Dvořák Stabat Mater

Orquestra Sinfónica do Porto Casa da Música Coro Casa da Música Coro da ESMAE Coro Infantil Casa da Música

Baldur Brönnimann direcção musical Eduarda Melo soprano Iris Oja alto Mark Le Brocq Marcell Bakonyi barítono

13 Abr 2019 · 18:00 Sala Suggia

CONCERTOS DE PÁSCOA

MECENAS CONCERTOS DE PÁSCOA Maestro Baldur Brönnimann sobre o programa do concerto.

https://vimeo.com/329844388

MECENAS MÚSICA CORAL

A CASA DA MÚSICA É MEMBRO DE Antonín Dvořák Stabat Mater (1877; c.1h20min) 1. “Stabat Mater dolorosa” (Andante con moto) 2. “Quis est homo, qui non fleret” Andante( sostenuto) 3. “Eja, Mater, fons amoris” (Andante con moto) 4. “Fac ut ardeat cor meum” (Largo) 5. “Tui Nati vulnerati” (Andante con moto, quasi allegretto) 6. “Fac me vere tecum flere” Andante( con moto) 7. “Virgo virginum praeclara” (Largo) 8. “Fac ut portem Christi mortem” (Larghetto) 9. “Inflammatus et accensus” Andante( maestoso) 10. “Quando corpus morietur” (Andante con moto)

Texto original e tradução nas páginas 10 a 12.

3 Antonín Dvořák voz de soprano era também muito apreciada NELAHOZEVES (BOÉMIA), 8 DE SETEMBRO DE 1841 no coro da igreja e cedo revelou talento no órgão. PRAGA, 1 DE MAIO DE 1904 Estas suas origens, de que sempre se orgu‑ lhou, e o esforço dos pais para lhe proporciona‑ Apesar de não constituir o centro da sua acti‑ rem uma educação adequada foram claramente vidade musical, o contacto de Antonín Dvořák reconhecidos e expressos por Dvořák, mais com a música sacra remonta aos primeiros tarde, na correspondência que manteve com o anos da sua vida e desempenhará um papel pai quando da sua estadia em Londres e perante importante no caminho nem sempre fácil da o estrondoso sucesso do Stabat Mater, que diri‑ sua afirmação e reconhecimento, quer nacio‑ giu no , em 1884: “Alguns dos nal quer internacional, como compositor. Além jornais também lhe fizeram referência, afir­ disso, será na música da Igreja, nomeadamente mando que eu vinha de uma família pobre, que com o Stabat Mater, que vai exprimir uma forte o meu pai era um talhante e estalajadeiro em e inabalável fé católica, nomeadamente nos Nelahozeves, e que investiu tudo o que podia momentos mais dramáticos da sua vida, ao para criar o seu filho da melhor maneira! Saúdo­ mesmo tempo que provocará uma viragem ‑vos por isto!” (Londres, 21.3.1884) decisiva na sua carreira artística. A frequência da Escola de Órgão de Praga, Nascido no contexto cultural e social pouco a partir de 1857, foi relevante no aprofunda‑ sofisticado da pequena aldeia de Nelahozeves, mento da formação musical de Dvořák. A par perto de Praga, na Boémia central, Dvořák foi o do Conservatório, esta escola era das institui‑ mais velho de oito filhos de uma família checa ções musicais mais prestigiadas da capital da sem significativa tradição musical, apesar de Boémia e a sua designação completa é bem o seu pai, talhante e estalajadeiro de profis‑ reveladora do papel que pretendia desempe‑ são, tocar cítara. Iniciou a formação musical em nhar: “Instituto de Organistas e Regentes de 1847, quando ingressou na escola primária local Coro da Associação para o Cultivo da Música e o seu professor e músico da igreja, Joseph da Igreja”. Dvořák terá composto neste período Spitz, lhe ensinou canto e violino. Rapidamente as suas primeiras obras de música sacra: revelou progressos notáveis no domínio deste duas missas que, infelizmente, não chegaram instrumento pelo que, muito cedo, participou na até nós. Estes estudos proporcionaram‑lhe­ vida musical da aldeia, tocando na igreja e com o contacto com as obras mais significativas a capela musical o repertório habitual, quer de dos mestres barrocos e clássicos – J. S. Bach, música para a liturgia, quer de música popular Händel, Mozart e Beethoven – cujas influên‑ (polkas, mazurkas, marchas e valsas). cias se fazem sentir em parte das suas obras, No Outono de 1853, os pais enviam­‑no para a nomeadamente no Stabat Mater. pequena cidade vizinha de Zlonice, onde conti‑ Neste período, Dvořák teve algumas expe‑ nuou a sua educação musical com o director do riências musicais significativas que contribuíram coro da igreja, Joseph Toman, e o mestre capela para o seu amadurecimento artístico: a partici‑ Antonín Liehmann, estudando violino, piano, pação como violetista nos concertos da Socie‑ órgão, baixo contínuo e teoria musical. A sua dade de Santa Cecília (1857), dirigidos por Anton Apt, que lhe permitiram a execução do repertório

4 de Beethoven, Mendelssohn, Schumann e Fevereiro e 7 de Maio, Dvořák realiza os primei‑ Wagner. Além disso, a riqueza da vida musical ros esboços deste hino, numa primeira versão de Praga deu­‑lhe a possibilidade de ver Franz com apenas 7 secções acompanhadas ao piano. Liszt a dirigir as suas próprias obras (em 1858) e No ano seguinte, faleceram mais dois dos assistir a concertos com Hans von Bülow, com seus filhos: Ruzena de 11 meses e, um mês participação de Clara Schumann (em 1859). depois, Otakar. É neste contexto que Dvořák Algum tempo depois de ter terminado os retoma o trabalho do Stabat Mater e lhe dá a estudos na Escola de Órgão de Praga, em forma que hoje conhecemos: acrescenta três Julho de 1859, Dvořák ingressou na Orques‑ andamentos (5º ao 7º) e converte o acompa‑ tra do Teatro Provisório Nacional da Boémia nhamento de piano numa composição para (em 1862) como violetista, o que constituiu um orquestra. A obra ficou concluída entre inícios salto qualitativo na sua vida musical. Contac‑ de Outubro e 13 de Novembro de 1877, em tou com o repertório operático, quer de compo‑ Praga, sendo a partitura publicada em Berlim, sitores como Rossini, Donizetti, Verdi, quer do pela editora Simrock, no final de 1881. Manteve­ grande compositor nacional Bedřich Smetana, ‑se, também, a versão original para piano, cujos temas e estruturas composicionais viriam coro e quarteto vocal. Trata­‑se de uma obra a deixar uma marca na sua própria produção pensada para concerto e não para a liturgia da musical. Em 1863 tocou algumas obras de igreja, como acontece com várias outras obras Richard Wagner, dirigidas pelo próprio compo‑ sacras do compositor. sitor, o que lhe provocou um grande fascínio A primeira apresentação pública do Stabat pela pessoa que, na época, representava a Mater teve lugar em Praga, a 23 de Dezembro vanguarda da música alemã. de 1880, num concerto da Associação dos Em 1873 deixa a sua actividade como viole‑ Artistas Musicais (a quem a obra é dedicada) tista na orquestra do Teatro Provisório e assume dirigido por Adolf Cech, com enorme sucesso. o cargo de organista na Igreja de Sto. Adalberto, A seguir foi executada na cidade de , a 2 dedicando­‑se também ao ensino. No entanto, de Abril de 1882, dirigida pelo compositor Leoš levava uma vida com dificuldades económicas, Janáček, e a 5 de Abril teve lugar a primeira situação que só no ano seguinte melhorou, atra‑ apresentação no estrangeiro, em Budapeste. vés da candidatura bem sucedida a um subsídio Um marco incontornável na história do do Ministério da Educação austríaco. Stabat Mater e na carreira musical de Dvořák foi a sua primeira apresentação na Inglaterra, Decorria o ano de 1875 quando a segunda filha um país com uma forte tradição na oratória. de Dvořák, Josefa, nasce a 19 de Agosto e vem A estreia em Londres, a 10 de Março de 1883, a falecer passados dois dias – a primeira de uma dirigida pelo maestro Joseph Barnby, teve uma série de tragédias que iriam afectar a família recepção entusiástica tanto do público como nos anos seguintes. Este acontecimento não é dos críticos, constituindo um sucesso tão notá‑ certamente estranho ao início da composição vel que a Sociedade Filarmónica, em Agosto do Stabat Mater, nos primeiros meses de 1876. desse ano, convida o compositor para ir a Foi a sua primeira obra sacra de grande enver‑ Londres dirigir algumas das suas obras orques‑ gadura e a expressão cristã da dor de um proge‑ trais. Em Novembro, a editora musical Novello, nitor perante a morte do seu filho. Entre 19 de de Londres, pediu‑lhe­ que na sua deslocação à

6 cidade realizasse uma apresentação do Stabat que dê bons frutos para a música checa e a Mater e compusesse uma obra para solistas, cultura em geral.” coro e orquestra para o Festival de Birmingham Num momento em que o sentimento polí‑ de 1885, dirigindo­‑a ele mesmo. tico era prejudicial à recepção do seu trabalho A 5 de Março de 1884, Dvořák viajou para na Alemanha e na Áustria, a Inglaterra, afas‑ Inglaterra pela primeira vez, e a 13 de Março tada das desavenças continentais, apreciava dirigiu o Stabat Mater no Royal Albert Hall. O Dvořák como artista e contribuía grandemente mundo musical de Londres considerou a sua para o crescimento da sua fama internacio‑ visita como um acontecimento de grande nal. Ao público inglês, podia apresentar obras significado, sendo o primeiro grande triunfo corais baseadas em temas musicais checos do compositor no exterior. Depois disso, a obra sem temer que o seu trabalho fosse alvo de atravessou o mundo e ao longo dos dois anos preconceitos ainda antes de ser apresentado seguintes foi apresentada em Birmingham, e ouvido. Figuras proeminentes da sociedade Worcester, Pittsburg, Nova Iorque, Zagreb e musical inglesa julgavam‑no­ sem arrogância, Mannheim. O seu enorme e imediato sucesso em contraste com a postura de alguns dos deveu‑se­ às excepcionais qualidades musicais amigos continentais do compositor. e espirituais desta obra, tornando­‑se uma das A fama crescente de Dvořák trouxe­ mais populares e mais frequentemente execu‑ ‑lhe muitas honras e prémios. Em 1892 inicia tadas do compositor. uma nova etapa ao mudar­‑se para os Esta‑ A importância do sucesso do Stabat Mater dos Unidos, onde aceitou o convite para diri‑ em Londres e as consequências para a carreira gir o Conservatório Nacional de Nova Iorque. musical de Dvořák estão bem expressas na Escreveu então algumas das suas obras mais sua correspondência com o amigo Velebin reconhecidas, como o Te Deum (1892) para Urbanek (14.3.1884), numa alusão ao concerto soprano e baixo solistas, coro e orquestra, e onde dirigiu a obra no Royal Albert Hall: “Por um ano depois a 9ª Sinfonia “Do Novo Mundo”. favor, não se assuste! São 250 sopranos, 160 As saudades que tinha do seu país fizeram altos, 180 tenores e 250 baixos; a composi­ com que, em 1895, no apogeu da fama e da ção da orquestra também é impressionante: capacidade criativa, retornasse para o lugar 24 primeiros violinos, 20 segundos violinos, de professor de composição que obtivera em 16 violas, 16 violoncelos, 16 contrabaixos. O 1891, no Conservatório de Praga. impacto de um conjunto tão forte foi realmente A obra de Dvořák confirma, com justiça, estimulante. Mal posso descrevê­‑lo. Depois de os que o consideram um dos grandes compo‑ cada andamento o fervor do público aumen­ sitores nacionalistas checos do século XIX. tava e, no final, o aplauso foi tão forte que eu tive Apesar de muito negligenciado e até ignorado de agradecer repetidas vezes. A orquestra e o pelo mundo musical germânico como um ingé‑ coro também foram fervorosos nos seus aplau­ nuo músico checo, é hoje unanimemente consi‑ sos, enchendo­‑me com ovações. Em suma, eu derado o verdadeiro herdeiro de Smetana, não poderia ter desejado um resultado melhor. ganhando admiração e prestígio mundial com Tudo isso me deu a convicção de que um novo as suas sinfonias, música de câmara, oratórias, e mais auspicioso tempo chegou para mim aqui canções e, embora em menor grau, também na Inglaterra, Deus queira, e espero também pelas suas óperas.

7 O Hino Stabat Mater Dolorosa deste hino descreve a cena bíblica da Crucifi‑ cação de Cristo, a partir da perspectiva sofre‑ O Stabat Mater transporta­‑nos para um cená‑ dora de sua mãe, e a segunda parte exorta os rio musical ao mesmo tempo dramático e crentes a partilhar as dores de Maria, para um sugestivo, a partir de um texto que descreve o dia merecerem participar na glória do Paraíso sofrimento de uma mãe perante o filho que está junto de Deus. a morrer na cruz. Mas, além disso, é também No seu Stabat Mater, Dvořk baseou­‑se um testemunho intemporal e universalmente no texto litúrgico tradicional dividindo os seus válido sobre o sofrimento, a tristeza e a espe‑ 20 versos em 10 partes (desiguais) – graças, rança humanas. Nesta obra, o compositor certamente, aos estudos de Latim realizados revela claramente a fé e a devoção cristã, uma na Escola de Órgão de Praga. Melodias ricas fé simples e despretenciosa, que dá origem a em elementos expressivos alternam com uma composição de profunda contemplação. cromatismos e suspensões que enriquecem A comovente imagem da mãe de Jesus, e conferem dramatismo ao discurso musical. de pé, junto à cruz, descrita de forma sublime A orquestração é, em geral, bastante diáfana no Evangelho de S. João (Jo 19, 25ss), inspirou e transparente, evitando qualquer rasgo de um número incontável de compositores pela teatralidade. Luto, lamento e esperança são intensidade emotiva da situação. Usado como os ambientes que a obra nos proporciona. Sequência da Festa de Nossa Senhora das As semelhanças temáticas do material musi‑ Dores (Mater Dolorosa – alusão às sete dores cal usado na primeira e na última parte confe‑ da Virgem Maria), o Stabat Mater Dolorosa rem à composição grande coerência, unidade promoveu a criação de obras musicais magní‑ e um carácter circular, com uma atmosfera ficas: desde um dos primeiros exemplos que meditativa alicerçada predominantemente em se conhece, atribuído ao compositor inglês tempos lentos e dinâmicas suaves. John Browne (finais do séc. XV), até Pendere‑ cki, Arvo Pärt ou Alberto Schiavo mais próxi‑ Cada uma das dez partes da oratória é conce‑ mos de nós, passando por Palestrina, Lassus, bida como um número independente com a sua Pergolesi, Joseph Haydn, Rossini, Listz, Verdi e própria estrutura temática (excepto o último Poulenc, para referir apenas alguns. andamento, como referimos). A obra inicia­‑se O texto deste hino medieval teve origem por um extenso e musicalmente significativo no ambiente da espiritualidade franciscana primeiro andamento, “Stabat Mater dolorosa”, do séc. XII, sendo comummente atribuído ao em Si menor, que carrega um poderoso senti‑ monge italiano Jacopone da Todi (c.1230‑1306),­ mento de tristeza e ansiedade. Desenvolve­ embora existam outras referências, nomeada‑ ‑se a partir de um intenso tema em meios­‑tons mente, ao Papa Inocêncio III, a S. Boaventura e que brota da dominante, Fá sustenido, escutado a Berrnardo de Clairveaux. Usado inicialmente em várias oitavas. Esta tensão dramática deixa como oração individual, foi depois integrado depois descortinar uma breve luminosidade de na liturgia oficial da Igreja como Sequên‑ esperança, expressa pela passagem fugaz pela cia e posteriormente removido pelo Concílio tonalidade relativa de Ré maior, mergulhando de Trento. O Papa Bento XIII introdu­‑lo nova‑ de novo na gravidade da atmosfera anterior. mente no Missal, em 1727. A primeira parte Depois desta longa introdução, o coro misto

8 e o quarteto de solistas, gradualmente, acres‑ O andamento seguinte, “Virgo virginum centam as suas vozes ao tecido orquestral praeclara”, em Lá maior, é dedicado ao coro. repetindo todo o processo. A corrente meló‑ Após uma breve introdução da orquestra, dica ininterrupta das vozes conduz a passa‑ surgem as vozes em pianissimo e, por vezes, a gens de dramatismo crescente que culminam cappella, evoluindo progressivamente para uma num grito de desespero. Pouco antes do final do presença mais intensa e calorosa do efectivo andamento, o discurso musical encaminha­‑se vocal e instrumental. O breve e fluído dueto para novamente para a consoladora tonalidade rela‑ soprano e tenor, “Fac ut portem christi mortem”, tiva maior, já anunciada na orquestra. em Ré maior, antecede um dos momentos mais As restantes oito partes da obra apresen‑ conhecidos da obra – a ária “Inflammatus”, em tam essencialmente a alternância do coro com Ré menor, para o contralto, ao mesmo tempo os solistas. O quarteto de carácter meditativo determinada e comovente, recriando uma e calmo, “Quis est homo”, em Mi menor, com atmosfera com ressonâncias, por vezes, próxi‑ alguns cromatismos que envolvem um fraseado mas da linguagem barroca händeliana. musical sereno, é seguido pela intervenção O andamento final, “Quando corpus morie‑ coral, “Eja, mater”, em Dó menor, com um ritmo tur”, integra coro e solistas. Apesar do mate‑ de marcha fúnebre que acompanha a evoca‑ rial temático se basear no primeiro andamento, ção à Mãe de Jesus, fonte de amor, para que nos configura um ambiente diferente: ouvimos de una a si na dor e no sofrimento que está a sentir. novo a familiar sequência cromática na orques‑ Surge depois uma secção para o baixo com tra e no coro, mas desta vez ela não conduz a intervenções corais, “Fac ut ardeat cor meum”, uma expressão de dor, mas sim à radiante numa tonalidade instável à volta do Si bemol tonalidade de Ré maior. Segue­‑se uma fuga menor para o solista, que se exprime numa de considerável complexidade sobre a pala‑ espécie de arioso (sublinhado pelos naipes vra “Amen”, com um final do coro e dos solistas de cordas, flautas e clarinetes), e em Mi bemol que exprime a apaziguadora catarse que abre a maior para o coro, que responde num pianis­ obra às dimensões da reconciliação e da espe‑ simo em forma coral, acompanhado pelo órgão. rança, fruto de uma inquebrantável certeza na No andamento seguinte, “Tui Nati vulne‑ vida eterna junto de Deus. rati”, o coro intervém na mesma tonalidade de De facto, apesar do conteúdo textual deste Mi bemol maior, envolvida num ritmo ternário hino e da tragédia pessoal que o compositor que lhe confere luminosidade, fé e esperança, tinha vivido, com o Stabat Mater e a sua lingua‑ assumindo um renovado vigor na segunda gem musical sublime e despojada de qualquer parte, ao reexpor o material temático inicial forma de trivialidade, Dvořák recusa a vitória de forma abreviada. Segue­‑se uma ária do do desespero e da resignação, deixando­‑se tenor com participação do coro, “Fac me vere possuir por um sentido positivo da existência tecum flere”, mantendo a tonalidade maior humana que a fé cristã lhe oferece. (desta vez Si maior) e expondo uma melodia PAULO ANTUNES, 2019 de carácteroptimista e quase popular a que o coro responde como um eco, numa estru‑ tura vocal homofónica, pontuada por momen‑ tos mais poderosos e quase marciais, para logo retomar o carácter lírico do tema inicial. 9 Stabat Mater

1. Stabat mater dolorosa Quarteto e Coro Stabat mater dolorosa Estava a mãe dolorosa juxta crucem lacrimosa, Chorando junto da cruz dum pendebat Filius. Da qual o seu Filho pendia. Cuius animam gementem, A sua alma a gemer, contristatam et dolentem Contristada e angustiada, pertransivit gladius. Era trespassada por uma espada. O quam tristis et afflicta Oh! tão triste e aflita fuit illa benedicta. Estava a Mãe bendita Mater Unigeniti! Do Filho unigénito! Quae maerebat et dolebat, Gemendo e suspirando, et tremebat, pia Mater, cum videbat a tremer, Piedosa, a ver Nati poenas incliti. O tormento do seu Filho.

2. Quis est homo, qui non fleret Quarteto Quis est homo, qui non fleret, Quem conteria as lágrimas Matrem Christi si videret Vendo a Mãe de Cristo in tanto supplicio? Sofrendo tamanho suplício? Quis non posset contristari, Quem poderia não se entristecer Christi Matrem contemplari Ao contemplar a mãe de Cristo dolentem cum Filio? Dolorida junto do seu Filho? Pro peccatis suae gentis Pelos pecados de seu povo vidit Jesum in tormentis Viu Jesus no tormento, et flagellis subditum. Flagelado por seus súbditos. Vidit suum dulcem Natum Viu o seu doce Filho moriendo desolatum, Morrendo, desolado dum emisit spiritum. Ao entregar a sua alma.

10 3. Eja, Mater, fons amoris Coro Eja, Mater, fons amoris, Oh, Mãe, fonte de amor, me sentire vim doloris Faz-me sentir todas as tuas dores fac, ut tecum lugeam! Para que eu chore contigo.

4. Fac ut ardeat cor meum Baixo e Coro Fac ut ardeat cor meum Faz com que meu coração arda in amando Christum Deum No amor por Cristo, meu Deus, ut sibi complaceam. Para que eu possa consolá-lo. Sancta Mater, istud agas, Mãe Santíssima, grava Crucifixi fige plagas, As chagas do Crucificado cordi meo valide! No fundo do meu coração!

5. Tui Nati vulnerati Coro Tui Nati vulnerati, Por mim o teu Filho ferido tam dignati pro me pati, Quis sofrer os seus tormentos, poenas mecum divide. Partilha comigo as penas.

6. Fac me vere tecum flere Tenor e Coro Fac me vere tecum flere, Faz-me chorar verdadeiramente contigo, Crucifixo condolere, Compadecer-me da sua cruz donec ego vixero. Enquanto dure a minha existência. Juxta crucem tecum stare, Quero estar junto da cruz, te libenter sociare Unir-me a ti livremente in planctu desidero. chorando junto a ti.

11 7. Virgo virginum praeclara Coro Virgo virginum praeclara, Virgem ilustre entre as virgens, mihi iam non sis amara, Não sejas rigorosa comigo, fac me tecum plangere. Deixa­‑me chorar junto a ti.

8. Fac ut portem Christi mortem Duo: Soprano e Alto Fac ut portem Christi mortem, Faz­‑me partilhar a morte de Cristo, passionis fac consortem Participar nas suas dores et plagas recolere. e venerar as suas chagas. Fac me plagis vulnerari, Faz­‑me venerar as suas feridas, Cruce hac inebriari Inebriar‑me­ da cruz ob amorem Filii. E do amor do teu Filho.

9. Inflammatus et accensus Solo: Alto Inflammatus et accensus, Do consumo pelas chamas per te, Virgo, sim defensus Seja eu defendido por ti, Virgem, in die judicii. No dia do juízo. Fac me cruce custodiri, Faz com que seja protegido pela cruz, morte Christi, praemuniri fortalecido pela morte de Cristo comfoveri gratia. e confortado pela sua graça.

10. Quando corpus morietur Quarteto e Coro Quando corpus morietur, Quando o meu corpo morrer, fac, ut animae donetur Faz com que seja concedida à minha alma paradisi gloria. Amen. A glória do paraíso. Ámen.

Tradução: Tiago Pereira de Melo

12 Baldur Brönnimann direcção musical No domínio da ópera, Brönnimann dirigiu Le Grand Macabre de Ligeti na English National Baldur Brönnimann é considerado um dos Opera, na Komische Oper de Berlim e no Teatro melhores maestros de música contemporâ‑ Colón (Argentina), em produções de La Fura nea do mundo. Desenvolveu estreitas cola‑ dels Baus e Barrie Kosky; Death of Klinghof­ borações com compositores de topo tais fer de John Adams na English Nacional Opera; como John Adams, Saariaho, Birtwistle, Chin, L’Amour de Loin de Saariaho na Ópera Norue‑ Lachenmann, Lindberg, Haas e outros, e diri‑ guesa e no Festival de Bergen; e Index of Metals giu obras importantes de Ligeti, Romitelli, de Romitelli com Barbara Hannigan no Theater Boulez, Vivier e Zimmermann. Apresentou­‑se an der Wien. No Teatro Colón, dirigiu também em festivais como BBC Proms, Wien Modern, Erwartung de Schoenberg, Hagith de Szyma‑ Darmstadt e Mostly Mozart no Lincoln Center. nowski, The Little Match Girl de Lachenmann Maestro de grande versatilidade com uma (com o compositor no papel de narrador) e Die abordagem aberta à programação e à interpre‑ Soldaten de Zimmermann. tação musical, acredita firmemente na impor‑ Enquanto Maestro Titular da Orquestra tância das actividades de âmbito educativo e Sinfónica do Porto Casa da Música e da Basel comunitário e na necessidade de questionar Sinfonietta, Baldur Brönnimann continua a diri‑ as fronteiras tradicionais da música clássica. gir programas onde combina de uma forma É Maestro Titular da Orquestra Sinfónica do inesperada obras contemporâneas e desco‑ Porto Casa da Música e da Basel Sinfonietta. nhecidas com o repertório corrente. Entre Na temporada de 2018/19, Brönnimann 2011 e 2015, foi Director Artístico do principal regressa à Filarmónica de Seul e estreia­‑se com ensemble norueguês de música contemporâ‑ a Filarmónica do Luxemburgo (no âmbito do nea, BIT20. Foi Director Musical da Orquestra festival de música contemporânea Rainy Days Sinfónica Nacional da Colômbia em Bogotá na Philharmonie desta cidade), a Staatskape‑ entre 2008 e 2012. lle Weimar, a Orquestra da Rádio Norueguesa, Natural da Suíça, Baldur Brönnimann estu‑ as Orquestras de Valência, Galiza e Astúrias, e dou na Academia de Música da Basileia e no a Tapiola Sinfonietta (Finlândia). Será o Direc‑ Royal Northern College of Music em Manches‑ tor Artístico do festival Avanti! 2019 na Finlân‑ ter, onde foi posteriormente nomeado Profes‑ dia. Das temporadas passadas, destacam­‑se sor Convidado de Direcção de Orquestra. colaborações com as Filarmónicas de Oslo e Actualmente vive em Madrid. Real de Estocolmo, a Philharmonia Orchestra, a Sinfónica da BBC e a Filarmónica de Bergen, entre outras. Recentemente estreou­‑se com as Sinfónicas das Rádios de Viena, Frankfurt e WDR, a Sinfónica Nacional Dinamarquesa e as Orquestras de Câmara Aurora e de Muni‑ que. Trabalha frequentemente com o Klangfo‑ rum Wien, tanto em Viena como em digressão.

13 Eduarda Melo soprano Nuno Corte­‑Real). Mais recentemente, parti‑ cipou na obra Livro de Florbela op. 42 de Nuno Recentemente galardoada com o 2º Premio no Côrte­‑Real, com o Ensemble d’Arcos. Concurso Internacional de Canto de Toulouse, Em concerto destacam­‑se as interpreta‑ Eduarda Melo tem consolidado a sua carreira ções de de Mozart, Stabat Mater de maioritariamente entre França e Portugal. Após Poulenc, Requiem de Brahms, Giuditta de Fran‑ a Licenciatura em Canto pela Escola Superior cisco Antonio de Almeida, Pulcinella de Stra‑ de Música e Artes do Espectáculo do Porto e da vinski e O King de Berio. excepcional passagem pelo Estúdio de Ópera Foi dirigida por maestros como Marc da Casa da Música, lança­‑se numa carreira Minkowski, Antonello Allemandi, Martin Andre, internacional que se inicia com a integração no Jean­‑Claude Casadesus, Cesario Costa, elenco do prestigiado CNIPAL em Marselha. Manuel Ivo Cruz, Laurence Cummings, Jean­ No domínio da ópera destacam‑se­ os papéis ‑Sebastien Bereau, Stefan Ausbury, Franck de Corinna (Il Viaggio a Reims) no Teatro Nacio‑ Ollu, Jeremie Rhorer e Michael Zilm. Colabora nal de São Carlos, Rosina (Il Barbiere di Sevi­ regularmente com os grupos Ludovice Ensem‑ glia) na Ópera de Lille, Elvira (L’Italiana in Algeri) ble e Divino Sospiro. na Ópera de Marselha, Norina (Don Pascuale) Entre os seus compromissos futuros inclui­ no Teatro Nacional de São Carlos, Musetta (La ‑se a participação no espectáculo Mozart Bohème) no Festival de Saint­‑Cere), Despina Concert Árias da coreógrafa Anne Teresa de (Così fan tutte) no Teatro Nacional de Sao Keersmaeker, com a Companhia Nacional de Carlos, Primeira Dama (A Flauta Mágica) e Bailado, e Rosina (Il Barbiere di Seviglia) nos Stephano (Romeo et Juliette) na Opera de teatros de Caen, Reims, Limoges e Dijon. Marselha, Frasquita (Carmen) na Opera de Lille e no Theatre de Caen, Valencienne (La Veuve Joyeuse) no Festival Folies d’O em Montpellier, Iris Oja soprano Ruth (Paint Me de Luis Tinoco) na Culturgest, Spinalba (Spinalba de F. A. de Almeida) e Asca‑ Iris Oja é uma cantora freelance natural da Estó‑ nio (Lo Frate Nnamorato de Pergolesi) no CCB, nia. Estudou canto na Academia de Música Zemina (Die Feen de Wagner) no Theatre du da Estónia com Taru Valjakka e Ivo Kuusk, e Chatelet em Paris, Vespina (L’Infedeltà Delusa também piano e direcção coral. Interessa­ de Haydn) na Opera de Monte Carlo, Maria ‑se por todos os estilos mas particularmente Luisa (La Belle de Cadix de Francis Lopez) no pela música contemporânea. Tem estreado e Festival de Saint Céré e Elle (La voix humaine) gravado obras de muitos compositores estonia‑ na Casa da Musica). nos que lhe têm dedicado as suas composições. No âmbito da música contemporânea tem É membro do Resonabilis, ensemble de participado em criações essencialmente de música contemporânea com uma combina‑ compositores portugueses, interpretando os ção única de voz, flauta, violoncelo e kannel papéis de Vera (A Little Madness in the Spring (instrumento típico da Estónia). Devido à sua de Antonio Pinho Vargas), Pastora e Rapaz de sonoridade singular, o ensemble encomenda a Bronze (A Montanha e Rapaz de Bronze de maior parte da música que interpreta e alarga

14 o seu repertório através da estreita colabora‑ of Gerontius de Elgar. Foi solista convidado ção com compositores. da Sinfónica da BBC na Missa em Mi maior de Iris Oja tem colaborado com diferentes Schubert e em Mediterranean Songs de Gold­ ensembles vocais, instrumentais e coros (Thea‑ schmidt, e ainda no Requiem de Mozart e no tre of Voices, Coro Filarmónico de Câmara da Dixit Dominus de Händel nos Proms da BBC. Estónia, ensemble U e Remix Ensemble, entre Entre os seus compromissos mais recen‑ outros) e no duo de jazz UMA. É maestrina tes inclui­‑se a Missa em Si menor com a Israel co­‑repetidora e coralista do Coro Casa da Camerata, Um Sobrevivente de Varsóvia de Música, dirigido por Paul Hillier. Schoenberg, O Cântico Eterno de Janáček com Iris Oja continua a estender o seu repertó‑ a Orquestra Sinfónica do Porto Casa da Música rio em todas as direcções – cantando desde e Diário de um Desaparecido de Janáček no música antiga até à contemporânea, da música Festival Internacional de Nuremberga. de câmara à ópera. Cantou em bandas sono‑ Em 2017 estreou­‑se na Semperoper Dres‑ ras de filmes de animação estonianos e gravou den no papel de Mefistófeles (Doktor Faust de diversos CD a solo, tendo ainda participado em Busoni). Na última temporada fez de Howard numerosas gravações corais, a mais recente Boucher em Dead Man Walking, no Barbi‑ das quais com música de Galina Grigorjeva. can Centre, com a Sinfónica da BBC e Mark Wigglesworth, e regressou à Ópera Nacional do País de Gales para cantar Vasily Golitsyn Mark Le Brocq tenor em Khovanshchina, Filka Morozov em Da Casa dos Mortos e Bassanio na redescoberta ópera Mark Le Brocq foi bolseiro como coralista no O Mercador de Veneza de André Tchaikovski. St. Catharine’s College, Cambridge. Estudou Nesta temporada, interpreta Pierre na acla‑ na Royal Academy of Music e mais tarde no mada produção de Guerra e Paz na Ópera National Opera Studio, com o apoio de The Nacional do País de Gales, uma adaptação Friends of English National Opera. Ao termi‑ operática de Prokofieff do famoso épico de nar os estudos, tornou‑se­ membro da Ópera Tolstoi. Foi Harry King em Anthropocene, uma Nacional Inglesa. nova obra de Stuart Macrae para a Ópera Esco‑ Em concerto, o tenor tem­‑se apresentado cesa, e regressa à ópera Da Casa dos Mortos como solista em todo o mundo. No Reino Unido na aclamada produção de David Pountney para cantou Grande Messe des Morts de Berlioz a Ópera Nacional do País de Gales, no Festi‑ na Catedral de São Paulo; Oratória de Natal val Janáček de Brno (República Checa). Em no Cadogan Hall; Missa Solemnis de Beetho‑ concerto, canta Sylvester (The Silver Tassie ven no Three Choirs Festival; Paixão segundo de Mark­‑Anthony Turnage) com a Sinfónica da São Mateus com a Academy of Ancient Music; BBC, que assinala o centenário do Armistício. No St Nicholas com o Coro e a Orquestra da Opera final da temporada interpreta Loge em O Ouro North; Serenade para tenor, trompa e cordas do Reno, para o Festival de Ópera de Longbo‑ para a Rambert; Carmina Burana de Carl Orff rough, e canta novamente o papel de Pierre (com a Ulster Orchestra, a Royal Philharmo‑ (Guerra e Paz) com a Ópera Nacional do País nic Orchestra e no Royal Albert Hall) e Dream de Gales na Royal Opera House de Londres.

15 Marcell Bakonyi baixo-barítono (Lord Sidney em Il Viaggio a Reims) e da Den Norske Opera de Oslo (Antinoo em Il Ritorno Entre os compromissos mais recentes do baixo­ d’Ulisse in Patria). Em 2012 fez a sua estreia ‑barítono húngaro Marcell Bakonyi incluem­‑se nos Estados Unidos da América como Orador os papéis de Barba ­Azul (O Castelo do Barba­ (A Flauta Mágica), no Crested Butte Music Azul, no Teatro Nacional de São Carlos), Orador Festival, Colorado. (A Flauta Mágica) e Dulcamara (L’elisir d’amore) Em concerto cantou a Oratória de Natal no Festival de Ópera de Macerata, Antinoo (Il de Bach (Collegium Iuvenum Stuttgart, direc‑ ritorno d’Ulisse) no Innsbrucker Festwochen der ção de Friedemann Keck), a Paixão segundo Alten Musik, Colline (La Bohème) na Den Norske São João (Chiemsee Festival, direcção de Opera (Noruega) e Masetto (Don Giovanni) na Enoch zu Guttenberg), A Criação de Haydn Ópera Estatal Húngara. (com Tamás Vásáry e a Sinfónica da Rádio Entre 2015 e 2017, foi membro do ensem‑ Húngara no Palácio de Artes de Budapeste) e ble do Teatro Estatal de Nuremberga, tendo Requiem de Mozart (com Quentin Hindley no interpretado papéis como Leporello (Don Théâtre des Champs-Élysées). Giovanni), Mustafa (L’Italiana in Algeri) e Huas‑ Marcell Bakonyi nasceu em Győr (Hungria). car (Les Indes Galantes). Integrou o ensemble Estudou canto no Conservatório de Música do Teatro Heidelberg (2007­‑08) e do Estúdio Leó Weiner, em Budapeste, e na Hochschule de Ópera de Zurique (2008­‑09), com papéis für Musik de Estugarda, com Julia Hamari, como Timoneiro (Tristão e Isolda). No âmbito onde teve também aulas de Lied. Ganhou da série Junge Oper na Ópera Estatal de Estu‑ o Concurso Internacional Rolando Nico‑ garda, cantou na estreia mundial de Träumer losi (Roma) e recebeu o Prémio Especial no de Matthias Heep. Concurso Marcello Giordani (Catânia). Em 2009 foi membro do ensemble do Landestheater Salzburg, onde cantou Bartolo e Fígaro (As Bodas de Fígaro), Kaspar (O Franco­ ‑Atirador), Angelotti (Tosca), Dulcamara (L’elisir d’amore), Leporello (Don Giovanni), Alidoro (La Cenerentola), Grenvil (La Traviata), Don Alfonso (Così fan tutte) e Rei da Escócia (Ariodante). Foi solista convidado da Ópera Estatal de Budapeste (Mustafa em L’Italiana in Algeri, Colline em La Bohéme, Ferrando em Il Trova­ tore, Escamillo em Carmen e Pietro em Simon Boccanegra), do Teatro de Giessen (Kaspar em O Franco­‑Atirador), do Innsbruck Festival für Alte Musik (Publio em La clemenza di Tito), do Theatre Vichy (Segundo Sacerdote em A Flauta Mágica), do Schwetzinger Festspiele (Varo em Ezio), do Festival de Ópera Rossini

16 Orquestra Sinfónica A Orquestra tem­‑se apresentado também do Porto Casa da Música nas mais prestigiadas salas de concerto de Viena, Baldur Brönnimann maestro titular Estrasburgo, Luxemburgo, Antuérpia, Roterdão, Leopold Hager maestro emérito Valladolid, Madrid, Santiago de Compostela e Stefan Blunier maestro associado Brasil, e ainda no Auditório Gulbenkian. Christian Zacharias maestro convidado As temporadas recentes da Orquestra foram principal designado marcadas pela interpretação das integrais das Sinfonias de Mahler, Prokofieff, Brahms e Bruck‑ A Orquestra Sinfónica do Porto Casa da Música ner; dos Concertos para piano e orquestra de tem sido dirigida por reputados maestros, de Beethoven e Rachmaninoff; e dos Concertos entre os quais se destacam Stefan Blunier, para violino e orquestra de Mozart. Em 2011, o Olari Elts, Peter Eötvös, Heinz Holliger, Elihau álbum “Follow the Songlines” ganhou a catego‑ Inbal, Michail Jurowski, Christoph König (maes‑ ria de Jazz dos prestigiados prémios Victoires de tro titular no período 2009­‑2014), Reinbert de la musique, em França. Em 2013 foram editados Leeuw, Andris Nelsons, Vasily Petrenko, Emilio os concertos para piano de Lopes­‑Graça, pela Pomàrico, Peter Rundel, Michael Sanderling, Naxos, e o disco com obras de Pascal Dusapin Vassily Sinaisky, Tugan Sokhiev, John Stor‑ foi Escolha dos Críticos na revista Gramophone. gårds, Joseph Swensen, Ilan Volkov, Antoni Wit, Nos últimos anos surgiram os CDs monográficos Christian Zacharias e Lothar Zagrosek. Entre os de Luca Francesconi (2014), Unsuk Chin (2015) solistas que têm colaborado com a orquestra e Georges Aperghis (2017), além de discos constam os nomes de Pierre­‑Laurent Aimard, dedicados a obras de compositores portugue‑ Jean­‑Efflam Bavouzet, Pedro Burmester, Joyce ses, todos com gravações ao vivo na Casa da Didonato, Alban Gerhardt, Natalia Gutman, Música. Na temporada de 2019, a Orquestra Viviane Hagner, Alina Ibragimova, Steven apresenta obras­‑chave do Novo Mundo – entre Isserlis, Kim Kashkashian, Christian Lindberg, as quais Amériques de Edgard Varèse e a Quarta Tasmin Little, Felicity Lott, António Meneses, Sinfonia de Charles Ives –, a Integral das Sinfo‑ Midori, Truls Mørk, Kristine Opolais, Lise de nias de Tchaikovski, as sonoridades revolucio‑ la Salle, Benjamin Schmid, Simon Trpčeski, nárias de Ligeti e novas obras de Jörg Widmann, Thomas Zehetmair, Frank Peter Zimmermann Pedro Amaral e Clotilde Rosa. ou o Quarteto Arditti. Diversos composito‑ A origem da Orquestra remonta a 1947, ano res trabalharam também com a orquestra, no em que foi constituída a Orquestra Sinfónica do âmbito das suas residências artísticas na Casa Conservatório de Música do Porto, que desde da Música, destacando­‑se os nomes de Emma‑ então passou por diversas designações. Engloba nuel Nunes, Jonathan Harvey, Kaija Saariaho, um número permanente de 94 instrumentis‑ Magnus Lind­berg, Pascal Dusapin, Luca Fran‑ tas, o que lhe permite executar todo o repertó‑ cesconi, Unsuk Chin, Peter Eötvös, Helmut rio sinfónico desde o Classicismo ao Século XXI. Lachenmann, Georges Aperghis, Heinz Holli‑ É parte integrante da Fundação Casa da Música ger, Sir Harrison Birtwistle e Georg Friedrich desde Julho de 2006. Haas, a que se junta em 2019 o compositor Jörg Widmann.

17 Coro Casa da Música corais-sinfónicas como o Requiem à memó­ Paul Hillier maestro titular ria de Camões de Bomtempo e o Te Deum de António Teixeira. As criações dos séculos XX Fundado em 2009, o Coro Casa da Música e XXI têm também um peso importante no apresenta-se regularmente na Casa da Música seu repertório, com obras de Lachenmann, e em digressão sob a direcção do seu titular, Schoenberg, Stockhausen, Gubaidulina ou Paul Hillier. Tem sido também dirigido pelos Cage, e as estreias nacionais de Wohin bist du maestros Simon Carrington, Nicolas Fink, Anto‑ gegangen? de Georg Friedrich Haas, Stabat nio Florio, Robin Gritton, Andrew Parrott, Marco Mater de James Dillon e Moth Requiem de Mencoboni, Kaspars Putniņš, Gregory Rose, Harrison Birtwistle James Wood, Douglas Boyd, Martin André, Na temporada de 2019, o Coro Casa da Baldur Brönnimann, Laurence Cummings, Olari Música celebra o seu 10º aniversário com Elts, Leopold Hager, Michail Jurowski, Chris‑ uma viagem através dos tempos que passa toph König, Peter Rundel, Vassily Sinaisky, pela polifonia renascentista, marcos incon‑ Takuo Yuasa, Paul McCreesh e Stefan Blunier, tornáveis do Barroco e do Romantismo e a a que se junta em 2019 a estreia da maestrina música escrita nos nossos dias. Apresenta Sofi Jeannin. Ecléctico no seu repertório, o obras emblemáticas da música sacra junto Coro é constituído por uma formação regu‑ dos agrupamentos instrumentais da Casa da lar de 18 cantores, a qual se alarga a formação Música, entre as quais as Vésperas de Monte‑ média ou sinfónica em função dos programas verdi, a Missa n.º 5 de Schubert, o Stabat Mater apresentados. de Dvořák e a oratória Paulus de Mendelssohn. Colaborou com os agrupamentos instru‑ Dos programas a cappella, destaca-se a estreia mentais da Casa da Música na interpretação portuguesa de uma encomenda da Casa da de obras como Gurre-Lieder de Schoenberg, Música a Michael Gordon, além de obras de Te Deum de Bruckner, As Estações e A Criação Kaija Saariaho e Karin Rehnqvist. de Haydn, Missa em Si menor de Bach, Sinfo‑ O Coro Casa da Música faz digressões nias de Mahler, Missa em Dó menor e Requiem regulares, tendo actuado no Festival de Música de Mozart, O Cântico Eterno de Janáček, Antiga de Úbeda y Baeza (Espanha), no Festi‑ Sinfonia Coral e Missa Solemnis de Beetho‑ val Laus Polyphoniae em Antuérpia, no Festi‑ ven, Requiem Alemão de Brahms, Messias de val Handel de Londres, no Festival de Música Händel, Te Deum de Charpentier, Oratória de Contemporânea de Huddersfield, no Festi‑ Natal, Magnificate Cantatas de Bach, História val Tenso Days em Marselha, nos Concer‑ de Natal de Schütz, Requiem de Verdi, Missa tos de Natal de Ourense e em várias salas para o Santíssimo Natal de Alessandro Scar‑ portuguesas. latti, grandes obras corais-sinfónicas de Proko‑ fieff e Chostakovitch e Requiem de Schnittke. A música portuguesa tem sido um dos focos de atenção do Coro, com progra‑ mas dedicados ao período de ouro da polifo‑ nia renascentista, a Lopes-Graça ou a obras

18 Coro Infantil Casa da Música Coro da ESMAE Raquel Couto maestrina titular Barbara Francke maestrina titular

Da união de muitas vontades nasceu um No âmbito da disciplina de Colectivo, a par projecto que aspira a ser de qualidade artís‑ da Orquestra Sinfonieta, foi criado o Coro da tica superior, dimensão social e valor educativo. Escola Superior de Música e Artes do Espec­ O Coro Infantil Casa da Música é hoje um dos táculo, proporcionando uma formação adicio­ grupos residentes da instituição, justificando nal à especialização instrumental e vocal, aos por talento próprio a sua estreia pública num alunos dos cursos que não integram a forma­ dos concertos maiores de 2017: no Dia Mundial ção orquestral. da Música, na Sala Suggia, juntou‑se­ à Orques‑ Do seu repertório constam obras como tra Sinfónica do Porto Casa da Música, ao Coro Gloria de Poulenc, Cantata Portugália Géne­ Nacional de España e ao Coro Lira para inter‑ sis de Luís Filipe Pires, Chichester Psalms de pretar o War Requiem de Benjamin Britten. Bernstein, Messe pour Nuit de Noël de Char­ Formado por 40 crianças, este Coro resulta pentier, Ein deutsches Requiem de Brahms, e é parte integrante de uma dinâmica extraordi‑ Sinfonia dos Salmos de Stravinski e Gurre-Lie­ nária iniciada no último ano lectivo, a manter no der de Schoenberg, entre outras obras, abran‑ futuro. Em articulação com as escolas básicas gendo todas as épocas e estilos musicais. dos Quatro Caminhos (Matosinhos), Lomba O Coro de Câmara, também desta insti­ (Porto) e Quinta das Chãs (Vila Nova de Gaia), tuição, é constituído por alunos com melhor desenvolveu‑se­ um processo de formação preparação vocal, alguns dos quais a frequen­ coral que chamou cerca de 350 crianças, agre‑ tar o curso de canto. Entre outras obras, já gou educadores e famílias, motivou as comu‑ interpretou Paris à nous Deux de J. Françaix, nidades vizinhas. Responsório de Natal de Duarte Lobo (1ª audi­ Deste percurso resultaram três grupos ção) e Terceira Cantata da Oratória de Natal de corais, um por escola, de onde saem as vozes J. S. Bach. Interpretou ainda obras contempo­ do Coro Infantil. São, assim, quatro estruturas râneas de autores como Penderecki, Arvo Pärt, a evoluir numa geografia alargada, orientadas Messiaen, Rutter e Britten. O Coro de Câmara, pelo Serviço Educativo. Exploração de repertó‑ habitualmente, centra o seu repertório basilar rios corais, composição colectiva e incentivo ao em obras a cappella. sucesso curricular são alicerces deste projecto.

19 Orquestra Contrabaixo Coro Sinfónica do Porto Rui Rodrigues Casa da Música Casa da Música Florian Pertzborn Tiago Pinto Ribeiro Sopranos Slawomir Marzec Violino I Andrea Conangla James Dahlgren Ângela Alves Flauta Elina Viksne* Cristina Pamplona Angelina Rodrigues Radu Ungureanu Eva Braga Simões Ana Raquel Lima* Emília Vanguelova Maria Mendes Roumiana Badeva Joana Leite Castro Oboé Ianina Khmelik Joana Pereira Aldo Salvetti Andras Burai Luísa Barriga Tamás Bartók Maria Kagan Paula Ferreira José Despujols Rita Venda Clarinete Vadim Feldblioum Luís Silva Vladimir Grinman Contraltos Gergely Suto Alan Guimarães Andreia Tiago Ana Isabel Almeida Fagote Violino II Ana Calheiros Gavin Hill Ana Madalena Ribeiro Gabriela Braga Simões Robert Glassburner Nancy Frederick Joana Guimarães Tatiana Afanasieva Joana Valente Trompa Mariana Costa Maria João Gomes Nuno Vaz* Pedro Rocha Ana Maria Marques Bohdan Sebestik Paul Almond Sara Cláudio Eddy Tauber Francisco Pereira de Sousa Hugo Carneiro Nikola Vasiljev Tenores José Sentieiro Alberto Jorge Araújo Trompete Diogo Coelho* Bernardo Pinhal Ivan Crespo David Hackston Luís Granjo Viola Fábio Borges Mateusz Stasto João Terleira Anna Gonera Jorge Bizarro Pinho Severo Martinez Francisco Moreira Miguel Silva Rui Pedro Alves* Biliana Chamlieva Pedro Silva Marques Nuno Henriques* Theo Ellegiers Sérgio Martins Rute Azevedo Vitor Sousa Emília Alves Sérgio Carolino Jean Loup Lecomte Baixos Francisco Reis Tímpanos Violoncelo João Barros Jean‑François­ Lézé Nikolai Gimaletdinov Nuno Mendes Feodor Kolpachnikov Pedro Guedes Marques Órgão Gisela Neves Pedro Lopes Luís Filipe Sá* Michal Kiska Pedro Soares Aaron Choi Ricardo Rebelo da Silva Bruno Cardoso Ricardo Torres *instrumentistas convidados Sérgio Ramos

20 Maestrina co-repetidora Francisco Gomes Pedro Guimarães Iris Oja Vitor Oliveira Rafaela Filipe Rafaela Sousa Pianista co­‑repetidor Maestrina co­‑repetidora Ricardo Ribeiro Luís Duarte Barbara Francke Rodrigo Rocha Rosana Mendes Rui Lopes Coro da ESMAE Coro Infantil Sara Nogueira Casa da Música Sarah Silva Soprano Suéli Fernandes Alexandra Pereira Alexandra Tulha Marta Silva Ana Isabel Alves Maestrina co-repetidora Margarida Lazero Anne Camilly Linhares Raquel Couto Ana Patricia Almeida António Fontelonga Laura Nunes Bárbara Costa Formadores Ava Passos Beatriz Pinto Joaquim Branco Sara Lamelas Beatriz Nogueira (formação musical) Adriana Maeda Beatriz Carvalho Joana Castro Luiza Lima Bruna Silva (técnica vocal) Carolina Oliveira Dalila Teixeira Contralto Catarina Brito (pianista acompanhadora) Ema Ferreira Clara Sousa Gonçalo Vasquez Ema Lecomte Dalila Ribeiro (pianista acompanhador) Catarina Vieira David Santos Mariana Louros David Ferreira Joana Margarida Morante Débora Alves Luana Ramos Débora Rodrigues Eugênia Viana Diana Cruz Diogo Silva Tenor Erica Azevedo Fábio Gavina Érica Santos Bruno Vicente Filipa Silva José Brandão Gabriel Silva Rafael Pinto Gonçalo Lucena Joaquim Ribeiro Joana Sousa Ricardo Ferreira Joana Freitas Renato Vieira Leonor Peres Francisco Gonçalves Leonor Morais Gonçalo Mota Leonor Oliveira Ruben Borges Luna Leite Mafalda Filipe Baixo Margarida Carvalho Antonio Dias Maria Clara Silva Guilherme Pinho Maria Inês Madureira Diogo Bento Maria Rita Andrade António Gomes Mariana Costa Pedro Alvadia Matilde Pinheiro Henrique Moreira Matilde Rocha Gonçalo Oliveira Nazariy Kondratskiy

21 PRÓXIMOS CONCERTOS

13+17 ABR CONCERTOS DE PÁSCOA

17 ABR QUA ·21:00 SALA SUGGIA PAIXÃO BARROCA CICLO BARROCO BPI CICLO GRANDES CANÇÕES ORQUESTRAIS

ORQUESTRA BARROCA CASA DA MÚSICA LAURENCE CUMMINGS direcção musical IESTYN DAVIES contratenor ROWAN PIERCE soprano PEDRO CASTRO E ANDREIA CARVALHO oboé

ARCANGELO CORELLI Concerto Grosso op. 5 nº 3 em Dó menor ALESSANDRO SCARLATTI Sinfonia di Concerto Grosso nº 3 em Ré menor ANTONIO VIVALDI Concerto para dois oboés em Ré menor, RV 535 - GIOVANNI BATTISTA PERGOLESI Stabat Mater 27-30 ABR MÚSICA & REVOLUÇÃO LIGETI: IMERSÃO TOTAL

27 ABR SÁB ·18:00 SALA SUGGIA O GÉNIO DE LIGETI 1ª PARTE REMIX ENSEMBLE CASA DA MÚSICA EMILIO POMÀRICO direcção musical LUCAS FELS violoncelo

GYÖRGY LIGETI Concerto de câmara; Concerto para violoncelo

2ª PARTE ORQUESTRA SINFÓNICA DO PORTO CASA DA MÚSICA BALDUR BRÖNNIMANN direcção musical SUSANNA ANDERSSON soprano

GYÖRGY LIGETI Lontano; Apparitions; Le Grand Macabre (excertos)

28 ABR DOM ·18:00 SALA SUGGIA VIRTUOSOS PARA LIGETI 1ª PARTE ORQUESTRA SINFÓNICA DO PORTO CASA DA MÚSICA BALDUR BRÖNNIMANN direcção musical

GYÖRGY LIGETI Atmosphères; San Francisco Polyphony; Concert românesc

2ª PARTE REMIX ENSEMBLE CASA DA MÚSICA EMILIO POMÀRICO direcção musical PIERRE-LAURENT AIMARD piano ALEŠ KLANČAR trompete

GYÖRGY LIGETI Mysteries of the Macabre; Concerto para piano MECENAS ORQUESTRA SINFÓNICA APOIO INSTITUCIONAL MECENAS PRINCIPAL DO PORTO CASA DA MÚSICA CASA DA MÚSICA