).

A partir do crescimento em Ágar Tripticase Soja (Himedia®), a 37º C durante 24 horas em aerobiose, foram preparadas suspensões bacterianas em solução salina 0,9%, ajustadas em turvação equivalente ao grau 0,5 da escala de McFarland. Posteriormente, as suspensões foram semeadas em placas contendo o meio Ágar Mueller Hinton (Difco®, New Jersey, EUA) e discos de antimicrobianos (Cefar®, São

33

Paulo, Brasil) foram depositados com auxílio de uma pinça estéril. As placas foram incubadas à 35º C por 18 a 24 horas em aerobiose.

Os agentes antimicrobianos testados foram: cefoxitina (30 µg), clindamicina (2 µg), cloranfenicol (30 µg), enrofloxacina (5 µg), eritromicina (15 µg), gentamicina (10 µg), oxacilina (1 µg), penicilina G (10 UI), sulfametoxazol-trimetoprim (23,75µg) e tetraciclina (30 µg). Foi avaliada também a resistência induzida à clindamicina pelo teste posicionando os discos de eritromicina e clindamicina a uma distância de 15 a 26 mm.

Após o período de incubação, os diâmetros dos halos de inibição de crescimento foram medidos para interpretação dos resultados. Foram consideradas resistentes à meticilina as amostras com os resultados obtidos com o uso do disco de cefoxitina e oxacilina para Staphylococcus coagulase negativos (CLSI, 2011) e com o disco de oxacilina para as espécies do grupo Staphylococcus intermedius (SCHISSLER et al, 2009). As amostras bacterianas foram identificadas como resistentes de forma induzida à clindamicina quando formaram um halo em forma da letra “D”.

3.2.3 Análise colpocitológica

Após a deposição das amostras de esfregaço vaginal em lâminas contendo a identificação de cada animal, estas foram acondicionadas em potes de plástico com divisórias, também previamente identificados, contendo álcool etílico a 95º em volume suficiente para recobrir as lâminas por completo e promover fixação adequada do material. Todas as lâminas foram coradas pela técnica de Papanicolaou (anexo 4). Na análise das amostras foi identificada a frequência das células do epitélio vaginal de acordo com a classificação estabelecida por GOMPEL E KOSS (1997) para a análise da citologia vaginal de humanos. Com base nas características morfológicas, foram contadas 200 células em aumento de 400X, em microscópio óptico de campo claro, conforme metodologia descrita na literatura de primatas não humanos por WRIGHT & BUSH (1977), e posteriormente identificadas e classificadas de acordo com a sua

34

origem em células do epitélio superficial e células do epitélio profundo. Foram consideradas como células do epitélio superficial aquelas identificadas como: anucleadas, com núcleo em lise ou em picnose e como de epitélio profundo as células intermediárias pequenas, médias ou grandes, parabasais e basais.

A fase de proestro foi caracterizada por um predomínio de células intermediárias, poucas hemácias e células superficiais; o estro, por uma maior visualização de células superficiais e restos celulares; o diestro, por uma predominância de células parabasais e intermediárias pequenas, além da visualização de leucócitos, podendo apresentar traços de muco. O anestro foi identificado por uma maior observação de células parabasais e intermediárias, e ausência de células superficiais.

Figura 4 – Aspectos citológicos em Saimiri spp., em coloração de Papanicolaou- A: Fase de estro, com predominância de células superficiais (400X, negativo). B: Fase de diestro, ilustrando células parabasais (400X, negativo) (Fotos: Faculdade de Veterinária/UFF – setembro/2012).

A B

3.2.4 Análise da progesterona

As análises da concentração sérica de progesterona foram realizadas em aparelho de radioimunoensaio de fase sólida utilizando-se kits comerciais de análise por iodo radiotivo (I125) (Coat-a-Count, Medlab), no Laboratório de Endocrinologia da

35

Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, UNESP campus de Botucatu – SP (matrícula CNEN 14542).

O princípio do método do imunoensaio baseia-se em uma reação imunológica in vitro entre antígeno e anticorpo. Com a introdução do hormônio marcado com isótopo radioativo, este irá competir pelo mesmo anticorpo, em igualdade de condições com o hormônio natural. Praticamente todas as técnicas de imunoensaio utilizam o mesmo princípio básico, onde a quantidade de reagente marcado (antígeno ou anticorpo) quantifica o antígeno ou anticorpo não marcado na amostra (VOET & VOET, 1995).

O kit é composto por tubos de plástico aonde na sua parede há anticorpos anti- progesterona. Além dos tubos há o iodo 125 ligado à progesterona. O ensaio consiste em colocar nos tubos 100 microlitros de plasma ou soro, em seguida adiciona-se 1 mL de iodo e a solução é incubada por uma hora a 37ºC. Após este tempo, descarta-se o conteúdo do tubo. Todo conteúdo do tubo deve ser drenado. Posteriormente este tubo é levado ao contador gama. O iodo emite radiação gama, assim, durante um minuto é realizada a contagem de toda a radiação gama emitida por este tubo. Para a determinação da concentração é feita comparação com o resultado com a curva padrão do kit, no qual há amostras de soro com concentrações de progesterona conhecidas, gerando a curva padrão.

Como base na quantificação, uma curva padrão é desenvolvida com quantidades fixas de hormônio marcado e proteína ligada, incubados juntos na presença de hormônio não marcado em concentração gradual e conhecida.

3.2.5 Análise Estatística

Os dados obtidos foram organizados em planilha Excel na forma de banco de dados, e o tratamento estatístico foi executado utilizando o SPSS versão 11 for Microsoft Windows Statistical Analysis software.

36

Foi realizada uma análise exploratória sobre as variáveis quantitativas e qualitativas, representada através de estatísitica descritivas ou de gráficos. Para variáveis qualitativas foram utilizados os testes Exato de Fisher ou qui-quadrado para comparação de grupos. Para as variáveis quantitativas foram usados os testes de Mann-Whitney para comparação de duas amostras independentes, o teste de Kruskal- Wallis na comparação de duas ou mais amostras independentes.

Foi realizada uma análise de correlação entre as variáveis quantitativas, com teste de significância para as mesmas. Foi adotado nas análises um nível de significância de 5%. Em relação ao tratamento estatístico de dados, deve-se ressaltar que não há possibilidade de comparação estatística entre os recintos 1 e 2 , uma vez que os mesmos possuem menos de cinco indivíduos. Esse é considerado o número mínimo dentro de um grupo para gerar dados com significância.

37

4. RESULTADOS

4.1 ANÁLISE DOS PRONTUÁRIOS INDIVIDUAIS

4.1.1 Perfil dos animais

Um dos parâmetros avaliados no estudo foi o peso dos animais. Em geral, média e o desvio padrão foram de 674,35 ± 91,576 g. Considerando as faixas etárias, esses valores foram de 598,40 ± 59,69 g (menos de quatro anos de idade), 695,90 ± 86,22 g (idade entre quatro e dez anos), e 684,57 ± 92,12 g (mais de dez anos de idade). Foram realizadas avaliações quanto ao peso separadamente entre os grupos (S.ustus Fiocruz, S. sciureus Fiocruz e S. sciureus Cayenne), considerando, individualmente, os respectivos recintos. Dentro de cada recinto, foram avaliadas as categorias em relação às faixas etárias e à hierarquia (tabelas 1, 2 e 3).

A tabela 2 mostra o peso da espécie S. sciureus (origem Fiocruz), não foi possível estabelecer nenhum tipo de comparação com nível de significância envolvendo individualmente o recinto 1, pois o mesmo abrigava quatro animais. Sendo o número inferior a cinco, nesse caso, não é possível gerar dados com significância. Em relação aos demais recintos (2, 5, 6 e 7), não houve nenhuma correlação significativa (p>0,05) dentro do parâmetro de peso. Entretanto, quando os recintos de S. sciureus (origem Fiocruz) foram analisados em maneira conjunta pelos testes de Kruskall Wallis e Mann

38

Whitney, houve diferença significativa de peso (p<0,05). Pelo mesmo motivo citado anteriormente (n<5) nos recintos da espécie S. ustus (origem Fiocruz), não há correlação significativa no parâmetro peso entre essa espécie e S. sciureus (origem Fiocruz).

De acordo com os dados mostrados na tabela 3, ocorreu diferença significativa de peso entre os recintos da espécie Saimiri sciureus (origem Cayenne), seja quando analisados individualmente pelo teste de qui-quadrado de Pearson. Quando analisados em conjunto, foi apontada também diferença significativa de peso entre as faixas etárias dos micos-de-cheiro oriundos de Cayenne (destacada com a letra “a” em sobrescrito nas tabelas 3).

Foi também realizado tratamento estatístico com todos os animais estudados, considerando a faixa de corte de peso mínimo de 680 g. Foram observados abaixo dessa faixa de peso 92% dos animais com menos de quatro anos, e 47,2% daqueles com mais quatro anos, tidos como maduros sexualmente.

Tabela 1 – Comparação de peso dos recintos 1 e 2 (espécie Saimiri ustus - origem Fiocruz), considerando a divisão por faixa etária (Fiocruz, maio de 2011). (p<0,05)

Recintos

Categorias 1 2 (n=3) (n=5) Média ± Desvio padrão (em gramas) Geral do recinto 600,00 ± 105,83 756,00 ± 35,77 Entre 4-10 anos de idade -- 753,33 ± 46,18 >10 anos de idade 640,00 ± 113,13 760,00 ± 28,28 Geral da espécie S. ustus Fiocruz 697,50 ± 102,22

39

Tabela 2 – Comparação de peso dos recintos 3, 4, 5, 6 e 7 (espécie Saimiri sciureus - origem Fiocruz), considerando a divisão por faixa etária (Fiocruz, maio de 2011). (p<0,05)

Recintos 3 4 5 6 7 Categorias (n=4) (n=5) (n=7) (n=6) (n=16)

Média ± Desvio padrão (em gramas)

720,00 712,00 685,71 696,67 675,00 Geral do recinto ± ± ± ± ± 97,98 102,56 123,13 82,38 101,85 606,67 606,67 <4 anos de idade ------± ± 50,33 50,33 800,00 780,00 724,00 709,09 Entre 4-10 anos de idade ± ± -- ± ± 56,57 52,91g 88,34 97,31 640,00 580,00 550,00 >10 anos de idade -- -- ± ± ± 20,00 87,18 98,99 Geral da espécie S. sciureus 687,57 ± 99,03 Fiocruz

37

Tabela 3 – Comparação de peso (g) dos recintos 8 a 22 (espécie Saimiri sciureus - origem Cayenne), considerando a divisão por faixa etária (Fiocruz, maio de 2011). (p<0,05)

Recintos

Categorias 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 (n=10) (n=5) (n=7) (n=7) (n=11) (n=15) (n=14) (n=9) (n=6) (n=12) (n=7) (n=9) (n=9) (n=8) (n=2) Média ± Desvio Padrão (em gramas) 612,00 700,00 685,71 797,14 632,73 610,67 612,86 673,33 756,67 668,33 711,43 675,56 726,67 687,50 620,00 Geral do recinto ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± 85,99 64,81 35,99 153,37 49,21 72,05 43,40 61,64 32,04 83,75 72,90 93,69 74,83 64,97 41,42 573,33 580,00 560,00 580,00 650,00 690,00 <4 anosa ± ------± ± ± ------± -- ± -- -- 94,52 28,28 54,16 40,00 14,14 98,99 a 644,44± 570,00± 4-10 anos ------45,58 98,99 628,57 700,00 690,00 797,14 614,00 685,00 756,67 672,50 736,00 671,43 743,33 687,50 a 640,00 >10 anos ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± -- ± 66,33 83,95 64,80 37,42 153,37 34,06 54,25 32,04 79,24 72,66 103,83 77,37 64,97 Geral da espécie S. sciureus 685,40 ± 95,99 Cayenne

a p<0,05 comparando peso entre faixas etárias

40

41

4.1.2 Análise do perfil reprodutivo dos animais

Na avaliação do perfil reprodutivo dos animais do presente estudo, foram abordadas as seguintes variáveis: classificação das fêmeas quanto ao número de parições, quantidade de partos por fêmea, intervalo entre partos, ocorrência de abortamentos e natimortos. No tratamento estatístico dessas variáveis, os animais foram divididos por espécie e sua origem, tal qual realizado no estudo da variável peso.

Com relação à quantidade de parições por fêmeas, estas foram classificadas em nulíparas, primíparas e pluríparas. Sendo assim, temos a classificação das fêmeas da espécie S. ustus (origem Fiocruz), S. sciureus (origem Fiocruz) e S. sciureus (origem Cayenne), respectivamente, nas tabelas 4, 5 e 6.

O tratamento estatístico dos dados sobre o número de partos por fêmea revelou diferença significativa (p<0,05) nos testes de Kruskall Wallis e Mann Whitney quando os recintos da espécie S. sciureus com origem Fiocruz foram avaliados conjuntamente (destacado em sobrescrito com a letra “a” na tabela 5). O mesmo ocorreu para o mesmo tipo de análise com S. sciureus com origem Cayenne (destacado em sobrescrito com a letra “a” na tabela 6). Também foi apontado p<0,05 de números de partos por fêmea quando comparada a origem Fiocruz X Cayenne, bem como entre as espécies S. sciureus e S. ustus através dos testes de Kruskall Wallis e Mann Whitney (destacado em sobrescrito com a letra “b” nas tabelas 4, 5 e 6).

42

Tabela 4 – Número de fêmeas da espécie Saimiri ustus - origem Fiocruz, de acordo com a quantidade de parições (Fiocruz, maio de 2011)

Recintosb Categoria 1 2 Total (n=3) (n=5) 4-10 anos 1 0 1 Quantidade de partos >10 anos 0 0 0 4-10 anos 0 0 0

>10 anos 1 0 1

4-10 anos 0 3 3 >10 anos 1 2 3

b p<0,05 quando comparados S. ustus X S. sciureus

Tabela 5 – Tabela da classificação das fêmeas da espécie Saimiri sciureus - origem Fiocruz, de acordo com a quantidade de parições (Fiocruz, maio de 2011).

Quantidade Recintosa,b

de Categoria 3 4 5 6 7 Total partos (n=4) (n=5) (n=7) (n=6) (n=16) (N=38) <4 anos 0 1 1 0 1 3 Nulípara 4-10 anos 0 2 2 4 3 11 >10 anos 0 0 2 1 4 7 4-10 anos 0 0 1 0 0 1 Primípara >10 anos 0 0 0 0 1 1 4-10 anos 2 1 0 0 4 7 Plurípara >10 anos 2 1 1 1 3 8 a p<0,05 quando comparados todos os recintos b p<0,05 quando comparados entre S. ustus X S. sciureus e Fiocruz X Cayenne

40

Tabela 6 – Classificação das fêmeas da espécie Saimiri sciureus - origem Cayenne, de acordo com a quantidade de parições (Fiocruz, maio de 2011).

Recintosa,b Quantidade de Categoria partos 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 Total

n=10 n=5 n=7 n=7 n=11 n=15 n=14 n=9 n=6 n=12 n=7 n=9 n=9 n=8 n=2 N=131 <4 anos 3 0 1 0 2 4 3 1 0 2 2 1 2 0 0 21 4-10 anos 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 Nulípara >10 anos 1 2 3 3 0 1 4 3 0 2 2 0 0 5 0 26 INF 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 2 0 0 0 3 4-10 anos 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 2 Primípara >10 anos 0 2 2 3 0 1 0 3 2 5 1 3 1 2 0 25 INF 1 0 0 0 0 1 1 0 0 1 0 0 0 0 0 4 4-10 anos 0 0 0 0 8 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 10 Plurípara >10 anos 5 1 1 1 0 4 5 2 2 1 2 3 5 1 1 34 INF 0 0 0 0 0 0 1 0 0 1 0 0 0 0 0 2 *INF – Idade não fornecida

a p<0,05 quando comparados todos os recintos b p<0,05 quando comparados S. ustus X S. sciureus e Fiocruz X Cayenne

43

44

Os dados de classificação das fêmeas quanto ao número de parições apresentam uma maior relevância dentro do enfoque de animais maduros sexualmente (acima de quatro anos). Sendo assim, avaliando todos os animais do estudo com mais de quatro anos, obtivemos a tabela 7 abaixo.

Tabela 7 – Distribuição das fêmeas maduras da espécie Saimiri spp de acordo com a quantidade de parições (Fiocruz, maio de 2011). (p>0,05)

Recintos Categoria 1 2 (n=3) (n=5) 4-10 anos --- 4,33 ± 1,15 >10 anos 2,00 ± 1,41 5,00 ± 1,41 Recintos Saimiri ustus Fiocruz 1,33 ± 1,52 4,60 ± 1,14

O número de partos por fêmea foi avaliado estatisticamente, respeitando a divisão por espécies e seus respectivos recintos e origem. A seguir, temos a representação nas tabelas 8, 9 e 10 da distribuição dessa variável na espécie S. ustus (origem Fiocruz), S. sciureus (origem Fiocruz) e S. sciureus (origem Cayenne), respectivamente.

45

Tabela 8 – Distribuição da quantidade de partos na espécie Saimiri ustus - origem Fiocruz de acordo com as faixas etárias (Fiocruz, maio de 2011). (p>0,05)

S. ustus S. sciureus S. sciureus Fêmeas Classificação Total (%) Fiocruz Fiocruz Cayenne maduras Nulíparas 0 18 29 47 33,0% Primíparas 1 2 31 34 23,9% Pluríparas 6 15 46 67 47,1%

Tabela 9 – Distribuição da quantidade de partos na espécie Saimiri sciureus - origem Fiocruz de acordo com as faixas etárias (Fiocruz, maio de 2011). (p>0,05)

Recinto

Categoria 3 4 5 6 7 (n=4) (n=5) (n=7) (n=6) (n=16) 0,33 1,30 1,30 4-10 anos -- -- ± ± ± 0,57 1,56 1,47 5,50 5,67 4,00 >10 anos ± -- -- ± ± 4,95 2,08 0,00 4,25 2,00 1,29 1,33 1,88 Geral do recinto ± ± ± ± ± 3,20 2,83 2,98 3,26 2,42 Recintos S. sciureus Fiocruz 2,00 ± 2,79

44

Tabela 10 – Distribuição da quantidade de partos na espécie Saimiri sciureus - origem Cayenne de acordo com as faixas etárias (Fiocruz, maio de 2011). (p>0,05)

Recintos

Categoria 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22

n=10 n=5 n=7 n=7 n=11 n=15 n=14 n=9 n=6 n=12 n=7 n=9 n=9 n=8 n=2

1,89 4-10 anos ------± ------0,33 1,57 0,80 0,67 0,71 1,29 1,10 0,88 1,67 0,88 1,00 1,29 1,83 0,50 >10 anos ± ± ± ± -- ± ± ± ± ± ± ± ± ± 7 0,78 0,84 0,82 0,75 0,95 0,99 0,83 0,51 0,64 1,00 0,75 0,40 0,75 1,10 0,80 0,57 0,71 1,55 0,93 0,93 0,78 1,67 1,42 0,71 1,00 1,33 0,50 3,50 Geral do recinto ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± 0,99 0,84 0,79 0,75 0,82 0,96 0,99 0,83 0,52 2,46 0,95 0,86 0,86 0,75 4,95 Recintos 1,07 ± 1,24 S. sciureus Cayenne

46

47

De acordo com a análise estatística, há uma maior concentração de parições quando as fêmeas atingem idade entre 8 e 13 anos. O intervalo entre partos (IEP) foi calculado (em dias) de acordo com as datas obtidas no histórico reprodutivo de cada fêmea. A avaliação estatística seguiu o padrão descrito anteriormente (recintos das mesmas espécie e origem). Dessa forma, obtivemos as tabelas 11, 12 e 13.

O tratamento estatístico dos dados sobre o intervalo entre partos revelou diferença significativa (p=0,01) nos testes de Kruskall Wallis e Mann Whitney quando comparados de acordo com a origem Fiocruz X Cayenne da espécie S. sciureus (destacado com a letra “a” em sobrescrito nas tabelas 12 e 13). Nota-se que dentro deste parâmetro, S. sciureus de origem Fiocruz demonstrou melhores resultados, com menores intervalos entre partos.

Tabela 11 – Média e desvio-padrão do intervalo entre partos na espécie Saimiri ustus - origem Fiocruz de acordo com as faixas etárias (Fiocruz, maio de 2011). (p>0,05)

Recintos Categoria 1 2 (n=3) (n=5) 4-10 anos -- 479,50 ± 62,06 dias >10 anos -- 824,75 ± 633,21 dias Geral do recinto -- 652,25 ± 62,06 dias

48

Tabela 12 – Média e desvio-padrão do intervalo entre partos na espécie Saimiri sciureus - origem Fiocruz de acordo com as faixas etárias (Fiocruz, maio de 2011). (p>0,05)

Recintosa Categoria 3 4 5 6 7 (n=4) (n=5) (n=7) (n=6) (n=16) 784,50 765,54 687,36 456,71 400,07 4-10 anos ± ± ± ± ± 382,55 289,45 231,46 284,26 73,29 1003,50 878,20 765,20 421,83 694,36 >10 anos ± ± ± ± ± 355,67 282,31 222,16 263,23 256,46 894,00 546,35 528,53 583,32 526,20 Geral do recinto ± ± ± ± ± 327,01 123,25 216,19 218,84 222,16

a p<0,05 quando comparados Fiocruz X Cayenne

47

Tabela 13 – Média e desvio-padrão do intervalo entre partos na espécie Saimiri sciureus - origem Cayenne de acordo com as faixas etárias (Fiocruz, maio de 2011). (p>0,05)

Recintosa

Categoria 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22

n=10 n=5 n=7 n=7 n=11 n=15 n=14 n=9 n=6 n=12 n=7 n=9 n=9 n=8 n=2

397,80 4-10 anos ------± ------9,78 383,00 478,75 398,75 480,75 591,50 432,00 >10 anos ± ------± ± ± ± ± ------26,63 56,38 62,43 59,73 118,08 7,07

383,00 259,56 258,87 267,78 397,80 384,80 480,75 591,50 432,00 324,34 287,32 386,31 276,21 432,86 328,65 Geral do recinto ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± 26,63 38,54 35,34 98,37 49,21 62,42 59,73 118,08 7,07 98,21 92,42 57,66 89,12 62,43 22,53

a p<0,05 quando comparados Fiocruz X Cayenne

49

50

Ainda com relação ao intervalo entre partos, foi realizada uma análise estatística direcionada, considerando o último parto de cada fêmea e o período de 720 dias após o mesmo. Esse cálculo foi feito com base em dados da literatura (WALKER et al., 2009), que relatam como normal para a espécie S. sciureus o período até 720 dias sem parir. Tendo como base esse dado, obtivemos a tabela 14, que analisa o percentual de fêmeas maduras (com mais de quatro anos) que apresentam mais de 720 dias de intervalo após o último parto (considerando o último ano reprodutivo 2011-2012).

Tabela 14 – Frequência de fêmeas maduras da espécie Saimiri spp com intervalo após o último parto superior a 720 dias – ano reprodutivo de referência: 2011-2012 (Fiocruz, maio de 2011).

Recinto Total (%) Recinto Total (%)

1 100% 12 0,0% 2 100% 13 30,8% 3 75,0% 14 53,8% 4 75,0% 15 33,3% 5 85,7% 16 16,7% 6 50,0% 17 60,0% 7 50,0% 18 0,0% 8 50,0% 19 100,0% 9 40,0% 20 22,2% 10 42,9% 21 75% 11 85,7% 22 100%

51

Transpondo os dados da tabela 14 para os números de indivíduos por espécie, temos 50% das fêmeas maduras de S. ustus (quatro animais) com intervalo superior a 720 dias após o último parto e 51,5% em S. sciureus (70 animais).

Em relação ao histórico reprodutivo de abortamentos (considerando o histórico reprodutivo de cada animal), de todos aqueles que foram visualizados (isto é, foi possível a observação do feto em formação e/ou anexos embrionários durante o período de gestação), foram processados estatisticamente e os dados encontram-se representados nas tabelas 15, 16 e 17, seguindo o padrão de análise descrito anteriormente (recintos das mesmas espécie e origem).

A correlação p<0,05 também foi observada no teste de qui-quadrado de Pearson entre os grupos S. ustus Fiocruz e S. sciureus Fiocruz (letra “a” em sobrescrito nas tabelas 15 e 16).

Tabela 15 – Ocorrência de abortamentos na espécie Saimiri ustus - origem Fiocruz de acordo com as faixas etárias (Fiocruz, maio de 2011). (p>0,05)

Recintoa Categoria 1 2 Total (n=3) (n=5) 4-10 anos 0 0 0 >10 anos 0 1 1 Geral do recinto 0 1 1

a p<0,05 quando comparados S. ustus X S. sciureus

52

Tabela 16 – Ocorrência de abortamentos na espécie Saimiri sciureus - origem Fiocruz de acordo com as faixas etárias (Fiocruz, maio de 2011). (p>0,05)

Recintosa

Categoria 3 4 5 6 7 Total (n=4) (n=5) (n=7) (n=6) (n=16) (N=38) 4-10 anos 1 0 0 0 0 1 >10 anos 0 0 1 1 2 4 Geral do recinto 1 0 1 1 2 5

a p<0,05 quando comparados S. ustus X S. sciureus

51

Tabela 17 – Tabela de ocorrência de abortamentos na espécie Saimiri sciureus - origem Cayenne de acordo com as faixas etárias (Fiocruz, maio de 2011). (p>0,05)

Recintos Total Categoria 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 geral n=10 n=5 n=7 n=7 n=11 n=15 n=14 n=9 n=6 n=12 n=7 n=9 n=9 n=8 n=2 N=131

4-10 anos 0 0 0 0 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 n = 2

>10 anos 0 0 1 0 0 0 0 1 1 0 0 2 1 0 1 n = 7

Geral do recinto 0 0 1 0 2 0 0 1 1 0 0 2 1 0 1 N = 9

53

54

Nos casos de registro de natimortos (considerando histórico reprodutivo de cada animal), foram processados estatisticamente e os dados encontram-se representados nas tabelas 18, 19 e 20, seguindo o padrão de análise descrito anteriormente (recintos das mesmas espécie e origem).

A análise estatística com o teste qui-quadrado de Pearson apontou uma diferença significativa do número de natimortos entre os três grupos estudados (Saimiri ustus Fiocruz, S. sciureus Fiocruz e S. sciureus Cayenne. Avaliando as duas espécies estudadas em modo pareado, novamente sob o teste qui-quadrado de Pearson, foi encontrado p<0,05 na frequência de natimortos entre elas (letra “a” em sobrescrito nas tabelas 18, 19 e 20), bem como entre S. ustus (Fiocruz) e S. sciureus (Fiocruz) (letra “b” em sobrescrito nas tabelas 18 e 19).

Tabela 18 – Ocorrência de natimortos na espécie Saimiri ustus - origem Fiocruz de acordo com as faixas etárias (Fiocruz, maio de 2011). (p>0,05)

Recintosa,b

Categoria 1 2 Total (n=3) (n=5)

4-10 anos 0 2 2

>10 anos 1 1 2 Geral do recinto 1 3 4

a p<0,05 quando comparados S. ustus X S. sciureus Fiocruz X S. sciureus Cayenne b p<0,05 quando comparados S. ustus X S. sciureus Fiocruz

55

Tabela 19 – Ocorrência de natimortos na espécie Saimiri sciureus - origem Fiocruz de acordo com as faixas etárias (Fiocruz, maio de 2011). (p>0,05)

Recintosa,b Categoria 3 4 5 6 7 Total (n=4) (n=5) (n=7) (n=6) (n=16) 4-10 anos 0 0 1 0 0 1 >10 anos 1 0 0 2 0 3 Geral do recinto 1 0 1 0 0 2

a p<0,05 quando comparados S. ustus X S. sciureus Fiocruz X S. sciureus Cayenne b p<0,05 quando comparados S. ustus X S. sciureus Fiocruz

54

Tabela 20 – Ocorrência de natimortos na espécie Saimiri sciureus - origem Cayenne de acordo com as faixas etárias (Fiocruz, maio de 2011). (p>0,05)

Recintosa

Categoria 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 Total

n=10 n=5 n=7 n=7 n=11 n=15 n=14 n=9 n=6 n=12 n=7 n=9 n=9 n=8 n=2 N=131

4-10 anos 0 0 0 0 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 2

>10 anos 1 0 0 2 0 0 1 1 0 2 0 0 0 0 0 7

INF 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 1 Geral do 1 0 0 2 2 0 1 1 0 3 0 0 0 0 0 10 recinto

INF – Idade Não Fornecida a p<0,05 quando comparados S. ustus X S. sciureus Fiocruz X S. sciureus Cayenne

56

57

No âmbito reprodutivo dos animais no presente estudo foi calculado o índice de desfrute, que seria a capacidade de um grupo de animais de gerar excedente (número de nascimentos > número de óbitos), e é um excelente modo de medir a produtividade da colônia. No caso, foi calculado pela razão número de fêmeas que pariram/número de fêmeas maduras (acima de quatro anos de idade, em se tratando do gênero Saimiri spp.). Este índice foi calculado considerando indivualmente os recintos dos três grupos desse trabalho (Saimiri ustus Fiocruz, S. sciureus Fiocruz e S. sciureus Cayenne), e, posteriormente, cada grupo teve o seu índice de desfrute calculado. Tais avaliações resultaram nas tabelas 21, 22 e 23 a seguir.

A análise estatística com o teste qui-quadrado de Pearson apontou uma diferença significativa do índice de desfrute entre os três grupos estudados: Saimiri ustus Fiocruz (1,0), S. sciureus Fiocruz (0,53) e S. sciureus Cayenne (0,72), indicado pela letra “a” em sobrescrito nas tabelas 21, 22 e 23. Também houve a correlação de p<0,05 dentre os índices de desfrute dos recintos, quando avaliados individualmente utilizando o mesmo teste estatístico (correspondendo à letra “b” em sobrescrito indicada nas tabelas 21, 22 e 23).

Tabela 21 – Índice de desfrute na espécie Saimiri ustus - origem Fiocruz (Fiocruz, maio de 2011). (p>0,05)

Recintos Categoria 1 2 Total (n=3) (n=5) (N=8)

Fêmeas que pariram 2 5 7

Fêmeas maduras 2 5 7

Índice de desfrute 1 1 1a

a p<0,05 quando comparados S. ustus X S. sciureus Fiocruz X S. sciureus Cayenne

58

Tabela 22 – Índice de desfrute na espécie Saimiri sciureus - origem Fiocruz (Fiocruz, maio de 2011). (p>0,05)

Recintos Categoria 3 4 5 6 7 Total (n=4) (n=5) (n=7) (n=6) (n=16) (N=38)

Fêmeas que pariram 4 2 2 1 8 17

Fêmeas maduras 4 4 5 6 13 32

Índice de desfrute 1,0b 0,5 0,4 0,17b 0,62 0,53a

a p<0,05 quando comparados S. ustus X S. sciureus Fiocruz X S. sciureus Cayenne b p<0,05 quando comparados os recintos dentro da mesma origem

57

Tabela 23 – Índice de desfrute na espécie Saimiri sciureus - origem Cayenne (Fiocruz, maio de 2011). (p>0,05)

Recintos

Total 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 Categoria geral

n=10 n=5 n=7 n=7 n=11 n=15 n=14 n=9 n=6 n=12 n=7 n=9 n=9 n=8 n=2 N=131

Fêmeas que 6 3 3 4 9 8 7 5 6 8 3 6 7 3 1 79 pariram

Fêmeas 7 5 6 7 9 11 11 8 6 10 5 9 7 8 1 110 maduras

Índice de 0,86 0,6 0,5b 0,57 1,0b 0,73 0,64 0,63 1,0b 0,8 0,6 0,67 1,0 0,38b 1,0 0,72a desfrute a p<0,05 quando comparados S. ustus X S. sciureus Fiocruz X S. sciureus Cayenne b p<0,05 quando comparados os recintos dentro da mesma origem

59

60

4.2 ANÁLISE DAS AMOSTRAS BACTERIOLÓGICAS

4.2.1 Análise do isolamento de Staphylococcus spp a partir dos swabs vaginais

4.2.1.1 Avaliação do isolamento bacteriano

Após a colheita de swabs vaginais realizada durante o período de manejo das colônias, as amostras foram encaminhadas para o Laboratório de Bacteriologia Veterinária do Instituto Biomédico, localizado na Universidade Federal Fluminense, município de Niterói (RJ). Foram coletados, ao todo, 175 swabs vaginais das fêmeas em estudo, e observado crescimento de Staphylococcus spp em 54,2% das 95 amostras.

A ocorrência da colonização vaginal por Staphylococcus spp encontrada nos micos-de-cheiro do presente estudo foi demonstrada na forma de tabelas (tabelas 24, 25 e 26), considerando indivualmente os recintos dos três grupos desse trabalho (Saimiri ustus Fiocruz, S. sciureus Fiocruz e S. sciureus Cayenne).

A análise estatística utilizando o teste qui-quadrado de Pearson apontou uma diferença significativa de colonização vaginal por Staphylococcus spp quando comparados todos os recintos entre as espécies S. ustus e S. sciureus (Fiocruz) (letra “a” sobrescrita nas tabelas 24 e 25), e o mesmo ocorreu entre S. sciureus (Fiocruz) e S. sciureus (Cayenne) (letra “b” sobrescrita nas tabelas 25 e 26).

Levando em consideração a colonização por Staphylococcus spp nas faixas etárias, em animais com menos de quatro anos, o crescimento ocorreu em 18,1% dos animais entre quatro e dez anos, em 30,9%, e em animais com mais de dez anos, em 51,1%. Houve nesse caso uma diferença significativa entre as faixas etárias (p< 0,05) no teste de qui-quadrado de Pearson, observando-se, no caso, uma maior colonização de fêmeas idosas.

Houve um predomínio de amostras de estafilococos coagulase-negativas (91/95) sobre as coagulase-positivas, representando 95,8% dos isolamentos, o que implica que somente 4,2% dos isolamentos de Staphylococcus spp do presente estudo concernem

61

a espécie S. aureus, cuja característica bioquímica para identificação da espécie é o resultado positivo na prova de coagulase. É necessário ressaltar o fato que nas quatro amostras coagulase-positivas, todas eram da espécie S. sciureus (origem Cayenne), com mais de 10 anos. Duas delas pertenciam ao recinto 15, sendo uma primípara (com histórico de um natimorto) e a outra nulípara. As outras duas pertenciam aos recintos 14 e 19, e eram plurípara e nulípara, respectivamente.

Tabela 24 – Ocorrência de colonização vaginal por Staphylococcus spp na espécie Saimiri ustus - origem Fiocruz, de acordo com as faixas etárias (Fiocruz, maio de 2011). (p>0,05)

a Recintos Categoria 1 2 Total (n=3) (n=5) <4 anos 0 0 0 4-10 anos 1 3 4 >10 anos 1 2 3

Total do recinto 2 5 7

a p<0,05 quando comparados S. ustus X S. sciureus Fiocruz

62

Tabela 25 – Ocorrência de colonização vaginal por Staphylococcus spp na espécie Saimiri sciureus - origem Fiocruz, de acordo com as faixas etárias (Fiocruz, maio de 2011). (p>0,05)

Recintosa,b Categoria 3 4 5 6 7 Total (n=4) (n=5) (n=7) (n=6) (n=16) <4 anos 0 1 1 0 3 5 4-10 anos 1 2 3 3 8 17 >10 anos 2 1 3 2 1 9 Total do recinto 3 4 7 5 12 31

a p<0,05 quando comparados S. ustus X S. sciureus Fiocruz b p<0,05 quando comparados S. sciureus Fiocruz X S. sciureus Cayenne

61

Tabela 26 – Ocorrência de colonização vaginal por Staphylococcus spp na espécie Saimiri sciureus - origem Cayenne, de acordo com as faixas etárias (Fiocruz, maio de 2011). (p>0,05)

Recintosb

Categoria 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 Total

n=10 n=5 n=7 n=7 n=11 n=15 n=14 n=9 n=6 n=12 n=7 n=9 n=9 n=8 n=2 N=131

4-10 anos 3 0 1 0 1 2 2 1 0 0 0 0 2 0 0 12

<4 anos 0 0 0 0 5 1 0 0 0 0 0 0 1 0 0 7

>10 anos 4 3 2 4 0 2 4 4 0 2 3 4 2 3 0 37

INF 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 1 Geral do 7 3 3 4 6 5 7 5 0 2 3 4 5 3 0 57 recinto

INF; idade não fornecida b p<0,05 quando comparados S. sciureus Fiocruz X S. sciureus Cayenne

63

64

A fim de analisar melhor a ocorrência de colonização estafilocócica vaginal dentro dos três grupos em estudo, os dados foram organizados em tabelas respeitando a distribuição de animais em que foram isolados Staphyloccocus spp nas amostras vaginais. As tabelas 27, 28 e 29 a seguir levaram também em consideração a hierarquia social e as faixas etárias.

Tabela 27 – Ocorrência da colonização vaginal por Staphylococcus spp na população de Saimiri ustus Fiocruz de acordo com o número de parições por fêmea, faixa etária (Fiocruz, maio de 2011). (p>0,05)

Recintos Quantidade de partos Categoria 1 2 Total (n=3) (n=5) 4-10 anos 1 0 1 Nulíparas >10 anos 0 0 0

4-10 anos 0 0 0 Primíparas >10 anos 1 0 1

4-10 anos 0 2 2 Plurípara >10 anos 0 3 3

65

Tabela 28 – Ocorrência da colonização vaginal por Staphylococcus spp na população de Saimiri sciureus Fiocruz de acordo com o número de parições por fêmea, faixa etária (Fiocruz, maio de 2011). (p>0,05)

Quantidade Recintos de Categoria 3 4 5 6 7 Total partos (n=4) (n=5) (n=7) (n=6) (n=16) (N=38) <4 anos 0 1 1 0 3 5

Nulípara 4-10 anos 0 2 2 5 5 14 >10 anos 0 0 2 0 0 2

4-10 anos 0 0 1 0 1 2 Primípara >10 anos 0 0 0 0 0 0 4-10 anos 2 1 0 0 4 7 Plurípara >10 anos 2 1 1 1 3 8

64

Tabela 29 – Ocorrência da colonização vaginal por Staphylococcus spp na população de Saimiri sciureus Cayenne de acordo com o número de parições por fêmea, faixa etária (Fiocruz, maio de 2011). (p>0,05)

Recintos Quantidade de Categoria partos 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 Total

n=10 n=5 n=7 n=7 n=11 n=15 n=14 n=9 n=6 n=12 n=7 n=9 n=9 n=8 n=2 N=131 <4 anos 3 0 1 0 1 2 2 1 0 0 0 0 2 0 0 12 Nulípara 4-10 anos 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 >10 anos 1 1 1 2 0 1 0 2 0 2 1 1 0 2 0 14 4-10 anos 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 1 Primípara >10 anos 1 1 1 1 0 0 1 1 0 0 1 1 1 1 0 10 4-10 anos 0 0 0 0 5 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 6 Plurípara >10 anos 2 1 0 1 0 1 3 1 0 0 1 2 1 0 0 13 INF 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 1

*INF; Idade não fornecida

66

67

Tendo em consideração todos os animais do estudo, foi observada colonização vaginal estafilocócica em 61,2% (44/72) das nulíparas, 35,3% (12/34) das primíparas e 52,2% (36/69) das pluríparas. Não houve relação significativa entre a quantidade de partos e a colonização vaginal por Staphylococcus spp. Quando focamos a frequência de fêmeas nulíparas, primíparas e pluríparas dentro dos três grupos e suas respectivas origens (tabela 30 abaixo), há a relação p< 0,05 quando comparadas as categorias de nulíparas entre S. sciureus Fiocruz X Cayenne (indicado pela letra “a” em sobrescrito). O mesmo ocorre para a categoria de pluríparas entre ambos os grupos.

Tabela 30 – Frequência da colonização vaginal por Staphylococcus spp na população de Saimiri spp Fiocruz, dentro das categorias de número de parições por fêmea (Fiocruz, maio de 2011). (p>0,05)

Espécie/Origem Nulíparas Primíparas Pluríparas

S. ustus Fiocruz 100% (1/1) 100% (1/1) 83,4% (5/7)

S. sciureus Fiocruz 90,5% (19/21)a 50% (1/2) 73,4% (11/15)

S. sciureus Cayenne 50% (25/50)a 35,5% (11/31) 41,7% (20/48)

b p<0,05 quando comparadas nulíparas S. sciureus Fiocruz X S. sciureus Cayenne

A concomitância entre colonização vaginal estafilocócica e histórico de abortamento foi observada em 10,5% das fêmeas estudadas, e com histórico de natimortos (em duas fêmeas não foi possível verificar o registro no histórico), também foi relatado o percentual de 10,5%. Considerando abortamentos ou natimortos e a concomitante colonização vaginal por estafilococos, não houve relação significativa em ambos os casos (p > 0,05).

Em relação à hierarquia dos recintos, em 45,8% das fêmeas alfas (11/24) havia colonização vaginal estafilocócica, não havendo relação significativa da situação de dominância no recinto e a presença de estafilococos vaginais. Em 0,09% das amostras oriundas de fêmeas dominantes (1/11), foi observado estafilococo coagulase-positivo.

68

4.2.2 Perfil de susceptibilidade aos agentes antimicrobianos

Nas 95 amostras em que foram isolados Staphylococcus spp, foram utilizados dez antimicrobianos no teste de disco difusão. Em 45 amostras (45,2%), houve resistência a pelo menos um agente antimicrobiano, apontando uma maior frequência dentro da faixa etária de animais com mais de 10 anos de idade (tabela 31).

O teste de qui-quadrado de Pearson mostra correlação significativa no fato de 45,2% das amostras apresentaram resistência a pelo menos um antimicrobiano. Nas amostras de estafilococos coagulase-positivas, 50% (2/4) apresentaram resistência a pelo menos um antibiótico, e dentre as coagulase-negativas, esta relação foi observada em 47,2% das amostras (43/91). A resistência das amostras aos antimicrobianos testados nesse estudo foi representada na tabela 32.

O achado mais comum foi a resistência à tetraciclina, em 27 amostras (28,4%), seguida pela cefoxitina (14,7%) e cloranfenicol (14,7%). Os agentes antimicrobianos mais ativos foram a gentamicina, ao qual nenhuma amostra apresentou resistência, e a eritromicina e a sulfametoxazol-trimetoprim, embora que, em ambos os casos, 2,1% das amostras tenham apresentado resistência.

A frequência de resistência aos antimicrobianos dentro das faixas etárias, considerando todos os animais em estudo conjuntamente, foi esquematizada na tabela 33.

69

Tabela 31 – Frequência de resistência a pelo menos um antimicrobiano na população de Saimiri spp que apresenta colonização vaginal por Staphylococcus spp (Fiocruz, maio de 2011). (p>0,05)

Total Faixa Etária Dentro da faixa etária (N=95)

<4 anos 55,6% (10/18) 10,5% Entre 4-10 anos 27,6% (8/29) 8,4% >10 anos 52,1% (25/48) 26,3% Total 45,2%

Tabela 32 – Frequência de susceptibilidade a antimicrobianos em Staphylococcus spp isolados em ambiente vaginal na população de Saimiri spp (Fiocruz, maio de 2011). (p>0,05)

Agente Antimicrobiano Resistência Cefoxitina 13,7%

Clindamicina 2,1%

Cloranfenicol 14,7% Eritromicina 2,1% Enrofloxacina 4,2% Gentamicina 0%

Oxacilina 6,3%

Penicilina G 6,3% Sulfa-trimetoprim 2,1% Tetraciclina 28,4%

70

Tabela 33 – Frequência de susceptibilidade a antimicrobianos em Staphylococcus spp isolados em ambiente vaginal na população de Saimiri spp considerando as faixas etárias (Fiocruz, maio de 2011). (p>0,05)

Faixa etária Antibiótico < 4 anos 4 - 10 anos >10 anos

Cefoxitina 27,8% 10,3% 14,6% Clindamicina 5,6% 6,9% 0% Cloranfenicol 11,1% 13,8% 14,6% Enrofloxacina 5,6% 3,4% 0% Eritromicina 11,1% 3,4% 2,1% Gentamicina 0% 0% 0% Oxacilina 11,1% 0% 4,2% Penicilina 22,2% 0% 6,3% Sulfa-trimetoprim 5,6% 3,4% 0% Tetraciclina 33,3% 13,8% 33,3%

Ao considerarmos todos os animais estudados de maneira conjunta, percebe-se que à exceção do cloranfenicol e clindamicina, os demais apresentam resistência majoritariamente dentro da categoria de animais com menos de quatro anos.

A fim de aprofundar melhor essa comparação, foi representada a susceptibilidade aos antimicrobianos individual entre os recintos em tabela, considerando as faixas etárias (tabela 34).

Na análise estatística dos dados de resistência aos antimicrobianos através dos testes de Kruskall Wallis e Mann Whitney, foi observada diferença significativa (p<0,05) de resistência a cefoxitina e tetraclina entre S. sciureus Fiocruz quando comparados a grupo S. sciureus Cayenne (tabelas 34, 35 e 36, indicação com a letra “a” em sobrescrito).

71

Tabela 34 – Frequência de susceptibilidade a dez agentes antimicrobianos testados em Staphylococcus spp isolados em ambiente vaginal na população de Saimiri ustus Fiocruz (recintos 1 e 2) e Saimiri sciureus (recintos 3, 4, 5, 6 e 7) considerando as faixas etárias (Fiocruz, maio de 2011). (p>0,05)

Faixa RECINTOS (%) Antibiótico Etária 1 2 3 4 5 6 7 (n=3) (n=5) (n=4) (n=5) (n=7) (n=6) (n=16) <4 anos 0 0 0 a 0 a 0 a 0 a 0 a Cefoxitina 4-10 anos 0 0 0 a 0 a 0 a 25a 0 a >10 anos 0 50 0 a 0 a 0 a 0 a 0 a <4 anos 0 0 0 0 0 0 0 Clindamicina 4-10 anos 0 0 0 0 0 0 12,5 >10 anos 0 0 0 0 0 0 0 <4 anos 0 33,3 0 0 0 0 33,3 Cloranfenicol 4-10 anos 0 0 0 0 0 0 25 >10 anos 100 20 50 0 0 0 0 <4 anos 0 0 0 0 0 0 0 Enrofloxacina 4-10 anos 0 0 0 0 0 0 0 >10 anos 0 0 0 0 0 0 0 <4 anos 0 0 0 0 0 0 33,3 Eritromicina 4-10 anos 0 0 0 0 0 0 0 >10 anos 0 0 0 0 0 0 0 <4 anos 0 0 0 0 0 0 0 Gentamicina 4-10 anos 0 0 0 0 0 0 0 >10 anos 0 0 0 0 0 0 0 <4 anos 0 0 0 0 0 0 0 Oxacilina 4-10 anos 0 0 0 0 0 0 0 >10 anos 0 0 0 0 0 0 0 <4 anos 0 0 0 0 0 0 33,3 Penicilina 4-10 anos 0 0 0 0 0 0 0 >10 anos 0 0 0 0 0 0 0 <4 anos 0 0 0 0 0 0 33,3 Sulfa- 4-10 anos 0 0 0 0 0 0 0 trimetoprim >10 anos 0 0 0 0 0 0 0 <4 anos 0 0 0 a 0 a 0 a 0 a 33,3a Tetraciclina 4-10 anos 0 0 0 a 0 a 0 a 0 a 12,5 a >10 anos 100 50 0 a 100 a 0 a 100 a 0a a p<0,05 quando comparados S. sciureus Fiocruz X S. sciureus Cayenne

72

Comparando o perfil de resistência de Staphylococcus spp. isolada em cada espécie com a faixa etária dos animais, pode-se verificar que: na espécie S. ustus Fiocruz, há resistência ao cloranfenicol entre os animais com menos de quatro anos e mais de dez anos, e à tetraciclina, entre animais com mais de dez anos.

Já na espécie S. sciureus Fiocruz, os estafilococos apresentam perfil de resistência a oito agentes antimicrobianos dentre os dez testados, sendo quatro deles na faixa etária com menos de quatro anos (clindamicina, eritromicina, penicilina, sulfametoxazol-trimetoprim e tetraciclina), dois na faixa etária entre quatro e dez anos (cefoxitina e clindamicina), e outros dois na faixa etária de animais com mais de dez anos (cloranfenicol e tetraciclina).

As tabelas 35 e 36 mostram na espécie S. sciureus Cayenne um perfil de resistência a nove entre os dez antimicrobianos testados no presente trabalho. Para oito deles (cefoxitina, cloranfenicol, clindamicina, enrofloxacina, enritromicina, penicilina, oxacilina e cloranfenicol) apresenta perfil de resistência em animais com menos de quatro anos. Em seis deles (cefoxitina, cloranfenicol, clindamicina, eritromicina, sulfametoxazol-trimetoprim e tetraciclina) ocorre restência em animais na faixa entre quatro e dez anos de idade, para animais com mais de dez anos, seis apresentam resistência (cefoxitina, cloranfenicol, eritromicina, penicilina, oxacilina e tetraciclina).

72

Tabela 35 – Frequência de resistência a cinco agentes antimicrobianos testados em Staphylococcus spp isolados em ambiente vaginal na população de Saimiri sciureus Cayenne considerando as faixas etárias (Fiocruz, maio de 2011) – Parte 1 de 2. (p>0,05)

RECINTOS (%) Idade Antibióticos (anos) 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 n=10 n=5 n=7 n=7 n=11 n=15 n=14 n=9 n=6 n=12 n=7 n=9 n=9 n=8 n=2 <4 0 0 0 0 50 0 66,7 100 0 0 0 0 50 0 0 Cefoxitina a 4-10 0 0 0 0 20 100 0 75 0 0 0 0 0 0 0 >10 0 0 50 0 33,3 50 0 80 0 0 0 25 0 0 0

<4 0 0 0 0 0 0 33,3 0 0 0 0 0 0 0 0

Clindamicina 4-10 0 0 0 0 20 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

>10 0 0 0 0 16,7 0 14,3 0 0 0 0 0 0 0 0

<4 0 0 0 0 0 0 0 100 0 0 0 0 0 0 0

Cloranfenicol 4-10 0 0 0 0 20 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

>10 0 33,3 0 0 16,7 0 20 25 0 50 0 0 100 0 0

<4 0 0 0 0 100 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

Enrofloxacina 4-10 0 0 0 0 20 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

>10 0 0 0 0 33,1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

<4 0 0 0 0 0 50 0 0 0 0 0 0 0 0 0 Eritromicina 4-10 0 0 0 0 20 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 >10 0 0 0 0 0 0 0 25 0 0 0 0 0 0 0 a p<0,05 quando comparados S. sciureus Fiocruz X S. sciureus Cayenne 73

73

Tabela 36 – Frequência de resistência a cinco agentes antimicrobianos testados em Staphylococcus spp isolados em ambiente vaginal na população de Saimiri sciureus Cayenne considerando as faixas etárias (Fiocruz, maio de 2011) – Parte 2 de 2. (p>0,05) RECINTOS (%) Idade Antibióticos 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 (anos) n=10 n=5 n=7 n=7 n=11 n=15 n=14 n=9 n=6 n=12 n=7 n=9 n=9 n=8 n=2 <4 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 Gentamicina 4-10 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 >10 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

<4 0 0 0 0 0 0 66,7 0 0 0 0 0 0 0 0

Oxacilina 4-10 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

>10 0 0 0 0 0 0 0 25 0 0 0 0 0 33,3 0

<4 0 0 0 0 0 50 33,3 100 0 0 0 0 0 0 0

Penicilina 4-10 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

>10 0 0 0 0 0 0 0 25 0 0 0 50 0 0 0

<4 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 Sufa- 4-10 0 0 0 0 20 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 trimetoprim >10 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

<4 33,3 0 0 0 100 50 66,7 0 0 0 0 0 0 0 0 Tetraciclinaa 4-10 0 0 0 0 40 100 0 0 0 0 0 0 0 0 0 >10 50 0 100 50 0 0 0 25 0 50 33,3 0 50 66,7 0 a p<0,05 quando comparados S. sciureus Fiocruz X S. sciureus Cayenne

74

75

4.2.3 Staphylococcus spp e resistência à meticilina

De acordo com os padrões internacionais estabelecidos pela CLSI (Manual Clinical and Laboratory Standards Institute) de uso animal (2008) e humano (2011), a interpretação dos antibiogramas das 95 amostras em que foram isolados Staphylococcus spp no presente estudo, foi constatado o padrão de resistência à meticilina nos seguintes casos: em 13 amostras (13,7%) foi constatada resistência à cefoxitina.

Das 13 amostras em consideração, somente uma era coagulase-positiva, o que não correponde a uma amostragem significativa (p<0,05). Com relação ao status hierárquico desses animais nos respectivos recintos, a maioria era de fêmeas subordinadas em seus grupos não havendo, portanto, relação da ocorrência de estafilococos resistentes à meticilina e a hierarquia dos micos-de-cheiro em estudo.

4.3 COLPOCITOLOGIA

4.3.1 Fases do ciclo estral

Através da citologia, foi possível identificar a fase do ciclo estral em 96% das amostras coletadas. Em nenhum dos 177 esfregaços vaginais foi confirmada a cópula, pois não foram encontrados espermatozoides. No momento da coleta, realizada em maio de 2011, 100 fêmeas encontravam-se acíclicas, 70 cíclicas e em sete não foi possível determinar se estavam cíclicas ou não, devido à escassez de material nos esfregaços vaginais.

Foram determinadas as fases do ciclo em que os animais do estudo encontravam-se no dia da coleta (maio de 2011), e, posteriormente, em quantos foi observado parição durante o ano reprodutivo (tabela 37), cujo período de partos normalmente costuma ser concentrado entre setembro e março nos países do

76

hemisfério sul (primavera-verão). Cabe ainda ressaltar que quatro fêmeas do estudo pariram em abril.

Tabela 37 – Fases do ciclo estral na população de Saimiri spp Fiocruz, durante o período de coleta de material para colpocitologia em maio de 2011 e fêmeas paridas paridas durante a época de partos (entre setembro de 2011 e abril de 2012) no ano reprodutivo 2011/2012.

Número de Fêmeas paridas Fase do ciclo fêmeas (geral) Anestro 100 48 Estro 44 15 Diestro 26 7 Fase 7 3 indeterminada TOTAL 177 73

Como citado na tabela acima, observa-se que, ao todo, 73 partos durante o ano reprodutivo 2011/2012, sendo que no momento da coleta de material, 65,7% (48/73) das fêmeas apresentam-se acíclicas.

A fim de facilitar a avaliação das fases do ciclo estral nos animais estudados, foram confeccionadas as tabelas 38, 39 e 40, separando-os por recintos e respectivas origens.

A análise estatística dos dados destas três tabelas pelo teste de qui-quadrado de Pearson revela uma diferença significativa (p<0,05) entre as frequências de fêmeas dentro das fases do ciclo estral, quando comparamos as espécies S. sciureus Fiocruz e S. sciureus Cayenne, sob os seguintes aspectos: entre faixas etárias (indicação com a letra “a” em sobrescrito nas tabelas 39 e 40), e quando cada grupo teve seus recintos

77

agrupados e avaliados de maneira pareada entre as origens Fiocruz X Cayenne estral (indicação com a letra “b” em sobrescrito nas tabelas 39 e 40).

Tabela 38 – Fases do ciclo estral nos recintos da população de Saimiri ustus Fiocruz de acordo com as faixas etárias, durante o período de coleta de material para colpocitologia em maio de 2011, considerando o ano reprodutivo 2011/2012. (p>0,05)

Recintos 1 2 Categoria (n=3) (n=5)

Anestro Estro Diestro Anestro Estro Diestro

4-10 anos 1 0 0 0 1 2 >10 anos 2 0 0 0 1 1 Geral do recinto 3 0 0 0 2 3

Tabela 39 – Fases do ciclo estral nos recintos da população de Saimiri sciureus Fiocruz de acordo com as faixas etárias, durante o período de coleta de material para colpocitologia em maio de 2011, considerando o ano reprodutivo 2011/2012. (p>0,05)

Recintos 3 4 5 6 7

(n=4) (n=5) (n=7) (n=6) (n=16)

Categorias

tro

Estro Estro Estro Estro Estro

Diestro Diestro Diestro Diestro Diestro

Anestro Anestro Anes Anestro Anestro

<4 anosa 0 0 0 1 0 0 1 0 0 0 0 0 1 0 0

4-10 anosa 0 1 1 0 1 2 0 2 0 0 2 2 0 10 3

>10 anosa 0 0 2 0 0 1 1 0 2 0 2 0 1 2 0 Geral do 0 1 3 1 1 3 2 2 2 0 4 2 1 12 3 recinto

a p<0,05 quando comparados S. sciureus Fiocruz X S. sciureus Cayenne

77

Tabela 40 – Fases do ciclo estral nos recintos da população de Saimiri sciureus Cayenne de acordo com as faixas etárias, durante o período de coleta de material para colpocitologia em maio de 2011, considerando o ano reprodutivo 2011/2012. (p>0,05)

*Uma amostra sem material no recinto 5 (4-10 anos); *1 – material insuficiente em um animal (4-10 anos); *2 – material insuficiente em 5 animais (1 entre 4-10 anos; 4 com mais de 10 anos); INF – Idade não fornecida a p<0,05 quando comparados S. sciureus Fiocruz X S. sciureus Cayenne

78

79

4.4 NÍVEIS SÉRICOS DE PROGESTERONA DURANTE O PERIODO DE COLETA

4.4.1 Concentração sérica geral

A análise geral das concentrações séricas de progesterona, mesmo se tratando de um estudo transversal, com apenas uma coleta realizada em maio de 2011, demonstrou um perfil bastante amplo (gráfico 1), com valores pouco discrepantes representados por um ponto, e muito discrepantes, por um asterisco. A média e o desvio padrão geral foi de 14,076 ± 11,304 ng/mL.

Em relação às faixas etárias, as fêmeas com menos de quatro anos obtiveram média e desvio padrão da concentração sérica de progesterona de 9,047 ± 4,863 ng/mL, aquelas entre quatro e 10 anos, 18,711 ± 13,358 ng/mL, e, por fim, as fêmeas com mais de dez anos, 13,469 ± 11,165 ng/mL. O gráfico 2 considera a distribuição de valores da concentração sérica dentro de cada faixa etária, com a representação de valores discrepantes tal qual no gráfico 1.

Comparando a origem dos animais, a colônia de micros-de-cheiro da Fiocruz apresentou valores de concentração sérica de progesterona com média e desvio padrão de 19,861 ± 13,870 ng/mL e nas fêmeas de Cayenne, esses valores foram de 11,963 ± 9,419 ng/mL. O gráfico 3 representa a distribuição desses valores tendo em consideração a origem dos micos-de-cheiro (Fiocruz ou Cayenne), cujos valores discrepantes foram representados como no gráfico 1.

Tendo em consideração as duas espécies em foco no presente estudo (Saimiri sciureus e Saimiri ustus), na primeira citada a média e o desvio padrão da concentração sérica de progesterona foi de 32,037 ± 24,500 ng/mL, enquanto que em S. ustus foi de 13,314 ± 9,844 ng/mL. No gráfico 4 está representada a distribuição destes valores considerando a espécie de mico-de-cheiro.

80

Gráfico 1 – Representação gráfica em Box-plot da distribuição de valores da concentração sérica de progesterona da população de Saimiri spp (Fiocruz, maio de 2011). (p>0,05)

Concentração sérica (ng/mL) sérica Concentração

Gráfico 2 – Representação gráfica em Box-plot da distribuição de valores da concentração sérica de progesterona, segundo as faixas etárias da população de Saimiri spp (Fiocruz, maio de 2011). (p>0,05)

Concentração sérica (ng/mL) sérica Concentração

81

Gráfico 3 - Representação gráfica em Box-plot da concentração sérica de progesterona, segundo origem (Fiocruz ou Cayenne) da população de Saimiri spp (Fiocruz, maio de 2011). (p>0,05)

Concentração sérica (ng/mL) sérica Concentração

Gráfico 4 - Representação gráfica em Box-plot da concentração sérica de progesterona, segundo a espécie (Saimiri sciureus e S. ustus) da população de Saimiri spp (Fiocruz, maio de 2011). (p>0,05)

Concentração sérica (ng/mL) sérica Concentração

82

A concentração sérica de progesterona foi analisada no presente estudo avaliando os recintos individualmente, considerando a espécie e sua respectiva origem. Além disso, foram considerados os parâmetros de hierarquia social e faixas etárias no tratamento estatístico (tabelas 41, 42 e 43).

Comparando as tabelas 41, 42 e 43, a análise estatística da concentração sérica de progesterona desse estudo transversal utilizando o teste de Kruskall Wallis e Mann Whitney apontou uma diferença significativa quando avaliados conjuntamente os recintos da espécie S. sciureus (letra “a” em sobrescrito nas tabelas 42 e 43).

Tabela 41 – Concentração sérica de progesterona (média e desvio padrão, em ng/mL) na espécie Saimiri ustus - origem Fiocruz de acordo com as faixas etárias (Fiocruz, maio de 2011). (p>0,05)

Recintos Categoria 1 2 (n=3) (n=5)

4-10 anos -- 44,161± 22,036

>10 anos 11,404 ± 12,517 34,486 ± 34,197 Geral do recinto 11,404 ± 12,517 40,291 ± 23,732

Geral da espécie 32,038 ± 24,500 S. ustus Fiocruz

.

83

Tabela 42 – Concentração sérica de progesterona (média e desvio padrão, em ng/mL) na espécie Saimiri sciureus - origem Fiocruz de acordo com as faixas etárias Fiocruz, maio de 2011). (p>0,05)

Recintosa Categoria 3 4 5 6 7 (n=4) (n=5) (n=7) (n=6) (n=16) 12,158 31,084 10,528 12,560 12,970 4-10 anos ± ± ± ± ± 4,351 1,009 7,132 3,424 5,051 17,325 12,808 >10 anos ± -- -- ± -- 5,108 7,459 14,741 21,196 21,078 26,129 12,907 Geral do ± ± ± ± ± recinto 4,889 9,137 13,066 14,661 4,760 Geral da espécie 17,784 ± 10,153 S. sciureus Fiocruz

a p<0,05 quando recintos da espécie S. sciureus foram avaliados conjuntamente

83

Tabela 43 – Concentração sérica de progesterona (média e desvio padrão, em ng/mL) na espécie Saimiri sciureus - origem Cayenne de acordo com as faixas etárias (Fiocruz, maio de 2011). (p>0,05)

a p<0,05 quando recintos da espécie S. sciureus foram avaliados conjuntamente

84

85

5. DISCUSSÃO

5.1 ASPECTOS SOBRE OS PRONTUÁRIOS INDIVIDUAIS

Os resultados demonstraram o perfil geral da colônia notadamente formada por animais com mais de dez anos (59,3%) e com valores de média e desvio padrão de peso satisfatórios para a espécie (674,35 ± 91,576 g). ANDRADE et al. (2010) frisam a importância destes dados, uma vez que primatas humanos e não humanos compartilham muitas características de sua biologia reprodutiva, e o conhecimento sobre as espécies de primatas não humanos é de suma importância, sobretudo no que diz respeito ao aspecto conservacionista de espécies ameaçadas de extinção e na contribuição de programas de reprodução em cativeiro.

Além disso, o peso corporal adequado está relacionado a dois importantes aspectos: o período gestacional e a idade ao primeiro parto. Segundo LANMAN (1977), as fêmeas de espécies mamíferas tendencialmente apresentam períodos gestacionais diretamente proporcionais ao peso corporal, e BUTLER (1974) complementa essa informação, ao citar que primatas não humanos seguem essa tendência, embora tenham gestações relativamente longas comparativamente ao peso corporal.

LAND (1978) destaca que algumas variáveis influenciam no desenvolvimento reprodutivo, destacando-se as relações sociais, ciclos de luz e aspectos nutricionais, podendo exercer importantes efeitos em criadouros, uma vez que a puberdade pode

86

ser acelerada ou retardada. Tomando-se em consideração o fator nutricional, a faixa etária que mais inspira atenção sob o aspecto do peso é a de fêmeas maduras sexualmente, aquelas entre quatro e dez anos de idade, que no presente estudo apresentaram média e desvio padrão de 695,90 ± 86,22 g. No estudo conduzido por COE et al. (1981), micos-de-cheiro púberes da colônia observada começam a apresentar ciclicidade ovariana quando atingiram a média de peso corporal de 680 g, e fêmeas mais pesadas apresentam puberdade mais precocemente.

Ainda nesse estudo, foi enfatizada a importância do peso adequado devido à sua relação direta com a liberação de hormônios sexuais e consequentemente uma maior precocidade ou atraso na puberdade. Portanto, o escore corporal é um importante parâmetro para a eficiência reprodutiva. Transpondo essas informações para os resultados obtidos nesse trabalho, no qual 47,2% das fêmeas maduras sexualmente abaixo da faixa de peso de 680 g, devemos tomar medidas a fim de melhorar o aspecto nutricional da colônia e sanar essa defasagem de peso.

De acordo com a análise estatística dos dados de peso da colônia, foi observada diferença significativa (tabelas 2 e 3) entre as faixas etárias dos animais e entre alguns recintos oriundos de Cayenne. Devido ao grande espaço amostral desse grupo, a análise estatística permite uma maior variedade e amplitude de resultados, o que normalmente gera diferença significativa quando comparados entre si. Considerando particularmente os animais de Cayenne, com uma maior amostragem dentro da idade superior a dez anos, e um espaço amostral menor nas outras duas faixas etárias, esse fato dá margem à observação de valores mais discrepantes nas categorias de menor espaço amostral, e, consequentemente, a relação p<0,05 nos testes estatísticos.

Uma vez que o peso corporal está relacionado com a duração da gestação, também é possível relacionar esse aspecto com o número de fetos. Em relato de JAINUDEEN e HAFEZ (2000), ressaltam que há uma relação inversa entre período gestacional e o número de fetos, e que está bem documentada nas espécies multíparas, exceto em suínos. Fetos múltiplos em espécies uníparas, como é o caso da

87

maioria dos primatas, também apresentam períodos gestacionais mais curtos, de acordo com os autores do estudo.

Apesar de unípara, a espécie do mico-de-cheiro raramente apresenta prenhez gemelar, mas com frequência padece com a ocorrência de distocias, conforme AKSEL & ABEE (1983). Estes afirmam que devido ao estreito diâmetro pélvico dessa espécie, os micos-de-cheiro apresentam um grande risco de parir natimortos. Sendo assim, o controle do peso desses animais, a fim de evitar a macrossomia fetal durante a gestação pode reduzir o risco de distocias.

5.2 ASPECTOS SOBRE OS PERFIS REPRODUTIVOS

De acordo com MENDOZA et al. (1999), o período reprodutivo das fêmeas de micos-de-cheiro inicia-se aproximadamente aos dois anos e meio de idade e pode se estender até acima dos 16 anos. Entretanto, o estudo de DIAMOND et al. (1985) verificou que, com o avançar da idade, esses animais exibem redução das taxas de concepção e aumentam os índices de abortamento. Nos animais do presente estudo, foi observado um perfil de colônia majoritariamente de fêmeas com mais de dez anos, sobretudo de nulíparas e primíparas. Entretanto, comparando a média e desvio padrão de partos entre as faixas etárias (1,510 ± 1,502 em fêmeas entre quatro e dez anos, e 1,60 ± 1,865 com mais de dez anos), não se confirma o que foi dito pelos autores na tabela 12, nos recintos 6 e 7 (Saimiri sciureus Fiocruz). Por outro lado, HELVACIOGLU et al. (1994) afirmam que a capacidade reprodutiva das fêmeas de mico-de-cheiro decai após os 12 anos, mesmo podendo alcançar uma expectativa de vida de 20 anos ou mais; e que, entretanto, há ainda fêmeas que continuam a reproduzir mesmo depois de 12 anos de idade, fato que foi também observado no presente estudo, corroborado pelo dado estatístico que a faixa etária de maior concentração de partos é entre oito e 13 anos de idade.

88

As médias e desvio padrão obtidas nesse estudo para ambas as faixas etárias de animais maduros (tabelas 11, 12 e 13) também divergem do que foi dito por WALKER et al. (2009), que durante a observação do processo de envelhecimento ovariano em micos-de-cheiro sob aspectos histomorfométricos, afirmou que houve um declínio considerável do número de folículos primários com o passar da idade dos animais, sendo a perda mais considerável em torno dos cinco anos de idade, o que reduz consideravelmente a capacidade reprodutiva.

De acordo com WALKER et al. (2009), há um maior espaçamento nos intervalos entre partos (IEP), conforme o envelhecimento dos animais em estudo. O presente trabalho está em concordância com os referidos autores.

Com base no relato de WALKER et al. (2009), o intervalo entre partos na espécie S. sciureus pode durar até 720 dias, o que estaria previsto dentro da fisiologia normal da espécie. Entranto, o tratamento estatístico realizado nesse trabalho, considerando este mesmo intervalo dentro da categoria de fêmeas maduras de cada espécie, revelou um percentual de fêmeas maduras de 50,5% de S. ustus e 51,5% de S. sciureus com intervalo entre partos acima de 720 dias (transpondo dados da tabela 14). Devido ao fato da colônia de primatas não humanos da Fiocruz ter objetivo de criação para gerar modelos animais para experimentação, esse dado deverá ser considerado para melhoramento reprodutivo futuramente.

Sob a mesma ótica de melhoramento da eficiência reprodutiva da criação de micos-de-cheiro da Fiocruz, em consideração a interpretação das tabelas 4, 5 e 6, temos a contabilização de 45 animais dentro da categoria de fêmeas nulíparas maduras (mais de quatro anos de idade), adicionado ao dado de seis fêmeas primíparas ou pluríparas com intervalo entre partos superior a 720 dias. Esses 51 animais merecem ser investigados com maior critério, a fim de elucidar a causa de redução de fertilidade. A fim de aprimorar a eficiência reprodutiva do plantel da Fiocruz, o presente trabalho aconselha a adoção de critérios de descarte de animais que não atendam às expectativas de reprodução, sugerindo, para as fêmeas, as duas observações

89

supracitadas (intervalo entre partos superior a 720 dias para primíparas e pluríparas e contabilização de fêmeas maduras nulíparas).

Neste estudo, foram observados nos dados de histórico reprodutivo a ocorrência de abortamentos em 7,5% das fêmeas, cujos parâmetros de média e desvio padrão etária recaíram na categoria de fêmeas idosas (11,320 ± 2,532 anos). Em relação aos natimortos, esse percentual foi de 9,8%, também afetando majoritariamente a categoria com mais de dez anos (média e desvio padrão de 14,500 ± 5,502 anos).

Segundo DUKELOW (1985), o desempenho reprodutivo dos micos-de-cheiro criados ex-situ é caracterizado, substancialmente, por uma baixa taxa de concepção e altas taxas de perdas fetais, e pode chegar a atingir índices de 71% e 25%, respectivamente, de acordo com DIAMOND (1985). Este último destaca, ainda, que aumento nas taxas de abortamentos e redução do número de partos é mais comum em fêmeas de idade avançada, o que está em consonância com os achados deste estudo, apesar dos índices de perdas fetais na colônia da Fiocruz não serem tão altos quanto o apontado no trabalho de DIAMOND (1985).

ABEE (1989) ressalta a particularidade de que os abortamentos são um sério problema em biotérios de criação de micos-de-cheiro, e ocorrem principalmente devido ao fato de que a fêmea parir em um espaço de tempo relativamente curto, quando se tem em consideração um estrito padrão de sazonalidade, inerente ao gênero Saimiri spp. As fêmeas que sofrem abortamento podem não ter outra oportunidade para conceber até o final da estação reprodutiva. Aquelas em que ocorre falha reprodutiva ou devem manter a gestação não podem emprenhar novamente até a próxima estação reprodutiva.

Outra peculiaridade citada por AKSEL & ABEE (1983) é que uma vez que micos- de-cheiro parem fetos de dimensões grandes quando comparados ao tamanho das mães, a morte neonatal associada à distocia é um aspecto a ser levado em consideração. Há um maior risco de parir fetos natimortos naquelas fêmeas que apresentam um menor diâmetro pélvico do que as fêmeas com diâmetro pélvico normal.

90

A análise dos índices de desfrute de cada recinto revelou que os valores encontrados para os recintos 4, 5, 6 encontram-se abaixo da média da espécie S. sciureus Fiocruz (tabela 2), sendo a mesma relação observada nos recintos 9, 10, 11, 14, 15, 18, 19 e 21, dentro da espécie S. sciureus Cayenne (tabela 3). No recinto 22, há a necessidade de implantação de pelo menos um macho, já que as duas fêmeas encontravam-se em um recinto isosexual no último ano reprodutivo e durante o período da coleta. O presente trabalho sugere uma melhor investigação para os recintos supracitados, com o objetivo de obter maiores esclarecimentos que possam aperfeiçoar o desempenho reprodutivo da colônia de primatas não humanos da Fiocruz, já que o índice de desfrute é o parâmetro principal para o estudo da eficiência reprodutiva de um plantel.

Deve-se ressaltar, ainda, a importância do estudo andrológico, a fim de auxiliar na elucidação das falhas reprodutivas em machos e fêmeas, em caráter individual (por recinto) e coletivo (da espécie dentro da sua respectiva origem). O presente estudo pretende colaborar com o melhoramento reprodutivo do plantel, ofertando dados complementares à abordagem andrológica, porém não contemplada nessa pesquisa.

5.3 ASPECTOS SOBRE AS AMOSTRAS BACTERIOLÓGICAS

Foram isolados Staphylococcus spp em 95 das 175 amostras desse estudo, o que corresponde a 54,2%. Alguns trabalhos analisando amostras oriundas de primatas não humanos conseguiram isolar bactérias desde gênero. ASPIS et al. (2003) realizaram pesquisa de estafilococos em mucosa oral de macacos-prego (Cebus apella) mantidos em cativeiro, e dos 50 swabs de cavidade oral, e em 73,1% foram isoladas bactérias desse gênero. PANTUCEK et al. (2005), isolaram Staphylococcus simiae em oito amostras de trato gastrintestinal de Saimiri spp. criados em zoológico. Em outros estudos conduzidos em primatas não humanos, Staphylococcus spp. foi associado com quadros infecciosos e mortalidade, particularmente em animais recém-importados (PADOVAN & CANTRELL, 1983; CROUCH et al., 1984; STASILEVICH et al., 1986).

91

O macaco rhesus (Macaca mulatta) é a espécie que concentra maior número de descrições em literatura de isolamentos de , como agente etiológico de piometrite aguda (LANG E BENJAMIN, 1969), feridas cirúrgicas (BLOUSE et al., 1976), abortamentos (SWINDLE et al., 1982) e casos clínicos de metrite e vaginite. (DOYLE et al., 1991). Em casos de otite externa aguda em Callithrix jacchus (HILL et al., 1978), artrite supurativa em filhote de Pongo pygmaeus (HOOPES et al., 1978) e complexo vaginite-metrite em Macaca fascicularis (DOYLE et al., 1991) também foram isolados S. aureus. Outros processos infecciosos, como no trato urinário de mulheres e Cercopithecus aethiops (vervet monkeys ou cercopitecos da face negra) causados por S. saprophyticus foram relatados por MARDH et al. (1980).

Poucos estudos foram conduzidos sobre amostras de mucosa vaginal de primatas não humanos. MORAES (2004) verificou 100% de isolamento de estafilococos nos 25 swabs vaginais de mico-leão (Leontophitecus spp) analisados. foram obtidos isolamentos característicos de Staphylococcus spp., bem como na pesquisa de CLAVER et al (1984), em bugios (Allouatta caraya) adultas, além dos relatos de BONCYK e KALTER (1972) em chimpanzé (Pan troglodytes), SKANGALIS et al (1979) em babuíno (Papio anubis), DOYLE et al. (1991) em rhesus (Macaca mulatta) e LICHTENWALNER et al (2000) no macaco-rabo-de-porco (Macaca nemestrina). Em pesquisa sobre diferenças entre a microbiota vaginal de babuínos (Papio anubis) e humanos, não foram isolados estafilococos nesses símios (RIVERA et al., 2011), enquanto que em humanos, é sabido que este gênero coloniza o ambiente vaginal de mulheres sadias, inclusive grávidas (BAYÓ et al., 2002). Até o momento não havia relato de isolamento de Staphylococcus spp. em mucosa vaginal de micos-de-cheiro.

O isolamento de Staphylococcus spp. no presente estudo é concordante com estudos semelhantes sobre a avaliação da microbiota de mucosa cérvico-vaginal de fêmeas domésticas, como vacas (ROCHA et al., 2004), gatas (ANDRADE, 2006) e cabras (GOMES, 2006), cadelas (COGGAN, 2008) e ovelhas (SILVA et al, 2011).

Nas amostras analisadas neste estudo, houve um predomínio das amostras coagulase-negativas sobre as coagulase-positivas (95,8%). MORAES (2004) também

92

observou essa relação, havendo 68,0% de isolamentos de estafilococos coagulase- negativos na mucosa vaginal de mico-leão.

Duas amostras coagulase-positivas do estudo em questão foram isoladas no mesmo recinto, sendo uma delas resistente à meticilina. O fato de termos isolado duas amostras coagula-se positivas no mesmo recinto foi, provavelmente, devido ao comportamento inerente ao mico-de-cheiro, de atitudes exploratórias na região anogenital. O isolamento de Staphyloccocus spp. coagulase-positivos é um achado importante, pois esses microrganismos estão frequentemente relacionados a processos infecciosos purulentos agudos, seja em humanos ou primatas não humanos, como destacado por LILENBAUM et al. (2006). Além disso, essas bactérias já foram descritas em casos clínicos de metrites e vaginites em macaco rhesus e cynomolgus por DOYLE et al (1991).

O fato da predominância de cepas coagulase-negativas sobre as coagulase- positivas era esperado, uma vez que análises realizadas em outros estudos com primatas não humanos também apontaram semelhança com a microbiota vaginal humana no que tange o isolamento de estafilococos, como demonstrado por CLAVER et al. (1984) e RIVERA (2011). Tais relatos nos permitem a inclusão do gênero Saimiri spp no aspecto de predominância do isolamento de cepas coagulase-negativas de estafilococos na mucosa vaginal.

Dentre as características comportamentais dos micos-de-cheiro, os autores SCHIML et al. (1996) citam a aproximação entre animais, o ato de agarrarem-se, a manipulação genital e exploração anogenital. Atos como monta e brigas são incomuns. Essa relação comportamental também pode explicar a diferença significativa observada entre as categorias etárias, uma vez que em 74,4% das fêmeas entre quatro e dez anos foram isoladas Staphylococcus spp. a partir dos swabs vaginais. O fato de essa faixa etária concentrar animais maduros, mais ativos, e que incorporaram integralmente hábitos comportamentais, implica em fêmeas com atitude mais exploratória, que podem vir a disputar a hierarquia, aumentando o contato entre si dentro do grupo social.

93

Em estudo comportamental, SCHIML et al. (1996) citam que 92,8% (intervalo de 62 a 98%) de contato genital e preensão mútua nos micos-de-cheiro estão em consonância com a relação de hierarquia. Apesar do que afirmam os autores, no presente estudo não houve relação da colonização vaginal por estafilocos e a posição hierárquica da fêmea dentro do grupo social, seja considerada dominante ou subordinada. Tais parâmetros de comportamento inerentes à espécie do mico-de-cheiro também pode explicar o padrão de resistência aos antimicrobianos em cada recinto (tabelas 34, 35 e 36).

5.3.1 Aspectos sobre o perfil de susceptibilidade aos antimicrobianos

As 95 amostras de Staphylococcus spp. apresentaram 100% de sensibilidade à gentamicina (tabela 32). MORAES (2004), avaliou estafilococos isolados em vagina de micos-leões, verificou também uma resistência baixa à gentamicina, de 16%. No presente estudo, a resistência frente à eritromicina e sulfametoxazol-trimetoprim foi de apenas 2,1% (tabela 32).

Os agentes que encontraram maior resistência nas amostras de estafilococos isolados foram a tetraciclina (28,4%), seguido pela cefoxitina e cloranfenicol, com resistência de 13,7% e 14,7% das amostras, respectivamente (tabela 32). Ao contrário, no trabalho de MORAES (2004) anteriormente citado, o cloranfenicol foi um dos antimicrobianos mais efetivos; a penicilina G foi o agente com maior resistência, em 84% das amostras, seguida pela tetraciclina (48%), rifampicina (64%) e ampicilina (52%). Em concordância entre o presente estudo e o de MORAES (2004), está a alta resistência à tetraciclina. Comparando ainda os dois estudos, em 88% das amostras de micos-leões apresentaram resistência a pelo menos um antimicrobiano, contra 47,3% dos micos-de-cheiro.

Das quatro amostras coagulase-positivas, duas (50%) não ofereceram resistência a nenhum antimicrobiano testado, e dentre as cepas coagulase-negativas, essa relação foi observada em 72,2%. Dentre duas as cepas coagulase-positivas que mostraram resistentes, uma apresentou resistência somente à tetraciclina, e a outra, à cefoxitina e eritromicina, sendo classifcada como resistente à meticilina. Já entre as

94

cepas coagulase-negativas, a resistência foi evidente em 47,2% das amostras. Na pesquisa de MORAES (2004) com micos-leões, essa relação foi vista em 66% das amostras coagulase-positivas e 33,1% das coagulase-negativas, índices menores dos apontados no presente estudo com Saimiri spp.

ASPIS et al. (2003) avaliando Staphylococcus spp. da cavidade oral de macacos prego (Cebus apella), em relação frente aos antibióticos testados observaram sensibilidade a cefalotina em 94,7% das cepas de Staphylococcus spp. e 87,5% das cepas de S. aureus. O resultado menos satisfatório foi o da oxacilina, que não inibiu o crescimento bacteriano em 97,4% das cepas de Staphylococcus spp. e em 62,5% das cepas de S. aureus. Para Staphylococcus spp. foi observada ainda resistência para penicilina (89,5%), clindamicina (57,9%) e amoxicilina (63,2%). O nosso estudo, apesar de ter focado o isolamento de estafilococos em material vaginal, a oxacilina e penicilina G apresentaram bons resultados, ambos com apenas 6,3% de resistência nas amostras analisadas.

No trabalho realizado por BIBERSTEIN et al. (1984), foram identificadas cepas de Staphylococcus spp. coagulase-positivas isoladas a partir de casos clínicos variados em diversas espécies (canina, felina, equina, primatas não humanos, caprina e bovina), as quais foram submetidas a testes de sensibilidade a diversos antimicrobianos. Foi apontada resistência em cepas de S. aureus frente à penicilina (70%), tetraciclina (23,3%), cloranfenicol (15,4%) e S. intermedius mostrou resistência à penicilina (61,3%), tetraciclina (39,9%), cloranfenicol (9,8%) e à eritromicina (10,5%). Novamente, quando comparamos aos resultados do presente estudo, as cepas de estafilococos foram resistentes à tetraciclina, cloranfenicol, eritromicina, e também à penicilina; porém, no trabalho de BIBERSTEIN et al. (1984), esta última apresentou-se com um índice de resistência muito maior do que observado nas amostras de mico-de-cheiro em questão.

A resistência aos antimicrobianos observada nesse estudo deve ser levada em consideração para decisões terapêuticas futuras, tanto na rotina da clínica médica da Fundação Oswaldo Cruz, mas também pode servir de parâmetro na terapêutica e

95

tratamento de processos infecciosos vaginais de etiologia estafilocócica em outros primatas não humanos. O perfil de resistência aos antimicrobianos apontou eficácia para a maioria dos antibióticos utilizados no SCPrim quando afrontado quadro infeccioso no trato genital das fêmeas de micos-de-cheiro, tais como gentamicina, penicilina G e eritromicina. Sugere-se, ainda, que tetraciclina, raramente utilizada, seja definitivamente excluída dentre as opções de escolha terapêutica nesses casos.

5.3.2 Considerações sobre Staphylococcus spp. resistentes à meticilina

Das 95 amostras em que foram isolados Staphylococcus spp. isoladas, 13,7% (13/95) apresentaram resistência à meticilina. Destas, somente duas eram cepas coagulase-negativas.

Segundo WEESE (2010), as cepas resistentes à meticilina são patógenos extremamente importantes na Medicina humana, e na Medicina Veterinária e agropecuária vêm ganhando notoriedade. Estão presentes numa vasta gama de espécies animais, tais como cães, gatos, coelhos, bovinos, suínos, aves e espécies exóticas, sendo fonte de infecção em ambas as áreas citadas.

Entretanto, os relatos em primatas não humanos são escassos na literatura científica, e estão concentrados sob o macaco rhesus (Macaca mulatta). Foram isoladas cepas de S. aureus resistentes à meticilina (MRSA) a partir de cateteres endovenosos em dois indivíduos dessa espécie (TAYLOR & GRADY, 1998) e uma cepa de Staphylococcus não- aureus resistente à meticilina em um caso de rhesus submetido à irradiação gama durante período de quarentena para experimentação com células tronco (KOLAPPASWAMY et al., 2008). Além disso, também foi relatado nessa espécie um caso de noma associado à MRSA (LEE et al., 2011). Até o presente momento, não havia sido descrito na literatura nenhum caso de Staphylococcus spp. resistente à meticilina em Saimiri spp., nem há registro de isolamento desses microrganismos a partir de amostras vaginais em primatas não humanos.

A frequência de estafilocos resistentes à meticilina encontrada nesse estudo foi considerável; segundo WEESE (2010) a preocupação com estas cepas em animais é

96

sensata e requer estudos em vários aspectos para melhor compreender os aspectos de emergência e disseminação em diferentes espécies. Ao mesmo tempo, é importante ressaltar que uma pequena parcela de infecções por estafilococos resistentes à meticilina de fonte humana está diretamente associada aos animais. Portanto, são necessários maiores estudos sobre estas cepas em animais, frisando a caracterização de transmissão inter-espécies, identificação de riscos para a saúde humana e animal, e tomar medidas para precaução e controle, uma vez que foi apontado risco ocupacional dentre os médicos veterinários e equipe envolvida no manejo animal.

5.4 ASPECTOS SOBRE COLPOCITOLOGIA E DOSAGEM DE PROGESTERONA

A utilização da citologia vaginal no presente estudo, tal como observado por autores como WRIGHT & BUSH (1979), NAGLE & DENARI (1983), ORTIZ et al. (2005), DOMINGUES et al. (2007) e KNAUF et al. (2009), foi uma importante ferramenta para a compreensão do ciclo ovariano, além de ser um método simples, de baixo custo e fácil execução, e eficiente para a determinação das fases do ciclo estral e anestro em primatas não humanos. A morfologia das células da mucosa vaginal observada nos esfregaços vaginais neste estudo foi semelhante à descrita por JAROSZ et al. (1977).

A avaliação colpocitológica em micos-de-cheiro e em primatas não humanos em geral é um recurso apoiado por KNAUF et al. (2009), uma vez que em qualquer espécie que apresente ou não sinais de edema na região perineal, a citologia vaginal constitui um método simples e útil para informar o estado reprodutivo nas fêmeas. Embora o procedimento na maioria das vezes requeira imobilização, além de ser pouco invasivo, os resultados produzem rapidamente dados sobre o status sobre os hormônios sexuais femininos.

A maior parte dos animais (56,5%) em estudo encontrava-se em anestro (tabelas 38, 39 e 40) durante o período de coleta (maio de 2011). SCHIML et al. (1996) ressaltam que embora fatores ecológicos sejam indubitavelmente importantes para a manutenção da ciclicidade dos animais de acordo com transição das estações do ano,

97

há a importante evidência de que micos-de-cheiro e outros animais com características fisiológicas de sazonalidade tenham a alteração da coordenação reprodutiva entre indivíduos mediada por estímulos sociais.

DIAMOND et al. (1987) citam que no hemisfério norte, o período de cópula dos micos-de-cheiro ocorre entre dezembro e março, e a maioria dos animais parem entre junho e agosto. Analogamente, DUKELOW et al. (1983) relatam que as espécies do gênero Saimiri spp. oriundas da região amazônica apresentam período de cópula entre junho a setembro; os nascimentos, entre dezembro e fevereiro. Entretanto, ainda que localizados no hemisfério sul, quando micos-de-cheiro são mantidos em ambiente ex- situ, podem sofrer alterações nesses períodos, uma vez que estão expostos a um maior estresse devido a condições de criação e manejo como dieta controlada e confinamento que podem interferir na ciclicidade desses animais. A pesquisa de COE et al. (1981) corrobora esta ideia, já que ressalta que há uma influência primária do fotoperíodo no desenvolvimento da função reprodutiva e ciclicidade, quando períodos de dias curtos/noites longas são essenciais no acasalamento dos micos-de-cheiro, sobretudo quando a variação da luminosidade é alterada. Portanto, a condição do fotoperíodo a que estão expostos os animais do SCPrim pode explicar a ocorrência de partos tardios (mês de abril) no decorrer desse estudo.

Em relação às faixas etárias, é importante destacar a redução da concentração sérica de progesterona nas fêmeas com mais de dez anos (13,469 ± 11,165 ng/mL), quando comparadas àquelas entre quatro e dez anos (18,711 ± 13,358 ng/mL). Esse achado está de acordo com o relato de HELVACIOGLU et al. (1994), que destacaram em sua pesquisa uma menor produção de progesterona em animais mais idosos, tanto na fase pré-ovulatória e na luteal, quando comparadas às fêmeas de meia idade, o que foi comprovado pelo fato que animais com mais de 12 anos de idade ovularem com menos frequência do que fêmeas entre dois e oito anos de idade. Tais achados sugerem uma redução na sensibilidade hipotalâmica-hipofisária em micos-de-cheiro de idade avançada, aliado à relativa deficiência na produção de progesterona, o que pode explicar uma redução na capacidade reprodutiva em fêmeas idosas.

98

Tendo em consideração apenas as concentrações séricas obtidas em fêmeas micos-de-cheiro cíclicas (21,207 ± 13,601 ng/mL) e acíclicas (8,876 ± 5,005 ng/mL) neste estudo (tabela 44), somente os valores encontrados nessas últimas se assemelham aos verificados no estudo de AKSEL et al. (1985), que investigou o perfil hormonal em fêmeas de Saimiri boliviensis boliviensis criadas em ambiente ex-situ em grupos sociais com machos durante o período de acasalamento, em coletas diárias, durante 19 a 20 dias. Nas fêmeas acíclicas, foram relatadas concentrações séricas com média e desvio padrão de 11,6 ± 14,0 ng/mL (intervalo de 2,2 a 22,0 ng/mL), e nas fêmeas cíclicas, 160,6 ± 16,4 ng/mL (intervalo de 6,0 a 310,0 ng/mL). Os autores realizaram o estudo durante a época de acasalamento, como no presente trabalho, entretanto, foi executado com coletas seriadas diferentemente da abordagem do nosso estudo transversal. Além disso, afirmam que durante o período de acasalamento, fêmeas que apresentaram concentrações séricas de progesterona abaixo de 50,0 ng/mL estavam seguramente acíclicas, o que não se confirmou no nosso estudo.

O trabalho de DIAMOND et al. (1985) também relata valores de concentração séricas em fêmeas de mico-de-cheiro acíclicas (25,0-181,0 ng/mL) e cíclicas (31,0- 354,0 ng/mL), e foi realizado em coletas diárias durante 19 a 20 dias, nos períodos de acasalamento e de início de partos em ambiente ex-situ. Tais valores também diferem bastante dos obtidos neste estudo, mas deve-se ressaltar que a abordagem no protocolo das coletas foi completamente diferente em ambas as pesquisas.

Em pesquisa realizada por WOLF et al. (1977) para determinação de alterações cíclicas nas concentrações de estradiol e progesterona em S. sciureus, foram relatados como média e desvio padrão geral os valores de 70,4 ± 12,0 ng/mL, e pico de 399,5 ± 27,7 ng/mL. Ao compararmos os valores dos micos-de-cheiro estudados (tabela 44) com os relatados por WOLF et al. (1977), percebemos que os resultados obtidos no presente estudo são muito inferiores aos dos referidos autores, provavelmente devido ao fato de que o estudo conduzido em 1977 foi realizado ao longo de um ano inteiro, realizando coletas seriadas e levando em consideração meses de estação de acasalamento e de parição, enquanto que o nosso trabalho, por ser um estudo do tipo

99

transversal, levou em consideração somente valores de uma coleta durante a estação de acasalamento.

Através da interpretação do estudo colpocitológico deste trabalho, observou-se que a grande maioria das fêmeas do presente estudo encontrava-se na fase de anestro do ciclo estral, achado corroborado pelas baixas concentrações séricas de progesterona também encontradas. Tal fato ocorrereu, provavelmente, devido à secreção de estrogênio pelo foclículo pré-ovulatório, o qual age nas célula endometriais, estimulando o aumento de receptores para a ocitocina, que por sua vez, estimula a síntese e secreção de PGF2a (prostaglandina F2 alfa), hormônio responsável pela luteólise e consequente queda dos níveis plasmáticos de progesterona. Assim sendo, provavelmente o momento de coleta do presente estudo, conduzido de maneira transversal, coincidiu com o momento de queda dos níveis de progesterona circulantes na maioria dos animais, pelo fato de não estarem ovulando no momento da coleta (ausência do corpo lúteo, responsável pela produção de progesterona no ciclo estral).

Tendo em consideração o estresse dentro do grupo social, a colocação sugerida por ABBOTT et al. (1981) discorda da anteriormente considerada por SCHIML (1996), uma vez que relata que as fêmeas subordinadas em geral se estressam mais que as dominantes, e talvez este seja o mecanismo pelo qual grande parte das fêmeas dominantes suprimam os ciclos das subordinadas.

Em 1987, DIAMOND et al. realizaram um estudo em ambiente ex-situ sobre a concentração sérica de progesterona durante a prenhez em Saimiri sciureus. A média deste parâmetro, analisado durante todo o período gestacional, foi entre 80 e 370 ng/mL, e 96% dos animais observados mantiveram valores acima de 100 ng/mL, e a maioria entre 100 e 200 ng/mL. Um dos resultados do nosso estudo, por ter sido de cunho transversal, foi o cálculo da concentração sérica de progesterona das fêmeas que conceberam durante o ano reprodutivo de 2011/2012, no qual obtivemos média e desvio padrão de 12,902 ± 11,204 ng/mL (tabela 45).

100

Como a coleta foi realizada em maio de 2011, e considerando o período gestacional da espécie de aproximadamente 155 dias, para poder comparar com os valores apontados por DIAMOND et al. (1987), deveríamos ter calculado o parâmetro somente entre as fêmeas que pariram em outubro. Entretanto, só houve registro de partos no SCPrim a partir de 17/11/2011, o que significa que esses animais foram cobertos a partir de meados de junho. Para diagnóstico precoce da prenhez dos animais do nosso estudo, como sugerem os autores acima citados, deve-se proceder com a coleta em intervalos de três dias, o que no caso dos animais do SCPrim, deveria iniciar a partir do mês de junho e se estender até dezembro, pois o período de partos começa normalmente em novembro e pode durar até abril, como já relatado. Após a concepção, segundo os pesquisadores, as concentrações séricas de progesterona raramente permanecem abaixo de 100,00 ng/mL, enquanto em fêmeas cíclicas durante a estação reprodutiva, os níveis de progesterona pré-ovulatórios caem para 20,00 ng/mL ou menos e permanecem assim por um par de dias ou mais, o que não ocorre em fêmeas prenhas.

Essa metodologia para diagnóstico da prenhez seria inviável no sistema da colônia da Fundação Oswaldo Cruz, pois além de pouco prática, submeteria os animais a um grande e prolongado período de estresse para a coleta de sangue. Todo esse processo demandaria contenção física e farmacológica dos animais, o que tornaria a ideia bastante arriscada, novamente sob argumentação do estresse da colônia como um todo, e risco de partos precoces e aumento nos índices de natimortos e abortamentos.

Segundo relato de YEOMAN et al. (1991), indivíduos do gênero Saimiri spp. apresentam perfil hormonal distinto quando comparados a outras espécies de primatas não humanos, pois apresentam um aumento considerável na concentração sérica de estradiol durante o período de acasalamento e uma fase folicular extremamente curta, o que aparentemente é um achado único dentre as espécies de primatas não humanos. Portanto, o entendimento dos eventos hormonais associados ao acasalamento e

101

ovulação contribui sobremaneira para o melhoramento de programas de reprodução ex- situ.

102

6. CONCLUSÕES

- Diante do percentual de isolamento de Staphylococcus spp em 54,2% das amostras vaginais dos animais estudados, conclui-se que tais microrganismos são integrantes da microbiota vaginal normal, o que não havia sido descrito até então na literatura científica;

- Foi apontada uma maior frequência de colonização vaginal por Staphylococcus spp. em faixa etária de micos-de-cheiro com mais de dez anos, provavelmente devido a um comportamento exploratório (sobretudo ano-genital) característico entre animais mais maduros;

- Não foi observada relação entre a a colonização vaginal por Staphylococcus spp. com aqueles animais com maior experiência reprodutiva materna;

- Não foi observada relação entre a a colonização vaginal por Staphylococcus spp. com a ocorrência de abortamentos e natimortos;

103

- Quando isoladas a partir de amostras vaginais, cepas de Staphylococcus spp. coagulase-negativas são mais frequentes que as coagulase-positivas, e representam um menor potencial patogênico em indivíduos sadios, corroborando com achados anteriores em primatas do Novo Mundo;

- Dentre os antimicrobianos testados, a gentamicina mostrou-se aquela em que os

Staphylococcus spp apresentaram maior susceptibilidade, enquanto que a tetraciclina apresentou uma maior taxa de resistência. Tal conclusão auxiliará nos futuros tratamentos e instituição de protocolos de abordagem de afecções do trato reprodutivo em micos-de-cheiro;

- O isolamento de Staphylococcus spp resistentes à meticilina em amostras de origem vaginal nos animais estudados reforça os cuidados com a adoção de medidas de biossegurança na colônia;

- Saimiri spp apresentam achados colpocitológicos semelhantes àqueles descritos em primatas humanos e não humanos, entretanto, devido à sua limitação, não deve ser aplicada como método isolado ou pontual para avaliação da ciclicidade nesses animais;

- As concentrações séricas de progesterona em micos-de-cheiro são superiores às da grande maioria dos primatas não humanos, porém não devem ser utilizadas de maneira isolada para determinação de ciclicidade em micos-de-cheiro;

104

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABEE, CR. The Squirrel Monkey in Biomedical Research: Perspectives on Animal Use ILAR Journal V31(1) 1989.

< http://dels-old.nas.edu/ilar_n/ilarjournal/31_1/31_1SquirrelMonkey.shtml> Acesso em 20/07/2012.

ABBOTT DH, BARNETT DK, COLMAN RJ, YAMAMOTO ME, SCHULTZ-DARKEN NJ. Aspects of common marmoset basic biology and life history important for biomedical research. Comp Med 2003; 53:339-350.

ABBOTT DH, MCNEILLY AS, LUNN SF, HULME MJ, BURDEN FJ. Inhibition of ovarian function in subordinate female marmoset monkeys (Callithrix jacchus jacchus). J Reprod Fertil. 1981 Nov;63(2):335-45.

ADLER, M., FOSTER, S., GROSSKURTH, H. et al (ed) (1998) Sexual Health and Health Care: Sexually Transmitted Infections. Guidelines for Prevention and Treatment. Health and Population Occasional Paper. London: Department for International Development.

AIRES M. Fisiologia Humana. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 1999.

ALCOCK J. Animal behavior. Sinauer. 1989.

AKSEL, S. & ABEE, C.R. A pelvimetry method for predicting perinatal mortality in pregnant squirrel monkeys (Saimiri sciureus). Laboratory Animal Science. 35(1):54-57.

AKSEL S, DIAMOND EJ, HAZELTON J, WIEBE RH, ABEE CR Progesterone as a predictor of cyclicity in Bolivian squirrel monkeys during the breeding season. Lab Anim Sci. 1985 Feb;35(1):54-7.

ANDRADE J.B. 2006. Estudo microbiológico e citológico do trato genital de gatas domésticas. Dissertação de Mestrado, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Seropédica, RJ. 43p.

ANDRADE, Antenor (org.)... [et al.] – Biologia, Manejo e Medicina de Primatas Não Humanos na Pesquisa Biomédica/ Rio de Janeiro, RJ: Editora Fiocruz, 2010. 472 p.

105

ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). BRASIL, MINISTÉRIO DA SAÚDE. Detecção e Identificação de Bactérias de Importância Médica. Módulo 5. 93p. 2004.

ASPIS, D. et al. Suscetibilidade in vitro a antibióticos de cepas de Staphylococcus spp e Micrococcus spp isoladas a partir de mucosa oral de macacos-pregos (Cebus apella) mantidos em cativeiro. Braz. J. Vet. Res. Anim. Sci., 2003, vol.40, suppl.2, p.83-89.

AURICCHIO, P. Primatas do Brasil. São Paulo: Terra Brasilis, 1995. 168p.

AYRES, J.M. (1985) On a new species of squirrel monkey, genus Saimiri, from Brazilian Amazonia (Primates, Cebidae). Papéis Avulsos de Zoologia, São Paulo, 36, 147-164.

BALDWIN, J. D. AND BALDWIN, J. 1. (1971). Squirrel monkeys (Saimiri) in natural habitats in Panama, Columbia, Brazil and Peru. Primates 12, 45-61.

BALDWIN. J.D. & BALDWIN, J.I. The squirrel monkeys, genus Saimiri. P. 241-276. In: COIMBRA-FILHO, A.F. & R.A. MITTERMEIER (Eds.). Ecology and behavior of neotropical primates. Rio de Janeiro, Academia Brasileira de Ciências, 1+496 p. 1981.

BANNERMAN, T. L. Staphylococcus, Micrococcus, and other catalase-positive cocci that grow aerobically. In: Manual of Clinical Microbiology, Murray, P. R.; Barron, E. J.; Pfaller, M. A.; Tenover, F. C.; Yolken, R. H. (eds), 8th ed, ASM Press. Washington, DC. p. 84-404. 2003.

BAYÓ M, BERLANGA M, AGUT M. Vaginal microbiota in healthy pregnant women and prenatal screening of group B streptococci (GBS). Int Microbiol. 2002 Jun;5(2):87-90

BLOUSE, L.E.; BROCKETT, R.M.; HOMME, P.J.; JONES, E.F. Epizootic Staphylococcal infections in subhuman primates after surgical operation. American Journal of Veterinary Research, v. 37, p. 731-733, 1976.

BOINSKI, S. & S.J., CROPP. Disparate data sets resolve squirrel monkey (Saimiri) : implications for behavioral ecology and biomedical use. International Journal of Primatology 20 (2): 237-256.1999.

BOINSKI, S.; SUGHRUE, L.; SELVAGGI, R.; QUATTRONE, R.; HENRY, M.; CROPP, S. An expanded test of the ecological model of primate social evolution: competitive regimes and female bonding in three species of squirrel monkeys (Saimiri oerstedii, S. boliviensis and S. sciureus). Behavior 139: 227-261. 2002.

BOINSKI, S.; EHMKE, E.; KAUFMANN, L.; SCHET, S. & VREEDZAAM, a. Dispersal patterns among three species of squirrel monkeys (Saimiri oerstedii, S. boliviensis and S. sciureus): II. Within species and local variation. Behaviour 142 (5): 633-677. 2005.

BONCYK LH, KALTER SS. 1972. Aerobic bacterial flora of chimpanzees–a four year study. J Med Primatol 1:333–343.

106

BOSKOFF KJ. The oestrous cycle of the brown lemur, Lemur fulvus. J Reprod Fertil. 1978 Nov;54(2):313-8.

BUTLER, H. Evolutionary trends in primate sex cycles. Contribution to Primatology 3, 2- 35. 1974.

CAROSI M, HEISTERMANN M, VISALBERGHI E. Display of proceptive behaviors in relation to urinary and fecal progestin levels over the ovarian cycle in female tufted capuchin monkeys. Hormones and Behavior. 1999;36(3):252-65.

CASEY, A. L.; LAMBERT, P. A.; ELLIOTT, T. S. J. Staphylococci. International Journal of Antimicrobial Agents 29(3), 23–32. 2007.

CEFAI, C., S. ASHURST, AND C. OWENS. 1994. Human carriage of methicillin resistant Staphylococcus aureus linked with pet dog. Lancet 344:539–540.

CLARKE, J.J. GnRH secretion. In: INTERNATIONAL CONGRESS ON ANIMAL REPRODUCTION AND ARTIFICIAL INSEMINATION, 5, 1988. Anais....Dublin, 1988,p.1-9.

CLAVER JA, COLILLAS OJ, TRAVI BL. 1984. Histological and microbiological aspects of the vagina in captive howler monkeys (Alouatta caraya). Primates 25:110–116.

CLSI Performance Standards for Antimicrobial Disk and Dilution Susceptibility Tests for Bacteria Isolated From Animals; M31-A3, vol 28 No. 8. 2008.

CLSI. Performance Standards for Antimicrobial Susceptibility Testing; Supplement Document , M100-S21, vol 31no. 1. 2011.

COE CL, CHEN J, LOWE EL, DAVIDSON JM, LEVINE S.Hormonal and behavioral changes at puberty in the squirrel monkey. Horm Behav. 1981 Mar;15(1):36-53.

COE CL, SMITH ER & LEVINE S The endocrine system of the squirrel monkey. In Handbook of Squirrel Monkey Research, pp 191–218 Eds Rosenblum LA & Coe CL. New York: Plenum Press.1985.

COE, C. L. & ROSENBLUM, L. A. Annual reproductive strategy of the squirrel monkey (Saimiri sciureus). Folia Primatologica, 29: 19-42, 1978.

COGGAN J.A., MELVILLE P.A., OLIVEIRA C.M., FAUSTINO M., MORENO A.M. & BENITES N.R. 2008. Microbiological and histopathological aspects of canine pyometra. Braz. J. Microbiol. 39:477-483.

COIMBRA-FILHO, A.F.; PÁDUA, C.B.V.; SILVA, R.R.; PISSINATTI, A.; FISCHER, L.R.B. A ciência primatológica e o Centro de Primatologia do Rio de Janeiro (CPRJ).

107

Anales del Simposio de Primatologia del IX Congresso Latinoamericano de Zoologia. Arequipa. Peru, p.259-270, 1983.

COIMBRA-FILHO, A.F.; MITTERMEIER, R.A. Conservation of the Brazilian lion tamarins (Leontopithecus rosalia). In: RAINIER III; BOURNE, G.H. Primate Conservation. New York: Academic Press, 1977, p.60-94.

COX, H. U. Staphylococcal infections, pp 214-217. In Greene CE (ed), Infectious diseases of the dog and cat, ed 2 WB Saunders, Philadelphia, PA. 2006.

CROUCH TW, HIGUCHI JH, COALSON JJ, JOHANSON WG JR. Pathogenesis and prevention of nosocomial pneumonia in a nonhuman primate model of acute respiratory failure. Am Rev Respir Dis. 1984 Sep;130(3):502-4.

DA SILVA, Valeska Martins da Silva. Análise Biogeográfica da distribuição de Primatas Neotropicais (Primates, Platyrrhyni).2006. 36 p. Dissertação (Mestrado em Zoologia). Faculdade de Biociências, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul.

DI BITTETI, M.S.; JANSON, C.H. When will the stork arrive? Patterns of birth seasonality in neotropical primates. American Journal of Primatology 50: 109-130. 2000.

DIAMOND, E.J., AKSEL, S., HAZELTON, JM, BARNET, SB, WILLIAMS, LE & ABEE, CR. Serum hormone patterns during abortion in the Bolivian squirrel monkey. Laboratory Animal Science 35: 619-622. 1985.

DIAMOND EJ, AKSEL S, HAZELTON JM, WIEBE RH, ABEE CR. Serum oestradiol, progesterone, chorionic gonadotrophin and prolactin concentrations during pregnancy in the Bolivian squirrel monkey (Saimiri sciureus). J Reprod Fertil. 1987 Jul;80(2):373-81.

DINIZ, L.S.M. Primatas em cativeiro - Manejo e problemas veterinários (enfoque para espécies neotropicais). São Paulo: Ícone, 1997, 196 p.

DOMINGUES SFS, CALDAS-BUSSIERE MC, MARTINS N, CARVALHO, RA. Ultrasonographic imaging of the reproductive tract and surgical recovery of oocytes in Cebus apella (capuchin monkeys). Theriogenology, v.68, p.1251-1259, 2007.

DON E. WILSON & DEEANN M. REEDER. Mammal Species of the World. A Taxonomic and Geographic Reference (3a ed), 2005. Johns Hopkins University Press, 2,142 pp. Disponível em . Acesso em 13 de outubro de 2011

DOYLE L, YOUNG CL, JANG SS, HILLIER SL. 1991. Normal vaginal aerobic and anaerobic bacterial flora of the rhesus macaque (Macaca mulatta). J Med Primatol 20:409–413.

108

DUKELOW, W. R. The squirrel monkey (Saimiri sciureus). In: HEARN, J. P. (Ed.) Reproduction in New World Primates: new models in medical science. Lancaster: MTP Press Limited, 1983.

DUKELOW, R.W. Reproductive Cyclicity and breeding in the squirrel monkey. Pp. 169- 190 in HANDBOOK OF SQUIRREL MONKEY. . Rosenblum, JC.L. Coe, eds. New York London, Plenum Press, 1985

DUMOND, F.V. & HUTCHINSON, T.C. Squirrel monkey reproduction: The “fatted” male phemomenon and seasonal spermatogenesis. Science 158: 1067-1070. 1967.

EATON GG, SLOB A, RESKO JA. Cycles of mating behaviour, oestrogen and progesterone in the thick-tailed bushbaby (Galago crassicaudatus crassicaudatus) under laboratory conditions. Anim Behav. 1973 May;21(2):309-15.

ELIAS, M.F. Relative maturity of Cebus and squirrel monkeys at birth and during infancy. Developmental Psychobiology 10: 519-528. 1977.

EMMONS, L. H., FEER, F. Monkeys (Primates). Neotropical Rainforest Mammals: A Field Guide, 134-153. University of Chicago Press, Chigago, 1990.

EMORI, T. G., AND R. P. GAYNES. 1993. An overview of nosocomial infections, including the role of the microbiology laboratory. Clin. Microbiol. Rev. 6: 428–442.

EUZÉBY L P - LPSN (List of prokaryotic names with standing in nomenclature) - acesso em 02/11/2011.

FERNANDES V. Reprodução. In___. Zoologia. 3, editor. São Paulo; 1982.

FORTUNE, J.E. Follicular dynamics during the bovine estrous cycle: A limiting factor in improvement of fertility? Animal Reproduction Science, v.33, p.111-125, 1993.

GARRAUD, O. (1993). Contribution à la caractérisation d’effecteurs cellulaires du système immunitaire chez le singe écureuil (Saimiri sciureus): aplication à l’étude expérimentale des paludismes humains. Thése de Doctorat de L’Université Paris , 403pp.

GARBER, P.A. & LEIGH, S.R. Ontogenetic variation in small-bodied new world primates: implications for patterns of reproduction and infant care. Folia Primatologica 68 (1): 1-22. 1997.

GEWE, T. H. (1969). Observations on reproduction of squirrel monkeys in captivity. J. Reprod. Fertil. (Suppl. 6), 151-1 56.

GOLDENBERG, R., IAMS, J., AND MERCER, B. et al (1998) “The preterm prediction study: The value of new vs standard risk factors in predicting early and all spontaneous preterm births,” American Journal of Public Health 88(2): 233-239

109

GOMES M.C. 2006. Microbiota vaginal de cabras nas fases do proestro, pós cópula e pós parto. Dissertação de Mestrado, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Seropédica, RJ. 39p.

GOODMAN, R.L; KARSCH, F.J. Pulsatile secretion luteinizing hormone: diferential suppression by ovarian steroids. Endocrinology, v.107, p.1286-1290, 1980.

GORDON K, ASO T, WILLIAMS RF. Lactational anovulation in non-human primates: restriction of nursing inhibits Prl secretion without precipitating the return of ovulatory menstrual cyclicity in cynomolgus monkeys. Contraception. 1995 Apr;51(4):265-72.

GROVES, C. P. A theory of human and primate evolution. Oxford University Press, New York, 1989.

HANSEL, W; CONVEY, E.M. Physiology of the estrus cycle. Journal Animal Science, v.57, p.404-424, 1983.

HARRISON, R. M. AND DUKELOW, W. R. (1973). Seasonal adaptation of laboratory maintained squirrel monkeys (Saimiri sciureus). J. Medical Primat. 2, 27 7-2 83.

HÄRTER L, ERKERT HG. Alteration of circadian period length does not influence the ovarian cycle length in common marmosets, Callithrix j. jacchus (primates). Chronobiol Int. 1993 Jun;10(3):165-75.

HEATH PT, SCHUCHAT A. Perinatal group B streptococcal disease. Best Pract Res Clin Obstet Gynaecol. 2007 Jun;21(3):411-24.

HERSHKOVITZ, P. Taxonomy of squirrel monkeys genus Saimiri (Cebidae Platyrrhini): a preliminary report with description of hitherto unnamed form. American Journal of Primatology 7: 155-210. 1984.

HELVACIOGLU M.D, AKSEL, S., YEOMAN, R.R. , WILLIAMS, L.E, ABEE, C.R. Age- related hormonal differences in cycling squirrel monkeys (Saimiri boliviensis boliviensis). American Journal of Primatology Volume 32, Issue 3, pages 207–213, 1994

HILL, A.C.; TURTON, J.A.; BLEBY, J. Bacterial and mycoplasma flora of a laboratory colony of the common marmoset (Callithrix jacchus). Veterinary Record, v. 103, p. 824- 827, 1978.

HODGES JK. The ovarian cycle and control of ovulation. J Zool Lond, v.213, p.383-393, 1987.

HOEKSTRA, K.A.; PAULTON, R.J.L. Clinical prevalence and antimicrobial susceptibility of Staphylococcus aureus and Staphylococcus intermedius in dogs. Journal of Applied Microbiology 93, 406–413. 2002.

110

HOOPES, P.J.; MCKAY, D.W.; DAISLEY, G.W.; KENNEDY, S.; BUSH, M. Suppurative arthritis in an infant orangutan. Journal of Veterinary Medical Association, v.173, p. 1145-1147, 1978.

HURNIK, J.F. Sexual behavior of female domestic mammals. Vet. C lin. North Am: Food Animal Pract, v.3, p.423-461, 1987.

IRELAND, J.J; ROCHE, J.F. Hypotheses regarding development of dominant follicles during a bovine estrous cycle. In: Roche J.F., O’ Callaghan, D (Eds) Follicular growth and ovulation rate in farm animals. Boston: Martinus Nijhoff Publishers, MA, p.1-18, 1987.

ISENBERG HD, D’AMATO RF. 1995. Indigenous and pathogenic microrganisms of humans In: Murray PR, editor. Manual of clinical microbiology. 6th ed. Washington DC: ASM Press. p 12.

IUCNa –- - acesso em 13/10/2011.

IUCNb – - acesso em 13/10/2011.

JAINUDEEN, M.R. & HAFEZ, E.S.E. Pregnancy diagnosis. In: HAFEZ, B. & HAFEZ, E.S.E. Reproduction in Farm Animals. 7 ed. Pennsylvania: Linppicott Williams & Wilkins, 2000.

JAROSZ, S. J.; KUEHL, T. J. & DUKELOW, W. R. Vaginal cytology, induced ovulation and gestation in the squirrel monkey (Saimiri sciureus). Biology of Reproduction, 16: 97- 103, 1977.

KAACK, B.; WALKER, L. & BRIZZE, K.R. The growth and development of squirrel monkey, Saimiri sciureus. Growth 43: 116-135. 1979

KARSH, F.J. Central actions of ovarian steroids in feedback regulation of pulsatile secretion of luteinizing hormone. Ann. Rev. Physiol.,v.105, p.365-382, 1987.

KESNER J.S, CONVEY, E.M; ANDEERSOM, C.R. Evidence that estradiol induces the preovulatory LH surge in cattle by increasing pituitary sensitivity to LHRH and then increasing LHRH release. Endocrinology, v.108, p.1386-1391, 1981.

KLOOS, W. E., ZIMMERMAN, R. J. & SMITH, R. F. Preliminary studies on the characterization and distribution of Staphylococcus and Micrococcus species on animal skin. Appl Environ Microbiol 31, 53–59. 1976.

KNAUF, S., BATAMUZI, E.K., MÄTZ-RENSING, K., LEENDERTZ, F.H. AND WEHREND, A.. Exfoliative vaginal cytology: a diagnostic tool for sexual cycle stages in nonhuman primates. Tanzania Veterinary Journal Vol. 26, No. 1 (1-6). 2009.

111

KOLAPPASWAMY K, SHIPLEY ST, TATAROV II, DETOLLA LJ. Methicillin-resistant Staphylococcus non-aureus infection in an irradiated rhesus macaque (Macaca mulatta). J Am Assoc Lab Anim Sci. 2008 May;47(3):64-7.

KONEMAN, E.W; ALLEN, S.D; JANDA, W.M; SCHREKENBERGER, P.C . Diagnóstico Microbiológico-Texto e Atlas Colorido. 5ª edição, Rio de Janeiro: MEDSI, 2005.

KUEHL, T. J. AND DUKELOW, W. R. (1975). Ovulation induction during the anovulatory season in Saimiri sciureus. J. Medical Primat. 4, 23-31.

KUMAR S, HEDGES SB. A molecular timescale for vertebrate evolution. Nature. 1998; 30;392(6679):917-20.

LANG, C. M. A technique for the collection of semen from squirrel monkeys (Saimiri sciureus) by electro-ejaculation. Laboratory Animal Care, 17(2): 218-221, 1967.

LANG MC, BENJAMIN SA. 1969. Acute pyometra in a rhesus monkey (Macaca mulatta). J Vet Med Assoc 155:1156–1157.

LANMAN, J.T. Parturition in nonhuman primates. Biology of reproductions, 16: 28-38, 1977.

LEE JI, KIM KS, OH BC, KIM NA, KIM IH, PARK CG, KIM SJ. Acute necrotic stomatitis (noma) associated with methicillin-resistant Staphylococcus aureus infection in a newly acquired rhesus macaque (Macaca mulatta). J Med Primatol. 2011 Jun;40(3):188-93.

LENT R. Cem bilhões de neurônios: conceitos fundamentais de neurociência. São Paulo: Atheneu. 2001:375-400.

LEONARD, F.C., MARKEY, B.K., Meticillin-resistant Staphylococcus aureus in animals: A review, The Veterinary Journal (2007), doi:10.1016/j.tvjl.2006.11.008

LIMA, E.M. & FERRARI, S.F. Diet of a free-ranging gourp of squirrel monkeys (Saimiri sciureus) in eastern Brazilian Amazonia. Folia Primatologica 74 (3):150-158. 2003.

LICHTENWALNER AB, PATTON DL, KLEBANOFF SJ, HEADLEY CM, HILLIER SL. 2000. Vaginal myeloperoxidase and flora in the pig-tailed macaque. J Med Primatol 29:36–41.

LILENBAUM W, MORAES IA, CARDOSO VS, VARGES RG, FERREIRA AM, PISSINATTI A. Antibiotic resistance in Staphylococci isolated from the vaginas of captive female Leontopithecus (Callitrichidae-Primates). Am J Primatol. 2006 Aug;68(8):825-31.

LONG, J.O. & COOPER, R.W. Physical growth and dental eruption in captive-bred squirrel monkeys, Saimiri sciureus (Letici, Colombia).p. 193-205. In: ROSEMBLUM, R.A.

112

& COOPER, R.W. (Eds.). The Squirrel Monkey. New York, Academic Press, 274 p. 1968.

MAC FADDIN, J. F. Biochemical tests for identification of medical bacteria. Willians & Wilkins Company, Baltimore, USA. 312p. 1997.

MARDH, P.A.; HOVELIUS, B.; MELSEN, F.; MOLLER, B.R. Experimental acute pyelonephritis in grivet monkeys provoked by Staphylococcus saprophyticus. Acta Pathologica and Microbiologica Scandinava, v. 88, p. 225-230, 1980.

MARTINS G., FIGUEIRA L., PENNA B., BRANDÃO F., VARGES R., VASCONCELOS C. & LILENBAUM W. 2009. Prevalence and antimicrobial susceptibility of vaginal bactéria from ewes treated with progestin- impregnated intravaginal sponges. Small Rumin. Res. 81:182-184.

MENDOZA, SP. Squirrel monkeys. In: The UFAW Handbook on the care and management of laboratory animals. Volume 1. Pp 591-600. Ed. TB Poole. Oxford: Blackwell Science, 1999.

MIDDLETON, J.R.; FALES, W.H.; LUBY, C.D.; OAKS, J.L.; SANCHEZ, S.; KINYON, J.M.; WU, C.C.; MADDOX, C.W.; WELSH, R.D.; HARTMANN, F. Surveillance of Staphylococcus aureus in veterinary teaching hospitals. Journal of Clinical Microbiology 43(6), 2916-2919. 2005.

MIROUD K., NOAKES DE. Exfoliative vaginal cytology during the oestrous cycle of the cow, after ovariectomy, and after exogenous progesterone and oestradiol-17 beta. Br.Vet.J. 146:387-397, 1990.

MITCHELL, C.L. The ecological basis for female docial dominance: A behavioral study of the squirrel monkey (Saimiri sciureus) in the wild . Tese de doutorado, Princeton University, 1990.

MONTALI, R. J. Callitrichid Hepatitis. In: JONES, T. C.; MOHR, U.; HUNT, R. D. (Ed.) Nonhuman primates II. Berlin: Springer-Verlag, 1993. p. 61-62.

MONTALI, R. J.; CONNOLLY, B.M.; ARMSTRONG, D.L.; SCANGA, C.A.; HOLMES, K.V. Pathology and immunohistochemistry of Callitrichid hepatitis, an emerging disease of captive new world primates caused by lymphocytic choriomeningitis virus. Am J. of Pathol; 1995; 5 (148): 1441-1449.

MOODLEY, A.; STEGGER, M.; ZAKOUR, N.L.B.; FITZGERALD, J.R.; GUARDABASSI, L. Tandem repeat sequence analysis os staphylococcal protein A (spa) gene in methicillin-resistant Staphylococcus pseudintermedius. Veterinary Microbiology 135, 320-326. 2009.

MORAES, Ismar. Investigações sobre a fisiopatologia de reprodução em micos leões (Leontopithecus sp., LESSON, 1840) mantidos em cativeiro. (Callitrichidae - Primates),

113

2004.156 p. Tese (Doutorado em Patologia Experimental). Faculdade de Medicina, Universidade Federal Fluminense.

MORALES JC, MELNICK DJ: Phylogenetic relationships of the macaques (Cercopithecidae: Macaca), as revealed by high resolution restriction site mapping of mitochondrial ribosomal genes. J Hum Evol 1998, 34:1-23.

MORRELL JM, NOWSHARI M, ROSENBUSCH J, NAYUDU PL, HODGES JK.Birth of offspring following artificial insemination in the common marmoset, Callithrix jacchus. Am J Primatol. 1997;41(1):37-43.

MUKASA-MUGERWA, E.A Review of reproductive performance of female Bos indicus (Zebu) cattle. ILCA monog. v.6, p.1-34, 1989.

NAGLE CA, DENARI JH, QUIROGA S, RIARTE A, MERLO A, GERMINO NI, GÓMEZ- ARGAÑA F, ROSNER JM. The plasma pattern of ovarian steroids during the menstrual cycle in capuchun monkeys (Cebus apella). Biol Reprod, v.21, p.979-983, 1979.

NAGLE CA, RIARTE A, QUIROGA S, AZOREDO RM, CARRIL M, DENARI, JH, ROSNER JM. Temporal relationship between follicular development, ovulation, and ovarian hormonal profile in the capuchin monkey (Cebus apella). Biol Reprod, v.23, p.629-635, 1980.

NAGLE, C. A.; DENARI J.H. The cebus monkey (Cebus apella), p 39-67. In: HEARN, J.P. Reproduction of new world primates. Lancaster: MTP Press, 1983. p. 149-179.

NELSON JF, FELICIO LS, RANDALL PK. Sims C, Finch CE, A longitudinal study of estrous cyclicity in aging C57BL/6J mice: I. Cycle frequency, length and vaginal cytology. Biol.Reprod. 27, 327-339,1982.

NOGUCHI K, TSUKUMI K, URANO T. Qualitative and quantitative differences in normal vaginal flora of conventionally reared mice, rats, hamsters, rabbits, and dogs. Comp Med. 2003 Aug;53(4):404-12.

NOWAK, R. M. Order Primates. In: ___. Walker´s mammals of the world. 5ª ed. Baltimore: John Hopkins University Press, 1991. v. 1, p. 400-514.

O'NEILL AC, FEDIGAN LM, ZIEGLER TE. Relationship between ovarian cycle phase and sexual behavior in female Japanese macaques (Macaca fuscata). American Journal of Physical Anthropology. 2004;125(4):352-62.

ORTIZ RE, ORTIZ AC, GAJARDO G, ZEPEDA AJ, PARRAGUEZ VH, ORTIZ ME, CROXATO HB. Cytologic, hormonal, and ultrasonographic correlates of the menstrual cycle of the new world monkey Cebus apella. Am J Primatol, v.66, p.233-244, 2005.

114

PADOVAN D, CANTRELL C. Causes of death of infant rhesus and squirrel monkeys. J Am Vet Med Assoc. 1983 Dec 1;183(11):1182-4.

PANTŮCEK R, SEDLÁCEK I, PETRÁS P, KOUKALOVÁ D, SVEC P, STETINA V, VANCANNEYT M, CHRASTINOVÁ L, VOKURKOVÁ J, RŮZICKOVÁ V, DOSKAR J, SWINGS J, HÁJEK V. Staphylococcus simiae sp. nov., isolated from South American squirrel monkeys. Int J Syst Evol Microbiol. 2005 Sep;55(Pt 5):1953-8.

PAPANICOLAOU GN. The sexual cycle in the human female as revealed by vaginal smears. Am.J.Anat., 519-637, 1933.

PAUKNER A, SUOMI SJ. Sex differences in play behavior in juvenile tufted capuchin monkeys (Cebus apella). Primates. 2008;49(4):288-91.

PAUL NC, MOODLEY A, GHIBAUDO G, GUARDABASSI L. Carriage of Methicillin- Resistant Staphylococcus pseudintermedius in Small Animal Veterinarians: Indirect Evidence of Zoonotic Transmission. Zoonoses Public Health. (1):1-7. 2011.

PENNA, B.; VARGES, R.; MEDEIROS, L.; MARTINS, G.; MARTINS, R.; LILENBAUM, W. In vitro antimicrobial resistance of staphylococci isolated from canine urinary tract infection. Canadian Veterinary Journal 51, 738–742. 2010.

PISSINATTI, A.; DA CRUZ, J. B.; DO NASCIMENTO, M. D.; SILVA, R. R.; COIMBRA- FILHO, A.F. Spontaneous Cholelitiasis in species of Callitrichidae. (Callitrichidae, Primates). Abstract. Int. J. Primatology; 1987; 8(5): 514.

PISSINATTI AB, A.F, ANA MARIA, R.F, ISMAR, A.D. M, . l, . Study of follicular atresia in Leontophitecus rosalia of different status hierarchical. Revista Universitária Rural. 2007;27.

PISSINATTI, Thalita de Abreu. Avaliação das fases do ciclo ovariano de Cebus xanthosternos (Kuhll, 1820) e Cebus robustus (Wied, 1820) através da ultrassonografia, citologia vaginal e dosagem hormonal. (Cebidae Primates). 2009. 61p. Dissertação (Mestrado em Medicina Veterinária (Cirurgia e Clínica Veterinária) - Universidade Federal Fluminense, Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior.

POLLACK M,WEINBERG WG, HOSKINS WJ, O’BRIEN WF, IANNINI PB, ANDERSON SE, SCHLIEVERT PM. 1983. Toxigenic vaginal infections due to Staphylococcus aureus in menstruating rhesus monkeys without toxic-shock syndrome. J Infect Dis 147:963– 964.

PRICE, C.A; WEBB,R. Steroid control of gonadotropin secretion and ovarian function in heifers. Endocrinology, v.122, p.2222-2231, 1988.

RAHE, C.H; OWENS, R.E; FLEEGER, J.L; NEWTON, H.J; HARMS, P.G. Patterns of

115

luteinizating hormone in the cycling cow dependence upon period of the cycle. Endocrinology, v.107, p.498-503, 1980.

RIVERA AJ, STUMPF RM, WILSON B, LEIGH S, SALYERS AA. Baboon vaginal microbiota: an overlooked aspect of primate physiology. Am J Primatol. 2010 Jun;72(6):467-74.

ROBINSON, D.A., ENRIGHT, M.C., 2003. Evolutionary models of the emergence of methicillin-resistant Staphylococcus aureus. Antimicrobial Agents and Chemotherapy 47, 3926–3934.

ROBINSON, J.G. & C.H. JANSON. Capuchins, Squirrel Monkeys, and Atelines: Socioecological Convergence with Old World Primates. p. 69-82, In: SMUTS, B.B.; CHENEY, DD.L.; SEYFARTH, R.M.; WRANGHAM, R.W.; STRUHSAKER, T.T. (Eds.). Primate Societies. Chicago, Chicago University Press. 1987.

ROCHA A.A., GAMBARINI M.L., ANDRADE M.A., FILHO B.D.O. & GOMES F.A. 2004. Microbiota cérvico-vaginal durante o final de gestação e puerpério em vacas girolando. Ciênc. Anim. Bras., Goiânia, 5(4):215-220.

ROSENBLUM, L. A. Some aspects of female reproductive physiology in the squirrel monkey. In: ROSEMBLUM, L. A. & COOPER, R. W. (Eds.) The Squirrel Monkey. New York: Academic Press, 1968.

ROSS, C. Life story patterns on New World monkeys. International Journal of Primatolgoy 12: 481-502. 1991.

ROUGIER, S.; BORELL, D.; PHEULPIN, S.; WOEHRLÉ, F.; BOISRAMÉ, B. A comparative study of two antimicrobial /anti-inflammatory formulations in the treatment of canine otitis externa. Veterinary Dermatology 16, 299–307. 2005.

RYLANDS, A.B.; H. SCHENEIDER; A. LANGGUTH; R.A. MITTERMEIER; C.P. GROVES & E. RODRIGUEZ-LUNA, 2000. An assessment of the diversity of New World Primates. Neotropical Primates 8 (2):61-93.

RYLANDS, A. B. The ecology of the lion tamarins, Leontopithecus: some intrageneric differences and comparisons with other callitrichids. In: RYLANDS, A. B. (ed). Marmosets and tamarins: Systematics, Behaviour, Ecology, 152-162. Oxford University Press, Oxford. 1993.

SALAS-VALDES A. A quick and inexpensive staining method for vaginal smears. Arch.Invest Med.(Mex.) 10:147-150, 1979.

SCHAUERTE N. Untersuchungen zur Zyklus- und Graviditaetsdiagnostik beim Grossen Ameisenbaeren (Myrmecophaga tridactyla). In. Clinic for Obstetrics, Gynaekology and Andrology of Large and Small Animals, City, pp. 1-189, 2005.

116

SCHIML PA, MENDOZA SP, SALTZMAN W, LYONS DM, MASON WA. Seasonality in squirrel monkeys (Saimiri sciureus): social facilitation by females. Physiol Behav. 1996 Oct;60(4):1105-13.

SCHOENEMANN, H.M; HUMPHREY, W.D; CROWDER, M.E; NETT, T.M; REEVES, J.J. Pituitary luteinizing hormone releasing receptors in ovarioectomized cows after challenge with ovarian steroids. Biology of Reproduction, v32, p.574-583, 1985.

SCOTT, G. M., R. THOMSON, J. MALONE-LEE, AND G. L. RIDGWAY. 1988. Crossinfection between animals and man: possible feline transmission of Staphylococcus aureus infection in humans? J. Hosp. Infect. 12:29–34.

SKANGALIS M, SWENSON CE, MAHONEY CJ, O'LEARY WM. The normal microbial flora of the baboon vagina. J Med Primatol. 1979;8(5):289-97.

SILVA, VALDENICE F., DAMASCENO, TÁCITO E.F., SOUZA, NATSON J.D., FRANCO, ISABELLE, & COSTA, MATEUS M.. (2011). Microbiota cérvico-vaginal de ovelhas mestiças e sua susceptibilidade aos antibióticos. Pesquisa Veterinária Brasileira, 31(7), 586-590.

SRIVASTAVA, P. K., CAVAZOS, F. AND LUCAS, F. V. (1970). Biology of reproduction in the squirrel monkey (Saimiri sciureus): I. The estrus cycle. Primates 11, 125-134.

SOARES, L. C.; PEREIRA, I.A.; COELHO, S.M.O.; CUNHA, C.M.M.; OLIVEIRA, D.F.B.; MIRANDA, A.N.; SOUZA, M.M.S. Caracterização fenotípica da resistência a antimicrobianos e detecção do gene mecA em Staphylococcus spp. coagulase- negativos isolados de amostras animais e humanas. Ciência Rural 38(5). 2008.

SPELLERBERG B. Pathogenesis of neonatal Streptococcus agalactiae infections. Microbes Infect. 2000 Nov;2(14):1733-42.

STABENFELDT GH. Ciclos reprodutivos. In: Cunninghan JG (Ed.). Tratado de fisiologia veterinária. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1992. p.312-318.

STASILEVICH ZK, TROTS AA, DZHIKIDZE EK. Biotyping of staphylococci isolated from monkeys. Mikrobiol Zh. 1986 Mar-Apr;48(2):38-41.

STONE, A.I. Responses of squirrel monkeys to seasonal changes in food availability in an Eastern Amazonian rainforest. American Journal of Primatology 69: 142-157. 2007.

STONE, A.I. Juvenile feeding ecology and life history in a neotropical primate, the squirrel monkey (Saimiri sciureus). 178 f. Tese (Doutorado em Biologia) – Progtram in Ecology and Evolutionary Biology of Illinois, Urbana-Champaign. 2004.

STRASSMANN BI. The evolution of endometrial cycles and menstruation. Quart Ver Biol, v.71, p.181-220, 1996.

117

SWINDLE MM, CRAFT CF, MARRIOT BM, STRANDBERG JD, LUZARRAGA M. 1982. Ascending intrauterine infections in rhesus monkeys. J Vet Med Assoc 181:1367–1370.

TAMMER I BLENDINGER K, SOBIRAJ A, Bostedt H. The use of exfoliative vaginal cytology for the gynecological evaluation of the bitch. Tierarztl.Prax. 22, 199-207,1994.

TARDIF S, BALES K, WILLIAMS L, MOELLER EL, ABBOTT D, SCHULTZ-DARKEN N, MENDOZA S, MASON W, BOURGEOIS S, AND RUIZ J. Preparing New World Monkeys for Laboratory Research ILAR Journal. 2006; 47(4).

TAVARES MC. Effects of intra-nasally administered testosterone on sexual proceptive behavior in female capuchin monkeys (Cebus apella). Behavioural Brain Research. 2007;179(1):33-42.

TAYLOR WM, GRADY AW. 1998. Catheter-tract infections in rhesus macaques (Macaca mulatta) with indwelling intravenous catheters. Lab Anim Sci 48:448-454. TENOVER FC. Mechanisms of antimicrobial resistance in bacteria. The Am. J. Med. 2006. 119: S3-S10.

TERBORGH, J. Five New World Primates: A Study in Comparative Ecology. Princeton, Princeton University Press, 304p. 1983.

THORINGTON, R. W. (1968). Observations of squirrel monkeys in a Columbian forest. In: Rosenblum & Cooper, The Squirrel Monkey (Academic Press, N.Y.) 69-85.

TODAR, K. Staphylococcus. In Todar's Online Textbook of Bacteriology. 2008.

VAN DUIJKEREN E, BOX AT, HECK ME, WANNET WJ, FLUIT AC. Methicillin-resistant staphylococci isolated from animals. Vet Microbiol. 2004 Oct 5;103(1-2):91-7.

VOET, D. VOET, J., Biochemistry, 2nd Ed. John Wiley & Sons, New York, (1995).

WALKER ML, ANDERSON DC, HERNDON JG, WALKER LC. Ovarian aging in squirrel monkeys (Saimiri sciureus). Reproduction. 2009 Nov;138(5):793-9.

WALTERS, D.L; SCHALLENBERGER,E. Pulsatile secretion of gonadotrophins, ovarian steroids and ovarian oxytocin during the periovulatory phase of the oestrus cycle in the cow. Journal of Reproduction and Fertility, v.17, p.503-512, 1984.

WEESE J. S. (2010). Methicillin-resistant Staphylococcus aureus in animals. ILAR J.51, 233–244.

WILSON, M. I. Characterization of the oestrus cycle and mating season of squirrel monkeys from copulatory behavior. Journal of Reproduction and Fertility, 51: 57-63, 1977.

118

WOLF DP, ALEXANDER M, ZELINSKI-WOOTEN M, STOUFFER RL. Maturity and fertility of rhesus monkey oocytes collected at different intervals after an ovulatory stimulus (human chorionic gonadotropin) in in vitro fertilization cycles. Mol Reprod Dev. 1996 Jan;43(1):76-81.

WRIGHT EM, BUSH DE. The reproductive cycle of the Capuchin (Cebus apella). Lab Anim Sci, v.5, p.651-654, 1977.

WRIGHT, P.J; MALMO, J. Pharmacological manipulation of fertility. Food Animal Pract, v.8, p.57-89, 1992.

YEOMAN RR, WILLIAMS LE, AKSEL S, ABEE CR. Mating-related estradiol fluctuations during the estrous cycle of the Bolivian squirrel monkey (Saimiri boliviensis boliviensis). Biol Reprod. 1991 Apr;44(4):640-7.

119

ANEXO 1

Serviço Público Federal Universidade Federal Fluminense Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação Comitê de Ética em Pesquisa Animal

REGISTRO Nº 00152-12

TÍTULO DO PROJETO: Estudo transversal de aspectos reprodutivos em micos-de-cheiro – Saimiri (VOIGT 1831) – Primates mantidos em ambiente ex-situ no Serviço de Primatologia da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz- RJ): avaliação plasmática de progesterona, colpocitologia vaginal e ocorrência de Staphylococcus sp na microbiota vaginal.

AUTOR: ANNA CAROLINA DE JESUS DONATO

ORIENTADOR: Profª Drª Ana Maria Reis Ferreira

INSTITUTO / DEPARTAMENTO: FACULDADE DE VETERINÁRIA e-mail: [email protected]

Recebido em : 06/12/11

Por: Lavínia

122

ANEXO 2 - MAPA DE POPULAÇÃO Macaco-de-cheiro - GN

Adulto Subadulto Juvenil Infantil Subtotal Total Numeração da gaiola Origem Gaiola Macho Fêmea Macho Fêmea Macho Fêmea Macho Fêmea Macho Fêmea no estudo Fiocruz H15, T1 F6,R6 1 GN2A V7 3 2 5 S. ustus L18, O12 Fiocruz M5, T3, T7, T11 U23 X19 2 GN2B O14, V8 6 6 12 S. ustus P14,R10 Fiocruz B4 L25, R13 3 S. GN1A G4,Q12, R4 X5 Z21 Z12 3 5 8

sciureus Fiocruz C6, P12, T2, V10 4 S. GN1B L3, Q15, N5, N3 X15 Z9 6 5 11 T12 sciureus Fiocruz L28, O2, P16, L5, R11 V12 X10 5 S. GN3A S8,T14 Z17 Z14 3 8 11

sciureus I22, P6, Fiocruz I5, T5 R8,S6 U8 6 S. GN3B 2 6 8 T6, sciureus

3,5,7,9,11,13,15,19 Cayenne 21,23,31,35,37 Excluída do S. GN4A 39,41,43,49,53,55 24 0 24 estudo sciureus 57,59,63,65,67

Excluída do Fiocruz L3,N5,Q15 GN4B 3 0 3 estudo S. ustus H14, I4,I8 V3,V5 X2,X4 Fiocruz P8,Q6,Q8,R2, U6,U10 O1 V13 X6,X8 Z19 Z6 7 S. GN5A S4,T8 V2,V6 7 19 26 V17,V19 X12 sciureus T10

Fiocruz Excluída do 153, 135, 147, 155, S. GN5B 8 0 8 estudo 143, 149, 145, 161 sciureus Cayenne Excluída do 115, 113, 117, 129, GN6A 8 0 8 estudo S. 123, 127, 49, 121 sciureus Cayenne Excluída do 85,91, 73, 75, S. GN6B 7 0 7 estudo 79,81, 77 sciureus

120

123

ANEXO 3 - MAPA DE POPULAÇÃO Macaco-de-cheiro (Saimiri sciureus) - Colônia Pasteur - PN Adulto Subadulto Juvenil Subtotal Total Numeração Espécie Gaiola Fêmea Macho Fêmea Macho Fêmea Macho Fêmea no estudo Macho 112,114,116, PA19, PA8, PA12, 8 PN1 131 PB1, PB13 PB4, PB66 5 12 17 120,122,124,126 PA67 PA14 PB11, 04,14 9 PN2 125 PA65 PB33, PB24 5 6 11 16,22,26 PB45 10 PN3 119 02,08,12,24,30,32 PA105 PA4 PB36 2 8 10 34,36,86,88 11 PN4 111 PA11 PB47 PB20 3 8 11 90,92,94 PA17, PB6, PB8, 38,40,42,44,46 12 PN5 47 PA23, PA6, PA52 PB10, 4 15 19 48,50,54,56 PA33 PB14 PB3, PB63 PB38, 60,62,64,66,68,70 PA30,PA32 13 PN6 61 PA83 PB81 PB48, 6 19 25 72,74,76,78,80,82 PA54,PA32 PB97 PB68 PB32, 228,230,232 PA46,PA48 PB73, PB34, 14 PN7 33 234,236,238,240 PA111 4 18 22 PA50 PB85 PB40, 242,244,246,248 PB56 170,172,174,180 PA37, PB60, 15 PN8 159 182,184,186 PA22 3 12 15 PA61 PB62 188,190 128,130,132,134 PB21, PA5, 16 PN9 157 136,140 PB29, PB52 6 8 14 PA75 142 PB83

146,148,150,152 17 PN10 27 158,160 PA109 PA20,PA26 PB51 PB26 3 12 15 Saimiri sciureus Saimiri 162,166,168 96,98,100,102 PB18, 18 PN11 147 PA2, PA28 PB41 2 9 11 108 PB28 250,252,254,256 PB43, PB2, PB12, 19 PN12 17 258,260,262,264 PA3 PB53, 5 15 20 PB22 268,270,272,274 PB61 58, 212, PB16, 20 PN13 109 216,218,220 PA107 PA38, PA40 PB30, 2 12 14 222,224, PB42 192,194,196,198 PB75, 21 PN14 87 PA51 4 8 12 200,202,204,206 PB89 22 EXT B11 144, 194 PA24, X4 1 4 5

121

122122

ANEXO 4 - Cronograma do manejo médico 2011 – Colônia Saimiri/Fiocruz.

Data Gaiola Adulta Subadulta Juvenil Infantil Total Total geral 02/05/11 1 4 0 0 1 5 10 2 4 1 0 0 5 03/05/11 3 3 0 0 0 3 9 4 5 0 0 1 6 05/05/11 5 5 1 1 0 7 13 6 5 1 0 0 6 06/05/11 7 3 0 0 0 3 3 8 0 0 0 0 0 09/05/11 9 10 3 5 1 19 19 10/05/11 10 0 0 0 0 0 0 11 0 0 0 0 0 12/05/11 12 7 0 3 1 11 11 13/05/11 13 5 0 0 1 6 6 16/05/11 14 6 0 1 2 9 9 17/05/11 15 7 0 1 0 8 8 19/05/11 16 9 0 2 4 15 15 20/05/11 17 12 0 3 4 19 19 23/05/11 18 11 0 3 3 17 17 24/05/11 19 9 0 1 2 12 12 26/05/11 20 7 0 0 1 8 8 30/05/11 21 9 0 2 1 12 12 31/05/11 22 5 0 2 2 9 9 02/06/11 23 12 0 0 3 15 15 06/06/11 24 7 0 2 4 13 13 07/06/11 25 8 0 0 1 9 13 26 4 0 0 0 4 (externas) Total: 221 fêmeas

123

ANEXO 5 – Etapas da técnica de Papanicolaou para a coloração de lâminas citológicas

Reagente Tempo 1. Álcool a 80% 10 passagens 2. Álcool a 70% 10 passagens 3. Álcool a 50% 10 passagens 4. Água destilada 1 minuto 5. Hematoxilina de Harris 6 minutos 6. Água destilada 7 passagens 7. Água (200 mL) – Ácido clorídrico (2 3 passagens gotas) 8. Água corrente 1 minuto 9. Álcool a 50% 10 passagens 10. Álcool a 70% 10 passagens 11. Álcool a 80% 10 passagens 12. Álcool a 95% 10 passagens 13. Alaranjado 6 3 minutos 14. Álcool a 95% 10 passagens 15. Eosina 36 2 minutos 16. Álcool a 95% 10 passagens 17. Álcool a 95% 10 passagens 18. Álcool a 100% 10 passagens 19. Álcool a 100% 10 passagens 20. Xilol 10 passagens