UNIVERSIDADE FEDERAL DA FACULDADE DE ARQUITETURA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ARQUITETURA E URBANISMO

HUMBERTO DINIZ GUERRA SANTOS

SISTEMA DE INFORMAÇÕES DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO DA CIDADE DE MUCUGÊ – BAHIA Dissertação de Mestrado

Salvador, Novembro de 2014

HUMBERTO DINIZ GUERRA SANTOS

SISTEMA DE INFORMAÇÕES DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO DA CIDADE DE MUCUGÊ – BAHIA

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo da Faculdade de Arquitetura da Universidade Federal da Bahia como parte dos requisitos para a obtenção do título de mestre em Arquitetura e Urbanismo.

Orientador: Prof. Dr. Arivaldo Leão de Amorim

Salvador 2014

HUMBERTO DINIZ GUERRA SANTOS

SISTEMA DE INFORMAÇÕES DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO DA CIDADE DE MUCUGÊ – BAHIA

Dissertação de Mestrado

Salvador, 3 de novembro de 2014.

Banca examinadora:

______Prof. Dr. Arivaldo Leão de Amorim (Orientador) — PPG-AU/UFBA

______Prof. Dr. Gilberto Corso Pereira — PPG-AU/UFBA

______Prof. Dra. Anna Karla Trajano de Arruda — FAU/UFBA

Dedicado a Pedro, que fez tudo na vida ter mais sentido.

AGRADECIMENTOS

Agradeço a todos que contribuíram para realização deste trabalho, em especial:

Aos meus pais, pelo amor, educação e exemplo de vida;

A arquiteta Larissa Acatauassú, esposa, pelo amor, respeito, companheirismo, e pela ajuda na leitura e discussão do trabalho;

A arquiteta Luciana Guerra, irmã com quem posso compartilhar experiências em todas as áreas, desde arquitetura e restauro até educação infantil;

Ao meu orientador, professor Arivaldo Leão de Amorim, por ter acreditado em meu potencial, e por ter me ensinado os caminhos da pesquisa acadêmica através de seu exemplo de profissionalismo;

Aos professores Anna Karla Trajano de Arruda e Gilberto Corso Pereira pela disponibilidade e participação nas bancas examinadoras e pelas ricas contribuições a este trabalho;

Aos professores do Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo da UFBA (PPG-AU), em especial à Odete Dourado, Mário Mendonça de Oliveira e Márcia Sant’Anna, por terem compartilhado conhecimentos fundamentais sobre patrimônio cultural e restauro arquitetônico;

A professora Natalie Groeteelars pela orientação durante tirocínio docente, e pelos ensinamentos em fotogrametria arquitetônica digital;

Aos colegas do Laboratório de Computação Gráfica Aplicada à Arquitetura e Urbanismo (LCAD), Andrea Bastian, Ana Paula Pereira, Fabiano Mikalauskas pelo companheirismo e troca de informações;

Aos integrantes do grupo de pesquisa do LCAD que participaram da coleta de dados em setembro de 2013, em especial a Yse Vinhaes e Marília da Paz;

Ao Departamento de Infraestrutura de Transportes da Bahia, pela disponibilização de tempo e recursos para pesquisa, e em especial aos amigos Joselito Britto, Juliane Colavolpe e José Carlos Rodrigues dos Santos;

À Prefeitura Municipal de Mucugê pela disponibilização de documentos e dados urbanos, bem como o apoio ao grupo de pesquisa durante a realização do trabalho de campo;

Aos funcionários do PPG-AU, Silvandira Oliveira, Maria Henriques e Luis Acácio pelo apoio nas atividades acadêmicas.

A Deus, por tudo, sempre.

SANTOS. H. D. G. Sistema de Informações do Patrimônio Histórico da Cidade de Mucugê – Bahia. Dissertação (Mestrado em Arquitetura e Urbanismo). Faculdade de Arquitetura, Universidade Federal da Bahia, Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo. Salvador: UFBA, 2014.

RESUMO

Esta dissertação discute a especificação e implementação de um Sistema de Informações do Patrimônio – Heritage Information System (HIS), para a cidade de Mucugê, na Bahia, por meio de procedimentos teóricos e empíricos. Neste sentido, observa-se que a elaboração de inventários de patrimônio é uma importante medida para a sua preservação, adotada sistematicamente por instituições em diversos países na gestão de bens de interesse cultural, no embasamento de ações de tombamento, e como instrumento de proteção direta do patrimônio quando associado à legislação. Baseado na tecnologia de Sistemas de Informação Geográfica (SIG), o HIS representa uma importante ferramenta para gestão e salvaguarda do patrimônio arquitetônico, devido à capacidade de gerar análises que servem de apoio para técnicos e gestores em suas tomadas de decisões, e de disponibilizar informações georreferenciadas sobre sítios históricos e o meio urbano. O objetivo geral deste estudo é propor e implementar o protótipo de um HIS para a sede do município de Mucugê (HIS Mucugê), importante sítio histórico no estado da Bahia, tombado pelo IPHAN em 1980. O HIS Mucugê constitui-se como uma ferramenta de apoio à gestão, à conservação e à preservação do patrimônio histórico edificado da sede municipal, permitindo o acesso, a localização e a análise de informações sobre as edificações históricas. Para sua modelagem, foi realizado estudo de aplicações voltadas para o patrimônio cultural, no contexto nacional e internacional, e utilizada linguagem padrão de desenvolvimento baseada em Unified Modeling Language (UML) e Object Modeling Technique for Geographic Applications (OMT-G), além da análise de alternativas para publicação na web. A partir do modelo especificado, foi compilada uma base de dados do distrito sede do município. Em seguida, empregando-se uma ferramenta SIG, foi implementada uma aplicação protótipo para a discussão do modelo e metodologia de desenvolvimento propostas. As principais contribuições desta dissertação consistem na criação do protótipo de um Sistema de Informações do Patrimônio e na sua publicação na web. A elaboração da base de informações geográficas atualizada da sede municipal, contendo dados urbanísticos dos anos de 1978, 2003 e 2013, possibilitou análises sobre as mudanças ocorridas no meio urbano em Mucugê, além da produção de mapas temáticos, e de um modelo geométrico simplificado do centro histórico da cidade.

Palavras-chave: Preservação do Patrimônio. Monumentos e Sítios Históricos. Documentação Arquitetônica. Tecnologias Digitais. Sistema de Informações Geográficas. Heritage Information System.

ABSTRACT

This work discusses the specification and implementation of a Heritage Information System (HIS) for the town of Mucugê, a municipality of the state of Bahia, through theoretical and empirical procedures. In this sense, it is observed that the establishment of heritage inventories is an important preservation measure that is systematically adopted by institutions in various countries in the management of cultural interest heritage, on the basis of heritage listing actions, and as an instrument of direct heritage protection, when associated to legislation. Based on a Geographic Information Systems (GIS) technology, the HIS is an important tool for management and protection of the architectural heritage, due to its ability to generate analysis which supports technicians and managers in their decision making, and the provision of georeferenced information on historical sites and the urban environment. The aim of this study is to propose and implement a prototype HIS to the county seat of Mucugê (HIS Mucugê), an important historic site in the state of Bahia, listed as a national heritage by IPHAN in 1980. HIS Mucugê was established as a tool to support the management, the conservation and the preservation of the city’s built heritage, allowing access, location and analysis of information on historic buildings. For the modeling of this HIS, a study of applications related to cultural heritage at the national and international context was conducted, standard development language based on the Unified Modeling Language (UML) and Object Modeling Technique for Geographic Applications (OMT-G) was used, besides the analysis of alternatives for web publishing. From the specified model, a database of the district headquarters of the city was compiled. Then, using a GIS tool, a prototype application was implemented for the discussion of the model and the proposed methodology development. The major contributions of this work are the creation of a prototype of a Heritage Information System and its web publishing. The elaboration of the municipal seat updated of geographical information base, containing urban data of the years 1978, 2003 and 2013, enables the analysis of the Mucugê’s urban environment changes, besides the production of thematic maps, and a simplified geometric model of the town’s historical center.

Keywords: Heritage Preservation. Historic Sites and Monuments. Architectural Documentation. Digital Technologies. Geographic Information System. Heritage Information System.

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Fluxograma da metodologia da pesquisa ...... 25

Figura 2 – Mapa de Nippur ...... 31

Figura 3 – Mapa da Mina de SETI ...... 32

Figura 4 – Fragmento da Forma Urbis Roma ...... 33

Figura 5 – Itinéraire Archéologique de Paris ...... 36

Figura 6 – Ficha utilizada no módulo de Cadastro do SICG ...... 41

Figura 7 – Parte frontal de ficha publicada no primeiro volume do IPAC-BA ...... 44

Figura 8 – Verso da ficha publicada no IPAC-BA ...... 45

Figura 9 – Ficha publicada no Inventário de Pernambuco ...... 45

Figura 10 – Capa do CD-ROM IPAC-BA e tela do catálogo digital em CD–ROM ..... 46

Figura 11 – Levantamento cadastral de fachada por meio de fotogrametria ...... 54

Figura 12 – Inventário das Fazendas do Vale do Paraíba Fluminense ...... 56

Figura 13 – Website do Acervo e acesso às informações via Mapa interativo ...... 57

Figura 14 – Web GIS da Città Vecchia, Genova, Itália ...... 58

Figura 15 – Ficha do edifício da Città Vecchia, Genova, Itália ...... 58

Figura 16 – Detalhe do mapa original feito por John Snow em 1854 ...... 61

Figura 17 – Componentes de um SIG segundo Tomlinson (2003) ...... 66

Figura 18 – Exemplo de SIG na web no portal ArcGIS Online ...... 68

Figura 19 – SIG de Veneza ...... 69

Figura 20 – Interface do SIG de Beijing Old City ...... 70

Figura 21 – HIS Ancyra ...... 71

Figura 22 – SIG desenvolvido para cidade de Catania ...... 72

Figura 23 – Integração de BIM e SIG 3D ...... 73

Figura 24 – Níveis de detalhes (LOD) na CityGML ...... 74

Figura 25 – Modelo de edificações em LOD 2 e cálculo de demanda térmica ...... 75

Figura 26 – Telas do Atlas Digital de Salvador e sítio Internet e Participação Pública ...... 76

Figura 27 – Telas do SIG do Parque Histórico Nacional dos Guararapes ...... 77

Figura 28 – Telas do Atlas Digital de Minas Gerais ...... 77

Figura 29 – Desmembramento do Município de Mucugê ...... 86

Figura 30 – Centro Histórico de Mucugê levantado pelo IPAC em 1978 ...... 90

Figura 31 – Igreja Matriz de Santa Isabel ...... 92

Figura 32 – Edifício da Prefeitura de Mucugê ...... 93

Figura 33 – Sobrado na Praça Coronel Propércio nº 87 ...... 93

Figura 34 – Edifício à Praça Coronel Propércio nº 80 ...... 94

Figura 35 – Casa à Rua Direita Comércio nº 138 ...... 95

Figura 36 – Sobrado à Praça Cel. Propércio (Snooker Bar) ...... 95

Figura 37 – Cemitério de Santa Isabel em Mucugê ...... 96

Figura 38 – Casas em ruínas na Rua Direita do Comércio ...... 98

Figura 39 – Sobrado ausente na Rua Direita do Comércio nº 104 ...... 99

Figura 40 – Arquiteturas de SIG: Desktop e Servidor Centralizado ...... 103

Figura 41 – Notação gráfica para a classe Edificações no modelo OMT-G ...... 105

Figura 42 – Diagrama de classes no modelo OMT-G ...... 105

Figura 43 – Visualização de informações das Edificações do IPAC sobre uma base atual no SIG ...... 112

Figura 44 – Correção de eixos de rodovias sobre imagem do satélite Rapid Eye ...... 115

Figura 45 – Digitalização das edificações de Mucugê e dos pontos de referência do inventário do IPAC ...... 116

Figura 46 – Localização de pontos notáveis na base do Open Street Maps ...... 117

Figura 47 – Levantamento semicadastral da cidade extraído da planta da CERB.. 118

Figura 48 – Ajuste de pontos homólogos na planta semi-cadastral ...... 119

Figura 49 – Sobreposição da planta semicadastral sobre o arruamento e sobre as edificações ...... 119

Figura 50 – Conjunto de dados e atributos referentes às edificações de Mucugê .. 120

Figura 51 – Plantas do IPAC referentes ao Número de Pavimentos e Uso do Solo ...... 121

Figura 52 – Georreferenciamento de mapa do IPAC para captura de informações no HIS ...... 122

Figura 53 – Planta e detalhe do Partido Urbanístico de Mucugê em 2004 ...... 123

Figura 54 – Fotos utilizadas como referência na elaboração da base de informações ...... 123

Figura 55 – Divisão em lotes modelada no SIG ...... 124

Figura 56 – Protótipo do HIS Mucugê no ArcMap ...... 125

Figura 57 – Sobreposição das camadas de edificações em 1978 e 2013 ...... 127

Figura 58 – Visualização da ferramenta Swipe Layer entre as camadas ‘Edificações’ ...... 128

Figura 59 – Utilização dos comandos Find e Identify para localizar e visualizar dados de objetos ...... 128

Figura 60 – Seleção das edificações comerciais por meio da consulta de atributos ...... 129

Figura 61 – Localização das edificações desaparecidas na esquina da Rua Direita do Comércio ...... 130

Figura 62 – Lacuna nas edificações do Centro Histórico de Mucugê ...... 130

Figura 63 – Seleção das edificações dentro do limite proposto pelo IPAC em 1978 ...... 133

Figura 64 – Seleção de edificações de interesse por meio da criação de buffer a partir do eixo de via ...... 134

Figura 65 – Modelo geométrico das edificações do Centro Histórico ...... 135

Figura 66 – Modelo geométrico do centro histórico sobre Modelo Digital do Terreno – MDT ...... 135

Figura 67 – Dados carregados no portal ArcGIS Online ...... 137

Figura 68 – Basemap disponibilizado no portal ArcGIS Online ...... 137

Figura 69 – Acesso aos dados no ArcGIS Online por meio de tablet ...... 138

Figura 70 – Esquema de arquitetura do ArcGIS Server ...... 139

Figura 71 – Configurações do modelo desenvolvido no ArcMap ...... 140

Figura 72 – Serviço publicado no ArcGIS Server ...... 141

Figura 73 – Aplicação de mapa na web utilizando o ArcGIS Server ...... 141

Figura 74 – Base de dados do HIS Mucugê carregada no ArcGIS Explorer ...... 142

LISTA DE MAPAS

Mapa 1 – Abrangência do IPAC-BA no estado ...... 48

Mapa 2 – Distribuição dos volumes do IPAC-BA pelo estado ...... 49

Mapa 3 – Evolução do inventário ao longo de sua execução ...... 50

Mapa 4 – Localização da Região Chapada Diamantina e do município de Mucugê ...... 81

Mapa 5 – Situação da cidade de Mucugê ...... 83

Mapa 6 – Divisão territorial do estado da Bahia em 1827 ...... 85

Mapa 7 – Caminhos do Sertão nos séculos XVII e XIX ...... 87

Mapa 8 – Cidades com edificações levantadas pelo IPAC-BA, na Mesorregião Centro Sul Baiano ...... 109

Mapa 9 – Quantidade de edificações levantadas pelo IPAC, próximo a Microrregião de ...... 110

Mapa 10 – Área de influência do Parque Nacional da Chapada Diamantina ...... 111

Mapa 11 – Base de edificações da cidade na escala de 1:2.000 ...... 131

Mapa 12 – Base de edificações sobre a imagem de satélite ...... 132

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Volumes publicados pelo IPAC-BA ...... 42

Quadro 2 – Modelo da planilha com dados das cidades inventariadas pelo IPAC.... 47

Quadro 3 – Quantitativo de artigos que abordam SIG, identificados nos eventos citados ...... 79

Quadro 4 – Edificações do centro histórico de Mucugê, listadas no IPAC-BA ...... 91

Quadro 5 – Dicionário de dados para a classe Edificações ...... 106

Quadro 6 – Levantamento do número de edificações inventariada no IPAC-BA por cidade...... 108

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

BA Estado da Bahia BIM Building Information Modeling CAD Computer-aided Design CAM Computer-aided Manufacturing CERB Companhia de Engenharia Ambiental e Recursos Hídricos da Bahia CIPA International Committee for Documentation of Cultural Heritage CITYGML City Geography Markup Language DERBA Departamento de Infraestrutura de Transportes da Bahia ESRI Environmental Systems Research Institute GIS Geographic Information System GML Geography Markup Language GPS Global Position System HIS Heritage Information System IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ICOMOS Conselho Internacional de Monumentos e Sítios INBI-SU Inventário Nacional de Bens Imóveis e Sítios Urbanos Tombados IPAC Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia IPAC-BA Inventário de Proteção do Acervo Cultural da Bahia IPCE Inventário de Proteção do Patrimônio Europeu IPHAN Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional ISPR International Society for Photogrammetry and Remote Sensing LCAD Laboratório de Computação Gráfica Aplicada à Arquitetura e Urbanismo da FAUFBA LoD Level of Details MDT Modelo Digital de Terreno OGC Open Geospatial Consortium OMT-G Object Modeling Technique for Geographic Applications PDF Portable Document Format PE Estado de Pernambuco SEI Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia SIC Secretaria de Indústria e Comércio do Estado da Bahia SICG Sistema Integrado de Conhecimento e Gestão (IPHAN)

SIG Sistema de Informações Geográficas SIRGAS Sistema de Referência Geocêntrico para as Américas TI Tecnologia da Informação TIC Tecnologia da Informação e Comunicação UFBA Universidade Federal da Bahia UML Unified Modeling Language UNESCO Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura UTM Universal Transverse Mercator WFS Web Feature Service WGS 84 World Geodetic System - 1984 WMS Web Map Service

SUMÁRIO

RESUMO E PALAVRAS-CHAVE ABSTRACT AND KEYWORDS LISTA DE ILUSTRAÇÕES LISTA DE MAPAS LISTA DE QUADROS LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

1 INTRODUÇÃO ...... 19 1.1 Justificativa ...... 21 1.2 Objetivo ...... 23 1.3 Metodologia ...... 23 1.4 Estrutura do trabalho ...... 26

2 DOCUMENTAÇÃO ARQUITETÔNICA E O PAPEL DOS INVENTÁRIOS NA PROTEÇÃO DO PATRIMÔNIO ...... 28 2.1 Documentação Arquitetônica ...... 28 2.2 Um breve histórico da Documentação Arquitetônica ...... 30 2.3 Surgimento do inventário de bens culturais ...... 35 2.3.1 Inventários do patrimônio cultural brasileiro ...... 38 2.3.2 O Inventário de Proteção do Acervo Cultural da Bahia (IPAC-BA) ...... 42 2.3.3 A intenção de informatizar o IPAC-BA ...... 46 2.3.4 Abrangência do inventário baiano ...... 47 2.4 Inventário do Patrimônio Imaterial ...... 50 2.5 O Inventário como instrumento legal de proteção ...... 51 2.6 Tecnologias para documentação ...... 53 2.6.1 Fotogrametria Arquitetônica ...... 53 2.6.2 Divulgação de informações de bens culturais na Internet...... 56

3 SISTEMAS DE INFORMAÇÃO DO PATRIMÔNIO ...... 59 3.1 A Importância dos Mapas ...... 60 3.2 A Geovisualização ...... 62 3.3 Sistemas de Informações Geográficas ...... 64

3.4 SIG aplicado ao patrimônio histórico arquitetônico ...... 68 3.4.1 O contexto do SIG no CIPA e IRPRS ...... 70 3.4.2 SIG aplicado ao patrimônio no Brasil ...... 75 3.5 Panorama dos trabalhos analisados...... 78

4 O MUNICÍPIO DE MUCUGÊ ...... 81 4.1 Breve Histórico de Mucugê ...... 84 4.2 A arquitetura mucugeense ...... 90 4.3 Mucugê atual ...... 97

5 DESENVOLVIMENTO DO HERITAGE INFORMATION SYSTEM PARA MUCUGÊ ...... 100 5.1 Escopo Básico do HIS Mucugê ...... 101 5.2 Arquitetura do Sistema ...... 102 5.3 Modelo de Dados ...... 104 5.3.1 Diagrama de Classes...... 105 5.3.2 Dicionário de Dados ...... 106 5.4 Geovisualização dos dados do IPAC-BA na região da Chapada Diamantina ...... 107 5.5 Base de Informações Geográficas de Mucugê ...... 113 5.5.1 Dados obtidos ...... 113 5.5.2 Elaboração do Mapa Base ...... 114 5.5.3 Validação da base digitalizada ...... 117 5.5.4 Inserção de dados e atributos qualitativos ...... 120 5.6 Interface básica do HIS Mucugê ...... 125 5.6.1 Visualização e Consulta de Informações ...... 126 5.6.2 Layout e Impressão de Mapas ...... 131 5.6.3 Análises Espaciais de Informações Históricas ...... 132 5.7 Aplicações em 3D ...... 134 5.8 Implementação de Interface na Web ...... 136 5.8.1 Implementação com ArcGIS Online ...... 136 5.8.2 Implementação com ArcGIS Server ...... 138 5.9 Discussão da solução proposta ...... 142

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...... 145 6.1 Contribuições ...... 147 6.2 Trabalhos Futuros ...... 147

REFERÊNCIAS ...... 150 APÊNDICE A – DICIONÁRIO DE DADOS ...... 159 APÊNDICE B – MAPA TEMÁTICO EVOLUÇÃO URBANA DE MUCUGÊ...... 162 APÊNDICE C – PUBLICAÇÃO DO HIS NO ARCGIS SERVER ...... 164 ANEXO A – MAPA DOS LIMITES DE MUCUGÊ ...... 166 ANEXO B – PLANTAS DO LEVANTAMENTO DO IPAC-BA ...... 168

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1 INTRODUÇÃO

[...] Art. 20 – A conservação e a restauração de monumentos históricos constituem uma disciplina que reclama a colaboração de todas as ciências e técnicas que possam contribuir para o estudo e a salvaguarda do patrimônio monumental. (CARTA DE VENEZA, 1964).

Para Amorim (2007), a documentação arquitetônica é um processo sistemático que envolve a aquisição, a manipulação e a divulgação de dados e informações sobre as edificações para os mais diversos usos. Desempenha também um papel essencial na salvaguarda da memória, dada à impossibilidade de preservar fisicamente todos os exemplos significativos, em face de fatores como mau uso, abandono, intervenções mal sucedidas, acidentes dentre outros. A documentação arquitetônica, contudo, enquanto processo, sobrepõe-se ao registro do edifício, oferecendo ferramentas fundamentais para a gestão, conservação e divulgação do patrimônio histórico, a exemplo da produção de inventários.

A elaboração de inventários é uma importante medida para a preservação de bens culturais, adotada sistematicamente por instituições em diversos países. O seu emprego se desenvolveu juntamente com a evolução do conceito de patrimônio, e a instituição de normas e procedimentos internacionais. A recomendação da utilização de inventários como uma conduta voltada à preservação e conservação de edificações, é vista como notório exemplo na Carta de Atenas, fruto da Conferência Internacional da Sociedade das Nações de 1931, recomendando que cada estado publique um inventário de seus monumentos históricos nacionais (CURY, 2000, p. 17).

No Brasil, o Inventário de Proteção do Acervo Cultural da Bahia (IPAC-BA), é considerado pioneiro, sendo reconhecido nacionalmente como um modelo (LERNER, 1998, p. 82). Idealizado e coordenado pelo arquiteto e professor Paulo Ormindo David de Azevedo, o inventário baiano teve seu primeiro volume referente aos monumentos da cidade de Salvador, publicado em 1975 e durante quase três décadas de sua produção foram publicados sete volumes abrangendo 1081 edifícios de interesse cultural, dispersados por todo território baiano (BAHIA, 2007, p. 8). 20

Apesar do intenso trabalho e dos excelentes resultados obtidos, a utilização do IPAC-BA encontra-se limitada pelas suas formas de difusão. A versão digital publicada em CD-ROM em 2000, contendo os seis primeiros livros em um catálogo informatizado, possui interface pouco intuitiva, dificultando a consulta e visualização do conteúdo, e a tecnologia empregada não permite o seu uso com os sistemas operacionais mais modernos. Não obstante esta publicação digital, o conteúdo do inventário não foi disponibilizado na internet.

Por outro lado, novos recursos surgem a cada dia, a exemplo das tecnologias digitais de varredura e sistemas de informações, que têm-se destacado na documentação de monumentos e sítios históricos, como apontam Groetelaars (2004), Amorim (2007), e Arruda e Amorim (2010), nos diversos estudos realizados no Laboratório de Computação Gráfica Aplicada à Arquitetura e Urbanismo (LCAD), da Faculdade de Arquitetura da Universidade Federal da Bahia. Neste contexto, o Sistema de Informação Geográfica – SIG (ou Geographic Information System – GIS1) tornou-se uma ferramenta relevante, possibilitando a visualização de dados com localização geográfica, através de mapas e imagens, inclusive através da internet. O SIG permite realizar análises complexas, ao integrar dados de diversas fontes, tais como levantamentos cadastrais ou imagens de satélite, e temas, como exemplo, topografia, hidrografia, geologia, uso do solo e temas ligados ao urbanismo. Desta forma, tem influenciado crescentemente diversas áreas, entre as quais, a gestão e o planejamento urbano e regional (CÂMARA; DAVIS; MONTEIRO, 2001, p. 2).

O SIG tem sido amplamente utilizado em diversas áreas que lidam com dados espaciais, em especial a Arquitetura e o Urbanismo, e na gestão do patrimônio cultural, como é o caso de projetos da UNESCO (BOX, 2011). A tecnologia SIG é também um elemento chave na elaboração de sistemas de informações de sítios históricos, denominados de Heritage Information System – HIS.

O presente trabalho aborda a utilização de Sistema de Informação Geográfica voltado para a gestão e conservação do patrimônio histórico edificado, integrando

1 Durante a pesquisa foi observado o uso de ambos os acrônimos: SIG, no contexto nacional, e GIS no contexto internacional. Adotou-se, preferencialmente SIG. 21

desta forma, um Sistema de Informações do Patrimônio (Heritage Information System – HIS). O uso da tecnologia SIG mostra-se fundamental para esta finalidade, uma vez que a localização espacial é um elemento importante na documentação arquitetônica.

Através do estudo de tecnologias digitais aplicadas à Arquitetura, sobretudo no contexto da documentação e da aplicação de sistemas de informações georreferenciados, desenvolveu-se um modelo de HIS que permite o acesso, a partir da localização geográfica, às informações sobre edificações históricas da cidade de Mucugê, na Bahia, importante patrimônio cultural brasileiro, que teve seu conjunto arquitetônico e paisagístico inventariado pelo IPAC, e tombado pelo IPHAN em 1980. Nesta pesquisa, o HIS Mucugê volta-se, portanto, para o patrimônio material.

1.1 Justificativa

A escolha do município de Mucugê como objeto de estudo deve-se ao fato deste constituir-se um destacado sítio histórico do Estado da Bahia, com grande demanda por documentação atualizada de seu conjunto arquitetônico, e também de ferramentas que auxiliem no controle, gestão, e proteção deste patrimônio histórico.

Em paralelo, a relevância deste estudo é ampliada pela abordagem de importantes instrumentos voltados para arquitetura e a salvaguarda do patrimônio cultural: os inventários, a documentação arquitetônica, e os sistemas de informações do patrimônio.

Os dados constantes no Inventário de Proteção do Acervo Cultural da Bahia (IPAC- BA) continuam sendo aplicados em novos estudos de ferramentas de gestão do patrimônio edificado, servindo principalmente como fonte de informações básicas e históricas sobre edificações, a exemplo da elaboração do Sistema de Informações do Patrimônio para o sítio histórico de , Bahia, onde a contribuição do HIS é destacada por Arruda (2013). Observa-se ainda que, apesar do primeiro volume do IPAC-BA destacar a necessidade de transferir a informação das fichas para sistemas informatizados (BAHIA, 1984, p. 2), pouco foi feito neste sentido. 22

Desta forma, o desenvolvimento de um Sistema de Informações do Patrimônio constitui-se numa importante ferramenta técnica e científica, capaz de promover maior acessibilidade aos dados, através da consulta e análise espacial. Torna-se possível, por exemplo, o cruzamento de informações de inventários arquitetônicos com outras bases existentes, para estudos diversos. A utilização de tecnologias web, por sua vez, possibilita acesso e análise ao conteúdo inventariado por meio da internet, ampliando a divulgação do conhecimento sobre o patrimônio histórico.

A pesquisa de informações sobre as edificações da cidade de Mucugê, por sua vez, compõe um panorama atualizado deste sítio histórico, gerando análises que poderão auxiliar técnicos e gestores no planejamento e gestão destes monumentos.

Os dados deste estudo integram-se a importantes pesquisas sobre Heritage Information System – HIS, realizadas pelo LCAD/FAUFBA, e busca contribuir com as questões de como tornar o acervo inventariado e a documentação arquitetônica mais acessíveis, através do uso de tecnologias da informação, bem como nas formas de compartilhamento de dados e informações do HIS entre os agentes atuantes e demais interessados no sítio histórico.

O sistema de informações proposto neste estudo caracteriza-se por integrar em uma base de dados georeferenciados, o mapa base do distrito sede de Mucugê, contendo as edificações do perímetro urbano e as informações semânticas relativas a estas edificações. Em especial, são consideradas as edificações objeto do IPAC- BA e os dados constantes das fichas. Através da experimentação de ferramentas SIG, busca-se viabilizar sua publicação na web, possibilitando novas alternativas de acesso às informações, em qualquer lugar do mundo, além da inserção de novas camadas de informações compartilhadas publicamente na rede.

23

1.2 Objetivo

Este estudo tem o objetivo geral de propor um de Sistema de Informações do Patrimônio (Heritage Information System – HIS), para a sede do município de Mucugê, que permita o acesso, a localização e a análise de informações georreferenciadas sobre as edificações.

Neste sentido, delineiam-se os objetivos específicos a seguir:

 Elaborar uma base de informações geográficas atualizada das edificações do município de Mucugê, utilizando ferramentas SIG;

 Integrar a base de dados com ferramentas para o desenvolvimento de um modelo digital urbano do município de Mucugê;

 Aprofundar estudos sobre formas de publicação dos dados produzidos na web, considerando as diferentes tecnologias disponíveis.

1.3 Metodologia

“[...] uma boa pesquisa implica equilíbrio entre teoria e empirismo.” (BEAUD, 2002, p. 12).

A metodologia desta pesquisa envolve aspectos teóricos e empíricos. Parte-se do princípio que, para conceber um sistema de informações abordando documentação arquitetônica e inventários de patrimônio cultural, se faz necessário conhecer com profundidade iniciativas nacionais e internacionais. Deste modo foi realizada uma criteriosa fundamentação teórica, essencial para análises e reflexões sobre os aspectos relevantes da elaboração de inventários, utilizados no modelo empírico.

Utilizou-se uma abordagem metodológica qualitativa, por meio de pesquisa bibliográfica e documental, e de levantamento de dados primários em campo. A metodologia utilizada envolveu principalmente:

 Documentação indireta – visando a fundamentação teórica sobre patrimônio cultural, utilização de inventários, e aplicação de tecnologias da informação; 24

 Observação direta – de experiências realizadas com o uso de sistemas de informação aplicados na produção e na análise de informações georreferenciadas do patrimônio edificado;

 Experimentação – por meio do estudo de caso na elaboração e implementação do sistema de informações do patrimônio histórico do município de Mucugê.

Beaud (2002, p. 13) enumera como fases principais do trabalho de pesquisa: exploração, documentação, pesquisa de campo, e redação.

A fase inicial da pesquisa baseou-se, portanto na exploração do tema por meio de leitura, documentação, fichamento e análise da bibliografia existente sobre patrimônio cultural arquitetônico, documentação arquitetônica e inventários de patrimônio. Foi observada a construção de inventários no Brasil, e especificamente do IPAC – BA, com objetivo de entender sua metodologia e de destacar as informações relevantes para o planejamento do SIG.

Em seguida prosseguiu a observação de experiências com uso da tecnologia da informação aplicado em inventários e nas demais ações de salvaguarda de sítios históricos. Foram abordados especificamente exemplos de aplicações de sistemas de informações voltados ao patrimônio histórico, no Brasil e no exterior, por meio de da observação direta de experiências publicadas em eventos técnico-científicos.

O estudo empírico, por sua vez baseado na experiência e observação, envolveu a elaboração do protótipo do Sistema de Informações do Patrimônio do município de Mucugê, utilizando ferramenta SIG. Sendo um sistema de informações, a criação de um SIG pressupõe etapas de planejamento, coleta de dados, e implementação, conforme ressalta Tomlinson (2003). O planejamento do SIG envolveu, portanto a definição de escopo, identificação dos dados a serem utilizados, assim como a elaboração do modelo de dados conceitual do sistema. Entre os procedimentos foram adotados a Unified Modeling Language (UML), para desenvolvimento de sistemas de informação, e o modelo de dados OMT-G (Object Modeling Technique for Geographic Applications). 25

A fase de coleta de dados levantou os requisitos e os insumos necessários para o desenvolvimento do sistema de informações do patrimônio edificado - HIS Mucugê. Os procedimentos envolveram o tratamento dos dados obtidos em campo e a compilação de dados secundários, originários de levantamentos correspondentes a períodos anteriores. A implementação do sistema por sua vez, abrangeu a construção da base de dados, conforme modelo lógico desenvolvido, a aplicação de ferramentas de geoprocessamento para análise de informações sobre as edificações, e a utilização dos dados para a elaboração de mapas e a construção de um modelo urbano.

Por fim, foi realizada a discussão do modelo proposto para o HIS Mucugê, dos produtos gerados e dos resultados da pesquisa. É dado ênfase na utilização da ferramenta SIG na elaboração de sistemas que possam ser aplicados na preservação e gestão do patrimônio edificado, e na publicação da informação geográfica na web.

O fluxograma na Figura 1 representa esquematicamente a metodologia da pesquisa.

Figura 1 – Fluxograma da metodologia da pesquisa

Elaboração: Humberto D. G. Santos (2014). 26

1.4 Estrutura do trabalho

O presente trabalho está estruturado em seis capítulos. O Capítulo 1 contém a introdução, apresentando, além da abordagem inicial sobre o tema, sua justificativa, objetivo e a metodologia empregada.

O Capítulo 2 aborda a documentação arquitetônica e os inventários, constituindo parte relevante do referencial teórico. Conceitua a documentação arquitetônica e a utilização dos inventários do patrimônio cultural, delineando o seu panorama histórico. Contempla ainda os inventários no Brasil, com ênfase no Inventário de Proteção do Acervo Cultural da Bahia – IPAC-BA, formas de utilização, legislação, e a aplicação de tecnologias da informação na documentação arquitetônica e inventários do patrimônio.

O Capítulo 3, Sistemas de Informações do Patrimônio – conceitua e discute o Sistema de Informação Geográfica – SIG e o Heritage Information System – HIS. Nele é introduzido breve conteúdo sobre a importância dos mapas, seguido pelo conceito da geovisualização e pela caracterização do SIG. Um panorama das aplicações de sistemas de informações voltadas para o patrimônio é delineado pelo estudo de trabalhos recentes publicados em eventos técnico-científicos.

O Capítulo 4 apresenta a cidade de Mucugê, por meio de sua descrição geográfica, breve evolução histórica, arquitetura e aspectos sócioeconômicos.

O Capítulo 5 apresenta a elaboração do Sistema de Informações do Patrimônio, onde são descritos a metodologia e os procedimentos adotados com as ferramentas SIG para o desenvolvimento do protótipo do Sistema de Informações do Patrimônio (Heritage Information System – HIS) para a sede do município de Mucugê. Durante a elaboração da base de dados foram analisados por meio das premissas da geovisualização, os dados do patrimônio arquitetônico inventariado pelo IPAC-BA na região da Chapada Diamantina, na mesorregião centro-sul baiano e na microrregião de Seabra, de forma a compreender a distribuição espacial deste patrimônio no entorno do Município de Mucugê.

Finalizando o Capítulo, são apresentados e discutidos os resultados obtidos, bem como os produtos gerados. Na interface do HIS com a web são comparadas as duas 27

principais arquiteturas de publicação de dados geoespaciais na web: cliente-servidor e servidor em nuvem (cloud computing).

Por fim, o Capítulo 6 apresenta as considerações finais sobre o tema, destacando as conclusões obtidas nesta pesquisa, suas contribuições e propostas para o aprofundamento dos estudos realizados.

28

2 DOCUMENTAÇÃO ARQUITETÔNICA E O PAPEL DOS INVENTÁRIOS NA PROTEÇÃO DO PATRIMÔNIO

De um modo geral, o termo Inventário – do latim Inventarium (achar, encontrar) – significa relação de bens, lista ou documento onde se encontram registrado bens, podendo conter a descrição dos mesmos2. Um inventário tem como característica importante a sistemática e a exaustividade, visto que por definição é um rol completo. Deve-se, portanto definir de antemão os elementos que irão constituí-lo, e critérios coerentes de inclusão ou exclusão dos mesmos (IPHAN, 2000c).

O inventário figura como um poderoso instrumento de gestão de bens culturais, reunindo informações fundamentais para sua manutenção e salvaguarda. Para tal, os inventários de patrimônios culturais se utilizam largamente de recursos da documentação arquitetônica para levantamento e registro de informações, em diversas formas de iconografia, com destaque para a fotografia, o desenho cadastral, e a fotogrametria.

Deste modo, serão abordados a seguir conteúdos relacionados à documentação arquitetônica e a produção de inventários, incluindo panorama histórico, utilização no Brasil, tendências e novas tecnologias aplicadas.

2.1 Documentação Arquitetônica

Segundo a ABNT, um documento pode ser considerado:

Qualquer suporte que contenha informação registrada, formando uma unidade, que possa servir para consulta, estudo ou prova. Inclui impressos, manuscritos, registros audiovisuais, sonoros, magnéticos e eletrônicos, entre outros. (ABNT, 2002, p. 2).

Conceito semelhante é encontrado no Dicionário Brasileiro de Terminologia Arquivística (ARQUIVO NACIONAL, 2005), e no corpo da na Lei de Acesso à Informação (BRASIL, 2011) que igualmente consideram documento: “[...] unidade de

2 Cf. "inventário" in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [internet]. 2010. Disponível em: . Acesso em: 18 maio 2013. 29

registro de informações, qualquer que seja o suporte ou formato.” (ARQUIVO

NACIONAL, 2005, p. 73; BRASIL, 2011, p.1).

No contexto da documentação voltada para arquitetura, considera-se a definição adotada por Amorim (2007; 2010):

[...] pode-se conceituar a documentação arquitetônica como um processo contínuo e sistemático de aquisição, tratamento, indexação, armazenamento, recuperação, publicação e divulgação de dados e informações gráficas e não gráficas, e seus metadados3, sobre as edificações para os mais variados usos. (AMORIM, 2010, p. 10).

Oliveira (2008) destaca a documentação como um importante instrumento para preservação da memória, principalmente por meio do registro iconográfico. Neste sentido, a representação cadastral de um edifício de valor cultural possui, além do seu valor documental, um importante papel no projeto de intervenção, nas avaliações estruturais, na pesquisa histórica, e demais estudos sobre o monumento (OLIVEIRA, 2008, p. 13).

O levantamento arquitetônico fornece portanto, a referencia necessária para análise ou diagnóstico sendo considerado a base indispensável para a prática de projeto e o conhecimento aprofundado da construção (DOCCI, 1987; MUSSO, 2006).

Processos tradicionais de levantamento cadastral utilizam um conjunto de instrumentos conhecidos desde a antiguidade: escalas, trenas, prumos, bússolas e afins. Contudo, processos contemporâneos têm auxiliado cada vez mais na documentação do patrimônio construído, a exemplo da fotografia, da fotogrametria, do vídeo e de outras tecnologias digitais (OLIVEIRA, 2008, p. 30).

Entre os principais dados e produtos relacionados à documentação arquitetônica destacam-se as plantas cadastrais, as fotos, as ortofotos, os modelos geométricos, os inventários e as pesquisas históricas registradas através de textos e de imagens. A utilização de novas tecnologias digitais de varredura tem se tornado cada vez mais frequente na documentação, gerando produtos que constituem uma base de dados

3 “O metadado pode ser entendido com a informação sobre a informação. Especificamente no caso da documentação arquitetônica pode envolver aspectos relativos à forma de aquisição e a precisão dos dados, formato de arquivo e suas versões, atualizações e revisões realizadas, data de captura dos dados e suas atualizações, etc.” (AMORIM, 2010, p. 10). 30

digitais, contendo: vídeos, fotos, ortofotos, foto retificadas, desenhos, modelos geométricos, incluindo as nuvens de pontos.

2.2 Um breve histórico da Documentação Arquitetônica

Desde a antiguidade verificam-se representações arquitetônicas para fins de documentação de projeto ou cadastral, existindo diversos exemplos da utilização de desenho arquitetônico mesmo antes da Renascença.

As operações básicas da vida social (comércio, cálculo de distâncias, quantificação de materiais, distribuição de terras, o tamanho de artefatos, etc.) demandam regulamentação e racionalização de algumas medidas básicas. (DOCCI; MAESTRI, 1987, p. 23).

Neste sentido observa-se que as civilizações egípcia e a mesopotâmica foram as primeiras que elaboraram e adotaram um sistema de medidas fechado, impulsionado principalmente, pela necessidade natural de avaliar as coisas e os fatos que deram origem, comparando-os com o tamanho do corpo humano.

Em relação aos registros arquitetônicos, a mesopotâmia assinala a existência de documentos escritos a partir de 2450 a. C., em um contrato que contém as dimensões e a descrição minuciosa de um imóvel. Os desenhos de arquitetura mesopotâmicos, por sua vez, foram utilizados com a finalidade de realização de construção, cadastro e documentação, assim como no simbolismo artístico (OLIVEIRA, 2002, p. 24-26). Entre os desenhos mesopotâmicos, destacam-se exemplos de plantas e cadastros de cidades em tabletes de argila, como o mapa de Nippur, provavelmente de 1500 a. C., mostrado na Figura 2. Desta civilização tem-se também o exemplo de um mapa esquemático do mundo conhecido, representando o império Acádio. 31

Figura 2 – Mapa de Nippur

Fonte: University of Pennsylvania Museum of Archaeology and Anthropology4.

No Egito antigo, assim como na Mesopotâmia, a atividade do arquiteto se confundia com a do escriba, pois todo desenhista deveria dominar as técnicas e os instrumentos da escrita, para gravação e registro em tabletes de barro. Em relação à documentação arquitetônica, Oliveira (2008) observa:

O emprego dos levantamentos arquitetônicos na remota antiguidade das culturas do Egito e da Mesopotâmia é muito comum, pois os inventários das propriedades eram bastante frequêntes e faziam uso constante da iconografia dos imóveis em planta. É o início do emprego deste procedimento para registro da memória do imóvel, embora com finalidades utilitárias e não culturais. (OLIVEIRA, 2008, p. 14, grifo do autor).

Nessa região se difunde a utilização de suportes flexíveis para a escrita e o desenho, sendo atribuída a esta civilização a invenção do papel (papiro). O processo de representação era baseado em projeções ortogonais, como atualmente (OLIVEIRA, 2002, p. 41-81). Entre os desenhos em papiro, o mapa das Minas de Seti I é uma notável representação em escala regional (Figura 3).

4 Disponível em: . Acesso em: 24 maio 2013. 32

Figura 3 – Mapa da Mina de SETI

Fonte: Adaptado de Storia della Cartografia 5.

Como em todas as outras civilizações antigas, o Egito utilizou um sistema antropomórfico, ou seja, as unidades de medidas como o cúbito, extensão, pé, estavam relacionados com o comprimento de partes do corpo humano (DOCCI; MAESTRI, 1987, p. 23).

No mundo greco-romano, apesar de poucos desenhos terem chegado aos dias atuais, a obra de Vitrúvio pode ser considerada como a de maior influência na Teoria da Arquitetura do mundo ocidental (OLIVEIRA, 2002, p. 93). Arquiteto e teórico do período Augusto (1 a. C.), Marcus Vitruvius Pollio, trata em sua obra os “10 livros dos elementos da arquitetura na Grécia e em Roma”, incluindo os procedimentos gráficos do desenho de arquitetura.

O desenho técnico na civilização greco-romana foi instrumento de projetos, cadastros, decoração, cartografia, gráficos esquemáticos e representação de máquinas e instrumentos. Entre os exemplos aplicados na documentação arquitetônica e na cartografia, destaca-se a Forma Urbis Romae, planta cadastral da cidade de Roma epigrafada em mármore entre 203-211 d. C.

5 Disponível em: . Acesso em: 24 maio 2013. 33

Figura 4 – Fragmento da Forma Urbis Roma

Fonte: Stanford Digital Forma Urbis Romae Project 6.

O Renascimento é considerado um período de destaque na documentação de edificações históricas, em oposição Idade Média.

[...] Apesar dos casos de intervenção em edificações de épocas precedentes durante a Idade Média serem numerosos, foi somente no Renascimento, a partir do Quattrocento, que se passou a fazer o levantamento e estudar em profundidade edificações de períodos anteriores. (KUHL, 1998, p. 180).

Leon Baptista Alberti teve grande relevância no desenvolvimento de métodos da documentação arquitetônica, inclusive com o uso da cartografia, quando “[...] desenvolveu um método de levantamento cartográfico, por volta de 1450, para possibilitar a elaboração de um projeto para a restauração de Roma, planejada pelo papa Nicolau V.” (KUHL, 1998, p.180). Cabe também a Alberti, assim como a outros arquitetos do Renascimento, o desenvolvimento de técnicas de medidas indiretas, explorada no seu livro Ludi Matematici (OLIVEIRA, 2008, p. 15).

No século XVI, os instrumentos de levantamento progrediram bastante, contudo parte deles consistiu em melhoria de modelos conhecidos desde a Antiguidade (OLIVEIRA, 2008, p. 20).

6 Disponível em: . Acesso em: 2 jun. 2013. 34

Durante o período do Renascimento, os fragmentos materiais remanescentes da antiguidade romana passaram a ser valorizados, estudados, desenhados, e classificados, tornando-se referencia cultural para artistas e colecionadores. A partir de meados do século XVIII este processo de valorização se intensifica, evidenciado pela sistematização da arqueologia e as escavações de Pompéia e Herculano. Neste período é assinalado o surgimento de inventários de bens culturais por Chastel (1990) e Choay (2001).

A partir do início século XIX, com as primeiras obras de restauro instauradas por Viollet-le-Duc, amplia-se a discussão sobre a teoria da conservação e restauro. Na Europa duas doutrinas da restauração se defrontam: uma, de cunho intervencionista, representada por Viollet-le-Duc na França, e outra anti- intervencionista, simbolizada por Ruskin na Inglaterra (CHOAY, 2001, p. 153).

Considerado um exímio desenhista, Viollet-le-Duc registrou um grande número de monumentos, ornamentos e detalhes da arquitetura medieval francesa (OLIVEIRA, 2008). Em seus trabalhos de restauro, ressalta-se a importância da documentação arquitetônica, onde:

[...] É essencial portanto, antes de qualquer trabalho de reparação, determinar precisamente a época e o caráter de cada parte, compor uma espécie de dossiê apoiado em documentos seguros, seja através de escritas, seja de levantamentos gráficos. (VIOLLET-LE-DUC, 1996, p. 17).

Entre as técnicas de documentação, Viollet-le-Duc cita a utilização da câmara clara como instrumento de levantamento, e destaca o potencial da crescente da técnica fotográfica.

[...] A fotografia tem a vantagem de produzir memórias irrefutáveis, e documentos que podem ser consultados sempre, inclusive quando os restauros mascaram os vestígios deixados pela ruína. [...] Nos restauros jamais será excessivo o uso da fotografia, pois frequentemente se descobre num negativo aquilo que passara despercebido no próprio monumento. (VIOLLET-LE-DUC, 1996, p. 28).

O século XX é marcado não somente pelo desenvolvimento tecnológico de técnicas e instrumentos de registro, mas também no surgimento de normas e conceitos universais. A publicação de diversos documentos internacionais, especialmente as Cartas Patrimoniais, indicaram importantes ações voltadas para a documentação do patrimônio cultural. 35

Verifica-se, deste modo, importantes recomendações à produção de documentação e inventários na Carta de Atenas (1931), Carta de Veneza (1964), e na Recomendação de Paris (1968).

2.3 Surgimento do inventário de bens culturais

O inventário de bens culturais é visto como uma ideia antiga por Chastel (1990), surgindo na “época das Luzes”, por meio de registros elaborados por academias provinciais.

[...] Sob a acção das academias de província, por volta de 1770/80, foram elaboradas perspectivas gerais, por vezes publicadas sob o título ingrato de “estatística”; nelas se fazia menção, ao lado dos recursos agrícolas, económicos, etc., às obras históricas interessantes e até mesmo a algumas belezas naturais. (CHASTEL, 1990, p. 1).

Choay (2001), ao analisar historicamente a evolução do valor atribuído ao monumento histórico, mostra também as primeiras formas de documentação, iconografia e de inventariação. No século XVII e XVIII, em seguimento as práticas humanistas anteriores, eruditos e colecionadores, chamados de antiquários guardavam não somente objetos do passado, mas também produziam compilações em forma de dossiês, com descrições e desenhos (CHOAY, 2001).

Entre a segunda metade do século XVI e o segundo quartel do XIX, as antiguidades são objeto de um imenso esforço de conceituação e de inventário. Um aparato iconográfico auxilia esse trabalho e facilita sua memorização. Um corpus de edifícios, conservados apenas pelo poder da imagem e do texto, é assim reunido num museu de papel. (CHOAY, 2001, p. 62, grifo nosso).

Durante período da revolução Francesa, em 1789 a tomada dos bens da monarquia e do clero postos “à disposição da Nação” gerou, por conseguinte, a necessidade elaborar método para o inventário e a gestão da chamada “herança”. Deste modo:

[...] criou-se uma comissão dita “dos Monumentos” para esse fim. Em primeiro lugar ela deve tombar as diferentes categorias de bens recuperados pela nação. Em seguida, cada categoria é por sua vez inventariada e estabelecido o estado em que se encontram cada um dos bens que a compõem. (CHOAY, p. 99).

A sistematização deste inventário é vista em 1793 com a publicação de uma instrução técnica sobre a maneira de inventariar – Instruction sur la manière d’inventorier (CHOAY, p. 110). A importância de inventariar é vista neste outro exemplo, um relatório de 1830, do Ministro do Interior ao Rei da França, para que se 36

criasse o cargo de inspetor geral dos monumentos históricos que, entre suas atribuições,

[...] Deverá preparar nessa primeira e grande viagem de inspeção, um catálogo preciso e completo dos edifícios ou monumentos isolados que mereçam séria atenção do governo; cuidará para que na medida do possível, esse catálogo seja acompanhado de desenhos e de plantas, e enviá-los-a, sucessivamente, ao Ministério do Interior, onde serão classificados e consultados, quando necessário. (CHOAY, p. 261).

Em 1855, Guilhermy, membro do Comitê de Línguas, História e Artes, e da Comissão de Edifícios Religiosos da França, publica o Itinéraire Archéologique de Paris, no qual faz um inventário minucioso de todos os monumentos individuais considerados ameaçados na época (CHOAY, p. 176). A publicação, vista na Figura 5, é ilustrada por gravuras de Charles Fichot.

Figura 5 – Itinéraire Archéologique de Paris

Fonte: Guilhermy (1855), capa e ilustração interna.

Em 1860, tem-se início um inventário realizado por Lander na Alemanha, considerado um exemplo pela sua dimensão alcançada e continuidade do trabalho, atingindo, no ano de 1987, mais de 500 volumes (AZEVEDO, 1987, p. 84).

37

As iniciativas de inventariação, contudo não avançaram no século XIX segundo Chastel (1990), que aponta a dificuldade de se realizar um Inventário geral no período:

[...] Podíamos conceber um serviço de protecção dos monumentos históricos, mas a idéia de um recenseamento metódico anulava-se a si própria, como uma utopia. Após os terríveis anos de 1870-1871, Chennevières relançou corajosamente a operação; surgiram alguns volumes, mas o grande programa não foi cumprido (CHASTEL, 1990, p. 3).

Em 1887 a França promulga a primeira lei sobre monumentos históricos, dando ao inspetor de monumentos históricos a prerrogativa de “tombar” os edifícios por meio de sua classificação. A nova legislação de 1913 complementa a proteção por meio da criação do Inventário Suplementar, criando dois níveis de proteção. Os edifícios tombados (classés) possuem proteção rigorosa e não podem ser modificados sem autorização. Os edifícios inscritos no inventário suplementar possuem regras mais flexíveis envolvendo a comunicação e negociação das obras pretendidas. Modelo semelhante foi adotado na Inglaterra em 1944 (AZEVEDO, 1987, p. 84).

A partir do início do século XX, com a evolução do pensamento sobre a proteção do patrimônio cultural, começam surgir posturas e legislações mais concretas, de caráter internacional. Estas Cartas Patrimoniais assinalam um esforço da comunidade técnica internacional em definir conceitos, recomendações, normas e procedimentos aplicáveis na proteção do patrimônio cultural, representando também o pensamento preservacionista de cada época.

Deste modo, verifica-se na Carta de Atenas de 1931, fruto da Conferencia Internacional da Sociedade das Nações, a recomendação de que “[...] Cada Estado, ou as instituições criadas ou reconhecidamente competentes para esse trabalho, publique um inventário dos monumentos históricos nacionais, acompanhando de fotografia e de informações.” (CURY, 2000, p. 17, grifo nosso).

A publicação da Carta de Veneza, no II Congresso Internacional de Arquitetos em 1964 reforça, por sua vez, que todas as iniciativas envolvendo patrimônio cultural devam ser acompanhadas em forma de documentação precisa, como: relatórios analíticos e críticos, amplamente ilustrados por desenhos e fotografias. A carta recomenda ainda colocação da documentação à disposição dos pesquisadores e a sua publicação (CURY, 2000, p. 95). 38

Preocupada sobre a conservação dos bens culturais ameaçados pela execução de obras públicas e privada, a Recomendação de Paris, de 1968, indica a utilização de inventários, como princípio geral, para a preservação e salvamento de Bens Culturais. O documento reforça que sejam feitos inventários atualizados de todos “[...] bens culturais importantes, protegido por lei ou não.”, e que “[...] as medidas de preservação dos bens culturais deveria estender-se à totalidade do território do Estado e não se limitar a determinados monumentos e sítios.” (CURY, 2000, p. 126).

A evolução das normas e instrumentos legais internacionais influenciou largamente o Brasil ao ponto de incluir a proteção ao patrimônio histórico e cultural na Nova Constituição Federal de 1988. A Carta Magna consolida nos artigos 240 e 2610 a ideia de patrimônio no Brasil atribuindo o dever conjunto da União e dos Estados de promover e “[...] proteger o patrimônio cultural brasileiro, por meio de inventários, registros, vigilância, tombamento e outras formas de preservação.” (BRASIL,1988). Firma-se no Brasil, portanto, instrumentos legais para a utilização de inventários como uma das alternativas de proteção.

2.3.1 Inventários do patrimônio cultural brasileiro

As primeiras catalogações do patrimônio cultural brasileiro datam do período colonial, a exemplos do inventário realizado nos prédios em Recife após a expulsão dos Holandeses (AZEVEDO 1987, p. 82).

As primeiras legislações determinando a inventariação de bens culturais, com a finalidade de preservação datam de projetos de leis federais entre 1923 e 1930. Na Bahia, em 1927, foi criada uma Inspetoria Estadual de Monumentos Nacionais com a incumbência de elaborar um inventário geral dos monumentos no estado (AZEVEDO, 1998, p. 64).

Com a criação provisória, em 1936, do Serviço de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – SPHAN, inicia-se a inventariação de bens culturais, abrangendo inicialmente a cidade de Ouro Preto, Salvador e o Distrito Federal (AZEVEDO, 1998, p. 64). Em 1937 é promulgado o Decreto-lei nº 25, que institui o SPHAN e regulamenta o tombamento. Neste período, a importância da elaboração de inventários é ressaltada pelo seu primeiro dirigente, Rodrigo de Melo Franco de 39

Andrade, como forma de subsidiar os estudos para tombamento (LONDRES, 1998, p. 35).

Em 1946, o SPHAN passa a se chamar Divisão de Estudos e Tombamentos – DPHAN. Em 1949, o arquiteto Lúcio Costa, ao assumir a direção da DPHAN, ressaltou a importância do trabalho de obtenção de informações técnicas e históricas, sem as quais a Divisão de Estudos e Tombamentos não pode realizar de maneira sistematizada os estudos de classificação de obras inventariadas. Entretanto, verifica-se que sua prática, apesar da reconhecida importância, esteve limitada a poucos bens específicos, como mostra a Equipe de Inventários e Pesquisas do DID / IPHAN (1998, p. 13).

[...] é possível afirmar que embora o inventário tenha sido mencionado, já em 1949, como um trabalho prioritário, capaz de produzir a classificação sistemática dos bens e embasar adequadamente as indicações de tombamento – a prática institucional, nesses primeiros trinta anos do Iphan restringiu essa tarefa ao registro da feição estético-estilística, dos bens de flagrante valor, com o objetivo de evitar a demolição ou desabamento, indicando o tombamento em caráter de emergência. (EQUIPE DE INVENTÁRIOS E PESQUISAS DO DID/IPHAN, 1998, p. 13).

Entre os exemplos de levantamentos sistemáticos citados no período, destaca-se o da cidade mineira de Ouro Preto, realizado pelo arquiteto e professor Sylvio de Vasconcellos em 1948. Este inventário incluiu características arquitetônicas, estado de conservação, época das construções e fotos e outras informações sobre os imóveis.

A década de 60 representou uma grande demanda nos pedidos de tombamento no DPHAN, impulsionada pela expansão imobiliária nas grandes cidades e o abandono de imóveis rurais. A partir da década de 70, o DPHAN passa a ser chamar Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN. Neste período, com a descentralização das ações de preservação, foram desenvolvidos importantes inventários regionais, como o da Bahia, Rio de Janeiro e Pernambuco (EQUIPE DE INVENTÁRIOS E PESQUISAS DO DID/IPHAN 1998, p. 16).

No IPHAN, somente a partir da década de 80 começam a surgir trabalhos envolvendo o registro de bens não tombados, em diversas coordenações regionais. Estes trabalhos são marcados pela multiplicidade de métodos e formas de registros, e da abordagem de diversos tipos de bens, conforme diagnóstico realizado pela 40

Equipe de Inventários e Pesquisas do DID/IPHAN (1998, p. 16). A partir 1988, com o advento da Nova Constituição que estabelece inventários como instrumentos de proteção ao patrimônio, o Instituto procura sistematizar nacionalmente a produção de inventários. Com este objetivo, ocorre em 1995 o “Encontro de Inventários de Conhecimento do IPHAN”.

O IPHAN ressalta que os inventários têm como função constituir-se em uma ação de preservação do patrimônio na medida em que conservam em outros suportes7 as informações contidas nos bens culturais, além de apoiar os trabalhos de planejamento e intervenção dos mesmos (IPHAN, 2000b). Entre os Inventários Nacionais realizados pelo IPHAN, destacam-se atualmente: Sítios Urbanos Tombados – INBI-SU; Bens Arquitetônicos; e de Referências Culturais – INRC.

O Inventário Nacional de Bens Imóveis – Sítios Urbanos Tombados – INBI-SU, foi iniciado pelo IPHAN em 2000. O INBI-SU tem como objetivo reunir e sistematizar informações coletadas a partir de levantamentos físico-arquitetônicos, pesquisa de fontes histórico-documentais e entrevistas sócio-econômicas (IPHAN, 2000b). Complementando INBI-SU, o Inventários de Bens Arquitetônicos, desempenha o “[...] registro sistemático dos bens imóveis tombados individualmente pelo IPHAN.” Esta categoria de bens, segundo a instituição, foi melhor documentada durante a história, mas necessitava de padronização das informações. Este inventário, portanto procurou criar uma base de dados específica e uniforme, que permitisse agilizar o registro, atualização e disponibilização das informações, para o trabalho técnico e o público em geral (IPHAN, 2000a).

Recentemente o IPHAN tem desenvolvido um Sistema Integrado de Conhecimento e Gestão – SICG, buscando a criação de um cadastro unificado do patrimônio cultural, e sua disponibilização na internet. Segundo o Portal IPHAN, o sistema constituirá, “[...] a base de uma cartografia do Patrimônio, uma vez que todos os bens serão georreferenciados e classificados conforme sua categoria e recortes temático e territorial dos estudos.” (IPHAN, 2011). A Figura 6 mostra uma das fichas desenvolvidas no módulo de Cadastro do SICG.

7 Suporte: Material no qual são registradas as informações (ARQUIVO NACIONAL, 2005). 41

Figura 6 – Ficha utilizada no módulo de Cadastro do SICG

Fonte: IPHAN [2011].

No âmbito do Patrimônio Imaterial, tem-se início no ano 2000 o Inventário Nacional de Referências Culturais – INRC, destacando em seus principais objetivos a identificação e documentação de bens culturais de qualquer natureza, assim como a inserção de moradores como interpretes da cultura local e parceiros na preservação (IPHAN, 2000c). 42

2.3.2 O Inventário de Proteção do Acervo Cultural da Bahia (IPAC-BA)

O Inventário de Proteção do Acervo Cultural da Bahia – IPAC-BA, idealizado e coordenado pelo arquiteto e professor Paulo Ormindo David de Azevedo, teve início em 1973, tendo seu primeiro volume, Monumentos do Município de Salvador, publicado em 1975 (AZEVEDO, 1998, p. 65).

A iniciativa foi considerada pioneira no Brasil, sendo reconhecida nacionalmente. Para Lerner (1998, p. 82) o trabalho “[...] serviu de modelo e foi objeto de muitas discussões e críticas importantes por parte de profissionais da área [...]”, destacando-se pela “modernidade na utilização de técnicas de inventariação e computação (sic), pela riqueza das informações levantadas, pela qualidade de impressão, e mais adiante, pela continuidade alcançada.” (LERNER, 1998, p. 82).

Em continuidade ao volume 1 – Monumentos do Município de Salvador -, publicado em 1975, até o ano de 2002 foram publicados sete volumes referente aos Monumentos e Sítios do Recôncavo (volumes 2 e 3); Monumentos e Sítios da Serra Geral e Chapada Diamantina (volume 4); Monumentos e Sítios do Litoral Sul (volume 5); Monumentos e Sítios das Mesorregiões Nordeste, Vale Sanfranciscano e Extremo Oeste Baianos (volume 6); e Monumentos da Região Pastoril (volume 7). O inventário totaliza 1081 edifícios de interesse cultural, distribuídos por todo território baiano. Os volumes e o ano de publicação estão relacionados no Quadro 1.

Quadro 1 – Volumes publicados pelo IPAC-BA

Volume Título Ano

I Monumentos do Município de Salvador 1975

II Monumentos e Sítios do Recôncavo 1978

III Monumentos e Sítios do Recôncavo, II parte 1982

IV Monumentos e Sítios da Serra Geral e Chapada Diamantina 1980

V Monumentos e Sítios do Litoral Sul 1988

Monumentos e Sítios das Mesorregiões Nordeste, Vale VI 1999 Sanfranciscano e Extremo Oeste Baianos

VII Monumentos da Região Pastoril 2002

Fonte: Adaptado de BAHIA, 1984, 2002. 43

Os cinco primeiros volumes do IPAC foram publicados pela Secretaria de Indústria e Comércio do Estado da Bahia (SIC). O sexto e sétimo volumes, assim como o CD- ROM foram publicados pela Secretaria de Cultura e Turismo. É importante lembrar que a sigla IPAC significa também Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia, responsável pela salvaguarda do patrimônio cultural do Estado e que mantém sob sua guarda o acervo original do inventário.

No período em que se iniciou o inventário baiano, já estava consolidado pelo Conselho da Europa dois níveis de inventário: o Inventário de Proteção, com informações indispensáveis a preservação cultural, e o Inventário Científico, com uma documentação mais aprofundada sobre o edifício. A equipe responsável pelo IPAC-BA optou por realizar um Inventário de Proteção, conforme as definições do conselho europeu, estabelecidas na reunião técnica intitulada “Confrontação A” de 1965, que abordou critérios para inventário de sítios e conjuntos históricos. O trabalho utilizou-se de metodologia e fichas do Inventário de Proteção do Patrimônio Europeu – IPCE (AZEVEDO, 1984, p. 65).

No inventário realizado pelo IPAC foram também incluídos levantamentos arquitetônicos, área construída e avaliação do estado de conservação, informações características de um inventário científico. A parte frontal das fichas do inventário IPAC-BA apresenta as informações básicas consideradas necessárias para qualquer medida de proteção, tais como denominação, localização, situação e ambiência, período de construção, descrição e pertences, utilização atual, estado de conservação, e proteção existente, além dos elementos de identificação gráfica e fotográfica (Figura 7). 44

Figura 7 – Parte frontal de ficha publicada no primeiro volume do IPAC-BA

Fonte: BAHIA, 1984.

Em relação ao estado de conservação dos edifícios, o inventário levantou dados de forma sistemática em relação à Estrutura Portante, Elementos Secundários, Cobertura, Interior e Condição Higiênica. Conjuntamente, foram indicados quatro graus de proteção aos monumentos:

GP-1 – Proteção direta – Monumentos que devem ser conservados integralmente; GP-2 – Proteção direta – Monumentos que sofreram sucessivas transformações, muitas vezes impróprias, e só algumas partes justificam a proteção, enquanto o resto pode ser modificado sob o controle da autoridade competente; G-3 – Proteção de referência – Edifícios que podem ser eventualmente demolidos e substituídos por novas construções, desde que estas não contrastem com o ambiente que as circunda; G-4 – Proteção com referência – Edifícios cuja demolição seria auspiciosa, sem reconstrução, porquanto é reconhecido seu caráter de enxerto supérfulo. (BAHIA, 1984, p. 2)

O verso das fichas do inventário, por sua vez, contem informações complementares da edificação, de caráter tipológicos, cronológicos e técnicos, além de apresentar os perigos potenciais e propostas de restauração (Figura 8). 45

Figura 8 – Verso da ficha publicada no IPAC-BA

Fonte: BAHIA, 1984.

Esta metodologia, assim como os subsídios acrescentados pelo IPAC-BA, vieram mais tarde servir de referência a outros projetos, entre eles, o Inventário do Patrimônio Cultural do Estado de Pernambuco – IPAC-PE (Figura 9).

Figura 9 – Ficha publicada no Inventário de Pernambuco

Fonte: PERNAMBUCO, 1987.

Seguindo o pensamento que “[...] o cadastramento de bens culturais devia ser um pré-requisito para o tombamento.” (AZEVEDO, 1998, p. 66-67), o inventário baiano não se restringiu somente ao patrimônio reconhecido legalmente, na forma de bens tombados isoladamente, mas realizando um amplo cadastramento de diversos 46

edifícios de interesse arquitetônico. Observa-se que, no período 95%, dos bens inventariados no interior do Estado não possuíam proteção legal (AZEVEDO, 1998, p. 67). Buscou-se também o cadastramento cultural sistemático do território, de forma a apoiar o planejamento urbano territorial.

2.3.3 A intenção de informatizar o IPAC-BA

A preocupação quanto à utilização de sistemas informatizados para administrar inventários já pode ser vista na elaboração do acervo baiano, IPAC-BA, em 1975, presumindo-se a utilização de cartões perfurados, em uso nos limitados computadores da época. A utilização de computadores para o processamento de dados contidos em inventários, já era visto na época, em Verona, utilizando-se os critérios europeus do IPCE (BAHIA, 1984, p. 2). Deste modo, as fichas do inventário receberam um campo destinado a “codificação para computação” gerada pela combinação de códigos alfanuméricos correspondentes ao município, tipologia da edificação, e número de ordem de tombamento (AZEVEDO, 1998, p. 69).

A informatização do acervo não ocorreu, contudo até o lançamento da versão eletrônica em CD-ROM, publicada em 2000 contendo os seis primeiros livros em um denominado catálogo digital, visto na Figura 10.

Figura 10 – Capa do CD-ROM IPAC-BA e tela do catálogo digital em CD–ROM

Fonte: BAHIA, [2000].

Apesar dos avanços, esta versão possui interface pouco intuitiva, dificultando a consulta e visualização do conteúdo. O conteúdo do inventário não foi 47

disponibilizado na internet, contudo assim como no CD, a versão digital esteve disponível na web para download e instalação no computador até a reformulação do website do IPAC (instituto), em 20138.

2.3.4 Abrangência do inventário baiano

Para visualizar o alcance do inventário do IPAC-BA em todo território baiano, foi elaborado uma base de informações geográficas relacionando o nome dos municípios listados no inventário, com a base atual de limites municipais, fornecida pelo IBGE (2010). O procedimento foi executado em um Sistema de Informações Geográficas (SIG), utilizando o software ArcGIS 10.1.

Para a base de dados foi preenchida uma planilha, exemplificada no Quadro 29, contendo: o nome de todas as cidades inventariadas nos 7 (sete) volumes do IPAC, o livro no qual a cidade foi publicada, e a mesoregião pertencente, conforme nomenclatura da época da publicação.

Quadro 2 – Modelo da planilha com dados das cidades inventariadas pelo IPAC NOME MUNICÍPIO GEOCOD. NOME MUN. VOLUME LIVRO IPAC IBGE IBGE I MUNICÍPIO DE SALVADOR SALVADOR 2927408 SALVADOR

II RECÔNCAVO, I PARTE SANTO AMARO 2928604 SANTO AMARO

III RECÔNCAVO, II PARTE CACHOEIRA 2904902 CACHOEIRA

SERRA GERAL E CHAPADA IV MUCUGÊ 2921906 MUCUGÊ DIAMANTINA

V LITORAL SUL 2925303 PORTO SEGURO

MESORREGIÕES NORDESTE, VI 2903904 BOM JESUS DA LAPA VALE SANFRANCISCANO

VITÓRIA DA VITÓRIA DA VII REGIÃO PASTORIL 2933307 CONQUISTA CONQUISTA

......

Fonte: Elaborado como dados do IPAC (BAHIA, [2000]) e IBGE (2010).

8 Website do IPAC. Disponível em: . Acesso em: 28 jun. 2012. 9 Para possibilitar a visualização, o quadro apresenta apenas uma cidade por livro e teve colunas suprimidas. 48

Na planilha mostrada no Quadro 2 foi adicionado um campo correspondente ao Código IBGE do município, permitindo o cruzamento dos dados com informações atuais dos limites municipais.

O Mapa 1 gerado a partir desta base permite a fácil visualização do alcance do inventário no estado da Bahia, incorporando também informações recentes do IBGE, tais como: área do município, população e região econômica. No mapa verifica-se que dos 417 municípios existentes no estado, o inventário do IPAC esteve presente em 182, ou 43% destes. Ressalta-se que este número representa a abrangência quanto ao número de municípios, e não em relação à quantidade de sítios históricos existentes no estado.

Mapa 1 – Abrangência do IPAC-BA no estado

Fonte: Humberto D. G. Santos (2014).

49

O Mapa 2, gerado a partir da mesma base de informações, apresenta a abrangência do inventário por volume publicado, e ano de execução. Observa-se neste mapa a distribuição dos volumes do IPAC-BA por regiões definidas.

Mapa 2 – Distribuição dos volumes do IPAC-BA pelo estado

Fonte: Humberto D. G. Santos (2014).

A visualização das etapas do inventário, vista no Mapa 3, permite verificar o desenvolvimento do levantamento, que ocorreu partindo da capital para o interior, do volume I ao VI. O volume VII, no entanto, referente à região Pastoril, abrange, uma área delimitada próxima ao centro do Estado. 50

Mapa 3 – Evolução do inventário ao longo de sua execução

Fonte: Humberto D. G. Santos (2014).

2.4 Inventário do Patrimônio Imaterial

O patrimônio imaterial é conhecido como as práticas, expressões, conhecimentos e técnicas que as comunidades reconhecem como parte de seu patrimônio cultural. Esta definição, adotada pela UNESCO em 2003, ressalta ainda a transmissão deste patrimônio entre gerações, e a transformação deste pelo entorno, pela natureza e história (UNESCO, 2003).

A salvaguarda de bens culturais desta natureza exige, portanto uma abordagem especial conforme salienta Sant’Anna (2005; 2011). O processo de preservação é possibilitado, sobretudo pela produção de conhecimento, através de documentação por meio de inventários culturais e outros registros etnográficos. “A preservação, nesse caso, deve ser entendida como identificação, documentação, reconhecimento e apoio.” (SANT’ANNA, 2011, p. 196).

No Brasil, o Decreto nº 3551 de 4 de agosto de 2000, instituiu o Registro de Bens Culturais de Natureza Imaterial que constituem patrimônio cultural brasileiro. Este 51

instrumento, juntamente com a elaboração da metodologia do Inventário Nacional de Referências Culturais – INRC inserem a produção de documentação e conhecimento, assim como a participação social, no “cerne do processo de salvaguarda” (SANT’ANNA, 2011). De fato, a produção de conhecimento através de inventários e a participação popular em todo processo de salvaguarda, são itens destacados pelos Artigos 12º e 15º na Convenção para a Salvaguarda do Patrimônio Cultural Imaterial, realizada pela UNESCO em 2003.

O Inventário Nacional de Referências Culturais (INRC), produzido e regulamentado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN pode ser considerado um instrumento técnico de identificação de bens culturais e de gestão das ações voltadas ao patrimônio cultural imaterial brasileiro. Em seu Manual de Aplicação, destacam-se os principais objetivos deste inventário:

1. Identificar e documentar bens culturais, de qualquer natureza, para atender à demanda pelo reconhecimento de bens representativos da diversidade e pluralidade cultural dos grupos formadores da sociedade; e 2. Apreender os sentidos e significados atribuídos ao patrimônio cultural pelos moradores de sítios tombados, tratando-os como intérpretes legítimos da cultura local e como parceiros preferências de sua preservação. (IPHAN, 2000c, p. 8).

No início de 2010, o INRC constava de 58 bens culturais inventariados e diversos outros em andamento por diversas regiões do Brasil (IPHAN, 2012). O inventário é disponibilizado através de uma interface pública na web.

É importante ressaltar que, apesar do patrimônio imaterial ser considerado intangível, sua manifestação se apoia no meio físico, sendo, portanto fundamental o registro e documentação não somente de sua expressão, mas também do lugar, da paisagem e da arquitetura com que interage.

2.5 O Inventário como instrumento legal de proteção

A utilização dos inventários como instrumentos de proteção é uma prática institucionalizada na França, onde se destacam dois tipos de inventário: o Inventário Geral, com funções de fornecer elementos para o trabalho das comissões dos monumentos históricos, e o Inventário Suplementar, instrumento legal de proteção onde o efeito do tombamento ocorre por meio da classificação do imóvel neste 52

instrumento. Estes dois inventários têm funções distintas e complementares na gestão do patrimônio cultural na França (OLENDER, 2010).

No Brasil, o tombamento federal, conforme o Decreto-lei nº 25, de 1937, é o instrumento jurídico de proteção, por meio da limitação administrativa ao direito de propriedade. O inventário de conhecimento ou de identificação está consolidado historicamente em nível nacional e regional, voltado principalmente para a identificação dos bens de interesse de preservação.

A utilização no Brasil do inventário como um instrumento de proteção, e não apenas uma ferramenta de gestão para bens já tombados, é proposta por Azevedo (1998), baseado no exemplo francês. Através da criação de diferentes níveis de proteção podem-se adotar medidas de incentivo e controle através de instrumentos de planejamento urbano, como zoneamento, e a concessão de uso do solo privilegiado. Desta forma ficariam definidos dois instrumentos de proteção: o tombamento, dedicado aos bens excepcionais, e a inventariação, aplicada a manifestações reiterativas, mas com valor de testemunho e contextualização (AZEVEDO 1998, p. 73-75).

Castriota (2009, p. 206-206) aponta a extrapolação das funções básicas dos inventários urbanos, que além do registro, atuam como instrumentos de controle da paisagem urbana. Em Porto Alegre, o inventário incorpora-se ao Plano Diretor da cidade, e exerce proteção semelhante ao tombamento, através da classificação das edificações de “estruturação” e de “compatibilização”, regulamentado pela Lei Complementar nº 610, de 23 de outubro de 2008.

Para Rabello (2009, p. 21) a preservação envolve qualquer ação do Estado visando conservar a memória de fatos ou valores culturais, portanto não se restringe a uma única lei, ou forma legal específica. A autora destaca a preservação por meio de instrumentos legais de planejamento urbano, a exemplo da proteção de áreas de interesse cultural através da legislação de uso do solo municipal. Esta legislação de caráter urbanístico pode produzir os mesmos efeitos práticos do tombamento, já que pode impor ao proprietário do bem imóvel as restrições que julgar cabíveis. 53

Olender (2010) alerta para o surgimento no Brasil de inventários com funções análogas ao tombamento, a exemplo do Decreto nº 10.039/2006 do estado da Bahia que prevê a inscrição de bens nos “Livros do Inventário para Preservação”, além da proibição de alteração do bem sem a prévia autorização do IPAC.

Estas distorções apontadas levantam a necessidade de se aprofundar as discussões sobre a utilização de inventários como instrumento jurídico para proteção de bens culturais devendo, sobretudo atentar para a diferenciação entre os tipos e funções de inventários, seja para identificação e conhecimento, seja para preservação.

2.6 Tecnologias para documentação

O uso das tecnologias digitais tem potencializado as ações de registro do patrimônio arquitetônico, por suas características de velocidade na coleta de dados e menores custos de aquisição, publicação e distribuição das informações (AMORIM, 2010). As tecnologias digitais possibilitam desta forma “[...] significativa vantagens em relação aos tradicionais inventários baseados em fichas, estáticos, poucos flexíveis e difíceis de serem atualizados.” (ARRUDA et al., 2011, p. 18).

Entre as inúmeras tecnologias digitais passiveis de aplicação na documentação de edifícios históricos destacam-se, como exemplos, as técnicas da fotogrametria digital, os sistemas de informações, e a web.

2.6.1 Fotogrametria Arquitetônica

A fotogrametria enquanto técnica que permite extrair dimensões dos objetos através de fotografias tem sido amplamente utilizada em projetos de restauro. Sua aplicação é vista principalmente em situações onde informações fotográficas necessitam ser apresentadas em escala, a exemplo de levantamento cadastral por meio de ortofotos para a documentação de painéis de azulejos e fachadas de edificações históricas, vista na Figura 11. A técnica aplicada à documentação arquitetônica nos permite a obtenção de ortofotos com a representação fidedigna de seus elementos arquitetônicos e também do estado de conservação. 54

Figura 11 – Levantamento cadastral de fachada por meio de fotogrametria: (a) ortofoto; (b) desenho da restituição

(A) (B)

0 1 2 3 4 5m

Fonte: Humberto Diniz (2012).

A ASPRS (American Society of Photogrammetry and Remote Sensing) considera a fotogrametria como ramo de sensoriamento remoto, definida como arte, ciência e tecnologia de obter informações confiáveis sobre objetos físicos e o meio ambiente através de processos de registro, medição e interpretação de fotografias, padrões de energia radiante eletromagnética e outros fenômenos (ASPRS, 2009). Sensoriamento remoto é descrito pela Associação como o processo de coleta e processamento de informações sobre um objeto sem contato físico direto.

A técnica pode ser classificada conforme o posicionamento do sensor. A fotogrametria terrestre possui aplicações em arquitetura, artes plásticas e engenharia. A fotogrametria aérea e a orbital por sua vez, são amplamente utilizadas na Geodésia, na obtenção de ortofotos e imagens para cartografia e na restituição de informações geográficas (BRITO; COELHO, 2002).

A origem do termo, etimologicamente composto pelos termos “photon – luz, graphos – escrita, metron – medições”, é atribuído ao arquiteto alemão Albrecht Meydenbauer (1834-1921). Historicamente, as experiências bem sucedidas deste arquiteto com fotogrametria na Alemanha, vêm a sustentar a fundação em 1885 do Messbildanstalt, primeira instituição de inventário fotogramétrico sistemático do patrimônio arquitetural (OLIVEIRA, 2008, p. 82).

A fotogrametria teve a importância elevada no uso do patrimônio a partir de 1964 na Carta de Veneza, que em seu artigo 160, indica a “elaboração de uma 55

documentação precisa” (CARTA DE VENEZA, 1964). Em 1968, o International Council on Monuments and Sites – ICOMOS, organizou em Paris o primeiro colóquio internacional sobre as aplicações da fotogrametria à conservação do patrimônio cultural, instituindo, em seguida um comitê científico sobre o tema (OLIVEIRA, 2002, p. 83).

Atualmente, o International Committee for Documentation of Cultural Heritage – CIPA10 considera que a combinação da fotogrametria com outros métodos de levantamento é uma importante contribuição para a documentação e monitoramento de monumentos arquitetônicos, apoiando sua preservação e restauração (CIPA, 2011, p. 9).

A fotogrametria terrestre é considerada por diversos autores a precursora da técnica, considerando que suas primeiras aplicações são voltadas para a arquitetura (Fotogrametria Arquitetônica). Destaca-se o exemplo o levantamento da catedral da cidade de Wetzar na Alemanha, realizado pelo arquiteto alemão Albrecht Meydenbauer em 1858. Observa-se, contudo, que no Brasil o uso da Fotogrametria Arquitetônica foi pouco desenvolvido, sendo mais frequênte sua utilização na produção de mapas planialtimétricos a partir de fotografias aéreas. (OLIVEIRA, 2002; GROETELAARS, 2004).

Oliveira (2008) aponta como exemplos brasileiros percussores de aplicações fotogramétricas na arquitetura em trabalhos de restauração o levantamentos nas fachadas da Casa da Torre de Garcia d’Àvila na Bahia, em 1977, do Teatro Municipal de São Paulo, além de vários outros exemplares relevantes da arquitetura paulistana, realizados na década de 80 pela Terrafoto11.

A técnica fotogramétrica também tem se mostrado eficaz na documentação de bens integrados, a exemplo da aplicação da fotogrametria digital para a restituição dos retábulos da Catedral Basílica em Salvador (GROETELAARS; AMORIM, 2008), e da execução de ortofotos dos painéis de azulejo da Matriz de Nossa Senhora do

10 A sigla CIPA deriva originalmente de Comité International de Photogremmétrie Architecturale (OLIVEIRA, 2002, p. 104). 11 Terrafoto S.A. - Atividades de Aerolevantamentos, empresa paulista extinta em 1992 pela Lei estadual 7801/92. 56

Rosário, em Cachoeira, e da Igreja da Misericórdia, em Salvador (SANTOS; OLIVEIRA, 2010).

Evoluções tecnológicas no campo da Fotografia, da Ciência da Computação e da Microeletrônica têm possibilitado a diminuição de custos e a utilização da Fotogrametria em diversos experimentos acadêmicos e no levantamento de formas arquitetônicas e urbanas, a exemplo da ampla pesquisa de Groetelaars (2004), esperando-se que a técnica seja cada vez mais empregada.

2.6.2 Divulgação de informações de bens culturais na Internet

A divulgação de informações sobre bens culturais é uma importante medida de salvaguarda, uma vez que permite o conhecimento, a valorização, e o constante acompanhamento pela sociedade. A internet, como uma rede mundial de computadores interligados é, portanto um importante meio de comunicação que permite rapidamente a ampla difusão de informações inventariadas.

O Inventário das Fazendas do Vale do Paraíba Fluminense, por exemplo, realizado sob a coordenação do Instituto Estadual do Patrimônio Cultural do Rio de Janeiro – INEPAC, disponibiliza na web todo o conteúdo produzido: as fichas completas de inventário, e texto especializados, assim como um Manual de Conservação Preventiva (Figura 12).

Figura 12 – Inventário das Fazendas do Vale do Paraíba Fluminense

Fonte: http://www.institutocidadeviva.org.br/inventarios/ 57

Em relação ao patrimônio cultural no estado da Bahia, experiência do Projeto de Documentação Arquitetônica de Rio de Contas, desenvolvido por Nogueira (2010), constitui um importante exemplo de documentação arquitetônica digital e divulgação de informações na internet. Na pesquisa que fundamentou o projeto, destaca-se que:

“[...] Com o uso apropriado das tecnologias disponíveis para a construção de websites, é possível promover o envolvimento da comunidade com a herança cultural do local e por consequência o comprometimento desta com a sua preservação.” (NOGUEIRA, 2010, p.8)

O website, intitulado Acervo Rio de Contas – documentação arquitetônica e do sítio histórico12, visto na Figura 13 (A), disponibiliza um acervo digital composto por textos, imagens, desenhos, vídeos, modelos 3D e panoramas referentes à herança cultural do município. O acesso às informações se dá, tanto por meio de consulta a base de dados, quanto por meio de um mapa interativo, visto na Figura 13 (B).

Figura 13 – Website do Acervo Rio de Contas (A) e acesso às informações via Mapa interativo (B)

(A) (B)

Fonte: http://www.acervoriodecontas.ufba.br

No contexto internacional, grande parte da informação inventariada do centro histórico de Genova, na Itália, está disponível em um sistema de informações geográfica na internet – Web GIS, onde é possível ter acesso a diversos dados sobre cada edificação existente na Città Vecchia, como uso do solo, época de construção e agente causador da umidade (Figura 13).

12 Disponível em: . Acesso em: 30 jul. 2014. 58

Figura 14 – Web GIS da Città Vecchia, Genova, Itália

Fonte:

O sistema, também denominado de cartografia interativa, possibilita o acesso a uma ficha do edifício, com detalhe sobre estado de conservação, materiais construtivos, fotos, e levantamentos arquitetônicos, conforme a Figura 14.

Figura 15 – Ficha do edifício da Città Vecchia, Genova, Itália

Fonte:

Além dos exemplos de tecnologias apresentados, a utilização de sistemas de informações, mais especificamente o Heritage Information System – HIS, tem representado o estado da arte, para a documentação de monumentos ou sítios históricos, conforme aponta Arruda e colaboradores (2011). O Capítulo 3 aborda estes sistemas, bem como Sistema de Informação Geográfica – SIG. 59

3 SISTEMAS DE INFORMAÇÃO DO PATRIMÔNIO

Sistemas de informação desempenham um importante papel na salvaguarda do patrimônio histórico. Conforme destacam Arruda e Amorim (2010, p. 399), a complexidade das tarefas inerentes à conservação urbana, leva gestores e planejadores a buscar os sistemas de informações para gerenciar os monumentos, suas intervenções, e o acervo documental dos mesmos.

Para Vileikis e colaboradores (2012) as aplicações de Sistemas de Gestão da Informação – Information Management Systems (IMS) fornecem recursos para apoiar estados, gestores e demais partes envolvidas na conservação, gestão, e monitoramento do patrimônio cultural, facilitando a inventariação, mineração, partilha e troca de informações de várias fontes usando padrões e normas internacionais. Em um contexto de riscos generalizados para o patrimônio cultural, os sistemas de informação do patrimônio auxiliam também na prevenção e detecção de danos, bem como na elaboração de estratégias de gestão para mitigar os riscos, e desacelerar a deterioração da integridade deste patrimônio (VILEIKIS et al., 2012).

A partir da tecnologia SIG, observa-se que “[...] os dados concernentes ao contexto arquitetônico e urbanístico podem ser associados à posição geográfica dos monumentos e dos sítios históricos, constituindo um sistema de informações culturais ou Heritage Information System (HIS).” (ARRUDA; AMORIM, 2010, p. 399).

Para Arruda (2013, p. 94) o HIS pode ser definido como um sistema de informações georreferenciadas sobre a documentação do patrimônio construído, voltado à proteção, preservação e gestão de sítios históricos, utilizado como ferramenta de apoio a projetistas, especialistas em planejamento e tomadores de decisão em suas respectivas áreas de trabalho. Entre atividades relacionadas ao HIS destacam-se a inventariação, estudos e análises diversas do sítio, seus bens imóveis e da paisagem, e a publicação e distribuição de dados. Ou ainda:

Com o HIS, os planejadores têm em suas mãos um instrumento flexível para a visualização de uma base de dados multimídia, para realização de análises espaciais e de simulações de cenários propostos durante um projeto de conservação urbana, que seja para reabilitação, restauração, renovação ou revitalização, da infraestrutura e do conjunto edilício de sítios históricos. (ARRUDA; AMORIM, 2010, p. 399). 60

Nas publicações recentes relacionadas a inventários de patrimônio, observa-se o uso extensivo da informática, principalmente por meio de sistemas de informações geográficas – SIG, e sistemas de informações do patrimônio – Heritage Information System – HIS. A bibliografia usada neste Capítulo apresenta conceitos e aplicações relativos a estas tecnologias, tanto no contexto nacional quanto no internacional.

3.1 A Importância dos Mapas

As linguagens, sejam textuais, baseadas em imagens gráficas, ou ainda de outras naturezas, constituem os meios essenciais para a transmissão de informações entre indivíduos, provendo uma fonte indireta de conhecimento (dados secundários), conforme afirma Peuquet (2002).

A autora demonstra que grande parte do conhecimento é adquirido pelo homem por meio dessas experiências indiretas. O conhecimento espacial sobre a superfície de outro planeta, por exemplo, deriva de imagens telescópicas, desenhos e textos produzidos por outros indivíduos. Nesse sentido, as imagens gráficas ou imagens visuais, representadas por pintura, desenho, diagramas e mapas, constituem uma forma poderosa de transmitir informações devido à capacidade inata do homem em reconhecer padrões visuais e imagens esquemáticas (PEUQUET, 2002).

Os mapas, por sua vez, são fundamentais para transmitir o conhecimento espacial, geográfico, e ubíquo (onipresente). Os mapas são usados há milênios por diversas culturas para transmitir a informação espacial e ao longo da historia tornaram-se um meio de organizar e retificar a geografia do mundo (ARONOFF, 1989; PEUQUET, 2002).

Os mapas foram historicamente usados para mostrar rotas, movimentos de tropas e a localização de qualquer fenômeno. Elaboram-se os atlas, detalhando redes de comunicação, povoados, a geografia e a topografia, sobrepostos num mesmo mapa base. Desta forma, John Snow usou o mapa para mostrar a localização das mortes por cólera no centro de Londres em 1854, de modo a indicar a origem do aparecimento da contaminação, em uma fonte de água, destacada como – ‘PUMP’, 61

na Figura 16. Esta aplicação é considerada um importante exemplo de análise geográfica.

Figura 16 – Detalhe do mapa original feito por John Snow em 1854

Fonte: Adaptado de John Snow, 1854.

Aronoff (1989) salienta que objetos representados em um mapa usualmente são generalizados, ou seja, apresentados com menos detalhes, para que o mapa seja facilmente lido. Neste quesito, Peuquet (2002) destaca que o mapa é composto por uma complexa combinação de imagem, linguagem e matemática. Seu poder e efetividade, portanto são baseados na capacidade de simplificação dos elementos representados, devido à diminuição física da escala do objeto. Mapas permitem a leitura de informações elementos do território e as relações entre eles, provendo rapidamente o conhecimento indireto de características que demorariam bastante tempo de forma direta, por exemplo, o uso do solo em determinada área (PEUQUET, 2002).

Em relação à temporalidade, os mapas diferem do tempo presente, visto que são representações estáticas de um determinado momento. Até mesmo a Cartografia moderna, enquanto ciência que trata da concepção, produção, difusão, utilização e estudo dos mapas, incluem elementos que ainda não existem ou deixaram de existir, a exemplo de traçados de rodovias planejadas, ou modificadas ao longo dos anos. 62

A evolução das técnicas de representação e das tecnologias de mapeamento tornou a produção de mapas mais fácil e acessível. A sistematização e padronização empregadas na cartografia reforçaram a visão dos mapas como espelho da realidade ou sistema de representação do mundo, justificando a sua utilização no conhecimento, no planejamento e na gestão e do espaço, seja urbano seja regional.

Peuquet (2002) ressalta que representações da informação geográfica cada vez mais complexas e realistas, denominadas de ambiente virtual (ou cyberspace), tem reduzido a fronteira entre a experimentação direta e indireta do ambiente. Contudo, as representações simplificadas da realidade sempre serão necessárias para compreender suas complexidades. É necessário, desta forma, garantir a utilização adequada da cartografia no auxílio para a experimentação sobre o mundo físico, na tomada de decisões e na solução de problemas espaciais.

3.2 A Geovisualização

O termo Geovisualização é comumente utilizado como alternativa à visualização de informação geográfica. No entanto, Kraak (2007, p. 115) ressalta que o termo implica mais do simplesmente fazer mapas. “[...] Geovisualização oferece acesso interativo aos dados por trás do mapa, por meio da combinação de gráficos e técnicas de banco de dados com o uso de ferramentas computacionais” (KRAAK, 2007, p. 115 tradução nossa).

Uma visão geral sobre o estado da arte da Geovisualização pode ser encontrada no livro Exploring Geovisualization (DYKES; MACEACHREN; KRAAK, 2005):

[...] Geovisualização pode ser descrita como um domínio pouco delimitado que aborda a exploração visual, análise, síntese e apresentação de dados geoespaciais, integrando abordagens de cartografia com os de outras disciplinas de representação e análise de informações, incluindo a visualização científica, análise de imagem, visualização de informação, análise exploratória de dados e ciência da informação geográfica. (DYKES; MACEACHREN; KRAAK, 2005, p. 694, tradução nossa). 13

13 Geovisualization can be described as a loosely bounded domain that addresses the visual exploration, analysis, synthesis, and presentation of geospatial data by integrating approaches from cartography with those from other information representation and analysis disciplines, including scientific visualization, image analysis, information visualization, exploratory data analysis, and GIScience. (DYKES; MACEACHREN; KRAAK, 2005, p. 694). 63

Dykes e colaboradores (2010) observa que cada dia mais dados espaciais são gerados sobre pessoas e lugares, principalmente nos centros urbanos. Este aumento se deve não somente aos sensores convencionais, orbitais, aéreos e terrestres14, mas também devido às edificações e a infraestrutura de comunicação, que coletam e armazenam dados sobre os cidadãos e suas atividades, atuando também como sensores. A geovisualização possui um grande papel na interpretação desta massa de dados coletadas assim como no apoio das ações voltadas para cidades digitais15 (DYKES et al., 2010).

A Associação Internacional de Cartografia (ICA) possui uma comissão para geovisualização, que objetiva o uso e desenvolvimento da cartografia no contexto da análise visual de grande volumes de informações espaço-temporal, por meio de atividades online (e-mail, website) e de encontros anuais, tal como o workshop internacional GeoViz Hamburg, que em 2009, reuniu 80 participantes de 16 países. Neste encontro, verificou-se que as aplicações de geovisualização voltadas para cidades digitais abrangeram desde o uso de visualizações espaciais na análise para tomada de decisões, até a execução de um “modelo histórico da cidade de Solothurn”, na Suíça (DYKES et al., 2010).

Geovisualização, portanto, refere-se às ferramentas e técnicas de apoio à exploração e análise de dados geoespaciais através do uso de visualização interativa, e apoiado principalmente no uso de ferramentas SIG. Enquanto os mapas tradicionais (estáticos) têm uma capacidade exploratória limitada, as ferramentas SIG e a geovisualização permitem mapas interativos, específicos e personalizados, dotados de recursos que possibilitam explorar dados em diferentes camadas de visualização, ampliar ou reduzir e alterar a escala do mapa, entre outros exemplos de interação.

14 Pode-se inferir que os "sensores convencionais, orbitais, aéreos e terrestres" citados por Dykes e colaboradores (2010) tratam-se das tecnologias e ferramentas comumente utilizadas para obtenção de dados geográficos, a exemplo de equipamentos GPS, estações topográficas, imageamento e sensoriamento por satélites, e equipamentos de varredura a LASER (LASER scanner) terrestre ou aerotransportado, diferentemente de dados advindos da infraestrutura de comunicação, obtidos, por exemplo, por meio de celulares e computadores móveis. 15 O termo “Digital City” ou Cidade Digital tem origem no projeto pioneiro “De Digitale Stad”, na cidade de Amsterdã, em 1994, que conectava os cidadãos a uma rede de serviços públicos na web. Desde então, o foco sobre cidades digitais tem mudado para uma visão mais holística do espaço urbano reforçada pela tecnologia, baseada em ações voltadas a: dados de apoio, infraestrutura de comunicação, informação de valor agregado e serviços inovadores, e ambientes virtuais de planejamento, análise e tomada de decisão (DYKES et al., 2010). 64

3.3 Sistemas de Informações Geográficas

Um Sistema de Informações Geográficas – SIG, ou Geographic Information System – GIS, pode ser definido por um conjunto de procedimentos manuais ou computadorizados utilizados para manipular dados geograficamente referenciados (ARONOFF, 1989, p. 39). Em um contexto mais amplo, SIG está relacionado ao Geoprocessamento, que é considerado a tecnologia de coleta de dados e tratamento de informações espaciais e de desenvolvimento de sistemas, onde compreende uma variedade de metodologias associadas aos equipamentos utilizados nas mais diversas aplicações geográficas (RODRIGUES, 1987).

Aronoff (1989, p. 1) destaca que “[...] O SIG é projetado para a compilação, armazenagem e análise de objetos e fenômenos onde a localização geográfica é uma característica importante ou crítica para a análise.” (ARONOFF, 1989, p. 1, tradução nossa16). Embora manipular e analisar dados referenciados a sua localização geográfica seja a principal característica do SIG, a potencialidade deste sistema é mais evidente quando a quantidade de dados envolvidos é muito grande para ser trabalhada manualmente (ARONOFF, 1989).

O primeiro SIG executado em escala nacional foi o Canada Geographic Information System – CGIS, desenvolvido por Roger F. Tomlinson na década de 60 (ARONOFF, 1989, p. 5).

A definição de Burrough formulada em 1986 e 1998 considera o SIG como um poderoso conjunto de ferramentas para coletar, armazenar, recuperar, transformar e visualizar dados sobre o mundo real (BURROUGH; MCDONNELL, 1998, p. 11). Observa-se que esta definição aborda o SIG como uma ferramenta, enquanto Aronoff fundamenta sua definição voltada para a base de dados. Cowen (1988), no entanto, conclui que o SIG é melhor definido como um sistema de apoio à decisão que envolve a integração de dados espacialmente referenciados em um ambiente de resolução de problemas (COWEN, 1988, p. 1554).

16 “A GIS is designed for the collection, storage, and analysis of objects and phenomena were the geographic location is an important characteristic or critical to the analysis.” 65

Neste contexto cabe a relação entre SIG lato sensu e SIG stricto sensu exposta por Pereira e Silva (2001):

[...] SIG não é entendido aqui como um sistema computacional, mas como um sistema que tem elementos computacionais. Neste modo de ver SIG (lato sensu), o Sistema de Informações Geográficas se refere ao conjunto de software, hardware, base de dados e organização. Num sentido restrito (strictu sensu), o SIG se refere a um pacote de software que permite o tratamento automatizado de dados geográficos e não gráficos georreferenciados (PEREIRA; SILVA, 2001, p.98).

Burrough e Mcdonnell (1998, p. 8) descrevem que em meados dos anos 80 as ferramentas para manipulação de informações geográficas eram desenvolvidas a partir de pacotes de ferramentas para projeto e para manufatura – CAD e CAM17. A partir deste período, as ferramentas GIS comerciais, desenvolveram-se rapidamente, permitindo a produção e o gerenciamento de informações espaciais em aplicações para cidades, estados e indústrias diversas.

Com o impulso das tecnologias da informação no final dos anos 90, não somente mapas são produzidos por Sistemas de Informações Geográficas, mas também projetos de infraestrutura, (cabos e redes de dutos), veículos são orientados por sistemas ligados a satélites, e diversas pesquisas espaciais orientam técnicos governamentais, militares e indústrias (BURROUGH; MCDONNELL, 1998, p. 8).

Aronoff (1989, p. 5-21), assim como Burrough e Mcdonnell (1998, p. 9) relacionam as principais aplicações de SIG na agricultura, no cadastro fundiário e de recursos ambientais, tais como florestas, mananciais d’água, na arqueologia, geologia, e na gestão territorial em diversas escalas, envolvendo desde projetos municipais até globais.

Devido a sua ampla gama de utilização, Tomlinson (2003) considera SIG uma tecnologia resistente a simplificações, propondo o seguinte modelo para um melhor entendimento (Figura 17).

17 CAD - Computer-aided Design (Desenho assistido por computador); CAM - Computer-aided Manufacturing (Manufatura assistida por computador). 66

Figura 17 – Componentes de um SIG segundo Tomlinson (2003)

Fonte: TOMLINSON, 2003.

Para o autor, um SIG armazena diversos dados espaciais ligados entre si, permitindo funções de análise, comparação, medições, e criação de mapas. Por meio do computador são então gerados novos produtos de informação tais como: dados espaciais, tabelas, listas e mapas, sejam impressos, em tela, ou meio digital. (TOMLINSON, 2003, p. 4).

No Brasil, as definições de SIG delineadas por Burrough (1986) e Aronoff (1989) são destacadas por diversos autores, a exemplo de Câmara, Davis e Monteiro (2011, p. 41-42) e Silva (2003, p. 43).

Para Câmara, Davis e Monteiro (2011, p. 41) o termo Sistemas de Informação Geográfica (SIG) é aplicado para sistemas que realizam o tratamento computacional de dados geográficos e recuperam informações não apenas com base em suas características alfanuméricas, mas também através de sua localização espacial. “O requisito de armazenar a geometria dos objetos geográficos e de seus atributos representa, portanto, uma dualidade básica para SIG.” (CÂMARA; DAVIS; MONTEIRO, 2011, p. 41).

67

Silva (2003, p. 7) observa que as principais definições de SIG mostram o uso intensivo da informática, e a utilização de uma base de dados georeferenciados. Neste contexto, Pereira e Silva (2001, p.98) consideram que “[...] o componente mais importante do SIG é a base de dados, que contém o conjunto de dados que representam seu modelo do mundo real e possibilita extrair informações do sistema.

As principais operações de um SIG realizam funções de medida, de sobreposição e análise de vizinhança. As funções de medida calculam valores mensuráveis nos objetos espaciais, tais de comprimento, área e volume. A função sobreposição executa o cruzamento de dados em camadas de informações diferentes, produzindo novas informações. Funções de vizinhança atribuem valores a um objeto de acordo com as características vizinhas incluindo, portanto o procedimento de interpolação espacial.

Além da possibilidade da geração de mapas, permitindo a visualização dos dados no espaço geográfico, uma característica importante nos Sistemas de Informações Geográficas, ressaltada por diversos autores, é a capacidade de realizar análises espaciais, que consiste no cruzamento e tratamento de dados de diversas origens, através de técnicas matemáticas e estáticas. Para Druck e colaboradores (2004) “[...] A ênfase da Análise Espacial é mensurar propriedades e relacionamentos, levando em conta a localização espacial do fenômeno em estudo de forma explícita.” (DRUCK et al., 2004, p. 2).

O desenvolvimento da internet e da computação móvel, possibilitou a utilização do SIG em dispositivos portáteis como tablets e smartphones, popularizando bastante a tecnologia desde então. Tornou-se possível o acesso, a criação e a visualização de mapas na web, disponibilizados por meio de servidores remotos, interligados em rede, na denominada cloud computing (computação em nuvem), a exemplo do portal ArcGIS Online, visto na Figura 18. 68

Figura 18 – Exemplo de SIG na web no portal ArcGIS Online

Fonte: Elaborado no portal ArcGIS Online por Humberto D. G. Santos, 2013.

Por todas estas características, os Sistemas de Informações Geográficas tem influenciado áreas como Cartografia, Planejamento Urbano e Regional, Recursos Naturais, Infraestrutura, Transportes, Comunicações, Energia, e Patrimônio Cultural. Casos de usos apontados pela Environmental Systems Research Institute (ESRI), um dos principais desenvolvedores comerciais de SIG, apontam atualmente aplicações de SIG nas áreas de negócios, educação, defesa, e saúde (ESRI, 2011), além de novas áreas como Facility Management, e complementando a capacidade do Building Information Modeling (BIM), conforme Rich e Davis, (2009).

3.4 SIG aplicado ao patrimônio histórico arquitetônico

As ferramentas SIG têm também se mostrado uma relevante ferramenta para aplicações em Arquitetura e no Urbanismo, devido sua inerente capacidade de manipular grande quantidade de dados georreferenciados.

Na gestão dos sítios históricos veem-se exemplos de aplicações, como o zoneamento e o controle de áreas protegidas em Veneza (BARBIERI et al., 2009), (Figura 19). 69

Figura 19 – SIG de Veneza

Fonte: BARBIERI et al., (2009).

A utilização de SIG como ferramenta para gestão de patrimônio cultural é também destacada pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), que desde 1992 tem realizado iniciativas em sítios na Europa, Ásia, Austrália e América do Norte (BOX, 1999).

Ligada a UNESCO, o Conselho Internacional de Monumentos e Sítios (ICOMOS) é uma organização civil internacional, que entre suas atribuições propõe que monumentos e bens localizados por todo mundo recebam a classificação de Patrimônio Cultural da Humanidade.

Criado em 1964, durante o II Congresso Internacional de Arquitetos, em Veneza, o ICOMOS tem como objetivos o estudo, a análise e a divulgação dos métodos, das técnicas, e da política de proteção, conservação, restauração e valorização dos monumentos, conjuntos e sítios naturais ou de valor cultural e seu entorno.

Neste contexto, o Comitê Internacional de Documentação do Patrimônio Cultural (CIPA), ligado ao ICOMOS, foi criado em colaboração com Sociedade Internacional de Fotogrametria e Sensoriamento Remoto (ISPRS). Seu principal objetivo é o aprimoramento de métodos para levantamento de monumentos culturais e locais, especialmente pela sinergia entre métodos, em especial da Fotogrametria, tendo em vista que um monumento só pode ser restaurado e protegido, quando tiver sido completamente mensurado e documentado, e monitorado com frequência. (CIPA, 2011). 70

3.4.1 O contexto do SIG no CIPA e IRPRS

A cada biênio o CIPA realiza um simpósio internacional voltado à documentação de sítios e monumentos históricos, com foco na visualização, apresentação e educação sobre o patrimônio. As melhores práticas apresentadas nos simpósios de Atenas, Grécia em 2007, e em Kyoto, no Japão em 2009, foram reunidas na publicação CIPA Heritage Documentation Best Practices and Applications: Series 1, 2007 & 2009 (CIPA, 2011).

Entre as melhores práticas do período, o artigo Digital Construction for Spatial Documentation of Beijing Old City, apresentado em Kyoto (CIPA 2009) considera a utilização do SIG como elemento “chave” no trabalho (SHI, et al., 2011). O projeto aborda a elaboração do modelo geométrico de antigas muralhas e edificações da cidade de Pequim, a partir de informações existentes tais como: mapas e levantamentos antigos, maquetes em madeira e fotos aéreas das décadas de 1940 e 1950. Para tal é criado um sistema capaz de gerir, organizar e proteger a informação espacial existente e também combinar estes dados com uma variedade de informações, tais como imagens, vídeos, outros dados disponíveis. O sistema, visto na Figura 20, inclui a criação de diferentes camadas de informações gráficas, correspondentes a situações em diversas épocas. A combinação destas várias fontes de dados oferece uma poderosa ferramenta para documentar e monitorar o crescimento da cidade (SHI, et al., 2011).

Figura 20 – Interface do SIG de Beijing Old City

Fonte: SHI, et al. (2011). 71

Aplicações de Heritage Information System (HIS) também foram apresentadas e discutidas no Simpósio de Atenas (2007), no projeto Ancyra, que utilizou ferramenta GIS para desenvolver um sistema de informação do patrimônio (HIS) sobre o templo de Augusto, em Ancara, na Turquia. Neste trabalho, o HIS é considerado relevante ao relacionar os elementos geográficos com sua documentação, provendo continuidade espacial dos dados. O sistema na Figura 21 possibilita a análise, atualização e organização das informações, o uso de modelos de previsão e simulações dinâmicas, e o compartilhamento dos dados com outros usuários. Os dados concernentes ao Templo de Augusto foram disponibilizados na internet por meio do Google 3D Warehouse e Earth (GABRIELLI; MALINVERNI, 2007).

Figura 21 – HIS Ancyra

Fonte: Gabrielli e Malinverni (2007).

O XXIII Simpósio Internacional da CIPA realizado em 2011, em Praga, República Checa, por sua vez, reservou uma sessão específica sobre aplicações GIS para a documentação do patrimônio cultural, sessão B.1 – GIS for Cultural Heritage Documentation and Applications), contando com 13 trabalhos apresentados e publicados.

Entre os trabalhos desta sessão, A GIS for knowing, managing, preserving Catania's historical architectural heritage, de autoria de Restuccia, Galizia e Santagati (2011), apresenta um SIG com objetivo de organizar, gerenciar, consultar, analisar, visualizar os aspectos peculiares que caracterizam a arquitetura urbana de Catania, na Itália, bem como para criar mapas temáticos. O sistema, exibido na Figura 22, permite a integração de vários documentos em um banco de dados geográfico 72

unificado, permitindo o acesso a diversos conteúdos em forma de textos, desenhos, modelos geométricos, imagens, e documentos históricos (RESTUCCIA; GALIZIA; SANTAGATI, 2011).

Figura 22 – SIG desenvolvido para cidade de Catania

Fonte: Restuccia, Galizia e Santagati (2011).

As autoras consideram os sistemas de informação como a melhor forma para representar a complexidade da cidade, uma vez que permitem inter-relacionar uma gama de fontes heterogêneas, gerenciando e visualizando as informações resultantes de acordo com o interesse do usuário. Um ponto de destaque nesse projeto é a quantidade de documentos e informações obtidos no levantamento, além dos desenhos desenvolvidos, que influenciou diretamente no tamanho da base de dados. Esta por sua vez foi estruturada numa arquitetura aberta, que permite a integração com outros sistemas (RESTUCCIA; GALIZIA; SANTAGATI, 2011).

Em setembro de 2013, o XXIV Simpósio Internacional da CIPA foi realizado em Strasbourg, na França. Entre os trabalhos apresentados, verifica-se a convergência do uso do SIG e da modelagem geométrica de edifícios, destacado pelos autores nas palavras-chave principalmente como SIG 3D (3DGIS). Foram encontrados 16 (dezesseis) trabalhos indicando uso de ferramentas SIG, sendo 7 (sete) com uso do SIG 3D.

De um modo geral, o SIG 3D é visto como aprimoramento das aplicações SIG tradicionais, baseada em projeções cartográficas em duas dimensões, em aplicações capazes de representar dados em três dimensões. No âmbito urbano, observa-se a aplicação do SIG 3D para o gerenciamento e análise de modelos 73

geométricos da envoltória de edificações, a exemplo das aplicações de Wu e colaboradores (2013) e de Malinverni e Tassetti (2012).

Neste contexto alguns trabalhos confirmam a tendência de integração entre SIG e o Building Information Modeling (BIM), a exemplo de Wu e colaboradores (2013), que propõe a integração do BIM, plataforma SIG 3D e tecnologia de varredura a laser 3D para produzir a informação espacial em 3D e dados de atributos dos prédios históricos a serem restaurados e conservados (Figura 23). Este método ajuda a melhorar a qualidade do trabalho de restauração, enquanto a plataforma SIG 3D devidamente integrada pode também ser usada como uma poderosa ferramenta para a gestão e manutenção posterior do edifício.

Figura 23 – Integração de BIM e SIG 3D

Fonte: Wu e colaboradores (2013).

Igualmente relevante no contexto da documentação do patrimônio cultural são as publicações da International Society for Photogrammetry and Remote Sensing (IRPRS), organização não governamental voltada para o desenvolvimento da cooperação internacional para o avanço da fotogrametria e sensoriamento remoto e suas aplicações.

Entre os artigos publicados no contexto das aplicações SIG, o trabalho de Malinverni e Tassetti (2012) mostra que os modelos geométricos de cidades – 3D City Models – têm evoluído e tornado uma ferramenta importante para os processos de decisão urbanas em sistemas de informação para apoio no planejamento, simulação, análise, documentação e gestão do patrimônio. Neste contexto destaca-se a 74

utilização do padrão internacional City Geography Markup Language – CityGML, disponibilizado pelo Open Geospatial Consortium (OGC).

CityGML é definido pela OGC (2012) como um modelo de dados aberto, voltado para o armazenamento e intercâmbio de modelos virtuais de cidades em 3D. Seu objetivo é possibilitar o desenvolvimento de modelos de cidades de baixo custo, que possam ser utilizados em diferentes campos de aplicação. Entre suas principais características, são estabelecidos cinco níveis de detalhes para modelagem geométrica, denominadas Level Of Detail (LOD), conforme a Figura 24.

Figura 24 – Níveis de detalhes (LOD) na CityGML

Fonte: Adaptado de OGC (2012).

Neste contexto, Malinverni e Tassetti (2012) chamam a atenção que apesar da cartografia digital possuir ampla aplicação no planejamento de cidades, esta deve ter características bem definidas, topologicamente e geometricamente estruturadas não somente para a visualização, mas também para utilização em SIG para análises espaciais avançadas. Com estas premissas foi desenvolvido um SIG 3D (3DGIS) para o sítio histórico de Morro d’Alba, na província de Ancona, Itália, utilizando o padrão CityGML.

O SIG 3D aplicado neste trabalho, corresponde a um mapa base contendo o Modelo Digital de Terreno (MDT) sobre o qual esta montado os modelos geométricos da estrutura viária e das edificações, elaborados em nível de detalhe LOD 2. Esta 75

estrutura desenvolvida para o SIG permite executar análises espaciais e simulações que não são alcançáveis em um ambiente contendo apenas dados 2D, tal como a estimativa de desempenho energético. Nesse particular, foram calculados os parâmetros dos modelos geométricos (perímetro, volume, etc.) e derivados as características térmicas que envolvem as construções, conforme visto na Figura 26.

Figura 25 – Modelo de edificações em LOD 2 e cálculo de demanda térmica

Fonte: Malinverni e Tassetti (2012).

3.4.2 SIG aplicado ao patrimônio no Brasil

A popularização do uso do SIG no Brasil pode ser atribuída à vinda, em 1982, de Roger Tomlinson, responsável pela criação de um dos primeiros SIG, o Canadian Geographical Information System (CGIS). A partir de então se observa o surgimentos de diversos projetos voltados para o desenvolvimento da tecnologia, tais como: o Laboratório de Geoprocessamento do Departamento de Geografia da UFRJ; o desenvolvimento do sistema de automação cartográfica MaxiDATA, pela empresa de aerolevantamento Aerosul; a aplicação de Geoprocessamento no setor de telefonia pelo Centro de Pesquisa e Desenvolvimento da TELEBRÁS; e o estabelecimento no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) de uma Divisão de Processamento de Imagens, que desenvolveu sistemas voltados para geoprocessamento e sensoriamento remoto (CÂMARA; DAVIS; MONTEIRO, 2011, p. 3). 76

Entre as iniciativas de projetos na Bahia observa-se, na Figura 26 (A), o Atlas Digital de Salvador18, uma ferramenta de visualização de Informação Geográfica sobre a cidade contendo cartografia temática e histórica, imagens, animações e modelos 3D (PEREIRA, 2001). Ainda no contexto da Cartografia Interativa, o Projeto Internet e Participação Pública, Figura 26 (B), disponibiliza em um sítio experimental19, a informação geográfica utilizando a cartografia temática produzida para o livro “Como Anda Salvador” (PEREIRA; CARVALHO, 2006).

Figura 26 – Telas do Atlas Digital de Salvador e sítio Internet e Participação Pública

Fonte: Atlas Digital de Salvador (2006) e sítio Internet e Participação Pública [2008].

Entre as inúmeras aplicações de SIG voltada para o patrimônio edificado brasileiro, foram analisados alguns entre os trabalhos publicados nos anais dos eventos Arq.Doc 2010 e 2012, e Arquimemória 2013. Os exemplos destacados não pretendem relacionar todas as aplicações, mas fornecer um panorama das aplicações no âmbito nacional.

As iniciativas de “Construção de Sistemas de Informações Georreferenciadas para os Inventários de Sítios Históricos Urbanos Nacionais em Pernambuco”, descritas no Arq.Doc 2010 por Montenegro e Dantas (2010), mostram como as ferramentas SIG auxiliam o planejamento e gestão dos sítios históricos tombados. O SIG do Parque

18 Disponível em: . Acesso em: 29 set. 2014. 19 Disponível em: . Acesso em: 29 set. 2014. 77

Histórico Nacional dos Guararapes, visto na Figura 27, foi estruturado para registro e monitoramento dos assentamentos irregulares existentes na área do parque histórico, integrando dados territoriais e socioeconômicos. Mais que uma aplicação, o SIG constitui um inventário com capacidade de viabilizar o registro sistemático de informações e a produção de dados relativos ao patrimônio cultural e o seu mapeamento (MONTENEGRO; DANTAS, 2010).

Figura 27 – Telas do SIG do Parque Histórico Nacional dos Guararapes

Fonte: MONTENEGRO; DANTAS, (2010).

A experiência de publicação na internet do Atlas Digital dos Bens Tombados de Minas Gerais, vista na Figura 28, permite o fácil acesso às informações relevantes apresentadas por meio de mapas, fotografias, desenhos e documentos específicos (CALDEIRA; ABREU, 2010).

Figura 28 – Telas do Atlas Digital de Minas Gerais

Fonte: CALDEIRA; ABREU, (2010). 78

No Arq.Doc 2012 a publicação “Geoprocessamento no Planejamento, no Monitoramento e na Gestão de Sítios Históricos” (ARRUDA; SANTOS; AMORIM, 2012), discute as potencialidades e o uso de tecnologias de Geoprocessamento como ferramenta de controle das pressões causadas pela expansão urbana descontrolada e pela especulação imobiliária nos sítios históricos a cidade de Cachoeira, na Bahia. A aplicação ainda em desenvolvimento contempla o mapeamento de todas as edificações do perímetro de proteção, permitindo: localizar bens imóveis; identificar dados qualitativos e quantitativos dos mesmos; fazer consultas estruturadas e operações espaciais; associar arquivos multimídias aos bens cadastrados e; exibir em tela ou impressos os resultados, na forma de mapas temáticos.

A aplicação de sistemas de informações geográficas para gestão e salvaguarda do patrimônio histórico, é também vista no IV Arquimemória, realizado 2013 em Salvador, onde foram identificados 8 (oito) trabalhos que envolvem o uso de ferramentas SIG no patrimônio.

Entre os trabalhos apresentados, Luckow e colaboradores (2013) analisa de forma relacionada um SIG, através de sua estrutura e funcionamento, com o inventário, por meio de sua organização e dimensões de atuação, destacando como exemplos práticos a experiência do emprego do sistema em algumas cidades da Região Sul do Rio Grande do Sul.

3.5 Panorama dos trabalhos analisados

A pesquisa e análise dos trabalhos relacionados à aplicação de sistemas de informação do patrimônio, no contexto nacional e internacional, permitiu delinear um panorama de suas características fundamentais, assim como as tendências de desenvolvimento nas recentes iniciativas.

Este estudo permitiu também definir o escopo básico para elaboração do Sistema de Informações do Patrimônio, denominado HIS Mucugê.

A partir dos anais dos eventos anteriormente citados, elaborou-se o Quadro 3, contendo o quantitativo de trabalhos publicados que fazem referência ao uso de 79

Sistemas de Informações Geográficas (SIG). Durante a pesquisa observa-se que alguns trabalhos não fazem referencia direta ao uso de SIG ou GIS no título ou palavras-chave, utilizando, contudo a tecnologia em algum nível, como ferramenta de visualização e análise de dados. Além dos termos SIG e GIS são comumente encontrados nas palavras-chave: Cartografia, Cartografia Interativa, Mapeamento Interativo, Geoprocessamento, Sistema de Informações Geográficas, e SIG web.

Quadro 3 – Quantitativo de artigos que abordam SIG, identificados nos eventos citados

Eventos Total de artigos SIG no conteúdo SIG no título

IPA 2007 – Atenas 163 39 14

CIPA 2011 – Praga 124 43 11

CIPA 2013 – Strasbourg 181 33 5

ARQDOC 2010 – Salvador 32 7 2

ARQDOC 2012 – Belém 58 5 2

ARQUIMEMORIA 2013 – Salvador 202 8 3

Fonte: Humberto D. G. Santos (2014).

O Quadro 2 apresenta o total de artigos em cada evento pesquisado, a quantidade de artigos que fazem menção ao uso de SIG em seu conteúdo, e referências diretas aos termos SIG/GIS nos título.

Os artigos analisados apresentaram em comum a utilização de SIG como ferramenta para elaboração de sistemas integrados para armazenar, registrar, controlar e utilizar dados e documentação de edificações históricas. Na pesquisa constata-se também que os artigos relacionados a sistemas de informações do patrimônio, HIS, fizeram uso ou menção ao uso de SIG, evidenciando sua utilização como ferramenta de apoio na elaboração de Heritage Information System, a exemplo do projeto Ancyra (GABRIELLI; MALINVERNI, 2007).

A integração do banco de dados geográfico, com diversas fontes dados é um aspecto importante, que permite o acesso do sistema a uma gama de informações para consultas e análises do patrimônio selecionado. Neste contexto observa-se que o HIS necessita, sobretudo, de informações históricas, além de dados do meio físico e socioeconômico. 80

Os sistemas estudados destacam-se também por oferecer ligações com documentos diversos, permitindo o acesso a conteúdos em forma de textos, desenhos, modelos geométricos, imagens, e documentos históricos.

Entre os trabalhos mais recentes destaca-se a convergência do uso do SIG e da modelagem do volume de edifícios, em aplicações SIG 3D (3D GIS), a exemplo de Malinverni e Tassetti (2012), onde o uso de dados espaciais em 3D em um ambiente SIG permitiu a execução de análises não realizáveis em um ambiente 2D, a exemplo da estimativa de desempenho energético da edificação.

Igualmente importante tem sido a publicação na internet de dados e informações georreferenciadas do patrimônio observados, como exemplo, no Atlas Digital de Minas Gerais (CALDEIRA; ABREU, 2010).

A partir do entendimento deste panorama, lista-se em linhas gerais, as principais características dos sistemas de informação voltados para o patrimônio histórico:

 Capacidade de armazenar, registrar, controlar e utilizar dados e documentação de edificações históricas;  Alimentação da base de dados com informações de contexto histórico;  Utilização de dados precisos e atualizados, obtidos por levantamentos em campo;  Disponibilização de ferramentas de consultas estruturadas e análises espaciais dos dados;  Exibição dos resultados em tela ou impressos, na forma de mapas temáticos;  Associação arquivos multimídia aos bens cadastrados, provendo acesso a textos, imagens, e à documentação arquitetônica;  Possibilidade de intercâmbio de dados com outros sistemas que possibilitem, por exemplo, visualização 3D, e compartilhamento de serviços pela web.

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4 O MUNICÍPIO DE MUCUGÊ

O município de Mucugê está localizado na Mesorregião Geográfica Centro Sul Baiano, na Microrregião de Seabra, Região Econômica Chapada Diamantina. Possui limites intermunicipais com Abaíra, Andaraí, , , Palmeiras e Piatã, conforme visto no Mapa 4 (SEI, 2014, p. 275).

Mapa 4 – Localização da Região Chapada Diamantina e do município de Mucugê

Fonte: SEI, 2014. 82

O município possui oficialmente área de 2.455,0 Km² (245.500 hectares). A sede acusa uma altitude de 983 m e está localizada nas seguintes coordenadas geográficas: 13º 00’ 19’’ latitude Sul e 41º 22’ 15’’ longitude Oeste. Dista, por meio rodoviário, 444 km de Salvador, a capital do estado. O acesso pode ser feito através da rodovia BA-142, que possui ligações com a BR-330 e BR-242. Os nativos procedentes de Mucugê são chamados pelo gentílico – mucugeense. (SEI, 2014; IBGE, 2010).

A sede municipal faz fronteira com o Parque Nacional da Chapada Diamantina, criado em 1985, através do Decreto Federal nº 91.655, com objetivo de:

“[...] preservar os recursos naturais, proporcionar oportunidades controladas para uso pelo público, educação, pesquisa científica e também e contribuir para a preservação de sítios e estruturas de interesse histórico-cultural existentes na área.” (Decreto Lei nº 91.655, 1985).

O Parque Nacional da Chapada Diamantina possui área de proteção de 152.000 hectares distribuídos pelos municípios de Andaraí, Ibicoara, Itaetê, Lençóis, Mucugê e Palmeiras. Esta área, que cobre grande parte do território mucugeese (245.500 hectares), é também responsável por preservar as nascentes do rio Paraguassú, que abastece o Recôncavo, e grande parte de Salvador.

A Chapada Diamantina é constituída por uma importante formação geomorfológica do estado, caracterizada por suas serras, desfiladeiros e sistema de drenagem natural. O município de Mucugê foi construído às margens da Serra do Sincorá, apresenta clima úmido, e temperatura média anual de 20,9 ˚C.

A serra do Sincorá é historicamente descrita como de difícil travessia. O relato de Pereira da Costa em 1721 compara a serra a uma “pirâmide”, cuja inclinação em alguns trechos era tão a pique, que os cavalos necessitaram de ajuda, e cargas se romperam, precipitando-se serra abaixo (NEVES, 2007, p.29).

No Mapa 5, correspondente ao recorte do mapa do Limite Municipal de Mucugê, atualizado pela Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI) em 2013, é possível observar a implantação da cidade junto a serra, além dos rios pertencentes a nascente do Paraguassú. 83

Mapa 5 – Situação da cidade de Mucugê

Fonte: SEI, 2013.

O Anexo A apresenta o mapa do Limite Municipal de Mucugê, contendo a poligonal do município traçada conforme Lei vigente 12.635, que atualiza os limites do município, que compreende o Território de Identidade Chapada Diamantina, sancionada em 08/01/2013. 84

4.1 Breve Histórico de Mucugê

O município de Mucugê tem suas origens com a descoberta do ouro na região e a criação da Vila de Santo Antônio da .

A descoberta das minas de ouro pelos bandeirantes paulistas determinou por carta régia de 5 de agosto de 1720 a criação da que viria a ser a “capital do ouro” na Bahia, a Vila de Santo Antônio da Jacobina. Havia interesse por parte do governo em criar vilas no sertão, de modo a oferecer garantias civis e políticas aos moradores que se ocupavam com a criação de gado e com a mineração. (SEI, 2001, p. 43).

A Vila de Santo Antônio da Jacobina foi criada em 1720, dentro da jurisdição da Capitania Bahia de Todos os Santos, formada pela união de cinco capitanias hereditárias20. A capitania unificada compreendia no período quatro comarcas: Bahia, Recôncavo, Sertão de Baixo e Sertão de Cima (SEI, 2001, p. 26). A vila ocupava uma vasta extensão, conforme o termo transcrito por Freire (1998):

“[...] comprehendia além das duas freguesias de S. Antonio do Pambú e S. Antonio de Jacobina, a freguesia de S. Antonio de Urubú que comprehende todo o rio de Contas até fazer divisão com o termo da villa da Cachoeira e da villa de e a capitania dos Ilhéos e costa do mar e a Freguesia de N. S. do Bom Successo do Arraial comprehendendo os sertões que estão por povoar até fazer divisão com o rio das Mortes, por onde reparte esta capitania com a de Minas Geraes [...] (Freire, 1998, p. 150).

O historiador Braz do Amaral comenta sobre as cartas de Luiz Vilhena “[...] A comarca de Jacobina comprehendia todas as terras desde o rio S. Francisco ao Norte até Minas Geraes ao Sul.” e, “[...] continha em si mais terras do que todo o continente de Hespanha.” (VILHENA, 1921, p. 613).

No Mapa 6, que retrata a divisão territorial do estado da Bahia em 1827 (SEI, 2001), é possível observar os territórios que compunham a Vila de Santo Antônio da Jacobina em 1720, e seus subsequentes desmembramentos.

20 As cinco capitanias de Porto Seguro, Bahia de Todos os Santos, São Jorge dos Ilhéus, Peroassú ou Paraguaçu e Itaparica/Tamarandiva foram criadas entre 1534 e 1566 e incorporadas a capitania da Bahia até volta de 1775 (SEI, 2001). 85

Mapa 6 – Divisão territorial do estado da Bahia em 1827

Fonte: Adaptado de SEI, 2001.

Em 1724 ocorre o desmembramento do Santíssimo Sacramento das Minas do Rio de Contas, atual Município de Rio de Contas, conforme esquema na Figura 29. Deste desmembramento surge em 1847, a Vila de Santa Isabel do Paraguaçu, passando, no século seguinte, a denominação de Mucugê, em alusão a uma fruta endêmica na região, estabelecido pela Lei estadual nº 1226, de 23-08-1917 (SEI, 2001). 86

Figura 29 – Desmembramento do Município de Mucugê

Vila de Santo Antônio da Sec.XIX Sec.XX Jacobina 1720 1724 Jacobina Jacobina

Santíssimo Sacramento das Minas do Rio de Contas 1847 Minas do Rio de Contas Rio de Contas

Vila de Santa São João do Isabel do São João do Paraguaçu Paraguaçu 1890 Paraguaçu 1917 Mucugê Cidade Mucugê

Fonte: Adaptado de SEI, 2001.

Neves (2007, p.21) descreve que as Vilas de Jacobina e de Rio de Contas foram criadas por D. João V para a segurança da exploração e transporte do ouro nas cabeceiras dos rios Itapicurú e de Contas. As vilas foram interligadas pela denominada “Estrada Real”, artéria comercial por onde surgiram fazendas de gado e policulturas que abasteciam as minerações. A atração de pessoas pelas atividades de mineração tornou Jacobina e Rio de Contas os primeiros núcleos de ocupação efetiva dos Sertões da Bahia (NEVES, 2007, p.79).

Em meados do século XVIII, uma ampla rede viária cortava o interior da Bahia, sendo as principais ligações o Caminho de Ouro Fino, a Estrada Real, a estrada das boiadas, e o Caminho da Costa. “[...] Consolidaram inúmeros percursos de viagem que, muitas vezes, se estendiam de São Paulo até Santa Isabel do Paraguassú (Mucugê)” (CÂMARA, M., 2007, p. 204).

Estes denominados Caminhos do Sertão, que envolviam os trajetos utilizados pelos boiadeiros, mineradores, tropeiros e comerciantes foram traçados sobre a cartografia recente, no estudo de Câmara (2007), visto no Mapa 7, onde se observa a Vila de Santa Isabel, atual município Mucugê. 87

Mapa 7 – Caminhos do Sertão nos séculos XVII e XIX

Fonte: CÂMARA, M. (2007) 88

O desbravamento do território de Mucugê iniciou-se em 1822, por aventureiros a procura de ouro e pedras preciosas. A compilação feita pelo IPAC observa que o início da exploração de diamantes teve início em 1844 com a descoberta realizada por José Pereira do Prado, conhecido como Cazuzinha do Prado (BAHIA, 1984). Três anos depois, o assentamento inicial, denominado o Povoado de São João do Paraguaçu, foi elevado à vila com o nome de Santa Isabel do Paraguaçu por meio da Lei Provincial nº 271 de 17/05/1847 (BAHIA, 1984, p. 258; SEI, 2014, p. 275).

Devido ao valor dos diamantes obtidos, em poucos meses, muitas pessoas migraram para região. A cidade teve seu apogeu em meados do século XIX quando sua população alcançou em torno de “30.000 almas” e foram edificados seus diversos casarões históricos (BAHIA, 1984).

Em 1893, Francisco Vicente Vianna, descreve para a Exposição Universal em Chicago as origens e características da Vila de São João do Paraguassú, juntamente com o panorama do estado da Bahia:

S. João do Paraguassú - Cidade surgida da antiga povoação do Mocujê, onde primeiro se descobriu o diamante em 1844. É bem povoada, com matriz, e cemitério, boa edificação e ruas em grande parte calçadas, a seis léguas de Andarahy, doze dos Lençoes e vinte de Queimadinhas. Seu commercio é animado, com feira aos domingos e há duas escolas. Tendo sido até pouco tempo a ocupação da população a extração de diamantes, não poude ainda desenvolver-se a iniciada lavoura de café nos terrenos não acidentados, que são muito férteis. No rio Uma existem mineraes e salitre. Foi erecta villa com o nome de Santa Izabel pela lei nº 271 de 17 de maio de 1847 e instalada a 17 de fevereiro de 1848. Subiu a cathegoria de cidade sob nome de S. João do Paraguassú por acto do governo do Estado de 8 de Outubro de 1890. A freguesia é creação da lei n. 271 de 17 de maio de 1817. Nasceu com o descobrimento e principio da exploração das lavras de diamantes. (VIANNA, 1893, p.468)

O ciclo do Diamante na Bahia esgotou-se rapidamente em um quarto de século. A descoberta, em 1845, de lavras de diamantes mais produtivas em Lençóis, e, a concorrência internacional com os diamantes sul africanos, a partir de 1871, assinalaram o declínio das lavras na região, e sua consequente diminuição da população, vista no Gráfico 1 (BAHIA, 1984). 89

Gráfico 1– Histórico da população de Mucugê 1872 - 2010

População Mucugê

2010

2000

1991

1980

1970

1960

1950

1940 Urbana Total

1920

1900

1872

0 5000 10000 15000 20000 25000 30000 1872 1900 1920 1940 1950 1960 1970 1980 1991 2000 2010 Urbana 3549 2043 1666 995 1321 2230 3317 4183 Total 26659 13409 15685 16377 13994 14872 6759 6545 10334 13682 10548

Fonte: Elaborado com dados de população (IBGE, 2011), por Humberto Santos (2014).

No Gráfico 1 é possível observar o declínio da população após 1930, período da Revolução Constitucionalista, quando os coronéis que dominavam a região passaram a ser perseguidos, iniciando um longo período de estagnação econômica da região (BANCO DO NORDESTE, 2008; MUCUGÊ, 2004). Os dados da população urbana, obtidos a partir da década de 40, mostram um êxodo mais acentuado da população, principalmente na década de 70 e 80. 90

4.2 A arquitetura mucugeense

Mucugê é um importante sítio histórico, tendo seu conjunto arquitetônico e paisagístico tombado pelo IPHAN pelo Processo nº 974-T-78, de 26-9-1980.

Localizada em um vale cercado por encostas íngremes, a cidade desenvolveu-se segundo a matriz em "L", conforme a Figura 30, em cujas extremidades estão situadas as duas igrejas locais. O núcleo inicial do povoamento, segundo o IPAC, deve ter sido a Rua Direita do Comércio, que segue aproximadamente paralela ao Riacho Mucugê (BAHIA, 1980).

Figura 30 – Centro Histórico de Mucugê levantado pelo IPAC em 1978

Fonte: Adaptado de BAHIA, 1980.

O inventário realizado pelo IPAC-BA na década de 80 observa que, o sítio histórico de Mucugê é constituído por três centenas de casas térreas e uma dezena de sobrados, edificados, na maioria dos casos, em adobe ou pedra, em meados e final do século XIX (BAHIA, 1980). 91

No centro histórico do município verifica-se a presença de 12 edificações urbanas cadastradas no inventário, relacionadas no Quadro 4, apresentando ainda duas edificações rurais.

Quadro 4 – Edificações do centro histórico de Mucugê, listadas no IPAC-BA Nº IPAC Nº: BR Denominação Localização 1 30621-1.0-I001 Igreja Matriz de Santa Isabel Pç. de Santa Isabel

2 30621-1.0-I002 Cemitério de Santa Isabel Periferia da cidade

3 30621-1.3-I003 Casa na Pç. Cel. Propércio, 87 Pç. Coronel Propércio, 87

4 30621-1.3-I004 Prefeitura Municipal Pç. Cel. Douca Medrado, 59

5 30621-1.3-I005 Casa à Rua Rodrigues Lima, 57 R. Rodrigues Lima, 57

6 30621-1.3-I006 Ed. à Praça Cel. Propércio 80 Pç. Cel. Propércio, 80

7 30621-1.3-I007 Casa Rua Direita Comércio 138 R. Direita do Comércio, 138

8 30621-1.3-I008 Casa Rua Direita Comércio 140 R. Direita do Comércio, 140

9 30621-1.3-I009 Casa à Pç. Cel. Propércio 92 Pç. Cel. Propércio, 92

10 30621-1.3-I010 Casa à R. Rodrigues Lima 30 R. Dr. Rodrigues Lima, 30

11 30621-1.3-I011 Ed. R. Direita do Comércio 104 R. Direita do Comércio, 104

12 30621-1.3-I012 Snooker Bar Mucugê Pç. Cel. Propércio, 88

Fonte: Adaptado de BAHIA, 1980.

Este rol de edificações, consideradas de relevante interesse arquitetônico, serve como exemplo e caracterização das tipologias arquitetônicas existentes na cidade. Destaca-se, a seguir, a descrição de alguns exemplares.

A Igreja Matriz de Santa Isabel, de meados do século XIX, teve obras iniciada no ano de 1852, e funcionamento a partir de 1855. A Igreja apresenta três naves, uma central e duas laterais, possui estrutura mista, constituída por uma caixa de paredes autoportantes de alvenaria de pedra e pilares internos para sustentação do coro (BAHIA, 1980, p. 264).

O IPAC classifica o monumento como relevante interesse arquitetônico por ser, entre outras características, considerado um “edifício inacabado”, pois a capela-mor e sacristia não chegaram a ser construídas, existindo, porém, os alicerces da primeira, 92

conforme o croqui apresentado no inventário visto na Figura 31. O edifício recebeu obras de restauração pelo IPHAN em 2013.

Figura 31 – Igreja Matriz de Santa Isabel

Fontes: BAHIA, 1980; Davi Santos, 2012; Yse Vinhaes, 2013.

Em uma cidade com edificações predominantemente térreas, o edifício da Prefeitura Municipal de Mucugê, visto na Figura 32, destaca-se no entorno pela sua volumetria, com dois pavimentos, mais um . O sobrado situa-se na Praça Coronel Douca Medrado, atualmente nº 73, identificado em 1978 pelo nº 59, o que indica a renumeração das edificações. 93

Figura 32 – Edifício da Prefeitura de Mucugê

Fontes: BAHIA, 1980; Arivaldo Amorim, 2013.

Semelhante destaque é vista no sobrado com mirante, situado na Praça Coronel Propércio nº 87, núcleo central da cidade (Figura 33). Ressalta-se o tratamento decorativo neoclássico e mirante com cobertura em duas águas, assentado sobre telhado do mesmo tipo, enquanto o mais comum na região é a implantação em quatro águas (BAHIA, 1980, p. 268).

Figura 33 – Sobrado na Praça Coronel Propércio nº 87

Fontes: BAHIA, 1980; Arivaldo Amorim, 2013. 94

A Casa à Rua Direita Comércio nº 138 e o Edifício à Praça Coronel Propércio nº 80 chamam atenção pela presença de pequenas aberturas situadas sob o beiral, com a finalidade de prover ventilação e iluminação ao sótão. Estes elementos, denominados de óculos, é frequente em edifícios utilizados como armazéns, e vistos também em outras cidades da Bahia como Andaraí, Cachoeira, e Igaporã (BAHIA, 1980, p. 274).

O edifício à Praça Coronel Propércio nº 80, atual nº 91-95, de meados do século XIX, possui sótão iluminado por pequenos óculos sobrepostos aos vãos da fachada, que apresenta cinco portas, intercaladas por duas janelas, que parecem ter sido primitivamente portas (Figura 34). Com função mista, a parte anterior da casa destinou-se ao uso comercial, enquanto a construção ao fundo, de data posterior, funcionou como residência dos proprietários (BAHIA, 1980, p. 274).

Figura 34 – Edifício à Praça Coronel Propércio nº 80

Fontes: BAHIA, 1980; Arivaldo Amorim, 2013.

A casa à Rua Direita Comércio nº 138, apresenta em seu frontispício óculos em forma retangular, vistos na Figura 35. Construída no final do século XIX como loja, foi transformada em residência em 1963. Em sua vizinhança, encontra-se outra casa da mesma tipologia (BAHIA, 1980, p. 276). 95

Figura 35 – Casa à Rua Direita Comércio nº 138

Fontes: BAHIA, 1980; Arivaldo Amorim, 2013.

O sobrado em dois pavimentos na Praça Cel. Propércio, esquina com a Rua Direita do Comércio, destaca-se das demais edificações por suas grandes dimensões. Sua fachada principal, em estilo neoclássico tardio, possui sete portas sobrepostas por janelas rasgadas no segundo pavimento (BAHIA, 1980, p. 284). A construção, de meados do século XIX, foi inventariada em 1978 como “Snooker Bar”, tendo seu uso comercial permanecido, atualmente como um restaurante (Figura 36).

Figura 36 – Sobrado à Praça Cel. Propércio (Snooker Bar)

Fontes: BAHIA, 1980; Arivaldo Amorim, 2013. 96

Um local de destaque é o Cemitério Santa Isabel, visto na Figura 37, conhecido popularmente por “Cemitério Bizantino”, em alusão (equivocada) ao estilo bizantino, devido as formas ornamentais empregadas nos túmulos, na realidade em estilos variados e com profusão de ornamentos góticos.

Implantado na encosta rochosa da Serra do Sincorá, o cemitério se integra de forma notável com a paisagem com seus mausoléus caiados, destacando-se da superfície rochosa da serra, junto com vegetação local. As formas arquitetônicas de muitos de seus mausoléus terminam em arcos ornamentais com pináculos, enquanto outros são a miniaturas de igrejas e capelas. O cemitério teve sua construção iniciada em 1854, sendo concluído em 1886, período de uma grande epidemia na vila (BAHIA, 1980, p. 266).

Figura 37 – Cemitério de Santa Isabel em Mucugê

Fontes: Yse Vinhaes, 2013.

97

4.3 Mucugê atual

Uma visão recente da cidade de Mucugê é vista em documentos como o Plano Diretor Urbano (MUCUGÊ, 2004) e o Plano de Desenvolvimento Integrado do Turismo Sustentável do Polo Turístico da Chapada Diamantina (BANCO DO NORDESTE, 2008), assim como em relatórios estatísticos elaborado pela Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI), e o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Com o fim do período diamantífero, observa-se que a economia da região passa a basear-se na agricultura de café, cana, batata, cereais e na criação de gado. Além da produção agropecuária, a cidade atualmente vive do turismo e serviços (IBGE, 2010; SEI, 2011; 2014). No censo do IBGE de 2010, a população oficial de Mucugê corresponde a 10.548 pessoas, sendo 41% residentes na área urbana.

A recuperação da região deve-se, em parte, à implantação de pólos de agricultura moderna, e ao turismo. Na década de 1980, a Chapada Diamantina passou a figurar no roteiro ecoturístico nacional, propagandeado pelas belezas das paisagens e nos cursos d’água da região (BANCO DO NORDESTE, 2008). Contudo, em função da dificuldade de acesso pela precária rodovia BR-242, sem conservação no período, Mucugê não participou do desenvolvimento turístico da região até 1995, com as melhorias da BA-142 que liga a cidade até Andaraí (MUCUGÊ, 2004).

Neste contexto, o conjunto arquitetônico da cidade de Mucugê é considerado um elemento fundamental para o desenvolvimento do turismo local, oferecendo além de suas belezas naturais, um produto turístico mais completo e diversificado, baseado em seu patrimônio cultural (BANCO DO NORDESTE, 2008). O cemitério, juntamente com a Igreja de Santa Isabel, são responsáveis por grande parte do fluxo turístico na cidade (MUCUGÊ, 2004).

As principais atrações culturais da cidade são os festejos de São João, o Festival de Chorinho de Mucugê e o Festival Vozes na Chapada, conforme se observa no portal da prefeitura na internet21. O município possui também o Parque Municipal de

21 Disponível em: Acesso em: 15 jul. 2014. 98

Mucugê, onde está localizado o Projeto Sempre-Viva, de educação e preservação ambiental, e o Museu Vivo do Garimpo.

Apesar da importância de seu patrimônio arquitetônico, observa-se no centro histórico da cidade de Mucugê algumas edificações em ruínas, a exemplo de casas na rua Direita do Comércio, vistas na Figura 38.

Figura 38 – Casas em ruínas na Rua Direita do Comércio

Fonte: Arivaldo Amorim, 2013; Yse Vinhaes, 2013.

Entre os exemplares mais importantes destruídos observa-se a falta da edificação do século XIX, na esquina da Rua Direita do Comercio nº 104, inventariada em 1978 pelo IPAC22. Segundo a descrição constante na ficha do inventário, ao lado direito do sobrado estava localizado o cinema Santa Isabel, também ausente no local (IPAC, 1980, p. 281).

22 Ver Quadro 4 – Edificações do centro histórico de Mucugê, listadas no IPAC-BA, p. 91. 99

Figura 39 – Sobrado ausente na Rua Direita do Comércio nº 104

Fontes: BAHIA, 1980; Arivaldo Amorim, 2013.

No inventário da época foi alertado o estado de conservação ruim do sobrado e o perigo potencial de desabamento em virtude da falta de uso e conservação. Foi atribuído a edificação o grau de proteção 1 (GP-1), indicando sua conservação integral (IPAC, 1980, p. 281). No entanto, mesmo com o tombamento federal do conjunto arquitetônico e paisagístico de Mucugê pelo IPHAN em 1980, a destruição do imóvel não foi evitada, assim como a edificação vizinha.

100

5 DESENVOLVIMENTO DO HERITAGE INFORMATION SYSTEM PARA MUCUGÊ

O processo de desenvolvimento de software corresponde ao conjunto de atividades necessárias para transformar requisitos do usuário em um sistema de software, e envolve várias etapas e métodos diversos. Atualmente a Unified Modeling Language23 (UML) é uma das ferramentas mais utilizadas para modelagem de sistemas. Baseada em orientação a objetos24, esta linguagem surgiu da necessidade de padronização da documentação indispensável à implementação de programas sendo utilizada para especificar, visualizar e documentar os componentes de um sistema informatizado (QUATRANI, 2001, p. 4).

Medeiros (2004) relata que existem vários processos adequados ao desenvolvimento de sistemas, que foram aprimorados, reunidos e depurados em busca desta linguagem padrão. A UML inclui “[...] aspectos conceituais, como processos de negócios e funções de sistema, além de itens concretos como as classes escritas em determinada linguagem de programação, esquemas de banco de dados e componentes de software.” (MEDEIROS, 2004, p. 9).

Baseado no padrão UML, o processo unificado de desenvolvimento de software Rational Unified Process (RUP), por sua vez, prevê quatro fases para elaboração de sistemas. A primeira, Concepção, envolve a preparação dos documentos iniciais que especificam os objetivos básicos do software e a extração de casos de uso, parte crítica do desenvolvimento, que inclui a descrição e o diagrama de suas funções. Após a aprovação deste escopo inicial, seguem a fases de Elaboração, Construção e Transição do software, onde a ferramenta é desenvolvida, testada e homologada para utilização.

Para a modelagem do HIS Mucugê, utilizaram-se as diretrizes do processo unificado descrito por Medeiros (2004), baseado na linguagem UML. A partir do modelo especificado foi compilada a base de dados do distrito sede do Município,

23 Unified Modeling Language (UML) pode ser traduzido livremente como Linguagem de Modelagem Unificada. 24 Orientação a Objeto é um paradigma de análise, projeto e programação de sistemas de informação automatizados baseado na composição e interação entre diversas unidades de software, chamadas objetos. 101

empregando-se uma ferramenta SIG, e em seguida implementada a aplicação protótipo, como teste do modelo e metodologia de desenvolvimento propostas.

5.1 Escopo Básico do HIS Mucugê

O Sistema de Informações do Patrimônio (Heritage Information System – HIS) possui o objetivo principal de constituir-se como uma ferramenta de apoio na gestão e conservação do patrimônio histórico edificado da sede do município de Mucugê, no estado da Bahia. Deste modo, o HIS Mucugê tem como escopo básico: permitir o acesso, a localização e a análise de informações georreferenciadas sobre as edificações históricas da sede municipal.

Para atender este escopo o sistema deverá cumprir os seguintes requisitos:

 Armazenar, registrar, controlar informações de edificações históricas em um banco de dados único e georreferenciado;  Prover informações de contexto urbano e histórico;  Disponibilizar recursos para consultas estruturadas e análises espaciais dos dados;  Exibir os resultados das consulta de informações impressos ou “na tela”, na forma de mapas temáticos, tabelas ou relatórios;  Associar arquivos multimídia às feições correspondentes aos bens cadastrados, provendo acesso a textos, imagens, e a desenhos técnicos;  Possibilitar o intercâmbio de dados com outros sistemas que possibilitem a visualização 3D e o acesso às informações pela web.

A elaboração da base de dados geográficos, ou dados espaciais (spatial data) é, por sua vez, fundamental para o bom desempenho de ferramentas SIG e, consequentemente na aplicação do HIS, considerando que esta base fornece os subsídios para análise e geração dos produtos de informações desejados. Uma característica importante da base de dados espaciais é sua capacidade de associar- se a elementos gráficos com atributos qualitativos, uma “[...] dualidade básica para SIG.” (CÂMARA, 2001, p. 42), também ressaltada por Tomlinson (2003, p. 4). 102

Os dados geográficos integrantes desta base devem ser obtidos em escala e acurácia compatíveis com os produtos de informação desejados. Parte do projeto conceitual do SIG consiste em conhecer as características do conjunto de dados existentes, incluindo: escala, resolução, projeção cartográfica, e precisão (TOMLINSON, 2003, p. 107).

Devido a ausência de informações atualizadas da cidade de Mucugê, tanto em forma de dados cadastrais urbanos, quanto em forma de cartografia sistemática, foi necessária a elaboração de um mapa base da cidade e o levantamento de dados em campo.

5.2 Arquitetura do Sistema

As três principais partes de qualquer Sistema de Informações Geográficas, segundo Longley e colaboradores (2005), são a interface do usuário, as ferramentas (funções) e o gerenciador de dados25. Todas as três partes podem estar localizadas em um único computador ou podem ser distribuídas por várias máquinas ligadas em rede. Neste contexto, são elencados quatro tipos principais de arquitetura de sistema de computador utilizados para construir as implementações de SIG: desktop, cliente- servidor, desktop centralizado e servidor centralizado (LONGLEY et al., 2005).

No nível mais próximo ao usuário, a interface gráfica26 define como o sistema é operado e controlado fornecendo acesso às ferramentas SIG por meio de uma coleção integrada de menus, barras de ferramentas e outros controles. No nível intermediário, o conjunto de ferramentas define os recursos e funções que tem o software SIG disponível para o processamento de dados geográficos (entrada, edição, análise, visualização e saída). No nível mais interno desta arquitetura, um sistema gerenciador de bancos de dados geográficos organiza, armazena e recupera os dados espaciais e seus atributos (LONGLEY et al., 2005).

25 Na terminologia dos sistemas de informação padrão esta é uma arquitetura de três camadas, denominadas: apresentação, lógica de negócios, e servidores de dados (LONGLEY et al., 2005, p. 160). 26 Interface gráfica do usuário é comumente referida como GUI, do acrônimo inglês para Graphical User Interface. 103

A arquitetura desktop é a considerada mais simples, utilizada em projetos de SIG com um único usuário, onde as três camadas de software são instaladas em um único equipamento (hardware), comumente em computadores de pequeno porte, destinados ao uso pessoal (PC desktop) (LONGLEY et al., 2005).

Em grupo de trabalhos maiores e mais avançados com multiusuários, a exemplo de SIG departamental, o software gerenciador de banco de dados (camada de servidor de dados) e os dados podem estar localizados em outra máquina conectada em uma rede. Este tipo de arquitetura de computação é normalmente referido como cliente-servidor, porque os clientes solicitam dados ou serviços de processamento dos servidores, que excutam o trabalho para satisfazer os pedidos dos clientes (LONGLEY et al., 2005).

Por outro lado, na arquitetura desktop centralizado, toda interface gráfica (GUI) e a camada lógica de negócio (funções) estão hospedados em um computador centralizado, denominado Servidor de Aplicação (ou camada intermediária do servidor), que permite o acesso ao software pelos usuários na rede local (LAN).

Na configuração de servidor centralizado, a infraestrutura na camada lógica de negócio é ampliada, possibilitando a comunicação com uma gama de dispositivos conectados por meio da rede local ou da internet. O servidor centralizado permite a utilização do SIG em dispositivos de menor porte ou portáteis, reproduzindo a interface gráfica do usuário em navegadores web (LONGLEY et al., 2005).

Figura 40 – Arquiteturas de SIG: Desktop e Servidor Centralizado

Fonte: Adaptado de LONGLEY et al., (2005). 104

Para a implementação do HIS Mucugê, foi utilizado o software ArcGis v.10, em arquitetura desktop, para a elaboração da base de dados geográficos, e aplicação de ferramentas de geoprocessamento. Para avaliar a publicação de dados para vários usuários na web foram utilizados o software ArcGis Server, voltado para arquitetura servidor centralizado, e o portal da internet Arcgis Online, desenvolvido em arquitetura de servidores em nuvem, ou cloud-computing27.

5.3 Modelo de Dados

O modelo de dados é constituído por um conjunto de conceitos e esquemas utilizados para descrever a estrutura e as operações em um banco de dados, buscando sistematizar o entendimento e as transações a respeito das categorias de objetos constantes da base de dados do sistema e dos fenômenos que serão representados em um sistema informatizado (BORGES; DAVIS JR.; LAENDER, 2005).

O modelo de dados elaborado considerou estudos anteriores na representação de sítios históricos utilizados por Rocha (2007) e Arruda (2013), de forma a manter coerência e compatibilidade com as bases de dados existentes. Contudo, observa- se que as peculiaridades do sistema a ser desenvolvido para Mucugê determinaram adaptações no modelo.

Foi utilizado o modelo de dados OMT-G (Object Modeling Technique for Geographic Applications), que possui recursos para projeto de bancos de dados e aplicações geográficas. O modelo OMT-G parte das primitivas definidas para o diagrama de classes da Unified Modeling Language (UML), introduzindo primitivas geográficas com o objetivo de aumentar a capacidade de representação semântica daquele modelo (BORGES; DAVIS JR.; LAENDER, 2005, p. 88).

27 Computação em nuvem é um termo para descrever um ambiente de computação baseado em uma imensa rede de servidores, sejam estes virtuais ou físicos. “Pode ser definido por ‘um conjunto de recursos como capacidade de processamento, armazenamento, conectividade, plataformas, aplicações e serviços disponibilizados na internet.” (TAURION, 2009, p. 2). 105

As classes de objetos georreferenciados são simbolizadas no modelo OMT-G com um retângulo incluindo no canto superior esquerdo, usado para indicar a forma geométrica da representação: ponto, linha ou polígono. O exemplo mostrado na Figura 3 apresenta a versão simplificada da classe edificação no modelo OMT-G.

Figura 41 – Notação gráfica para a classe Edificações no modelo OMT-G

Primitiva Geométrica Elemento Edificações Ponto Nome; Linha Uso do Solo; Atributos Polígono Nº Pavimentos; Nº Edificação

Fonte: Humberto D. G. Santos (2014).

5.3.1 Diagrama de Classes

O diagrama de classes é uma representação utilizada para descrever a estrutura e o conteúdo de um banco de dados geográfico, contendo as classes de objetos e seus relacionamentos. O diagrama de classes para o HIS Mucugê, representado na Figura 42, foi desenvolvido em UML conforme os padrões do modelo OMT-G, utilizando-se para modelagem o software livre StarUML.

Figura 42 – Diagrama de classes no modelo OMT-G

Fonte: Humberto D. G. Santos (2014). 106

5.3.2 Dicionário de Dados

O dicionário de dados elaborado para o sistema contém metadados com a descrição de cada classe e de seus atributos, conforme modelo no Quadro 5, correspondente à classe edificações.

Quadro 5 – Dicionário de dados para a classe Edificações

Classe: Edificações Representação: Polígono fechado

Descrição: Delimita a porção construída da edificação Atributos Nome Descrição Tipo Tamanho: FID Identificador único do Sistema Inteiro Variável Uso Uso do Solo do imóvel Texto Variável NumPav Número de Pavimento da edificação Inteiro 2 EstadConserva Estado de conservação da edificação Texto Variável Denominação Nome de edificação relevante Texto Variável Setor Setor de cadastro Texto 3 Quadra Quadra de cadastro Texto 3 Multimídia 1 Ligação (link) para documentos Texto Variável Multimídia 2 multimídias em formato pdf, jpg, ou html. Multimídia 3 Fonte: Humberto D. G. Santos (2014).

As demais classes da base de dados encontram-se descritas no APÊNDICE A – DICIONÁRIO DE DADOS, na página 159.

107

5.4 Geovisualização dos dados do IPAC-BA na região da Chapada Diamantina

A Geovisualização28, enquanto técnica que oferece acesso interativo à informação geográfica, constitui uma importante ferramenta para análise dos dados do patrimônio histórico, ao possibilitar o rápido acesso a informações de inventários, e da documentação existente.

Visando observar o patrimônio cultural inventariado pelo IPAC-BA nas cidades da Chapada Diamantina e no entorno do Município de Mucugê, foi elaborada um protótipo de um SIG contendo dados dos municípios levantados e das edificações inventariadas.

A partir da base de informações com o nome dos municípios listados no inventário29, procedeu-se o levantamento da quantidade de edificações inventariadas por cidade, no volume IV do inventário – Serra Geral e Chapada Diamantina, região onde se localiza o município de Mucugê. Os dados obtidos foram adicionados à planilha existente de cidades inventariadas, conforme modelo no Quadro 6.

28 O conceito de Geovisualização é abordado no Capítulo 3, p. 62. 29 Conforme apresentado no Capítulo 2, p. 47. 108

Quadro 6 – Levantamento do número de edificações inventariada por cidade

NOME DO GEOCÓDIGO Nº DE MESOREGIÃO MUNICÍPIO MUNICIPAL EDIFICAÇÕES ABAÍRA DIAMANTINA MERIDIONAL 2900108 3 ANDARAÍ DIAMANTINA MERIDIONAL 2901304 13 DIAMANTINA SETENTRIONAL 2903003 1 BOQUIRA DIAMANTINA MERIDIONAL 2904100 1 SERRA GERAL 2904605 6 CAETITÉ SERRA GERAL 2905206 17 CONDEÚBA SERRA GERAL 2908705 5 SERRA GERAL 2909000 1 DIAMANTINA SETENTRIONAL 2911303 1 SERRA GERAL 2911709 2 IBIASSUCÊ SERRA GERAL 2912004 2 DIAMANTINA MERIDIONAL 2913002 1 IGAPORÃ SERRA GERAL 2913408 1 ITUAÇU DIAMANTINA MERIDIONAL 2917201 2 SERRA GERAL 2917409 1 JACOBINA PIEMONTE DA DIAMANTINA 2917508 8 DIAMANTINA MERIDIONAL 2918605 3 LENÇÓIS DIAMANTINA MERIDIONAL 2919306 24 LIVRAMENTO DE N. SENHORA SERRA GERAL 2919504 14 MACAÚBAS DIAMANTINA MERIDIONAL 2919801 1 MUCUGÊ DIAMANTINA MERIDIONAL 2921906 14 SERRA GERAL 2923407 5 PALMEIRAS DIAMANTINA MERIDIONAL 2923506 3 DIAMANTINA MERIDIONAL 2923605 2 PIATÃ DIAMANTINA MERIDIONAL 2924306 3 PINDAÍ SERRA GERAL 2924504 1 RIACHO DE SANTANA SERRA GERAL 2926400 4 RIO DE CONTAS DIAMANTINA MERIDIONAL 2926707 21 SEABRA DIAMANTINA MERIDIONAL 2929909 1 TANHAÇU DIAMANTINA MERIDIONAL 2931004 1 UIBAÍ DIAMANTINA SETENTRIONAL 2932408 1 SERRA GERAL 2932606 1 DIAMANTINA MERIDIONAL 2932804 2 TOTAL 166

Fonte: Elaborado com dados de BAHIA (1980) e IBGE (2010).

A planilha recebeu também uma coluna com o Geocódigo dos municípios no IBGE, permitindo relacionamento destes dados no SIG à base de sede de localidades do estado da Bahia, disponibilizada pelo IBGE (2010). Esta base atualizada de 109

localidades, representada por pontos no SIG, permitiu que a simbologia para cidades fosse representada proporcionalmente a quantidade de edificações inventarias, gerando o Mapa 8, onde se pode visualizar rapidamente o maior número de ocorrências no território. Ressalta-se que o mapa apresenta a regionalização atual do estado, destacando-se a Mesorregião Centro Sul Baiano, diferente da regionalização utilizada no período do inventário.

Mapa 8 – Cidades com edificações levantadas pelo IPAC-BA, na Mesorregião Centro Sul Baiano

Fonte: Humberto D. G. Santos (2014). Nota: Os municípios de Jequié, Vitória da Conquista e não integram o Volume IV do IPAC-BA.

Em uma escala maior, na Microrregião de Seabra, onde localiza-se o município de Mucugê, são visualizados os nomes das cidades e a quantidade de edificações históricas inventariadas. Foi incluído também no Mapa 9 o limite do Parque Nacional da Chapada Diamantina, área de proteção ambiental com grande influencia no turismo da região. 110

Mapa 9 – Quantidade de edificações levantadas pelo IPAC, próximo a Microrregião de Seabra

Fonte: Humberto D. G. Santos (2014).

Observa-se neste mapa um maior número de edificações inventariadas próximo ao parque nacional da Chapara Diamantina, em Lençois, Andaraí e Mucugê, assim como em Rio de Contas e Livramento de Nossa Senhora, núcleo inicial de povoamento da região.

No Mapa 10 observa-se também a área de influência do Parque Nacional da Chapada Diamantina no território de Mucugê. Por meio do SIG, constatou-se que área de preservação ambiental destacada dentro do município corresponde a 752,36 km², ou 49,5% do total de 1.520 km² do parque. 111

Mapa 10 – Área de influência do Parque Nacional da Chapada Diamantina

Fonte: Humberto D. G. Santos (2014).

As diversas camadas de informação inseridas no SIG foram configuradas de forma a exibir automaticamente a camada de representação adequada à escala visualizada. Para estudos regionais, por exemplo, podem-se visualizar também outros temas como rodovias e povoados, aplicando-se em estudos de rotas para fins de turismo ou escoamento de produção.

Através do SIG se obtém, portanto um ambiente de visualização interativa, com múltiplos níveis de informação, variados conforme a escala de representação. Em menor escala observa-se a abrangência estadual, e as 7 (sete) etapas de execução 112

do inventário, representados por meio de manchas dos limites cidades. Em escala regional, passa-se automaticamente a visualizar as sedes cidades, com a indicação de quantidade de edificações inventariadas. Por fim, visualiza-se a localização individual das edificações do Inventário do IPAC-BA, no mapa base desenvolvido para cidade de Mucugê30, visto na Figura 43.

Figura 43 – Visualização de informações das Edificações do IPAC sobre uma base atual no SIG

Fonte: Humberto D. G. Santos (2014).

Este modelo possibilita não somente a visualização das cidades cadastradas no IPAC, próximas a Mucugê, mas também o rápido acesso as informações das edificações contidas, e a análise e extração de dados por meio de ferramentas do SIG.

30 A elaboração do mapa base é abordada detalhadamente na página 114. 113

5.5 Base de Informações Geográficas de Mucugê

A base de dados geográficos da cidade de Mucugê foi elaborada a partir das seguintes etapas básicas: levantamento de dados e documentação de referência; modelagem da base em SIG; digitalização dos elementos da base cadastral; e inserção de dados e atributos qualitativos.

5.5.1 Dados obtidos

Para a construção da base de dados do sistema foram compilados os seguintes insumos:

 Imagem orbital do satélite Rapid Eye, com resolução espacial de 5 metros;

 Mosaico de imagens de satélites com resolução espacial de 1 metro ou inferior disponibilizado via web pelo serviço Imagery da ESRI;

 Planta do Partido Urbanístico da Sede de Mucugê, em formato DWG, do Plano Diretor Urbano de Mucugê (MUCUGÊ, 2004);

 Planta semicadastral contendo o Sistema de Esgotamento Sanitário, escala 1:1.000 – CERB (2007);

 Plantas digitalizadas do Inventário de Proteção do Acervo Cultural da Bahia – IPAC-BA (BAHIA, 1980);

 Mapa do Sistema Rodoviário Estadual 2011 (DERBA, 2011);

 Mapa da divisão Municipal do Estado da Bahia 2010 (IBGE, 2010);

 Levantamento fotográfico das fachadas das edificações e de dados urbanísticos e arquitetônico, realizado em setembro de 2013 pelo Grupo de Pesquisa em Documentação Arquitetônica do Laboratório de Computação Gráfica Aplicada à Arquitetura e ao Desenho (LCAD), coordenado pelo professor Arivaldo Leão de Amorim.

114

5.5.2 Elaboração do Mapa Base

Após o exame das informações obtidas em mapas, plantas e fotos do local, elaborou-se o mapa base por meio da entrada dos dados obtidos no software ArcMAP, integrante da plataforma ArcGIS 10.1. Para compatibilização do mapa base com o Sistema Geodésico Brasileiro (SGB)31 optou-se pela utilização do sistema de coordenadas SIRGAS 2000, e pela projeção Universal Transversa de Mercator (UTM), Fuso 24S. O procedimento seguiu as seguintes etapas:

 Localização da região e da sede municipal;

 Digitalização das feições correspondente às edificações, lotes, arruamento quadras e eixos de vias;

 Validação da base digitalizada, por meio da verificação e ajuste dos vetores traçados, confrontados com a planta contratada pela CERB, realizada por métodos topográficos para o projeto de esgotamento sanitário.

 Inserção de dados e atributos qualitativos, referentes ao meio urbano, quanto ao uso do solo, número de pavimentos e estado de conservação das edificações.

A primeira etapa do trabalho, vista na Figura 44, consistiu na localização da região e da sede municipal por meio da imagem orbital da região proveniente do satélite RapidEye, e dos elementos gráficos correspondentes às rodovias, e ao limite municipal de Mucugê inseridos no SIG, permitindo localizar a área urbana e auxiliar no georreferenciamento das demais informações. Apesar da imagem orbital, com resolução espacial de 5 metros, ser insuficiente para o trabalho em escala urbana, este insumo foi empregado no ajuste do eixo de rodovias, constituindo um importante referencial cartográfico para o trabalho.

31 O Sistema de Referência Geocêntrico para as Américas do ano de 2000 (SIRGAS 2000) foi oficialmente adotado como o novo sistema de referência geodésico para o Sistema Geodésico Brasileiro (SGB) e para o Sistema Cartográfico Nacional (SCN), em 25 de fevereiro de 2005 pela Resolução do Presidente do IBGE Nº 1/2005 (IBGE, 2005). 115

Figura 44 – Correção de eixos de rodovias sobre imagem do satélite Rapid Eye

Fonte: Elaborado no software ArcMap por Humberto D. G. Santos (2014).

Para a digitalização das feições cartográficas foi utilizado o serviço web de mapa ArcGIS World Imagery, por ser esta a única fonte disponível com resolução compatível com a escala urbana. O serviço fornece, por meio do protocolo de intercâmbio de dados Web Map Service (WMS), um mosaico de imagens orbitais de alta resolução, com um metro ou inferior, e fotografias aéreas proveniente de sensores diversos. Para o local de estudo foram disponibilizadas imagens do satélite WorldView-1, com resolução espacial de 50 cm, datada de 06/06/2010.

Meneses e Almeida (2012) verificam que a utilização de imagens orbitais de alta resolução representa uma real possibilidade para o mapeamento cartográfico, adotando para a resolução de 0,5m do Satélite Worldview a escala máxima de representação de 1: 5.000. Na abordagem de Boggione e colaboradores (2009) para definição da escala em imagens de sensoriamento remoto, o valor da escala resultante para imagem com a mesma resolução seria de 1: 1.000, atendendo portanto o mapeamento temático em escala urbana.

116

O traçado das feições cartográficas foi realizado conforme o diagrama de classes elaborado previamente para os planos de informações edificações, ruas, praças, eixo de vias urbanas, e hidrografia. As edificações foram traçadas considerando-se o perímetro dos telhados (roof edge), como visto na Figura 45.

Figura 45 – Digitalização das edificações de Mucugê e dos pontos de referência do inventário do IPAC

Fonte: Elaborado no software ArcMap por Humberto D. G. Santos (2014).

Além o serviço de imagens online Imagery do ArcGis, foi utilizado também o serviço de mapas Open Street Maps, um projeto de mapeamento colaborativo voltado para o desenvolvimento e distribuição de dados geoespaciais livres de todo planeta. As informações desta base permitiram verificar o arruamento e localização pontos notáveis da cidade de Mucugê. A Figura 46 mostra a sobreposição dos vetores do mapa base de Mucugê, em preto e vermelho, sobre a base do Open Street Maps, vista ao fundo. 117

Figura 46 – Localização de pontos notáveis na base do Open Street Maps

Fonte: Elaborado no software ArcMap por Humberto D. G. Santos (2014).

5.5.3 Validação da base digitalizada

A validação do mapa base de Mucugê segue a estrutura básica da metodologia aplicada pelo IBGE para validação da vetorização de Cartas Topográficas32. A metodologia inclui fundamentalmente: avaliação da organização e estruturação dos arquivos vetoriais, avaliação do georreferenciamento em relação ao Sistema Geodésico, inspeção visual dos dados vetoriais em confronto com os originais cartográficos, avaliação dos requisitos dos dados vetoriais para SIG, e correção dos erros existentes detectados nas etapas anteriores.

Para inspeção visual dos dados vetoriais da base digitalizada, além das imagens orbitais originais, foi utilizado o levantamento semi-cadastral da cidade, em escala 1:1.000, produzido em 2007 pela Companhia de Engenharia Rural da Bahia (CERB), para fins de elaboração do sistema de esgotamento sanitário do distrito sede. Para tal foi suprimido das plantas originais o sistema de esgotamento, e mantido apenas o levantamento do arruamento e das testadas das edificações, conforme mostrado na Figura 47.

32 IBGE. Metodologia de Validação da Vetorização. Disponível em: . Acesso em: 6 jul. 2014. 118

Figura 47 – Levantamento semicadastral da cidade extraído da planta da CERB

Fonte: Adaptado do projeto do Sistema de Esgotamento Sanitário de Mucugê, CERB (2007).

A preparação do arquivo em formato DWG correspondente ao cadastro foi realizada utilizando software AutoCAD 2010. Após o tratamento, foi realizado o georreferenciamento da planta no ArcMAP, onde observou-se alguns pequenos deslocamentos entre elementos das duas bases, inferiores a 10 metros, provavelmente devido às diferenças entre os tipos e datas de levantamento, e aos sistemas de coordenadas utilizados. Para utilização do cadastro realizou-se a correção de pontos homólogos, utilizando a ferramenta de ajuste espacial – Spacial Adjustment (Figura 48). 119

Figura 48 – Ajuste de pontos homólogos na planta semi-cadastral

Fonte: Elaborado no ArcMap por Humberto D. G. Santos (2014).

A sobreposição da planta semicadastral vista na Figura 49, constituiu importante fonte de referência na validação e correção de mapa base da sede municipal de Mucugê, fornecendo informações de elementos faltantes, a exemplo do nome de ruas (toponímia) e de edificações comerciais, e auxiliando na identificação de lotes e divisão de casas geminadas, que compartilhem parte da estrutura e telhado.

Figura 49 – Sobreposição da planta semicadastral sobre o arruamento (A) e sobre as edificações (B)

(A) (B)

Fonte: Elaborado no ArcMap por Humberto D. G. Santos (2014).

As informações obtidas durante a visita ao local, realizada em 2013, também estão sendo utilizados para a validação e ajustes da base cadastral de Mucugê, durante o processo de inserção de dados e atributos qualitativos. 120

5.5.4 Inserção de dados e atributos qualitativos

Durante a fase de coleta de dados, foi observado que os documentos existentes apresentavam dados urbanísticos referentes a dois períodos distintos – 1978 e 2003. O levantamento realizado em campo pelo grupo de pesquisa do LCAD forneceu dados referentes a setembro de 2013. Deste modo, foram compostos três subconjuntos de dados para comportar os atributos qualitativos e temporais dos três períodos obtidos, representados em UML no padrão OMT-G na Figura 50.

Figura 50 – Conjunto de dados e atributos referentes às edificações de Mucugê

Fonte: Humberto D. G. Santos (2014).

Para os dados de 1978 foi utilizado o levantamento realizado no período pelo IPAC- BA, referentes à planta geral da cidade, mapeamento de uso do solo, número de pavimentos e época das edificações. As plantas, exemplificadas na Figura 51, foram digitalizadas33 e georreferenciadas no ArcMap.

33 A digitalização pode ser entendida como o processo de conversão de documentos em meio físico, tais como papel, fotos e microfilmes, para o formato digital armazenado, processado e transmitido por meio de computadores (CONARQ, 2010, p. 5). No processo descrito, foi utilizado um digitalizador (scanner), pelo método de varredura na imagem física. 121

Figura 51 – Plantas do IPAC referentes ao Número de Pavimentos (A) e Uso do Solo (B)

(A)

(B)

Fonte: BAHIA, 1980.

As plantas do IPAC-BA, referentes ao número de pavimentos e uso do solo da cidade de Mucugê em 1978, encontram-se reproduzidos em escala ampliada no Anexo B (p. 168).

Os dados constantes na planta geral da cidade, sobreposto na Figura 52, serviram de referência inicial para localização de ruas e das edificações principais, enquanto as informações referentes ao uso do solo e estado de conservação das edificações foram adicionados à base de dados tabular do sistema, criando um conjunto de dados históricos. 122

Figura 52 – Georreferenciamento de mapa do IPAC para captura de informações no HIS

Fonte: Elaborado no ArcMap por Humberto D. G. Santos (2014).

Na Figura 52 observam-se também as edificações cadastradas individualmente pelo inventário IPAC-BA, inseridas em uma camada diferenciada, representada por pontos, possibilitando a consulta destes dados.

Outro documento utilizado como fonte de informações foi a Planta do Partido Urbanístico da Sede de Mucugê, em formato DWG, integrante do Plano Diretor Urbano de Mucugê (MUCUGÊ, 2004), fornecido pela Prefeitura Municipal. A planta obtida apresenta o levantamento semicadastral da cidade, além de fornecer informações sobre o partido urbanístico da sede, contendo perímetro urbano, áreas de proteção histórica e ambiental, e mapeamento das áreas de vulnerabilidade social e desenvolvimento turístico. Os dados referentes ao uso do solo e estado de conservação das edificações foram também adicionados à base de dados históricos do sistema (Figura 53). 123

Figura 53 – Planta e detalhe do Partido Urbanístico de Mucugê em 2004

Fonte: Plano Diretor Urbano de Mucugê (2004).

O levantamento em campo de dados urbanísticos e arquitetônicos de setembro de 2013 foi realizado pelo grupo de pesquisa composto por alunos e pesquisadores vinculados ao LCAD. O trabalho seguiu os moldes da experiência realizada em 2012 na cidade de Cachoeira – Bahia, incluindo etapas de orientação aos participantes, divisão de equipes de trabalho, preenchimento de fichas de cadastro simplificadas, e o levantamento fotográfico da fachada dos imóveis (ARRUDA; SANTOS; AMORIM, 2012).

O levantamento fotográfico foi um importante elemento na elaboração da base de informações, auxiliando na identificação dos limites das construções, quantidade de pavimentos e numeração do imóvel no logradouro (Figura 54). As informações qualitativas foram transcritas na tabela de atributos da camada edificações, agregando informações ao sistema.

Figura 54 – Fotos utilizadas como referência na elaboração da base de informações

Fonte: Levantamento fotográfico realizado pelo LCAD (2013). 124

Para o cadastramento dos dados urbanísticos foi elaborado um modelo no SIG, contendo um mapa de referência com o conjunto de edificações da cidade. Foi também realizado o georreferenciamento e a digitalização da planta utilizada na execução do trabalho, com a divisão em folhas e lotes, conforme a Figura 55.

Figura 55 – Divisão em lotes modelada no SIG

Fonte: Elaborado no software ArcMap por Humberto D. G. Santos (2014).

Além dos atributos, os arquivos multimídias referentes às edificações (fotos, vídeos, etc.) bem como documentos em meios eletrônicos, tal como fichas de inventário em formato Portable Document Format (PDF), podem ser associados à base de dados por meio da inserção no campo multimídia de hyperlinks, que corresponde ao “caminho” de ligação com o documento externo. 125

5.6 Interface básica do HIS Mucugê

A interface básica do protótipo do sistema de informações do patrimônio – HIS Mucugê foi realizada na plataforma ArcGIS e suas extensões: ArcMap, para consulta e edição de dados espaciais, ArcScene, para visualização da volumetria das edificações em 3D e ArcGis Server e ArcGis Online, para implementação de serviços na web.

O modelo do sistema desenvolvido comporta as informações geoespaciais das seguintes feições cartográficas, distribuídas em diferentes planos de informações: edificações, ruas, praças, eixos de vias (urbanas), hidrografia, limite do município, e rodovias. Além destas camadas, o HIS apresenta também as informações das imagens de satélite, limite do município, eixo de rodovias, e edificações do IPAC (Figura 56).

Figura 56 – Protótipo do HIS Mucugê no ArcMap

Fonte: Elaborado no ArcMap por Humberto D. G. Santos (2014), sobre imagem do satélite WorldView-1 (2010). 126

Uma característica importante do HIS, inerente ao ambiente SIG, é a possibilidade de representar dados geográficos por meio de uma variedade de cores e símbolos. Este processo é comumente denominado de Simbologia – Symbology no ArcMap. Por meio deste procedimento, as feições correspondentes às edificações foram representadas em cores sólidas, facilitando o destaque e identificação no mapa. As demais feições cartográficas, arruamentos, eixos, limites e hidrografias receberam aspectos similares à cartografia impressa. Foi estabelecido também o grupo de feições reunindo o tema uso do solo para cada período assinalado anteriormente. É importante ressaltar que estes diferentes aspectos na representação das feições são originados da mesma base de informações, evitando assim a duplicidade desnecessária dos dados.

Outra característica do sistema é a visualização interativa, na qual se pode deslocar facilmente o centro de visão (pan) e escala de visualização (zoom) do mapa. Para facilitar a visualização e manter a legibilidade no HIS, cada camada foi configurada para ser exibida ou ocultada automaticamente, dentro da escala adequada às feições. Deste modo, a camada ‘Edificações’ é exibida apenas em escalas maiores que 1:10.000, enquanto as rodovias e o limite municipal são exibidos somente em escalas menores que este valor. Os textos receberam tratamento idêntico, para evitar o excesso de informações em escalas pequenas.

5.6.1 Visualização e Consulta de Informações

As edificações foram dispostas em três camadas de informações distintas, denominadas ‘Edificações 1978’, ‘Edificações 2003’ e ‘Edificações 2013', correspondentes aos períodos temporais assinalados. A sobreposição destas informações, como visto na Figura 57, permite observar a diferença visual entre os limites recentes da cidade em 2013 e aqueles levantados em 1978, quando a cidade correspondia praticamente ao seu centro histórico, no limite proposto na época pelo IPAC-BA. 127

Figura 57 – Sobreposição das camadas de edificações em 1978 e 2013

Fonte: Elaborado no software ArcMap por Humberto D. G. Santos (2014).

O HIS dispõe de recursos para facilitar a análise visual, como a ferramenta Swipe Layer, que atua como uma “cortina” entre as camadas sobrepostas, permitindo verificar visualmente as diferenças entre estas, exemplificado na Figura 58. 128

Figura 58 – Visualização da ferramenta Swipe Layer entre as camadas ‘Edificações’

Fonte: Adaptado da tela do ArcMap, por Humberto D. G. Santos (2014).

A partir das informações constantes na base de informações geográfica do HIS Mucugê, é possível localizar objetos e visualizar seus atributos qualitativos. A ferramenta Find, permite a consulta de informações em toda base de dados, tal como os campos que contenham o termo “igreja”, aplicado no exemplo abaixo. A ferramenta Identify por sua vez, mostra um quadro listando todos os atributos do objeto selecionado, no caso, referentes a Igreja Matriz de Santa Isabel (Figura 59).

Figura 59 – Utilização dos comandos Find e Identify para localizar e visualizar dados de objetos

Fonte: Adaptado da tela do ArcMap, por Humberto D. G. Santos (2014). 129

A consulta estruturada por sua vez, permite através da escrita de expressões lógicas, a localização de objetos que correspondam a características específicas, como no exemplo da seleção de edificações que possuam o atributo “comercial” (COM) no campo correspondente ao uso do solo, em 2007.

Figura 60 – Seleção das edificações comerciais por meio da consulta de atributos

Fonte: Elaborado no ArcMap por Humberto D. G. Santos (2014).

Na análise do mapa de estado de conservação do IPAC de 1978, observa-se que a edificação do século XIX, na esquina da Rua Direita do Comercio nº 104, classificada no período como “Desocupada ou em Obras” encontra-se atualmente destruída, conforme a imagem de satélite de 2010, na Figura 54(b). Ao tomar as dimensões da área desocupada no HIS, verifica-se que terreno remanescente possui aproximadamente 20 metros na parte frontal34, equivalente a duas edificações constantes no levantamento do IPAC-BA de 1978, conforme visto na Figura 54 (a).

34 Apesar da base do HIS não ser adequada para tomada de dimensões cadastrais com precisão submétrica, a medida aproximada obtida pelo sistema, condizente com a escala gráfica do levantamento do IPAC, atende verificação em questão. 130

Figura 61 – Localização das edificações desaparecidas na esquina da Rua Direita do Comércio (A) (B)

Fontes: Adaptado de BAHIA, 1980 e da imagem do satélite WorldView-1 (2010)

Esta constatação confirma, portanto a completa degradação do sobrado da esquina, bem como do Cinema Santa Isabel, descritos pelo IPAC em 1978 (IPAC, 1980, p. 281). O espaço mutilado representa atualmente uma lacuna no centro histórico da cidade, conforme se observa na Figura 62.

Figura 62 – Lacuna nas edificações do Centro Histórico de Mucugê

Fonte: Levantamento fotográfico realizado pelo LCAD (2013). 131

5.6.2 Layout e Impressão de Mapas

O modo Layout do ArcMap permite a preparação de mapas para impressão, com a edição de símbolos geográficos, escala, legendas e anotações diversas na forma de textos ou gráficos. A partir da base de dados carregada no sistema foram desenvolvidos os seguintes produtos, com o objetivo de auxiliar no levantamento de dados em campo:

 Mapa base da cidade na escala de 1:2.000, contendo edificações, ruas, lotes, praças, rodovias e hidrografia (Mapa 11), e;

 Mapa das edificações sobre mosaico de imagens do satélite WorldView-1, com resolução espacial de 50 cm, datada de 06/06/2010 (Mapa 12).

O Mapa base da cidade foi convertido em formato DWG, possibilitando o seu uso em outros aplicativos. No processo de conversão optou-se pelo sistema de coordenadas em projeção Universal Transversa de Mercator (UTM), Fuso 24S, permitindo a representação das edificações no sistema métrico (Mapa 11).

Mapa 11 – Base de edificações da cidade na escala de 1:2.000

Fonte: Elaborado no ArcMap por Humberto D. G. Santos (2014). 132

Para facilitar a visualização e a impressão, os layouts dos mapas gerados foram gravados em formato Portable Document Format (PDF) da Adobe, um padrão aberto para troca de documentos eletrônicos. O Mapa 12 reproduz a base de edificações sobre a imagem de satélite, convertido em PDF.

Mapa 12 – Base de edificações sobre a imagem de satélite

Fonte: Elaborado no ArcMap por Humberto D. G. Santos (2014).

O material gráfico produzido foi essencial para apoio ao levantamento em campo de dados urbanísticos e arquitetônicos realizado em setembro de 2013 pelo LCAD, visto que até esta data não se tinha o acesso a outros dados cartográficos, exceto aos constantes do IPAC. Além dos mapas de apoio ao levantamento de campo, foi produzido um mapa temático da evolução urbana de Mucugê entre 1978 e 2013, apresentado no Apêndice B (p.162), com todos os elementos básicos de um documento cartográfico: indicação de norte geográfico, legenda, escalas gráfica e numérica, quadrícula de coordenadas, sistema de referencia, e carimbo.

5.6.3 Análises Espaciais de Informações Históricas

Um aspecto importante relacionado aos sistemas que tratam com dados geográficos, conforme já destacado no Capítulo 3, é a possibilidade de se fazer 133

consultas e análises em função de sua localização. Este requisito foi atendido pelas principais ferramentas de geoprocessamento e de consulta espacial do ArcMap: Select by Location e Buffer.

O primeiro exemplo aplicado neste trabalho consistiu na seleção das edificações dentro do perímetro do cadastramento realizado pelo IPAC, em 1980, para definição de um conjunto de feições correspondentes à situação na época do inventário. A consulta espacial foi realizada por meio da ferramenta Select by Location, especificando a seleção de elementos na camada ‘Edificações’ que estejam contidos dentro da camada ‘Limite CH IPAC 1978’ (Figura 63).

Figura 63 – Seleção das edificações dentro do limite proposto pelo IPAC em 1978

Fonte: Elaborado no software ArcMap por Humberto D. G. Santos (2014).

O segundo exemplo mostrado na Figura 64, consistiu na seleção de edificações localizadas dentro da faixa de cinquenta metros do eixo das duas principais vias do centro histórico, por meio da aplicação de buffer35 (contorno) nestes eixos. Estas edificações foram destacadas para o preenchimento de atributos e a geração de modelos volumétricos no HIS Mucugê.

35 Buffer é a funcionalidade no SIG utilizada para gerar polígonos paralelos aos elementos ponto, linha e polígono (CÂMARA; DAVIS; MONTEIRO, 2011, p. 41). 134

Figura 64 – Seleção de edificações de interesse por meio da criação de buffer a partir do eixo de via

Fonte: Elaborado no ArcMap por Humberto D. G. Santos (2014).

5.7 Aplicações em 3D

O compartilhamento da base de informações geográficas do HIS Mucugê permitiu a visualização da volumetria das edificações no ArcScene, módulo integrante do “pacote de software” ArcGis, cuja finalidade é exibir, analisar e “animar dados” em 3D. A visualização proporcionada pelo software, denominada de cena (scene), foi elaborada por meio da extrusão dos atributos correspondentes ao número de pavimentos, da camada ‘Edificações’, conforme se observa na Figura 65. 135

Figura 65 – Modelo geométrico das edificações do Centro Histórico

Fonte: Elaborado no software ArcScene por Humberto D. G. Santos (2014).

Na visualização gerada no ArcScene foi aplicado apenas a volumetria das edificações da rua principal, de modo a produzir o destaque destas, em relação às demais edificações. A cena elaborada no visualizador incorporou também dados do modelo digital do terreno (MDT) com exagero na escala vertical para melhor realce e entendimento do relevo, conforme Figura 66.

Figura 66 – Modelo geométrico do Centro Histórico sobre Modelo Digital do Terreno – MDT

Fonte: Elaborado no ArcScene por Humberto D. G. Santos (2014). 136

Para elaboração do modelo geométrico do centro histórico se fez necessário a conversão da visualização em objetos gráficos. Deste modo foi selecionado parte das edificações do centro histórico de Mucugê, para criação de um protótipo compatível com software, voltados para modelagem de objetos, a exemplo do Skecht Up, desenvolvido pela Trimble. Com este objetivo foi escolhido o formato Collada para o intercâmbio de arquivos. A importação destes dados tem sido avaliada em conjunto com uma pesquisa sobre modelagem de centros históricos, conduzida no LCAD.

5.8 Implementação de Interface na Web

A publicação de mapas na web usualmente ocorre por meio de serviços de dados geográficos ou espaciais, que são utilizados por outras aplicações, a exemplo de um website, ou um software cliente. Entre os padrões de serviços mais conhecidos, destacam-se Web Map Service (WMS) e Web Feature Service (WFS), especificados pelo Open Geospatial Consortium (OGC) para o acesso e manipulação de dados geográficos na web.

Para implementação de interface web para o HIS Mucugê, foram avaliadas duas alternativas de solução: o portal web ArcGIS Online, e o software ArcGis Server.

5.8.1 Implementação com ArcGIS Online

O ArcGIS Online36 é uma plataforma colaborativa, baseada no sistema de nuvem que permite aos usuários criar, compartilhar e acessar mapas, aplicativos e dados na web, publicados por meio de seu portal na internet ou diretamente do software ArcGIS Desktop.

Para avaliar a viabilidade de uso no HIS Mucugê foram carregados os dados referentes às feições edificações, e criado um protótipo utilizando um modelo de aplicação disponibilizado no portal, mostrado na Figura 67.

36 Disponível em: . Acesso em: 20 jun. 2014. 137

Figura 67 – Dados carregados no portal ArcGIS Online

Fonte: Elaborado no Portal ArcGIS Online por Humberto D. G. Santos (2014).

Entre as características do serviço, observou-se a facilidade no uso e compartilhamento de informações geográficas e na criação de aplicações na web, além da possibilidade de utilizar ferramentas básicas (medida, impressão) e base de dados disponibilizados diretamente pelo portal, a exemplo do mosaico de imagens de satélite (basemap), vista na Figura 68.

Figura 68 – Basemap disponibilizado no portal ArcGIS Online

Fonte: Elaborado no Portal ArcGIS Online por Humberto D. G. Santos (2014). 138

A utilização do ArcGIS Online possibilita também o acesso da base de dados por meio de aplicativos específicos para dispositivos móveis, tais como tablet, utilizado para os testes na Figura 69. Observa-se ainda que a versão gratuita do serviço limita o uso em até 1.000 feições por cada camada no mapa.

Figura 69 – Acesso aos dados no ArcGIS Online por meio de tablet

Fonte: Interface do aplicativo ArcGIS para tablet.

5.8.2 Implementação com ArcGIS Server

O ArcGis Server, é um software desenvolvido para o provimento de serviços de dados geográficos e em aplicações web. Para disponibilidade nos serviços é recomendada sua utilização em computadores com o porte de servidor. Para testar a aplicação foi solicitado ao DERBA, detentor de uma licença do ArcGis Server, a utilização do software dentro de sua infraestrutura computacional, possibilitando a implementação de um protótipo do HIS Mucugê em sua rede interna (intranet).

Com uma arquitetura de servidor centralizado, esquematizada na Figura 70, o ArcGis Server consiste de dois componentes: o servidor GIS e módulo de desenvolvimento de aplicações web. O servidor GIS possibilita, por meio de serviços web (webservices), o compartilhamento de recursos geográficos entre aplicativos GIS clientes, a exemplo do ArcGIS para desktop, aplicativos de mapeamento web, e dispositivos móveis.

A interface de desenvolvimento de aplicações, provida separadamente, dispõe de diversos modelos de aplicativos de mapeamento web prontos para serem utilizados 139

ou personalizados conforme a necessidade do projeto (ESRI, 2014). Estas aplicações, denominadas de Web Mapping, correspondem à interface do usuário com o SIG disponibilizado na web.

Figura 70 – Esquema de arquitetura do ArcGIS Server

Fonte: Adaptado de Esri.com37.

A implementação do HIS Mucugê no ArcGis Server, foi realizada em três etapas:

 Preparação da base de dados geográficos;  Configuração do serviço de provimento de dados geográficos e;  Utilização do serviço de dados geográficos e implementação de aplicação web.

Na primeira etapa, foi necessária a preparação da base de dados, utilizando como base o modelo desenvolvido no ArcMap, visto na Figura 71, contendo a simbologia dos elementos e as configurações de camadas, rótulos, legendas e escala de visualização. Para melhor desempenho e compatibilidade com serviços disponibilizados na web, os dados da base foram convertidos para um único sistema de coordenadas geográficas WGS 84 (Sistema Geodético Mundial de 1984).

37 Disponível em: < http://www.esri.com/news/arcnews/spring04articles/arc9-special/images/pviip2-lg.jpg>. Acesso em: 20 jun. 2013. 140

Figura 71 – Configurações do modelo desenvolvido no ArcMap

Fonte: Elaborado no software ArcMap por Humberto Santos (2014).

A implementação do serviço de provimento de dados geográficos foi realizada por meio da preparação no ArcMap de um arquivo contendo a base de dados e a as definições do serviço de mapeamento pela internet (Web mapping). Este arquivo, denominado Service Definition File, possibilita a configuração do serviço em um computador separado do servidor web, não necessitando de conexão direta com o servidor durante a publicação.

Através da interface do ArcGIS Server, na Figura 72, o arquivo de definições elaborado é carregado para publicação. Além do serviço de dados nativo do programa, foram ativados os serviços Web Map Service (WMS), visando o provimento de aplicações na web, e também os serviços Web Feature Service (WFS) para o provimento de dados voltados para aplicações desktop.

As etapas detalhadas de implementação no servidor utilizando o ArcGIS Server estão descritas no Apêndice C, na página 164.

141

Figura 72 – Serviço publicado no ArcGIS Server

Fonte: Elaborado no software ArcGIS Server por Humberto Santos (2014).

Em seguida foi desenvolvida uma aplicação de mapa na web, a partir de modelos de aplicações disponibilizadas para o ArcGIS Server. Para o HIS Mucugê foi configurada a interface vista na Figura 73, capaz de exibir os dados, consultar informações, fazer medições de distância e área, e imprimir as informações, por meio de um navegador web. A aplicação foi testada dentro do domínio da rede local da instituição (intranet).

Figura 73 – Aplicação de mapa na web utilizando o ArcGIS Server

Fonte: Tela da aplicação web desenvolvida por Humberto Santos (2014). 142

Além da aplicação web mapping, o serviço de dados geográficos disponibilizado pelo ArcGIS Server foi testado em um aplicativo cliente, o ArcGIS Explorer, visualizador gratuito de SIG desenvolvido pela ESRI. As ferramentas disponíveis no ArcGIS Explorer permitem não somente realizar funções básicas de consulta de informações, medições de distância e área, e impressão, mas também geoprocessamento de informações por meio de “buffer”, e consulta espacial. A Figura 74 mostra o serviço carregado sobre um mapa base do programa, utilizando o comando “Add Service”.

Figura 74 – Base de dados do HIS Mucugê carregada no ArcGIS Explorer

Fonte: Elaborado no software ArcGIS Explorer por Humberto Santos (2014).

5.9 Discussão da solução proposta

A implementação do HIS Mucugê foi realizada por meio de uma interface SIG desktop e de sua publicação na web, de modo a atender aos requisitos de informações definidos no escopo básico do sistema.

Através da interface SIG desktop foi possível elaborar uma base de dados geográficos, contendo informações das edificações do centro histórico de Mucugê, bem como a realização de análises espaciais com os dados obtidos. O 143

compartilhamento da base de dados com outras aplicações permitiu a geração de modelos volumétricos das edificações do centro histórico e também a publicação de dados geográficos na web.

Após avaliação de duas alternativas de publicação na web para o HIS Mucugê, o portal web ArcGIS Online, e o software ArcGIS Server, conclui-se que ambas soluções possuem capacidade de atender aos requistos do sistema por meio da personalização e desenvolvimento de suas interfaces básicas.

A diferença principal entre as duas ferramentas encontra-se na arquitetura do sistema, gerando os maiores impactos para a implementação do HIS.

O ArcGis Server, desenvolvido em arquitetura servidor centralizado, demanda uma robusta infraestrutura tecnológica, envolvendo computadores de grande porte, conexão dedicada a internet de alta velocidade, suporte técnico em tempo integral, e profissionais especializados em tecnologia da informação (TI). Esta solução é adequada para instituições de maior porte, a exemplo de universidades e agencias governamentais.

O ArcGIS Online, por sua vez, utiliza uma arquitetura de servidores em nuvem, ou cloud-computing, utilizando-se de uma rede de servidores mantidos por terceiros, onde os serviços são pagos conforme a demanda, significando menos investimentos em infraestrutura de TI, sendo a solução adequada para escritórios e empresas de pequeno e médio porte.

A demanda por recursos humanos para o HIS é semelhante em ambas às arquiteturas, considerando minimamente um profissional para a manutenção e desenvolvimento do sistema e da base de dados, um técnico para cadastramento e atualização dos dados geográficos e um especialista em SIG para análises de informações e simulação de cenários.

Observa-se que a opção por Cloud-computing exige além de investimentos em desenvolvedores e técnicos especializados em SIG, uma infraestrutura de acesso a internet de alta velocidade para uso do serviço totalmente online, questões a serem ponderadas em uma possível implementação conduzida pela Prefeitura Municipal. 144

Considerando a necessidade do estabelecimento de um programa contínuo de documentação do patrimônio baiano apoiado com uso de tecnologias digitais, apontada por Amorim (2007), e a importância de sistemas de informações do patrimônio, conforme vem sendo desenvolvida por Arruda (2013), no HIS proposto para Cachoeira, a solução ArcGIS Server, baseada em servidor centralizado, mostra ser a mais adequada, dentro do ambiente multidisciplinar da Universidade Federal da Bahia. Neste sentido vislumbra-se não somente a atuação do Laboratório de Computação Gráfica Aplicada à Arquitetura e Urbanismo (LCAD), de laboratórios ligados à Ciência da Computação e a Engenharia Cartográfica, assim como da Superintendência de Tecnologia da Informação da UFBA, unidade responsável pela infraestrutura tecnológica da universidade. 145

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O Heritage Information System representa uma importante ferramenta para gestão e salvaguarda do patrimônio arquitetônico. Sua relevância consiste não somente na disponibilização de informações sobre sítios históricos e o meio urbano, mas também na capacidade de gerar análises que servem de apoio para técnicos e gestores em suas tomadas de decisões.

Ao longo desta dissertação foram abordados os elementos necessários para a elaboração de um Sistema de Informações do Patrimônio (Heritage Information System – HIS) para a sede do município de Mucugê, destacando-se as considerações relativas à documentação do patrimônio cultural e à aplicação da tecnologia da informação na conservação e no restauro.

O breve estudo histórico da documentação arquitetônica, incluindo a antiguidade, o desenvolvimento da iconografia no renascimento, o surgimento dos inventários de patrimônio cultural, e a aplicação das tecnologias digitais, serviram de fundamentos da pesquisa, de modo a apreender os principais conceitos e objetivos relacionados, e o papel da tecnologia neste meio.

Os inventários de patrimônio surgem com a premissa de sistematizar o conhecimento, de forma que gestores e demais interessados possam planejar suas ações voltadas à gestão de bens de interesse cultural. Seus efeitos, contudo vão além do repositório de informações, servindo também como material de referência para legitimar ações de tombamento, ou como forma de proteção, prática institucionalizada no exemplo francês.

No Brasil, a aplicação do Inventário como instrumento legal de proteção do patrimônio ainda é pouco utilizada, à exceção de poucos exemplos como o de Porto Alegre, no qual o inventário incorpora-se ao Plano Diretor da cidade, regulamentado pela Lei Complementar Nº 610, de 23 de outubro de 2008. Desta forma, o inventário exerce proteção semelhante ao tombamento, classificando as edificações em dois tipos, com graus de proteção e restrições diferenciadas. 146

Convém destacar a importância da divulgação de informações sobre bens culturais como medida de salvaguarda, uma vez que permite o conhecimento, a valorização, e o constante acompanhamento pela sociedade. A internet, como uma rede mundial de computadores, configura um importante meio de comunicação, que permite rapidamente a ampla difusão de informações inventariadas.

O uso das tecnologias digitais na documentação arquitetônica e de sítios urbanos propicia grandes benefícios em relação às técnicas tradicionais, em termos de agilidade na aquisição de dados, na facilidade na edição e atualização das informações, e na disponibilização online. Neste sentido, a utilização de sistemas de informações, mais especificamente o Heritage Information System – HIS tem representado o estado da arte, para a documentação e gestão de monumentos ou sítios históricos, conforme foi observado em iniciativas recentes relacionadas a inventários de patrimônio.

A pesquisa e análise dos trabalhos relacionados à aplicação de sistemas de informação do patrimônio, no âmbito nacional e internacional, permitiu delinear um panorama de suas características fundamentais, assim como as tendências de desenvolvimento. A partir deste panorama foram estabelecidas as diretrizes para a modelagem do HIS Mucugê.

Os mapas possuem grande importância ao permitirem a leitura de informações sobre elementos do território e suas inter-relações, provendo rapidamente o conhecimento de características em determinada área. Contudo, enquanto os mapas tradicionais (estáticos) têm uma capacidade exploratória limitada, as ferramentas SIG permitem a geração de mapas interativos, com capacidade de explorar dados em diferentes camadas de visualização, ampliar ou reduzir e alterar a aparência visual do mapa, entre outros exemplos de interação.

Neste contexto, considera-se relevante a aplicação SIG para geovisualização dos dados do inventário do IPAC-BA, na região que engloba o município de Mucugê. A técnica, voltada a oferecer interatividade aos dados geográficos, possibilitou a clara leitura dos dados do inventário e do patrimônio arquitetônico da Chapada Diamantina e da microrregião de Seabra. 147

6.1 Contribuições

Os objetivos deste trabalho foram alcançados não somente pela formulação de um protótipo de sistema de informações do patrimônio, mas também pelo estudo de sua disponibilização na web. Contudo, acredita-se que a maior contribuição desta pesquisa reside nos estudos e análises realizados durante o percurso:

 Os mapas atualizados e demais produtos gerados no HIS Mucugê serviram de apoio à visita técnica realizada na cidade por uma equipe de alunos da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Bahia, visando à documentação arquitetônica e o registro de dados urbanísticos recentes, que estão sendo alimentados na base de informações.

 Ao incorporar dados de uso do solo de três períodos distintos, o sistema elaborado foi além das expectativas iniciais, permitindo análises mais profundas sobre o crescimento e as mudanças ocorridas no espaço urbano de Mucugê. Este fato reforça não somente o conceito de que um heritage information system necessita de informações históricas, mas que o sistema se torna mais relevante conforme aumentam o volume e a qualidade de suas informações.

 A comparação entre as alternativas de publicação do HIS na web esclarece qual melhor solução a ser adotada conforme o tipo e o porte de projeto, seja utilizando arquitetura de servidor GIS, seja em serviços alocados na “nuvem” conforme a tendência do cloud computing. Entende-se que, dentro da esfera universitária, a solução baseada em servidor centralizado mostra ser a mais adequada, considerando a atuação multidisciplinar de centros de estudos ligados à Arquitetura e ao Urbanismo, Ciências da Computação e Engenharia Cartográfica ou Geomática.

6.2 Trabalhos Futuros

Entre as perspectivas de futuros trabalhos registram-se temas que, pelas limitações de prazo e de universo de estudo necessários para esta pesquisa, não puderam ser contemplados e aprofundados. 148

Considera-se que o patrimônio imaterial, apesar de ser intangível, possui sua expressão apoiada no meio físico, no lugar e na paisagem. Sua preservação envolve sua identificação, documentação, reconhecimento e apoio, sendo, portanto fundamental o seu registro. Neste sentido, tornam-se relevantes estudos voltados para aplicação do Heritage Information System na gestão do patrimônio imaterial. Ressalta-se que os sistemas atuais possuem a capacidade de registrar diversos elementos envolvidos nestas manifestações culturais a exemplo das rotas de cortejos, procissões, e peregrinações, a localização de elementos naturais e demais símbolos considerados sagrados ou relevantes, poligonais de áreas abarcadas, além das edificações.

Por outro lado, pesquisas em Software Livre têm sido desenvolvidas em instituições públicas e privadas, universidades e centros de pesquisa, inclusive na Universidade Federal da Bahia, pelo Laboratório de Engenharia de Software (LES-UFBA). O software livre permite aos usuários estudar e modificar software, pela disponibilidade do código fonte, bem como a liberdade de copiar e distribuir, sendo por isso considerado um promotor do desenvolvimento sustentável na indústria de tecnologia da informação, por meio da qualificação do conhecimento local. O software de licenciamento gratuito, por sua vez, não possui liberdade para modificações no código, mas permite sua cópia e distribuição.

Deste modo, torna-se fundamental o estudo de alternativas com o uso de software livres ou gratuitos. Destacam-se como exemplos de SIG os softwares livres QGIS, gvSIG, assim como o software gratuito Spring, desenvolvido pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). Para publicação de mapas na web tem-se como exemplo os softwares livres Mapserver, Geoserver e I3geo, este último desenvolvido no Brasil pelo Ministério do Meio Ambiente e utilizado por diversas organizações publicas, entre as quais: Ministério da Saúde, Ministério da Educação, ABIN, CONAB, EMBRAPA38.

O intercâmbio de dados com aplicações voltadas para modelagem 3D tem se mostrado relevante, principalmente ao possibilitar a visualização e análise de

38 Software Livre no Governo do Brasil. Disponível em: . Acesso em: 28 jun. 2014. 149

informações associadas à volumetria das edificações, a exemplo de conforto térmico, incidência solar, consumo de energia e água, etc. O padrão internacional CityGML, criado para o armazenamento e intercâmbio de modelos virtuais de cidades, torna-se portanto um importante campo para pesquisa e desenvolvimento nas aplicações subsequentes do HIS Mucugê.

Considera-se que a elaboração do HIS abre múltiplas possibilidades de pesquisas no campo da documentação arquitetônica, e de suas aplicações no planejamento, gestão e monitoramento urbanos e na proteção dos sítios históricos. Este tipo de aplicação pode-se também constituir uma ferramenta útil em projetos tais como da Documentação Arquitetônica de Rio de Contas (NOGUEIRA, 2010), apresentado no Capítulo 2, servindo como uma ferramenta de auxílio nos trabalhos de campo, e, sobretudo, como interface para a visualização cartográfica dos dados coletados.

O HIS Mucugê constitui-se, portanto, um sistema que envolve a integração de dados espacialmente referenciados, oferecendo informações a técnicos e gestores em um ambiente propício à resolução de problemas. Neste contexto, se faz necessário a participação da Prefeitura Municipal de Mucugê, no sentido de ampliar o escopo do sistema de modo a contribuir para a eficiência e eficácia da administração municipal.

Espera-se, desta forma, que o sistema possa futuramente servir como instrumento técnico para auxiliar a gestão urbana do município, garantindo, de forma sustentável, o desenvolvimento da cidade e a preservação de sua paisagem e de seu patrimônio arquitetônico.

150

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159

APÊNDICE A – DICIONÁRIO DE DADOS

Classe: Edificações Representação: Polígono

Descrição: Delimita a porção construída da edificação Atributos Nome Descrição Tipo Tamanho: FID Identificador único do sistema Inteiro Variável Uso Uso do Solo do imóvel Texto Variável NumPav Número de Pavimento da edificação Inteiro 2 EstadConserva Estado de conservação da edificação Texto Variável Denominação Nome de edificação relevante Texto Variável Setor Setor de cadastro Texto 3 Quadra Quadra de cadastro Texto 3 Multimídia 1 Ligação (link) para documentos Texto Variável Multimídia 2 multimídias em formato pdf, jpg, ou html. Multimídia 3

Classe: Lotes Representação: Polígono Descrição: Poligonal que delimita a unidade imobiliária resultante de parcelamento do solo, para fins de edificação. Atributos Nome Descrição Tipo Tamanho: FID Identificador único do sistema Inteiro Variável Endereço Endereço de logradouro do lote Texto Variável Bairro Bairro onde se insere o lote Texto Variável Num. Quantidade de edificações construídas no Inteiro 2 Edificações lote Área Área do terreno em m² Inteiro longo 6 Setor Setor de cadastro Texto 3 Quadra Quadra de cadastro Texto 3

Classe: Quadra Representação: Polígono Descrição: Espaço totalmente delimitado por logradouros públicos, correspondente ao conjunto de lotes e edificações. Atributos Nome Descrição Tipo Tamanho: FID Identificador único do sistema Inteiro Variável Num. Quadra Número da Quadra Inteiro 3 Setor Nome do setor de cadastro para fins de Texto 3 identificação Quadra Nome da quadra de cadastro Texto 3

160

Classe: Eixo de Vias Representação: Linha

Descrição: Segmento correspondente ao eixo central de vias, delimitado pelas vias transversais. Atributos Nome Descrição Tipo Tamanho: FID Identificador único do sistema Inteiro Variável Toponímia Nome do logradouro Texto Variável Tipo_via Classe hierárquica da via Texto Variável Comprimento Comprimento do segmento em metros Inteiro Longo 6 Largura Largurada via em metros Inteiro Longo 6 Pavimento Tipo de pavimento da via Texto Variável

Classe: Limite IPAC Representação: Polígono Descrição: Polígono do Centro Histórico de Mucugê traçado pelo Inventário de Proteção do Acervo Cultural da Bahia (IPAC-BA) Atributos Nome Descrição Tipo Tamanho: FID Identificador único do sistema Inteiro Variável Área Área do polígono em m² Inteiro Longo 6 Denominação Nome do elemento para fins de identificação Texto Variável

Classe: Cadastro IPAC Representação: Ponto

Descrição: Edificações constantes no inventário IPAC-BA Atributos Nome Descrição Tipo Tamanho: FID Identificador único do Sistema Inteiro Variável Cod. IPAC Código aplicado no inventário Texto Variável Localização Endereço da edificação registrado no IPAC Texto Variável Denominação Nome do elemento para fins de identificação Texto Variável Período Período da edificação assinalado no Texto Variável inventário Grau de Grau de proteção da edificação atribuído Texto Variável Proteção pelo inventário Distrito Distrito da edificação registrado no período Texto Variável do inventário

161

Classe: Praças Representação: Polígono Descrição: Áreas públicas urbanas livre de edificações voltadas para convivência e/ou recreação da população Atributos Nome Descrição Tipo Tamanho: FID Identificador único do Sistema Inteiro Variável Denominação Nome do elemento para fins de identificação Texto Variável Área Área do polígono em m² Inteiro Longo 6

Classe: Hidrografia Representação: Linha

Descrição: Eixo da hidrografia local Atributos Nome Descrição Tipo Tamanho: FID Identificador único do Sistema Inteiro Variável Denominação Nome do elemento para fins de identificação Texto Variável

Classe: Limite Municipal Representação: Polígono

Descrição: Poligonal que delimita a área do município Atributos Nome Descrição Tipo Tamanho: FID Identificador único do Sistema Inteiro Variável Denominação Nome do Município Texto Variável Geocódigo Código que identifica o município no IBGE Texto Variável

162

APÊNDICE B – MAPA TEMÁTICO EVOLUÇÃO URBANA DE MUCUGÊ

Descrição: Mapa temático da evolução urbana de Mucugê, que simboliza o crescimento da cidade por meio dos levantamentos das edificações nos períodos de 1978 e 2013.

Ano: 2013

Escala: 1: 2.000

Dimensões: 84,1 x 59,4 cm (Formato A1)

Fontes: Levantamento realizado pelo IPAC-BA (Bahia, 1980) e Mosaico de Imagens de Satélite World View1 (2012).

Imagem:

Elaborado por: Humberto Diniz Guerra Santos (2014).

242200,000000 242300,000000 242400,000000 242500,000000 242600,000000 242700,000000 242800,000000 242900,000000 243000,000000 243100,000000 243200,000000 243300,000000 0 0

0 R 0 0 0

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, L , a 0 0 MUNICÍPIO DE MUCUGÊ v

0 a 0

3 P Igreja Matriz de Santa Isabel 3

1 é 1 s $ 6 6 5 5 8 8 BAHIA

Pça. Sta. Isabel 0 0 0 0

0 0 MAPA TEMÁTICO 0 0

0 T é 0 0 t 0

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0 e 0 v. a 0 M C 0

2 2 a o 1 to d 1 CRESCIMENTO URBANO

6 s 6 a 5 G 5 u a 8 a R 8 m m a i L s e 1978 - 2013 u Rua da Rodagem g ri d o R r. D a R u u R a do C ru ze Ru iro 0 a 0 0 da 0 0 Po 0 0 nte 0 0 0 0 0 , , 0 0 0 0 1 1

1 Rua 1

6 P 6 rof. O 5 sório 5 8 Pina 8 Casa à R. Rodrigues Lima 30 R $ u R a u D a Casa à Rua Rodrigues Lima, 57 ire J i o $ ta s Prefeitura Municipal l d é e o A $ b C a l a Iz o v ir nta m e b a é s S r am a c C Ru io ac a M m . av R Casa Rua Direita Comércio 140 p r u o T 0 $ a 0 0 s M 0 0 Casa Rua Direita Comércio 138 Pça. Cel. Douca 0 0 a 0 0 $ ú c 0 0 ss 0 , a a , agu m

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PROJEÇÃO UNIVERSAL TRANSVERSA DE MERCATOR DATUM HORIZONTAL : SIRGAS - 2000 / FUSO 24 S

Casa na Pç. Cel. Propércio 87 R $ Ed. à Praça Cel. Propércio 80 u $ a C e l . Ed. R. Direita do Comércio 104 R 0 0

0 $ e 0 0 Praça Cel. Propércio g 0 0 0

0 i 0 n 0 0 , a , 0 Snooker Bar Mucugê ld 0 0 $ o 0 9 9 M 0 Casa à Pç. Cel. Propércio 92 0

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5 5 Edificações no IPAC - Mucugê 8 8 Praças

A v . Hidrografia (urbana) A n tô n io M Edificações 1978 e d 0 r 0 0 a 0 0 0

0 d 0

0 o 0 0 0 , ,

0 0 Ruas 1978 0 0 7 7 0 0 6 6 5 5 8 8 Limite CH IPAC 1978

Edificações 2013 1 ª T ra v e s s Ruas 2013 a d a

Ig re 0 j 0 0 a 0 0 0 0 0

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0 0 UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA 0 0 0 0 0 0

0 0 FACULDADE DE ARQUITETURA 0 0 , ,

0 0 PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ARQUITETURA E URBANISMO 0 0 3 3 0 0 6 6 5 5 8 8 CIDADE DE MUCUGÊ – BAHIA

242200,000000 242300,000000 242400,000000 242500,000000 242600,000000 242700,000000 242800,000000 242900,000000 243000,000000 243100,000000 243200,000000 243300,000000 DATA: NOV. 2014 ELABORAÇÃO: HUMBERTO SANTOS 164

APÊNDICE C – PUBLICAÇÃO DO HIS NO ARCGIS SERVER

Etapa 1 - Criação do Arquivo de Definição de Serviço (SD)

Após a configuração da base de dados para o ArcGIS Server, optou- se, para publicação do serviço, pela criação de um arquivo contendo a base de dados e as definições do serviço a serem carregados no servidor.

Etapa 2 - Descrição e definições gerais

A preparação do arquivo SD inclui a descrição obrigatória do serviço a ser criado, incluindo título e palavras- chave. As definições gerais envolvem de parâmetros para ajuste no desempenho na base de dados.

Etapa 3 – Pré-visualização do serviço Webmap

Após as definições gerais, é feita uma análise geral da base, onde são apontados os problemas na preparação.

O serviço corretamente configurado é exibido em um visualizador.

165

Etapa 4 – Acesso ao ArcGIS Server

O acesso a interface do ArcGIS Server no servidor institucional é realizado por meio de interface web, com controle de Login e senha.

Etapa 5 – Publicar novo serviço

Através da interface de gerenciamento de serviços, é aberta a opção publicar novo serviço e carregado o arquivo SD criado. Os parâmetros de configuração do serviço são revisados.

Etapa 6 – Serviço publicado

O serviço publicado recebe o status “Iniciado”, indicando que encontra-se ativo e pronto para uso em outras aplicações

Etapa 7 – Teste em aplicação web

O serviço de dados SIG pode ser visualizado em uma aplicação webmap simplificada disponibilizada no servidor, desenvolvida em linguagem Javascript.

166

ANEXO A – MAPA DOS LIMITES DE MUCUGÊ

Descrição: Mapa do Limite Municipal de Mucugê, contendo a poligonal do município traçada conforme o Decreto Lei estadual nº 12.635 de 8 de janeiro de 2013, que atualiza os limites do município, que compreende o Território de Identidade Chapada Diamantina.

Ano: 2013

Escala: 1:100.000

Dimensões: 70 x 110 cm

Fonte: Superintendência De Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI).

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A " D1380 0 4 1 1262 o 1 0 " " 0 1 0 1 " " 2 " 0 1 " 0 0 496 " 1293 2 1535 D " " 0 411 " " D " 1 " " D " " 1 " " 2 " D 4 4 " 1260 80 Faz. São Pedro 1287 0 " 1069 2 D 0 D 0 0 1 1165 1 1605 4 D 1167 1 1478 " u D 1 2 1450 D 0 1362 0 R C ç 2 " 1 D 0 D 1 A V 0 0 D i F D1231 a a 5 ã " " D1110 a 2 1298 1211 6 U t 1 u 1 c o " 1428 0 1180 0 N D a 1 g D 0 h " c 0 1212 0 o D " a 2 " " r r 0 D Ó 1 743 1 1 e a D 2 2 p 1220 1 1605 l P 1 Faz. D 0 0 " 0 " " 6 0 " A D 1341 0 Bom Jard" im 1164 1260 Rochoso " Faz. Sumidouro D 1255 8556000 " 1 D 8556000 " " 3 R 1392 " o 2 D T " D1237 i 0 1389 i 12 1213 D " o 40 i " S R D 1180 m " 1 " 1436 1 " E D 3 1 Faz. Ouricuri D R 60 D b Faz. São Bento R 6 1250 Faz. São José D 1350 io 1075 ó R 1242 0 D R D 1 D 488 A 1227 M D 426 ( Faz. Azevêdo " D C 2 D i 730 " 1340 1362 1310 o u 8 Contas 1210D " a D " " 0 D c m 4 421 337 u D1130 b 0 4 D g u 0 0 1 1000 1170 c 12 2 1482 ê 0 a 1310 0 1550 " D D 477 D 1143 D " D D D uro " Rochoso 1460 1384 ido S um 1542 1 730 D S Faz. Sumidouro E D 4 20 1210D 14 0 7 1067D 11 1 0 0 4 D1685 20 R 0 4 " o 2 1 0 1 i o 8 1 D " g 4 2 Faz. 0 D1251 D 0 R 1460 1324 0 R re 4 1 0 0 r 1130 0 3 0 Várgem do Gato ó A 2 Rochoso C 0 1 2 D 597 0 D " D1158 0 700 D D1550 " 1362 659 1574 " D 1330 1037 1180 D 1448 D D 8552000 D 8552000 40 1167 " 0 1492 1 D D 1095 1328 4 1232 1130 D 0 1 1570 0 1 D 1515 6 1378 D1079 0 430 D 4 D1005 1160 1 0 4 0 15 B 1542 1221D 8 1427 60 D 0 1 6 Faz. Vale da A 0 4 D 0 " 1 8 0 1252 D S 1160 m 0 D 0 1 0 Várzea 5 . Su ido 1 8 " 14 T u o D 2 1410 00 6 r r 1140 0 1632 1347 0 D796 D D971 I 1171 r D 0 D 0 1 D 0 0 1630 Ã 20 ó 1650 0 O 0 6 C 1 1 S 1 5 " ã 2 " Sítio Vieira D 6 " 1370 D1135 Faz. Canabrava 1580 o 4 0 D 1 1150D 1382 0 Faz. D D 2 D 1149 1532 1250 D 4 Várzea do Canto D1147 0 800 1612 1 RN 62 1156 D D D 1245 D D1153 D 3 1323 992 a 1 6 in 4 O 0 m 1 8 D a 0 " C 1400 0 D 834 S 1460 1230 0 D1130 D 0 1122 ó D1494 1268 D 1167D r D 1 D 4 0 r 4 1370 1563 0 D1615 e 1570 0 0 2 g D 0 1 1180 0 1380 to da 1556 Ã1176 D o 1 Ponto no al D D1340 3 T 6 serra da Chapadinha 8548000 1 D 0 8548000 1 1362 1 S 6 3 490 A E 1085 D Extremo sul da serra do Bastião, 0 I Rochoso 6 R a nordeste da localidade 1358 D D 0 DIAMANTINA Riacho 485 R D P A " 1260 DA 1370 Palmeiras de Rio de Contas 1138 " CHAPADA 1250 D D1104 Faz. Casquilho 440 R RN 285D Z D1375 io 1 D1274 1151 3 4 S B 0 1037D 1185 D1208 a 6 D 0 E 1990D D rr 0 R Faz. a 1370 R 1 1 " Rochoso 00 " Cachoeira 20 Faz. A 0 " " 0 857 D " 1290 1290 D D Várzea do Boi " B 1 " " 1 O 2 4 D 0 938D Faz. Mirante 0 " N 0 0 1203 I 84 I 0 Faz.Sempre- Viva T 80 T O D 14 D1149 1 S 1 0 428 1318 1157 4 D 4 20 1180 D D 1143 D " 8 0 1 A 0 I 840 1 N 1536 1235 950D 1155 " 1 0 Timbózin 6 J Faz. Santo Antônio 120 1483 D E ho 0 1 D o C D 0 " " D 0 5 6 0 11 0 " ã 12 6 1128D o O T 844

0 RN 61 1145 D 1164 D D R Rio 1124 D 0 Ê Á 144 1 1000 1268 D1111 1510 1439 1229 200 418 8544000 D D D 8544000 989 RN 285 DY D 1188 D 40 " D 0 Nascente do riacho 1170 1163 1242 " D 849 1 D D 899 Antônio João 4 1362 862 1669 D 0 0

1022 S D 1120 0 1 D 1 D 1 1204D 0 3 E 0 2 4 6 D875 1 " 1328 1025 0 934 1 0 1 0 D R 4 D 1 0 iac0 ho Antonio d 1221 6 0 00 0 Foz do r 0 1 0 e 1115 D 1062 D D R João no rio de Contas " D D 1395 1411 1370 D1117

D A " 1 1 0 B " Faz. Riachão 0 re 8 1278 " D992 ho jin 0 0 c 1 ho 0 0 ia 120 D 1175 R 1175 Faz. 20 " D 14 1 1530 1 00 870D 4 422 Sítio Ribeiro RN 285 X 4 1000 D " 852 D887 Faz. Baixa Mondé D 0 D D 985 1154 D Rochoso 1030 1114 4 D 1065 0 " D1469 D1028 0 RN 53 Sítio " D 1199 " 1149D 802 918 Faz. Sulina Passagem Funda D1390 D D 1207D R R 8540000 8540000 S i 1 i a D A 1 a 1092 1071 " D D " 2 c " " 1127 c N 991D 1 " 0 h h 0 0 1115D 431 T 8 0 " o 0 D 0 A D o " D D 0 0 1047 " C 0 " 1261 N 1 o D850 1 1085 1 " 1 1349 890 6 A 2 " n " 6 " 1 D 861 0 0 " ta 0 0 0 0 " s 8 D 385 Sítio Limoeiro " 1 0 1 D Rochoso Sítio RN 285 V 2 D 800 D 866 D992 D 0 D 1100 1170 Piauí 0 1 1191 35 " 1 0 0 1079 2 1 " " 71177 8 0 4 2 0 " 0 D 1125 " 4 836 " " D 0 " " D 1 D " 1 D D " D 6 1035 2 1229 1257 " 1170 D A 0 " Faz. Pedra Dura 1250 RN 60 1090 " 0 D D 0 Sítio Córrego " 0 Sítio Patazal " D T " D 932 " 1 858 o 774 D 2 1180 D R RN 54 Faz. Olho d' Água 1100 D " 1382 0 1150 b 0 1090 D 0 996 D 0 i 1 o D " 8 a D " D 3 r 790 c 860 775 D 2 o Faz. Água Branca 826 h " Foz do rio Riachão no rio Paraguaçu 0 u o D1190 1395 D745 0 D 1065 80 1 D Sítio Estivinha 12 D 4 D1055 804 " Sítio Barra 0 Alto da serra da 915 D 0 " D " 0 818 0 Faz. Cerco Chapadinha

8536000 D " 8536000 " D 832 " D Sítio Santana R 1148 D D 1168 1 " a ia Faz. Ibicoara 1084 866 " 783D 0 " t 1220 D R D 0 1039 " s c 1110 0 D " " li h 0 0 D 1067 RN 285 U " D 08 D i D " u o 1 0 1338 " o 0 " " " a ra 1169 8 Faz. P " a 1180 0 Faz. co 0 " 0 o i L 2 h Ib 0 1 Pedrinha Paulista " c " 0 " " a 1190 1 ia 12 985D " 786 m D 1151 1 1140 R " D D D Sítio Brejinho D 1 750 e 0 Faz. Boa Vista " o 1248 8 " D " g 0 i " re 8 Sítio Coqueiro r d P ã ór 0 0 " o 886 a C Sítio da Areia D980 o Faz. Paulista " o D h r " " in " Sítio Riachão Lagoa da Pedra 1203 rej a D " B " g C M Faz. Mandiocal " RN 57 831 D u é D D H 1051 0 1135 a a 1047D D s DABAÍRA 2 " c o 641 800 D 1 ç 1235 J RN 55 1 A h D894 R u D D 0 a i 609 S 1138 00 D a 1130 1 P 1 d E 1143 1 2 c D 2 852 742 R 0 0 0 o h D 2 12 4 0 A D1060 o 1 R a 1 1 0 o " t 1 1 Rochoso ã 0 0 A 1 D 1 RN 59 S 0 0 s 2 1 Sítio Fernando 8 800 D 0 li 1 D " 845 672 2 0 6 1042 D u 0 I 0 RN 58 0 N Riacho 687 820D a D 1270 " D " ão D D P 1142 roc 1020 D D " 748 r 1294 H 1010 771 Faz. Salgado D Ba Rochoso D 8532000 " " 8532000 RN 285D T D D A D " " Faz. Lameirão 1170 1046 808 " 836 950 D " Sítio Barrocão 1 Sítio Radiador D " " 1210 o 0 D 746 638 D d ) 0 1 1155 " " " 1 0 D D 1 D " " 4 878 ) 1158 " 2 " Faz. Passagem de " " " D 0 " " " " " 1498 0 " " 0 D o " " " 8 D 852D Pedra RN 56 " " " " 0 1138D " h " 0 761 1100 " " " " " c 1120 " D " 1232 " o " D Sítio Contagem 926 " h " " D " Á 597 D a " " gu " " " i c " F" az. Brejo Faz. Caldeirão a B a " " Faz. ra 903 " i " R " Faz. R n " R " " " ca 1065 " " ia Lagoin"ha Faz. Ibiquara o D Água Fria " D876 c rej " " h B " " " 1 D D o " " " " " 0 " 1135 1 o " " 0 d Faz. Tapera " 1130 " 20 2 " 11 D 0 D1182 " 0 " Sítio Riacho Seco RN 285 S 0 D 1190 " " Foz do riacho Passagem de D 750 D 1 " " " 1125 1168 1254D 835 937 D632 4 S D Pedra no rio Paraguaçu " D 0 " E " " 0 868 " 0 Faz. Bucânia R 870 " " " 0 2 R D 6 7 S i D 915 0 R D a 2 Lagoa Encantada 9 1070 E " " D 1210 " 1 1 A c " 770 950 R " " " " 1 5 h " D R o 8 D 2 1 Faz. Contendas " 0 Sítio Abóbora 0 Rochoso A " 1115 S 1 Sítio Olho d' Água Faz. 0 " " D 2 D 887 " 1072 0 894 Malhada " Faz. Funil E " R D 8528000 D i R 8528000 a D 8 897 916 c 00 " D h D R " 12 1178 " ã " 1610 A 0 Lagoa da Morro da Tapera " 1 0 " o " " " " 2 Caraíba 6 " Faz. Curralinho 0 " 0 " 1098 0 " " 0 " " " D " ra D " " " i D 860 " e 0 " " " 1138 " " " " u D ( " " q 2 1005 1183 " " RN 285R r 802 1 D D " D e 9 D 708 1228 1 da D909 D965 606 C 6 D940 " D Nascente do riacho Passagem 1 0 D D725 " 4 " de Pedra na serra do Sincorá 0 Faz. Barriguda 891 857 679 0 " D " D J " " D I 845 Faz. Volta Faz. Brejo de B"aixo B 1030 D 708 Ó zinho D C D 1077 gê 1050 I D cu ( " A D Mu a D900 1512 D l 685 D 815 ç D918 Faz. Lajedão D 0 D " o 703 a 922 ão 08 " h Cap 1 00 iac 950 go Faz. Campo Limpo 1 8 R D1016 D re 0 r " ó 1200 Rochoso 0 " " C o 1075 Sítio Surucucu " 0 D E 717D " g D P 1335 S " RN 285 Q e A Faz. Lajes D r " T 0 S 80 1230 r I 884 958 V " " " " T " " D ó D " 1 I A Faz. Cerqueira " 120 N C 1 1 1 8 8524000 H " R " " 4 4 8 8524000 D 0 8 D 8 D770 841D " ia Faz. 0 0 8 0 " O 1033 1095 8 1210 881D a D " 784 " c 0 0 633 1070 j D " " h " 0 1342 Pau Serrado 6 u 1 o " D 0 0 Faz. Lagoa do Felisberto " D 735 " S " ( D 0 0 " 1542 D 0 " " Sítio Vereda 1 O 830 " Sítio Pau de Óleo R Faz. Água Suja 2 D 890 " " 60 " 0 D c 901 0 0 " h 786D S D " 1 800 . E " 40 1034 696D " " D 0 D d R " " 624 890D 846 a " D D " " R " 1450 V Rio " 1 1470 " A D 8 a 4 8 D " c 825 0 0 a " D 705 1270 D 0 " " " M " " " 1 D o " " L 0 " Faz. Campinhos D " rt Sítio Anta Gorda a 1 a " 1198 4 892 je 0 D D Sítio Moenda 0 0 RN 285 P 0 0 Sítio Pedra de Amolar d 1405 4 1 a 0 1100 Sítio Bananal " 638D 882 D 1 2 " D 1251 0 " " " 595 " 864 0 Faz. Cruz " " o D 0 0 Faz. Abóbora Faz. S. Antônio in 6 " 4 8 Sítio Marquês F 0 0 1497 766 2 1 1012D 0 D 1 D 4 D 1 4 9 952 8 0 2 D 00 1100 0 " " " 922 00 796 D " 6 Faz. Confim Faz. Babilônia D Sítio Carrapato D1019 618 8520000 " D D " 8520000 Sítio Bebida do Gado 830 T 1230 " D 9 " 839 0 o E 6 r 0 D 0 I 0 Faz. 6 1152 u X 0 D 1288 0 O E Riachão 2 0 " 8 I gem do Riachão 1 1225 Á R Ponto na Passa 6 A 4 g D S Sítio Palmeira u 1198 0 a " I D N 862 Faz. Bonfim D785 200 D D876 RN 285 0 1 1175 " Faz. 656 1045 C D 1075 1 1280D a Ribeirão 678 1220 1 D 2 h " D 0 " in 1410 9 0 Faz. Campo Redondo 0 iv O 6 0 0 st 1270 Rochoso 0 D E D 34 " 844 " 9 R 1 6 12537 0 2 a " 0 " Á 2 0 u D D 9 g " 1020D D1110 o 0 " g Sítio Cachoeira 993 'Á e " 1420 ( 1 d 1022 rr 2 856D . D ó 1 tônio 0 1255 o ) D833 2 Sítio Espinho ant n Faz. Formosa 1205 h 0 D h C o A l 4 D " 1 S c O Faz. 0 1090 20 R r. 0 1 ór 800 Cabeça do B"oi " Faz. Umbu da Paca 1207 D D1210 io 0 C 1 0 D " R 0 826 D 2 4 1294 1405 0 " 0 D " 664 0 625 JUSSIAPE 860 D D 1230 0 1 7 " " 2 " 674 6 653 D anca " 0

Faz. Cachoeira " D r 1194 1205 4 B R a 0 u D D 1 " Ág a 1 851D6000 r i 8516000 i 1 o " IBICOARA 6 653 1490 1112 e " D 879 D D843 0 0 S o S " 1430 h uja ho 4 751 E c 0 1140 1330 D " c a R D a Faz. i RN 285 N 1301 " R D Faz. 0 D 6 R C " " 4 0 1075 S 0 A Água Br"anca" Espinho 1 2 1 D 6 " 1 i 3 0 " " D " 1272 n 689 6 0 643 0 " D c 0 1 0 900 796 Faz. S. Antônio 0 2 " " D o 2 8 " 1 " 9 2 0 0 1408 851 r 100 1 8 a á 0 2 D D " 1308D 0 D " 1441 1730 0 riacho Água h D 600 1410 " " D Faz. Foz do 925 0 " " n D " a 823 D i 1209 d Limeira de Contas nca Faz. Paixão Branca no rio Nascente do riacho Água Bra 1285 o 639 ( " D 6 " g 0 " 0 " " a ) 1 1 0 555 0 864 D L Faz. 4 S 0 " 1 " D 831 " 2 R 4 0 0 " " E iac 0 " Ponte de Roxo 0 1 ho D 8 Faz. Raposa 0 0 0 2 " P R 1 " " 1294 O " 1 " 0 R 8 " R 0 618 R 1 8 " 0 Faz. Lagoinha 2 D 3 A 0 " 0 " 1 1031 C 875 826 " " i Faz. Capão do Vale " Faz. " 8 S 2 0 0 D Sítio Barra a E D 0 O 0 1439 1 R D D D1322 " c Canjerana 2 Faz. Bananeira D D 0 1276 1 R 906 h R 1 0 A Faz. Lagoa do" D 4 D o " ã 1 823 1180 1213 0 1321 D1421 0 h I 815 D RN 285 M a Faz. 1493 D r o 1 2 1610 0 c Barro O D 2 0 1120 d 0 0 0 a 1305 0 12 0 Campo do Meio G 1419 i " e 1 0 D " D " " " " " " O 1540 R " " P D " 710D 1238 " R 8512000 D " 8512D000 D D D 1 R 1510 995 Faz. 24 591 O D 1479 " 1161 D 1258 0 u Rochoso i Sítio Novo D " Faz. Talhado D ç o 1178 e " " 6 d a 0 " 1312 0 D1060 0 u S 1042 0 0 D " 1 E 1380 T g

00 80 Faz. Morro Branco 2 1220 2 0 D a a " R 1 O D R " RN 285 L c 1 0

r r 0 R B i 1410 D 0

a D e A 951 a 1323 0 1429 I c Faz. Brejo R C D h 0 1092 D P 1215 A o 1020 1 D D 0 D 1 " 1190 1 8 4 8 o 4 822 855 2 D 0 0 " Faz. Tamboril D D g 0 0 D " " " e Faz. 1391 0 Faz. Lagoinha E D " 1 r 0 " " " D1250 r 1437 " " ó Capão de MeL " a " " " C v 1 D D d " " a 4 " o r 1470 " d "

0 o 1052 o R 1200 i 0 b 1420 D911 " " D R a 0 D Sítio Cerca de Pedra i 6 D d 8 " 8 0 1139 a

D R O i a n o 0 0 2 3 a

D805 0 c 1 RN 104 0 c s a rc 3 0

204000 208000 212000 216000 220000 224000 228000 1 232000 236000 240000 1201 244000 " 0 D 248000 252000 h 256000 0 260000 264000 o h D 0 0 1208 o 2

C P 1545D " " 2 1410 1218 o 0 1 1215 1 9 " C 2 D 567 " Faz. Riacho do 6 . B Faz. Palmeira o o 1 D D a S c 0 o t A h h B Cocal a a E c r N 1397 5 a l 1210 " 8 c d P D i " 1163 i 2 919 R " D 0 A c R Faz. 845 D 0 818 " 1195 S 8 R N D R 967 0 h 1339D 8 D " I 0 . E A 8 LOCALIZAÇÃO N V Lagoa Faz. 8 0 e h 0 o 0 " RN 285K D 0 C ndi a I D1022 0 Faz. " nha c d R 0 Laranjo 850 982 D 1339 u 0 O

) R Localidade A Sistema Viário Outros Usos a R C

s Á

813 O R 1182 9 " ch 0 978 0 1220 6 . 80 6 0 44°W 40°W Faz. Água Branca

N 3 6 1 40 1389 " 0 0 T 1260 6 6 1230 6 5 A Faz. da Capoeira 0 B o 1087 0 d 1 970 ñ a C 2 1 a 1048 6 h Cidade Rodovia Pavimentada Prefeitura 0 S 1194 B 872 3 1 r 0 653 c Faz. Contenda a 1 1 a I 240 2 r 840 9 571 0 F ia r 8 6 C p 80 1 0 1 a 6 0 u i 1050 0 8 865 0 0 200 178 s 0 0 Faz. União r R e 0 0 H o 0 1005 0 551 O 84 0 n o Rodovia Implant6ada æ 56 e 1370 1222 0 8 a h 4 0 c 951 705 Igreja ir s 653 a 0 Lagoa do 751 . C) Vila a 10°S 10°S Zumbi 653 754 ch 1215 880 Faz. Duas Ilhas ( R Rodovia Planejada ( å Escola Track de Campo ( Povoado Ý Cemitério Caminho Ö Lugarejo Ferrovia " Fazenda FONTE: Folhas Topográficas na escala 1:100.000 - SUDENE, 1976. 14°S 14°S Sistema de Transporte - DERBA, 2000-2004 e Localidades - IBGE, 2010. Ponte / Viaduto ²³ Edificação Pública e/ou Privada Hidrografia NOTA: Poligonal do município de Mucugê, traçada conforme Lei vigente 12.635, que atualiza os limites ²õ Área Recreativa do município de Mucugê, que compreende o Território de Identidade Chapada Diamantina, sancionada em 08/01/2013. Rio Permanente F Posto de Saúde Elementos e localidades utilizados na definição dos limites administrativos apresentam-se 18°S 18°S

destacados na cor magenta. o « ( Rio Intermitente Pontos de Referência Aeroporto Área urbana dos municípios atualizada através de Imagem de satélite LANDSAT 7 e/ou CBERS. Escala 1: 100.000 44°W 40°W Terreno Sujeito a Inundação D Cota Comprovada p Campo de Pouso 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 km

D Cota Não Comprovada Limites Î Porto ( ( PROJEÇÃO UNIVERSAL TRANSVERSA DE MERCATOR Limite Estadual D Referência de Nível Ì Mina / Garimpo DATUM HORIZONTAL : SIRGAS - 2000 / FUSO 24 S Limite Municipal 7 Ponto Trigonométrico ^ Farol ( Outros Limites ! Ponto de Limite l Posto de Gasolina Diretoria de Informações Geoambientais

( 168

ANEXO B – PLANTAS DO LEVANTAMENTO DO IPAC-BA

Fonte: Bahia (1980)

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Fonte: Bahia (1980)