Ocupação da época romana na cidade do . Ponto de situação e perspectivas de pesquisa.

Ocupação da época romana na cidade do Porto. Ponto de situação e perspectivas de pesquisa.

António Manuel S. P. Silva* *Arqueólogo. Câmara Municipal do Porto. Est. Doutoramento Univ. Santiago de Compostela (Historia I).

INTRODUÇÃO desde a década de 1980 têm tido lugar na área Os objectivos deste texto não são os de trazer do Município. Salvo casos de conhecimento novos dados ou propor soluções diversas para directo ou de trabalhos pelos quais fomos res- a questão historiográfica da localização do nú- ponsáveis, não recorremos à análise dos mate- cleo urbano de Cale mencionada nas fontes riais procedentes das escavações para efeitos clássicas e a sua ulterior evolução, através de de caracterização ou datação dos sítios. As- Portus Cale a ponto de em poucos séculos o sim, e considerando que são escassíssimas as topónimo ter evoluído para corónimo e desig- intervenções arqueológicas que se encontram nação de um condado e de um País. publicadas, recorremos apenas aos relatórios Deste debate, que leva mais de um século e técnicos, de onde decorrem sérias limitações, milhares de páginas de estudos (BRANDÃO nomeadamente pelo facto da maior parte dos 1965; ARQUIVO 1984), recolhemos natural- trabalhos terem produzido apenas relatórios mente informação valiosa e dela daremos bre- preliminares, pouco desenvolvidos e onde o ve nota. O nosso propósito, todavia, foi essen- espólio está sistematicamente ausente. cialmente o de reunir dados dispersos a partir Uma outra observação tem aqui cabimento, das fontes estritamente arqueológicas, que respeitante à valoração dos vestígios de épo- pelo facto de serem produto de trabalhos com ca romana detectados nas escavações feitas pouco mais de um quarto de século não pu- no Porto. Além dos locais onde foram recon- deram ser utilizadas, de um modo geral, pela hecidos níveis estratigráficos ou estruturas maior parte dos investigadores que ao longo romanas, registámos também os materiais do século XX se envolveram nas discussões avulsos encontrados em depósitos de aterro e sobre Cale e Portucale. Assim, pretendemos descontextualizados, mesmo que um simples fazer um ponto de situação sobre as origens do fragmento de tegula1, e os achados ocasionais, núcleo urbano do Porto, hoje em dia indubita- nomeadamente os mais antigos. Estamos cientes velmente reconhecidas como proto-históricas, de que um pedaço de mó giratória ou um boca- e sobre a sua posterior romanização, no qua- do de telha não são necessariamente um sinal dro da conquista e estabelecimento do poder de ocupação antiga de um dado local, e de que político-militar romano e subsequente proces- so de aculturação por parte das comunidades indígenas. 1 É bem sabido que a utilização de telha plana extrava- sou largamente o período romano. Porém, sendo muito A metodologia de que nos servimos compre- difícil, sem contexto arqueológico seguro, a datação dos endeu, para além da habitual revisão biblio- materiais cerâmicos de construção, considerámos con- gráfica, a inventariação e cartografia de todos vencionalmente em todas as ocorrências a tegula como de cronologia romana (o mesmo já não pode dizer-se do os achados de estruturas ou objectos de época imbrex, que nunca surge documentado nos achados dis- romana feitos na cidade do Porto, quer deco- persos pelo facto de ser confundido com a tradicional rrentes de descobertas ocasionais, quer pro- telha de meia-cana, ou “mourisca”, usada por todo o País venientes das intervenções arqueológicas que desde tempos antigos).

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os objectos viajam por vezes longas distân- ca, vários estudiosos começaram a sistema- cias em processos pós-deposicionais. Todavia, tizar os dados sobre as origens da urbe e da considerando a quantidade e a qualidade dos ocupação humana na região, afastando mitos elementos romanos respeitantes ao Porto, en- literários e conjecturas infundadas. Dessa fase tendemos que, pelo menos nesta fase, o regis- dos estudos históricos sobre o Porto, bem ilus- to e a cartografia sistemática desses pequenos trada em PINHO LEAL (1878:270ss.) ou nas achados têm uma utilidade que não pode ser Antiguidades do Porto de Simão Rodrigues descurada, sobretudo nas áreas da cidade onde FERREIRA (1875), obra bastante actualizada as escavações arqueológicas têm sido menos para a época e popularizada por dicionários e frequentes. Não obstante as nossas limitações, corografias (LEMOS 1910:814) resultavam um levantamento como este, com alguma ava- duas perspectivas: a que se referia aos pri- liação arqueológica e cronológica, encontrava- mórdios da ocupação humana, onde actuavam se por realizar, salvo pequenas compilações ou como entidades de análise as antas e mamoas, trabalhos académicos muito pontuais, de onde os castros ou os “galo-celtas” (nebuloso co- decorre ser o Porto com muita frequência se- lectivo que tanto aludia a invasores forâneos cundarizado ou tratado de forma demasiado como aos povos indígenas aqui estabelecidos genérica em estudos de mais amplo âmbito à chegada dos romanos); e a da fundação da geográfico, precisamente por falta de divul- cidade propriamente dita, “cercada de eleva- gação das pesquisas modernas. dos muros e ornada com todos os edifícios necessarios a formarem a sua grandeza”, na Em Anexo apresenta-se, com informação ne- definição de PINHO LEAL Id( .:273). cessariamente sintetizada em relação à versão original deste trabalho2, o corpus de sítios e Em relação a esta última, a tese dominante, e achados da romanização do Porto, bem como ainda de larga tradição no século XX, basea- a cartografia das ocorrências. A remissão para va-se nas supostas Actas do Concílio de o catálogo de sítios e achados é feita entre de 569, ou Parochiale dos Suevos, que distin- parêntesis rectos (por exemplo [7], [34]). guia o castrum antiquum da margem Sul do (Gaia) do castrum novum portuense, História e arqueologia das origens do Porto ou, na versão interpretada de Fr. Bernardo de As origens do núcleo urbano do Porto susci- Brito, “romanorum” o gaiense, “suevorum” taram a vários cronistas e outros estudiosos o do Norte, como adiante veremos. Assim, o diversas explicações mais ou menos fantasio- monte do Castelo de Gaia era considerado o sas entre os séculos XVII e XIX, teses tanto núcleo mais arcaico de povoamento concen- mais duvidosas ou mesmo extravagantes, trado da região, admitindo-se embora algum quando incidiam nos períodos mais antigos, estabelecimento humano, de menor expressão, para os quais se calam as fontes históricas e a Norte, com funções portuárias ou de apoio à só a arqueologia pode iluminar. Destas teo- travessia do Douro. O modelo fundacional da rias podem ver-se elucidativas sínteses na cidade atribuía apenas aos Suevos a criação da Descrição Topográfica da Cidade do Porto, urbe, se bem que começasse a intrigar alguns de 1788 (COSTA 2001) ou no bem conheci- estudiosos a rapidez com que o Porto – se fun- do dicionário oitocentista de PINHO LEAL dado tão tardiamente – alcançou pouco tempo (1878:270ss). depois tanta projecção regional, como sede de bispado e centro de emissões monetárias. Ao longo da centúria de Oitocentos, benefi- ciando já do aprofundamento do conhecimento Na monumental História da Cidade do Porto, histórico que resultava da ciência arqueológi- Damião PERES (1962) dedica desenvolvido capítulo às origens do Porto, acolhendo sobre- tudo as teses de Mendes Correia sobre a Civi- 2 Apresentado à Fac. de Geografia e História da Univ. dade e aproveitando alguns achados entretanto de Santiago, como Trabalho de Investigação Tutelado efectuados, como a ara aos Lares Marinhos ou no âmbito do Curso de Doutoramento do Autor, com o os fustes de coluna em calcáreo aparecidos na título “Ocupação da época romana na cidade do Porto. área da Sé anos antes. Durante os anos seguin- Reflexões sobre Cale ea romanização da fachada atlânti- tes as pesquisas histórico-arqueológicas sobre ca”, sendo tutor Manuel Villanueva Acuña, a quem apro- veitámos para agradecer o estímulo, apoio e orientação. a cidade quase se resumiram ao debate sobre

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Cale/Portucale, de que trataremos adiante, que das mais de três centenas de intervenções sem prejuízo de alguma actualização da carta feitas no Porto, nem 5% se encontrem publi- arqueológica regional (BRANDÃO 1977). cadas, e destas praticamente nenhuma com monografia integral, incluindo o estudo e ca- Foi necessário esperar pela década de 1980 racterização dos espólios. para que o desenvolvimento da prática arqueo- lógica em meio urbano levasse à plena con- firmação científica, através da identificação Cale nas fontes clássicas de estruturas e numerosos objectos, quer da São escassas as fontes clássicas que mencio- ocupação romana da cidade, quer sobretudo nam o topónimo CALE. Segundo revisão re- do núcleo indígena principal a partir do qual cente, o termo apenas aparece documentado se espraiou a cidade primitiva. Em finais des- no Itinerário de Antonino, na Cosmografia do sa década, o estabelecimento de um serviço Anónimo de Ravena e na Crónica de Hidácio, municipal de arqueologia, o Gabinete de Ar- bispo de Chaves (GUERRA 1998:369). queologia Urbana, permitiu sistematizar algu- A referência mais antiga encontra-se no desig- mas informações até aí dispersas e sobretudo nado Itinerário de Antonino, um roteiro viário implementar na gestão municipal, ao nível que parece datar do período de Diocleciano do licenciamento de operações urbanísticas, (compilado porventura entre os anos de 284 mecanismos de salvaguarda que obrigam à e 290, ainda que aparente aproveitar infor- avaliação prévia de todos os projectos cons- mações mais antigas), que regista o topóni- trutivos situados em zonas arqueologicamente mo CALEM como a última das estações viá- sensíveis (OSÓRIO; SILVA 1994; SILVA, A. rias antes de Bracara na descrição da via ab M. 2000a; 2003; 2004). Olisippone Bracaram Augustam (ROLDAN Assim, entre 1980 e a actualidade realiza- 1975:67; MANTAS 1996:209). ram-se na cidade do Porto mais de 350 inter- A Cosmographia do Anónimo de Ravena é venções arqueológicas, incluindo sondagens, uma compilação essencialmente do séc. VII, escavações extensivas e acompanhamentos porventura na tradição de um documento car- arqueológicos de obra, cujos resultados, na tográfico latino datável em torno do século sua imensa maioria inéditos, aportam dados III, que aliás poderá também ter servido de de interesse quer para o estudo da ocupação da fonte para a Tabula Peutingeriana (MAN- região na Antiguidade, quer para a compreen- TAS 1996:213-24). O cosmógrafo anónimo são da evolução da mancha urbana nos perío- alude à mesma estação viária, de forma apa- dos mais recentes. rentemente deturpada, como cenoopi docalo Todavia, como foi salientado em síntese re- (ROLDÁN 1975:123), expressão que Vasco cente para Espanha (RODRIGUEZ TEMIÑO MANTAS (1996:645-51) desdobra e inter- 2004), a arqueologia urbana tem potencialida- preta como duas estações viárias diferentes, des e grandes limites. Se por um lado possi- CAENO OPPIDUM e CALO, não deixando bilita o reconhecimento de numerosos sítios de ser pertinentes as dúvidas de J. ALARCÃO arqueológicos (e numa cidade, considerada (2005:305) quanto ao desdobramento. A. como um sítio único, numerosas sondagens GUERRA (1998:369), todavia, acolhe a opi- dispersas), gera uma mole imensa de infor- nião de Mantas, considerando a leitura CALO, mação que em curto espaço de tempo se reve- aparentemente um nome de tema em –o. la praticamente impossível de processar. Este A. GUERRA (Ibid.) refere ainda a variante problema, registado já há décadas em muitos CALE na Crónica de Hidácio, bispo de Aquae países, leva a que se acumulem nos arquivos Flaviae (Chaves), um texto de finais do sécu- dezenas de metros de relatórios e outros regis- lo V de grande significado para a história do tos e milhões de objectos se “reenterrem” em Noroeste peninsular. Todavia, as formas que depósitos, com escasso aproveitamento cientí- encontrámos nas três passagens da referida fico e social. Esta crise, ou fracasso, quase po- crónica onde o ocorre o topónimo são, segun- demos dizer, da arqueologia urbana torna im- do o texto crítico de A. TRANOY (1974), a profícuos, ou pelo menos difere largamente a partir do manuscrito berlinense: ad locum qui utilidade da maior parte dos trabalhos arqueo- portumcale appellatur (§ 175); Agiulfus… lógicos. Neste quadro, é bastante preocupante

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Portucale moritur (§ 187); e Portumcale Gália, Gerardo Vóssio emendou Gallia para castrum… inuadit (§ 195), com as variantes , emenda que foi aceite e reproduz- portugale, portocale ou mesmo portugali se- ida por muitos Autores, tanto por parecer alu- gundo outros manuscritos (TRANOY 1974, dir à Cale duriense como por eventualmente II: 156-62). Noutras edições, como a espan- ajustar­se à possibilidade da cidade ter sido hola de M. MACÍAS (1906), o nome de lugar de facto tomada por Perpenna, uma vez que surge, naquelas três passagens do Cronicão, aquele general esteve na Península por essa invariante como portucale. Assim, ainda que altura, no quadro das guerras sertorianas. A. GUERRA tenha considerado o termo gra- Na realidade, admitida a emenda de Gal- fado nos diferentes manuscritos da tradição hidaciana como um substantivo composto lia para Gallaecia por reputados estudiosos [portu(m)+cale], não nos parece despicienda como Leite de VASCONCELOS (1905:29; esta observação, considerando o profundo de- 1913:140; 1931) ou Adolf SCHÜLTEN bate filológico e historiográfico que os termos (1931:233), esta passagem literária constituiu Cale, Portus, Portuscale, Portucale e outros uma das peças basilares para a teoria desen- têm vindo a suscitar. volvida a partir de 1932 pelo Prof. Mendes Correia, que defendia que o núcleo popula- A estas fontes, a historiografia tradicional cional que deu origem à moderna cidade do deste tema acrescenta geralmente uma infor- Porto, a Cale das fontes antigas, estava situa- mação de Salústio, autor do séc. I a.C., trans- do na margem direita do rio Douro, num dos mitida por Sérvio no séc. IV, onde se leria, a pontos elevados da cidade, o morro da Civi- propósito da suposta tomada de Cale pelo ge- dade, vizinho da elevação da Sé (CORREIA neral Perpenna, a especificação de que este lo- 1932a; 1932b; 1934a; 1934b; 1935; 1936; cal se referia não a Cales, na Campânia, mas a 1938; 1940; 1950), tema a que volveremos. CALE, situada na Gália ou – como emendou o seu editor renascentista, Vossius – na Gallae- Na polémica que entretanto estalou sobre o cia. Se bem que muito controversa, esta fonte tema, logo alastrada à questão de Portucale revelase­ importante porque, a ser aceite, não e do berço, pelo menos corográfico, da na- só constitui a mais antiga referência a Cale, cionalidade portuguesa, outras opiniões se le- como lhe atribui um evento histórico preciso, vantaram, polarizadas, um pouco mais tarde, o da sua conquista pelo general romano Per- em torno de A. Sousa Machado, que recusou penna, ou Perperna, no ano de 74 ou 73 a.C., a validade do trecho de Sérvio-Vossio (mais informação que tem vindo a ser repetida acri- que de Salústio) para a indagação das origens ticamente por muitos autores. portuenses (MACHADO 1955; 1956; 1957; 1965a; 1965b; 1968a; 1968b; s.d.), mas para Sérvio Honorato, gramático do séc. IV, a quem as quais deu extraordinário contributo J. Pina se deve a transmissão de uma parte das obras perdidas de Salústio, comentando uma passa- Manique e Albuquerque, que a partir de uma gem da Eneida de Virgílio, Cales linquunt3, vê- detalhada análise da geografia militar da se- se na necessidade de esclarecer: Cales civitas est gunda fase das guerras civis da República, Campaniae; nam in Flaminia quae est Cale nomeadamente após a morte de Sila, entre o dicitur. Est�������������������������������������� et in Gallia hoc nomine, quam Sal- ano de 78 a.C. e a ditadura de Pompeu, pro- lustius captam a Perperna commemorat4. Ou pôs que as duas cidades designadas como seja, em tradução livre, “a cidade de Cales Cale por Sérvio seriam na verdade uma só, fica na Campânia, não é a da Flamínia, que se localizada na Península Itálica e num teatro chama Cale. E com este mesmo nome [Cale] de guerra onde também Perpenna se desta- há outra na Gália, cuja conquista por Perperna cou. é celebrada por Salústio”. Segundo este autor, a Cale situada por Salús- Por considerar erro de Sérvio ou desconhec- tio na Gallia ficava no antigo Ager Gallicus, er qualquer cidade designada como Cale na designado à época como Gallia Togata (por ser uma circunscrição senatorial e de romani- 3 Ou seja, “deixam Cales” (Eneida, Canto VII, 728). 4 Vd. por exemplo MACHADO s.d.:18; CORREIA zação antiga) após a sua separação da Gália 1940:182; ALBUQUERQUE 1962. Texto disponível Cisalpina. Aquele uicus, onde curiosamente em http://www.attalus.org/latIn/sallust3.html. existiu também uma mutatio da Via Flaminia,

216 | REVISTA DE ARQUEOLOXÍA E ANTIGÜIDADE Ocupação da época romana na cidade do Porto. Ponto de situação e perspectivas de pesquisa. corresponde à actual comuna de Cagli5. Com a to fundamental, que voltaremos a abordar, o remodelação administrativa de fins do século II a Parochiale suévico, de finais do século VI região tomou o nome da estrada que a atravessava (DAVID 1947), o qual, ao distinguir o castro a partir de Roma, a via Flaminia, e no século IV, novo da margem direita do Douro do Portu- no tempo de Sérvio, constituiu a Provintia Flami- cale castrum antiquum do lado Sul, alimentou nia, assim se justificando quer a explicação de um século de debates que não estão ainda ca- Sérvio, quer a indicação original de Salústio, balmente solucionados. que erroneamente Vóssio terá alterado (AL- BUQUERQUE 1962). O debate historiográfico sobre a localização No segundo aspecto em que a citação de Sér- de Cale vio-Vossius pode interessar à história hispâ- A disputa sobre a prioridade fundacional ou nica, admitindo-se a justeza da correcção do importância relativa dos dois núcleos habita- humanista, ou seja, a suposta expedição de dos desde há muito numa e noutra margem Perpenna à foz do Douro por alturas de 74-73 do rio Douro – Porto e – a.C., as opiniões dos especialistas denotam bas- acompanha desde sempre a historiografia por- tante cepticismo. Se alguns Autores a admitem tuguesa, tema tanto mais estimulante quanto sem crítica, como LÓPEZ-CUEVILLAS (1989 releva para a própria explicação da génese da [1953]: 336), RODRIGUEZ COLMENERO designação do País. (1979:17), Alain TRANOY (1981:130), Vas- Em 1964, por ocasião de uma exposição bi- co MANTAS (1996:640) ou A. C. Ferreira da bliográfica sobre o tema, elencavam-se já, em SILVA (1994:82; 2000:98); Jorge de ALAR- repertório naturalmente não exaustivo, cerca CÃO considera-a “uma duvidosa referência de 120 estudos e trabalhos sobre as origens do de Salústio” (1988:24) e “notícia literária mui- Porto e a questão de Cale>Portucale>Portugal to controversa” (1990:349), enquanto Carlos (BRANDÃO 1965). De então para cá, várias FABIÃO considera bastante improvável que dezenas de títulos foram acrescentados à lis- Perpenna, numa altura já de declínio militar, se ta (ARQUIVO 1984), se bem que a partir da deslocasse à fachada atlântica para conquistar década de 1980 o debate pareça ter esmo- uma posição tão afastada das anteriores frentes recido um pouco, curiosamente a partir do de combate (1992:221-2). momento em que, finalmente, a arqueologia Desta forma, com a devida segurança, ficam podia começar a dar alguns contributos para as fontes literárias respeitantes a CALE reduzi- a discussão, que durante décadas se revelou das ao testemunho do Itinerário de Antonino, acesa, quando não mesmo extremada, pelos de finais do séc. III, e à listagem do Anónimo partidários das diferentes teses. Neste ponto, de Ravena, documento mais tardio mas que mais não pretendemos que esboçar algumas poderá traduzir, também uma situação relati- linhas gerais desta controvérsia. A escassez vamente coeva da do primeiro itinerário. Infe- de fontes levou a argumentação até à exaus- lizmente, a epigrafia tem-se mantido comple- tão e a conjecturas das mais inesperadas, entre tamente muda acerca deste nome de lugar, não o plausível e, por vezes, o risível. Por outro interessando ao nosso propósito as diversas lado, o tema, que tem sido mais historiográfi- inscrições do Noroeste que registam o etnó- co que arqueológico, rapidamente se adentra nimo Callaeci, sob qualquer das suas formas. pelo período medieval, época que escapa aos propósitos deste ensaio. Aliás, a partir do século VI, com a excepção, tardia, da Cosmographia do ravenate, as fon- A visão mais tradicional sobre a ocupação ar- tes calam-se acerca de CALE para dar lugar caica da foz do Douro defende a maior anti- às formas PORTUCALE, PORTUSCALE, guidade do pólo gaiense, como pode ler-se já PORTOCALE, ou afins, como pode ler-se em na Crónica de D. Afonso Henriques, de Duarte moedas visigodas cunhadas nesta ceca entre Galvão (1435-1517): “…antigamente sobre o os séculos VI e VII (GARCIA 1947; MAR- Douro foi povoado o Castello de Gaya, e por QUES et al. 1995), ou num outro documen- aportarem ahi mercadores e navios, e assi pescadores pelo Rio dentro ancorarem, e es- 5 Vd. por exemplo http://www.comune.cagli.ps.it/gui- tenderem suas redes da outra parte para isso de/history.htm. mais conveniente, se povoou outro lugar, que

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se chamou o Porto, que ora é cidade mui prin- l’appui de la thèse qui place sur la rive gauche cipal” (GALVÃO 1906:43). le Cale primitif, le Portus Cale des Romains”, atribuindo aos Suevos a fundação do Portuca- A historiografia oitocentista, com destaque le da margem direita (Idem: 79). para Alexandre HERCULANO (1846:445) continuou a acentuar a primazia do núcleo da Na linha de Herculano, José Augusto FE- margem esquerda do rio, onde teria sido não RREIRA (1923-1924) e Alberto SAMPAIO só a Cale do Itinerário de Antonino, como (1979 [1923]), defendem também a locali- também o primeiro Portuscale (= porto de zação de Cale na margem esquerda, onde de- Cale), progressivamente alargado, por ra- pois assentaria o Portucale castrum hidacia- zões operativas, a um ponto de passagem (e no; na margem direita, achava-se em tempos de chegada, para quem pela mesma estrada do bispo flaviense, e apenas na área ribeirinha, se deslocasse de para Sul) na margem o Portucale locum, precisamente ad extremas Norte, onde existiria apenas um aglomerado sedes Gallaeciae, como também precisa o cro- discreto, tendo sido a verdadeira cidade fun- nicão (TRANOY 1974:154). dada apenas em época sueva ou mesmo, no Esta pequena povoação, estabelecida “em sítio dizer de Herculano, bem mais tarde, “quando capaz de ser facilmente atracado pelos barcos, as conquistas dos cristãos se dilataram até o que completavam a via interrompida pelo rio Douro (…) fundaram um castelo no mon- e indispensável, quer para abrigar os passagei- te mais eminente da margem direita, onde ros do norte quando por força do temporal a hoje existe a catedral” (Ibid.). Gradualmente, travessia exigisse demora, quer para entrepos- ainda segundo este historiador, as duas po- to das mercadorias da Gallaecia” (SAMPAIO voações ter-se-iam ligado numa única comu- 1979 [1923]:15), não carecia sequer, segun- nidade, à medida que o território portucalen- do este autor, de aglomerado similar do lado se se alargava quer para Norte, quer para o Sul, sendo bastante para tal função o reduto Sul do Douro. fortificado no alto do actual Castelo de Gaia, Esta visão do desenvolvimento histórico da continuando o historiador: “os dois «Portuca- foz do Douro alimentava-se, documental- le», adstritos ao serviço da estrada, completa- mente, de duas fontes das que já elencámos. vam-na pelo transporte fluvial das pessoas e Por um lado, das referências da Crónica de mercadorias, pouco ou nada se ocupando de Idácio ao portumcale locum e ao portumcale empreendimentos marítimos, aliás nas duas castrum, onde pretendeu ver-se dois núcleos margens até à Foz se encontrariam ruínas de habitados distintos e a primazia resultante da construções apropriadas” (Idem, Ibid.). fortificação do segundo; por outro, à clara dis- Apesar das evidentes fragilidades desta tese, tinção que nas supostas actas do Concílio de puro exemplo determinista de uma estrada que Lugo de 569 – a Divisio Theodemiri, ou Paro- faz um lugar, e do aspecto curioso de Alberto chiale dos suevos –, igualmente se faz entre as Sampaio justificar o desinteresse dos autócto- povoações fronteiras. nes pelo Atlântico pelo facto de não se terem Na verdade, neste documento, uma listagem encontrado vestígios materiais de instalações de paróquias com atribuição às dioceses res- a isso destinadas, a proposta, que aqui apenas pectivas, com data crítica entre 572 e 582 (DA- esboçámos6, recolheu entusiástico apoio de Lei- VID 1947:68), refere-se quer o Portucale cas- te de VASCONCELOS (1931), que dela discor- trum antiquum, de obediência ao bisp ado de dou essencialmente acerca da localização da Cale Conimbriga (logo, na margem sul do Douro), do roteiro viário, que não considera provada quer, já como sede episcopal (sedem Portu- situar-se a sul do curso fluvial, se bem que en- galensem), o castro novo situado na margem tenda ser perto da foz do rio. Norte (Idem: 34-7). Num dos manuscritos do Parochiale (transmitido por Fr. Bernardo de Brito, cronista de fiabilidade duvidosa), 6 Com efeito, Alberto Sampaio, e na sua linha outros estudiosos, aduzem outra documentação, já plenamente adjectivam-se mesmo ambos os locais: castro medieval, para justificar as permanências e mutações co- novo Suevorum e Portucale castrum antiquum ronímicas da área e o modo como deste humilde núcleo Romanorum, precisões que Pierre David acol- litoral cresceu o germe que viria a identificar uma região, he como “un des plus solides arguments à promover um condado e dar sentido a um País.

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A partir dos começos da década de 1930, o entre o espólio (CORREIA 1950). Fosse como debate sobre as origens do núcleo urbano do fosse, estava redescoberta a Cividade portuen- Porto polariza-se em torno da figura de Men- se, que correspondia, na topografia da cidade des Correia. N’As origens da cidade do Porto contemporânea, não só à elevação do Corpo (1932) pretende assentar em dados arqueoló- da Guarda como também, no sopé a Poente, gicos a ocupação antiga do Porto e região en- a toda a zona onde haviam sido construídos volvente, à semelhança do que, poucos anos os mosteiros de S. Bento da Avé-Maria (en- antes fizera Rui de Serpa PINTO (1927); e tretanto demolido para a edificação da estação como fizera este investigador, publica também ferroviária de S. Bento) e dos Lóios (Fig. 1). um cartograma assinalando diversos sítios ar- Que esse local da antiga Cividade era o be- queológicos, achados e topónimos sugestivos. rço do núcleo urbano do Porto, cria-o Mendes Considerando a fragilidade dos argumentos Correia com convicção; que correspondesse com que a maioria dos Autores situara Cale também à estação romana ou sítio indígena de a Sul do Douro, baseia-se essencialmente nas Cale, admitia-o, certamente, mas apenas como mesmas fontes literárias (o Itinerário de Anto- uma hipótese (CORREIA 1936:9). nino, Idácio de Chaves, o Parochiale e, natu- Numa longa série de conferências, comuni- ralmente, o trecho de Sérvio-Salústio alterado cações a colóquios, artigos e livros, Mendes por Vóssio) para defender a predominância do Correia reitera e aprofunda as suas ideias nos assentamento setentrional, mas acrescenta-lhe anos subsequentes, esgrimindo argumentos uma descoberta que entende decisiva. históricos, arqueológicos, filológicos e toponí- Alertado para a existência do topónimo anti- micos e ocasionalmente polemizando mesmo go Cividade – que relacionou com a ciuitas de com Autores de que discordava (CORREIA Cales noticiada por Sérvio na Campânia – na 1932b; 1934a; 1934b; 1935; 1936; 1938; área da cidade do Porto, Mendes Correia tin- 1940; 1950). Na mesma linha, com diferenças ha vindo a localizar uma série de documentos mais ou menos pontuais, de ênfase ou loca- medievos e modernos, o mais antigo remon- lização dos pontos de atravessamento do Do- tando ao ano de 1307, que não só confirmavam uro, merecem destaque os trabalhos de Artur o microtopónimo, como permitiam localizá-lo de Magalhães BASTO (1940; 1948; 1963). numa elevação existente um pouco a Nor- Na década de 1960, após a morte de Mendes Noroeste do morro da Sé ou da Pena Ventosa Correia naquele ano, o debate é animado par- (Fig. 1), onde tradicionalmente era apontada ticularmente com a realização dos Colóquios a maior probabilidade de estarem preservados Portuenses de Arqueologia (1961, 1962, 1964, eventuais vestígios antigos, nomeadamente 1965, 1966), que chegaram a ter secções pró- do castro novo citado nas actas do concílio de prias para a discussão do tema. Os aprofunda- Lugo (CORREIA 1932a:36ss.). dos e bem documentados trabalhos de Antó- Entusiasmado com a descoberta, em Abril nio de Sousa MACHADO (1955; 1956; 1957; desse mesmo ano empreende escavações ar- 1962; 1965a; 1965b; 1968a; 1968b; s.d.) e a queológicas (as primeiras realizadas no Porto, síntese de Torquato Sousa SOARES (1962) deve sublinhar-se) em terrenos de umas casas recentram na margem esquerda do Douro o ao Largo do Corpo da Guarda. Os resultados núcleo povoado original e a estação viária destes trabalhos não foram particularmente romana, se bem que admitam (doutra forma animadores, como honestamente reconheceu. não faria sentido) um cais de atravessamento Se bem que tenham sido encontrados “restos em cada uma das margens. A proposta de T. duma parede de pedra solta”, a quatro metros S. SOARES (1962:145-155), muito próxima de profundidade, com a disposição de um arco da de Sousa Machado, é que a povoação Cale de círculo, sugerindo os alicerces de uma “ca- original ficaria na margem esquerda do Douro, bana circular citaniense”, os achados de frag- criando-se um segundo núcleo, Portus Cale, mentos cerâmicos, pregos, moedas, ossos de na confluência da via romana com o Douro. animais, etc. não poderiam datar-se para além Mais tarde, com a decadência do castro (Cale), dos tempos medievos (Idem; ibid. 52), se bem a designação Portucale ter-se-ia alargado ao que em trabalhos posteriores admitisse a exis- povoado original e ao da outra margem, onde tência de alguns materiais castrejos e romanos o único núcleo povoado assentava em Mira-

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gaia, cais e local de travessia do rio, enquanto dos núcleos urbanos do Porto e Vila Nova de na Pena Ventosa nunca teria havido qualquer Gaia, não puderam contar com as informações povoação, quando muito algum templo pagão. que a arqueologia trouxe a estas duas cidades a partir das últimas décadas, o que actualmen- Divergem os dois autores, entre outros aspec- te altera bastante os dados do problema. tos menos relevantes, na localização do Portu- cale da margem Norte, que Soares coloca na praia de Miragaia, a Poente da Pena Ventosa, Os dados arqueológicos. Dos achados avul- e Machado no sopé do morro, onde o Canal sos à moderna investigação arqueológica Maior, ou Rio da Vila, desaguava no Douro. A evidência arqueológica da ocupação da Ambos propõem que o atravessamento a partir cidade na época romana remonta ao último de Sul se fizesse sensivelmente na enseada de terço do ao século XIX. Por alturas de 1868 Quebrantões, cerca de 2,5 kms a Nascente do dragagens relacionadas com a melhoria das Portucale castrum (actual Castelo de Gaia), o condições da barra do Douro para a navegação que nos custa um pouco a entender, uma vez e a construção do trouxeram à que obrigaria à descida de um apreciável troço superfície uma estátua romana [3] que ainda de rio, fosse para desembarcar em Miragaia, hoje é a única encontrada na área da cidade, fosse na foz do Rio da Vila. mas cujo achado não parece ter suscitado na altura particular entusiasmo, tendo ficado Entre muitos ensaios meramente repetitivos abandonada na praia até que em 1886 Pos- de teses alheias ou com propostas mal funda- sidónio da Silva a adquiriu para o Museu do mentadas, merecem ainda destaque neste pe- Carmo, em Lisboa7. ríodo alguns estudos de Rogério de AZEVE- DO (1960; 1965; 1966; 1968), Luís de PINA Trata-se de uma figura masculina togada, em (1965), Xavier COUTINHO (1968), Pereira granito de grão grosso, de feitura rude deco- de OLIVEIRA (1958; 1973) e Pina Manique rrente da matéria-prima e do natural desgas- ALBUQUERQUE (1962; 1978), o primeiro te, de dimensões um pouco inferiores à escala destes trabalhos particularmente interessante natural, pois mede de altura 1,23 metros. O por deslindar o erro de Vóssio na inoportuna indivíduo está representado em pose solene, emenda de Sérvio que tanta tinta por cá fez com a perna esquerda levemente avançada e correr. A generalidade destes autores alinhou, a cabeça ligeiramente voltada à direita; veste com pequenas variantes, pelas teses de Macha- uma túnica curta e toga, apertada por um cin- do e Soares. Na História da Cidade do Porto to, cujas dobras estão representadas de forma dirigida por Damião Peres e António Cruz, o esquemática; o braço direito, truncado, está primeiro mostra-se todavia relativamente neu- flectido sob a vestimenta e repousa na dobra tro, limitando-se a expor as diferentes propos- da toga, enquanto o braço esquerdo, pendente, tas interpretativas (PERES 1962), talvez pela segura um objecto indeterminado (SILVA, A. própria natureza da obra. Entretanto, a maior M. 2006). parte dos investigadores desinteressou-se um A efectiva cronologia e contexto arqueoló- pouco da Cividade “descoberta” por Mendes gico da peça não são totalmente pacíficos. A Correia, abordada apenas por detalhes históri- escultura é datada do séc. I pela maioria dos cos ou toponímicos (MARÇAL 1967; 1968). estudiosos que a referiram (GARCIA BE- Num dos seus últimos textos sobre o assunto, LLIDO 1949; MATOS 1966; 2005; SOUZA A. Sousa MACHADO (1968a:52) começou 1990; SCHATTNER 2003; 2004), consideran- com um desabafo: “O problema de Portuca- do mesmo Thomas SCHATTNER a estátua do le parece ser um problema eterno”. Como é Porto como exemplo quase singular do “mo- próprio da indagação do passado humano, so- mento de introdução da escultura monumental bretudo quanto é tão grande a escassez de fon- no Noroeste hispánico (2004: 22). GARCÍA tes escritas ou outros testemunhos notórios, o BELLIDO, na mesma linha, comentara já que progresso da investigação faz-se muitas vezes esta peça “es de interés para conocer el arte apenas à custa de hipóteses e conjecturas. Na 7 Na versão do Catálogo do Museu do Carmo (Catalo- verdade, os estudiosos que durante os primei- go…1891); segundo outras versões da época, a peça terá ros três quartos do século XX se empenharam ido para Lisboa logo na altura em que foi recolhida do em propor soluções para as origens históricas rio (COUTINHO 1968).

220 | REVISTA DE ARQUEOLOXÍA E ANTIGÜIDADE Ocupação da época romana na cidade do Porto. Ponto de situação e perspectivas de pesquisa. popular lusitano-romano de época flavia, en Nos começos do século XX, para além da la que probablemente se labró” (1949:192), notícia de alguns achados avulsos, como a observando, todavia, que, pelas características de um tesouro numismático proveniente da da vestimenta, melhor deveria “datarse en área de Miragaia, composto por uns milhares la segunda mitad del Siglo I antes de J. C.” de moedas romanas [4], entretanto perdidas (Ibid.), dúvida que não mereceu comentário à (HIPÓLITO 1960-61), a consideração da im- generalidade dos autores, com excepção de M. portância dos vestígios arqueológicos para Barroca, que não tem dúvidas em classificar a o estudo das origens da cidade reacende-se estátua como uma encomenda, “copiada dos na sequência do interesse de Mendes Correia modelos clássicos” do bispo renascentista D. pela localização do topónimo Cividade, le- Miguel da Silva (14801556).­ vando a descobertas pontuais de materiais cerâmicos e outros vestígios romanos, quer Este prelado, que aprendeu em Roma o gosto nas pesquisas conduzidas por aquele au- pelos estudos humanistas e pelas antiguida- tor na própria Cividade (CORREIA 1932a; des clássicas, fez construir na foz do Douro, 1934a; 1935; BARROCA 1984; GONÇAL- a partir de 1528, um complexo monumental VES 1984), quer sobretudo em resultado das que envolveu uma nova igreja matriz, com profundas alterações urbanísticas resultantes paços abaciais anexos, para estanciar quando da abertura da Avenida D. Afonso Henriques viesse ao Porto, o farol de S. Miguel-o-Anjo e e do arranjo da envolvente da Sé do Porto, outras construções vizinhas, designadamente de onde decorrem diversos achados nos anos um templete com colunas erigido nas águas do 1940-50, nomeadamente alguns monumen- Douro, de onde porventura o togado pode ser tos epigráficos e restos arquitectónicos, a que proveniente. Aí terá estado, à maneira de Por- nos referiremos. tumnus, deus romano das estruturas portuárias (identidade iconográfica mais clara ainda se Vários ensaios de síntese vieram entretanto a for interpretado como uma chave o objecto lume, articulando os escassos dados arqueo- que a figura segura na mão esquerda, dada a lógicos com inferências toponímicas e infor- associação de Portumnus com Janus, deus das mações recolhidas em documentação históri- portas e das passagens, que tem a chave como ca. Após o esboço pioneiro de Serpa PINTO atributo corrente), a indicar a entrada da ba- (1927), Mendes Correia traçou as linhas gerais rra aos nautas, segundo celebra uma inscrição da evolução do povoamento entre a pré-histó- que mandou lavrar no farol e sugerem alguns ria e o domínio romano, plasmadas na céle- testemunhos (COUTINHO 1965) e revisão bre “Carta do Porto Pré-e Proto-histórico” do recente (BARROCA 2001). Assumindo-se Instituto de Antropologia do Porto (CORREIA esta possibilidade, a origem precisa da estátua 1932a; 1935; 1938), elemento de referência ficará ainda mais indefinida, uma vez que D. que se manteve relativamente actualizado Miguel era um coleccionista de antiguidades durante quase meio século. A visão do Prof. com relações com a área de Viseu, de cuja sé Mendes Correia sobre as origens da cidade se- foi titular, zona de onde o monumento pode ria consagrada, completada com novos dados também ser originário, quer seja romano, quer e uma visão historiográfica naturalmente mais se trate de uma imitação renascentista (SILVA, moderna, na História da Cidade do Porto de A. M. 2006)8. Damião PERES (1962), que representa um

8 Em desabono da sugestão de M. Barroca, entendemos já notado por Garcia y Bellido, que o artista pôs no pre- que D. Miguel da Silva, habituado ao mecenato de bom gueado da vestimenta, ao invés do rosto ou outros traços gosto de Roma e que por cá deixou materializado em distintivos do personagem, tratados com menor habili- várias obras de arte, não deveria contentar-se – a acei- dade. Ao contrário dos retratos lavrados em contextos tar-se a tese da encomenda por parte do prelado – com mais eruditos, em que interessava que a representação uma imitação tão grosseira e popular de uma divindade do indivíduo (mais que o traje, que era o comum na sua antiga. Quando muito, haveria de curar para que a obra posição) fosse o mais fiel e conseguida possível; na arte escultórica se fizesse, senão já em mármore, pelo me- de aculturação, seria por vezes o exacerbar das vestes nos em boa ançã de Coimbra. Pelo contrário, a favor da que melhor traduzia a romanitas daquele que se fazia origem indígena da escultura, se bem que em ambiente representar. romanizado, naturalmente, joga o ênfase algo exagerado,

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balanço da arqueologia portuense da primeira simplesmente a área coberta pelas sondagens metade do século XX. não é bastante para delinear qualquer planta ou permitir interpretações mais arrojadas. As A moderna actividade arqueológica na cidade ruínas mais expressivas encontraram-se na do Porto inaugura-se em 1980, ano em que Rua D. Hugo, 5, na Rua de S. Sebastião, no uma intervenção realizada na Praça da Ribeira Largo do Colégio, 9-12, na Rua de Santana, (SILVA, A. C. 1980; 1984a) constitui o pri- nº 25 e, por fim, na Casa do Infante9 (Figuras meiro sinal da necessidade de fazer acompan- har os trabalhos de recuperação arquitectónica 7 e 8). e reabilitação urbana das áreas degradadas do Na rua D. Hugo, 5 [23] apareceu, como dis- centro histórico do Porto das correspondentes semos, parte de uma construção de planta or- acções de salvaguarda e investigação arqueo- togonal, com as esquinas arredondadas, com lógica. pavimento interno empedrado, de blocos de pequena e média dimensão. As dimensões Em 1984 iniciou-se a importante escavação na máximas dos muros eram de 2,3 x 1,10 me- casa da Rua D. Hugo, nº 5, no coração do mo- tros e encontrava-se sobreposta e truncada, a rro da Sé ou da Penaventosa [23], que viria a Nordeste, pelo que pareceu ser a face de uma proporcionar as primeiras estruturas castrejas muralha baixo-imperial. e romanas encontradas na cidade, associadas a espólio e estratigrafias seguras (REAL et al. No subsolo da designada “Casa Amarela” 1985-86; REAL; OSÓRIO 1993). De forma [24], um imóvel do gaveto da Rua de S. Se- clara, verificou-se que o povoado indígena da bastião com a Rua da Penaventosa, apare- Idade do Ferro, com origens no Bronze Fi- ceram vários tramos de muros, que parecem nal, se situava de facto naquela elevação da configurar um ou dois compartimentos de pla- Penaventosa e não, como supunham Mendes no ortogonal. No exterior, todavia, uma outra Correia e outros na sua esteira, na vizinha coli- intervenção [39] pôs à luz do dia os restos de na da Cividade. Nos anos subsequentes foram uma construção de planta rectangular de que ainda realizadas outras intervenções, sobretu- se via apenas um dos lados menores. Anexo do por parte dos arqueólogos municipais, com a este edifício existia um pequeno comparti- interesse para a ocupação romana da cidade, mento cujas paredes se encontravam interna- como as do Castelo de S. João da Foz (1987- mente impermeabilizadas, junto à base, como 1992), onde apareceu, reaproveitada, uma ara para conter água ou outro elemento. romana [25], Morro da Cividade (1990-91) Na Rua de Santana, nº 25 [45], encontraram- e Casa-Museu Guerra Junqueiro (1994-96), se restos de dois muros tardo-romanos, rela- também na Rua D. Hugo. Por essa altura, tivamente estreitos, que se encontravam em (1994) a arqueologia comercial faz a sua apa- ângulo levemente obtuso, medindo respecti- rição na cidade, sendo de então para cá prati- vamente 3 e 2,6 metros de extensão. No Lar- camente toda a actividade arqueológica feita go do Colégio, 9-12 [52], por sua vez, apare- nesse regime. ceu parte de uma habitação, definida por uma construção angular, com um piso em saibro Vestígios arqueológicos da romanização na endurecido, sobre o qual se detectou uma la- cidade do Porto reira delimitada com pequenas pedras, tendo Arquitectura urbana um dos muros sido interpretado como exterior e outro como de compartimentação interna. Pouco pode ainda dizer-se, com base nas es- truturas arquitectónicas identificadas no casco Os edifícios romanos da Casa do Infante [27] histórico, das técnicas construtivas ou tipolo- serão, até à data, os mais notáveis descobertos gias arquitectónicas do período da ocupação na cidade (Fig. 3). Trata-se de ruínas de vários romana do aglomerado. Têm aparecido tra- edifícios, cujo faseamento cronológico e inter- mos de muros romanos, correspondentes a pretação planimétrica permanecem ainda em estruturas habitacionais ou de outra natureza, em várias intervenções arqueológicas, mas na 9 Para não sobrecarregar em demasia o texto omitimos generalidade esses restos construtivos ou se por vezes na referência aos sítios e achados a indicação da bibliografia técnica, que pode ser vista no Inventário acham já bastante destruídos e truncados, ou anexo.

222 | REVISTA DE ARQUEOLOXÍA E ANTIGÜIDADE Ocupação da época romana na cidade do Porto. Ponto de situação e perspectivas de pesquisa. estudo. Uma das construções, todavia, corres- “composição linear de arcadas de peltas em ponde a parte de uma residência, de orientação arcos geminados”, na cercadura, e “compo- NO./SE., com cerca de 24 x 20 metros, com- sição ortogonal de rodas de peltas com nós posta por vários compartimentos dispostos em de Salomão ao centro” (DORDIO, no prelo); torno de um pátio lajeado de planta rectan- o mosaico II é um “mosaico de tapete único gular, lajeado, encontrando-se os pavimentos de composição ortogonal e painel quadrado de dois desses compartimentos revestidos a axial interrompendo a composição”; mostra mosaicos (DORDIO, no prelo; SILVA, A. M. uma composição linear de círculos secantes 2005), enquanto a parede da ala Sul, situada e tangentes determinando fusos brancos e es- numa zona de maior pendor no sentido do rio, camas afrontadas”, na margem, sendo a zona exibe contrafortes exteriores, sugerindo a pos- central definida por uma “composição - orto sibilidade da existência de diversos pisos. Nas gonal de quadrilóbulos de peltas flanqueando proximidades, sem que possa determinar-se um quadrado com quatro folhas tangentes e qualquer associação a este edifício, localizou- florzinhas em cruz nos intervalos” (Idem). No se um poço circular. quadro inserto, enquadrado por várias séries molduradas, não se conservou o tema central. A planta destas ruínas permite identificar uma P. Dordio propõe para estes mosaicos uma da- residência urbana de prestígio, articulada em tação dentro do séc. IV, consistente com a pro- redor de um pátio aberto, que podemos conjec- posta para a generalidade das ruínas romanas turar ser uma parte posterior da casa, se con- da Casa do Infante (Ibid.). siderarmos a inexistência de qualquer implu- vium ou estrutura porticada, mais próprios de Outros restos de construções romanas, de me- um pátio nobre de recepção. Estas construções nor expressão, foram localizados na Casa-Mu- têm sido interpretadas por M. Real, coorde- seu Guerra Junqueiro [28], no Largo Dr. Pedro nador do projecto de investigação da Casa do Vitorino [38], em escavações recentes no pátio Infante, como um “palácio romano, datável do da sacristia pequena da Sé do Porto [76] (Ruí- séc. IV, com um grande armazém voltado para nas 2004) e numa pequena sondagem efectua- a zona portuária”, sugerindo-se mesmo que tal da no nº 56 da Rua Mouzinho da Silveira [66] edifício pudesse ter tido “funções aduaneiras (ALMEIDA; ALMEIDA 2002), aqui com a ou, pelo menos, de apoio à actividade portuá- particularidade de estarmos já no sopé do cas- ria, já que possuía um grande armazém liga- tro, fora dos respectivos muros. do à praia fluvial” (REAL 2005; REAL et al. De todas estas ruínas romanas encontram-se 2009). datadas as da Rua D. Hugo e as da Rua de De uma forma mais prudente, P. Dordio – outro Santana, que parecem remontar ambas, pelos dos responsável pelos trabalhos arqueológi- materiais associados, ao século I, e as da Rua cos -recorda que os vestígios de construções Mouzinho da Silveira, que serão baixo-impe- romanas correspondem apenas “a estruturas riais. As construções encontradas na Casa do descontínuas constituídas por curtos troços Infante, incluindo os pavimentos com reves- de muros, ou tão só a valas de fundação (…) timento musivo, corresponderão aos séculos dispersas por uma área alargada, reconhecen- III-IV, com ocupação pelo menos até ao séc. do-se em planta articulações que revelam a VI. existência de vários edifícios” (DORDIO, no prelo), o que aliás é patente na planta, onde é Sistema monumental defensivo bem visível a dificuldade de interpretação da Troços de amuralhamentos antigos foram já planta ou plantas dos edifícios, parecendo ver- encontrados em quatro pontos do morro da se a Poente alinhamentos algo divergentes, Sé: (a), no Largo do Colégio, 9-12, a O.SO. junto a um poço. na encosta O.SO. do morro da Sé; (b), em di- Os dois compartimentos com o pavimento re- versas casas da Rua e Largo da Penaventosa, a vestido a mosaico policromo (Fig. 4), situam- O.NO. da mesma elevação; (c) no Quarteirão se no que parece ser a ala Norte do edifício. da Bainharia, na vertente N.NO.; e finalmente O mosaico I, na sala do ângulo Noroeste, que (d), na Rua D. Hugo, 5, a Nordeste do castro se encontrava muito deteriorado, apresenta (Fig. 2). dois painéis justapostos, evidenciando uma

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Na intervenção do Largo do Colégio, 9-12 maior pormenor os seus aspectos construtivos [52], apareceram duas estruturas que foram e os depósitos onde foi fundado. Nas parce- indicadas como podendo pertencer a um amu- las onde ultimamente foi detectada (Alicer- ralhamento de época romana. Encontraram-se ces…2003), a muralha, visível em tramos que numa plataforma exterior ao imóvel, voltada variavam entre os 2,00 e os 2,30 metros de ex- para a Rua dos Mercadores e fora já do traça- tensão, conforme as sondagens e as condições do da cerca românica, que serve de alicerce às dos locais, apresentava um alçado máximo paredes posteriores do prédio. conservado de 1,75 metros e era feita de blocos de granito rudemente aparelhados de médio e Trata-se de um muro de silharia de vulto, em grande calibre, grosseiramente afeiçoados a opus vittatum de boa isodomia, prolongado pico na face externa, assentes com auxílio de por um pano de planta subcircular ou elíptica uma terra argilosa, de coloração avermelhada, que parece poder constituir um torreão, talvez e com as juntas colmatadas com rachão miú- à semelhança dos da muralha de finais do sé- do também de granito, como se viu particu- culo III de Bracara Augusta que apareceram larmente na sondagem executada no Largo da na zona do Fujacal daquela cidade (LEMOS Penaventosa, nº 17-21. Neste ponto, estima-se et al. 2001). que a muralha tivesse originalmente uma es- Infelizmente, o grande desnível topográfico pessura superior a dois metros, datando-se a do patamar onde se localizou esta estrutura e sua construção, pelo espólio associado, entre a pouca estabilidade de outras construções su- a 2ª metade do séc. I e a 1ª metade da cen- periores não permitiram, por razões de segu- túria seguinte, segundo os dados do Largo da rança, que a escavação prosseguisse para além Penaventosa, 21 (SILVA et al. 2006), ou de dos potentes níveis de derrube, e além do mais meados/2ª metade do séc. I, de acordo com os depósitos da plataforma acham-se já pertur- as observações do Largo da Penaventosa, 25 bados por uma obra de reforço e consolidação (SILVA et al. 2003)10 . anterior à intervenção arqueológica. Não obs- No Quarteirão da Bainharia [86] apareceu tante, os vestígios então registados permitem recentemente outro tramo, este mais extenso concluir, com grande verosimilhança, que a e em melhor estado de conservação, da mes- estrutura monumental ali detectada seria na ma muralha (Fig. 6). A estrutura, orientada verdade a muralha romana, não tendo ainda OSO.­ENE., apresenta, num dos pontos mel- sido adiantada qualquer proposta para a sua hor conservados, uma largura de 1,90 metros, datação (VARELA; CLETO 2001). com um patamar exterior de reforço ou con- Na Rua e Largo da Penaventosa, poucas deze- trafortagem, considerando o grande declive nas de metros a Noroeste daqueles vestígios da encosta, de 0,50 metros de largura média do Largo do Colégio, foram encontradas estru- (FONSECA et al. 2009). O alçado, com uma turas relacionáveis com uma muralha romana altura interior superior a um metro, apresenta em diversas casas escavadas pelo Gabinete de um aparelho de tendência poligonal, típico dos Arqueologia Urbana [48 a 51; 71, 72, 74]. To- finais da Idade do Ferro. Os responsáveis pela mando como referência os vestígios identifi- intervenção datam por ora esta estrutura dos cados nas parcelas correspondentes à Rua da séculos II-I a.C., designando-a mesmo como Penaventosa, 25-27 e Largo da Penaventosa, pré-romana11. 17-21 e 23-27 [74, 72, 71], intervenções onde Finalmente, no sector Nordeste do morro da essas ruínas eram mais claras ou estão estuda- Sé, sob a parede tardoz da casa nº 5 da Rua das com maior profundidade, observou-se que D. Hugo [23], apareceu o paramento de um o alçado exterior daquelas parcelas assenta, ao longo da profunda escarpa voltada à Rua da 10 Este ligeiro desfasamento cronológico, que poderá Bainharia, nas primeiras fiadas de um muro ser afinado com o estudo de outros tramos desta muralha relativamente largo seguramente constitutivo aparecidos em intervenções próximas, decorre sobretudo de uma cerca defensiva (Fig. 5). da escassez dos materiais cerâmicos presentes nos níveis fundacionais da estrutura. Não obstante também aqui apenas ser acessí- 11 Agradecemos aos responsáveis pela intervenção e à vel o paramento interno e parte do topo con- firma Arqueologia & Património, a cedência de imagens servado desse muro, puderam observar-se com e a permissão para a utilização destes dados.

224 | REVISTA DE ARQUEOLOXÍA E ANTIGÜIDADE Ocupação da época romana na cidade do Porto. Ponto de situação e perspectivas de pesquisa. muro, observado apenas no alçado interior. No pequeno monumento, com uma altura de Este muro, que truncava uma construção do 28,5cm, apenas pode ler-se a parte final do for- século I, era feito com blocos de apreciáveis mulário: VAL(eria) / MATER / NA VOT (um) dimensões dispostos em fiadas relativamente / SOL(vit) L(ibens) M(erito), ou seja, “Valé- regulares. A estrutura, fundada em níveis do ria Materna cumpriu o voto (desconhece-se a século III, foi interpretada pelos responsáveis que divindade) de boa vontade” (BRANDÃO pela escavação como o alinhamento de uma 1984:15). muralha do Baixo Império, erigida no quadro De maior potencial informativo é a ara en- de instabilidade e potencial conflito que fez contrada em 1940, em granito, no decurso de com que várias cidades do Noroeste peninsu- obras de urbanização realizadas junto à Sé lar erguessem ou reforçassem cercas defen- [06], dedicada aos Lares Marinhos: LARIB- sivas nesse período (REAL et. al. 1985-86; VS/MARINI/S VLPIV/S FLAV(u)S L(ibens)/ REAL; OSÓRIO 1993). VOTVM/SOLVI/T (Aos Lares Marinhos, Ul- Temos assim evidência de estruturas monu- pio Flavo cumpriu o voto por sua vontade), mentais defensivas localizadas já em vários segundo a última leitura publicada (CORREIA pontos da encosta do povoado castrejo ori- 1940; AZEVEDO 1960; SILVA, A. C. 1994; ginal. Apesar da informação disponível não REAL 1998). Datará o monumento, segundo ser abundante, as diferenças de cronologia A. C. Ferreira da SILVA (1994:97) do século II. e de aparelho construtivo recomendam-nos Por último, nos alicerces do templo proto- prudência na sua interpretação. As datações românico que precedeu a igreja renascentis- propostas para a sua edificação vão dos sécu- ta da Foz do Douro, encontrou-se uma outra los II-I a.C. (Bainharia) ao Alto Império (Rua ara votiva em granito [25] cuja inscrição é da Penaventosa) e ao Baixo Império (Rua de difícil leitura, pela avançada degradação D. Hugo e Largo do Colégio). Independen- do granito (OSÓRIO 1993; 1994). Todavia, temente dos acertos e revisões cronológicas é possível decifrar a fórmula final dedicató- que venham a ser feitos, aquelas diferenças só ria L(ibens) V(otum) S(olvit), antecedida da encontram duas explicações possíveis: ou te- designação AQVIS, tendo A. C. Ferreira da remos dois circuitos muralhados distintos ou, SILVA (1994:97) sugerido uma eventual de- simplesmente, estaremos perante diferentes dicação do monumento às AQVIS MAGAV- momentos construtivos, ou de reconstrução, DIIS (“Águas imensas”). de uma mesma estrutura que, no essencial, parece acompanhar, ou andar muito próxima, As epígrafes desaparecidas, registadas por do traçado da cerca medieval, como já tinha HÜBNER, são também três, quando muito sido observado a propósito do troço do Largo quatro [01, 02]. Uma delas (1869: 2370), terá de Vandôma, na Rua D. Hugo, 5 (REAL et al. aparecido num templo de S. Pedro nos subúr- 1985-86). bios do Porto (provavelmente, se o informe é correcto, S. Pedro de Miragaia) e apresenta- ria a inscrição DVRI/C.IVLIVS/PYLADES EPIGRAFIA (VASCONCELOS 1905:234; CORREIA A epigrafia do Porto romano parece, a avaliar 1940; ENCARNAÇÃO 1975:179-80; TRA- pelos testemunhos que podem reunir-se, rela- NOY 1981:275). Se o dedicante desta ara não tivamente pobre. Para além da referência a três levanta grandes dúvidas (Caius Iulius Pyla- ou quatro inscrições, hoje desaparecidas, que des), já o nominativo de DVRI e a ausência teriam sido localizadas na zona da Sé e even- da fórmula dedicatória levaram alguns autores tualmente em Miragaia (CORREIA 1940), te- a duvidar do carácter votivo da peça. Blanca mos a registar apenas outros três monumentos GARCIA FERNÁNDEZ ALBALAT, em re- epigráficos, dois resultantes de achados avul- visão recente (1995) admite-o sem dúvidas, sos e um terceiro proveniente de um contexto considerando Duri, na linha de Tovar, como arqueológico de reutilização. um dativo céltico e valorizando a ara no con- Exposto na catedral portuense acha-se o frag- texto do culto aos rios na Hispânia12. mento de uma pequena ara em granito que foi encontrada numa das paredes do templo, 12 A proposta de J. GOMES (1952), desdobrando DVRI reutilizada como material de construção [21]. como D(e)V(Mat)RI não parece fazer sentido.

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Terão ainda sido encontradas na Sé do Porto 61:47) terá aparecido em começos do século outras inscrições, igualmente registadas por XX. Era composto por “uns milhares” de pe- Hübner e também perdidas (CORREIA 1940; quenos bronzes, que depois se dispersaram e BRANDÃO 1963; 1984). Duas são funerá- perderam. Tratar-se-ia, sem qualquer dúvida, rias e teriam as seguintes epígrafes: CASSIA de um tesouro do Baixo-Império13 . M I/DVTIA/H.S.E. (1869: 2371), que pode- Na Morro da Sé registou D. P. Brandão o apa- ria desdobrar-se como Cassia M(arci)F(ilia)/ recimento de mais de uma dezena de pequenos Dutia/H(ic) s(ita) e(st), segundo a lição de bronzes do séc. IV, achados quer em obras no D. P. BRANDÃO (1963:241; 1984:15); e terreiro da Sé, quer na plataforma do Seminá- IVLIA M F AVITA/H.S.E. (1869: 2372), ou, rio Maior do Porto (BRANDÃO 1963; 1984). segundo o mesmo autor, Iulia M(arci) F(ilia) Procedentes de diversos trabalhos arqueoló- Avita/H(ic) s(ita) e(st) (BRANDÃO 1963:241; gicos na mesma elevação foram estudados 16 1984:16). Uma terceira, registada ainda por exemplares numismáticos, distribuídos pelas Pinho BRANDÃO (1963:240; 1984:15), na áreas da Rua D. Hugo (D. Hugo 5 e Museu sequência de uma nota de HÜBNER (1869: Guerra Junqueiro), Rua de S. Sebastião e Alju- 2372), conteria apenas a inscrição C. IVLI- be, Largo e Rua da Penaventosa, para além de VS, interrogando-se Mendes CORREIA um exemplar proveniente da vizinha colina da (1940:186) se não terá havido por parte das Cividade. De trabalhos arqueológicos realiza- fontes que a citam qualquer confusão com a dos em estações exteriores a este núcleo, deve epígrafe de C. Iulius Pylades acima referida. registar-se o recente aparecimento de outro numisma, aparentemente de Galieno, nas son- Em relação a este minguado corpus de epigra- dagens executadas nas Condominhas/Igreja de fia portuense, deve notar-se, como foi salien- Lordelo do Ouro [78]. tado por A. C. Ferreira da SILVA (1994:97) a circunstância dos monumentos votivos, não O conjunto mais numeroso foi exumado nas obstante as dúvidas de leitura, parecerem in- escavações da Casa do Infante, corresponden- vocar os Lares Marinhos, as Águas Imensas, e do a mais de 250 moedas. Próximo, durante as escavações prévias à construção do parque o próprio Douro, evidenciando o culto, por automóvel subterrâneo da Praça do Infante, certo pré-romano, ao rio Douro (GARCIA apareceu outra moeda romana. FERNÁNDEZ ALBALAT 1995), como tam- bém às divindades aquáticas mais gerais, rela- Curiosamente, neste conjunto de cerca de cionadas nesta finisterra atlântica com o vasto três centenas de moedas romanas, apenas 13 oceano e traduzindo quer o relacionamento exemplares datam dos dois primeiros séculos económico, quer a sacralização arcaica das do Império, reduzindo-se a 12 os claramen- entidades fluviais e marinhas que desde sem- te atribuíveis ao século III, de onde decorre pre configuraram este espaço natural, como o pertencer a cunhagens tardias mais de 90% primeiro daqueles autores observa. do material numismático aparecido no Porto (MENDES-PINTO 1999; 2004). Naturalmen- Circulação monetária te, pela sua raridade, devem destacar-se as A numismática romana do Porto, designada- duas siliquae suevas em prata, emitidas ao que mente a que se conservou e possui contexto parece entre os anos de 455 e 456 (CABRAL; arqueológico claro, não é particularmente METCALF 1997; MENDES-PINTO 2004) e abundante, do que dão nota sínteses recentes que evocam uma época da ocupação da cida- (MENDES-PINTO 1999; 2004). de sobre a qual são particularmente exíguos ou permanecem por identificar os testemun- Para além da referência a um tesouro apareci- hos arqueológicos, o período subsequente às do em Miragaia, a numária romana restringe- invasões bárbaras da Hispânia romana e que se quase exclusivamente aos achados casuais assiste à fragmentação das estruturas políticas, feitos em obras, ou em escavações arqueo- lógicas no Morro da Sé e na intervenção da 13 No limite oriental da cidade, na Quinta de Villar Casa do Infante, sendo muito pontuais outras d’Allen, há notícia do achado de algumas moedas do sé- culo IV, em condições imprecisas mas que não sugerem, ocorrências. O tesouro de Miragaia [04], noti- necessariamente, um tesouro (BRANDÃO 1967-69; ciado sucintamente por M. HIPÓLITO (1960- 1984).

226 | REVISTA DE ARQUEOLOXÍA E ANTIGÜIDADE Ocupação da época romana na cidade do Porto. Ponto de situação e perspectivas de pesquisa. administrativas e militares do Império sob o po notou T. S. SOARES (1962:150) e mais domínio dos novos poderes. modernamente V. MANTAS (1996:201-3), na senda de ROLDAN (1966) e outros investiga- Novos dados, ou novos problemas? Cale e dores. Não obstante, quer consideremos como Caeno oppidum hipotéticos assentamentos de Calem o monte Perante este balanço, essencialmente de matriz da Sé ou da Penaventosa, a Norte do rio; ou o arqueológica, dos vestígios da ocupação do morro do Castelo de Gaia, a Sul, ambas ele- espaço urbano do Porto durante a época roma- vações com uma certa expressão, parece plau- na, que imagem se nos oferece do aglomera- sível que os cómodos para apoio aos viajantes, do humano ali instalado desde pelo menos há a mansio propriamente dita, quedasse algures meio milénio? Qual a cronologia e o ritmo da no sopé, de onde, querendo, se podia ascender à acrópole em dez ou vinte minutos, o que em romanização do povoado indígena? Que trans- qualquer dos casos poderia justificar a flexão formações implicou na organização do espaço de proximidade (ad) Calem. habitado, no quotidiano e nas expectativas dos autóctones? Podem a história e a arqueologia Em que tipo de assentamentos deveremos sediar ali a antiga mansio de Cale? E qual a re- procurar a localização possível de Calem e levância presente dessa atribuição, que leva já, Caeno oppidum? Por princípio, e como ain- (considerando apenas a fase de debates mais da hoje acontece, um ponto importante num ou menos científicos), mais de um século de dado itinerário, elemento nodal ou de en- propostas e alvitres? troncamento com outras vias, não tem ne- cessariamente de corresponder a um grande A partir de fontes documentais tão minguadas, centro urbano. Todavia, dada a importância pouco pode concluir-se acerca da efectiva lo- desta via de ligação à capital conventual, V. calização de Calem. A contagem das distân- MANTAS sugere uma forte aproximação da cias registadas no Itinerário de Antonino, ad- localização das mansiones à estrutura urbana mitindo como seguro o ubi da estação viária existente (ainda que incipiente neste extremo antecedente, Langobrica ou Langobriga, que Nordeste da Lusitânia), expressando mesmo a generalidade dos Autores concordam em si- que as estações viárias deverão procurar-se tuar no Castro de Fiães (Santa Maria da Feira), nas cidades capitais da reorganização admi- pouco acrescenta, uma vez que as XIII milhas nistrativa levada a cabo por Augusto ou em contadas dali até à penúltima mansio antes de “aglomerações secundárias suficientemente Braga tanto admitem a sua implantação jun- importantes para tal ou situadas em lugares to à margem esquerda do rio como na outra estratégicos” (1999:287). margem, não incluindo naturalmente a distân- cia do atravessamento (ROLDAN 1975:67; Nesta linha, não havendo na região fundações MANTAS 1996:209; 640-5). urbanas romanas nem indícios seguros de uici ou outros aglomerados secundários, como Em relação ao Itinerário, a Cosmographia os definiu recentemente PÉREZ LOZADA apresenta a diferença de incluir uma outra (2002), restam-nos os castella indígenas. E estação viária, sem menção de distância ou entre estes, com a expressão requerida para localização, que V. MANTAS lê como Cae- esta função, só existem na margem Sul do Do- no oppidum e diz que necessariamente terá de uro dois povoados, seja para assento de Calem estar situada no troço entre Langobrica e Ca- ou de Caeno oppidum, os castros do Monte lem (1996:646ss.). A aceitar-se como verídico Murado/Senhora da Saúde e do Castelo de este informe do Anónimo de Ravena, ficamos Gaia, devendo eliminar-se a possibilidade do assim não com uma, mas sim com duas es- pretenso Castro de Mafamude, como sugere V. tações viárias para localizar: Calem e Caeno MANTAS (1996), estação arqueológica des- oppidum. conhecida (SILVA, A. M. 1994; 2007). A circunstância do Itinerário grafar o nome Naqueles dois povoados gaienses, ocupados Calem em acusativo, mesmo sem a preposição entre o Bronze Final e o Baixo-Império, os ad, eventualmente implícita, parece sugerir trabalhos arqueológicos têm vindo a revelar, que a via passaria não propriamente por esta com efeito, indícios claros do seu carácter ex- mansio, mas próximo dela, como a seu tem- cepcional. No Monte Murado, com perto de

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10 ha, circuitado por três linhas de muralhas e tar-se pela margem onde sejam mais expres- um fosso, encontraram-se duas tesserae hos- sivos ou notáveis os vestígios arqueológicos? pitales, dos anos 7 e 9, que consagram pactos Regressemos por isso ao Porto, seja ou não a de hospitalidade envolvendo famílias indíge- urbe hodierna herdeira da velha Cale. Qual a nas de Veteres, comunidade de que o natureza do povoado que aqui existiu durante castro devia ser lugar central; tendo também o período da dominação romana? Qual o seu sido identificadas no castro bases de coluna e estatuto jurídico e importância regional? outros elementos notáveis, para além de indí- cios de um balneário e de várias necrópoles “Apenas” um castro romanizado, ou uma (SILVA, A. “cidade”? M. 1994; SILVA, A. C. 2007). No Castelo de Uma antiga proposta de A. de Magalhães Bas- Gaia, de menores dimensões (c. 2 ha), foi lo- to, recordada com pertinência por M. BLOT calizada uma imponente muralha do século I, (2003:190), sugere, mais por intuição que à luz para além de diversas construções e espólio dos dados disponíveis à data, quatro núcleos rico e diversificado, com especial destaque embrionários da cidade (Fig. 1), só aglutina- para materiais tardo-antigos (CARVALHO; dos ao longo da Idade Média: (a) a “cividade FORTUNA 2000); em trabalhos recentes veio pré-romana”; (b) um polo, provavelmente ro- também à luz do dia o que parecem ser os res- mano, “na foz do Rio da Vila, na Ribeira”; (c) tos notáveis de um templo paleocristão, com “o alto da Pena Ventosa, onde talvez tivesse sarcófagos, restos arquitectónicos, epígrafes e havido um refúgio castrejo de velha data”; e outros achados excepcionais (NASCIMENTO (d) “a margem direita do Rio da Vila, e a zona et al. 2008). ribeirinha entre este último rio e o Rio Frio, ou Ribeiro de Miragaia” (BASTO 1940:703). Vasco Mantas propõe que no Castelo de Gaia se localizasse Caeno oppidum, consideran- Nesta proposta de topografia histórica da ci- do que Calem deveria estar situada no Porto, dade, Magalhães Basto, na esteira de Mendes no castro do morro da Sé ou da Penaventosa Correia mas incorporando já contributos de (MANTAS 1996:645-51), posição que actual- outros estudiosos, apresenta com clarividente mente recolhe o favor da diversos Autores, clareza diversas áreas que a moderna investi- como Armando Coelho F. SILVA (2007:387) gação tem também vindo a destacar, se bem e Jorge de ALARCÃO (2005:304). Alain Tra- que entendamos que já em época romana po- noy defende, na linha de T. Sousa Soares e A. derá ter existido um tecido habitado mais con- Sousa Machado, que Portum Cale, como diz, tínuo e homogéneo do que aqueles núcleos seria um sítio duplo sobre ambas as margens podem indiciar. Sigamos assim, para maior fa- do rio; do lado de Gaia haveria um castro, en- cilidade de visualização, aquela enumeração. quanto no morro portuense da Penaventosa se A “descoberta” da Cividade por parte de Men- teria estabelecido uma pequena “bourgade”, des Correia, feita inicialmente por via docu- uma aldeia (TRANOY 1981:213). Em trabal- mental e depois na topografia urbana, não viu ho posterior matiza um pouco esta ainda totalmente confirmada, em termos- ar interpretação, explicitando que “le site a pu queológicos, a carga tão sugestiva do topóni- être à Gaia, mas avec un contrôle sur les deux mo. As escavações feitas em 1932 pelo próprio, rives du fleuve”(TRANOY 1995:132). em níveis evidentemente muito remexidos, como se depreende dos cadernos de campo Pela nossa parte, não vemos razões para re- (GONÇALVES 1984) foram, como o autor forçar ou contraditar estas conjecturas ou reconheceu, relativamente inconclusivas (CO- intuições. Na verdade, não podendo usar-se RREIA 1932a; 1950), mas posterior revisão o critério da distância entre mansiones; não dos escassos materiais arqueológicos ensaiada havendo, aparentemente, norma no Itinerário por Mário Barroca identificou entre cerca de que recomende a implantação das estações uma centena de fragmentos cerâmicos, 10,3% viárias antes ou depois dos rios; nem tendo como romanos e 5,2% como proto-históricos, sido descoberto qualquer sítio arqueológico além de um acus crinalis em bronze, dos sécu- que pela sua especificidade possa adequar-se los I ou II (BARROCA 1984). Idêntica análise à função viária, que critério usar? Deverá op- feita aos materiais arqueológicos recolhidos

228 | REVISTA DE ARQUEOLOXÍA E ANTIGÜIDADE Ocupação da época romana na cidade do Porto. Ponto de situação e perspectivas de pesquisa. em 1950 e 1953 durante a abertura da avenida É possível, porém, que este núcleo, que pode- que destruiu a colina da Cividade (FERREI- ria ter servido como ponto de travessia do rio RA 1959), não revelou quaisquer cerâmicas Douro, propondo até A. C. Ferreira da SILVA castrejas, mas ainda assim um valor de 5,9% (1994:89) que por aqui se situasse a estação de materiais romanos, de aspecto tardio, como viária do Itinerário, se estendesse para Oeste, aliás os anteriores (BARROCA 1984). dada a pouca distância a que ficam as impor- tantes ruínas romanas da Casa do Infante. Em 1990-1991, uma equipa de arqueólogos da Universidade do Porto e da Câmara Municipal Na verdade, a residência romana da Casa empreenderam novos trabalhos em terrenos do Infante constituía por certo parte de um que restavam da Cividade [05], igualmente quarteirão do bairro portuário da cidade ro- também muito perturbados por construções mana, mas não há por enquanto indícios de e utilização agrícola. Se bem que não tenham outras construções e a própria estrutura ur- sido localizadas estruturas indubitavelmente bana não evidencia traços de ortogonalidade romanas ou anteriores, o espólio recolhido re- que possamos entender como de ascendência gista também, para além de uma moeda roma- romana. Importa recordar, a este propósito, na, percentagem não despicienda de espólio que o urbanismo da frente ribeirinha, consi- romano, e mesmo até algum castrejo (SILVA, derando o troço entre a Ponte Luís I e o an- A. C. 1994; OSÓRIO et al. 2008). Desta for- tigo quarteirão dos Banhos, no actual parque ma, a presença, ainda que residual, de mate- de estacionamento automóvel da Alfândega, riais romanos e mesmo da Idade do Ferro nos sofreu grandes alterações desde a Baixa Ida- diferentes trabalhos feitos na zona da antiga de Média, devido à construção da Muralha Cividade, deixa admitir a sua ocupação duran- Fernandina e à edificação do mosteiro de S. te a época romana, se não mesmo em períodos Francisco, da Casa da Moeda e da Alfândega, anteriores. pela abertura da Praça da Ribeira, seguidos de importantes eixos viários rasgados já nos Em relação ao núcleo da Ribeira, ou da foz começos da Época Moderna, como a Rua de do Rio da Vila, cumpre recordar algumas ob- S. João ou a Rua do Infante D. Henrique, e servações feitas em trabalhos de recuperação culminando, já em Oitocentos, pela abertura arquitectónica na área da Ribeira-Barredo, da Praça do Infante D. Henrique e arruamen- que proporcionaram o achado de fragmentos tos envolventes. de tegula e outras cerâmicas romanas esparsas (MENDONÇA 1984), o que seria confirmado Não obstante, é possível, como mera hipótese por uma escavação arqueológica feita na Praça de trabalho, que esta zona ribeirinha da cida- da Ribeira [18], onde também se recolheram de romana tenha ganho particular desenvol- materiais romanos (SILVA, A. C. 1984a). vimento a partir do século III e que porven- tura uma nova centralidade aproximasse do Numa escavação arqueológica realizada em Douro a arquitectura mais notável, do que os 1998 em duas casas da Rua da Fonte Taurina mosaicos da Casa do Infante constituem por [43,44], terá aparecido um muro interpretado ora testemunho singular. LÓPEZ QUIROGA na altura como possível troço de um cais ro- (2004:94) vai mesmo mais longe, sugerindo mano, mas infelizmente a intervenção ficou que este núcleo ribeirinho, a par do morro da indocumentada tecnicamente e encontram-se Sé, tenha tido ocupação romana contínua des- desaparecidos quer os registos, quer o espólio. de os tempos alti-imperais, sediando-se no ve- Noutros trabalhos feitos recentemente naquela lho castro o castellum romano e estabelecen- zona, por ocasião de obras de renovação de in- do-se um uicus junto ao rio. fra-estruturas ou outras, julgámos terem oco- rrido mais alguns materiais romanos esparsos No morro da Penaventosa houve seguramen- (tegula e cerâmica comum), o que não pude- te um “refúgio castrejo de velha data”, como mos confirmar, tendo-se também registando propunha Magalhães BASTO (1940) e, mais a ocorrência de alguns materiais romanos na do que isso, um castro com evidentes vestí- margem esquerda do rio da Vila, no Largo da gios de romanização, dada a frequência com Lada, observados na ocasião por arqueólogos que se têm vindo a encontrar quer muros dis- municipais. persos, quer sobretudo objectos de época ro-

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mana. Na acrópole, o achado de dois fustes de associámos os vestígios da margem direita do coluna em calcáreo [07], e de duas inscrições, Rio da Vila aos da Ribeira), reside ainda pouca nomeadamente a ara dedicada aos Lares Ma- informação sobre a ocupação romana. Toda- rinhos, pode fazer-nos suspeitar de uma área via, em escavações próximo da igreja matriz monumental, pelo menos com um templo, no daquela freguesia [31, 32] ocorreram frag- topo da colina. Não são ainda vestígios muito mentos de tegula e de cerâmica comum roma- claros, mas deve recordar-se que ainda antes na, dados a que há que associar a notícia do te- da moderna abertura do Terreiro da Sé, a edi- souro numismático que acima registámos [04] ficação da catedral românica e do paço episco- e mesmo a eventual epígrafe de que noutro pal tinham já ocupado, e porventura destruído ponto damos nota. Esta zona, actualmente a parcialmente, a área mais substancial do alto cota praticamente idêntica à do Douro, era até da Penaventosa. As sondagens arqueológicas ao século XIX um extenso areal, propício ao feitas recentemente no pátio pequeno da Sé atravessamento do rio na Antiguidade, como [76] revelaram restos de algumas construções foi sugerido por diversos autores, designada- romanas e castrejas, mas infelizmente não só a mente Serpa Pinto, que ali imaginava poder ter área escavada era relativamente escassa como existido a mansio “onde os viajantes do Sul os trabalhos foram interrompidos. retomavam a via a Bracara Augusta”, segun- do apontamentos inéditos daquele estudioso Naturalmente, impõe-se aqui uma nota sobre (GONÇALVES 1984:19). os troços de muralha que têm vindo a ser de- tectados, quer na encosta Norte, quer a Nor- Considerados estes elementos, como entender deste e na vertente Oeste do morro da Sé (Figs. o espaço urbano de Cale? Um castro romani- 2, 5 e 6). A Norte, em diversas intervenções zado com uma crescente mancha de ocupação, feitas na Rua da Penaventosa encontrou-se um talvez mais tardia, no sopé (extra-muros, uma alinhamento datado na ocasião da 1ª metade vez que não há qualquer indício de muralhas do século I, se bem que o tramo recentemente à cota baixa); ou desde muito cedo um espaço localizado no Quarteirão da Bainharia esteja mais contínuo e homogéneo? por ora datado dos séculos II-I a.C., questão Naturalmente, ao imaginarmos o Porto ro- que terá de ser analisada mais em detalhe. O mano temos de ter em mente não uma cidade pequeno tramo de face interna detectado na criada ab origine, como Bracara Augusta ou Rua D. Hugo, 5, aparentemente em continui- Aquae Flaviae, para citar apenas exemplos do dade com os anteriores, remontará aos sécu- Norte do País, planificada de acordo com os los III ou IV (REAL et al. 1985-86), enquan- princípios da urbanística romana, com os seus to que o possível torreão identificado a Oeste arruamentos ortogonais, de módulo regular, do povoado não tem por enquanto cronologia cruzando o cardo eo decumanus máximos, o definida14. Resta notar que esta aparente variação seu forum e templos, estabelecimentos termais cronológica, que carece de estudos mais profun- e outros equipamentos próprios de uma cida- dos, pode expressar, a confirmar-se, quer diferen- de romana, mas, antes, em nosso entender, um tes fases construtivas do mesmo alinhamento de- castro romanizado cuja importância social, fensivo, quer, eventualmente, diferentes linhas de económica e política antes da dominação ro- muralha, pois não será crível que, se estes troços de mana não é ainda clara. muralha tiverem ascendência castreja, o castro da Penaventosa possuísse originalmente apenas uma Certos castros, como a Citânia de Sanfins linha fortificada. (Paços de Ferreira), o Monte Mòzinho (Pena- fiel) ou Briteiros (Guimarães) foram objecto No último dos núcleos propostos por Magal- de profundas reestruturações urbanísticas na hães Basto (que por ora “afastamos” mais para época de Augusto, que por vezes arrasaram a área de Miragaia e do Rio Frio, uma vez que quarteirões indígenas inteiros para redesenha- 14 Considerando a existência de uma sepultura romana rem os povoados aos novos gostos dominantes de inumação, tardia, aparentemente no interior do perí- (SILVA, A. C. 1986; 2007). Noutros povoa- metro defendido por este tramo de muralha, só podemos admitir também como do Baixo Império a própria mural- dos, como a Cividade de (Póvoa de ha, de outra forma não se compreenderia uma sepultura Varzim) ou o castro de Romariz (Santa Maria intra-muros (LOPEZ QUIROGA; RODRIGUEZ LO- da Feira), a romanização dos modos de vida, VELLE 1998:1323). se bem que profunda e evidente em todos os

230 | REVISTA DE ARQUEOLOXÍA E ANTIGÜIDADE Ocupação da época romana na cidade do Porto. Ponto de situação e perspectivas de pesquisa. aspectos da cultura material, não se traduziu vítrea, continuando a documentar-se diversas de forma tão notória no plano urbanístico importações, agora itálicas, nos começos do (Idem, Idem). É bem possível que no Porto, Império (REAL et al. 1985-86; SILVA, A. C. até por condicionantes topográficas evidentes, 1994; 2000). a renovação arquitectónica de época romana Outra das linhas de estudo decorre das ânfo- tenha substituído por construções de planta ras. M. Sá e B. Paiva haviam já sugerido, a ortogonal muitas habitações castrejas de pla- partir de material anfórico do Castelo de Gaia no circular, mas não haveria talvez grandes e do Monte Murado, uma significativa vitali- condições, no topo do morro onde depois se dade comercial na desembocadura do Douro a ergueria a Sé, como nas encostas do Barredo e da Penaventosa, para rasgar vias amplas e rec- partir dos séculos II e I a.C., revelada pela ex- tilíneas para o trânsito de carros ou abrir uma pressiva presença dos tipos Dressel 1A e Hal- praça que servisse de forum e congregasse as tern 70 (SÁ; PAIVA 1995). Mais recentemen- funções políticas, civis, religiosas e comer- te, R. Morais e Carreras Monfort analisaram a ciais da cidade. ocorrência de Haltern 70 procedente das inter- venções arqueológicas feitas na cidade do Por- Foi já sugerido que o eixo, de orientação sen- to, tendo concluído que se regista aqui a maior sivelmente Sul/Norte, traçado pela Rua dos frequência deste tipo anfórico até à data do- Mercadores e Rua da Bainharia, até à Cruz do cumentada em locais de consumo do império Souto, poderia evocar um antigo cardo maxi- romano (MORAIS; CARRERAS 2004:111; mus, mas nenhum achado o confirma salvo MORAIS, no prelo). Deve ainda notar-se, se a presença de vestígios romanos e da Idade bem que sejam poucos os espólios estudados, do Ferro nas imediações da Bainharia, o que que a presença de materiais importados se ve- é normal, dado a rua cortar uma encosta do rifica ao longo de todo o período imperial, pa- antigo povoado castrejo. Por outro lado, a ar- recendo notar-se mesmo, quer em escavações ticular-se esta via com um ponto de atravessa- do Porto, quer de Gaia, uma particular pujança mento do rio, não há indícios claros, quer do nos séculos IV-V. lado portuense quer na margem de Gaia15, de traçados viários romanos. E isto leva-nos a uma das principais caracte- rísticas desta zona na Antiguidade, a quase Se os elementos arquitectónicos são por en- inevitável vocação flúvio-marítima das comu- quanto parcos para analisar a organização do nidades que a habitavam, quer nos refiramos povoado indígena e a sua vitalidade à época às da margem Norte, quer às do Sul. Com uma em que foi integrado no mundo romano, algo notável bacia hidrográfica, o Durius era na- mais pode adiantar-se a partir do espólio das vegável para embarcações de grande calado escavações arqueológicas. O castro da Pe- numa extensão de 800 estádios, segundo Es- naventosa tem revelado, sobretudo a partir das escavações na Rua D. Hugo 5, a presença trabão (Geografia, III, 3,4), o que correspon- de alguns materiais que, mesmo em pequena de a cerca de 150 km, ou seja, na actualidade, quantidade, atestam a circulação de produ- até Barca d’Alva, no limite da fronteira por- tos exógenos pelo menos desde o século IV tuguesa (BLOT 2003:82). No seu troço final, a.C., como fragmentos de cerâmica púnica, se bem que apresente margens ordinariamente imitações de cerâmicas gregas de verniz gre- escarpadas, possuía também algumas praias e go, ou o fragmento de um anforisco em pasta pequenas enseadas, numa e noutra margem, propícias quer ao atravessamento, quer à acos- 15 O mapa viário romano de Vila Nova de Gaia conta tagem de embarcações. com alguns testemunhos relativamente sólidos até ao Assim, a relação da cidade romana com o rio alto de Santo Ovídio, mas a descida até ao Douro tem sido objecto de várias propostas, provavelmente corres- é um elemento fundamental para percebermos pondentes a diferentes caminhos que desembocavam no a natureza e importância desse portus de Cale rio desde Quebrantões, a montante, até à zona da Afu- e o papel fundador que assumiu nas raízes da rada (?), com ligação a Norte ao eixo antigo de Lordelo nossa nacionalidade. Todavia, a este propósi- do Ouro. Parece mais ou menos consensual, porém, que to os dados são ainda extremamente escassos, uma das vias podia tomar o eixo da antiga Rua Direita, desembocando mais ou menos em frente à Praça da Ri- devendo relevar-se, pela sua singularidade, o beira. achado do cepo de âncora em chumbo de uma

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embarcação, provavelmente romana, feito há A sua extensão poderá ter aumentado signifi- poucos anos na foz do Douro [30]. A peça, cativamente com o desenvolvimento de alguns do tipo aparentemente mais comum desde os bairros periféricos, designadamente na zona da séculos IV-III a.C. até pelo menos aos finais Ribeira, como os edifícios da Casa do Infante do Império (ALVES et al. 1988-89), pelo seu deixam antever. E se a topografia acidentada peso (56,5 kg) e dimensões relativamente mo- do morro da Sé não permitiu a Cale adoptar destos, deverá ter equipado uma embarcação uma forma urbis mais adequada à imagem de de pequeno calado (inferior a 25 toneladas), outras cidades da província – talvez por isso adequada à navegação de cabotagem ou flu- Idácio considerasse Braga extremam ciuitatem vial (BLOT 2000). Gallaeciae, enquanto junto ao Douro restaria apenas o locum qui Portumcale appellatur16 – Na realidade, Cale tem sido considerada en- tre as principais cidades marítimas da fachada a ocupação das áreas baixas pode ter pelo menos permitido o desenvolvimento de alguns commoda atlântica (MANTAS 1990; BLOT 2003; MO- urbis, nomeadamente instalações termais, um RAIS, no prelo), característica essencial, a par pequeno macellum, talvez edifícios religiosos. de outros centros urbanos litorais, para o seu desenvolvimento em época romana, quer na romanização inicial (MATOS 1996), quer tam- Alargando horizontes: a envolvente do cas- bém na Antiguidade Tardia (LOPEZ QUIRO- tro; a outra margem GA; RODRIGUEZ LOVELLE 1998:1329). Não cabe neste ensaio uma análise alargada do Aliás, decorre uma notável simetria, a este territorium da ciuitas, a todos os títulos essen- propósito, com a evidência arqueológica de cial (LOPEZ PAZ; GALSTERER s.d.), desde Vila Nova de Gaia (BLOT 2003). Entre outros o ager imediato aos castros ou uici mais próxi- achados, a própria epigrafia portuense, apesar mos, respectivos caminhos de ligação e muito de rara, parece traduzir essa íntima sedução das em particular ao tema das necrópoles, que aqui águas, se atentarmos na ara aos Lares Marin- quase omitimos pelo facto da cidade apenas hos aparecida na Sé, na dedicada às Aquis Ma- contar com uma sepultura romana, tardia, en- gaudiis (?) da Foz do Douro ou mesmo na ins- contrada nas escavações do Largo do Colégio, crição, desaparecida, onde se poderia ler DVRI. 9-12 e que se descreve na ficha respectiva do inventário [52], sendo interessante o achado, Entre outras limitações decorrentes do próprio sobretudo, pela sua relação topográfica com a processo arqueológico e da conservação dos muralha romana próxima. vestígios antigos, há que ter em atenção, como advertem MANTAS (1990:154-5) e M. BLOT Não obstante, impõem-se algumas notas sobre (2003), a evolução do nível das águas do mar e outros elementos da ocupação romana na ac- seus naturais reflexos nos leitos fluviais, o que tual área urbana do Porto e, muito de passa- empiricamente observámos em diversas inter- gem, na margem sul do Rio Douro. venções arqueológicas feitas nas ribeiras do Não oferece qualquer dúvida, como se viu, o Porto e Gaia, onde a localização de depósitos alargamento da mancha de ocupação urbana do arqueológicos com ocupação romana ocorre, primitivo castro da Idade do Ferro no período com muita frequência, já em níveis freáticos e da dominação romana. O povoado, que até en- por isso de difícil acesso, por vezes a profun- tão estaria limitado ao morro da Penaventosa, didades que não ultrapassam os 100-150 cm. alarga-se agora à vizinha colina da Cividade e Cale não teria provavelmente uma população estende-se para Sul na direcção do rio. muito numerosa, correspondendo provavel- Também a colina da Vitória, na outra margem mente às dimensões do seu núcleo primitivo e do rio da Vila, parece ter sido ocupada, de for- da cintura muralhada do Alto Império, que não deveria andar longe do perímetro da primei- 16 Crónica, § 174-5 (TRANOY 1974:154-6). Talvez ra cerca medieval da cidade (séculos XI­XII), esta expressão idaciana reflicta algum período de de- que defendia uma área de 3,5 ha, muito infe- cadência do aglomerado em fInais do século IV, consi- rior por exemplo às superfícies de Aquae Fla- derando que um século mais tarde, com a promoção de Portucale a bispado (572­582) e a cunhagem de moeda viae (10 ha), da Conimbriga flaviana (20 ha), que ali se verifica, o núcleo teria todas as condições que ou de Bracara Augusta (30 ha) (LE ROUX defInem a cidade tardo-antiga, segundo LÓPEZ QUI- 1999:242). ROGA (2004:95).

232 | REVISTA DE ARQUEOLOXÍA E ANTIGÜIDADE Ocupação da época romana na cidade do Porto. Ponto de situação e perspectivas de pesquisa. ma que não podemos ainda entrever, na época [68]; mas a surpresa maior, e a confirmação romana. No sopé desta elevação foram encon- do grande interesse arqueológico desta área trados materiais romanos pelo menos em dois da cidade, viria poucos anos depois, quando locais. Junto à igreja de Miragaia, no vale do se iniciaram sondagens em terrenos anexos à rio Frio, que desce das Virtudes, localizaram- igreja matriz de Lordelo. Nesse local [78] des- se fragmentos de tegula e de cerâmica domés- cobriram-se diversos muros romanos e vestí- tica na Rua de Miragaia, nº 75-76 [31]; mais gios de pavimentos (NASCIMENTO; DEL- recentemente, e no sopé Nascente, no vale do GADO; SOUSA 2004; Centro Social 2006). próprio rio da Vila, uma sondagem arqueoló- Numa intervenção mais recente neste mesmo gica feita na Rua da Ponte Nova, 50-54 [56] local (SILVA, A. M. et al. 2007) apareceram revelou igualmente um nível com material novas estruturas. Se bem que os tramos de pa- cerâmico de construção romano. redes postos a descoberto correspondam a di- ferentes edifícios, a natureza das construções As intervenções arqueológicas dos últimos é imprecisa, aguardando-se a prossecução dos anos, todavia, têm proporcionado outras sur- trabalhos arqueológicos. Enquanto os vestí- presas que permitem actualmente ter uma gios detectados na Calçada do Ouro e Rua do visão mais equilibrada do que seria a ocu- Aleixo parecem ser atribuíveis à generalida- pação romana no espaço urbano do Porto, de- de do período do domínio romano, as ruínas signadamente fora do seu centro histórico e ao junto à Igreja de Lordelo circunscrevem-se ao longo da margem do Douro, no sentido da foz Baixo Império (sécs. III-IV). (Fig. 8). Na zona da foz do Douro os vestígios romanos Na freguesia de Massarelos, o acompanhamen- detectados são por ora relativamente pontuais to de trabalhos de requalificação urbana per- e descontextualizados, reduzindo-se à ara mitiu que se detectassem materiais cerâmicos reutilizada como material de construção nos romanos (tegula e louça comum) no Campo alicerces da ermida proto-românica do Cas- do Rou [61, 62] e, mais tarde, em valas de obra telo da Foz, a esparsos fragmentos de tegula, junto à marginal do rio. Numa escavação feita singulares e descontextualizados, encontrados na Rua Casal do Pedro, 3-5 [73] identificou- em algumas intervenções, e aos fragmentos se também cerâmica de construção romana, de ânfora, muito rolados, identificados numa se bem que aparentemente em níveis estrati- sondagem arqueológica feita em terrenos do gráficos heterogéneos. Estes achados parecem Monte do Crasto, em Nevogilde [26], ele- assim sugerir um outro núcleo de ocupação ro- mentos que, sendo merecedores de alguma mana na margem esquerda do rio de Moinhos, atenção, precisam de ser enquadrados e confir- sem que por enquanto possa aferir-se o local mados por novas descobertas. preciso do habitat ou a expressão territorial ou cronológica dessa mancha de vestígios. Mais no coração da cidade actual, em subúr- bios de Cale mais afastados da frente ribeirin- Mais a Poente, já em Lordelo, foi feita uma ha, a alusão a materiais cerâmicos e vítreos ro- pequena sondagem arqueológica na Calçada manos encontrados em escavações no exterior do Ouro [65], tendo em conta as indicações da igreja românica de Cedofeita [63] e ime- de que por aí assentaria um antigo traçado diações [82] não surpreende de todo, conside- viário de ascendência romana. Pese embora rando as origens suevo-visigóticas atribuídas a exiguidade da superfície escavada, os resul- ao templo. Outras referências isoladas, como tados confirmaram o potencial arqueológico as do achado de cerâmicas no lugar de Passos, esperado, encontrando-se não só materiais em Nevogilde [20], aguardam também maior cerâmicos romanos, como até fragmentos de estudo. louça da Idade do Ferro, sugerindo porventura uma ocupação dessa época no vizinho morro Ao contrário do que sucedia há algumas dé- de Santa Catarina (ABRANCHES 2001). cadas, todavia, começa a vislumbrar-se, ainda que de forma por enquanto muito vaga, um te- Numa intervenção posterior, de acompanha- cido mais consistente de ocupação romana, de mento de obra, realizada algumas centenas modalidades e cronologia a afinar pelo estudo de metros mais a Noroeste, na Rua do Aleixo, do existente e por novas descobertas, fazendo de novo se encontraram materiais romanos a ligação entre o núcleo central da Penaven-

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tosa e os achados dos municípios vizinhos do Direita e outras artérias ribeirinhas19, sugerin- Porto, configurando uma ampla rede de con- do porventura a existência de uma área portuária tactos e relações que certamente articularia o e comercial similar à que terá existido na margem ouro das minas de Valongo com a expressiva Norte20. ocupação romana que a Maia parece acusar, Na realidade, independentemente das dúvi- através dos dados das suas necrópoles, até à das que suscita o seu traçado original, como foz do Leça, onde o importante castro de Gui- observámos, por certo que de Sul e de Norte fões por certo terá marcado presença de rele- confluiriam para este tramo do Douro diversas vo, dominando uma zona onde a exploração vias antigas, havendo talvez mais que um pon- do sal e a preparação de preparados piscícolas to de atravessamento do rio. Mais por tradição se assumem, desde logo, como actividades es- documental que por evidência arqueológica, senciais durante o Império. têm sido apontados diversos eixos viários pos- Transpondo o Douro, não podemos deixar de síveis. Do lado Sul, um traçado equivalente ao fora deste breve conspecto a ocupação romana das actuais Ruas Cândido dos Reis, Marquês da marginal gaiense, onde a partir de achados Sá da Bandeira e da Rasa (MANTAS 1996); antigos e descobertas recentes se começa a um outro, a Nascente, que aparentemente des- vislumbrar um núcleo de povoamento antigo embocaria em Quebrantões (ALMEIDA 1984; bastante pujante. Para além do conhecido cipo 1985) e um terceiro, mais atlântico, no alinha- funerário encontrado nos inícios do séc. XX mento da “estrada mourisca” documentada em junto às Escadas da Boa Passagem (MATOS diversas freguesias do litoral gaiense. A Nor- 1937; GUIMARÃES 1993; SILVA, A. M. te, para além do já mencionado eixo urbano 1994) – durante muito tempo o vestígio roma- Ribeira-Mercadores-Bainharia, registam-se no mais claro da ribeira gaiense – os trabalhos alusões à “carreira”, talvez a Via Veteris de das décadas de 1980 e 1990 confirmaram a alguns documentos, aparentemente situada ocupação em época romana do povoado pro- a partir do Largo do Senhor da Boa Morte, to-histórico localizado no morro do Castelo prosseguindo pelas Condominhas e Rua de de Gaia (SILVA, A. C. 1984b; SILVA, A. M. Serralves. 1994) e identificaram os restos de um edifí- Poder-se-á admitir como reflexo destes múlti- cio tardo-romano sob a igreja do Bom Jesus plos atravessamentos e das vias que se afron- de Gaia (GUIMARÃES 1989; 1993; 1995a; tavam de um e outro lado do Douro o espelho 1995b). de topónimos que ambas as margens exibem: Posteriormente, escavações mais extensivas Quebrantões Sul e Quebrantões Norte, Gaia numa plataforma do Castelo localizaram, e Miragaia, Guindais, Arrábida? Pelo menos, entre outras construções, um significativo talvez possamos apreender nesta simetria troço de uma muralha do séc. I (CARVAL- toponímica o papel de um curso fluvial que HO; FORTUNA 2000), e mais recentemente, talvez tenha representado a partir da época outras intervenções arqueológicas na mesma romana mais um elemento de ligação que um área detectaram outros edifícios relacionados sinal de ruptura. De inegável fronteira étnica com o povoado romano17. Todavia, também à nos tempos pré-romanos, tradição conserva- cota baixa, na margInal do rio, em sondagens ar- da pelos invasores ao traçar pelo Durius o queológicas e acompanhamentos de obra têm sido limite administrativo entre a Galécia e a Lu- feitos achados de material cerâmico doméstico e sitânia, talvez que a dimensão mais apreciada de construção romano, como sucedeu por exem- do curso fluvial tenha sido desde então não plo nas escavações no adro da igreja paroquial de a divisória, mas a que ligava o mar oceano Santa Marinha18, do Largo António Calem, Rua ao interior do território, de onde se escoavam ouro, cereais, azeite e vinho para outras para- 17 Designadamente os trabalhos em curso na Quinta gens do Império. de Santo António, uma plataforma situada a Poente do Castelo de Gaia, sob a direcção de Laura Sousa, Nuno 19 Trabalhos dirigidos por António Sérgio Pereira, a Garcia e André Nascimento a quem agradecemos a in- quem igualmente agradecemos estas informações. formação sobre estes dados inéditos. 20 Para a síntese dos trabalhos arqueológicos realizados 18 Trabalhos dirigidos por Maria da Graça Peixoto, a em Vila Nova de Gaia até 2007 e listagem bibliográfica quem agradecemos a informação. exaustiva veja-se SILVA, A. M. 2007.

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Cale e os Callaeci centrais adstritos a diferentes valências econó- Uma questão final não pode deixar de ser re- micas e funções militares, administrativas e de flectida. Qual a relação de Cale (estivesse subsistência. Segundo este modelo, Cale seria, situada na área do Porto ou de Vila Nova de na sua expressão, o port of trade dos Calaicos, Gaia) com os Callaeci? enquanto o castro de Vandoma (Baltar, Pare- des), em conhecida região aurífera, assegura- Este populus, enumerado por Plínio como uma ria os recursos mineiros e a Citânia de Sanfins das 24 ciuitates do convento bracaraugustano (Paços de Ferreira) assumiria a capitalidade é localizado pela maior parte dos Autores na política e as actividades de subsistência, no- margem Norte da foz do Douro (TRANOY meadamente através da agricultura e pecuária 1981:65-6; ALARCÃO 1995-96; 1999; SIL- (SILVA, A. C. 1999:45), chegando a alvitrar VA, A. C. 1996; 2000), podendo ser o rio Ave a transferência das funções de capitalidade de o seu limite setentrional (ALARCÃO 2000: Cale para Vandoma na sequência da reorga- 46). RODRIGUEZ COLMENERO constitui nização militar e administrativa posterior às excepção a esta interpretação, situando o terri- campanhas de D. I. Brutus em 138-137 a.C. tório dos Callaeci além Tâmega, sem indicar (SILVA, A. C. 1996:52). Tratando-se de uma o povoado caput ciuitatis, e considerando que ideia sugestiva, julgamos que não encontra eram os que ocupavam as imediações por ora sustentação bastante em dados ar- de Cale, sobre cuja localização não se pronun- queológicos, pelo menos no que se refere às cia (1997:17-29). Entendendo-se Cale como informações disponíveis sobre Cale e sobre o povoado epónimo dos Callaeci e tendo Cale castro de Vandoma, onde nunca se fizeram, ao que ficar próximo da foz do Douro, à luz do que se sabe, escavações arqueológicas. Itinerário de Antonino, a opinião de Rodriguez Colmenero, não obstante os argumentos que Cale e os Callaeci continuarão por certo a usa, abre um problema de difícil resposta. desafiar-nos. Articulando as fontes históricas com as arqueológicas – aquelas sempre pas- Os Callaeci seriam naturalmente uma das síveis de novas leituras e cruzamentos, estas ciuitates peregrinae do Noroeste. Não haven- sempre na expectativa de que a todo o mo- do fundações urbanas significativas nesta área, mento saia da terra um objecto revelador -o a política de Augusto foi a de eleger oppida in- tema permanece de grande actualidade, não só dígenas, provavelmente entre os lugares cen- no plano científico como também no social e trais dos respectivos populi (LE ROUX 2006: político. Afinal, trata-se de indagar como uma 121) para aí sediar a administração, a colecta aparentemente modesta mansio de apoio a via- fiscal, uma vez que se tratava de ciuitates sti- jantes deu nome a um País; ou de saber como pendiariae e, sendo necessário, as funções de um de entre dezenas de populi do Noroeste segurança militar. Este seria o caso de Cale. peninsular de há dois mil anos deixou o seu Não certamente como uma urbs, termo só apli- nome de herança a uma comunidade que tem cado aos grandes centros e, por autonomásia, a hoje 2,8 milhões de cidadãos. Roma, mas na segunda categoria que a termi- nologia romana reservava às cidades, um op- pidum (LE ROUX 1999:236; 2006; GRIMAL BIBLIOGRAFIA CITADA 2003), que provavelmente manteria uma parte ABRANCHES, Paula B. (2001) – Inter- das suas prerrogativas e poderia mesmo não venção arqueológica no Largo da Calçada possuir um quadro administrativo formal, sen- do Ouro. Porto. Relatório final. Perosinho: do a ciuitas – cidade e território, pois a partir Archeo’estudos. Texto dactilog. da extensão do ius latii, os termos confundem- ABRANCHES, Paula B. (2002) – Acompan- se, como nota LE ROUX (1999:236) – gover- hamento arqueológico da construção do par- nada por um princeps de extracção indígena, que de estacionamento subterrâneo da Praça como Jorge ALARCÃO tem sugerido (1990: do Infante D. Henrique, Porto. Relatório final. 372). Perosinho: Archeo’estudos. Texto dactilog. A. C. Ferreira da Silva tem vindo a propor ALARCÃO, Jorge de (1988) – O domínio (1996, 1999, 2000), uma estrutura do territó- romano em . Mem Martins: Europa- rio da ciuitas Callaeci com diversos lugares América

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244 | REVISTA DE ARQUEOLOXÍA E ANTIGÜIDADE Ocupação da época romana na cidade do Porto. Ponto de situação e perspectivas de pesquisa. casos de estudo: Porto e Arouca”. In STOC- sondagens de avaliação arqueológica. Porto: KLER, Carla (coord.) – Encontros Culturais CM. Texto dactilog. do Baixo Tâmega. Património. Actas. Baião: SILVA, António Manuel S. P.; OSÓRIO, Ma- CM, 2004 [2006], 207-17 ria Isabel P.; (1996) – Sondagem arqueológica SILVA; António Manuel S. P. (2005) – “Casa de avaliação. Rua de Miragaia, 123-124 – do Infante, Porto”. In HIDALGO CUÑA- Porto. Relatório preliminar. Porto: CM. Texto RRO, J. M. (coord.) – Rutas arqueolóxicas do dactilog. Eixo Atlântico/Roteiro arqueológico do Eixo SILVA, António Manuel S. P.; RIBEIRO, Ma- Atlântico. Vigo: Eixo Atlântico, 235-6 nuela SILVA, António Manuel S. P. (2006) – “O C. S.; BARBOSA, Sandra; (2006) – Rua de Togado, um enigma vindo do fundo do rio”. Santana, 25. Porto. Relatório das sondagens PORT. 10, p. 10 de avaliação arqueológica. Porto: CM. Texto SILVA, António Manuel S. P. (2007) – Revisão dactilog. do Plano Director Municipal de Vila Nova de SILVA, António Manuel S. P.; RODRIGUES, Gaia. Património Arqueológico. Património Miguel; SOUSA, Laura; BARBOSA, Sandra; Geomorfológico. Relatório Final. V. N. Gaia. RIBEIRO, Manuela C. S. (2007) – Sonda- Texto dactilog. gens arqueológicas na área prevista para a SILVA, António Manuel S. P. Silva; BAR- construção do Centro Social e Paroquial de BOSA, Sandra (1998) – Conclusão da inter- S. Martinho de Lordelo do Ouro – Porto. Re- venção arqueológica na Rua da Penaventosa, latório preliminar. Porto: CM/Direcção Reg. 39, 45 e 57 (Jun. – Set. 1998). Relatório preli- Cultura do Norte. Texto dactilog. minar. Porto: CM. Texto dactilog. SILVA, Armando C. F. (1980) – Investigação SILVA, António Manuel S. P.; BARBOSA, arqueológica na área urbana Ribeira-Barredo Sandra (1998) – Conclusão da intervenção (Porto) realizada em 1980. Porto: Fac. Letras arqueológica na Rua da Penaventosa, 39, 45 Univ. Porto. Texto dactilog. e 57. Relatório preliminar. Porto: CM. Texto SILVA, Armando C. F. (1984a) – “Sondagem dactilog. arqueológica na Praça da Ribeira”, ARQ, 10, SILVA, António Manuel S. P.; BARBOSA, p. 72-5 Sandra; SÁ, Anabela P.; BORGES, Susana; SILVA, Armando C. F. (1984b) -“Aspectos da RIBEIRO, Manuela C. S. (2006) – Largo de Proto-História e Romanização no Concelho de Penaventosa, 21. Porto. Relatório Final das Vila Nova de Gaia e problemática do seu po- Sondagens de Avaliação Arqueológica. Porto: voamento”. Gaya. 2. V. N. Gaia, 39-58 CM. Texto dactilog. SILVA, Armando C. F. (1986) – A Cultura SILVA, António Manuel S. P.; BARBOSA, Castreja no Noroeste de Portugal. Paços de Sandra; RIBEIRO, Manuela C. S. (no prelo) Ferreira: CM/MACS – Escavações arqueológicas na Rua da Pe- naventosa, números 39 a 57, Porto. Relatório SILVA, Armando C. F. (1994) – “Origens do final.Porto: CM. Texto dactilog. Porto”, In RAMOS, Luís O. (dir.) -História do Porto. Porto: Porto Editora, 46-117 SILVA, António Manuel S. P. Silva; RIBEI- RO, Manuela C. S.; BARBOSA, Sandra; LO- SILVA, Armando C. F. (1996) – “A cultura PES, Lídia; GUIMARÃES, Susana (no prelo) castreja no Norte de Portugal: integração no – Rua da Penaventosa, 27 (Freguesia da Sé, mundo romano”. In FERNÁNDEZ OCHOA, Porto). Relatório final da sondagem de ava- Carmén – Los Finisterres Atlánticos en la An- liação arqueológica. Porto: CM (GAU). Texto tigüedad. Época Prerromana y Romana (Co- dactilog. loquio Internacional). Madrid: Ayunt. Gijón/ Electa España, 49-55 SILVA, António Manuel S. P.; LOPES, Lídia; GUIMARÃES, Susana; BARBOSA, Sandra; SILVA, Armando C. F. (1999) – “A ocupação RIBEIRO, Manuela C. S. (2003) – Largo de do território do Noroeste peninsular aquando Penaventosa, 25. Porto. Relatório final das da chegada dos Romanos”. In DIAS, Lino

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T.; ARAÚJO, Jorge, coord. – Actas da Mesa VARELA, José M.; CLETO, Joel A. (2001) – Redonda Emergência e Desenvolvimento das Intervenção arqueológica no edifício do Lar- Cidades Romanas no Norte da Península Ibé- go do Colégio, nº 9-12 (Freguesia da Sé, Por- rica. Porto: Escola Prof. Arqueologia/IPPAR, to). Relatório dos trabalhos realizados. Porto: 39-52 Autores. Texto dactilog. SILVA, Armando C. F. (2000) – “Proto-histó- VASCONCELOS, José Leite de (1905) – Re- ria e romanização do Porto”. ALM. 9, p. 94- ligiões da Lusitania na parte que principal- 103 mente se refere a Portugal. Vol 2. Lisboa: Imp. Nacional SILVA, Armando C. F. (2007) – A Cultura Castreja no Noroeste de Portugal. 2ª ed. [re- VASCONCELOS, José Leite de (1913) – Re- vista e actualizada] Paços de Ferreira: CM/ ligiões da Lusitania na parte que principal- MACS/CACEC mente se refere a Portugal. Vol 3. Lisboa: Imp. Nacional SILVA, Armando C. F..; CENTENO, Rui S.; BARBOSA, Maria B.; BARBOSA, João P. VASCONCELOS, José Leite de (1931) – (1998) – Escavações arqueológicas na Ri- “Cale e Portucale”. Revista Lusitana. 29. Lis- beira (Porto). Intervenção no Porto Carlton boa, 50-6 Hotel. Relatório. Porto: Etnos. Texto dactilog. SILVA, Armando C. F.; CENTENO, Rui S.; ABREVIATURAS LOPES, António B. (1996) – Escavações ar- Revistas: AEA – Archivo Español de Arqueo- queológicas na Ribeira (Porto). Intervenção logía (Madrid); ALM – Al-Madan (Almada); no Porto Carlton Hotel. Relatório. Porto: Et- ARQ – Arqueologia (Porto); BAM – Boletim nos. Texto dactilog. da Associação Cultural Amigos de Gaia (V. N.Gaia); BCCMP – Boletim Cult.l Câm. Mu- SOARES, Torquato S. (1962) – Reflexões so- nic. do Porto (Porto); LUC – Lucerna (Por- bre a origem e a formação de Portugal. Tomo to); OAP – O Arqueólogo Português (Lisboa); I. Coimbra: Fac. Letras PORT – Portvs. Boletim de Arqueologia Por- SOUZA, Vasco de (1990) – Corpus Signorum tuense (Porto); SG – Studium Generale (Por- Imperii Romani. Corpus der Skulpturen der to); TRIP – O Tripeiro (Porto). Editores: CM Römischen Welt. Portugal. Coimbra: Inst. de – Câmara Municipal Arqueologia da Fac. Letras de Coimbra TEIXEIRA, Filipe S. (1995) – Intervenção ANEXO INVENTÁRIO DE SÍTIOS E arqueológica no Monte do Crasto, Nevogilde. ACHADOS Porto: CM. Texto dactilog. O inventário que se segue – aqui apresentado de forma muito sumáriai – respeita aos vestí- TEIXEIRA, Ricardo; DORDIO, Paulo (2000) gios da época romana encontrados na cida- – “Intervenção arqueológica na Casa do Infan- de do Porto, quer procedam de escavações e te: dezassete séculos de História na zona ri- outros trabalhos arqueológicos, quer resultem beirinha do Porto”. ALM. 2ª Série. 9, p. 132-4 de achados ocasionais. TRANOY, Alain (1974) – Hydace. Chronique. A listagem, que atingiu 88 registos, está orde- [Introduction, texte critique, traduction]. Par- nada por critério cronológico, de acordo com is: Ed. du Cerf. 2 vols. os anos em que se realizaram os achados ou TRANOY, Alain (1981) – La Galice Romaine. intervenções. Todavia o princípio prevale- Recherches sur le nord-ouest de la péninsule cente, designadamente no caso dos trabalhos ibérique dans l’Antiquité. Paris: Diff. de Boc- arqueológicos, é o dos sítios, pelo que, nas si- card tuações em que ocorrem diversas intervenções no mesmo local, o mesmo é registado pelo ano TRANOY, Alain (1995) – “La rive Nord du mais antigo (por exemplo, [04], a área da Ci- Douro à l’époque romaine: contribution épi- vidade, teve trabalhos e recolhas de materiais graphique à l’étude d’une zone frontière”. arqueológicos em 1932, 1950 e 1990, mas to- Gaya. 6 (1988-1994). V. N. Gaia, 125-136

246 | REVISTA DE ARQUEOLOXÍA E ANTIGÜIDADE Ocupação da época romana na cidade do Porto. Ponto de situação e perspectivas de pesquisa. das as informações foram anexadas às dos tra- O único exemplar de estatuária romana en- balhos iniciais de Mendes Correia). contrado no Porto veio à luz do dia, emerso das águas do Douro, em 1868. Trata-se de um A referência a sítios ou achados, no Inven- exemplar em granito, com 1,23 metros de al- tário ou no texto é feita pelo número que os tura, representando uma figura masculina, to- identifica nesta listagem, apresentado entre gada. parêntesis rectos (ex: [38]; [67]). A ordem de apresentação dos dados em cada ficha foi fei- A sua datação levanta alguns problemas, ta de acordo com o esquema que se apresenta embora a generalidade dos autores a consi- abaixo. A datação dos vestígios varia entre a dere romana, sendo excepção M. Barroca, menção mais genérica (“Época romana”) até que entende tratar-se de uma imitação renas- à distinção Alto/ Baixo Império, quando não é centista. Época romana (Séc. I) Catalogo… possível maior precisão. 1891:114; GARCIA BELLIDO 1949:191-2, nº 227; COUTINHO 1965: 44-50; MATOS Na Bibliografia indicamos, além dos trabalhos 1966: 26; 2005: 235-40; SOUZA 1990: 152; publicados, os relatórios técnicos disponíveis SILVA 1994: 93-4; BARROCA 2001: 37-51; sobre o sítio, intervenção ou achado, uma vez SCHATTNER 2003: 127-49; 2004: 22-3; SIL- que a larguíssima maioria dos trabalhos não VA, A.M. 2006. se encontra ainda publicada de outra forma. Num ou noutro caso não pudemos ter acesso aos relatórios técnicos, pelo que recorremos a 04. Tesouro numismático informações pessoais ou ao conhecimento di- Primeiros anos do séc. XX. Miragaia Tesouro recto das situações. perdido, composto por “uns milhares” de pe- quenos bronzes (HIPÓLITO 1960-61:47). Nº de inventário Época romana (Baixo Império) HIPÓLITO Designação/Localização 1960-61 Responsabilidade do achado ou intervenção (director/empresa ou entidade) 05. Cividade Data do achado ou trabalho. Tipo de trabalho A. A. Mendes Correia (Fac. Ciências Univ. Porto) Descrição dos achados e comentários 1932. Sondagens (2 valas alongadas; área des- Cronologia conhecida) Algum espólio romano, aparente- Bibliografia mente sem relação com estruturas. Alves Moreira; Santos Júnior (Fac. Ciências 01. Inscrições romanas Univ. Porto) Anterior ao séc. XVII. Sé do Porto Inscrições 1950; 1953; 1954. Recolhas avulsas; esca- desaparecidas, duas das quais funerárias. Épo- vações pontuais Algum espólio romano, apa- ca romana HÜBNER 1869; CORREIA 1940; rentemente sem relação com estruturas. BRANDÃO 1963; 1984 Maria Isabel P. Osório; Armando Coelho F. 02. Inscrição romana Silva; Manuel Anterior ao séc. XVII. Igreja de São Pedro L. Real (C. M. Porto; Fac. Letras Univ. Porto) (Miragaia?) “no subúrbio do Porto” Inscrição, 1990-91. Sondagens (c. 50 m2) Espólio de cro- desaparecida, interpretada usualmente como nologia romana. um voto a Dvrius. Época romana HÜBNER 1869; VASCONCELOS 1905:234; CORREIA Época romana (Alto Império – Baixo Impé- 1940; GOMES 1952; GARCÍA-FERNAN- rio) CORREIA 1932a; 1950; FERREIRA DEZ ALBALAT 1959; GONÇALVES 1984; BARROCA 1984; OSÓRIO et al. 2008 03. Estátua (Togado) 1868. Rio Douro, próximo do farol de S. Mi- 06. Ara guel-o-Anjo 1940. Junto à Sé do Porto

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Ara, dedicada aos Lares Marinhos. Época ro- Época romana MENDONÇA 1984:60-61 mana (Século II) CORREIA 1940; AZEVE- DO 1960; SILVA, A.C. 1994; REAL 1998 14. Mó manual 1979-1983. Largo do Terreirinho, 15 07. Fustes de colunas Recolha de uma mó manual giratória (dormen- 1940. Junto à Sé do Porto Próximo da ara an- te). Época romana MENDONÇA 1984:60-61 terior apareceram dois fustes de coluna, em calcáreo, toscanas, ainda com o arranque dos astrágalos. Medem, respectivamente, 1,25 e 15. Cerâmica de construção 1,48 metros. 1979-1983. Largo do Terreirinho, 5 Época romana PERES 1962; BRANDÃO Fragmentos de tegulae. Época romana MEN- 1963; 1984 DONÇA 1984:60-61

08. Mós giratórias; uma moeda 16. Cerâmica de construção 1940. Junto à Sé do Porto Achado de “diver- 1979-1983. Travessa do Barredo, 7 sos fragmentos de mós manuais, circulares” e Fragmentos de tegulae. Época romana MEN- “uma moeda romana do tempo de Constanti- DONÇA 1984:62 no” (BRANDÃO 1963: 241), materiais des- aparecidos. 17. Cerâmica de construção Época romana BRANDÃO 1963; 1984 1979-1983. Travessa do Barredo, 4-6 Fragmentos de tegulae. Época romana MEN- 09. Mós giratórias, moedas, pondus DONÇA 1984:62 Década de 1950 (?). Seminário Maior do Por- to Achado de materiais romanos, como mós e 18. Praça da Ribeira uma dezena de moedas do século IV. Armando Coelho F. Silva (Fac. Letras Univ. Época romana BRANDÃO 1963; 1984 Porto) 1980. Sondagem (c. 144 m2) Cerâmica co- 10. Fustes de colunas mum, alguma “de cronologia provável do Década de 1950 (?). Rua D. Hugo, 13 Re- Baixo Império”. ferência a dois fustes de colunas, enterrados, com 0,32 m de diâmetro na parte descoberta, Época romana (Baixo-Império) SILVA, A.C. que tem cerca de um metro. Época romana (?) 1980; 1984 BRANDÃO 1963; 1984 19. Cerâmica (ânforas e tegula), mó giratória 11. Mó 1980, 1983. Zona do Barredo Referências ao 1967. Rua de D. Hugo, 41 achado de fragmentos de ânfora e material de construção romano, bem como o dormente de Achado de uma mó giratória. Época romana uma mó giratória, elementos hoje desapareci- BRANDÃO 1984 dos. Época romana BRANDÃO 1984 12. Cerâmica de construção 1979-1983. Praça da Ribeira, 25-26 20. Cerâmica romana Fragmentos de tegula. Época romana MEN- Década de 1980 (?). Lugar de Passos (Praça DONÇA 1984:60, 63 de D. Pedro V, Rua de Sagres) Terão apareci- do, num corte de terreno, “um fragmento de 13. Ruínas (?) e cerâmica cerâmica romana tardia” e, nas proximidades, 1979-1983. Rua de Baixo (entre 9-11 e 8-10) fragmentos de tegulae, dois pondera e outras Estruturas, aparentemente associadas a frag- cerâmicas. mentos de tegulae e de ânforas. Época romana BRANDÃO 1984

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21. Ara 25. Castelo de São João da Foz. Ara 1983. Sé do Porto Fragmento de uma pequena 1987-1992. Escavação extensiva ara, em granito de grão fino. Maria Isabel P. Osório; Manuel L. Real (C. M. Época romana BRANDÃO 1983; 1984 Porto) Ara romana, aparentemente dedicada a divindades aquáticas. 22. Vidros Época romana DIAS et al. 1988; REAL et 1983. Junto da Sé al. 1989; 1990; 1991; 1992; OSÓRIO 1993; Achado de fragmentos de vidro romano. Épo- 1994b; SILVA, A.C. 1994 ca romana BRANDÃO 1984 26. Monte do Crasto 23. Rua de D. Hugo, 5 Maria Isabel P. Osório; Filipe Teixeira (C. M. Manuel L. Real; Maria Isabel P. Osório e Porto) outros (C. M. Porto) 1984-87; 1992-93. Esca- 1989-90. Sondagem (4 m2) Fragmentos cerâ- vação em área (c. 80 m2) micos, muito rolados, aparentemente de ânfora. As estruturas respeitam essencialmente ao res- Época romana TEIXEIRA 1995 to de uma construção de planta ortogonal com as esquinas arredondadas e pavimento interior 27. Casa do Infante/Rua da Alfândega, 10 lajeado, datada do séc. I, cortada por um muro Manuel L. Real; Paulo Dordio; Ricardo de bom aparelho (de que só pôde observar-se Teixeira (C. M. Porto) 1991-2003. Escavação uma das faces, pois está incorporado no ali- em área (superior a 1500 m2). Figuras 3 e 4 cerce do edifício moderno) interpretado como correspondente a um amuralhamento, erguido Identificados pela primeira vez pavimentos de provavelmente em finais do século III. Apare- mosaicos no Porto. Os painéis musivos fazem ceram ainda, noutros pontos, diferentes tramos parte de dois compartimentos de uma cons- de muros romanos, bem como pavimentos em- trução de orientação NO./SE., com cerca de pedrados e em terra batida, de cronologia afim 24x20 metros, definido por um pátio central, (REAL et al. 1985-86). O espólio arqueológi- lajeado, rodeado por quatro alas sensivelmen- co romano é bastante diversificado, integran- te modulares (DORDIO, no prelo), ocorrendo do cerâmica comum e de construção, ânfora, ainda estruturas correspondentes a outros edi- terra sigillata, vidros e algumas moedas. fícios. Espólio arqueológico romano vasto e diversificado, incluindo moedas (mais de 250 Época romana (Alto Império – Baixo Impé- exemplares), sigillatas, vidros, uma lucerna, rio) REAL s.d.; 1984; 1986; REAL; OSÓRIO ânfora, cerâmica comum e de construção, etc. 1993; REAL et al. 1985; 1985-86; 1987; SIL- Não obstante a ocupação romana mais mar- VA, A.M. 2000b; 2005 cante ser claramente tardia, registam-se alguns elementos que evidenciam que a área estaria já 24. Rua de S. Sebastião/Casa da Câmara ocupada no Alto Império (DORDIO, no prelo). Manuel L. Real; Maria Isabel P. Osório e Época romana (Alto Império – Baixo Impé- outros (C. M. Porto) 1984-87. Sondagens rio) TEIXEIRA; DORDIO 2000; REAL 2005; Espólio romano diversificado, sem estruturas. REAL et al. 2009; MENDES-PINTO 1999; Manuela C. S. Ribeiro 2004 [numismática]; DORDIO, no prelo 2000. Acompanhamento arqueológico Dor- 28. Casa-Museu Guerra Junqueiro/Rua D. mente de uma mó manual giratória, de aspecto Hugo, 30-32 romano. Maria Isabel P. Osório; António Manuel S. P. Época romana REAL s.d.; 1984; 1986; REAL; Silva (C. M. Porto – Gab. Arqueologia Urba- OSÓRIO 1993; REAL et al. 1985; 1985-86; na) 1994-96. Escavação extensiva 1987; RIBEIRO 2004

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Restos de estruturas e espólio romano diver- 35. Rua Escura (Sond. 5 Ruas da Sé) so, essencialmente do século IV. Época ro- Manuela C. S. Ribeiro (C. M. Porto) 1996. mana OSÓRIO; SILVA 1994; 1995; 1996b; Sondagem (2,4 m2) Materiais romanos, sobre 2002 um empedrado de pedra miúda. Época romana (tardia) RIBEIRO 1999; 29. Rua de S. Sebastião, 45-50 (“Casa Ama- 2002 rela”) Teresa Pires de Carvalho 36. Rua de S. Sebastião, frente à Casa da 1995-96. Sondagens (área desconhecida; mín. Câmara (Sond. 9 Ruas da Sé) 30 m2) Muros de uma construção romana, com Manuela C. S. Ribeiro (C. M. Porto) espólio associado. 1996. Sondagem (3,4 m2) Referência a níveis Época romana (Baixo Império; Alto Império de derrube de estruturas, com espólio romano. vestigial) CARVALHO 1996 Época romana RIBEIRO 1999; 2002

30. Âncora 37. Rua de S. Sebastião, frente à Casa da 1995. Nas águas do Douro, junto ao paredão Câmara (Sond. 13 Ruas da Sé) do farolim de Felgueiras Manuela C. S. Ribeiro (C. M. Porto) 1996. Achado casual de um cepo de âncora, em Sondagem (5,9 m2) chumbo. Época romana Inédito Cerâmica de época romana. Época romana RI- BEIRO 1999; 2002 31. Rua de Miragaia, 75-76 Maria Isabel Osório; António Manuel S. P. Sil- 2 38. Largo Dr. Pedro Vitorino (Sond. 14 va 1996. Sondagens (11 m ). Ruas da Sé) Fragmentos de tegula e de cerâmica comum Manuela C. S. Ribeiro (C. M. Porto) romana. Época romana OSÓRIO; SILVA 1996. Sondagem (5,8 m2) Restos de estruturas, 1996a associadas a fragmentos de tegula. Época romana RIBEIRO 1999; 2002 32. Rua de Miragaia, 123-124 Maria Isabel Osório; António Manuel S. P. Sil- va 1996. Sondagens (7 m2). 39. Rua de S. Sebastião, frente ao nº 45-50 (Sond. 15 Ruas da Sé) Fragmentos de tegulae, sem contexto eviden- Manuela C. S. Ribeiro (C. M. Porto) te. Época romana SILVA; OSÓRIO 1996 1996-1997. Sondagem (22,2 m2) Estruturas de época romana, com distintos alinhamentos 33. Rua da Bainharia, 67-68 e evidenciando diversas fases construtivas. Joel Alves Cerqueira Cleto (Matriz – Soc. de Destaca-se, em particular, “um pequeno com- Construções) partimento de planta rectangular, com cerca de 1996. Acompanhamento arqueológico. Espó- 2,80x2,10 metros, de que se conservaram três lio romano, designadamente ânforas datadas, dos muros ainda com várias fiadas de pedras, pelo menos em parte, do séc. I. Época romana com um alçado máximo de cerca de 0,80 me- Resultados não publicados tros”. Este compartimento apresentava a base revestida por uma camada de terra argilosa, “bordejada por blocos de pedra miúda e pe- 34. Rua da Bainharia, frente ao nº 139 daços de tegula”, com claras funções de im- (Sond. 1 Ruas da Sé) permeabilização, criando-se assim um recep- Manuela C. S. Ribeiro (C. M. Porto) 1996. 2 táculo que escoava, aparentemente, para um Sondagem (4,5 m ) pequeno vão existente na parede Este da cons- Espólio cerâmico, de cronologia indefinida. trução, que deverá ter tido utilização para fins Época romana RIBEIRO 1999; 2002 sanitários ou industriais. Para além de outros

250 | REVISTA DE ARQUEOLOXÍA E ANTIGÜIDADE Ocupação da época romana na cidade do Porto. Ponto de situação e perspectivas de pesquisa. alinhamentos murários, encontraram-se ainda Espólio romano, aparentemente associado a pavimentos em terra pisada e diversos buracos níveis de ocupação, designadamente ao que na de poste. O espólio arqueológico deste hori- altura foi considerado como podendo corres- zonte inclui cerâmicas, um numisma do sécu- ponder a uma linha de cais da época romana, lo IV e vidros de datação similar, parecendo não se conhecendo outros detalhes pelo extra- apontar, globalmente, para uma ocupação do vio dos registos e do espólio da intervenção. Baixo Império/Antiguidade tardia (RIBEIRO Época romana Resultados não publicados 1999:37-8).

Época romana (tardia) RIBEIRO 1999; 2002 44. Rua da Fonte Taurina, 12-24 Armando Coelho Ferreira da Silva; Rui Ma- 40. Aljube/Rua de S. Sebastião nuel S. Centeno (Etnos) 1997. Sondagens. Joel Alves Cerqueira Cleto (Matriz – Soc. de Espólio romano. Época romana Resultados Construções) não publicados 1996-97. Sondagens. Abundante espólio ro- mano, incluindo cerâmica comum, sigillata, 45. Rua de Santana, 25 cinzentas finas, lucernas, ânforas e diversas António Manuel S. P. Silva; Manuela C. S. Ri- moedas, aparentemente procedente de níveis beiro; Sandra de aterro e sem associação a qualquer estru- tura. C. P. Barbosa (C. M. Porto – Gab. Arqueologia Urbana) Época romana (pelo menos Alto Império) 2 CLETO 1997; MORAIS; CARRERAS 2004; 1997-1999. Escavação integral (35 m ) Res- MORAIS, no prelo [ânforas]; MENDES-PIN- tos de construções. Num dos ambientes TO 1999; 2004 [numismática]. detectaramse­ dois muros, com largura entre 0,45 e 0,50 metros, em ângulo levemente ob- tuso, um com 3 metros (NE./SO.) e outro com 41. Viela do Anjo 2,6 metros (NO./SE.), tendo o primeiro um Joel Alves Cerqueira Cleto (Matriz – Soc. de alçado conservado na ordem dos 0,90 metros. Construções) 1996-97. Sondagens/escavação Um segundo ambiente, localizado num espaço extensiva (?) muito exíguo, era composto por uma espécie Espólio romano, não descriminado. Época ro- de umbral, aparentemente associado a uma mana Resultados não publicados soleira de porta. Estas estruturas foram data- das, pelo espólio associado, da época tardo- 42. Praça da Ribeira/Porto Carlton Hotel romana (séculos IV/V). Os materiais romanos Armando Coelho Ferreira da Silva; Rui Ma- incluíam, além de cerâmica comum e de cons- nuel S. Centeno (Etnos) 1996-1998. Son- trução, sigillata, cinzenta fina, ânfora e vidros dagens/escavação extensiva (mín. 220 m2)/ (materiais essencialmente tardo-romanos, se Acompanhamento arqueológico bem que estejam presentes elementos mais an- tigos). Cerâmica comum romana, tegula e ânfora numa camada do século I d.C., havendo tam- Época romana (Baixo Império) SILVA; RI- bém materiais romanos num depósito datado BEIRO; BARBOSA 2006 do século I a.C. 46. Rua das Aldas, 18 (Ilha das Aldas) Época romana (Finais da República ? / Alto Leonor Sousa Pereira 1998. Sondagens. Império) SILVA; CENTENO; LOPES 1996; SILVA et al. 1998 Espólio romano. Época romana Resultados não publicados 43. Rua da Fonte Taurina, 87-93 Armando Coelho Ferreira da Silva; Rui Ma- 47. Quarteirão do Largo do Colégio nuel S. Centeno (Etnos) 1997. Sondagens. Joel Alves Cerqueira Cleto (Matriz – Soc. de Construções) 1998. Sondagens.

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Espólio romano. Época romana Resultados Porto – Gab. Arq. Urbana) não publicados 1998. Sondagens Espólio romano, de cronolo- gia variável, aparentemente sem relação com 48. Rua da Penaventosa, 49-51 estruturas. António Manuel S. P. Silva; Sandra C. P. Bar- Época romana bosa (C. M. SILVA; BARBOSA 1998; SILVA; BARBO- Porto – Gab. Arq. Urbana) SA; RIBEIRO 1998. Sondagens (c. 30 m2) Materiais de época (no prelo) romana e restos de estruturas, mal conserva- das, que podem relacionar-se com a muralha. O espólio sugere uma ocupação essencialmen- 51. Rua da Penaventosa, 45-47 te dos finais da Idade do Ferro e Alto Império, António Manuel S. P. Silva; Sandra C. P. Bar- embora ocorram também artefactos tardo-ro- bosa; Manuela manos. C. S. Ribeiro (C. M. Porto – Gab. Arq. Urbana) Época romana (Alto Império) 1998-1999. Sondagens (12 m2) Espólio roma- SILVA; BARBOSA 1998; SILVA; BARBO- no diversificado tegula ( e imbrex, cerâmica SA; RIBEIRO (no prelo) comum, ânfora, sigillata, alguns vidros, etc.) e algumas estruturas, designadamente o cunhal de uma construção. 49. Rua da Penaventosa, 39-43 António Manuel S. P. Silva; Sandra C. P. Bar- Época romana (Alto Império) SILVA, A.M. bosa (C. M. 1998; SILVA; BARBOSA 1998; SILVA; BARBOSA; RIBEIRO (no prelo) Porto – Gab. Arq. Urbana) 1998. Sondagens (12 m2) Diferentes estruturas 52. Rua de Santana/Largo do Colégio 9-12 de época romana, designadamente os restos de Joel A. Cleto; José Manuel Varela; Leonor um espesso e duro pavimento de argamassa, Sousa Pereira revestido a seixos de rio e delimitado por um murete de pedras argamassadas, que parecia (Matriz – Soc. de Construções) constituir a base de um tanque; dois alinha- 1998-99. Escavação extensiva Identificadas mentos de muros castrejo-romanos, parcial- diversas estruturas de época romana, com des- mente sobrepostos, estando o muro inferior taque para uma construção de planta ortogonal associado a um buraco de poste rasgado no que evidenciava piso com lareira, definida por saibro basal; uma profunda vala para even- pequenas pedras, uma sepultura e uma estru- tual escoamento de águas e um muro bastante tura que poderá corresponder a um amural- espesso correspondente a um alinhamento de hamento romano. A sepultura, que só pôde muralha romana, num tramo com cerca de três escavar-se parcialmente, uma vez que está so- metros de extensão, tendo-se recolhido uma breposta por outras estruturas, é de inumação mó giratória junto à sua face interna. O espólio e é constituída por uma base feita de tegulae, romano, diversificado, inclui cerâmica comum assente no saibro natural e com as paredes e de construção, terra sigillata, cinzenta fina, laterais feitas no mesmo material, formando paredes finas, ânfora, etc., parecendo global- uma cobertura em duas águas colmatada su- mente poder classificar-se entre o século I a.C. periormente por imbrex (CLETO; VARELA e o século I da nossa era. Época romana (Alto 2000). Todo o conjunto estava recoberto por Império) SILVA, A.M. 1998; SILVA; BAR- um amontoado de pequenas pedras. A sepultu- BOSA 1998; SILVA; BARBOSA; RIBEIRO ra, com as medidas aproximadas de 1,60x0,60 (no prelo) metros, está orientada no sentido Leste/Oeste. No exterior do imóvel e da muralha medieval, 50. Rua de Penaventosa, 53-57 numa zona de forte pendente, detectou-se uma António Manuel S. P. Silva; Sandra C. P. Bar- estrutura de grande aparelho composta por um bosa (C. M. tramo rectilíneo de onde parece sair um para-

252 | REVISTA DE ARQUEOLOXÍA E ANTIGÜIDADE Ocupação da época romana na cidade do Porto. Ponto de situação e perspectivas de pesquisa. mento de planta subcircular. De acordo com 56. Rua da Ponte Nova, 50-54 os responsáveis pela intervenção, o comparti- Miguel Almeida; Maria João Neves (Dryas) mento com lareira terá cronologia Alto Impe- 2000. Sondagens (10 m2) Fragmentos de cerâ- rial, sendo tardia a sepultura (séculos IV-V); mica de construção e comum de época ro- não há elementos para datar a estrutura monu- mana, “provavelmente tardia”, e “em nítida mental exterior, uma vez que a escavação não posição secundária” (ALMEIDA; NEVES atingiu as respectivas fundações. O espólio da 2000b:3-4). intervenção é diversificado, desde a cerâmica comum e de construção romanas até à sigilla- Época Romana (tardia?) ALMEIDA; NEVES ta, ânfora, vidros, etc. 2000b; 2002 Época romana (Alto Império; Baixo Império) CLETO; VARELA 2000; VARELA; CLETO 57. Gaveto da Rua Infante D. Henrique/ 2001 Rua Mouzinho da Silveira Miguel Almeida; Maria João Neves (Dryas) Manuela C. S. Ribeiro; António Manuel S. P. 2000. Sondagens (c. 5 m2) e observação de va- Silva (C. M. Porto – Gab. Arq. Urbana) 2004. las de obra já abertas (c. 5 m2). Escavação pontual e Acompanhamento ar- queológico Referência a algum material cerâmico de construção, muito rolado e fragmentado, “de Intervenção exclusivamente para levantamen- aparência romana”. Época Romana ALMEI- to da base da sepultura romana. Época romana DA; NEVES 2000a (Baixo Império) RIBEIRO; SILVA (no prelo) 58. Rua Cais da Ribeira, 14-16 53. Rua Mouzinho da Silveira, 208-214 Iva T. Botelho; Anabela P. Sá 2000. Sondagens Susana R. Cosme; Isabel Alexandra Lopes (c.18 m2) Referência ao achado de uma tegula 2 1998-1999. Sondagens (35 m ) e Acompanha- e de uma possível lucerna, sem associação a mento arqueológico estruturas. Materiais romanos (cerâmica comum, sigillata Época romana BOTELHO; SÁ, s.d. e tegula), atribuídos ao período tardo-romano, surgindo também, aparentemente, espólio ro- mano mais antigo. Não apareceram estruturas. 59. Frente Marítima do Parque da Cidade Alexandre Sarrazola; Sérgio Gomes (Era- Época romana COSME; LOPES 2000 Arqueologia) 2000-01. Acompanhamento ar- queológico; sondagens 54. Praça do Infante Fragmento de tegula, descontextualizado. Carla Martins; Paula Abranches; Ana Sousa Época romana ERA-ARQUEOLOGIA (s.d.) (Acompanhamento) (Archeo’estudos) 1998- 2001. Sondagens (306 m2, cerca de 10% da área afectada pelo projecto) e posterior Acom- 60. Praça da Relação/Requalificação da panhamento arqueológico. Baixa do Porto, Lote 1 José J. Argüello Menéndez; António Manuel Materiais romanos dispersos e variados (cerâ- S. P. Silva (C. M. Porto – Gab. Arqueologia mica comum, sigillata, ânfora, uma moeda e Urbana) 2000-01. Acompanhamento arqueo- duas tesselas, sem quaisquer estruturas. lógico Época Romana MARTINS; ABRANCHES Alguns fragmentos de tegula, descontextua- 1999; 2000; ABRANCHES 2002 lizados. Época romana ARGÜELLO; SILVA (no prelo) 55. Armazém do Cais Novo Sandra C. P. Barbosa (C. M. Porto – Gab. Ar- 61. Campo do Rou/Caminhos do Romântico queologia Urbana) 1999. Sondagens Manuela C. S. Ribeiro; Sandra Nogueira (C. Fragmento de tegula, descontextualizado. M. Porto – Gab. Arqueologia Urbana) 2000- Época romana BARBOSA 2001; informação 2001. Acompanhamento arqueológico pessoal.

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Cerâmicas comuns e de construção, em apre- de prato de engobe vermelho (séculos III-V) ciável quantidade mas sem quaisquer restos de (ABRANCHES 2001:9). Não foi detectada construções ou outras estruturas. qualquer estrutura. Época romana RIBEIRO; NOGUEIRA (no Época Romana prelo) ABRANCHES 2001

62. Rua Fonte de Massarelos/Casal do Pe- 66. Rua de Mouzinho da Silveira, 56 dro Pedro Brochado de Almeida (Mola Olivarum) Manuela C. S. Ribeiro; Sandra Nogueira (C. M. Porto – Gab. Arqueologia Urbana) 2000- 2002. Sondagens (21 m2) Pequeno tramo de 2001. Acompanhamento arqueológico Cerâ- um muro “erguido à custa de silhares graní- micas comuns e de construção, sem estrutu- ticos com aparelho e forma regular disposto ras. Época romana RIBEIRO; NOGUEIRA em fiadas isódomas”, datado do período tardo- (no prelo) romano (ALMEIDA; ALMEIDA 2002: 159). O espólio integra cerâmica comum e de cons- trução, sigillata, ânfora, vidros, etc. Em depó- 63. Igreja Românica de Cedofeita sitos inferiores apareceram ainda cerâmicas José Jorge Argüello Menéndez; Graça Pereira do Alto Império. (J. Menéndez, Lda.) 2001. Sondagens (18 m2). Época romana (Alto Império, Baixo Império) Materiais romanos, nomeadamente uma tegu- la e fragmentos de vidro romano. Época roma- ALMEIDA 2002b; ALMEIDA; ALMEIDA na (Baixo Império?) ARGÜELLO 2002 2002 José Jorge Argüello Menéndez; Mafalda Ca- Nuno Garcia; Gabriel Pereira (Empatia) pela (J. Menéndez, Lda.) 2002-2003. Acom- 2009. Sondagens (34 m2) Detectados estratos panhamento arqueológico, com sondagens de ocupação caracterizados como “níveis de pontuais circulação (preparação de pisos) de cronolo- Apenas um fragmento de tegula, todavia clas- gia tardo-romana”, que cobriam um buraco sificada de poste (GARCIA; PEREIRA 2009: 62). O espólio inclui material de construção, ânfora como medieval pelo Autor. Época romana (?) e cerâmica comum, para além de fragmentos ARGÜELLO 2003 de vidro.

64. Rua do Outeiro, 25 Época tardo-romana José Jorge Argüello Menéndez; Susana Rodri- GARCIA; PEREIRA 2009 gues Cosme 2001. Sondagem (8 m2). Fragmentos de uma 67. Rua dos Mercadores, 116-122 tegula e de uma possível lucerna de volutas. Descontextualizados. (Archeo’estudos) Época romana ARGÜELLO; COSME 2001 2002. Sondagens (35 m2) Identificada uma “possível estrutura de lagar composta por um 65. Calçada do Ouro tanque redondo, de cerca de um metro de diâ- Paula Abranches; Sandra S. Ribeiro metro com ligação a um outro tanque de forma (Archeo’estudos) rectangular”, com evidência de outras estrutu- ras em associação (COSME; ABRANCHES 2 2001. Sondagem (8 m ) Cerâmica romana, 2006:23), elementos que as Autoras admitem nomeadamente cerâmica comum, tegula, ân- poder ser de época romana. O espólio integra fora, terra sigillata Drag. 35/36(?), de crono- cerâmica comum romana e um fragmento de logia flávia, um fragmento de lucerna, even- cerâmica pintada. tualmente do Baixo Império, um cossoiro (Alto Império), cerâmica cinzenta fina polida Séculos IV/V – VI (meados séc. I a.C./meados I) e um fragmento COSME; ABRANCHES 2002; 2006

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68. Gaveto da Rua das Condominhas/Rua espessura máxima entre 1,60 e 1,85 metros, do Aleixo (Empreendimento D’ouro Villa) considerando a sapata de fundação (devendo Pedro Brochado de Almeida (Mola Olivarum) notar-se que não foi possível observar a face 2002. Sondagens (8 m2) e Acompanhamento externa, pelas razões apontadas), conservan- arqueológico Fragmentos de tegula, alguma do-se o seu alçado interno em 1,10 metros. Do cerâmica comum e um fragmento de disco de ponto de vista arquitectónico, ressalta a cir- lucerna (ALMEIDA 2002a: 4­7), sem estrutu- cunstância da muralha possuir como que dois ras. No Acompanhamento arqueológico, apa- alinhamentos internos, sendo o mais largo e receram ainda “pequenos fragmentos de cerâ- inferior cronologicamente posterior ao tramo mica romana” (ALMEIDA 2003b). principal. Isto poderá resultar de diferentes fases construtivas, reforços estruturais, ou sig- Época romana nificar um escalonamento interno dos muros ALMEIDA 2002a; 2003b da cerca defensiva. Pelos materiais associa- dos, apesar de parcos, propôs-se datar a sua construção de meados ou 2ª metade do século 69. Praça da Ribeira/Requalificação da I da nossa era. A Nascente, na mesma sonda- Frente Ribeirinha gem mas sem ligação estratigráfica à muralha, Alexandre Gonçalves; Alexandre Sarrazola; encontraram-se outras estruturas da mesma Mulize Ferreira; Teresa Freitas (Era-Arqueo- época, representados por restos de uma cons- logia) trução de traçado curvilíneo, muito desmante- 2002-03. Sondagens Aparentemente descon- lada, e um buraco de poste. O espólio romano textualizada, há notícia do aparecimento de integra cerâmica comum e de construção, te- pelo menos um fragmento de tegula. rra sigillata, ânfora, cinzenta fina, um vidro, etc. Época romana FREITAS 2003 Época romana SILVA et al. 2003 70. Rua das Flores, 69 (Fundação da Juven- tude) 72. Largo da Penaventosa, 21 Pedro Brochado de Almeida; Francisco Car- António Manuel S. P. Silva; Sandra C. P. Bar- valho Fernandes (Mola Olivarum) bosa; Anabela 2002-2003. Sondagens (c. 170 m2) e Acom- P. Sá; Susana C. Borges (C. M. Porto – Gab. panhamento arqueológico Notícia do achado Arqueologia Urbana) 2002-2003. Sondagens de alguns fragmentos de ânfora (Haltern 70?) (35 m2, 41% da superfície disponível) e cerâmica comum romana, materiais disper- Nas sondagens realizadas destaca-se a identifi- sos e sem estruturas. cação de uma fase “castrejo-romana”, na qual Época romana (Alto Império?) se insere um tramo de muralha antiga, servin- do de alicerce à parede posterior do imóvel. ALMEIDA 2003a Trata-se de um muro de orientação NE./SO., com cerca de 2,30 metros de extensão e uma 71. Largo da Penaventosa, 25 espessura máxima de 0,70 metros (devendo António Manuel S. P. Silva; Lídia Lopes; Su- recordar-se que não foi possível observar a sana Guimarães; Sandra C. P. Barbosa (C. M. face externa, pelas razões apontadas), conser- Porto – Gab. Arqueologia Urbana) vando-se o seu alçado interno em 1,20 metros. 2002-2003. Sondagens (24 m2, 46% da super- Pelos materiais associados pode datar-se a sua fície disponível) A escavação desta parcela construção entre a 2ª metade do século I e a 1ª revelou na fase mais antiga, designada como metade do séc. II. “castrejo-romana”, um tramo de amuralha- Época romana (Alto Império) SILVA et al. mento dessa época, servindo de alicerce à pa- 2006 rede posterior do imóvel, voltada para a Rua da Bainharia, a cota substancialmente infe- 73. Rua do Casal do Pedro, 3 rior. Trata-se de um muro de orientação NE./ Pedro Brochado de Almeida (Mola Olivarum ) SO., com cerca de 2 metros de extensão e uma

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2003. Sondagens (16 m2). Prevista uma 2ª fase 77. Rua da Bandeirinha, 78-80 de trabalhos Fragmentos de tegula, descontex- Graça Pereira (Arqueologia & Património) tualizados. 2004. Sondagens (14 m2) e posterior Acom- panhamento arqueológico. Época romana ALMEIDA 2003c Materiais romanos, descontextualizados ou 74. Rua da Penaventosa, 25-27 procedentes de depósitos de aterro. Época Ro- António Manuel S. P. Silva; Lídia Lopes; Su- mana PEREIRA; FONSECA 2004a; 2004b sana Guimarães; Sandra C. P. Barbosa; Ma- nuela C. S. Ribeiro 78. Rua das Condominhas, 701/Igreja de Lordelo do Ouro (C. M. Porto – Gab. Arqueologia Urbana) André Nascimento; Carlos Delgado (Empatia) 2003. Sondagens (7,5 m2, 25% da superfície 2004. Sondagens (115 m2). Alicerces de muros disponível). Fig. 5. romanos, correspondentes a vários edifícios, Níveis de ocupação romana, nos quais se in- sem planta definida, e espólio aparentemente sere um tramo de muralha antiga, servindo de tardo-romano (NASCIMENTO; DELGADO; alicerce à parede posterior do imóvel. Trata-se SOUSA 2004: 17). de um muro de orientação NE./SO., com cerca António Manuel S. P. Silva; Miguel A. Rodri- de 2,30 metros de extensão e uma espessura gues; Laura P. Sousa; Sandra Barbosa; Ma- máxima de 1,30 metros (devendo recordar-se nuela C. S. Ribeiro (C. M. Porto – Gab. Arq. que não foi possível observar a face externa, Urbana/Direcção Regional de Cultura do Nor- pelas razões apontadas). O seu alçado, que te/DSBC) 2007. Sondagens (208 m2). atinge os 1,75 metros de altura, revela o que parece corresponder a duas fases construtivas, Alicerces de muros romanos e outras estrutu- discerníveis quer pelo aparelho, quer até por ras (valas de fundação, fossas, etc.), de funcio- divergências sensíveis na orientação dos mu- nalidade desconhecida. Espólio essencialmen- ros. Estas observações, relacionadas com a te tardo-romano. análise do espólio, apesar de escasso, permiti- Época romana (Baixo Império) NASCIMEN- ram aos responsáveis pela intervenção propor TO; DELGADO; SOUSA 2004; SILVA et al. uma cronologia entre a 2ª metade do séc. I e 2007 a 1ª metade do séc. II para a primeira fase da muralha, podendo datar-se a segunda fase tal- vez dos séculos III-IV. 79. Praça de Almeida Garrett Iva Teles Botelho (Metro do Porto); António Época romana (Alto Império; Baixo Império) Cheney (Arqueohoje) 2005-2006 Vidros e Alicerces… 2003; SILVA et al. (no prelo) cerâmicas romanas. Época romana BOTELHO 2006 75. Avenida de Vímara Peres Iva Teles Botelho (Metro do Porto) 2003 80. Rua da Bolsa, 44/Hospital da Ordem de Algum espólio romano, aparentemente sem S. Francisco estruturas. Época romana Informações pes- André Nascimento; Laura Sousa (Empatia) soais. Referências desconhecidas 2005-2006. Sondagens; escavação extensiva (Superior a 500 m2); Acompanhamento ar- 76. Sé do Porto queológico José Jorge Argüello Menéndez; Paulo Dordio Espólio romano, algum considerado tardo- Gomes; Mafalda Capela (J. Menéndez) 2003- romano (NASCIMENTO; SOUSA; DELGA- 2004. Sondagens/escavação em área. DO 2006: 4). Época romana (Baixo Império?) Muros e espólio romanos, aparentemente de NASCIMENTO; DELGADO; SOUSA 2005; cronologia tardia. Época romana (Baixo Im- NASCIMENTO; SOUSA 2005; 2006; NAS- pério) Ruínas… 2004; Informação pessoal de CIMENTO; SOUSA; DELGADO 2006 J. Argüello

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81. Rua da Fonte Taurina, 99-101/Rua de Fragmentos de tegula dispersos. Época roma- Cima do Muro dos Bacalhoeiros, 111-114 na RIBEIRO, SILVA (no prelo); RIBEIRO; João P. Barbosa (Logiark) 2006. Sondagens SILVA 2008 (10 m2) e Acompanhamento arqueológico Fragmentos de tegula e imbrex. 86. Quarteirão da Bainharia/Rua de S. Se- Época romana BARBOSA 2006; 2008 bastião/Rua Escura/Rua da Bainharia Vítor Fonseca (Arqueologia & Património) 82. Rua da Igreja de Cedofeita, 11 2009. Sondagens em curso (206 m2). Fig. 6 Marta G. Piedade; Carlos A. F. Loureiro (Em- Para além de espólio arqueológico de época patia) romana, ocorreram estruturas, com destaque 2006. Sondagens (8 m2) Espólio romano di- para um extenso troço de uma linha amural- versificado, atribuído genericamente ao Baixo hada que os responsáveis pelas escavações Império (PIEDADE; LOUREIRO 2006: 2,14). datam dos séculos II-I a.C. Os troços de mu- ralha, em assinalável grau de preservação, Época romana (Baixo Império?) PIEDADE; correspondem a uma construção de orien- LOUREIRO 2006 tação OSO./ENE., com cerca de 1,90 metros de largura, ampliada para 2,50 metros graças 83. Rua Mouzinho da Silveira, 335-341/Rua à presença de uma contrafortagem pelo lado das Flores, 326-332 exterior (Norte), zona de forte declive. Mafalda C. B. Capela; Jorge Argüello Menén- Época romana. FONSECA; TEIXEIRA; 2 dez (J. Menéndez) 2007. Sondagens (7 m ) FONSECA 2009 Materiais romanos diversificados e uma estru- tura identificada como “canalização romana”. 87. Rua Infante D. Henrique, 1-15/S. João, Época romana CAPELA; ARGÜELLO; REIS 1-39 2007 José Jorge Argüello Menéndez; Gabriel Perei- ra (Vessants) 2009. Sondagens (em curso; c. 84. Rua Mouzinho da Silveira, 222-226 150 m2) e Acompanhamento arqueológico 2 2007-2008. Sondagens (42 m ) Carlos A. Bro- Materiais cerâmicos romanos avulsos e even- chado de Almeida; Marta Miranda Marques tuais depósitos homogéneos, por agora sem (Mola Olivarum) associação a qualquer estrutura. Cerâmicas romanas, não descriminadas. Épo- Época romana ARGÜELLO 2009. Trabalhos ca romana ALMEIDA; MARQUES 2008a; em curso. 2008b 88. Acus crinalis 85. Rua de Tomás Gonzaga, 3-13 Data desconhecida. Porto (local de achado Manuela C. S. Ribeiro; António Manuel S. P. desconhecido) Época romana BRANDÃO Silva (Gab. Arqueologia Urbana C. M. Porto) 1984:17 2008. Sondagem (6 m2) i Pela sua extensão, foi indispensável resumir aos dados essenciais o conteúdo do catálogo de sítios e achados. A

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Fig. 1 - Núcleos embrionários da cidade do Porto, segundo a proposta de Magalhães BASTO (1940). Implantação sobre Figura 1: Núcleos embrionáriosmaquete exposta no da edifício cidade medieval do dos Porto, Paços do Cosegundoncelho (Foto a A. proposta M. Silva) de Magalhães BASTO (1940). Implantação sobre maquete exposta no edifício medieval dos Paços do Concelho (Foto A. M. Silva)

Fig. 1 - Núcleos embrionários da cidade do Porto, segundo a proposta de Magalhães BASTO (1940). Implantação sobre maquete exposta no edifício medieval dos Paços do Concelho (Foto A. M. Silva)

Fig. 2 - Locais onde foi identificada a muralha romana do Porto. 1 – Largo do Colégio/Santana, 9-12; 2 – Largo/Rua da Penaventosa; 3 – Rua da Penaventosa; 4 – Quarteirão da Bainharia; 5 – Rua D. Hugo, nº 5. O tracejado sugere uma reconstituição por ora meramente hipotética (Base cartográfica: C. M. Porto. Esc. aprox. 1:11000)

Fig. 2 - Locais onde foi identificada a muralha romana do Porto. 1 – Largo do Colégio/Santana, 9-12; 2 – Largo/Rua da Penaventosa; 3 – Rua da Penaventosa; 4 – Quarteirão da Bainharia; 5 – Rua D. Hugo, nº 5. O tracejado sugere uma reconstituição por ora meramente hipotética (Base cartográfica: C. M. Porto. Esc. aprox. 1:11000)

Figura 2: Locais onde foi identificada a muralha romana do Porto. 1 – Largo do Colégio/Santana, 9-12; 2 – Largo/Rua da Penaventosa; 3 – Rua da Penaventosa; 4 – Quarteirão da Bainharia; 5 – Rua D. Hugo, nº 5. O tracejado sugere uma reconstituição por ora meramente hipotética (Base cartográfica: C. M. Porto. Esc. aprox. 1:11000)

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Fig. 3 (à esquerda) - Planta das ruínas romanas da Casa do Infante, sobrepostas ao edificado de épocas posteriores (DORDIO, no prelo) (1940).

Fig. 4 (em cima) - Casa do Infante. Réplica de um dos mosaicos romanos (Foto: A. M. Silva)

Fig. 3 (à esquerda) - Planta das ruínas romanas da Casa do Infante, sobrepostas ao edificado de épocas posteriores (DORDIO, no prelo) (1940).

Fig. 3 (à esquerda)Fig. 4 (em- Planta cima) das -ruínas Casa romanas do Infante. da Casa Réplica do de um dos Infante, sobrepostasmosaicos ao romanos edificado (Foto:de épocas A. posteriM. Silva)ores (DORDIO, no prelo) (1940).

Fig. 4 (em cima) - Casa do Infante. Réplica de um dos mosaicos romanos (Foto: A. M. Silva) Fig. 5 - Rua da Penaventosa, 25-27. Alçado da face Figura 3: (à esquerda) - Planta das ruínas romanas da Figura 4: (em cima) - Casa do Infante. Réplica de um interna de um troço de muralha romana (Foto: Fig. 3 (à esquerda) - Planta das ruínas romanas da Casa do CMP/GAU) Casa do Infante, sobrepostas ao edificado de épocas pos- dosInfante, sobrepostas ao edificado de épocas posteriores teriores (DORDIO, no prelo) (1940). mosaicos(DORDIO, romanos no prelo) (Foto: (1940). A. M. Silva) Fig. 4 (em cima) - Casa do Infante. Réplica de um dos mosaicos romanos (Foto: A. M. Silva)

Fig. 5 - Rua da Penaventosa, 25-27. Alçado da face Fig. 5 - Rua dainterna Penaventosa, de um 25-27.troço deAlçado muralha da face romana (Foto: interna de umCMP/GAU) troço de muralha romana (Foto: Fig. 6 - Quarteirão da Bainharia. Aspecto de um CMP/GAU) troço de muralha castrejo-romana (Foto: Arqueologia & Património)

Figura 5: Rua da Penaventosa, 25-27. Alçado da face Figura 6: Quarteirão da Bainharia. Aspecto de um troço interna de um troço de muralha romana (Foto: CMP/ de muralha castrejo-romana (Foto: Arqueologia & Patri- GAU) mónio) Fig. 5 - Rua da Penaventosa, 25-27. Alçado da face interna de um troço de muralha romana (Foto: CMP/GAU)

Fig. 6 - Quarteirão da Bainharia. Aspecto de um troço de muralha castrejo-romana (Foto: Arqueologia Fig.& Património) 6 - Quarteirão da Bainharia. Aspecto de um troço de muralha castrejo-romana (Foto: Arqueologia & Património)

Fig. 6 - Quarteirão da Bainharia. Aspecto de um troço de muralha castrejo-romana (Foto: Arqueologia & Património)

29: 213-262. 2010, ISSN: 0211-8653 | 259 Ocupação da época romana na cidade do Porto. Ponto de situação e perspectivas de pesquisa. e do Porto. Área nucleardo Porto.do histórico centro e Área Fig. 7 - Localização dos vestígios Fig.romanos na 7Localização dos vestígios cidad - dos vestígios romanos na cidade do Porto. Área nuclear centro histórico Localização Figura 7:

260 | REVISTA DE ARQUEOLOXÍA E ANTIGÜIDADE Ocupação da época romana na cidade do Porto. Ponto de situação e perspectivas de pesquisa. que consta do queMapa anterior) consta e do Porto (sem a área nucleardo Porto doárea histórico, a e (sem centro Fig. romanos na8Localização dos vestígios cidad - dos vestígios romanos na cidade do Porto (sem a área nuclear centro histórico, que consta Mapa anterior) Localização Figura 8:

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