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VOL. 20 | N. 34 | 2015 | http://dx.doi.org/10.15448/1980-3710.2015.2

Dossiê 65 anos de TV no Brasil P.01 P.18 P.129 Estórias e História: memórias As contribuições da TV para o Memórias de ontem, hoje de telespectadores sobre desenvolvimento do campo e construção e amanhã – Entrevista com novelas de 1970 e 1980 de novas representações sobre o rural Marialva Barbosa Diego Franco Gonçales e Ricardo Ramos Carneiro da Cunha, Vicente William da Silva Ciro Götz e Julio Cesar Fernandes Darde e Fernando Albino Leme Jéferson Cardoso Recebido em 04 de maio de 2015. Aceito em 20 de janeiro de 2016.

De Rainha dos Baixinhos Resumo Abstract a Rainha dos Memes: o Este artigo é parte de uma pesqui- This article is part of a research on sa sobre ciberacontecimento, de- cyberevents that is being held at humor como vetor de senvolvida no Laboratório de In- the Laboratório de Investigação do vestigação do Ciberacontecimento Ciberacontecimento (Cyberevents ciberacontecimentos a (LIC). A partir de uma análise base- Investigation Lab – LIC). On the ada em uma pesquisa exploratória basis of an analysis of an exploratory partir da ida de da Rede e na construção de sentidos em research and the creation of meaning redes digitais sobre a mudança de over digital networks related to Xuxa’s Globo para a Rede Record emissoras de Xuxa, observamos a transference from one TV network to construção de um ciberaconteci- another, one notices the formation mento que emergiu das apropria- of a cyberevent which originated From Queen of the Shorties to Queen ções humorísticas dos usuários da from the humoristic appropriations plataforma Twitter. Analisamos os by users of the Twitter platform. The of Memes: humor as cyberevents sentidos desenvolvidos e os en- meanings that emerged and the vector when Xuxa goes from quadramentos das pautas em tor- framing of guidelines are analyzed. Rede Globo to Rede Record no do caso.

Palavras-chave Keywords Ciberacontecimento; memes; Cyberevent; memes; Maria Clara Aquino Bittencourt1 redes sociais. social networks. Christian Gonzatti2 Francielle Esmitiz3

81 PORTO ALEGRE | v. 20 | n. 34 | 2015 | pp. 81-90 DOI: http://dx.doi.org/10.15448/1980-3710.2015.2.20546 Sessões do Imaginário De Rainha dos Baixinhos a Rainha dos Memes: o humor como vetor de ciberacontecimentos a partir da ida de Xuxa da Rede Globo para a Rede Record

Introdução ticipação do corpo e na emoção coletiva” (Lévy, 2010, p. sentidos dados aos mais diversos assuntos, da política A internet funciona como campo para novas estrutu- 65). A teatralidade, a performance e a necessidade de ex- ao cinema. Estas apropriações muitas vezes tornam-se rações sociais, implicando articulações entre antropologia, pressão pela visibilidade é presente na evolução humana memes4, permitindo a visualização de um mapa social política, flosofa, publicidade e outros paradigmas comu- desde os primórdios da civilização. Questões ritualísticas que possibilita a compreensão de diversos fenômenos. nicacionais. Os acontecimentos, em níveis sociais e jorna- e a necessidade de desenvolver semiose (Peirce, 2002) Para Recuero (2009, p. 22), o estudo de redes so- lísticos, acompanham estas transformações. Os ciberacon- passaram dos deuses às celebridades. O termo celebrida- ciais torna possível “explorar uma metáfora estrutural tecimentos (Henn, 2014) atuam como vetores de grandes de desperta uma cadeia de associação simbólica diversa: para compreender elementos dinâmicos e de composi- movimentos relacionados à sociedade, não sendo o entre- personalidades da música, do teatro, da moda, do cine- ção dos grupos sociais”. O entendimento das conexões tenimento excludente deste processo. Além da produção ma e até de campos menos artísticos, como o político. que surgem no ciberespaço (Lévy, 2010) fazem eclodir de sentido, através de processo de semiose (Peirce, 2002), o questionamentos não só sobre relações básicas, como a conversação, mas também a uma nova refexão a conceito proposto por Henn permite entender as dinâmi- As celebridades não são apenas protagonistas de respeito da relação entre celebridades e atores sociais cas sociais em torno de conteúdos diversos que circulam nossos noticiários, assuntos de nossas conversas di- que não pertencem ao campo da fama. Os debates em pelas redes digitais de comunicação. árias e repositórios de nossos valores; elas estão en- torno destas transformações ocorrem sob muitas pers- Tendo como embasamento os sentidos desenvol- tranhadas tão profundamente em nossa consciên- vidos pelos atores das redes sociais digitais (Recuero, pectivas, do campo flosófco ao mercadológico e, assim cia que muitos indivíduos se dizem mais próximos, 2009) sobre a mudança de Xuxa da Rede Globo para a como os dispositivos digitais convergem, parafraseando mais apaixonadamente apegados a elas do que aos Rede Record, este artigo busca responder: quais as di- as percepções de Jenkins (2008), as subjetividades hu- próprios parentes e amigos (Gabler, 1999, p. 15). mensões e enquadramentos que desenvolveram cibe- manas também passaram a desenvolver o mesmo pro- racontecimentos motorizados pela troca de emissoras cesso, quando o ser humano desenvolveu: da apresentadora? Como a construção da imagem de As colocações do autor despertam a refexão sobre Xuxa contribuiu para a criação de um campo favorável as dinâmicas da atual sociedade, como práticas dos fãs ...a capacidade de unir seu conhecimento ao de ou- ao desencadeamento de apropriações que estimulam em relação aos seus ídolos, grupos de discussão na in- tros, numa empreitada coletiva (como o spoiling de ciberacontecimentos? Qual a motivação dos atores so- ternet a respeito de temas que, em um entendimento Survivor), a capacidade de compartilhar e comparar ciais, no Twitter, para potencializarem a discussão em raso, podem parecer banais e ainda como as atitudes sistemas de valores por meio de avaliação de dramas torno da troca de emissoras através de interações? Essas de celebridades ganham destaque em grandes veícu- éticos (como ocorre na fofoca em torno dos reality questões embasam a discussão em torno dos cibera- los de comunicação. Para um maior esclarecimento, é shows), a capacidade de formar conexões entre peda- contecimentos e a relação do poder de afetação das ce- necessário um mergulho nas linhas de semiose (Peirce, ços espalhados de informação (como ocorre quando lebridades na construção dos sentidos desencadeados 2002) que, inauguradas a partir do entendimento da consumimos Matrix, 1999, ou Pokémon, 1998), a capa- nas redes digitais. semiótica “como ferramenta epistemológica que ajuda cidade de expressar suas interpretações e sentimen- na compreensão das lógicas implicadas na constituição tos em relação a fcções populares por meio de uma Celebridades e ciberacontecimentos das linguagens” (Henn, 2014) desenvolveram a cogni- própria cultura tradicional (como ocorre no cinema de Através de um aprofundamento histórico na cultura, ção humana para uma condição de espectador-ator, em fã de Star Wars) e a capacidade de circular as criações entende-se que “para codifcar seus saberes, as socieda- uma ambiguidade que converge o campo artístico com através da internet, para que possam ser comparti- des sem escrita desenvolveram técnicas de memória que o das redes sociais digitais (Recuero, 2009). Cria-se assim, lhadas com outros (de novo, como no cinema de fã) repousam no ritmo, na narrativa, na identifcação, na par- um espaço em que o espetáculo é desenvolvido pelos (Jenkins, 2008, p. 235).

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Todas estas disposições são possíveis e surgem por- moso, e que resultou em novas pragmáticas de efeito so- aliar a fórmula celebridade mais diversão, pode-se ci- que, ao mesmo tempo que o ser humano cultua celebri- cial desencadeado pelas celebridades. tar a selfe da 86ª cerimônia do Oscar5. No decorrer do dades e acompanha os desdobramentos das suas vidas Celebridades, através do carisma e, consequente- programa, o fenômeno da convergência midiática acen- narradas, ele também passou a desejar esta condição mente, do poder de afetação, motorizam acontecimen- tuou-se com o pedido da apresentadora, Ellen DeGene- que era exclusiva para alguns. Gabler (1999, p. 16) desta- tos. Como aponta Simões (2014, p. 214), “algumas celebri- res, para tornar a imagem capturada a mais comparti- ca a valorização que os indivíduos deram a habilidades dades assumem uma dimensão acontecimental”, sendo lhada de todos os tempos. que permitem uma atuação, conferindo teatralidade muitos destes acontecimentos tramados nas redes sociais Nesta “selva darwiniana do entretenimento cultural” a qualquer situação, passando-se, então, a interpretar digitais, constituindo-se, portanto, como ciberaconteci- (Gabler, 2009, p. 137), destaca-se a atuação da atriz, can- a vida e não mais vivê-la. Do Homo sapiens surge, por mentos (Henn, 2013). Estas características inauguram no- tora e apresentadora Xuxa Meneghel. Levantam-se pro- questões de adaptabilidade, o Homo scaenius, que seria vas formas mercadológicas, sendo o jornalismo um dos blematizações acerca de sua atuação nas redes sociais o homem artista. A colocação entra em concordância campos mais afetados, assim como a publicidade. Inclusi- digitais, resultando em diversas apropriações e sentidos com a concepção de Jenkins (2008) de que não seria a ve, as maneiras como emergem celebridades ganharam decorrentes do seu carisma, visibilidade e popularidade tecnologia a responsável pela convergência, mas o ser novas propriedades, como destaca Dressier (2012). “O sta- (Recuero, 2009). Como aponta Simões (2014, p. 214), a humano. Em uma linearidade histórica, os dispositivos tus de celebridade pode ser usado não somente para lu- respeito das celebridades, elas emergem nos contex- tecnológicos contribuíram para a formação da cibercul- cro econômico, mas também como forma de adquirir ou tos sociais, provocando grandes marcas, propiciando tura, surgiram como uma das formas de facilitar o es- controlar poder” (p. 15), por isso é cada vez mais recorren- assim, um campo com duas continuidades: um antes e petáculo do ser humano. O ciberespaço tornou-se um te os veículos de comunicação chamarem a atenção do outro depois de determinada celebridade. Assim, a ida palco para o show e a performance, em que os atores público usando apropriações das celebridades em suas de Xuxa para a Rede Record resultou em um aconteci- sociais interagem a fm de conquistar um público, inau- postagens no Facebook ou no Twitter. mento que marca uma divisão de águas na trajetória da gurando, portanto, novas práticas sociais e identitárias. Conforme Henn (2013, p. 12) “acontecimentos que imagem construída por ela, inaugurando novas ques- “Cultura é diversão, e o que não é divertido não é cul- se instituem através de outras dinâmicas de semiose e tões midiáticas a respeito de celebridades e a sua rela- tura” (Llosa, 2013, p. 27). Práticas da contemporaneidade com potencial de produção de crise nas fronteiras se- ção com a web. sinalizam a atração pela diversão que, para ser diversão, miosféricas: são os ciberacontecimentos” (Henn, 2013, precisa ser validada. O momento deixou de ser o único p. 12). Celebridades, aliadas ao processo de semiose Do Xou às Redes Sociais: gozo de felicidade, com a popularização das redes sociais constituinte destes acontecimentos tramados em redes Xuxa e o seu alô digital digitais o processo passou a necessitar de uma validação, sociais digitais, possibilitam uma potência mobilizadora Maria da Graça Meneghel, natural de Santa Rosa, na tentativa de não só agregar visibilidade ao ator que diferenciada dos demais, pois muitos dos sentidos atri- hoje com 51 anos de idade, é uma atriz, cantora e apre- compartilha, mas também de eternizar a felicidade. Cele- buídos resultam em memes (Recuero, 2009), facilitando sentadora, mais conhecida por seu epíteto, “Rainha dos bridades, sendo também atores das redes, não são exce- a viralização e o compartilhamento. Outra característica Baixinhos”. É uma das celebridades brasileiras mais co- ção desta transformação social; antes, a captura de suas que possibilita um maior alcance é o nível de diversão nhecidas; a sua fama iniciou como modelo, mas con- vidas ocorria com uma quebra de privacidade forçada, da das conexões que emergem de um acontecimento: “o quistou grande visibilidade ao iniciar um namoro com o qual algumas eram simpatizantes, através dos paparazzi, que se tem de fazer é dar ao público um bom espetácu- jogador de futebol Pelé. Depois vieram as polêmicas en- hoje, a atuação também ocorre através de plataformas, lo, uma vez que, presumivelmente, as pessoas querem volvendo Ayrton Senna, o flme Amor, Estranho Amor, no como o Facebook e o Instagram. Isso leva a uma autoex- entretenimento” (Gabler, 1999, p. 87). Como exemplo qual protagoniza cenas eróticas com um adolescente6, a posição, que acabou tornando-se parte do que é ser fa- das dimensões que um ciberacontecimento assume ao estreia em programas de auditório e a sua consagração

83 PORTO ALEGRE | v. 20 | n. 34 | 2015 | pp. 81-90 Sessões do Imaginário De Rainha dos Baixinhos a Rainha dos Memes: o humor como vetor de ciberacontecimentos a partir da ida de Xuxa da Rede Globo para a Rede Record como apresentadora infantil. No fnal dos anos 90, o Bra- tais, o que resultou em uma frase com grande potência sentadora. Apesar de não fcar clara qual a intenção da sil inteiro acompanhou o nascimento de sua flha, Sasha. mobilizadora: “aham, Cláudia. Senta lá”. A expressão foi apresentadora com as respostas, os fãs acabam, quase A artista sempre teve a sua vida midiatizada em todos usada pela apresentadora, no programa infantil Clube sempre, interpretando o que ela expressa como engra- os níveis, desde a erotização do seu corpo até o uso da da Criança, da , nos anos 80, para repre- çado e divertido. sua imagem para ações publicitárias. Mais importan- ender8 uma menina, supostamente Cláudia. Em 2011, o Em relação à Xuxa, a flantropia sempre esteve te que problematizar os fatos históricos da carreira de meme foi um dos mais utilizados nas redes sociais, ga- presente na sua imagem através da Fundação Xuxa Xuxa, é demonstrar como a sua visibilidade e atuação, nhando vídeos e sendo incorporado como locução de Meneghel13. Através desta, a imagem da “Rainha dos em todos os níveis midiáticos, a envolveram em cibe- adversidade dentro e fora da rede. Percebe-se, com o Baixinhos” ganhou poder de afetação diante dos seus racontecimentos (Henn, 2014) e semioses (Peirce, 2002) episódio, “novos padrões de interação e (...) novas for- seguidores. Conforme Simões (2014, p. 223), “a partir desenvolvidas pelos atores sociais que interagem com a mas de sociabilidade” (Recuero, 2008, p. 89). Os vídeos de traços e valores que uma celebridade encarna que celebridade em questão, sinalizando assim, novas prá- do Clube da Criança criaram para Maria da Graça Mene- se constroem seus vínculos com uma sociedade em de- ticas relacionadas à atuação e as articulações entre mí- ghel, mais um apelido: Xuxa Verde9; referenciando a cor terminado momento”. Na atualidade, através do concei- dias, celebridades e sociedade. dos vídeos disponibilizados no YouTube. Das identida- to de capital social (Putnam, 2000, p. 19 apud Recuero, Em 2008, a apresentadora criou uma conta no Twit- des de Xuxa, percebe-se que “celebridade constitui hoje 2009, p. 45), que “refere-se à conexão entre indivíduos ter7. Logo, os atores sociais começaram a criticar a ma- uma indústria cultural” (Torres, 2014, p. 89), envolvendo - redes sociais e normas de reciprocidade e confança neira como Xuxa escrevia na plataforma: em caixa alta em seu nó social todas as atividades que circundam o que emergem dela”, pode-se entender como emerge (forma de representar gritos). Em resposta as críticas, entretenimento e a sociedade, sendo a construção do esta forte interação dos atores sociais com Xuxa Mene- ela publicou que aquele era o seu “jeitinho”; a expres- carisma e da imagem determinantes do processo. ghel Segundo Simões (2014, p. 215), “é nesse processo são tornou-se recorrente e usual para outros atores da A popularidade10 de Xuxa, somente no Facebook11, de interação entre as celebridades e seus públicos, que rede. Outra polêmica de Maria da Graça na web teve a está relacionada aos seus mais de 4 milhões de segui- se realiza a partir desses diferentes mecanismos, que se participação de sua flha, na época com 11 anos. Sasha dores. A visibilidade conquistada pela apresentadora, evidencia tanto o carisma daquelas quanto o seu poder cometeu um erro ortográfco escrevendo “sena” ao in- decorrente da sua fama, principalmente na televisão, de afetação”. E como mecanismos, pode-se entender vés de “cena”, em uma postagem. Xuxa argumentou, no ganhou contornos diferentes na web, pois, além das toda a identifcação, ou não identifcação, que usuá- Twitter, que a flha foi alfabetizada em inglês, por isso mobilizações resultantes das postagens da famosa, é rios vão encontrar naquilo que é postado pelo perfl da teria errado na hora de escrever. Apesar de ter dado sua comum que ela interaja com os fãs usando expressões, apresentadora. A presença de Xuxa nas redes sociais di- explicação sobre o fato, as críticas não cessaram, levan- que acabam ganhando sentido humorístico através de- gitais trouxe a quebra da privacidade ao cotidiano de do a apresentadora a publicar: “fui vcs não merecem les, através do seu “jeitinho” específco de ser. No Face- seus seguidores, que passaram a interagir e a fazer parte falar comigo nem com meu anjo” (sic). O desabafo tam- book, por exemplo, um perfl nomeado Marcella, pedin- do processo de construção da imagem da celebridade. bém passou a ser incorporado na rede social, ganhando do uma força para iniciar sua carreira de cantora, teve a “O espaço privado, seja da celebridade, seja do consu- visibilidade e, consequentemente, gerando pautas jor- seguinte resposta: “xiiii marcella, entra no the voice”12. midor, passa a ser a arena onde as distorções encontra- nalísticas e memes. Devido ao episódio, a “Rainha dos Xuxa, então, cria, conforme interage com os seus segui- das na sociedade devem ser articuladas” (Campanella, Baixinhos” abandonou o seu perfl por um tempo. dores, um carisma que é determinante para o seu poder 2014, p. 271). Sinalizando estas rupturas, pode-se citar Sinalizando o poder da convergência (Jenkins, de infuência na rede, sendo o humor a base dessa re- a forma como a exibição de Sasha foi tratada no Face- 2008), momentos do passado de Xuxa passaram a ser cepção, ainda que algumas das apropriações sejam re- book14, gerando, inclusive, polêmica devido à postagem incorporados e compartilhados nas redes sociais digi- sultantes do descontentamento com a postura da apre- de Rafnha Bastos15 comentando a beleza da flha da

84 PORTO ALEGRE | v. 20 | n. 34 | 2015 | pp. 81-90 Sessões do Imaginário De Rainha dos Baixinhos a Rainha dos Memes: o humor como vetor de ciberacontecimentos a partir da ida de Xuxa da Rede Globo para a Rede Record apresentadora, na qual ele faz referência ao processo16 Das diversas percepções que podem ser tomadas, racontecimento”. Deste ponto, cria-se a necessidade de de ao dizer que “bateu vontade de entende-se o caso em torno das apropriações da troca estruturar a potencialização deste ciberacontecimento ser processado de novo”. de emissoras da apresentadora Xuxa Meneghel como através das semioses envolvidas. Percebe-se, então, que a atuação da “Rainha dos um ciberacontecimento. A maior parte de sua constitui- Baixinhos” cria um espaço que movimenta ciberaconte- ção deu-se nas redes sociais digitais, tendo a sua potên- O humor como vetor de potencialização cimentos e novas semioses na rede, em função da re- cia vinculada aos sentidos que os atores sociais deram do ciberacontecimento percussão desencadeada a partir de suas publicações. ao episódio, concordando assim, com os conceitos apre- Com o “objetivo de proporcionar visão geral, de Através do seu poder de afetação, a mobilização em sentados de convergência (Jenkins, 2008). Como apon- tipo aproximativo, acerca de determinado fato” (Gil, torno da sua saída da Globo e entrada na Record, si- naliza e afrma este processo nas redes sociais digitais. ta Henn (2014, p. 38), é neste ambiente, “construtivo de 2008, p. 27), foi desenvolvida uma pesquisa explora- A perspectiva de análise apresentada no próximo item outras possibilidades narrativas, e consequentemente tória, através do termo “Xuxa na Record”, no Twitter, baseia-se no humor como vetor de potencialização de de semioses, (...) que se delineia a emergência do cibe- incluindo publicações e links para portais de notícias, ciberacontecimentos nesse caso específco.

Todo mundo tá feliz? O humor como motor de ciberacontecimentos A saída de Xuxa da TV Globo e a sua entrada na Rede Record, em março de 2015, movimentou sites de redes sociais, criando memes, pautas jornalísticas e discussões a respeito do episódio. Mesmo sem ter a confrmação de que Xuxa trocaria de emissora, já surgiam, na época, especulações nas redes sociais digitais a respeito da saí- da da apresentadora. Devido a chegada de Xuxa à nova emissora, no dia 05 de março, a hashtag #XuxaNaRecord esteve nos Trending Topics do Twitter17. A própria apre- sentadora incentivou o uso da marcação através da di- vulgação das imagens abaixo em seus perfs: Concomitante às repercussões, Xuxa começou a desvincular sua imagem da empresa, na qual trabalhou por 29 anos, descurtindo as páginas da Rede Globo no Facebook, o que também gerou algumas pautas. Impor- tante ressaltar que a Globo desenvolveu o mesmo pro- cesso, tendo cancelado automaticamente, após anúncio da assinatura do contrato com Record, a apresentação do programa Planeta Xuxa, no canal Viva18. Figura 1: Captura de tela da página de Xuxa Fonte: https://www.facebook.com/XuxaOfcial Acesso: 6 mar. 2015

85 PORTO ALEGRE | v. 20 | n. 34 | 2015 | pp. 81-90 Sessões do Imaginário De Rainha dos Baixinhos a Rainha dos Memes: o humor como vetor de ciberacontecimentos a partir da ida de Xuxa da Rede Globo para a Rede Record nos dias 6 e 7 de março de 2015, das 15h às 21h. O tais21, a amostra foi analisada, compreendendo assim: a) Temática do programa 2 Pure Break, Meio Norte Comparações de Xuxa à famosa Ellen DeGeneres, devido objetivo foi construir uma investigação que sinalizas- da Record se, “mediante procedimentos mais sistematizados” à declaração da Record22 de tomar o programa da ameri- (GIL, 2008, p. 27), o principal fator de potencialização Boa Informação, Cidade cana como exemplo do que esperavam para a antiga con- Assinatura do contrato do ciberacontecimento sobre a troca de emissora da 7 Verde, Pure Break, Exame, tratada da Globo; b) A postagem de momentos históricos da Record apresentadora. Partindo-se da perspectiva de que ao R7 , Na Telinha, A Crítica da apresentadora, que incluem músicas e imagens; c) A “estudar as estruturas decorrentes das ações e intera- repercussão do cancelamento do Planeta Xuxa no Canal ção entre os atores sociais, é possível compreender Gente, Terra, Pernambu- Viva; d) A descrença no sucesso de Xuxa na Record; e) O descontentamento com o novo contrato; f) Fãs torcendo elementos a respeito desses grupos e, igualmente, co, Zero Hora, UOL (2), pelo sucesso de Xuxa na nova fase; g) Previsão do fm de generalizações a seu respeito” (Fragoso; Recuero; O Tempo, Veja (3), Pure carreira da famosa pelos atores sociais; h) O uso da hashtag Amaral, 2011, p. 115), considerou-se as semioses de- Break (3), O Dia Televisão para a promoção de assuntos não relacionados à Xuxa; i) senvolvidas em torno do caso como o principal vetor Sobre os memes 26 (2), Cidadão Repórter, Estadão, You Pix, Tudo Acusações de hipocrisia da parte da Record, por já ter, se- de potencialização, pois o ciberacontecimento emer- Interessante, A Tarde, gundo os autores das publicações, acusado a “Rainha dos ge destas interações. Sendo a internet nosso local e Vírgula, Terra, Bol, Folha Baixinhos” de ter feito um pacto com o demônio e da parte instrumento de pesquisa (Fragoso; Recuero; Amaral, Vitória, Gente, MSN. de Xuxa por, ainda segundo os autores, ter processado a 2011), tomou-se como perspectiva as linhas narrativas empresa pela declaração; j) Postagens que tem como em- desenvolvidas pela troca de emissoras de Xuxa. basamento o humor. Tabela 1: Dados dos portais Em um primeiro momento, com o ciberaconteci- Das recorrências e sentidos demonstrados, 218 publi- mento em seu vértice de interação, foram analisadas cações trazem o humor como motivo de uso da hashtag A repetição e a presença da pauta em torno das mon- as chamadas de 38 portais de notícias19, que surgiram #XuxaNaRecord, compreendendo, assim, 39,9 % de uma tagens referentes à apresentadora na busca orgânica le- na busca avançada do Twitter, tendo como princípio amostragem que traz diversas rupturas, mas que sinali- vou a constatação de que a potencialização do ciberacon- de classificação (Gil, 2008, p. 157), através do termo za, em sua maior parte, uma cultura de diversão (Llosa, tecimento teve como principal vetor o compartilhamento Xuxa na Record, o que estava, realmente, sendo pau- 2013) predominante no ciberacontecimento analisado, destas imagens. Mesmo com a presença de outras análises tado. Chega-se, então, aos seguintes dados: sendo este tema, inclusive, a pauta da maior parte dos e pautas sendo possíveis em uma coleta mais abrangente, portais quantifcados. Tomou-se, aqui, a moda como o processo de coleta constatou que “a partir de um deter- medida de tendência, pois ela permite como aponta Tema da pauta: Quantidade: Portais: minado número de elementos da amostra, as frequências Gil (2008, p. 162), encontrar aquilo que é mais típico em tendem a se estabilizar” (Fragoso; Recuero; Amaral, 2011, p. determinado estudo. Seguiu-se, então, para uma análise Descurtida de Xuxa nas 63). Partimos, assim, para a análise das semioses desenvol- qualitativa do sentido humorístico, desenvolvido pelos 1 RD1 páginas da Globo vidas nas redes digitais pelos atores sociais. atores sociais da rede, responsável pela potencialização A busca no Twitter pela hashtag #XuxaNaRecord le- e emergência do ciberacontecimento. Busca de Xuxa pela pes- vou a coleta de 546 publicações, sendo a primeira do dia Buscou-se, a partir da análise de construção de senti- 2 Alvaro Leme, Folha Vitória soa que criou os memes 6 de março de 2015 e a última do dia 19 de novembro de dos em redes, a construção de uma pesquisa qualitativa 201320. Através da construção de sentidos em redes digi- referentes às apropriações humorísticas em sua abran-

86 PORTO ALEGRE | v. 20 | n. 34 | 2015 | pp. 81-90 Sessões do Imaginário De Rainha dos Baixinhos a Rainha dos Memes: o humor como vetor de ciberacontecimentos a partir da ida de Xuxa da Rede Globo para a Rede Record gência. “A pesquisa qualitativa visa uma compreensão pois, ao mesmo tempo em que estes perfs de humor fun- aprofundada e holística dos fenômenos em estudo e, para cionam como vetores de potencialização do ciberaconteci- tanto, os contextualiza e reconhece ser caráter dinâmico” mento, eles também são espaços de mídia para publicida- (Fragoso; Recuero; Amaral, 2011, p. 67), por isso a relevân- des, daí vem a necessidade dos usuários dos perfs estarem cia dos elementos da amostra que, nesse ponto, “passam presentes e fazerem-se notáveis através da diversão. Outro a ser selecionados deliberadamente, conforme apresen- fator humorístico presente nas publicações surgiu através tam as características necessárias para a observação, per- da intertextualidade do apelido Xuxa: cepção e análise das motivações centrais da pesquisa” (Fragoso; Recuero; Amaral, 2011, p. 67). Constatou-se a Figura 4: Captura de tela do Twitter presença de paródias como uma das diversões presentes Fonte: https://twitter.com/ Acesso em: 6 mar. 2015 nas interações analisadas. O comportamento é repetitivo e brinca com a letra de diversas músicas e flmes da carrei- ra da também cantora e atriz. Existem, também, perfs, que já possuidores de visibi- lidade potencializada pelo humor, aproveitam-se da onda de interação e popularidade do ciberacontecimento para cumprir o propósito do perfl e, também, conquistar com- partilhamentos. Perfs como Satanás e Peppa Pig23, intera- Figura 3: Captura de tela do Twitter Fonte: https://twitter.com/ Acesso em: 6 mar. 2015 giram com o fuxo de informações da hashtag. As postagens demonstram, através da hashtag #Xu- O humor surge em níveis imagéticos, como no uso xaNaRecord, um campo histórico de humor da carreira e da foto do nadador Xuxa para referir-se à hashtag de ou- trajetória da apresentadora. Outros elementos apontam tra perspectiva literal, ganhando visibilidade conforme desdobramentos de narrativas transmidiáticas (Jenkins, são compartilhados. É perceptível que devido a perfor- Figura 5: Captura de tela do Twitter Fonte: https://twitter.com/ Acesso em: 5 mar. 2015 2008) desenvolvidas por atores sociais e perfs de hu- mance da apresentadora nas redes, ela passa a ser co- nhecida pelos memes que a referenciam. mor que assistiam à Record no dia da chegada da nova com a efemeridade dos memes. Assim como o “aham, contratada à emissora: A comparação entre o que seria Xuxa na Globo e o senta lá Cláudia” surgiu de uma arqueologia da cons- que seria ela na Record teve, como maior embasamen- to, a religião da nova emissora da famosa. Na análise, trução histórica de Xuxa, outros atores sociais fazem percebeu-se que a dualidade da imagem da apresenta- a mesma garimpagem em busca de momentos que dora, que surge com a sua troca de emissoras, de satâni- tragam o recurso do humor como motor de compar- Figura 2: Captura de tela do Twitter ca à evangelizada, foi um fator determinante e notável tilhamentos e interações. Fonte: https://twitter.com/diva_ofcial Acesso em: 5 mar 2015 para a criação de imagens e textos que passaram a ser Devido à quantidade de pautas que surgiram na Re- compartilhados visando à diversão. cord e em outros portais de notícias, o possível carisma Sinalizam-se, assim, algumas das novas práticas dis- A quebra da privacidade, mais comum ainda às e poder de afetação de Xuxa também geraram constru- seminadas através do Twitter como campo problemático, celebridades na era digital, ganha novas dimensões ções imagéticas que levam ao uso da apresentadora em

87 PORTO ALEGRE | v. 20 | n. 34 | 2015 | pp. 81-90 Sessões do Imaginário De Rainha dos Baixinhos a Rainha dos Memes: o humor como vetor de ciberacontecimentos a partir da ida de Xuxa da Rede Globo para a Rede Record todos os programas da emissora, sendo o humor o pla- Beijinho, beijinho, tchau, tchau: cimentos a partir da performance de Xuxa Meneghel. no de fundo das montagens e textos: refexões e fechamento Evidencia-se assim, novas formas de construções jorna- Celebridades, cada vez mais, emergem como usuárias lísticas e de relações com os públicos, da perspectiva da ativas das redes sociais digitais, criando uma quebra de celebridade como ator social e de seu posicionamento privacidade mais profunda com os seus fãs, no momento mercadológico, tendo em vista a necessidade de atrair em que estes passam a ser respondidos com mais recor- cliques dentro da web. rência, devido à ubiquidade proporcionada pelo adven- to de tecnologias e plataformas digitais. Em um primeiro Referências momento, desenvolveu-se neste artigo esta contextuali- CAMPANELLA, Bruno. Vendedores de “consciência”: zação social a partir da performance de Xuxa Meneghel celebridade, vida privada e consumo em campanhas nas redes sociais, o que entendemos como um vetor de- humanitárias e ecológicas. In: FRANÇA, Vera; FREIRE terminante para a construção do ciberacontecimento. FILHO, João; LANA, Lígia; SIMÕES, Paula Guimarães. (Orgs.), A dimensão acontecimental das celebridades (Si- Celebridades no século XXI: transformações no estatuto mões, 2014, p. 214) potencializa a construção de cibe- da fama. Porto. Alegre: Editora Sulina, 2014. pp. 257-284. Figura 6: Captura de tela do Twitter racontecimentos. No entanto, não se pode pensar em Fonte: https://twitter.com/ Acesso em: 6 mar. 2015 celebridades sem considerar os sujeitos envolvidos em DAWKINS, Richard. O gene egoísta. Belo Horizonte: todos os níveis de sua trajetória: do fã que compartilha Itatiaia, 1979. As primeiras publicações fazem referência à saída de fotos até o ator que compartilha criticas na web. No que Xuxa Meneghel da Rede Globo, trazendo o seu possível se referencia ao objeto de estudo do artigo, os enqua- FRAGOSO, Suely; RECUERO, Raquel; AMARAL, Adriana. desemprego com uma das primeiras potencializações dramentos jornalísticos em torno do caso tiveram uma Métodos de pesquisa para internet. Porto Alegre: do humor que contornou todo o ciberacontecimento: forte presença destes sujeitos que interagem nas redes Sulina, 2013. sociais digitais, sendo a diversão baseada no humor a principal motivação destas interações. GIL, Antonio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa Partindo da ideia de que vivemos em uma era da social. 6 ed. São Paulo: Atlas, 2008. “primazia das imagens sobre as ideias” (Llosa, 2013, p. 41), percebeu-se que a principal motivação para a dis- GABLER, Neal. Vida, o flme: como o entretenimento cussão e compartilhamento do caso nas redes sociais di- conquistou a realidade. São Paulo: Companhia das gitais apontam para as construções imagéticas em torno Letras, 1999. da diversão e do humor. Essa motivação contribui para a construção de memes que acabam sendo epidêmi- HENN, Ronaldo. Ciberacontecimento. In: D. VOGEL; E. cos, pois “espalham-se amplamente por várias redes de MEDITSCH; G. SILVA, Jornalismo e acontecimento: weblogs, como uma epidemia” (Recuero, 2009, p. 127). tramas conceituais. p. 21-34. Florianópolis: Insular, 2013a. Assim, o artigo demonstra novas construções e práticas Figura 7: Captura de tela do Twitter referentes às articulações entre mídia, celebridades e a ______. El ciberacontecimiento: producción Fonte: https://twitter.com/ Acesso em: 6 mar. 2015 sociedade, pois sinaliza a construção de ciberaconte- y semiosis. v. 1. Barcelona, Editorial UOC: 2013.

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HERSCHMANN, Micael; PEREIRA, Carlos Alberto cultural da celebridade. In: FRANÇA, Vera; FREIRE FILHO, ideias, ‘slogans’, modas do vestuário, maneiras de fazer Messeder. Mídia, memória e celebridades. Rio de João; LANA, Lígia; SIMÕES, Paula Guimarães. (Orgs.). potes ou de construir arcos”. Janeiro: E- paper Serviços Editoriais LTDA, 2003. Celebridades no século XXI: transformações no estatuto da fama. p. 71-95. Porto Alegre: Sulina, 2014. 5 Fonte: http://goo.gl/mgDkmB. Acesso: 23 mar. 2015. LIPOVETSKY, Gilles. O império do efêmero: a moda e seu destino nas sociedades modernas. São Paulo: Cia Notas 6 Para mais informações: http://goo.gl/SEK0wQ das Letras, 2009. 1 Doutora e mestre em Comunicação e Informação pelo Programa de Pós-Graduação em Comunicação e In- 7 Fonte: https://goo.gl/gdXitn Acesso: 23 mar. 2015. JENKINS, Henry. Cultura da convergência. São Paulo: formação da Universidade Federal do Rio Grande do Aleph, 2008. Sul. Professora do Programa de Pós-Graduação em 8 O momento em que Xuxa repreende a menina: http:// Ciências da Comunicação da Universidade do Vale do migre.me/p7W3y Acesso: 22 mar. 2015. LÉVY, Pierre. Cibercultura. 3 ed. São Paulo: Editora 34, Rio dos Sinos (Universidade do Vale do Rio dos Sinos, 2010. Avenida Unisinos, São Leopoldo, RS, Brasil, CEP: 93022- 9 Busca pelo termo “Xuxa Verde” no YouTube: http://mi- 000). E-mail: [email protected]. gre.me/p7WlO Acesso: 22 mar. 2015. LLOSA, Mario Vargas. A civilização do espetáculo: uma radiografa do nosso tempo e da nossa cultura. Rio de 2 Mestrando do Programa de Pós-Graduação em 10 Entende-se, segundo Recuero (2008, p. 116) que “a po- Janeiro: Objetiva, 2013. Ciências da Comunicação da Universidade do Vale pularidade está diretamente relacionada a quantidade do Rio dos Sinos (Universidade do Vale do Rio dos de seguidores que alguém tem. A popularidade, como PEIRCE, Charles Sanders. The collected papers of Sinos, Avenida Unisinos, São Leopoldo, RS, Brasil, CEP: valor, refere-se, portanto, mais a uma posição estrutu- Charles Sanders Peirce. Past Masters, CD-ROM. EUA: 93022-000). E-mail: [email protected]. ral da rede social e tem um valor quantitativo. A popu- InteLex Corporation, 2002. laridade também está relacionada com o capital social 3 Graduanda em Comunicação Social com habilitação relacional, nos termos de Bertolini e Bravo (2001).” RECUERO, Raquel. Redes sociais na internet. Porto em Publicidade e Propaganda na Universidade do Vale Alegre: Sulina, 2009. do Rio dos Sinos. Bolsista de Iniciação Científca CNPQ 11 Perfl de Xuxa no Facebook: https://goo.gl/a5gw2y do grupo LIC – Laboratório de Investigação do Cibera- Acesso: 22 mar. 2015. SANTAELLA, Lucia. Comunicação ubíqua: repercussões contecimento (Universidade do Vale do Rio dos Sinos, na cultura e na educação. São Paulo: Paulus, 2013. Avenida Unisinos, São Leopoldo, RS, Brasil, CEP: 93022- 12 Fonte: http://goo.gl/dfuoIQ. Acesso: 22 mar. 2015. 000). E-mail: [email protected]. SIMÕES, Paula Guimarães. O poder de afetação das 13 Para mais informações: http://goo.gl/Qd4Dc0 Acesso: celebridades. In: FRANÇA, Vera; FREIRE FILHO, João; LANA, 4 Meme é compreendido aqui a partir de Dawkins 22 mar. 2015. Lígia; SIMÕES, Paula Guimarães. (orgs.). Celebridades no (1979), que o percebe como uma estrutura de signif- século XXI: transformações no estatuto da fama. p. 206- cância que se replica. Dawkins (1979, p. 112) usa o ter- 14 Fonte: http://goo.gl/T4wPxO. Acesso: 23 mar. 2015. 225. Porto. Alegre: Sulina, 2014. mo meme em uma alusão tanto às ideias de imitação quanto à ideia de memória. Um meme, portanto, po- 15 Fonte: http://goo.gl/g5ygdx. Acesso: 23 mar. 2015. TORRES, Eduardo Cintra. Economia e carisma da indústria deria reunir elementos variados, tais como “melodias,

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16 Mais informações: http://goo.gl/j91X3d Acesso: 23 de analisar a articulação de sentidos dos ciberaconteci- mar. 2015. mentos (Henn, 2013).

17 Fonte: http://goo.gl/2g5t7qAcesso: 27 mar. 2015. 22 Fonte: http://goo.gl/AMf19E. Acesso 28 mar. 2015.

18 Fonte: http://goo.gl/o5brKA. Acesso: 27 mar. 2015. 23 As páginas podem ser acessadas respectivamente através dos links: https://twitter.com/SenhorSatanas; 19 RD1: rd1.ig.com.br; Alvaro Leme:entretenimento.r7. https://twitter.com/aPeppa. Acesso: 28 mar. 2015. com/blogs/alvaro-leme; Folha Vitória: www.folhavito- ria.com.br/; Pure Break: www.purebreak.com.br; Meio Norte: www.meionorte.com; Boa Informação: boain- formacao.com.br; Cidade Verde: cidadeverde.com; Exame: exame.abril.com.br/; R7: r7.com; Na Telinha: natelinha.ne10.uol.com.br/; A Crítica: acritica.uol.com. br; Gente: gente.ig.com.br; Terra: terra.com.br; Zero Hora: zerohora.com; UOL: uol.com.br; Pernambuco: www.pernambuco.com; O Tempo: www.otempo.com. br; Veja: veja.abril.com.br; O Dia Televisão: odia.ig.com. br/diversao/televisao/; Cidadão Repórter: http://gaze- taonline.globo.com/index.php?id=/eu_aqui/cidadao_ reporter/index.php; Estadão: estadao.com.br; Youpix: youpix.com.br; Tudo Interessante: www.tudointeres- sante.com.br; A Tarde: atarde.uol.com.br; Vírgula: vir- gula.uol.com.br/; BOL: www.bol.uol.com.br; Gente: gente.ig.com.br; MSN: msn.com.br

20 Os dados da coleta apresentam forte potencialização de novembro de 2014 à março de 2015. A publicação de 2013 aparece após uma de novembro de 2014 na busca avançada do Twitter.

21 Construção de sentidos em redes digitais é um méto- do ainda em desenvolvimento no Laboratório de In- vestigação do Ciberacontecimento (LIC), que observa e coleta dados em sites de redes sociais com o objetivo

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