GIOVANNA KLINKOWSTROM UGARTE STAMBUK ORIENTADOR PROF. DR. LUCIANO DUTRA Capa:Fig. 0.1: Fonte: Severinus Dewantara UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA GIOVANNA KLINKOWSTROM UGARTE STAMBUK

OCEANÁRIO DE FLORIANÓPOLIS

FLORIANÓPOLIS 2019

GIOVANNA KLINKOWSTROM UGARTE STAMBUK

OCEANÁRIO DE FLORIANÓPOLIS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade do Sul de Santa Catarina como requisito parcial à obtenção do Grau de Bacharelado em Arquitetura e Urbanismo.

Orientador: Prof. Dr. Luciano Dutra

FLORIANÓPOLIS 2019

Fig. 0.2: Fonte: Lance Anderson

AGRADECIMENTOS

Meros parágrafos de um trabalho acadêmico não Ainda, uma faculdade de arquitetura não é suficiente podem conter todos os agradecimentos que são para formar um arquiteto. Às minhas chefes e amigas devidos. Maria Andrea, Tatiana e Andréa pelas oportunidades Primeiramente, aos meus colegas de curso, pelas incríveis de conhecer mais o “mundo real” dessa inúmeras risadas e momentos incríveis ao longo de profissão que amo. cinco longos porém curtos anos. Em especial a Larissa, Agradeço aos meus professores pelos anos de Marina, Ana, Jhonatan, Gennifer e minhas amigas na ensinamento que carregarei para toda a vida. Ao meu UDESC Dora e Luiza. orientador pela paciência de ouvir minhas dúvidas e Aos meus pais que, independentemente de meus ideias malucas e pelas suas próprias ideias incríveis. projetos e horários, sempre me apoiaram de todas as Por último, mas não menos importantes, aos meus formas possíveis. E a todos os familiares que sentam na amigos que me convidavam para sair mesmo sabendo mesa de Natal perguntando como estão os projetinhos. que a resposta sempre seria a mesma. Os projetos Expressar em apenas um parágrafo a gratidão ao meu não acabaram, mas espero poder compensar todas as melhor amigo que esteve comigo todos os dias, seria saídas devidas para comemorar. impossível. Gi, você sabe exatamente o que eu diria Muito obrigada a todos que fizeram esses anos incríveis. se pudesse, então fica aqui a referencia de Choque de Cultura. Fig. 0.3: Fonte: Lance Anderson “Individualy, we are one drop. Together, we are the ocean.”

Ryunosuke Satoro

”Individualmente, somos uma gota. Juntos, somos o oceano.” RESUMO

O Oceanário de Florianópolis é um centro de valorização da cultura marítima e educação ambiental. Do local de implantação ao circuito do usuário pelos tanques, o Oceanário foi conceituado para destacar a importância dos mares e a necessidade de sua preservação para as atuais e futuras gerações. Ao ponderar sobre o fato de Florianópolis ser uma ilha que perdeu sua conexão com o mar, é de se espantar que um oceanário não seja um tema mais recorrente. Um empreendimento como esse não só supriria a carência de equipamentos culturais na capital, como traria empregos e consciência ambiental na população. Pela falta de material teórico específico sobre o tema, foram estudados referenciais projetuais de diversos aquários e oceanários como o Oceanário de Lisboa, o Monterey Bay e o Antalya Aquarium. Também foram estudados projetos de outros usos, com o intuito de aprimorar a volumetria e as soluções projetuais adotadas no partido arquitetônico. Antes da proposta projetual, foi realizada uma análise da área de implantação a fim de entender as condicionantes legais, ambientais, econômicas e sociais que regem o terreno. Para isso foram elaborados mapas de morfologia urbana, sistema viário, uso do solo, gabaritos, legislação equipamentos de lazer e condicionantes ambientais. Por fim, a forma do partido arquitetônico consiste da síntese de todos os itens estudados anteriormente, iniciando com a evolução da volumetria, passando pelos croquis das soluções adotadas e finalizando com a proposta final. Dentro deste último item são apresentados croquis, programa de necessidades, implantação, diagrama explodido, plantas, cortes e perspectivas.

Palavras-chave: Oceanário. Vida marinha. Meio ambiente. Educação ambiental. Arquitetura e Urbanismo.

Fig. 0.4: Fonte: Zhi ABSTRACT

The Florianópolis is a center of valorization of maritime culture and environmental education. From the place of implementation, to the circuit made through the tanks the Oceanarium was conceived to highlight the importance of the seas and the need for its preservation for future generations. When considering the fact that Florianópolis is an island that lost its conection with the sea, it is surprising that an oceanarium is not a more recurring theme. A development of this kind would not only make up for the lack of cultural equipments in the capital, but would also generate jobs and help create environmental awareness in the population. Due to the lack of specific didactic material on the subject, oceanariuns and were studied in a architectural level such as the Oceanarium, the Monterey Bay Aquarium and the Antalya Aquarium. Other projects that were not aquariums were also studied with the purpose of improving the volumetry and the solutions adopted in the architectural study. Before the elaboration of the project the area of implementation was analysed in regards to application of legal actions, environmental, economic and social requirements that govern the terrain. To synthesize these analysis maps were elaborated containing urban morphology, road system, land use, floor count, recreation equipments and environmental conditioners. Finally, the architectural project consists of the synthesis of all the items studied previously. Starting with the evolution of the volumetry, going through the sketches of the solutions adopted and ending with the final proposal. In the last item are presented sketches, program, ground floor program, exploded diagram, plans, cuts and perspectives.

Key-words: Oceanarium. Aquarium. Sea life. Environment. Environment education. Architecture and Urbanism. LISTA DE FIGURAS

Fig 1.1: Fonte: Adam Juman. 01 Fig 2.21: Ilha do Campeche. 20 Fig 1.2: Mapa de localização no bairro. 02 Fig 2.22: Tartaruga na Ilha do Arvoredo. 20 Fig 1.3: Mapas de localização. 02 Fig 3.1: Fonte: Alex Suprun. 23 Fig 1.4: Fonte: Vlad Tchompalov 03 Fig 3.2: Imagem da fachada principal. 24 Fig 1.5: Fonte: Adam Azim. 04 Fig 3.3: Montagem da volumetria do projeto no Fig 1.6: Diagrama da metodologia. 06 terreno. 24 Fig 1.7: Fonte David Clode. 07 Fig 3.4: Esquema do entorno do projeto. 24 Fig 2.1: Fonte: David Clode. 09 Fig 3.5: Implantação. Escala desconhecida. 25 Fig 2.2: Praça do comércio as bordas do Rio Tejo, Fig 3.6: Foto do projeto. 25 Lisboa. 10 Fig 3.7: Foto noturna do projeto. 25 Fig 2.3: Rio Cheonggyecheon, Seul. 10 Fig 3.8: Planta baixa do térreo. Escala desconhecida.26 Fig 2.4: Localização e acúmulo das ilhas de lixo nos Fig 3.9: Planta baixa do primeiro pavimento. Escala oceanos. 11 desconhecida. 26 Fig 2.5: Uma das ilhas de lixo localizadas no Caribe.11 Fig 3.10: Corte BB’. Escala desconhecida. 27 Fig 2.6: Famosas frases dos arquitetos Mies e Venturi.12 Fig 3.11: Interior do túnel. 27 Fig 2.7: Crown Hall, Mies. 12 Fig 3.12: Esquema de visualização. 27 Fig 2.8: Casa Vanna Venturi. 12 Fig 3.13: Foto do edifício. 28 Fig 2.9: Quarteto da boa arquitetura. 13 Fig 3.14: Planta baixo do quinto pavimento da área de Fig 2.10: Museu do Amanhã de Santiago Calatrava. 13 exposição. 29 Fig 2.11: Heydar Aliyev Center de Zaha Hadid. 13 Fig 3.15: Planta baixo do quarto pavimento da área de exposição. 29 Fig 2.12: Parte do Regent’s Zoo circa 1908. 14 Fig 3.16: Esquema dos pavimentos. 30 Fig 2.13: Gravura de 1888 Estação Zoológica de Nápolis. 14 Fig 3.17: Foto de um dos laboratórios que monitoram as águas. 30 Fig 2.14: Aquário Municipal de Santos circa 1945.15 Fig 3.18: Foto da área de manutenção acima do tanque Fig 2.15: Monterey Bay Aquarium. 15 central. 30 Fig 2.16: Proporção de sais no oceano atual. 16 Fig 3.19: Foto da parte superior do tanque principal. Fig 2.17: Proporção entre peixes e volume de água.17 31 Fig 2.18: Grandes grupos de peixes. 17 Fig 3.20: Foto do tanque principal mostrando a rampa e Fig 2.19: Mangue em Florianópolis. 19 estrutura. 31 Fig 2.20: Lagoa da Conceição. 19 Fig 3.21: Perspectiva do projeto. 32 Fig 3.22: Implantação do Centro Cultural na orla. Escala Fig 4.4: Imagem aérea. 44 desconhecida. 32 Fig 4.5: Imagem aérea. 44 Fig 3.23: Render. 33 Fig 4.6: Foto da rua Wilson Luz. 44 Fig 3.24: Perspectiva esquemática. Escala Fig 4.7: Foto do acesso ao terreno. 44 desconhecida. 33 Fig 4.8: Foto do estacionamento e dos prédios Fig 3.25: Foto interna da conexão do usuário com a residenciais a oeste do terreno. 44 orla. 34 Fig 4.9: Imagem de satélite de 1938. 45 Fig 3.26: Foto externa da cobertura. 34 Fig 4.10: Imagem de satélite de 1957. 45 Fig 3.27: Imagem da fachada principal. 35 Fig 4.11: Imagem de satélite de 1977. 45 Fig 3.28: Esquema de implantação mostrando o Fig 4.12: Imagem de satélite de 1994. 45 pântano urbano. 35 Fig 4.13: Imagem de satélite de 2012. 45 Fig 3.29: Foto da cobertura metálica que conecta os pavilhões. 36 Fig 4.14: Mapa de morfologia e sistema viário. 46 Fig 3.30: Foto dos pavilhões vistos de cima. 36 Fig 4.15: Mapa de acessos ao terreno. 47 Fig 3.31: Foto da cobertura metálica se encontrando Fig 4.16: Perfil proposto da Rua Jaú Guedes da Fonseca com o chão. 37 e da Rua João Roberto Sanford. 48 Fig 3.32: Foto mostrando os pilares que sustentam a Fig 4.17: Perfil proposto da Rua Wilson Luz. 48 cobertura metálica. 37 Fig 4.18: Perfil proposto da Av. Eng. Max de Souza. 48 Fig 3.33: Foto da cobertura metálica que conecta os Fig 4.21: Perfil atual da Av. Eng. Max de Souza. 48 pavilhões. 37 Fig 4.19: Perfil atual da Rua Jaú Guedes da Fonseca e da Fig 3.34: Foto aérea do projeto. 38 Rua João Roberto Sanford. 48 Fig 3.35: Foto da área externa do projeto com a piscina Fig 4.20: Perfil atual da Rua Wilson Luz. 48 externa. 38 Fig 4.22: Mapa do uso do solo. 49 Fig 3.36: Foto da montagem da laje do aquário. 39 Fig 4.23: Mapa de gabaritos. 50 Fig 3.37: Planta baixa do térreo. 39 Fig 4.24: Corte esquemático pelo terreno e entorno. Fig 3.38: Planta baixa do segundo andar. 39 50 Fig 3.39: Corte indicado na figura 3.40. 40 Fig 4.25: Mapa de condicionantes legais. 51 Fig 3.40: Planta baixa do primeiro pavimento. 40 Fig 4.26: Mapa de limites de terreno de marinha. 52 Fig 3.41: Área técnica no subsolo. 40 Fig 4.27: Mapa de centros culturais em Florianópolis e Fig 3.42: Réplicas expostas na circulação. 40 São José. 53 Fig 4.1: Fonte: VALENTE, 2019. 43 Fig 4.28: Mapa de projetos e ONGs ambientais em Florianópolis. 53 Fig 4.2: Imagem satélite da área. 44 Fig 4.30: Imagem de satélite da área. 54 Fig 4.3: Mapas de localização. 44 Fig 4.29: Banhado adjacente ao terreno. 54 Fig 4.31: Mapa da área com carta solar de Fig 5.20: Diagrama explodido da área construída. 69 temperaturas. 55 Fig 5.21: Perspectiva mostrando a cobertura. 70 Fig 4.32: Imagem da rosa dos ventos para ventos Fig 5.22: Planta baixa do nível +4,00 (Visitação do predominantes. 55 Oceanário). 71 Fig 4.33: Imagem da rosa dos ventos para frequência Fig 5.23: Planta baixa do nível 0,00 (parque, circulação e dos ventos. 55 áreas técnicas). 72 Fig 4.34: Mapa síntese das analises. 56 Fig 5.24: Planta baixa do nível -4,00 (estacionamento e Fig 5.1: Perspectiva da fachada Norte. 59 áreas técnicas). 73 Fig 5.2: Croqui inicial da proposta de implantação.60 Fig 5.25: Corte AA’. 74 Fig 5.3: Estudos de posicionamento no terreno. 60 Fig 5.26: Corte BB’. 75 Fig 5.5: Mapa com o duto de captação de água. Fonte: Fig 5.27: Corte CC’. 75 Google Maps, adaptado pela autora, 2019. 61 Fig 5.28: Desenho cobertura do tanque principal. 75 Fig 5.4: Estudo de machas dos usos do projeto. 61 Fig 5.29: Perspectiva Sudoeste. 76 Fig 5.6: Mapa com o duto de captação de água. 61 Fig 5.30: Perspectiva Nordeste. 76 Fig 5.7: Fluxograma. 63 Fig 5.31: Perspectiva da proposta. 77 Fig 5.8: Concepção inicial no formato de arraia. 64 Fig 5.32: Perspectiva da entrada principal pelo Parque Fig 5.9: Vista da fachada Norte da volumetria de arraia. da Ponta da Ilhota. 79 64 Fig 5.33: Perspectiva da fachada Norte com a cobertura Fig 5.10: Croquis iniciais de uma cobertura orgânica. ao fundo. 81 64 Fig 5.34: Perspectiva da rampa com patamares que dá Fig 5.11: Esquema do pensamento projetual da acesso ao edifício. 83 implantação do edifício principal no terreno. 65 Fig 5.35: Perspectiva da área do tanque principal com as Fig 5.12: Esquema do terreno para mostrar a localização réplicas de animais marinhos. 85 dos croquis. Escala desconhecida. 66 Fig 5.36: Perspectiva do tanque principal, mostrando a Fig 5.14: Croqui do Teatro. 66 passarela de visualização. 87 Fig 5.15: Corte esquemático Norte - Sul. 66 Fig 6.1: Fonte: Arseny Togulev. 88 Fig 5.16: Corte esquemático Leste - Oeste. 66 Fig 6.2: Fonte: Karen Zhang. 91 Fig 5.13: Estágios de abertura das paredes do Teatro. 66 Fig 5.17: Corte esquemático do tanque e área de visitação. 67 Fig 5.18: Estudo de modelo tridimensional da cobertura. 67 Fig 5.19: Implantação. 68

SUMÁRIO

CAPÍTULO I CAPÍTULO IV APRESENTAÇÃO DA PESQUISA 01 DIAGNÓSTICO DA ÁREA 43 1.1 LOCALIZAÇÃO 02 4.1 LOCALIZAÇÃO 44 1.2 INTRODUÇÃO 03 4.2 HISTÓRICO DA ÁREA 45 1.3 JUSTIFICATIVA 04 4.3 MORFOLOGIA, SISTEMA VIÁRIO E ACESSOS 46 1.4 OBJETIVO GERAL 05 4.4 USO DO SOLO 49 1.5 OBJETIVOS ESPECÍFICOS 05 4.5 GABARITO 50 1.6 METODOLOGIA 06 4.6 LEGISLAÇÃO 51 4.7 EQUIPAMENTOS DE LAZER 53 CAPÍTULO II 4.8 CONDICIONANTES AMBIENTAIS E VISUAIS 54 REQUISITOS 09 SÍNTESE 57 2.1 CIDADES E MARES 10 2.2 MIES, VENTURI E A ARQUITETURA DO CAPÍTULO V ESPETÁCULO 12 PARTIDO GERAL 59 2.3 BREVE HISTÓRIA DE AQUARIOS E SEU PAPEL 5.1 LEITURA DO TERRENO 60 EDUCACIONAL 14 5.2 PROGRAMA DE NECESSIDADES 62 2.4 O AMBIENTE MARINHO 16 5.3 FLUXOGRAMA 63 2.5 MANUTENÇÃO 18 5.4 DESENVOLVIMENTO DA VOLUMETRIA 64 2.6 VIDA MARINHA EM SANTA CATARINA E TANQUES 5.5 ESQUEMAS INICIAIS 66 DO OCEANÁRIO 19 5.6 IMPLANTAÇÃO 68 SÍNTESE 21 5.7 PLANTAS 70 5.8 CORTES 74 CAPÍTULO III 5.9 PERSPECTIVAS 77 REFERENCIAIS PROJETUAIS 23 3.1 ANTALYA AQUARIUM 24 CAPÍTULO VI 3.2 OCEANÁRIO DE LISBOA 28 CONSIDERAÇÕES FINAIS 89 3.3 NEW ENGLAND AQUARIUM 31 6.1 CONSIDERAÇÕES FINAIS 91 3.4 CENTRO CULTURAL DE CABO FRIO 32 3.5 LOUVRE ABU DHABI 34 3.6 MASTERPLAN AQUÁRIO NACIONAL DE BALTIMORE 35 3.7 NOVA FEIRA DE MILÃO 36 3.8 MONTEREY BAY AQUARIUM 38 SÍNTESE 41

CAPÍTULO I APRESENTAÇÃO DA PESQUISA

Este capítulo trata das etapas de desenvolvimento da pesquisa. São eles: introdução, justificativa, objetivos gerais, objetivos específicos e metodologia. Esses pontos explicam a organização do trabalho e servem para compreender resumidamente o contexto da temática.

Fig 1.1: Fonte: Adam Juman. 01 1.1 LOCALIZAÇÃO

A escolha do terreno em um trabalho de conclusão de curso, ao contrario de outros projetos na faculdade, é de livre escolha do graduando. Deve-se levar em consideração a temática do projeto e o impacto que sua inserção pode causar na área. Um equipamento de alta atração gera um grande movimento de pessoas, seja por pedestres ou automóveis. Por isso, uma das diretrizes de implantação do Oceanário de Florianópolis foi localiza-lo na parte continental da capital, onde não seria necessário a entrada na ilha, evitando as dificuldades de deslocamento nas pontes. O local escolhido foi a Ponta José Francisco no bairro de Coqueiros. N

IFSC

BR 282

PARQUE DE COQUEIROS

BAÍA SUL BAIRRO COQUEIROS

AV. ENG. MAX DE SOUZA

Fig 1.2: Mapa de localização no bairro. Fonte: Google maps adaptado pela autora, 2019. Fig 1.3: Mapas de localização. Fonte: Google Maps 02 Fig 1.4: Fonte: Vlad Tchompalov 1.2 INTRODUÇÃO

O Oceanário de Florianópolis tem como principal Oceanário de Florianópolis abordará, em sua maioria, objetivo ser um local de educação ambiental e ambientes marítimos encontrados em Santa Catarina, valorização das praias, mares e cultura local. principalmente na capital. Um oceanário trata-se de um aquário que apresenta Este trabalho mostra o processo mental e projetual habitats e espécies que entram em contato com para a concepção de um Oceanário. Uma série de os oceanos de forma direta ou indireta, com águas fatores técnicos devem ser considerados além da salgadas e salobras. Além da conexão com o mar, um ambientação das exposições. Oceanário é caracterizado pela maior dimensão dos Por fim, como o Oceanário será um local para tanques. encontro de pessoas, é importante o desenvolvimento A escolha entre aquário e oceanário para Florianópolis de um espaço atrativo para todas as idades. O conceito culminou na decisão sobre quais ecossistemas seriam de museu ao ar livre também deve ser explorado mais interessantes expor. Cada tanque deve cativar para envolver ao máximo o público na questão da o público a conhecer mais sobre o mar que rodeia a preservação ambiental. ilha. As águas doces da capital, mesmo que muito agradáveis, não possuem tantos atrativos estéticos quanto ambientes de alto mar ou de encosta marítima em função das suas águas turvas. Nesta questão, o 03 1.3 JUSTIFICATIVA

O Oceanário de Florianópolis estimulará maior conexão dos habitantes com a rica natureza existente abaixo da superfície d’água. A ilha de Santa Catarina, há muitos anos e de diversas formas, vem perdendo sua conexão com o mar e os ecossistemas nele existentes. Os aterros realizados nos anos 70 cobriram anos de história da relação do homem da ilha com o mar. A área central da cidade perdeu a característica de porto que era a realidade quando embarcações com pessoas e mercadorias atracavam no mercado público, na alfândega e em portos do centro (ZAPATEL, 2014), O Oceanário de Florianópolis trará a cultura do mar para a população. Como consequência dos aterros e outras medidas, o crescimento econômico e populacional teve influências positivas e negativas no modo de vida da população da ilha. Enquanto a modernização de elementos contribuiu para a evolução de muitas técnicas de sustentos, algumas mais manuais e tradicionais dos habitantes (como a pescaria artesanal), o transporte aquático e o sustento proveniente do mar não se mostram alternativas atraentes para a população mais jovem. Em virtude disso, a cultura marítima vem se perdendo de forma gradativa em Florianópolis (PINHO, 2016). Algumas comunidades mais isoladas localizadas no bairros próximos à Lagoa da Conceição e à Lagoa do Peri ainda cultivam esse modo de vida que hoje muitos consideram antiquado (DE AGUIAR; DE AGUIAR; LOPES, 2001). O Oceanário de Florianópolis será uma atração cultural educativa para a cidade e o estado. Além dos fatores culturais, Florianópolis possui pouquíssimos centros e projetos culturais de qualidade abertos à população. A cada ano que passa, a capital cresce como polo turístico mas se vê cada vez mais carente de equipamentos de lazer e cultura (ROCHA, 2001).

Fig 1.5: Fonte: Adam Azim. 04 1.4 OBJETIVO GERAL

Desenvolver o projeto arquitetônico de um Oceanário na Ponta da Ilhota, no bairro de Coqueiros em Florianópolis, considerando as diversas condicionantes locais e de projeto, buscando conexão com a orla e com as dinâmicas do entorno.

1.5 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Compreender a relação da população com a orla identificando dados históricos e atuais sobre a cidade e bairro de implantação do projeto;

Compreender as diretrizes para implantação a partir da análise do entorno macro e imediato da área;

Analisar a viabilidade técnica e legal (plano diretor, código de obras, norma de bombeiros, normas internacionais, documentação da capitania dos portos, etc) para aplicar no desenvolvimento do projeto;

Pesquisar e analisar os requisitos técnicos específicos para implementação do projeto;

Pesquisar e compreender o funcionamento de empreendimentos similares nas questões estruturais, técnicas, lúdicas, etc, a fim de elaborar um programa de necessidades adequado para a proposta;

Desenvolver o projeto de um Oceanário a nível de Partido Geral e posteriormente Anteprojeto, compreendendo croquis esquemáticos, estudos de volumetria, implantação, planta baixa, cortes, fachadas, detalhes e demais elementos necessários para o bom entendimento do mesmo. 05 1.6 METODOLOGIA

O trabalho será desenvolvido nas seguintes etapas, conforme mostra a figura 1.6

Fig 1.6: Diagrama da metodologia. Fonte: da autora, 2019.

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Para o desenvolvimento satisfatório do projeto, deve-se utilizar da fundamentação teórica baseada em referências bibliográfica sobre a biota de aquários, projetos de aquários de grande porte, museus educativos e obras próximas a orlas que se utilizam da conexão com o mar. Além disso, deve- se consultar normas técnicas brasileiras e estrangeiras que discorram sobre aspectos construtivos de aquários. 06 ANÁLISE DE REFERENCIAIS

Pela falta de material escrito sobre aquários e oceanários e para melhor entender o funcionamento e as necessidades projetuais, serão estudados exemplos bem estabelecidos. Estes ajudarão na compreensão da tipologia, sistemas construtivos, experiência dos usuários, fluxograma, escolha de habitats, variedade de espécies, áreas técnicas, implantação, soluções para o entorno da edificação (sistema viário, passeios públicos, estacionamentos, etc), entre outras especificações. Esse estudo deve responder as perguntas: como o público interage com o ambiente? Como é trabalhada a diferenciação entre área de exposição e área técnica? Quantos e quais os ambientes da área técnica? Como foi tratada a acessibilidade? Para realizar essa pesquisa utilizar esquemas, mapas, plantas baixas, cortes e material textual.

ANÁLISE DA ÁREA

Realizar pesquisa histórica sobre o bairro de implementação e em especial do terreno. Fazer visitas técnicas à área, coletando acervo fotográfico e croquis, levantar dados sobre o local de implementação do projeto como histórico da área, legislação, clima local, sistema viário, gabarito, fatores bioclimáticos e uso da população na forma de mapas, fotos e croquis.

ELABORAÇÃO DO PROJETO ARQUITETÔNICO

Após coleta de dados teóricos e da área de implantação, elaborar o Partido Geral do projeto com material gráfico como mapas, croquis, textos, implantação, cortes, fachadas, volumetria e demais elementos necessários para entendimento da proposta.

Fig 1.7: Fonte David Clode. 07

CAPÍTULO II REQUISITOS

Tratar de uma temática que compreende a relação entre cidade e mar envolve entender a relação cultural que a população possui com as águas. Além dessa relação, deve-se buscar entender os ecossistemas que habitam esse e outros mares e também a melhor maneira de cuidar da manutenção exigida em aquários.

Fig 2.1: Fonte: David Clode. 09 2.1 CIDADES E MARES

Cidades com pontos de conexão com mares ou rios Municipal de Florianópolis, 2019). Grande exemplo sempre foram pontos estratégicos, seja para a formação disso é a construção da ponte Hercílio Luz, edificada de negócios, impérios ou famílias. Inicialmente, além somente 253 anos depois do início da povoação da de recurso básico de sobrevivência, corpos d’água cidade (Departamento Estadual de Infraestrutura do eram utilizados como meios de transporte seguro e Estado de Santa Catarina, 2019). formavam uma relação cultural com as comunidades Com o passar dos anos, o avanço das tecnologias, que os rodeavam (LOURENÇO, 2012). a dependência do carro, a expansão da cidade para

Fig 2.2: Praça do comércio as bordas do Rio Tejo, Lisboa. Fonte: ANTUNES, 2018. Fig 2.3: Rio Cheonggyecheon, Seul. Fonte: BARATTO, 2014.

“As frentes portuárias territórios dentro da ilha e a abertura de novos horizontes provaram ser, ao longo dos séculos, de grande profissionais para jovens, a cultura envolvendo o uso importância para as cidades, não só em termos do mar como transporte, alimento e renda se perdeu de ligação e comércio com outras cidades, ou de descoberta e conquista de novos territórios, mas consideravelmente (PINHO, 2016). também como elemento identitário e cultural. O Historicamente podemos ver que esse processo de crescimento conjunto das cidades e dos respetivos perda da identidade marítima não é exclusivo da época espaços portuários passou por fases de proximidade em que vivemos e muito menos de Florianópolis. Vários e de afastamento, sendo o séc. XIX o momento mais marcante para a quebra de relações entre a cidade e a rios urbanos da Europa e Ásia passaram por processos sua frente de água, deixando profundas cicatrizes no de despoluição e revitalização, sendo hoje utilizados tecido urbano.” (LOURENÇO, 2012) pela população como lazer, transporte e turismo. O Rio Sena (Paris), Rio Tejo (Lisboa), Rio Tâmisa (Londres) Para Florianópolis, a história não seria diferente. e o Rio Cheonggyecheon (Seul) (figura 2.3) são alguns Fundada com a intenção de ser um dos últimos pontos exemplos bem sucedidos de como trazer vida de volta de defesa e recursos para navios portugueses em a rios anteriormente poluídos pela negligência do direção a territórios espanhóis, a cidade sempre teve homem (ECODESENVOLVIMENTO, 2013). uma relação muito próxima com o mar (Prefeitura 10 Para os mares a questão é um pouco mais complicada a Tailândia e o Vietnã, são responsáveis por 60% dos pois trata de um problema que necessita de uma resíduos desse material encontrados nos mares do cooperação global. mundo (DA SILVEIRA, 2018). As ilhas de plástico são fenômenos atuais nos oceanos, Para-se ter uma ideia do custo de vidas desta mancha sendo acumaladas vagarosamente desde o início da de lixo plástico, estima-se que cerca de 1 milhão de produção de polímeros (figura 2.4). Contudo foi nos pássaros e 100 mil animais marinhos morram todos últimos 35 anos que o acúmulo de plásticos no oceano os anos por intervenção direta da mancha de plástico têm atingido níveis alarmantes (CAMARGO, 2015). (ARAIA, 2008). Tais aglomerados de descarte foram expostos pelo Marcus Eriksen ressalta que, além dos danos causados oceanógrofo Charles Moore em 1997, enquanto à animais e ao meio ambiente, a água atingida por atravessava o mar do Havaí em direção a costa da essa massa de lixo marinho também representa um

Fig 2.4: Localização e acúmulo das ilhas de lixo nos oceanos. Fonte: ARAIA,2008. Fig 2.5: Uma das ilhas de lixo localizadas no Caribe. Fonte: DA SILVEIRA, 2018. California. Moore ficou impressionado ao se deparar risco para a saúde humana. Centenas de milhões com quilômetros de lixo flutuando na superfície do mar de minúsculas bolinhas de plástico, são perdidos ou (ARAIA, 2008) (figura 2.5). Atualmente, a maior mancha desperdiçados anualmente e acabam por chegar ao de lixo plástico tem cerca de 1.680.000 quilômetros mar. Esses poluentes atuam como esponjas, atraindo quadrados, o equivalente a duas vezes o estado da substâncias químicas produzidas pelo homem, como França (DA SILVEIRA, 2018). hidrocarbonetos ou o pesticida DDT. O passo seguinte A maior parte destes resíduos plásticos vêm do é entrarem na cadeia alimentar humana causando continente, sendo que somente cerca de 20% seja danos ao corpo humano (ibid.). descartado de embarcações e plataformas petrolíferas Um estudo recente realizado pelo governo inglês (ARAIA, 2008). concluiu que até 2025 os oceanos do planeta estarão Uma pesquisa realizada em 2015 revelou que a China, três vezes mais poluídos com plástico. Outro estudo, a Indonésia e as Filipinas são os países que mais poluem tornado público em 2016 no Fórum Econômico os oceanos, descartando até 3,5 milhões de toneladas Mundial de Davos, afirmou que até 2050 os mares da de plásticos por ano. Elas também aparecem nos Terra terão mais pedaços desse produto do que peixes primeiros lugares de outro levantamento, realizado (DA SILVEIRA, 2018). pela ONG americana Ocean Conservancy. Juntos com 11 2.2 MIES, VENTURI E A ARQUITETURA DO ESPETÁCULO

Enquanto alguns profissionais criticam a chamada Mies é notoriamente conhecido por suas formas “arquitetura do espetáculo”, não ha como negar sua puras e racionalização da estrutura. O arquiteto influência e importância na concepção de grandes acreditava que ao simplificar a estética do projeto, teria empreendimentos como museus e centros culturais. mais tempo para desenvolver soluções melhores nas Além do impacto visual, podemos destacar o impacto questões da funcionalidade, estrutura, longevidade e sócio-econômico que uma arquitetura de destaque uso da obra (BENEVOLO, 2014). Já Venturi, não deixando traz para a cidade onde é implantada. de lado as boas soluções que Mies buscava, acreditava Dois grandes arquitetos com pensamentos opostos que a minimilização extrema não trazia benefícios para sobre o assunto são Mies van der Rohe e Robert Venturi. a complexidade da vida contemporânea. O ponto Enquanto Mies pregava “less is more”, o famoso menos central de seu argumento é que a arquitetura deve é mais, anos depois Venturi criou a famosa “less is bore” transmitir significado (RUBINO, 2003). Por anos Mies que em tradução livre seria “menos é chato” (figura 2.6) foi o exemplo a ser seguido, com a disseminação do (SIMS, 2018). “estilo internacional” que se vê no skyline de grandes metrópoles. As figuras 2.7 e 2.8 são exemplos do “Para Venturi os contraponto estético dos dois arquitetos, de um lado símbolos fazem parte do dia-a-dia da cidade, e isso Mies cria uma arquitetura limpa, com grandes aberturas deve ser considerado e trabalhado nos projetos, o que no modernismo não é levado em consideração; [...]. Ao e caráter minimalista, do outro Venturi cria formas que rejeitar a simplicidade do modernismo e responder à caracterizam a arquitetura quase de forma caricata. máxima de Mies van der Rohe: “Menos é mais”, Robert O arquiteto Charles Moore também criticava a Venturi é conhecido por dizer: “Menos é um furo”; arquitetura moderna de Mies e acreditava que o o que deixa explicita a sua idéia de que as soluções simples, não resolvem as necessidades da sociedade projeto deveria se tornar um marco para a memória complexa.” (MENEGASSO, 2009) coletiva da sociedade. O modo como Moore realizava esse marco na história era olhando para o passado e

Fig 2.6: Famosas frases dos arquitetos Mies e Venturi. Fonte: PAVLOV, 2008. Fig 2.7: Crown Hall, Mies. Fonte: Fig 2.8: Casa Vanna Venturi. Fonte: STOTT, 2019. SIMS, 2018. 12 tirando inspiração do local de implantação do projeto, condições internas ao problema projetual que pra ele era muito importânte na concepção (LANGE, 2014). Embora seus projetos tenham um visual LUGAR CONSTRUÇÃO bastante diferente da arquitetura contemporânea de (firmitas) hoje, o ponto em comum entre eles é o desejo de FORMA ser lembrado pela sociedade e deixar a sua marca na PERTINENTE ESTRUTURAS cidade. PROGRAMA FORMAIS A arquitetura é feita de fases e estilos, e na última (utilitas) (venustas) década se vê um aumento na popularidade das formas condições internas ao problema projetual espetaculares e de aparência pictórica como as obras Fig 2.9: Quarteto da boa arquitetura. Fonte: MAHFUZ, 2004, adaptado pela dos arquitetos Santiago Calatrava (figura 2.10), Frank autora. Gehry, Zaha Hadid (figura 2.11) e Bjarke Ingels. (MAHFUZ, 2004). Vitruvius já dizia 2000 anos atrás que a arquitetura deve Mahfuz (2004) cita que a lição mais relevante da ser composta de três componentes principais: Firmitas arquitetura moderna não é a busca pelo novo, mas sim (solidez), Utilitas (adequação funcional) e Venustas pelo autêntico. (beleza). A partir do século XIX é somado um quarto Em toda criação, existe um limite. Enquanto a fator à considerada boa arquitetura: o local (figura 2.9) arquitetura contemporânea é criticada por suas formas diferenciadas, se o edifício atende com qualidade seu “A relação com o lugar é fundamental para a arquitetura; nenhum projeto propósito e cria um marco positivo na vida da cidade, de qualidade pode ser indiferente ao seu entorno. não há razão para pressupor que seja um estilo falho. Projetar é estabelecer relações entre partes de um Todas as formas de arquitetura procuram ser justificadas todo; isso vale tanto para as relações internas a um da melhor maneira possível por seus pregadores, sendo projeto quanto para as que cada edifício estabelece encontradas contradições em todos os estilos. Trata- com seu entorno, do qual é uma parte.” (MAHFUZ, 2004) se de analisar as condicionantes ambientais, legais, financeiras e plasticas em busca do melhor resultado.

Fig 2.10: Museu do Amanhã de Santiago Calatrava. Fonte: Archdaily, 2016. Fig 2.11: Heydar Aliyev Center de Zaha Hadid. Fonte: Archdaily, 2013. 13 2.3 BREVE HISTÓRIA DE AQUARIOS E SEU PAPEL EDUCACIONAL

Na Itália, com a construção da Estação Zoológica de Nápoles, Jardim Zoológico de estações de pesquisa passaram Romanos Em Roma, Pompeia Peixes-dourados Regent’s Park abriu suas a ser construídas diretamente na mantinham e Herculano, painéis eram animais portas com 14 tanques, costa e possuíam os mais modernos peixes vivos em de vidro foram de estimação Popularização Popularização sendo que oito marinhos, equipamentos de mergulho da tanques artificiais colocados nas laterais populares na de aquariofilia de aquariofilia representando na época época, como sinos de mergulho e de mármore de alguns tanques China no Japão na Europa um sucesso de visita escafandros.

Mundo Séc. I Séc. X Séc. XVII

950 1500 1690 1853 1874 Brasil

Fig 2.12: Parte do Regent’s Fig 2.13: Gravura de 1888 Estação Zoo circa 1908. Fonte: Zoológica de Nápolis. Fonte: iStock Images of London.

Aquários e Oceanários, assim como outras instituições ambiental destas instituições (ibid.). museológicas, iniciaram suas tragetórias essêncialmente Assim, os aquários passam a ser verdadeiras unidades na pesquisa e hoje, pela demanda, se veem adquirindo educativas, que disponibilizam o conhecimento um foco educacional, difundindo conhecimento científico para o visitante por meio de tanques com (SALGADO; MARANDINO, 2014). organismos vivos e, às vezes, modelos. As principais Como demonstrado na linha do tempo acima, a formas de comunicação com o interlocutor visitante do criação dos aquários de grande porte demonstrou aquário são (ibid.): que a função desses espaços tem três principais aspectos: a pesquisa no campo da zoologia, o papel de - Textos, que configuram importantes formas entretenimento e a finalidade educacional (ibid.). de comunicação com o público, apresentando Estas considerações podem ser vistas com clareza informações sobre identificação dos animais, a partir da institucionalização dos aquários ocorrido destacando curiosidades e aspectos da preservação no século XX. Um outro movimento que surge das espécies (ibid.). recentemente são as preocupações ambientais e, em - Painéis luminosos, já que, geralmente, o ambiente é particular, a ameaça que os ecossistemas aquáticos vêm escuro para melhorar a visualização dos espécimes – sofrendo, o que impulsiona a finalidade educacional com esquemas que explicam aspectos dos ecossistemas 14 Essa mudança, ao longo do século XX, traduziu-se em instituições dedicadas à exposição do mar, ocupando espaços cada vez maiores, como é o caso dos oceanários, denominação mais recente de aquários que apresentam tanques com tamanho suficiente para abrigar animais de grande porte (incluindo, em alguns casos, baleias) Aquários passam e, principalmente, representações detalhadas dos a ser espaços ecossistemas marinhos oceânicos que necessitam de de educação e grandes espaços para ter suas condições fielmente Fig 2.14: Aquário Municipal Fig 2.15: Monterey Bay Aquarium. entretenimento recriadas de Santos circa 1945. Fonte: Fonte: SHAPIRO, 2016. Memória Santista, 2014. Séc. XX 1900 1910 1922 1945 ATUALMENTE

Aquário público No Rio de Janeiro, foi aberto um Início da O Aquário Municipal de Santos foi O guia Centros e Museus de água salgada aquário associado ao laboratório Aquariofilia um marco nacional, dada a ambição de Ciências do Brasil 2009 inaugurado no Rio de piscicultura na Quinta da Boa quando japoneses do projeto. Seus tanques incluíam cita quatro instituições que se de Janeiro com 11 Vista, que se dedicava a apresentar introduziram seus animais de grande porte, como declaram “aquários”, embora tanques animais de água doce dos rios do aquários no Brasil tubarões-lixa, tartarugas e pinguins 12 das constantes no guia então estado da Guanabara mencionam a presença de tanques de observação de animais marinhos em suas exposições. marinhos e dos organismos que os habitam (ibid.). permite que, mesmo em espaços relativamente pequenos, possa ser repassado um grande número de Desta forma, em conjunto com os tanques, estas informações sendo eles os objetos de destaque nas formas de comunicação permitem a construção de exposições de aquários (ibid.). narrativas com finalidades claras de ensino e divulgação Por fim, percebe-se que a musealização do mar de conhecimentos sobre o mar, ecossistemas marinhos permite uma ampla compreensão da vida marinha, e seus organismos (ibid.). ultrapassando as barreiras da mera visualização Os tanques, por sua vez, permitem a musealização de de animais, servido como verdadeiras fontes de temas complexos, como os diversos comportamentos aprendizado e educação, seja ela ambiental ou dos organismos (a capacidade de um organismo mudar não. Além disso, os aquários acabam por se tornar de cor, abrigar-se em fendas nas rochas, enterrar-se verdadeiros centros de cultura científica, permitindo a usando nadadeiras, entre outros). A compreensão desses realização de pesquisa científica e embasamentos para conceitos depende da observação de organismos o processo de conservação de espécies e preservação interagindo entre si ou com o ambiente, o que torna dos mares, ao mesmo tempo que serve de atrativo os tanques locais adequados para observação desses turístico e objeto de desenvolvimento urbano (ibid.). fenômenos. Tal capacidade expositiva dos tanques 15 2.4 O AMBIENTE MARINHO

Para o público que visita um aquário ou oceanário o MINERAIS EM ÁGUA SALGADA atrativo de maior importância é o conteúdo dentro de Os mares são compostos 96,4% de água pura e 3,6% cada tanque. Independente da quantidade de habitats de minerais conforme figura 2.16 abaixo (ibid.): e espaços, se espera que o interior do tanque fascine e encante a todos que o contemplem. Segundo Peter Scott, no livro The Complete Aquarium Cloreto 19,8 ppm da editora DK (SCOTT, 1991), o profissional responsável pela criação e manutenção de tanques é chamado de aquarista ou aquariofilista e tem o trabalho de recriar Sódio 11,1 ppm o mundo submerso de cada habitat, sejam espécies, Sulfato 2,8 ppm tipos de solos, tipos de rochas, salinidade, níveis de PH, Magnésio 1,3 ppm temperatura, luminosidade, entre outros. Cálcio 0,4 ppm Para escolha de cada ecossistema é necessário Potássio 0,4 ppm entender seus elementos primordiais: água e sal. Fig 2.16: Proporção de sais no oceano atual. Fonte: SCOTT, 1991, adaptado A proporção de cada um desses elementos dita a pela autora, 2019. classificação de água doce, salobra ou salgada. Essa ÁGUAS SALOBRAS proporção é contada em partes por mil (ppt) e em geral Onde a água salgada encontra a água doce são a água salgada possui 36 ppm de sais (ibid.). formados ambientes onde a concentração de sal é mais amena, possibilitando a convivência de espécies ÁGUAS SALGADAS adaptadas aos dois sistemas. Esse encontro de águas A imensidão dos oceanos fazem desses ecossistemas normalmente sofre a ação das marés, por esses e outros ambientes bastante estáveis. Os minerais encontrados motivos a salinidade pode variar entre 1 e 36 ppm. são provenientes das chuvas que dissolvem partículas Esses locais são conhecidos como mangues e das terras próximas que então escoam para o mar. estuários, sendo encontrados em sua maioria na região Nos primeiros mares, acredita-se que a salinidade era costeira. São ambientes com uma vasta diversidade baixa, em torno de 9 ppm, já hoje temos uma média de animais e plantas, rico em sedimentos e detritos, de 36 ppm. As proporções variam de um mar para o que forma um ecossistema ideal para animais outro, mas em grandes porções de água a salinidade conhecidos como “escavadores“ e “coletores”. As raízes permanece constante (ibid.). das árvores acumulam sedimentos e fornecem abrigo e comida para peixes, crustáceos e moluscos. O grande fornecimento de comida e abrigo faz desses ambientes o local ideal para a reprodução de espécies (ibid.).

16 PEIXES Os primeiros indícios de peixes nos oceanos data do período Paleozóico, entre 360 e 410 milhões de anos atrás. Hoje ainda existem fósseis vivos que exemplificam as grandes mudanças e adaptações sofridas ao longo dos milênios. Para chegar ao design que se tem hoje haveria que voltar de 180 a 120 milhões de anos, quando a terra ainda possuía somente um grande continente: Pangeia. A fragmentação desse supercontinente forçou peixes a se dividirem e adaptarem a novos nichos ecológicos (ibid.). Como trabalho acadêmico de arquitetura, não cabe analisar todas as especificidades dos peixes, pois existe uma variedade incontável de formatos e comportamentos. Pode-se pensar em enguias e sua linearidade ou no gigante peixe-lua e seu corpo alto e achatado. Cada formato de peixe ou seus habitos podem apresentar restrições na escolha dos formatos dos tanques, o que influencia na arquitetura. Tais preocupações são de especialidade de aquariofilistas e biólogos, sendo a atribuição do arquiteto entender estas restrições e designar espaços coerentes com as diretrizes dos profissionais capacitados. Para ter uma noção de dimensionamento dos tanques, pode-se usar como parâmetro a proporção: a cada 1cm de peixe, 3,6 litros de água para água salgada e 0,3 litros de água para águas salobras conforme demonstra a figura 2.17. 1cm de peixe 1cm de peixe

3,6 litros de água 0,3 litros de salgada água doce e salobra

Fig 2.17: Proporção entre peixes e volume de água. Fonte: SCOTT, 1991, Fig 2.18: Grandes grupos de peixes. Fonte: SCOTT, 1991. adaptado pela autora, 2019. 17 2.5 MANUTENÇÃO

Cuidados com aquários variam dependendo do pequenos dejetos restantes no tanque que não podem ecossistema representado e do tamanho do tanque. ser retirados com outros métodos de filtração (ibid.). Mas independentemente disso alguns fatores sempre Analisando na questão de adaptação das espécies, deverão ser considerados como controle de PH, tudo que entra em um aquário estabilizado deve salinidade, luminosidade, limpeza, adaptação das passar por um período de quarentena. Esse período espécies, controle de pestes, filtração e outros (SCOTT, depende da espécie mas consiste em, aos poucos, 1991). Para um trabalho de arquitetura vários desses adaptar o novo elemento ao ecossistema. Para peixes, fatores influenciam nolayout e na volumetria dos a água do novo ambiente deve ser misturada com o ambientes de área técnica. ambiente atual, deve-se tratar quaisquer doenças para O sistema que ocupa o maior espaço é o de filtração. que este não contamine os demais peixes, os níveis de Para grandes tanques existem algumas possibilidade salinidade e ph devem ser ajustados e somente depois de filtração como mecânica, química, biológica e deste período de adaptação ao ambiente o peixe deve desinfectação. Cada sistema remove uma quantidade ser colocado no novo aquario. Mesmo assim este deve ou um tipo de partícula (CARRACA, 2016). estar em um saco plástico ou um tanque plástico que A filtração mecânica remove partículas em suspensão permita a interação entre os peixes já estabilizados a como alimentos, dejetos e algas, retendo-as no fim de não causar problemas territoriais ou sociais. Para equipamento por meio de filtros. Para tanques de fazer a transição das espécies é necessário uma sala com dimensão média (cerca de 12m³) o filtro mais utilizado tanques menores para estoque e adaptação. Esta sala são de cartuchos pois facilitam a troca quando o sistema também deve conter material para manutenção dos apresenta muita matéria acumulada sem a necessidade tanques de quarentena e espaço para computadores de parar a filtração para manutenção. Tanques maiores com o objetivo de monitorar o progresso das transições (cerca de 300m³) utilizam filtros de areia pois é possível (SCOTT, 1991). ter várias granulometrias que melhoram a eficiência do Salas adjacentes a essas estruturas guardam os sistema. Para lavagem deste é feita uma contra-lavagem, materiais necessários para a manutenção das atividades. onde a água passa no sentido contrário e é necessário São elas: sala de enfermagem, sala de químicos, sala de alterar a rota da água para o sistema de esgoto, para estoque de ração, sala de preparo de alimentos frescos, evitar que a água suja volte ao tanque (ibid.). sala de equipamento de mergulho, sala de materiais A filtração química trata-se de uma filtração a nível de limpeza dos tanques, sala de peças de reposição molecular pois tem como objetivo remover partículas dos equipamentos, sala de controle dos sistemas que possuem carga elétrica que degradam a qualidade computadorizados para inspeção dos níveis químicos da água. Esse tipo de filtração tem maior importância dos tanques, entre outras (ibid.). nos tanques da área de quarentena, onde é necessário Também são necessárias salas de funcionários e de retirar os medicamentos da água a nível de partículas. apoio administrativo como salas de reunião, salas de A filtração biológica têm como objetivo remover diretorias, copa, vestiários, depósitos de material de 18 limpeza, entre outros. 2.6 VIDA MARINHA EM SANTA CATARINA E TANQUES DO OCEANÁRIO

A chegada de Fritz Muller em Desterro (atual Mangues pelo Brasil. Outras partes do país possuem FLorianópolis) foi um marco no início da exploração espécies diferentes das que habitam a capital. Os outros científica em Santa Catarina e impulsionou o estado tanques desta exposição mostram habitats de mangues a ser mundialmente conhecido no século XIX. Essa das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste. fama abriu portas para diversas pesquisas da fauna e Águas salobras de Florianópolis: Lagoa da flora nativa, incluindo em grande número as espécies Conceição. Pela proximidade com o mar e eventos marinhas. Assim foi descoberto, entre outras indagações, geológicos da ilha, a Lagoa da Conceição (figura 2.20) que as águas do litoral catarinense representam o limite é um ambiente de água salobra de grande importância sul de muitas espécies marinhas tropicais de águas da cidade. Com os últimos anos a lagoa vem sendo rasas (LINDNER, 2014). poluída, por isso mostrar seu interior é interessante para incentivar a conservação. “Esse conjunto de espécies com diferentes padrões Águas salobras: peixes entre dois mundos. Além de distribuição faz de Santa Catarina um laboratório natural para a pesquisa científica, bem como uma região privilegiada para a contemplação da vida marinha.” (LINDNER, 2014)

Levando-se em consideração as informações descritas anteriormente e entendendo-se os livros de Peter Scott e Alberto Lindner, para o Oceanário de Florianópolis foram escolhido os seguintes habitats:

Mangues: berço dos mares. Florianópolis possui grandes áreas preservadas de mangue (figura 2.19). Fig 2.20: Lagoa da Conceição. Fonte: CULTURE TRIP, 2017. Esses ambientes são essenciais para o ecossistema do destaque para a Lagoa da Conceição, é interessante marinho. mostrar como outros habitats de água salobra se comportam. Encostas e praias da ilha. Quando turistas visitam as praias de Florianópolis, raramente encontram animais em seu banho. Isso não é dizer que as praias e encostas não estejam cheias de vida e é isso que esse habitat demonstra.

Fig 2.19: Mangue em Florianópolis. Fonte: MANEZIN DE FLORIPA, 2014. 19 Ilha do Campeche: paraíso preservado. Um dos tradicional em Florianópolis. locais mais bonitos de Florianópolis é sem dúvida as Pequenos invertebrados: camarões de água águas cristalinas da Ilha do Campeche (figura 2.21). salgada. Tanque com camarões de água salgada. A poucos quilometros da costa, esse ecossistema Pequenos invertebrados: moluscos. Além da ostra, surpreende pela variedade de peixes e invertebrados existem muitos outros moluscos nas encostas de Santa que nadam junto com os banhistas. Catarina. Pequenos invertebrados: águas-vivas. Tanque com uma espécie de água-viva popular nos mares catarinenses. Área de exploração: conheça os mares. Trata-se de um tanque raso aberto, que dá a possibilidade de interagir com algumas espécies como estrelas-do- mar, moluscos, algas e corais. Essa área é utilizada por diversos aquarios e oceanários como meio de educação para jovens e crianças.

Fig 2.21: Ilha do Campeche. Fonte: FÉRIAS FLORIPA, 2017. Ilha do Arvoredo: mergulho colorido. O maior tanque do Oceanário destaca os peixes que existem nos mares do estado, especialmente na Ilha do Arvoredo, muito utilizada para mergulho (figura 2.22).

Fig 2.22: Tartaruga na Ilha do Arvoredo. Fonte: DESVIANTES, 2014. Corais: pinturas submersas. Tanque linear representando os famosos corais do caribe com uma variedade grande de espécies. Pequenos invertebrados: ostras. Tanque representando o típico modo de cultivo de ostras tão 20 SÍNTESE

- 2.1: A relação do homem com o mar têm se alterado com o passar dos anos, como é natural da evolução humana. Porém nos últimos anos essas mudanças tem causado impactos negativos no meio ambiente; - 2.2: Menos é mais, mas também não é tudo. É inegável a influência que tanto o movimento moderno quanto o contemporâneo tem na visão de como deve ser a forma arquitetônica. Independente da solução adotada, uma boa arquitetura cumpre as funções propostas pelo programa dentro do terreno em que está inserida; - 2.4: Diferentes formatos e comportamentos de peixes requerem diferentes formatos de tanques. A descrição detalhada de cada tanque não passa pela competência do arquiteto, sendo necessário somente a escolha do programa e a criação da linha de visitação; - 2.5: O sistema de filtração pode ser de vários tipos, não sendo necessáriamente um único tipo universal para todos os tanques. Alguns tipos ocupam mais espaço que outros; - 2.5: As áreas técnicas para o cuidado de peixes incluem sala de enfermaria, sala de quarentena, manutenção da água (controle dos sais, temperatura, PH, luminosidade, etc), estoque de medicação, estoque de alimentos, depósito para materiais de limpeza, entre outras; - 2.5: Os espaços para funcionários são copa, vestiário, banheiros, sala de estar e sala de reuniões; - 2.6: Os temas para os tanques do Oceanário serão: mangues, águas salobras, encostas e praias, ilha do campeche, mares catarinenses, área de toque, corais e pequenos invertebrados.

21 18 CAPÍTULO III REFERENCIAIS PROJETUAIS

A temática de oceanários e aquários no Brasil não é muito divulgada e explorada no meio arquitetônico. Tendo em vista a complexidade do programa de oceanários e aquários, o estudo de empreendimentos bem sucedidos serve como base para o desenvolvimento do programa de necessidades, pré-dimensionamento das áreas, sistema estrutural, entre outros aspectos.

Fig 3.1: Fonte: Alex Suprun. 23 Fig 3.2: Imagem da fachada principal. Fonte: Archdaily, 2014.

3.1 ANTALYA AQUARIUM

Localização: Antalya, Turquia. Arquitetos: Bahadir Kul Architects Área: 12.000m² Inauguração: 2012

Fig 3.3: Montagem da volumetria do projeto no terreno. Fonte: Archdaily, Fig 3.4: Esquema do entorno do projeto. Fonte: Archdaily, 2014. 2014. 24 Legenda (tradução livre): 1 - Terraço cobertura 2 - Abrigo 3 - Área de Paintball 4 - Plataforma 5 - Anfiteatro 6 - Estacionamento

Fig 3.5: Implantação. Escala desconhecida. Fonte: Archdaily, 2014.

Este projeto é utilizado como referencial pela disponibilidade de suas plantas baixas, que mostram a proporção entre áreas técnicas e tanques. Também é interessante destacar o térreo coberto público que serve como área de transição e abrigo aos usuários. Geograficamente este projeto está implantado em uma área aberta afastado da densidade da cidade, sem muitas condicionantes ambientais ou sociais (figura 3.3), se fazendo justificável seu tamanho considerável. Adjacente temos uma grande rodovia de tráfego rápido, o que facilita o acesso ao aquário, mas quebra a conexão do empreendimento com o mar que está próximo (figura 3.4). Apesar da localização, todo o complexo, que é uma obra pública, é mais que um aquário isolado. O projeto mostra na implantação (figura 3.5), um amplo estacionamento, arena de paintball, anfiteatro, espelho d’água e várias áreas verdes livres para apropriação da população. Fig 3.6: Foto do projeto. Fonte: Archdaily, 2014. Fig 3.7: Foto noturna do projeto. Fonte: Archdaily, 2014. 25 Legenda (tradução livre): 01 - Quarto mecânico 02 - Quarto mecânico de ar- condicionado 03 - Conceito caverna 04 - Espaço de visualização 05 - Túnel 06 - Hall de saída 07 - Mecânico 08 - Café 09 - Espaço de vendas 10 - Bilheteria 11 - Chapelaria 12 - Office 13 - Banheiro 14 - Tanque de água salgada 15 - Sala de filtração 16 - Tanque de fogo 17 - Área técnica 18 - Tanque de água limpa 19 - Quarto mecânico 20 - Anfiteatro 21 - Plataforma 22 - Informação

Legenda (tradução livre): Fig 3.8: Planta baixa do térreo. Escala desconhecida. Fonte: Archdaily, 2014. 01 - Área de exibição 02 - Hall de entrada 03 - Hall de introdução 04 - Conceito de mundo marinho 05 - Quarto da neve 06 - Saída do quarto da neve 07 - Bilheteria 08 - Entrada do quarto de neve 09 - Café 10 - Quarto mecânico 11 - Rampa 12 - Conceito caverna 13 - Piscina de toque 14 - Projeção individual 15 - Conceito dos tubarões 16 - Visão dos tubarões 17 - Quarto mecânico 18 - Serviço 19 - Cachoeira mecânica 20 - Banheiro 21 - Centro de aquecimento 22 - Quarto mecânico 23 - Quarto do painel 24 - Quarto técnico 25 - Copa

Fig 3.9: Planta baixa do primeiro pavimento. Escala desconhecida. Fonte: Archdaily, 2014. 26 Fig 3.10: Corte BB’. Escala desconhecida. Fonte: Archdaily, 2014.

Tendo como base a planta baixa do térreo (figura 3.8), se Fig 3.10: Legenda (tradução livre): 08 - Copa 01 - Terraço 09 - Área de vendas observa que o interior se relaciona com o exterior por uma área 02 - Área de exibição 10 - Espaço de visualização de transição sob pilotis que fornece sombra e, devido a sua 03 - Rampa 11 - Tanque central permeabilidade, circulação de ar. Nessa área de pilotis existe um 04 - Terraço 12 - Conceito caverna 05 - Conceito de mundo marinho 13 - Túnel café, balcão de informações, anfiteatro e bilheteria. O que mais 06 - Conceito tubarões 14 - Quarto mecânico atrai a atenção na figura é o enorme tanque central que possui 07 - Quarto técnico três pontos de observação e um túnel (figura 3.11). Um fator interessante é a continuidade da estrutura dentro do tanque, algo que não é comum e exige um tratamento especial nos pilares. Na figura 3.8 também se destaca a variedade de áreas técnicas e mecânicas que podem ser destinadas à tubulação, sistemas de filtração, acesso aos tanques para manutenção individual, sala de controle de água, entre outros. Na planta baixa do segundo pavimento (figura 3.9) fica ainda mais evidente as áreas técnicas, localizadas atrás de cada tanque e sinalizadas pelos numeros 17 e do 21 até o 25. Para os tanques menores a manutenção é feita pelos fundos, como pode ser observado ao lado dos números 13 e 14. Já para o tanque principal a manutenção é feita por cima, onde corre uma grelha de plataformas que permitem aos cuidadores acesso a todos os pontos do tanque. Já na imagem superior do corte BB’ (figura 3.10) é interessante destacar a relação do térreo com a escada circular que dá acesso ao aquário. Também se vê o uso de um forro técnico, assim as tubulações e fiações não ficam aparentes ao público já que em um projeto desse porte o volume de elementos técnicos Fig 3.11: Interior do túnel. Fonte: Archdaily, 2014. é considerável. A figura 3.12 destaca os diferentes tipos de Fig 3.12: Esquema de visualização. Fonte: Archdaily, 2014. visualização possíveis, sendo por cima ou por baixo. 27 Fig 3.13: Foto do edifício. Fonte: PEDRUEZA, 2015.

3.2 OCEANÁRIO DE LISBOA

Localização: Lisboa, . Antártico (C), Pacífico D( ) e Índico (E) (figuras 3.14 e Arquitetos: Peter Chermayeff LLC(Massachusetts, EUA) 3.15). Todos os setores possuem dois pontos de visão. em associação com o escritório Promontorio (Lisboa, Ao contrário do layout tradicional, primeiramente o Portugal) público entra e circula pelo quinto pavimento (figura Área: 20.000m² 3.14), onde estão as aberturas dos tanques, que simulam a superfície dos habitats retratados, tanto Inauguração: 1998 em vegetação quanto em aves e mamíferos nativos. Oceanário de Lisboa é considerado hoje o melhor Depois desce ao quarto pavimento (figura3.18) que oceanário do mundo segundo o site de viagens dá uma visão submersa dos habitats anteriormente TripAdvisor (OBSERVADOR, 2018). Este projeto se visualizados (LUCÍRIO, 1998). Esse jogo de olhares destaca entre os referenciais por fornecer ao público é muito interessante pois permite o usuário um a melhor visão de todos os ângulos dos tanques, ao entendimento claro sobre a relação do que acontece mesmo tempo dando aos animais o melhor de seu entre a superfície e abaixo da água. ambiente natural. O projeto foi visitado pela autora em O tanque central (figuras 3.14 e 3.15), com seus 2015. impressionantes 6 milhões de litros de água, possui As áreas de visitação do público são divididas em 5 passarelas metálicas na superfície para fácil acesso grandes setores – o Tanque Central (A), Atlântico (B), no caso de manutenção ou alimentação dos animais 28 Fig 3.14: Planta baixo do quinto pavimento da área de exposição. Fonte: PEDRUEZA, 2015. D E

G A Acesso à exposição F F G A Tanque central B Oceano Atlântico Norte B C C Oceano Antártico D Oceano Temperado Pacífico E Oceano Tropical Indico F Circulação vertical para visitantes G Circulação de funcionários D E

G A Saída da exposição F F

G

B C Fig 3.15: Planta baixo do quarto pavimento da área de exposição. Fonte: PEDRUEZA, 2015. 29 “As quatro janelas do tanque central, feitas de acrílico, têm 30 centímetros de espessura e pesam 16 toneladas cada uma. Nos quatro cantos há aquários menores ou ambientes abertos.” (LUCÍRIO, 1998). A introdução de novos peixes aos tanques não pode ser feita instantaneamente. Todas as espécies devem ficar duas semanas no primeiro subsolo, exclusivo para o cuidado das espécies, para que biologos se certifiquem de que o animal não tem doênças e que pode se alimentar em cativeiro (LUCÍRIO, 1998).

Toda a água do Oceanário é tratada. Os filtros, que ocupam o andar inteiro, purificam o líquido. A cada 1,5 hora, 6 milhões de litros passam por eles. Também é preparada a água para repor a que evapora (ibid.).

Fig 3.16: Esquema dos pavimentos. Fonte: LUCÍRIO, 1998. (figura 3.18). A chegada dos funcionários e de novas espécies a essa área técnica se dá por elevadores localizados nas torres de circulação exclusiva para funcionarios. Já os visitantes contemplam esse enorme corpo d’água por uma parede de acrílico transparente de 7 metros de altura. As principais atrações do tanque Fig 3.17: Foto de um dos laboratórios que monitoram as águas. Fonte: central são tubarões, barracudas, arraias, garoupas e OCEANÁRIO DE LISBOA, 2006. outras espécies grandes (ibid.). O edifício se divide em 5 pavimentos, dois superiores para visitação e 3 inferiores para manutenção (figura 3.18), além de mezaninos técnicos entre os pavimentos. Conforme visto na figura 3.16, a proporção de área de exposição para área técnica equivale aproximadamente a 1,5 vezes área técnica para exposição. No total o Oceanário possui cerca de 30 tanques de exposição, que abrigam mais de 7000 Fig 3.18: Foto da área de manutenção acima do tanque central. Fonte: metros cúbico de água (OCEANÁRIO DE LISBOA, 2006). OCEANÁRIO DE LISBOA, 2006. 30 Fig 3.19: Foto da parte superior do tanque principal. Fonte: DICKINSON, 2014.

3.3 NEW ENGLAND AQUARIUM

Localização: Boston, Massachussets, EUA. Arquitetos: Cambridge Seven Associates Área: 8.000m² Inauguração: 1969

Esse aquário é mencionado como referencial pelo seu tanque central e a interação do público com o espaço e sua manutenção. Como podemos ver na figura 3.19 acima, o público tem acesso a parte superior do tanque, sendo possível observar os animais e aspectos da manutenção como alimentação. A figura ao lado (figura 3.20) mostra a rampa que dá acesso ao topo do tanque e a estrutura em concreto que dá sustentação ao grande volume de água. Fig 3.20: Foto do tanque principal mostrando a rampa e estrutura. Fonte: DICKINSON, 2014. 31 Fig 3.21: Perspectiva do projeto. Fonte: ArqBr, 2014. 3.4 CENTRO CULTURAL DE CABO FRIO

Localização: Cabo Frio, RJ, Brasil. Arquitetos: ArqBr Arquitetura e Urbanismo Área: 7.500m² Projeto: 2014 Este projeto do Centro Cultural, de Eventos e Exposições de Cabo Frio entra como referencial pela volumetria do edifício, o uso do teatro externo e sua relação com o terreno (figura 3.21). O edifício respeita a escala do bairro residencial e cria uma praça essencialmente pública como continuação do espaço público urbano. A posição dos volumes, perpendiculares entre si, foram desenhados a partir dos eixos principais de circulação, destacando-se da praça pelos decks de madeira (ARQBR, 2014). Fig 3.22: Implantação do Centro Cultural na orla. Escala desconhecida. Fonte: ArqBr, 2014. 32 Fig 3.23: Render. Fonte: ArqBr, 2014.

O primeiro e mais importante destes decks, pautado por uma das ruas residenciais do entorno, conecta a avenida na parte alta do terreno com o mar abaixo (figura 3.24). Este deck passa por um vão de 35 metros abaixo de um edifício metálico que abriga o espaço de feiras para 1.500 pessoas (ibid.). Paralelo ao pavilhão de feiras foi implantada outra edificação para convenções que tem o auditório como principal elemento (figura 2.23). Muito interessante é a abertura do palco por meio de paredes retráteis, o que permite o uso do auditório para eventos externos ou abertos a comunidade (ibid.). O deck principal termina no mar, possibilitando a futura implantação de uma base para transporte aquaviário. Já o deck que margeia a orla ultrapassa os limites do terreno, tendo previsão para conectar toda a orla ao redor, permitindo a livre circulação dos usuários (ibid).

Fig 3.24: Perspectiva esquemática. Escala desconhecida. Fonte: ArqBr, 2014. 33 Fig 3.25: Foto interna da conexão do usuário com a orla. Fonte: Archdaily, 2017.

3.5 LOUVRE ABU DHABI

Localização: Abu Dhabi, Emirados Árabes Unidos. Arquitetos: Ateliers Jean Nouvel Área: 97.000m² Inauguração: 2017 Esse projeto entra como referencial pela sua conexão com a orla que o rodeia (figura 3.25) e sua impressionante cobertura (figura 3.26). Apesar da temática não ser voltada para aquarios e a vida marinha, o projeto tem uma maneira única de trazer o usuário em contato com o mar. Sendo concebido desde 2006 e inaugurado 11 anos depois, o Museu do Louvre em Abu Dhabi segue a tendência da arquitetura da capital dos Emirados Árabes Unidos: monumental, atrativo e inspirador (ARCHDAILY, 2017). Fig 3.26: Foto externa da cobertura. Fonte: Archdaily, 2017. 34 Fig 3.27: Imagem da fachada principal. Fonte: GINTOFF, 2016.

3.6 MASTERPLAN AQUÁRIO NACIONAL DE BALTIMORE

Localização: Baltimore, Maryland, EUA. Arquitetos: Studio Gang Architects Área: 33.500m² Projeto: 2016

A intenção desta requalificação do entorno do aquário de Baltimore é identificar oportunidades para crescimento sustentável, proporcionar novas experiência aos visitantes e reforçar o comprometimento da organização em conservar e educar em todas as escalas. Nesse sentido esse projeto entra como referêncial pelo conceito de trazer a educação do museu para fora de suas paredes. Assim mesmo usuários que não adentrem são educados Fig 3.28: Esquema de implantação mostrando o pântano urbano. Fonte: sobre a preservação do espaço (GINTOFF, 2016). GINTOFF, 2016. 35 Fig 3.29: Foto da cobertura metálica que conecta os pavilhões. Fonte: DE HOLANDA, 2012.

3.7 NOVA FEIRA DE MILÃO

Localização: Milão, Itália. Arquitetos: Studio Fuksas Área: aprox. 1.000.000m² Inauguração: 2011 O escritório Studio Fuksas é conhecido pelo uso de estruturas metálicas em formatos orgânicos e os utiliza como elementos de fachada ou até na concepção dos próprios edifícios. A Nova Feira de Milão é citada como referencial pelo uso de treliças planas em conjunto com vidro para formar uma cobertura orgânica (figura 3.29) que conecta todos os edifícios da feira (figura 3.30).

Fig 3.30: Foto dos pavilhões vistos de cima. Fonte: DE HOLANDA, 2012.

36 O novo pavilhão da feira abrange uma série de usos como auditórios, salas de exposição, salas de reuniões, salas de exposição, espaços para escritório, cafés e restaurantes, todos conectados pela extensa cobertura que envolve a circulação entre os edifícios (DE HOLANDA, Marina, 2012), conforme mostra a figura 3.33. Mesmo com a enorme dimensão do empreendimento, a disposição dos blocos e o corredor central são referências a intimidade das tradicionais construções italianas. Os arquitetos se inspiraram nos elementos da paisagem ao redor como os morros, as colinas, as ondas e as crateras para compor a forma da cobertura (FUKSAS, 2011). A cobertura é independente, flutuando sobre partes do telhado dos edifícios próximos e por vezes descendo de forma dramática até o solo em forma de um vórtice parabólico (figura 3.31), que desafia o arquétipo tradicional de coberturas (DE HOLANDA, 2012). Medindo aproximadamente 1.500 metros em comprimento e 32 metros de largura (FUKSAS, 2011), “[...] as porções planas utilizam panos de vidro, enquanto que as seções curvas utilizam painéis triangulares para alcançar eficientemente a forma livre do desenho.” (DE HOLANDA, 2012). Os pilares árvore (figura 3.32) são de estrutura metálica tubular com dois ramos internos que acomodam a drenagem do telhado e foram pré-fabricados fora do local (ibid.).

Fig 3.31: Foto da cobertura metálica se encontrando com o chão. Fonte: DE HOLANDA, 2012. Fig 3.32: Foto mostrando os pilares que sustentam a cobertura metálica. Fonte: DE HOLANDA, 2012. Fig 3.33: Foto da cobertura metálica que conecta os pavilhões. Fonte: DE HOLANDA, 2012. 37 Fig 3.34: Foto aérea do projeto. Fonte: SHAPIRO, 2016.

3.8 MONTEREY BAY AQUARIUM

Local: Monterey, Califórnia, EUA. Architect: EHDD, San Francisco Ano: 1984 Área: 19.107 m² (projeto original)

Este aquário entra como referencial pela estrutura utilizada e a ambientação das exposições que foi visitada in loco pela autora nos anos de 2006 e 2016. A intenção desta iniciativa é identificar oportunidades para crescimento sustentável, avanços para a experiência dos visitantes e reforçar o comprometimento da organização em conservar e educar em todas as escalas (Monterey Bay Aquarium Foundation, 2019). Fig 3.35: Foto da área externa do projeto com a piscina externa. Fonte: SHAPIRO, 2016. 38 Um dos primeiros pontos que chama a atenção neste projeto é o uso de laje nervurada. Essa laje pode ser vista na figura 3.36 que mostra a montagem das cubetas e a posição dos pilares, que estão posicionados em uma grelha de aproximadamente 8 metros de vão (SHAPIRO, 2016). A grande dimensão das cubetas e o vão entre pilares são resultados da carga que esta laje deve suportar com o peso dos tanques. Ao se tratar dos tanques, este é um dos únicos exemplos encontrados que apresenta o formato interno dos tanques. Como se pode ver nos cortes ao lado (figura 3.37), tanto no corte AA’ quanto no corte BB’, os tanques contam com uma base de concreto para reforçar e dar a forma curva das bordas. Também é interessante notar que ao longo da área de exposição é utilizada laje nervurada, porém abaixo dos tanques a laje é maciça para suportar o peso do volume d’agua. A figura 3.38 mostra um detalhe da estrutura e da junção do vidro de um dos maiores tanques. A parte marcada como A está dentro da água e parte em F é a área de exposição, de onde o público contempla os animais expostos. Entre eles encontra-se B, que representa uma estrutura em aço revestida de epoxy, C, que está marcando uma folha de neoprene para isolar o aço e a estrutura do acrílico (marcado em D) e E representa um selante duplo (SHAPIRO, 2016). Outro ponto de interesse é que o Monterey Bay Aquarium capta a água utilizada nos tanques diretamente da baía em que está inserido. Uma quantidade impressionante de 9000 litros de água por minuto são bombeados para os reservatórios (SHAPIRO, 2016). B

E A C Fig 3.36: Foto da montagem da laje do aquário. Fonte: SHAPIRO, 2016. D Fig 3.37: Corte dos tanques principais. Fonte: SHAPIRO, 2016. F Fig 3.38: Detalhe da conexão entre estrutura e acrílico. Fonte: SHAPIRO, 2016. 39 O corte ao lado (figura 3.39 )mostra áreas técnicas importantes como a casa de bombas, as tubulações abaixo dos tanques e do edifício, as salas de transbordamento da água que excedem o volume do tanque, laboratórios e uma sala de filtros e bombeamento. No caso do Monterey Bay Aquarium a área técnica é dividida entre o subsolo e o terceiro pavimento (Great Buildings). A figura 3.41 abaixo mostra o subsolo e parte das tubulações.

Fig 3.41: Área técnica no subsolo. Fonte: SHAPIRO, 2016.

Fig 3.42: Réplicas expostas na circulação. Fonte: SHAPIRO, 2016. Outro fator que faz este empreendimento entrar como referencial é a exposição permanente de réplicas de animais marinhos em tamanho real (figura 3.42). Estas exposições expandem o imaginário Fig 3.39: Corte indicado na figura 3.38. Fonte: Great Buildings. do visitante em relação as possibilidades e Fig 3.40: Planta baixa do primeiro pavimento. Fonte: Great Buildings. variedade de espécies marinhas. 40 SÍNTESE - 3.1: Térreo livre para dar mais permeabilidade e criar conexões entre público e privado; - 3.1: Utilização de níveis com o intuito de criar um passeio lúdico pelo terreno; - 3.1: Uso de uma malha estrutural fixa já que com os devidos cuidados a estrutura pode estar dentro do tanque; - 3.1 e 3.2: Vizualisação dos tanques: hora pela superfície, ora por baixo, cria uma relação entre os habitats de terrestres e marinhos; - 3.1 e 3.2: Proporção das áreas técnicas para áreas de exposição; - 3.2: Para a espessura dos acrílicos que separam os peixes do público será utilizado como parâmetro o Oceanário de Lisboa em que o tanque central possui paredes acrílicas de 30cm de espessura para um volume aproximado de água de 6000 metros cubicos. - 3.3: Formato circular do tanque com a visualização de diversos ângulos conforme o usuário vai subindo para a abertura do tanque. - 3.4: Possibilidade do volume principal estar apoiado no terreno, a fim de formar uma passagem por baixo; - 3.4: Auditório/teatro separado da edificação principal forma uma composição interessante na volumetria do conjunto; - 3.4: Auditório/teatro com paredes retráteis no palco para a possibilidade de abertura de eventos para a comunidade; - 3.5: A conexão entre o usuário e o mar por meio de patamares até a água; - 3.6: O conceito de trazer o aprendizado para fora das paredes do aquário/oceanário; - 3.7: A cobertura orgânica com treliças planas e pilar árvore; - 3.8: O uso da laje nervurada aparente; - 3.8: O formato côncavo da base dos tanques; - 3.8: Detalhe da junção do acrílico com a estrutura metálica que o sustenta; - 3.8: Captação da água da baía; - 3.8: Modo de exposição de réplicas em tamanho real e painéis interativos . 41

CAPÍTULO IV DIAGNÓSTICO DA ÁREA

Para compor um bom projeto arquitetônico é preciso analisar a área de implantação para tirar conclusões e diretrizes adequadas às necessidades do terreno e seu entorno.

Fig 4.1: VALENTE, 2019. 43 4.1 LOCALIZAÇÃO

A Ponta da Ilhota, ou Ponta do Ataliba (figura 4.2), está localizada na sede continental do município de Florianópolis, no bairro de Coqueiros. Hoje a Ponta é ocupada em parte por um parque conhecido como Parque dos Cachorros pela grande quantidade de moradores que levam seus cães para passear lá. Fig 4.3: Mapas de localização. Fonte: Google maps, adaptado pela Antigamente o local era sede do restaurante Ataliba, autora. razão de um de seus nomes, sendo realocado na década de 90. O terreno escolhido, de topografia plana, não possui muitos limites econômicos, mas sim físicos, sendo a porção norte e leste rodeadas pelo mar da baía sul. Na porção noroeste a área encontra com solo arenoso e alagadiço graças a uma pequena parcela de banhado e na porção nordeste há uma grande rocha maciça. Fig 4.4: Imagem aérea. Fonte: Fig 4.5: Imagem aérea. Fonte: N VALENTE, 2019. VALENTE, 2019.

1 2 Fig 4.6: Foto da rua Wilson Luz. Fig 4.7: Foto do acesso ao terreno. Fonte: da autora, 2019. Fonte: da autora, 2019.

2 3 1

Fig 4.8: Foto do estacionamento e dos prédios residenciais a oeste Fig 4.2: Imagem satélite da área. Fonte: Google maps, adaptado pela autora. 3 do terreno. Fonte: da autora, 2019. 44 Fig 4.9: Imagem de satélite de 1938. 4.2 HISTÓRICO DA ÁREA Fonte: PREFEITURA MUNICIPAL DE FLORIANÓPOLIS. Uma das primeiras documentações aéreas de Coqueiros é um dos bairros da parte continental da Florianópolis. Percebe-se a capital catarinense. Porém, nem sempre pertenceu a 1938 baixa densidade da região Florianópolis, sendo um bairro do município de São José continental. até 1944, assim como toda a parte continental próxima Fig 4.10: Imagem de satélite de 1957. a ilha. Foi por intervenção do então governador Nereu Fonte: PREFEITURA MUNICIPAL DE FLORIANÓPOLIS. Ramos em 1943, quando ordenou um estudo para Já se vê o aumento adicionar territórios a capital que a área pertencente considerável de ruas e hoje a coqueiros, junto com algumas outras foram edificações próximas a incorporadas à Florianópolis, fato concretizado por cabeceira da ponte Hercílio decreto em 1944 (DAMIÃO, 2014). 1957 Luz e ao sul do terreno ao longo do bairro de Coqueiros. “O bairro “dos” Coqueiros, como era chamado até os anos 1970, Fig 4.11: Imagem de satélite de 1977. Fonte: PREFEITURA MUNICIPAL DE conservou durante décadas as suas características FLORIANÓPOLIS. de balneário, com casas de praia dos mais abastados Construção das pontes moradores da Capital – não havia estradas decentes Pedro Ivo e Colombo Salles. até o Norte e o Sul da ilha, o acesso a Canasvieiras ou Armação era difícil e demorado. Estando mais Início dos aterros na região continental. Também nota- perto, Coqueiros recebia as famílias na temporada de 1977 veraneio e era também um importante ponto para se a construção do trapiche pescarias. Sua importância como balneário pode ser no terreno do projeto. compreendida ainda com a construção da sede do Clube 12 de Agosto, chamada até hoje de Praia Clube.” Fig 4.12: Imagem de satélite de 1994. (DAMIÃO, 2014) Fonte: PREFEITURA MUNICIPAL DE FLORIANÓPOLIS. A área do terreno tem alguns nomes como Ponta José Pode-se perceber o aterro Francisco, Ponta do Ataliba (devido a ser por muitos que muda ainda mais a forma anos a sede do restaurante de mesmo nome) e, mais da costa do Bairro. Mais tarde 1994 conhecido atualmente, Ponta da Ilhota. Trata-se de essa área dará espaço ao um terreno privado, propriedade de uma família de Parque de Coqueiros. Também empresários que já em mais de uma ocasião tentaram é pertinente apontar a antiga edificar um hotel com marinha. Por pressão popular os casa do Restaurante Ataliba, projetos nunca saíram do papel e a comunidade clama que dá um dos nomes a ponta. pela criação de mais um parque que conecte o Parque Fig 4.13: Imagem de satélite de 2012. Ponta da Ilhota com o Parque de Coqueiros. Fonte: PREFEITURA MUNICIPAL DE FLORIANÓPOLIS. 2012 Bastante próximo a realidade que se vê hoje. 45 4.3 MORFOLOGIA, SISTEMA VIÁRIO E ACESSOS

As ruas locais, no mapa (figura 4.14) representadas o que no Brasil muitas vezes significa ocupações em branco , junto com os espaços ocupados em cinza irregulares e habitação popular. Coqueiros conta com mostram alguns aspectos da construção morfológica várias habitações de alto padrão em seus morros, mas do bairro. Vemos em alguns momentos ruas ortogonais, somente são encontradas ruas irregulares em locais característica de um certo planejamento urbano, que onde o Poder Público negligenciou planejamento e historicamente condizem com a formação de um bairro recursos. de classe média/alta. Já em outros locais temos ruas com As ruas da parte continental de Florianópolis, em formato orgânico, que são normalmente formadas em especial próximo às pontes, têm a característica de função da falta de planejamento e terreno acidentado, passagem para chegada à ilha. A configuração viária N

Terreno Vias trânsito rápido Vias arteriais Vias coletoras Vias subcoletoras Vias locais

Fig 4.14: Mapa de morfologia e sistema viário. Fonte: Google maps, adaptado pela autora, 2019. Morfologia urbana 46 gira muito em torno de acesso à capital, sendo as Para chegar ao terreno usando o transporte público, principais rodovias a BR-282, a Avenida Governador o usuário deve desembarcar na Av. Eng Max de Souza Ivo Silveira que depois muda de nome para Avenida tendo algumas opções. Ao sair do TICEN (Terminal de Engenheiro Max de Souza, a Rua Capitão Euclides de Integração do Centro) pode pegar a linha 664 ITAGUAÇU Castro e a Avenida Almirante Tamandaré. ou a linha 665 ABRAÃO. Para linhas Executivas existem as As ruas de acesso ao terreno são Rua Jaú Guedes da opções 6220 ABRAÃO saindo do TCF (Terminal Cidade Fonseca, Rua João Roberto Sanford e Rua Wilson Luz. de Florianópolis) ou o 3001 ABRAÃO/UFSC saindo da Para pedestres o acesso é feito diretamente pela Rua Universidade Federal de Santa Catarina. Todas as linhas Wilson Luz (figura 4.15). são circulares, passando pela Avenida na ida ou volta (Consórcio Fênix, 2019). N

Terreno

Ponto de Ônibus

Acesso carros Acesso secundario carros Acesso ciclistas Acesso pedestres

Fig 4.15: Mapa de acessos ao terreno. Fonte: Google maps, adaptado pela autora, 2019. Sentido das ruas 47 Ao lado se vê cortes esquemáticos, elaborados pelo Plano Diretor, dos perfis das principais ruas que dão acesso ao terreno: Rua Jaú Guedes da Fonseca e Rua João Sanford (figura 4.16), Rua Wilson Luz (figura 4.17) e Av. Eng. Max de Souza (figura 4.18). Os cortes mostram o alargamento das ruas, os mais enfáticos sendo da Rua Jaú Guedes da Fonseca e da Rua João Roberto Sanford, porém sendo uma área bastante consolidada Fig 4.16: Perfil proposto da Rua Jaú Guedes da Fonseca e da Rua João Roberto Sanford. Fonte: Plano Diretor, 2014. será difícil a adequação ao novo desenho. Os croquis esquemáticos abaixo representam em corte como é a configuração das ruas atualmente. São elas Rua Jaú Guedes da Fonseca e Rua João Sanford (figura 4.19), Rua Wilson Luz (figura 4.20) e Av. Eng. Max de Souza (figura 4.21).

Fig 4.19: Perfil atual da Rua Jaú Guedes da Fonseca e da Rua João Roberto Sanford. Fonte: da autora, Fig 4.17: Perfil proposto da Rua Wilson Luz. Fonte: Plano Diretor, 2014. 2019.

Fig 4.20: Perfil atual da Rua Wilson Luz. Fonte: da autora, 2019.

Fig 4.18: Perfil proposto da Av. Eng. Max de Souza. Fonte: Plano Fig 4.21: Perfil atual da Av. Eng. Max de Souza. Fonte: da autora, Diretor, 2014. 2019. 48 4.4 USO DO SOLO

Conforme mostra o mapa abaixo (figura 4.22), Próximo às pontes existem alguns edifícios de carater comércio e serviços se concentram ao longo da Avenida institucional como o Instituto Federal de Santa Catarina Eng. Max de Souza, principal rua do bairro, que tem e um centro de informações para turistas. Ao longo da característica de passagem. Já nas ruas perpendiculares área analisada também existe uma igreja, um posto de a essa percebe-se o caráter majoritariamente residencial saúde e duas escola de ensino básico (uma pública e do bairro. São encontrados alguns edifícios mistos uma particular). entre residencial e comercial, sendo em sua maioria As áreas de lazer são bastante proeminentes graças empreendimentos novos, seguindo a tendência de uso ao Parque de Coqueiros e ao Parque da Ponta da Ilhota misto. (ou Parque dos Cachorros como é popularmente conhecido). N

Terreno Residencial Comercial e Serviços Misto Institucional Verde e Lazer

Fig 4.22: Mapa do uso do solo. Fonte: Google maps, adaptado pela autora, 2019. Abandonadas 49 4.5 GABARITO

Conforme mostram os mapas nos itens de histórico do bairro ainda é de residências de 1 até 3 pavimentos. da área e uso do solo, Coqueiros se iniciou como um As edificações de 4 pavimentos e 5 ou 6 pavimentos bairro residencial e, pela facilidade de acesso à ilha, são, em sua maioria, residenciais. Gabaritos maiores de atraiu mais pessoas, se tornando um bairro residencial 7 pavimentos, sendo o mais alto de 14 andares variam de médio/alto padrão com serviços e comércio. entre comercial e residencial. Com o aumento da população e serviços, o gabarito acompanhou o crescimento, verticalizando tanto torres comerciais quanto residenciais. Analisando o mapa de gabaritos (figura 4.23) conclui-se que a grande maioria Volumetria esquemática N do projeto Av. Eng. Max de Souza

Fig 4.24: Corte esquemático pelo terreno e entorno. Fonte: da autora, 2019. Conforme exemplificado pelo corte esquemático (figura 4.24) que passa do terreno até além da Av. Eng. Max de Souza, o gabarito aumenta conforme a proximidade com avenidas importantes ou quando a altitude beneficiará os potenciais visuais.

Terreno 7 ou mais pavimentos 5 ou 6 pavimentos 4 Pavimentos 3 Pavimentos 2 Pavimentos 1 Pavimento

Fig 4.23: Mapa de gabaritos. Fonte: Google maps, adaptado pela autora, 2019. Abandonadas 50 4.6 LEGISLAÇÃO

Segundo o Plano Diretor participativo de Florianópolis aproveitamento de 3,36 e taxa de ocupação de 50%. (figura 4.25), elaborado em 2014, a área analisada Consultando as tabelas e anexos do Plano Diretor de possui área residencial predominante, área residencial Florianópolis constatou-se que a melhor classificação mista, área mista central, área comunitária institucional, pra um Oceanário seria como “Zoológicos, hortos área verde de lazer, área mista de serviços, área de e parques“. Na tabela de adequação dos usos a preservação de uso limitado - encosta e zonas especiais classificação acima consta como permitida para a área de interesse social. O terreno do projeto está em uma do projeto. sessão de área mista central catalogada como 6.5, o Apesar de não ser considerado polo gerador de que significa um máximo de 6 pavimentos, índice de tráfego (PGT) pela área do projeto, entende-se que N

Terreno Área Mista Central Área Residencial Mista Área Residencial Predominante Área Comunitária AMC Institucional Área de Preservação Limitada - Encosta Área Verde de Lazer Zona Especial de Interesse Social

Fig 4.25: Mapa de condicionantes legais. Fonte: Google maps, adaptado pela autora, 2019. Área Mista Serviços 51 será um atrativo para a cidade. Sendo assim, para AMC 6.5 vagas de estacionamento serão utilizadas medidas Área total do terreno: 25.000 m² que comportem um número maior de pessoas do N máximo de pavimentos: 6 que o recomendado na classificação original. Como Taxa de ocupação máx do térreo: 50% referência foram usadas diretrizes para as classificações: “Zoológicos, hortos e parques“ e “Pavilhões para feiras e 25.000 x 0,50 = 12.500 m² parque de exposições “. Taxa de impermeabilização máxima: 70% Por ser um terreno em área costeira, deve-se atentar às 25.000 x 0,70 = 17.500 m² zonas designadas a terreno de Marinha (figura 4.26). Essa H máxima da fachada/cumeeira: 22/28 metros zona consiste em uma faixa de terra com afastamento de 30 metros a partir da borda d’água. Em análise Coeficiente de aproveitamento mínimo/básico: 1 do decreto/lei n. 9.760/1946 e da lei n. 9.636/1998, 25.000 x 1 = 25.000 m² concluiu-se que áreas de terreno de marinha podem Coef. de aprov. máx. com Outorga Onerosa: 3,36 ser edificados, assim como acima da água, desde que 25.000 x 1 = 84.000 m² observados os demais procedimentos administrativos Coef. de aprov. adicional no subssolo: 1 cabíveis, em especial a realização de consulta de impacto ambiental e processos administrativos junto a Secretaria do Patrimônio da União.

AFASTAMENTOS: N Frontal: 4 metros. Lateral: 1,5 metros. Terreno de Marinha: 30 metros a partir da borda d’água.

ESTACIONAMENTO: Foi adotado um misto de diretrizes para as classificações: “Zoológicos, hortos e parques“ e “Pavilhões para feiras e parque de exposições “. Automóveis: 1 vaga a cada 165 m² de terreno. Bicicletas: 1 vaga a cada 215 m² de terreno Motocicletas: 1 vaga a cada 215 m² de terreno

Fig 4.26: Mapa de limites de terreno de marinha. Fonte: Google maps, adaptado pela autora, 2019. 52 4.7 EQUIPAMENTOS DE LAZER N

Como ilha, Florianópolis atrai muitos turistas e da Memória, o Museu do Lixo, entre outros, conforme moradores para suas belíssimas praias. Porém tal mostra a figura 4.27. Em São José as opções se tornam atividade fica condicionada a estação do ano e ao ainda mais limitadas. clima local, nem sempre sendo propícia. Já para programas ambientais (figura 4.28), as opções Para suprir a necessidade de entretenimento, lazer na capital são visitas a projetos como o Projeto Tamar e cultura em áreas internas, o público deve recorrer na Barra da Lagoa, o Projeto Lontra na Lagoa do Peri e a a algum dos poucos centros, concentrados nas áreas Estação Ecológica Carijós. Estes locais são, não só fonte mais densas da cidade. Alguns desses locais são o de pesquisa para acadêmicos, como escolas ao ar livre Centro Integrado de Cultura (CIC), o Museu Vitor para crianças, jovens e adultos. A conscientização da Meirelles, a Fundação Cultural Badesc, o Museu Franklin população e a preservação das espécies estudadas são Cascaes, o Museu do Homem do Samabaqui, a Casa os principais objetivos dos projetos ambientais.

N N Estação Carijós

Projeto Tamar

Projeto Lontra

Fig 4.28: Mapa de projetos e ONGs ambientais em Florianópolis. Fonte: Google maps, adaptado pela autora, 2019. Centros culturais (Museus, teatros, galerias, etc) Fig 4.27: Mapa de centros culturais em Florianópolis e São José. Fonte: Google maps, adaptado pela autora, 2019. Projetos e ONGs marítimas 53 4.8 CONDICIONANTES AMBIENTAIS E VISUAIS

A figura 4.30 abaixo oferece uma síntese das solar e vedações internas pesadas no inverno condicionantes ambientais da área. Localizada na (Associação Brasileira de Normas Técnicas, 2005). Zona Bioclimática 3, Florianópolis possui estações Já analisando o terreno, os maiores condicionantes bem definidas e clima úmido. Para isso a Norma são o mar a norte e leste e a densa de Desempenho térmico de edificações (parte vegetação a oeste. Segundo o Plano 3) recomenda: aberturas médias para ventilação Diretor (2014) essa massa vegetal é permitindo entrada do sol do inverno, vedações um banhado, considerado área de externas refletoras para paredes e isolamento leve na preservação limitada (figura 4.29). cobertura, ventilação cruzada no verão e aquecimento Fig 4.29: Banhado adjacente ao terreno. Fonte: Google Earth, 2019.

Fig 4.30: Imagem de satélite da área. Fonte: Google maps, adaptado pela autora, 2019. 54 Tratando da incidência de sol (figura 4.31) observa-se que Florianópolis possui uma carta solar que favorece o período da manhã, em especial a fachada Nordeste nos meses de Março a Junho, período representado pela mancha azul claro no mapa. Em compensação as áreas em vermelho não são consideradas ideais e são necessárias proteções contra essa incidência solar. Conforme mostram as figuras ao lado, os ventos de maior incidência (figura 4.32) são o Norte e Nordeste. Para a frequencia dos ventos (figura 4.33), se observa aumento do Nordeste ao longo do ano todo e do Norte na primavera. O vento sul, apesar de não ser nem o mais predominante, nem o mais frequente, se destaca pela força e baixas temperaturas que traz.

N Fig 4.32: Imagem da rosa dos ventos para ventos predominantes. Fonte: SOL-AR, 2019.

Fig 4.33: Imagem da rosa dos ventos para frequência dos ventos. Fonte: SOL-AR, 2019.

Temperatura > 25° 20° < Temperatura <=25° 14° < Temperatura <=20° 10° < Temperatura <=14° Fig 4.31: Mapa da área com carta solar de temperaturas. Fonte: Google maps e SOL-AR, adaptado pela autora, 2019. 10° < Temperatura 55 N

Fig 4.34: Mapa síntese das analises. Fonte: Google maps, adaptado pela autora, 2019. 56 SÍNTESE

- 4.3: Alargamento e adequação das ruas Jaú - 4.7: Implantação de mais usos culturais. Guedes da Fonseca e Wilson Luz para a proposta do A necessidade de equipamentos culturais em Plano Diretor. Florianópolis faz relevante o uso do terreno para tal tipo - 4.3: a adequação das ruas de acesso ao projeto de empreendimento. podem dar a possibilidade da criação de uma linha - 4.8: Preservação da mata a oeste do terreno, de ônibus que chegue até o Oceanário. considerada zona de preservação limitada de encosta. - 4.4: Bairro residencial com crescimento de comércio e serviços. A expansão do uso bairro adequa o projeto do Oceanário para a área. - 4.5: Gabarito baixo: mesmo que o Plano Diretor possibilite edifícios de até 6 pavimentos, a área está localizada em uma ponta privilegiada. Portanto um edifício alto poderia ser considerado um bloqueio das visuais. - 4.6: O terreno está zoneado como AMC 6.5 e para classificação do uso se adequa melhor para “Zoológicos, hortos e parques“.

AMC 6.5 N máximo de pavimentos: 6 Taxa de ocupação máx do térreo: 50% Taxa de impermeabilização máxima: 70% C.A. mínimo/básico: 1 C.A. com Outorga Onerosa: 3,36 C.A. adicional no subssolo: 1

- 4.6: A partir de pesquisa legal e ambiental, presume- se possível o avanço da edificação tanto em terreno de Marinha como acima do mar, diante de consulta de impacto ambiental e processo administrativo dentro do SPU.

57

CAPÍTULO V PARTIDO GERAL

Fig 5.1: Perspectiva da fachada Norte. Fonte: da autora, 2019. 59 5.1 LEITURA DO TERRENO

Após as análises do terreno e entorno, foram A orientação do projeto em relação ao terreno e as traçadas diretrizes para a implantação do Oceanário condicionantes ambientais também foram alvo de de FLorianópolis. Inicialmente foram pensados estudo (figura 5.3). Ao posicionar o volume no sentido equipamentos urbanos tradicionais como quadras de Norte-Sul a passagem dos ventos era favorecida, mas esporte e parquinhos (figura 5.2). Mas pela existência a circulação de pedestres dentro do terreno ficava destes no Parque de Coqueiros próximo ao terreno fragmentada. Já no sentido Leste-Oeste as passagens julgou-se que o parque do Oceanário teria um caráter fluem e quaisquer problemas causados pelas educacional e de conscientização, fazendo com que as entempéries podem ser solucionados com uso de áreas ao redor do edifício sejam mais contemplativas. O brises e proteção para os ventos. maior equipamento projetado, por sua vez, é um lago próximo à mata a noroeste do terreno.

Fig 5.3: Estudos de posicionamento no terreno. Fonte: da autora, 2019. A figura 5.4 na página ao lado mostra um estudo mais completo e condizente com a proposta final. Nele pode-se perceber a grande área de contemplação ao norte do terreno e o deck de madeira com trapiche que conecta o projeto com o Parque de Coqueiros. Também é possível visualizar os acessos principais Fig 5.2: Croqui inicial da proposta de implantação. Fonte: da autora, 2019. vindos da Rua Wilson Luz, do Parque de Coqueiros e do A figura 5.2 também faz menção à demolição do Parque Ponta da Ilhota. Os equipamentos a Noroeste trapiche existente e a contrução de um novo deck serão bicicletários, áreas de piquinique e o lago. A com trapiche de contemplação. A princípio esse novo captação da água do mar (figura 5.5) não pode ser equipamento seria somente de uso de pedrestres em feita dentro da baía sul pela quantidade de sedimentos passeio. Mas com a possível instalação do transporte em suspensão causados pelas correntezas nas águas. marítimo em Florianópolis o trapiche poderia serir Em função disso uma tubulação deve percorrer de ponto de parada e conexão com outros terminais aproximadamente 30 quilômetros até a entrada da baía hidroviários ao longo da baía sul e baía norte. ao Norte da ilha. 60 N

Rua Wilson Luz

Fig 5.4: Estudo de machas dos usos do projeto. Fonte: da autora, 2019. N Ao Sul do terreno existe hoje uma edificação que aparenta ser um galpão (figura 5.6). Ao visitar o terreno constatou-se que tal edificação pode ser apenas uma base para o caseiro responsãvel por cuidar da área. Sendo assim a edificação será demolida.

Fig 5.5: Mapa com o duto de captação de água. Fonte: Google Maps, Fig 5.6: Imagem de satélite da edificação existente. Fonte: Google Maps, adaptado pela autora, 2019. adaptado pela autora, 2019. 61 5.2 PROGRAMA DE NECESSIDADES OCEANÁRIO (continuação) DESCRIÇÃO M² M³ Tanque SC 11 33 Tanque raso para área de toque 23 69 As diversas condicionantes técnicas que compõe Tanque Central: Ilha do Arvoredo 130 910 o desenho de um Oceanário foram explanadas na Tanque SC 11 33 seguinte tabela: Tanque SC 17 51 ACESSO PÚBLICO Tanque SC 12 36 DESCRIÇÃO M² Tanque Corais Brasileiros 11 33 Hall 260 Tanque Corais Brasileiros 11 33 Exposição Temporária 125 Tanque Corais Internacionais 44 132 Bilheteria 53 Tanque Invertebrados: Ostras 3 9 Mezanino Administração 50 Tanque Invertebrados: Camarões 3 9 Restaurante 130 Tanque Invertebrados: Moluscos 2.25 6,75 Café 55 Tanque de Águas-vivas catarinense 23 70 Teatro Externo 335 Sala 2100 42 - Banheiros 60 Área de exposição dos tanques (circ.) 1365 - Estacionamento (subsolo) 8600 Banheiros 56 - TOTAL 9668 TOTAL 2100 2025

OCEANÁRIO ÁREAS TÉCNICAS* DESCRIÇÃO M² M³ Auditório do Oceanário 125 - DESCRIÇÃO M² Sala Ilhas e Origens 60 60 Salas de apoio aos tanques individuais 335 Tanque Mangue de Florianópolis 70 210 Área técnica nível -3 1690 Tanque Mangue Norte 11 33 Área técnica nível 0 1560 Tanque Mangue Centro-Oeste 6 18 TOTAL 3585 Tanque Mangue Nordeste 6 18 * As áreas técnicas serão projetadas em sua Tanque Águas Salobras: Lagoa Peri 45 90 totalidade com o desenvolvimento do projeto Tanque Águas Salobras: espécies 11 33 no TCC II. Estas incluem: sala de enfermagem, adaptadas sala de químicos, sala de estoque de ração, Tanque Águas Salobras: espécies 11 33 sala de preparo de alimentos frescos, sala de exclusivas do habitat equipamento de mergulho, sala de materiais de limpeza dos tanques, sala de peças de reposição Tanque SC 17 51 dos equipamentos, sala de controle dos sistemas Tanque SC 17 51 computadorizados para inspeção dos níveis Tanque SC 11 33 químicos dos tanques, entre outras 62 5.3 FLUXOGRAMA

Fig 5.7: Fluxograma. Fonte: da autora, 2019. 63 5.4 DESENVOLVIMENTO DA VOLUMETRIA

As primeiras propostas volumétricas para o Oceanário tendo em vista que o usuário raramente perceberia o se inspiravam fortemente em movimentos parabólicos, desenho ao utilizar o empreendimento. Passou-se a seja no bater das asas da arraia, ou pelas ondas do mar. estudar formas mais lineares para o edifício, transferindo Uma das primeiras concepções foi um edifício térreo as formas orgânicas para elementos externos como a que, em planta baixa, tinha o desenho de uma arraia cobertura (figura 5.10) e o traçado do parque. (figura 5.8). Pensando na conexão desejada entre o edifício, o usuário e o mar, foi tomada como diretriz que parte da N volumetria atravessaria a linha costeira e se instalaria acima da água (figura 5.10). Conforme explanado neste

Fig 5.10: Croquis iniciais de uma cobertura orgânica. Fonte: da autora, 2018.

trabalho, nas seções secundárias 4.6 (legislação) e 4.8 (condicionantes ambientais), considerou-se justificável Fig 5.8: Concepção inicial no formato de arraia. Fonte: da autora, 2018. o avanço do edifício no mar. A encosta do terreno é Porém, por se tratar de um conceito de volumetria constituída de pedras, gerando pouco impacto nos formal que só poderia ser compreendido inteiramente arredores e o ganho cultural para a sociedade será visto de cima, não foi considerado justificável. O maior que os empecilhos legais. aspecto mais interessante dessa ideia inicial, e que Na página ao lado está graficado um esquema da posteriormente foi incorporada a proposta final, foi a volumetria atual do edifício a nível de partido geral. utilização da cobertura como praça elevada (figura 5.9). Pode-se notar a linearidade do volume, avançando Com o estudo dos pré-requisitos e necessidades em direção ao mar, como que para juntar os mundos que envolvem a criação e manutenção de espécies internos e externos do Oceanário. marinhas, percebeu-se que uma planta baixa orgânica Por se tratar de uma linguagem racional foi utilizada resultaria em mais dificuldades do que benefícios, uma malha estrutural contínua ao longo de todo o volume principal. A laje de cobertura é nervurada, com as cubetas aparentes, já para suportar os tanque e na transição para o subsolo foi utilizada laje protendida alveolar. A malha estrutural do Oceanário é de 12 metros de vão livre, passando para 6 metros no subsolo.

Fig 5.9: Vista da fachada Norte da volumetria de arraia. Fonte: da autora, 2018. 64 Desde a escolha do terreno o edifício foi pensado para avançar acima do mar. Este avanço, além de criar uma volumetria interessante, reforça a conexão entre o conteúdo interno e externo do Oceanário.

Ao sul do terreno existe um parque. Para garantir a livre passagem e conexão entre as áreas verdes o volume foi dividido em dois blocos. O bloco menor fará papel de INTEGRAÇÃO, enquanto o bloco maior concentrará o Parque Ponta OCEANÁRIO. da Ilhota

Buscando maior uso público para o terreno, elevou-se o edifício 4 metros acima do nível do solo. Essa mudança permitiu ainda mais passagem entre as praças e criou uma área pública coberta que pode ser apropriada de diversas formas.

Por fim, para criar um movimento lúdico entre o edifício e o terreno, com a terra escavada para construção do subsolo foi criado um talude onde o volume é gentilmente apoiado.

Fig 5.11: Esquema do pensamento projetual da implantação do edifício principal no terreno. Fonte: da autora, 2019. 65 5.5 ESQUEMAS INICIAIS O Teatro abre para o público por quatro paredes retráteis que giram em torno de um eixo e por Após a análise do terreno e estudo de volumetria, meio deste deslizam até foram elaborados estudos referentes as soluções e as laterais do palco (figura consequências das decisões tomadas como partido. 5.13). A separação do teatro para seu próprio bloco deu liberdade para criação de uma estrutrura maior do que seria quando dentro do Oceanário. Para isso foi Fig 5.13: Estágios de abertura das pensado em uma estrutura de pórticos e um volume paredes do Teatro. Fonte: da autora, 2019. retangular (figura 5.14)

Os cortes esquemáticos abaixo foram feitos como estudo das passagens pelo edifício (figura 5.15), da entrada de sol na edificação (figura 5.16) e da proporção do subsolo para a o terreno e a edificação.

Fig 5.14: Croqui do Teatro. Fonte: da autora, 2019.

Fig 5.15: Corte esquemático Norte - Sul. Fonte: da autora, 2019.

Fig 5.12: Esquema do terreno para mostrar a localização dos croquis. Escala Fig 5.16: Corte esquemático Leste - Oeste. Fonte: da autora, 2019. 66desconhecida. Fonte: da autora, 2019. Foram feitos estudos de como as tubulações chegariam aos tanques, como seriam expostos, e como o usuário visualizaria seu interior (figura 5.17). A altura do painel de acrílico que separa a água do visitante deve ser mais alta que o espectador, mas deve-se atentar para o espaço de manutenção que cada tanque deve ter para a alimentação dos peixes e limpeza dos habitats. Foi deixado um espaço de 70 centímetros entre a laje e a estrutura do tanque. Além disso existe a possibilidade de deixar as tubulações aparentes passando por baixo da laje de cobertura ou criar um piso elevado para passar todas as tubulações necessárias. A vantagem do piso elevado é que esconde os canos, deixando um visual mais limpo. Mas deixar as tubulações aparentes remete a uma linguagem industrial também interessante. Por fim, a nível de partido foi decidido deixar as tubulações maiores, referentes ao abastecimento dos tanques escondidas abaixo do piso e tubulações leves como elétrica e ar-condicionado aparentes.

Fig 5.17: Corte esquemático do tanque e área de visitação. Fonte: da autora, 2019.

A cobertura entre o bloco do Teatro e o bloco do Oceanário (figura 5.18), além de oferecer proteção para os usuários, buscou trazer um contraponto para a linguagem minimalista e linear dos edifícios. Foram estudados vários tipos de estruturas como cascas de concreto, lonas tensionadas e treliças. A principal característica plástica buscada era a leveza. A cobertura deveria conversar com o edifício sem ofusca-lo e sem parecer um volume pesado com o entorno. Em função disso a estrutura projetada para o partido geral é uma treliça plana com vidros ou possivelmente lona tensionada, a ser estudada e detalhada no anteprojeto do TCC II. Fig 5.18: Estudo de modelo tridimensional da cobertura. Fonte: da autora, 2019. 67 5.6 IMPLANTAÇÃO N O Oceanário de Florianópolis têm como objetivo suprir a necessidade de educação ambiental e de áreas de lazer e cultura na capital catarinense. Para isso foram estabelecidas algumas diretrizes.

O acesso de pedestres pode ser feito de maneira lúdica por toda a extensão da via, mas um acesso principal foi criado adjacente à conexão do edifício com a Praça da Ilhota ao lado. Esse calçadão fortalece o eixo de passagem entre um parque 5 15 500 e outro, passando por baixo do edifício que cria uma proteção e uma área de apropriação livre pela população. escala 1/1250 Fig 5.19: Implantação. Fonte: da autora, 2019. 68 Para conexão com o entorno foi proposta a estacionamento deveria estar no subsolo, já que adequação das ruas que dão acesso ao projeto ao o terreno encontra-se em uma área tão nobre. O que é estabelecido pelo Plano Diretor. Isso inclui estacionamento no subsolo permite maior espaço alargamento das vias e inserção de ciclovia na Rua para aproveitamento da população e não subutiliza Wilson Luz. No tópico de ciclovías, foi traçada uma áreas. Contudo. é necessária uma pista de acesso conexão com o Parque de Coqueiros pela orla. rápido ao edifício para garantir a acessibilidade. Essa conexão se daria em forma de deck a fim de Levando em consideração a magnitude do terreno não impactar na área de proteção que consiste o e a praticidade, julgou-se necessário um pequeno pequeno mangue. estacionamento de embarque e desembarque com Adentrando no terreno, após estudar as aproximadamente 10 vagas, além de vagas para 3 condicionantes, conclui-se que a maior parte do ônibus turísticos. Uma continuação da pista, porém com acesso restrito para funcionários leva à área de carga e descarga do oceanário.

+9,00

+4,00

+2,00

0,00

Circulação vertical Circulação vertical de emergência Fig 5.20: Diagrama explodido da área construída. Fonte: da autora, 2019. 69 5.7 PLANTAS B’

coz. do restaurante café administração restau. auditório sala ilhas e origens hall 1 A passarela 9 inverte- Fig 5.21: Perspectiva mostrando a bilheteria e sala brados loja 2100 cobertura. Fonte: da autora, 2019. projeção da cobertura exposição temporária administrat. 10 B 1 10 percurso do visitante

BLOCO OCEANÁRIO (nível +4,00) O sistema de acesso ao Oceanário se dá de forma O bloco de maior destaque do projeto, não só pela digital, com scanner de tickets para agilizar a entrada dimensão mas também pela importância, têm a de pessoas. Já visível antes de entrar na exposição função de expor os animais e plantas que compõem está um tanque de águas vivas que cumprimenta os o programa do Oceanário de Florianópolis. Antes de visitantes. Logo no início os visitantes têm acesso ao entrar na exposição paga, o público tem acesso a auditório, caso queiram ver um vídeo educacional loja do museu que conta com souveniers não só das ou receber uma explanação sobre o Oceanário. Este exposições como de Florianópolis. Por esse motivo auditório foi pensado para ser usado quando grupos escolheu-se não posicionar a loja como de acesso de excursão seja de crianças ou adultos visitam o exclusivo aos visitantes que pagaram a entrada ao projeto. A primeira sala é a de Ilhas e Origens que Oceanário. Pensando em possíveis filas que podem explica sobre o processo de formação de ilhas, se formar em dias movimentados, o hall do bloco origem dos peixes e da vida marinha. Em seguida, é extenso para dar espaço tanto para quem está como foi falado em origens, se tem o habitat dos entrando ou saindo da exposição, como para dar Mangues que são considerados os berçários do acesso a loja. mar. Dentro de mangues encontra-se o tanque 70 N linha do mar C’

salobras área técnica 2 3 salobras 4 santa catarina mangues salobras wc pcd wc A’ 6 área técnica 5 wc wc pcd

corais 8 corais 7 santa catarina

área área técnica técnica C 1 5 20 escala 1/500 Fig 5.22: Planta baixa do nível +4,00 (Visitação do Oceanário). Fonte: da autora, 2019.

principal que simula os mangues encontrados em escada ou elevador. Ao subir a escada o visitante tem Florianópolis, e diversos tanques menores que a opção de contemplar o tanque em um patamar simulam mangues de outras áreas do país. O tanque que rodeia metade do aquário. principal do habitat de mangues possui a singular Continuando o passeio, o próximo ecossistema é característica de ser aberto às intempéries, podendo o de corais. Um tanque linear de grande dimensão ser visualizado da cobertura e da lateral do edifício. simula corais do Caribe como atração exótica. Já que este simula mangues da capital, o clima não Os últimos tanques do trajeto são os pequenos interfere negativamente nos cuidados do tanque. invertebrados, onde se pode ver o tanque de águas- Em seguida são os tanques referentes a habitats vivas do início, tanque de ostras, tanque de camarões de água Salobra, sendo o principal reproduzindo a e tanque de moluscos. Lagoa da Conceição. Após passar tanques expondo A última sala do Oceanário é talvez a mais espécies de Santa Catarina se chega ao tanque importante. É a Sala 2100, que convida o visitante principal com quase 1 milhão de litros de água e a refletir sobre seu impacto na natureza e como que simula a Ilha do Arvoredo. Este tanque tambem queremos que o planeta esteja para a virada do pode ser visualizado do nível + 9,00 por meio de uma próximo século. 7171 TÉRREO (nível 0,00) O nível 0 do projeto configura os caminhos Todas essas atividades criam o Parque do principais e parte da área técnica do Oceanário. Por Oceanário. Também será implementado um conceito ele o usuário tem acesso a todos os cantos do terreno de museu ao ar livre que pode contar com esculturas, em meio a um paisagismo orgânico que busca trazer espécies diferentes de plantas ou atividades culturais a curva em contraponto com a lineariedade do participativas. edifício. O piso varia, fazendo uma transição entre placas cerâmicas que imitam concreto, concregrama e grama. Ao longo do terreno estão distribuídas áreas de contemplação e áreas de piquenique.

N

baía sul

deck

lago criado gramado central

zona C’ B’ contemplativa

bicicletário e acesso ao subsolo área técnica praça área técnica A’ A coberta

acesso principal de carga e estrada de carros embarque e pedestres descarga pequeno para o subsolo desembarque estac. C B (17carros) vagas de ônibus

5 15 50 Fig 5.23: Planta baixa do nível 0,00 (parque, circulação e áreas técnicas). Fonte: da autora, 2019. escala 1/1500 72 SUBSOLO (nível -4,00) A subsolo do projeto abriga um estacionamento para 180 carros e 114 motos, além da maior área técnica que dá suporte ao Oceanário. Aqui serão guardados os filtros dos tanques, os equipamentos de bombeamento de água e os depósitos de comida e manutenção, além de demais salas que não são adequadas ou não tem espaço acima.

N

baía sul C’ B’

A’ A área técnica área técnica

i: 12,5% C B

5 15 50 Fig 5.24: Planta baixa do nível -4,00 (estacionamento e áreas técnicas). Fonte: da autora, 2019. escala 1/1500 73 5.8 CORTES

BLOCO TEATRO BLOCO DE INTEGRAÇÃO Inicialmente foi pensado em apenas um auditório O primeiro bloco conceituado no projeto foi o bloco para uso misto do oceanário e apresentações de integração, que atua como hall, dissipador e porta externas. Havia a intenção de fazer o auditório com de entrada para todo o restante do projeto. Neste palco reversível a fim de ter a possibilidade de abrir bloco encontra-se a exposição temporária, restaurante, as apresentações para o público. Com a evolução café e bilheteria. O grande hall de entrada e acesso do partido e analisando a necessidade do local, foi foi concebido para ser uma área de apropriação livre decidido manter um auditório fechado para 100 coberta, servindo principalmente como ponto de pessoas de uso do Oceanário e projetar um teatro encontro e reunião de pessoas. De lá os usuários separado. Este será implantado no terreno utilizando podem comprar ingressos, almoçar, tomar café ou o desnível criado pelo bloco principal e contará com passar o tempo visitando as exposições que trazem palco reversível. temáticas de sustentabilidade e oceanos.

CORTE AA’ Fig 5.25: Corte AA’. Fonte: da autora, 2019. 74 CORTE BB’ Fig 5.26: Corte BB’. Fonte: da autora, 2019. CORTE CC’ Fig 5.27: Corte CC’. Fonte: da autora, 2019.

As esquadrias externas A cobertura do tanque são uma malha de vidro principal em shed oferece e placas brancas, a fim de luz natural controlada para permitir a visualização do o ambiente. A orientação Fig 5.28: Desenho cobertura do tanque exterior sem deixar passar favorece a luz da manhã, principal. Fonte: da raios solares em excesso. que é a mais ideal. autora, 2019.

escala 1/500 1 5 20 75 Fig 5.29: Perspectiva Sudoeste. Fonte: da autora, 2019. Fig 5.30: Perspectiva Nordeste. Fonte: da autora, 2019. 76 5.9 PERSPECTIVAS

Fig 5.31: Perspectiva da proposta. Fonte: da autora, 2019. 77 78 Fig 5.32: Perspectiva da entrada principal pelo Parque da Ponta da Ilhota. Fonte: da autora, 2019. 7979 80 Fig 5.33: Perspectiva da fachada Norte com a cobertura ao fundo. Fonte: da autora, 2019. 81 82 Fig 5.34: Perspectiva da rampa com patamares que dá acesso ao edifício. Fonte: da autora, 2019. 83 84 Fig 5.35: Perspectiva da área do tanque principal com as réplicas de animais marinhos. Fonte: da autora, 2019. 85 86 Fig 5.36: Perspectiva do tanque principal, mostrando a passarela de visualização. Fonte: da autora, 2019. 87 Fig 6.1: Fonte: Arseny Togulev. CAPÍTULO VI CONSIDERAÇÕES FINAIS

89 90 6.1 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este trabalho convida a uma reflexão sobre espaços públicos de cultura e educação ambiental em Florianópolis, abrindo caminhos para novos equipamentos urbanos e turísticos. Meio ambiente e sustentabilidade se tornaram condicionantes obrigatórias para diversos aspectos da vida no século XXI. O ramo da arquitetura e da construção, por gerarem grandes impactos, não podem mais se alienar diante das necessidades do planeta. Também é imprescindível a educação ambiental, tanto dos mais jovens quanto dos mais velhos, a fim de criar uma consciência que mesmo hábitos considerados inocentes podem ter impactos no todo. É entender que pequenas ações, feitas em grande escala pela população, podem ser destrutivas, por mais insignificantes que pareçam. O projeto arquitetônico do Oceanário de Florianópolis cria um ambiente de reflexão e conscientização dos usuários, por meio de exposição de habitats de Santa Catarina e do mundo. O percurso foi desenhado para enaltecer a biodiversidade marinha do estado, atingindo seu ápice no tanque central com quase 1 milhão de litros d’água. Ao final do passeio, o visitante é oferecido uma reflexão sobre seu papel na conservação dos mares e da natureza. Como equipamento urbano o Parque do Oceanário proporciona espaços de contemplação e aprendizado. Entre o lago artificial, os espaços de piquinique ou o museu ao ar livre, o empreendimento do oceanário proporciona espaços qualificados de lazer e cultura.

Fig 6.2: Fonte: Karen Zhang. 91 REFERÊNCIAS

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