e Benedita da Silva - Intelectualidade negra no Brasil e a luta contra o nas décadas de 1970 e 1980. Fabiana Vieira da Silva*

Esta proposta de trabalho tem o intuito de fortalecer a compreensão sobre o pensamento da intelectualidade negra no Brasil nos anos 1970 e 1980, inserindo-a na perspectiva dos estudos da diáspora negra, com foco em duas figuras principais, Benedita da Silva (1942 - ) e Abdias do Nascimento (1914 – 2011) e suas atuações em torno das discussões e perspectivas de luta ao nível nacional e internacional pelo fim do regime segregacionista sul – africano denominado apartheid. Kabengele Munanga apontou em Teorias Sobre o Racismo que as relações raciais dos EUA e da África do Sul recebem mais espaço nos meios de comunicações sociais do Brasil1 do que a luta que ocorre em solo nacional. Ou seja, sua crítica se direcionava para a utilização das relações raciais da África do Sul e dos Estados Unidos, como forma de amenizar as práticas racistas no Brasil, de modo a hierarquizá-las, e que tem como principal resultado a manutenção das estruturas racistas de nossa sociedade, desqualificação da luta antirracista do movimento negro brasileiro. Carlos Moore em Racismo & Sociedade: novas bases epistemológicas para entender o racismo apontou que há, nos Estados Unidos, a produção de argumentos que tendem ao sentido contrário daquele apontado por Munanga, ou seja, de que as ações afirmativas lá provocaram uma forma supostamente “mais perversa de racismo”, assentada na perspectiva da “miscigenação”, “formas múltiplas de classificação”, tal como tem sido apontado o Brasil e o significado adquirido pela noção de democracia racial2. Brasil, Estados Unidos e África do Sul tem, assim, sido articulados internacionalmente de acordo com os interesses de grupos dominantes, a fim de preservar as estruturas sociais hierárquicas, o universo de valores assentado na perspectiva

*Doutoranda em História pela PUC-SP. Email: [email protected] 1 MUNANGA, Kabengele. Teorias Sobre o Racismo. In: HASENBALG, Carlos A.; MUNANGA, Kabengele; SCWARCZ, Lília M. Estudos e Pesquisas. Racismo: Perspectivas para um estudo contextualizado da sociedade brasileira. Niterói, RJ: EDUFF, 1998. p. 65. 2 MOORE, Carlos. Racismo & Sociedade: novas bases epistemológicas para entender o racismo. Belo Horizonte: Mazza Edições, 2007. p.290.

2 ideológica eurocêntrica e impedir a partilha igualitária dos bens econômicos, políticos e culturais entre os diversos grupos que compõem a sociedade. Não é possível negar as especificidades históricas de cada uma dessas localidades, no que tange ao desenvolvimento de suas relações raciais dentro das particularidades fronteiriças, mas é necessário apreender o racismo em uma perspectiva global que extrapole seu caráter isolado Desde quando o apartheid surgiu como política oficial ele atraiu a atenção da atuante imprensa negra brasileira, mais particularmente aquela envolvida ao redor do jornal O Quilombo: Vida, problema e aspirações do Negro, sob a direção de Abdias do Nascimento, gerência de Maria de Lourdes Vale Nascimento. Lá é possível encontrar para além das propostas antirracistas e caminhos para a elevação cultural do negro, projetos políticos de constituição de identidades, as quais abarcam a busca por diálogos e referências com diferentes realidades raciais, questão ainda não abarcada pela historiografia. Havia vários meios que comunicavam os membros deste periódico com o exterior e essas trocas são bastante evidentes nas páginas deste jornal. Mulheres negras entravam nas primeiras páginas, como a estadunidense Philippa Schuyler, apontada como uma garota que já aos 2 anos lia e escrevia e aos catorze se apresentou oficialmente em um concerto com a Orquestra Sinfônica de New York, filha do jornalista e escritor negro George Schuyler que matinha contatos diretos com os representantes deste jornal3; e Eseza Makumbi que teria partido de Uganda para Londres para estrelar no filme “Atavismo”, descrito como um “drama profundo e humano, denso de poesia e tragédia” e que colocava o negro como protagonista4. Foi destaque, ainda, uma saudação ao sr. Georges Challaby, que viera ao Brasil em nome do líder etíope para organizar a representação diplomática no Brasil5; na literatura, comentários e indicações

3 NOSSA Capa. Quilombo: vida, problemas e aspirações do negro, Rio de Janeiro, jan. 1950. p. 02 4 ESEZA Mkumbi. Quilombo: vida, problemas e aspirações do negro, Rio de Janeiro, jun.1949. p. 03 5 NOSSOS irmãos da Abissínia. Quilombo: vida, problemas e aspirações do negro, Rio de Janeiro, jun. 1949. p. 03.

3 de livros de escritores como Richard Whright6, ou a busca por um produção afro – americana7. A partir de tais observações pretende-se compreender que, mais do que comparações, contraposições com uma realidade racial exterior havia trocas entre as diferentes realidades, partilha de referências, leituras de obras, observações de atitudes, e, por meio delas, pode-se observar as experiências negras modernas para além dos limites fronteiriços, ainda parcamente estudadas pela historiografia, no que concerne ao período da chamada redemocratização no Brasil dos anos 1970 e 1980 e que, na África, era varrida pelas ondas de libertação e fim do regime segregacionista sul – africano e a ação da África do Sul como desestabilizadora dos processos de consolidação das diversas nações africanas, sobretudo ao sul do Saara. O apartheid deu possibilidade de mobilização de modo a extrapolar as fronteiras do estado – nação e promover um esforço de solidariedade que foi além dos limites da cor e que, no Brasil, valia-se de contatos nunca cessados entre as duas regiões, permitiu uma ampla mobilização em um esforço de ação global, transatlântico, mas que permitia que, a partir daqueles eventos, fossem, também, discutidas as particularidades de cada local, permitindo a emergência de uma política global que colocou a questão racial no centro dos debates, motivada pelas inúmeras pressões advindas de setores sociais diversos em inúmeros países. Se os esforços governamentais, na primeira metade do século XX, direcionaram- se para o distanciamento em relação à África Negra, acompanhado da resistência dos movimentos da diáspora que mantinham vivos tais contatos, o mesmo não é verdadeiro em relação às constantes iniciativas do governo brasileiro no estreitamento de relações com a África do Sul. Como apontou Celso Lafer, os esforços levados adiante pela política externa dos países são resultados de uma congruência de fatores, os quais buscam a compatibilização de interesses internos e externos e que envolvem o campo estratégico-militar, relações

6 LEAL, Péricles. O Drama do negro americano. Quilombo: vida, problemas e aspirações do negro, Rio de Janeiro, 1949. p.09. 7 BÓ, Efraim T. Poesia afro – americana. Quilombo: vida, problemas e aspirações do negro, Rio de Janeiro, dez. 1948, p.08.

4 econômicas e o dos valores, a partir do qual são selecionados modelos e revelam o tipo de sociedade que pretendem construir8. José Honório Rodrigues em Brasil e África: outros horizontes, justificou, a partir dos elementos culturais, a necessidade de uma reformulação na política externa brasileira dos anos 1960, valendo-se de seus aspectos raciais como elemento justificável para a busca por uma preponderância do Brasil no cenário internacional, focada na reaproximação com os novos países africanos que emergiam. A África, segundo Honório Rodrigues, havia ficado circunscrita, na história do Brasil, ao período da colonização portuguesa e, no pós-abolição, houve um significativo distanciamento entre os dois locais, sob pressões das relações entre Brasil e Portugal. Caberia à diplomacia e à academia a recuperação com a conexão africana, sob as bases de toda a herança cultural que poderia justificar os elementos para a reaproximação9. Houve, conforme Eli Penha, considerável crescimento, desde a década de 1960, das relações entre Brasil e costa oeste do continente africano10, de modo a serem assentadas as bases da perspectiva lançada de que as parcerias econômicas nacionais deveriam estar acima de supostas “rivalidades ideológicas” ou “sentimentalismos”, tal como era esboçada quando da crítica ao alinhamento do Brasil com Portugal e que resultava em dificuldades, para o Brasil, de inserir-se no mercado. Jerry Dávila apontou a forte influência de Rodrigues que veria um conjunto de intelectuais e diplomatas atuarem na redefinição da política brasileira para a África, de modo a trazer para o centro da discussão aspectos históricos que justificavam o interesse e a busca, pelo Brasil, da primazia na região, mas que sofreria resistências por parte de setores mais conservadores da sociedade brasileira e a defesa do colonialismo português na África que encontraria como mentor intelectual, Gilberto Freyre11.

8 LAFER, Celso. Novas dimensões da política externa brasileira. Revista Brasileira de Ciências Sociais, São Paulo, v.3, n.1, p. 73 – 82, fev. 1987. Disponível em: . Acesso em 31.03.2020. 9 RODRIGUES, José. H. Brasil e África: outro horizonte., Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1964. 10 PENHA, Eli A. Relações Brasil - África e geopolítica do Atlântico Sul. Salvador: EDUFBA, 2011. p. 157 – 160. 11 DÁVILA, Jerry. Hotel Trópico: O Brasil e os desafios da descolonização africana (1950 – 1980). Trad.: Vera Lúcia Mello Joscelyne. São Paulo: Paz e Terra, 2011.

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Ernesto Geisel (1974 – 1979) empreendeu esforços de intercâmbio com os países do Oriente Médio, África, Ásia e América Latina, com o intuito de abrir mercados brasileiros, obter suficiência energética, desenvolvimento da indústria bélica e captação de divisas12. Tais aproximações serviram, para Geisel, como um meio para isolar a “linha dura”, com uma nova possibilidade de inserção do Brasil no mercado externo, marcando, supostamente, uma entrada em “novos tempos”, para o qual eram vislumbradas outras possibilidades de inserção econômica ao Brasil. Já no que refere à África do Sul, o Itamaraty buscava afastamento deste país, tendo em vista o acompanhamento das discussões levantadas no seio da Assembleia Geral das Nações Unidas. Contudo, no que se refere ao intercâmbio comercial entre os dois países houve aumento das trocas, o que não passou despercebido por indivíduos e movimentos sociais, os quais tinham em vista a crítica ao aumento da atuação de multinacionais sul – africanas no Brasil. Posturas críticas quanto aos posicionamentos do Brasil diante de sua população negra emergiram no diálogo entre Brasil e África para a política externa. Havia, ainda, pressões das novas nações africanas para mudanças mais efetivas na maneira como, durante três décadas, o Brasil havia se posicionado frente a ONU no que tange ao debate sobre o regime apartheísta. Apesar do interesse que a África do Sul despertou no Brasil, os estudos estão limitados ao rol da política externa e que não tem contemplado a significativa atuação vigente em torno da questão, a qual se estende, desde as atenções que a imprensa negra voltou para a luta antirracista em âmbito internacional desde o início da emergência do apartheid enquanto política oficial, passando pela significativa produção de materiais bibliográficos, paradidáticos, músicas, contatos translocais, entre outras constantes referências documentais que indicam a percepção de que distintos grupos sociais se identificavam com a causa, atribuindo-lhe diferentes significados. Com o golpe civil militar de 1964 houve uma mudança na forma de atuação da militância negra brasileira que voltou suas atuações de modo mais acentuado para o

12 BANDEIRA, Luiz Alberto M. Brasil – Estados Unidos. A rivalidade emergente (1950 – 1988). 3.ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2011. p. 211.

6 exterior. As trocas já ocorriam, mas as dificuldades, sobretudo ao nível econômico, impediam que esta militância estivesse nos fóruns e seminários realizados fora e que tinham como temática central a luta pan-africanistas. Foi no pós 64 que a experiência internacional do negro brasileiro se intensificou, passando da troca de informações e materiais para a presença de lideranças nos fóruns internacionais, sobretudo a partir da atuação de Abdias do Nascimento e Lélia Gonzales, os quais, tendo em vista o endurecimento dos órgãos da repressão no Brasil, teriam na atuação internacional principal meio de contestação política. A atuação política de Abdias do Nascimento, seu engajamento e desenvoltura no cenário internacional causou mais preocupação das autoridades do Regime Civil Militar do que os movimentos realizados exclusivamente ao nível da movimentação interna. Tais experiências foram registradas por ele em suas obras, particularmente duas delas tomadas nesta pesquisa como fonte de análise: “O negro revoltado”, em que Abdias destacou em apêndice à segunda edição as dificuldades para a realização do III Congresso de Cultura Negra das Américas em virtude das ações do Itamaraty; e a obra “Sitiado em Lagos” em que Abdias denunciou este mesmo órgão no impedimento à sua participação no II Festival Mundial das artes e culturas negras e africanas, em Lagos, Nigéria, em 1977. Há nos dossiês de Abdias do MRE, telegramas trocados entre o Departamento de Segurança e Informações dentro deste ministério e as embaixadas, tais como a de Washington e, também, com a representação da UNESCO no Brasil, reportagens publicadas em jornais, tais como o Correio Braziliense e que tem como foco a atuação de Abdias, sobretudo no que se refere à defesa de suas ideias referentes ao Quilombismo e as comparações tecidas por Abdias entre a realidade racial brasileira com a de outros países. Trocas de informes entre este Departamento e o Ministério do Exército, Ministério da Aeronáutica, com anexos retirados da Revista Versus, Jornal Tribuna da Imprensa, Isto é, Última Hora revelam as preocupações com o debate trazido à tona pelo militante, sobretudo no que concerne à sua desenvoltura fora do país. Em 1964 Abdias era um representante, no Brasil, do Movimento Pela Libertação de Angola e atuou quando da prisão do angolano Lima Azevedo, preso pela ditadura militar brasileira e solto por interferência de Abdias junto ao embaixador do Senegal,

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Henri Segnhor; quando da realização do Seminário Contra o Apartheid, o Racismo e o Colonialismo, ocorrido no Brasil e promovido pelas Nações Unidas em 1966 Abdias, inclusive, participou de um protesto aberto ao público no teatro Santo Rosa, Rio de Janeiro13. Artista plástico, professor, um dos fundadores do MNU e do Partido Democrático Trabalhista, Abdias foi vice-presidente do partido em 1981 e dois anos depois assumiria o cargo de deputado na Câmara do Rio de Janeiro, local em que colocou na pauta de discussões uma série de propostas e ações políticas que traziam à tona os efeitos do apartheid sul – africano e propostas políticas antirracistas e de diálogo entre as realidades brasileiras e sul – africanas, no que Semog apontou como o momento mais significativo de internacionalização do movimento negro brasileiro14. Entre tais ações esteve, inclusive, à vinda, pela primeira vez ao Brasil, de um representante do Congresso Nacional Africano, principal entidade política sul-africana e que mantinha sua atuação no exílio. Em seu retorno, após 13 anos, Abdias fundou o Instituto de Pesquisas e Estudos Afro – Brasileiros, no ano de 1981, sediado na PUC. Apontou a iniciativa em virtude das relações estreitas com Dom Paulo Evaristo Arns, o que traz novas evidências das redes de sociabilidade, sobretudo no eixo Rio – São Paulo, onde será centrada nossa pesquisa. Deputado federal entre 1983 e 1987, Abdias atuou na defesa dos direitos da população negra, bem como à denúncia do racismo, o que culminou com o estabelecimento da prática de racismo como crime inafiançável na Constituição Federal de 1988. Propôs projetos de leis que englobavam à reserva de cotas para negros no serviço público, valorização da cultura e identidade negra, com a proposta de estabelecimento do feriado da Consciência Negra. Já na década de 1990, no Rio de Janeiro, no governo de Leonel Brizola atuou na Secretaria Extraordinária para Defesa e Promoção das Populações Afro-Brasileiras.

13 SEMOG, Éle; NASCIMENTO, Abdias. Abdias Nascimento: o griot e as muralhas. Rio de Janeiro: Pallas, 2006. p.161-163. 14Ibid. p. 179.

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A particularidade dos nomes selecionados nesta pesquisa – Benedita da Silva e Abdias do Nascimento - chama atenção, principalmente, em decorrência, das redes de sociabilidade tecidas, intercâmbio, por atuarem nas esferas governamentais, na militância negra, servindo como referências para outros militantes do período e pelos pensamentos produzidos por ambos que abarcavam não apenas o âmbito da política, esferas as quais se destacaram, mas, sobretudo, como propostas que partem de elementos culturais para propor soluções antirracistas em âmbito econômico, social, cultural, artístico, religioso, epistemológico sob a bandeira dos ideais do pan-africanismo. Tal como propôs Raymond Williams, a cultura é marcada por tensões a partir da construção de meios diversos de domínio e subordinação, mas que, contudo, não se exercem passivamente, sem resistência. Ou seja, os processos de construção da hegemonia têm de ser renovados continuamente, recriados, defendidos e modificados. Sofrem, ainda, resistência continuada, limitada, alterada, desafiada por pressões. Tem-se, então, que acrescentar ao conceito de hegemonia o conceito de contra – hegemonia que são elementos reais e persistentes da prática”.15 Tais processos contra hegemônicos rastreados por essa pesquisa se construíram na diáspora, enquanto um conjunto de práticas que articularam o caráter cultural e as dimensões políticas da população negra localizadas em várias partes do mundo, capazes, assim, de oferecer uma perspectiva mais complexa da construção da modernidade e que conduziram às diferentes formas de racionalidades negras. Por razão negra Achille Mbembe apontou como as múltiplas vozes, enunciados, saberes que versam sobre as pessoas de descendência africana e que vem desde a Antiguidade mas foram potencializados na Era Moderna e que acabaram por se constituir enquanto imagens fabulosas ou simulacros sobre a África e suas diásporas. A Era Moderna constituiu um momento decisivo tendo em vista a narrativa de viajantes, aventureiros e a produção de uma ciência colonial, a qual criou uma razão transformada

15 WILLIAMS, Raymond. Marxismo e Literatura. Rio de Janeiro: Zahar, 1979.p.116

9 em senso comum. É, assim, um conjunto de discursos e práticas sobre o negro enquanto sujeito racial chamado pelo autor de “consciência ocidental do negro”16. Foi, sobretudo, ao longo do século XX, que se intensificaram a busca, por parte da população negra, pela fundação de uma consciência própria, portadora, assim, de um segundo momento de produção da “razão negra”, composta por um conjunto de dispositivos epistemológicos fundados na forma como construíram e perceberam suas experiências individuais e coletivas e que tem a noção de raça como elemento central. Esta noção, por sua vez, foi invocada, sobretudo pelos poetas da Negritude17, na tentativa de estabelecer uma comunidade e salvar-se da degradação causada pela violência que lhes eram impostas18, gerando, então, uma crítica anticolonial, contra hegemônica. Este termo, razão negra, que tem a raça como armação, designa, assim, para Mbembe, os conhecimentos produzidos sobre a África e suas populações, os modelos de exploração e depredação construídos a partir da experiência colonial transatlântica e, também, os paradigmas que permitiram a construção de modalidades de superação, por parte dessas populações, das figuras e violências que lhes eram impostas, construídas na diáspora, ou seja, para além dos limites fronteiriços em um incessante fluxo de idas e vindas, com a transferência de mercadorias, atividades financeiras, assim como a disseminação de conhecimentos, práticas culturais, movimentos políticos. Foi desse fluxo que surgiram as primeiras manifestações de uma consciência negra, de imaginação desnacionalizada e que acompanhou o movimento de constituição da modernidade.19 Tal abordagem coloca em xeque ideias essencialistas referentes à formação identitária e cultural brasileira, a qual tem sido um dos pontos primordiais do debate racial e que tendem a lançar o Brasil como experiência única no trato da harmonização das raças

16 MBEMBE, Achille. Crítica da razão negra. Trad. Sebastião Nascimento. São Paulo: n-1 edições, 2018.p.61. 17 Negritude foi um movimento cultural de grande produção poética e que surgiu na década de 1930. Reuniu jovens escritores da diáspora, sobretudo de língua francesa, e tinha como objetivo principal a valorização da cultura negra e ressignificação dos estereótipos que lhes eram atribuídos.Este movimento se desdobrou em concepções de exaltação para um projeto de emancipação cultural e política de forte impacto nos processos independentistas africanos na segunda metade do século XX. Entre os nomes mais representativos estão Léopold Sedar Senghor (1906 – 2001) e Aimé Cesaire ( 1913 – 2008). 18 MBEMBE, 2018, p.72. 19 MBEMBE, 2018, p.36.

10 ou um suposto modelo de uma experiência pós – racial, tal como chamou atenção Paul Gilroy no prefácio de sua obra à edição brasileira20. Neste texto ele atentou para o impacto causado pelos movimentos negros no Brasil em seu trabalho de inserção na pauta de governos e sociedade civil sobre a questão racial e a necessidade de lançar mais luzes sobre esta sociedade, tendo em vista os limites dos modelos políticos baseados exclusivamente na história dos Estados Unidos e a marginalização da experiência do negro brasileiro nos estudos da diáspora, centrados na América do Norte e no Caribe21. Elisa Larkin Nascimento já havia destacado em O pan-africanismo da América do Sul: emergência de uma rebelião negra, livro publicado em 1981, a necessidade de colocar no centro da produção intelectual os povos negros da América, os quais tem se mantido marginalizados dos estudos da diáspora devido, segundo ela, a duas questões principais: a privação econômica por parte desta população, a qual não dispunha de recursos para participar de fóruns e eventos ao nível transnacional, sobretudo na primeira metade do século XX, e ao isolamento linguístico, dado ser a língua portuguesa e espanhola mantidas à margem da produção e divulgação de tais saberes22. Ao lançar olhares para as experiencias de cruzamento tendo em vista a noção de diáspora, para além de uma proposta epistemológica, tal como delineou Gilroy, ela envolve uma relação estabelecida na prática social entre os descendentes dos africanos espalhados pelo mundo em decorrência das práticas colonialistas e as conexões com o continente africano, bem como as diferentes propostas de libertação que emergiriam ao longo do século XX e que propuseram formas de identificação e argumentos para os laços de solidariedade tecidos. A categoria diáspora e a formação de uma consciência transnacional ou “dupla consciência” surgiu, então, com a intenção de compreender as relações estabelecidas entre a África, seus descendentes e a construção da modernidade, as redes de

20 GILROY, Paul. Atlântico Negro: modernidade e dupla consciência. Rio de Janeiro: Editora 34. 2012. p.09. 21 GILROY, 2012. p.11. 22 NASCIMENTO, Elisa L. Pan-africanismo na América do Sul: emergência de uma rebelião negra. Rio de Janeiro: Vozes, 1981.p. 11-12.

11 solidariedades tecidas com base no compartilhar de experiências e que teve nos movimentos e a luta antiapartheid momentos significativos. Ela, tal como propôs Gilroy “pode oferecer alternativas reais para a inflexível disciplina do parentesco primordial e a fraternidade pré – política e automática”23. Ela, também, reconfigura os espaços territoriais dos limites fronteiriços, traz à tona o entrelugar, ou situação de dupla consciência ocupado pelos sujeitos que tiveram em suas trajetórias a reflexão e a busca de práticas de luta contra a discriminação racial. Parte-se, assim, da proposta de Walter Mignolo em Desobediência epistêmica: retorica da modernidade, logica da colonialidade e gramática da decolonialidade. o qual frisou a necessidade do que ele chamou de descolonização epistêmica, ou seja, pensar as experiências e subjetividades fronteiriças formadas na coexistência e nos conflitos entre a expansão do Ocidente e outras formas de organização, as quais trazem, por sua vez, histórias silenciadas, subjetividades reprimidas, linguagens subalternizadas. A retórica que naturaliza a modernidade como um processo universal global oculta seu lado obscuro, que é a reprodução da colonialidade. O conhecimento era também um instrumento de colonização e a descolonização implicava a descolonização do saber e do ser, da subjetividade ou seja, o que Mignolo chamou de desprendimento epistêmico24. A compreensão de que os esforços de luta destes dois nomes representativos de parte da militância negra iam além da busca pela solidariedade, mas se manteve enquanto parte da luta tendo em vista a história do negro na diáspora e a opressão ao mundo cultural negro enquanto marca do racismo. Para além de questões que envolviam a inserção no mercado de trabalho a proposta de Benedita girava em torno do que ela chamava de resgate ao “nosso cultural massacrado”25. Este deveria ser buscado, a fim de que se construísse uma nova sociedade, reformulada em seus aspectos culturais, políticos e econômicos.

23 GILROY, 2012. p.18 24 MIGNOLO, Walter. Desobediência epistêmica: retorica da modernidade, logica da colonialidade e gramática da decolonialidade. Buenos Aires: Ediciones del signo, 2010. 25 ACERVO CULTNE. Discurso de Bendita – Marcha 1983. Disponível em https://www.youtube.com/watch?v=rCgcpqd3aug Acesso 05 maio 2020.

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O protagonismo da então deputada pelo PT e militante negra, Benedita da Silva pôde ser rastreado no acervo do Grupo Solidário São Domingos disponível no CEDIC - PUC-SP, tendo em vista a existência de uma grande quantidade de documentos que mostram a atuação dela, sobretudo enquanto porta voz da luta antiapartheid no Congresso Nacional, na busca, sobretudo, por ações mais efetivas por parte do governo brasileiro no sentido da retaliação ao governo sul – africano. Além de Benedita, havia uma grande variedade de indivíduos voltados para ações antiapartheid, tal como pôde ser levantado pelos materiais disponíveis neste acervo. Há propostas de cursos com a temática sul – africana, promovidos por instituições como a Pontifícia Universidade Católica, panfletos de passeatas realizadas em frente ao Congresso ou à embaixada sul – africana, levadas adiante pelo Grupo União e Consciência Negra, notas à imprensa emitidas pelo GSSD, bem como correspondências trocadas com outras entidades voltadas para a temática, tal como o Comitê de Solidariedade aos Povos da África do Sul e à Namíbia, localizado no Rio De Janeiro, fundado em 1984. Neste acervo, então, estão disponíveis vários materiais que tratam da luta antiapartheid e, entre eles, uma série de discursos e notas emitidas sobre a questão a partir da voz de Benedita da Silva. Benedita da Silva, ao final da década de 1970, foi eleita para Associação de Moradores do Morro do Chapéu Mangueira e fundação do departamento feminino da Federação das Associações de Favelas do Estado do Rio de Janeiro (Faferj) e do Centro de Mulheres de Favelas e Periferia (Cemuf). Foi uma das fundadoras, em 1980, do Partido dos Trabalhadores (PT), elegendo-se vereadora no Rio de Janeiro no ano de 1982. Foi eleita em 1986 deputada federal e atuou na Subcomissão de Negros, Populações Indígenas e Minorias da Assembleia Nacional Constituinte sendo a única mulher negra na Comissão Pró Constituinte. Sua atuação esteve focada, sobretudo, no debate sobre a política do apartheid e as relações do Brasil com a África do Sul, com pressões ao governo, participação em mobilizações para o rompimento das relações diplomáticas entre Brasil e África do Sul, na atuação em eventos que trouxeram ao Brasil nomes da militância sul – africana, além de suas viagens oficiais à África e sua produção

13 artística, com a escrita de poemas, que ressignificavam os estereótipos atribuídos à população negra e, sobretudo, à mulher negra, evidenciado novas possibilidades epistêmicas. Diferente assim da retórica expressa nos grandes meios de comunicação, que colocavam o desenvolvimento do capitalismo como proposta antirracista e integradora da maioria negra, seja no Brasil ou na África do Sul, Benedita o insere como parte do desenvolvimento capitalista contemporâneo. Benedita propôs à Câmara dos Deputados, projeto de Lei nº 764 de 1988 à 16 de junho, o qual tratava da proibição de “relações diplomáticas com países que adotem políticas oficiais de discriminação racial”, com base na argumentação do escritor “nigeriano , Prêmio Nobel de Literatura de 1986”, o qual havia declarado, em visita ao Brasil, a omissão do país quanto ao exercício efetivo de pressões para o fim do apartheid.26 Tais posicionamentos colocavam em evidência uma questão muito sensível ao Brasil, que era o estreitamento dos laços econômicos com a África do Sul, na contramão dos pedidos de sanções e isolamento aquele país. Para além do foco no pedido do fim “das relações com países que adotam uma política de discriminação racial com a África do Sul onde reina o apartheid”, tal como pode ser percebido a partir da análise de seus discursos na Câmara dos Deputados, reunidos pelo GSSD, Benedita trazia novas possibilidades epistêmicas de análise das realidades negras e propunha caminhos para a superação da desigualdade racial, seja em âmbito político, econômico, cultural, servindo, ainda, como uma importante referência de luta, sobretudo para a militância negra e nos órgãos de imprensa centrados na experiência da mulher negra. Sua produção bibliográfica para este período, a ser analisada nesta pesquisa, inclui, ainda, prefácio à obra “Escrevo o que eu quero”, de Steve , traduzido pelo Grupo Solidário São Domingos, publicado em 1980;27 “A Questão racial no Brasil”, publicado pelo Senado Federal em 1988 e que contém, além de um conjunto de 5 textos

26PROJETO de Lei nº 764 de 1988 de autoria da deputada Benedita da Silva, junho de 1988. Acervo Grupo Solidário São Domingos. Caixa 03. CEDIC. PUC-SP. 27 BIKO, Steve. Escrevo o que eu quero. Trad.: Grupo Solidário São Domingos. São Paulo: Ática, 1990.

14 escritos por ela, as leis de combate ao racismo e os projetos de lei sobre a questão racial de autoria de Benedita28. No dia 01.05.1987 a produtora “Cor da Pele”, sob a reportagem de Carlos Alberto Medeiros registrou a presença do bispo sul – africano na Associação Brasileira de Imprensa no Rio de Janeiro. O evento contou a participação de uma série de personalidades negras, entre os quais, Abdias do Nascimento, Benedita da Silva, Milton Gonçalves, Raimundo Souza Dantas, Jurandir da Costa Pinto. O registro do evento se encontra no Acervo Cultne o qual contém parte do material produzido pela produtora Cor da Pele. A existência de uma produtora voltada para o registro das questões afro – brasileiras na década de 1980 tem merecido pouco destaque dos historiadores da questão e, em particular, o protagonismo exercido por Carlos Alberto Medeiros, formado em Comunicação pela UFRJ em 1972, o principal responsável pela produtora e que, naquele momento, atuou, também, na fundação da Sociedade de Intercâmbio Brasil – África no ano de 1974 e no Instituto de Pesquisas e Culturas Negras no ano de 1975.29 Faz parte do material disponível online no Acervo Cultne uma série de registros da década de 1980 em diante, que se estendeu de atos contra o apartheid no Rio de Janeiro, marchas realizadas no Centenário da Abolição da Escravatura, manifestações realizadas em São Paulo, encontros de mulheres e de outros militantes negros, entrevistas, conferências e registros de visitas, tais como a vista de Desmond Tutu em 1987. O que a visita do bispo Desmond Tutu poderia significar para estes militantes que sempre se mostraram atentos à luta dos povos africanos, nem sempre atribuindo-lhe os mesmos significado? Foi, aliás, esta pergunta feita por Carlos Alberto Medeiros, no dia da recepção a Desmond Tutu, a dois nomes, o ator Milton Gonçalves e Abdias do Nascimento. O primeiro apontou para a necessidade do conhecimento sobre o continente africano e da aproximação da luta de Tutu com a comunidade negra, tendo em vista,

28 SILVA, Benedita. A questão racial no Brasil. Brasília: Senado Federal, 1998. 29 ALBERTI, Verena; PEREI Amilcar Araujo. Histórias do movimento negro no Brasil: depoimentos ao CPDOC (Org.). Rio de Janeiro: Pallas; CPDOC – FGV, 2007.p. 03 -04

15 sobretudo, o fato do bispo ter sido laureado com o Prêmio Nobel da Paz em 1984. Tal argumentação foi na mesma direção proposta por Abdias do Nascimento, o qual destacou a proximidade “com nosso irmão de luta” dado que “a luta é uma só”. Nota-se a perspectiva da importância da atuação conjunta entre as duas localidades tendo em vista, sobretudo, o fato de que, apesar das especificidades do racismo adquirido no Brasil e na África do Sul, os efeitos “na vida concreta do nosso povo” acabam sendo os mesmos30. O evento de recepção a Tutu decorreu sob a bandeira do pan-africanismo e Abdias explica-o na perspectiva da “unidade dos povos africanos, tanto os africanos do continente como da diáspora em torno deste objetivo, o resgaste da plena liberdade, o resgaste da dignidade humana dos povos africanos [...]”31 Além da busca e inserção do Brasil na rota de luta do pan-africanismo, outra questão que se colocava como premente no evento e trazida à tona por Abdias do Nascimento e Raimundo Souza Dantas foi a necessidade de pressionar o governo por um posicionamento em relação ao governo do apartheid32. O discurso propalado pelo Itamaraty não correspondia à prática do estreitamento das relações econômicas e estratégicas entre os dois países e tal questão servia como mote para o delineamento de novas propostas de atuação política e econômica para o Brasil no rol da perspectiva pan- africana. Foram, assim, realizadas passeatas em frente ao consulado sul – africano, a realização de uma abaixo – assinado para pressionar a Câmara dos Deputados, o qual teria recebido, segundo Abdias, “70.000 assinaturas, recolhidas pela comunidade afro – brasileira”33. Em seu discurso na ABI, anterior à fala de Tutu, Abdias apontou para a história de racismo e opressão, quais os efeitos práticos dessa realidade sobre a vida da população, e o que unia as duas localidades, que era o partilhar da história e filosofia africana. Citou

30ACERVO CULTNE. Bispo Desmond Tutu na ABI , Rio de Janeiro, 1987. Disponível em https://www.youtube.com/watch?v=skyFb1FA0Ig. Acesso em 29.06.2020. 31 ACERVO CULTNE, 1987. 32 Idem. 33 Idem.

16 as civilizações “Núbia, Egito, Songhai, Tombuctu [...] os valores vivos da filosofia africana” e encerrou por intitular Tutu como o Zumbi da África do Sul. 34 Nem todos os grupos que incluíram em suas pautas de reivindicações a luta antiapartheid davam o mesmo significado para aquelas ações, com percepções específicas sobre o racismo e, consequentemente, propostas antirracistas, as quais, ora colocavam Brasil e África do Sul como opostos, ora lado a lado. Ou seja, seria o Brasil um aliado na luta antiapartheid por causa da situação de extrema pobreza que vivia a maioria negra das populações nestes dois países, tal como defendiam os setores hegemônicos da Teologia da Libertação, envolvidos no GSSD? Ou serviria o Brasil como um exemplo à África do Sul tendo em vista a sua suposta história de “democracia racial”? Para os dois personagens escolhidos, a proposta não iria para nenhuma daquelas duas direções apontadas acima. A escolha de trilhar esta tese a partir da trajetória de Benedita da Silva se efetivou por se tratar dos posicionamentos de uma mulher, negra, da periferia, parlamentar e engajada na luta antiapartheid, promovendo diálogos e intensas trocas entre setores ligados à Igreja, o Partido dos Trabalhadores, a militância negra envolvida em torno da atuação do MNU, com olhares direcionados para a África e a busca de estreitamento de relações entre a população negra brasileira, em particular a militância e o continente africano. De seus posicionamentos emergiram propostas de superação da desigualdade racial, tendo em vista perspectivas de mudanças políticas, econômicas, culturais, a partir dos elementos culturais africanos, tomados como ponto de partida para a efetivação de propostas para a construção de uma sociedade antirracista.

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34 Idem.

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