BALDUINIA, n. 46, p. 01-10, 30-VII-2014 http://dx.doi.org/10.5902/2358198014967

O BURITI (TRITHRINAX BRASILIENSIS MART.) NA OBRA DE ANTIGOS CRONISTAS DO RIO GRANDE DO SUL1

JOSÉ NEWTON CARDOSO MARCHIORI2

RESUMO Antes mesmo da descrição botânica, o buriti (Trithrinax brasiliensis Mart.) já constava na literatura de antigos cronistas do . O presente artigo visa a agregar essas referências dispersas na literatura ao conhecimento botânico. Palavras-chave: Arecaceae, Buriti, Botânica, Cronistas, Palmeiras, Rio Grande do Sul, Trithrinax brasiliensis Mart., Viajantes.

ABSTRACT [The Buriti Palm (Trithrinax brasiliensis Mart.) in the literature of ancient chroniclers of Rio Grande do Sul State, Brazil]. Even prior the botanical description, the Buriti Palm (Trithrinax brasiliensis Mart.) had already appeared in the literature of ancient chroniclers that visited the State of Rio Grande do Sul (Brazil). This article seeks to add these scattered references of the literature to botanical knowledge. Key words: Arecaceae, Buriti Palm, Botany, Croniclers, Palm trees, Rio Grande do Sul State, Travelers, Trithrinax brasiliensis Mart.

INTRODUÇÃO sua publicação original, Drude completou a des- De distribuição neotropical, o gênero Trithri- crição na monografia da família vinda a lume nax foi criado por Martius em 1837, no clássico em 1882 na Flora Brasiliensis, designando Historia Naturalis Palmarum, com base em uma como tipo a coleta nº 9.014, de Glaziou, con- exsicata sem número, coletada por Friedrich servada no Museu de História Natural de Paris. Sellow no Rio Grande do Sul. Por muitos anos, Desde então, estes dois binômios têm recebido Trithrinax brasiliensis foi o único binômio em interpretações diversas na taxonomia botânica. seu gênero botânico. Em seu estudo sobre as palmeiras do estado Em 1878, Carl Georg Oscar Drude descre- de Santa Catarina, Reitz (1974) considerou ape- veu Trithrinax acanthocoma a partir de “uma nas Trithrinax brasiliensis como espécie nati- comunicação pessoal” do botânico e paisagista va. O autor destacou sua presença mais freqüen- francês Auguste François Marie Glaziou, de te em “campos sujos” e na “orla das matas dos marcante atuação no Rio de Janeiro, que lhe pinhais”, na região fitogeográfica da “Mata de mostrou “essa palmeira ornamental” cultivada Araucária e Campos”, definindo-a como “ele- na capital do império e em “alguns parques eu- mento raro e estranho” na “Zona da mata pluvi- ropeus”, e cujas “populações naturais” foram al da Encosta Atlântica”, mais especificamente referidas para o “sul do Brasil” (Cano et al, no “Morro dos Conventos”, ocorrência para a 2013, p. 21). Sem definir um espécime tipo em qual fornece, inclusive, uma foto tomada em 10 de Janeiro de 1957. Em sua revisão sobre as palmeiras do Rio 1 Recebido em 14-5-2014 e aceito para publicação em Grande do Sul, Mattos (1977) apresentou uma 17-6-2014. nova combinação para Trithrinax acanthocoma, 2 Engenheiro Florestal, Dr. Bolsista de Produtividade em considerando o táxon uma variedade de T. Pesquisa (CNPq – Brasil). Professor Titular do Depar- tamento de Ciências Florestais, Universidade Federal brasiliensis. Lorenzi et al. (2004), por sua vez, de Santa Maria. [email protected] reduziram Trithrinax acanthocoma à sinonímia

1 de T. brasiliensis, e definiram o Planalto Meri- Hilaire esteve próximo a populações de dional dos três estados sulinos (Paraná, Santa Trithrinax brasiliensis, mas sem chegar a Catarina e Rio Grande do Sul) como a área de conhecê-las, não custa repetir, e por motivos ocorrência natural da espécie. distintos. Em publicações mais recentes, Lorenzi et al. Antes mesmo de entrar na “Província do Rio (2010) e Soares et al. (2014) consideraram vá- Grande de São Pedro do Sul”, o viajante atra- lidos ambos os binômios. Sobre este ponto, to- vessou o rio Araranguá quando já era escuro, davia, Cano et al. (2013), com base no exame motivo pelo qual não pode alcançar o lugar pre- de populações naturais de ambos os taxa, na visto para pouso. “Quando o dia amanheceu”, análise morfológica exaustiva dos espécimes ele deu-se conta de que passara a noite “num conservados em herbários do Brasil e de outras lugar muito aprazível”, em uma “uma clareira partes do mundo, inclusive dos respectivos ti- coberta de relva, ao lado de uma lagoa (...) cer- pos, bem como no emprego de métodos de cada de morros escarpados de diferentes formas, filogenia molecular, acabaram por reconhecer vendo-se num deles alguns casebres”. De acor- a existência de duas variedades em Trithrinax do com as palavras do viajante, mal ele deixou brasiliensis: T. brasiliensis var. brasiliensis e “esse encantador lugar”, viu-se de novo “na T. brasiliensis var. acanthocoma. praia” de “areias brancacentas”, com o mar “bra- Sem qualquer tomada de posição sobre a mindo incessantemente” e sem “nenhuma ve- questão taxonômica acima exposta, o presente getação”.3 trabalho visa, tão simplesmente, a reunir anti- O texto de Saint-Hilaire não deixa margem gas referências sobre o buriti, constantes em a dúvidas: ele passou aquela noite na região de obras pouco divulgadas de botânicos, bem como Morros dos Conventos e, se tivesse investigado de antigos viajantes, naturalistas e/ou cronistas a vegetação local na manhã seguinte, não dei- que percorreram o Rio Grande do Sul a partir xaria de encontrar, certamente, as palmeiras que do século dezenove. Mesmo sem valor taxo- ali ainda existem, e cujo registro fotográfico nômico, não restam dúvidas sobre a importân- consta em obra de Raulino Reitz.4 Cabe salien- cia do corpus documental presentemente res- tar que o botânico não menciona a espécie nos gatado para o preenchimento de importante la- morros de Torres, por ele detidamente investi- cuna na bibliografia da palmeira em foco. gados, nem mesmo na região de Itapeva, por ele visitada a 7 de junho de 1820, e da qual pro- O BURITI, EM ANTIGOS RELATOS cedem coletas de Trithrinax brasiliensis var. Na literatura de antigos viajantes e cronistas acanthocoma, segundo Cano et al. (2013). Em da terra gaúcha, o nome de Auguste de Saint- Itapeva, aliás, o francês percorreu “cerca de três Hilaire se destaca não apenas pela alta qualida- quartos de légua de praia”, e seguiu por uma de textual e diversidade de informações, como, “grande planície úmida, revestida de espessa também, por ter sido um dos primeiros botâni- erva disposta em tufos”, na qual se percebiam, cos a percorrer a região. É de lastimar-se, por- tanto, que sua obra não mencione o buriti, fato que se explica, tão somente, pelo fato do autor 3 SAINT-HILAIRE, A. de. Viagem a Curitiba e provín- não ter estudado mais detidamente sua coleta cia de Santa Catarina. Belo Horizonte: Editora Itatiaia, 1978. p. 208. de nº 2.764, conservada no Museu de História 4 Sob o nome de “carandá”, o botânico catarinense publi- Natural de Paris, pois, se tal houvesse aconteci- cou uma foto do grupo de indivíduos de Trithrinax do, é muito provável que Trithrinax brasiliensis brasiliensis var. acanthocoma (sensu Cano et al., 2013) – e o respectivo gênero botânico –, não tardari- existente no “Morro dos Conventos”, município de Araranguá, tomada a 10 de Janeiro de 1957 (REITZ, R. am mais de quinze anos a serem descritos. Em Palmeiras. In: REITZ, R. Flora Ilustrada Catarinense. dois momentos anteriores, pelo menos, Saint- Itajaí: Herbário Barbosa Rodrigues, 1974. p. 10).

2 “aqui e ali, pequeninos capões”. De acordo com Embora apontando mais para a tuvarana as palavras do viajante, a “monotonia da paisa- (Cordyline spectabilis Kunth & Bouché), plan- gem” somente era quebrada pela “grande cor- ta abundante no primeiro e segundo planaltos dilheira” existente a oeste da planície percorri- do Paraná, por ele anteriormente atravessados, da, acrescentando que havia “áreas considerá- e cujo estipe lembra, efetivamente, o de uma veis” com “butiás” para o “lado da serra”. Da pequena palmeira, não se pode descartar que se relva seca pelo sol do verão, o autor coletou o trate de uma referência velada ao buriti, uma Eriocaulon n° 1.805, o qual, pela baixa nume- vez que na “estância de Tupaceretã”, tratada na ração, exclui a possibilidade de ele haver cole- sequência, o autor coletou, entre outras plantas, tado em Itapeva a exsicata nº 2.764, anterior- o “Eryngium nº 2.758” e a “Nicandra nº 2.733”.7 mente comentada. Os indivíduos existentes na A sua amostra nº 2.764 (de Trithrinax bra- região, além disso, são de Trithrinax brasiliensis siliensis), distante apenas seis números do refe- var. acanthocoma, distintamente da exsicata de rido Eryngium, permite essa especulação, até Saint-Hilaire, conservada no Museu de Paris. mesmo por que as citações de eventuais plantas Seguindo pelo litoral, o francês alcançou na “Viagem” de Saint-Hilaire não seguem, ri- Viamão e , partindo em seguida na gorosamente, a ordem de coleta, como visto na comitiva do governador da capitania5 para São frase anterior8 . De todo o modo, se não foi às José do Norte e Rio Grande, através da penín- margens do Itapiru-Guaçu, a coleta do buriti foi sula situada entre a laguna dos Patos e o oceano realizada em local não muito distante, nas es- Atlântico. Em todo esse percurso, bem como tâncias “de “Tupaceretã”, de “Santiago” e “Sal- no trecho de Rio Grande até a divisa com o Uru- vador Lopes”, ou então na “entrada do mato”.9 guai, no Chuí, o viajante seguiu pela planície Todas estas antigas referências geográficas se litorânea, motivo pelo qual se pode descartar a encontram na região do Planalto Médio com- possibilidade de Saint-Hilaire haver encontra- preendida entre os rios e Toropi, uma vez do o buriti neste percurso. Ao retornar à provín- que o viajante desceu a serra pela “Picada de São cia pelo atual município de Barra do Quaraí, Tiago”, constante em relatos de antigos cronistas ele encaminhou-se às antigas Missões Jesuíticas, do período jesuítico (Marchiori & Alves, 2011). passando por Santa Maria em seu retorno a Porto Cabe salientar, ainda, que Saint-Hilaire não Alegre. chegou a conhecer o palmar de buritis e butiás10 Foi ainda no Planalto Médio, antes de des- existente no curso médio do rio Toropi, nos con- cer para a Depressão Central, que Saint-Hilaire fins dos atuais municípios de Júlio de Castilhos, colheu o material de Trithrinax brasiliensis em e São Martinho da Serra, pois ele não questão, de acordo com indícios constantes no deixaria de mencionar, certamente, uma vege- livro de viagens e a sequência numérica de suas tação tão invulgar e de extraordinária beleza. exsicatas. Situado a leste da rota por ele utilizada, o via- Escrito “às margens do Itapiru-Guaçu”, o jante seguiu pela região da extinta capela texto de 28 de Março de 1821 registra a obser- vação de “uma planta semelhante à palmeira”, a “quarta” encontrada pelo viajante no Brasil6 . 7 SAINT-HILAIRE, 1987. Op. cit., p. 322. 8 Saint-Hilaire, como se vê, cita por primeiro o Eryngium (nº 2.758) e depois a Nicandra (nº 2.733), que o antece- de em 25 números, na sequência de coletas. 5 Nobre português (1º Conde da Figueira), o General José 9 SAINT-HILAIRE, 1987. Op. cit., p. 322-325. Maria Rita de Castelo Branco governou a capitania de 10 Trata-se de Butia witeckii K. Soares & S. Longhi, espé- São Pedro do Rio Grande do Sul de 1818 a 1821. cie recentemente descrita (SOARES, K.; LONGHI, S.J. 6 SAINT-HILAIRE, A. de. Viagem ao Rio Grande do Sul. Uma nova espécie de Butia (Becc.) Becc. (Arecaceae) Porto Alegre: Estante Rio-Grandense União de Segu- para o Rio Grande do Sul, Brasil. Ciência Florestal, ros; ERUS; Martins Livreiro, 1987. p. 386. Santa Maria, v. 21, n. 2, p. 203-208, 2011).

3 jesuítica de Santiago, por ele descrita como “es- nos anos de 1823 e 1824 à Serra do Sudeste tância”, e de cujo antigo dono derivaria o com o objetivo principal de coletar amostras de nome11 . Seguindo pelo planalto compreendido rochas, além de obter informações sobre a pre- entre os rios Toropi e Jaguari, Saint-Hilaire al- sença de ouro na região de Caçapava e sobre cançou a Depressão Central após cruzar pelo uma mina de prata que, desde o tempo dos jesu- “Toropi-Chico”, em ponto não distante de sua ítas, dizia-se haver na região de Aceguá, atual foz no “Toropi-Grande”.12 fronteira com o Uruguai. Depois de passar pela Na literatura sul-rio-grandense, a referência “freguesia de Caçapava”, localidade de uns literária mais antiga ao buriti é a que se encon- “cem fogos”, situada em “cumeada granítica”, tra, provavelmente, em texto manuscrito ainda o viajante observou os primeiros buritis, des- inédito de Friedrich Sellow, naturalista que per- critos como “Coryphas”, no alto de paredões e correu a província de São Pedro logo após Saint- montanhas escarpadas: Hilaire, nos anos de 1823 a 1827. Morto em outubro de 1831 por afogamento nas águas do O sopé e o topo são revestidos de relva e ador- rio Doce, em Minas Gerais, esse prussiano não nados de uma Corypha, cujo estipe atinge, no viveu o suficiente para publicar relatos de via- máximo, duas a três braças, e aparece isolada gem, bem como os trabalhos científicos que lhe ou em grupos de três ou quatro. Nas fendas e trariam merecida fama na literatura botânica. gargantas crescem gramíneas, do meio das Mesmo assim, cabe-lhe o reconhecimento da quais a palmeira gerivá ergue sua copa em forma de espanador de penas (...). posteridade como coletor de plantas mais cita- do na monumental “Flora Brasiliensis”. Dos Para o bom entendimento do fragmento textos por ele deixados, salienta-se uma carta transcrito, cabe lembrar que a medida indicada de 28 páginas, endereçada ao Barão de corresponde a 2,2 metros, o que leva a estimar Altenstein13 , em que relata a viagem realizada os indivíduos entre 4,4 e 6,6 metros de altura, dimensões condizentes à espécie em questão. 11 Equívoco de Saint-Hilaire: muito antigo, o nome deriva A respeito do nome atribuído (Corypha), tra- da Capela Jesuítica de Santiago, constante em autores ta-se de identificação realizada a campo, sem como Henis (1970) e Saldanha (1938), cronistas dos auxilio de qualquer tipo de bibliografia. Sobre primórdios da história sulina. 12 A 31 de Março, Saint-Hilaire redigiu seu diário na “Es- este ponto, vale lembrar que o gênero Trithrinax tância de Salvador Lopes”; a 1º de Abril, ele se encon- foi descrito por Friedrich Martius somente em trava na “entrada do mato”; no dia 2 de Abril, as anota- 1837, e com base em material botânico coleta- ções referem-se a “São Xavier”, distante 2 léguas e meia 14 do pouso anterior; em 3 de Abril, ele já estava no “Toropi- do por Sellow, provavelmente nessa viagem. Chico, após 2 léguas e meia de percurso; e a 4 de Abril Até hoje, na impossibilidade da identificação nas margens do “Toropi-Grande”, distante légua e meia segura no momento de coleta, é costume ano- do “Toropi-Chico” (SAINT-HILAIRE, 1987. Op. cit., p. 323-328). tar-se “nomes-fantasia” para materiais desco- 13 Karl Sigmund Franz Freiherr von Stein zum Altenstein nhecidos, com o objetivo de facilitar a memo- (1-X-1770 – 14-V-1840); primeiro ministro da Cultura no reino da Prússia, responsável pela reforma de seu sistema educacional. Era por sua intermediação, princi- 14 Tendo-se em vista que o Holótipo de Trithrinax palmente, que Friedrich Sellow devia o necessário apoio brasiliensis não informa o número e data de coleta, cons- financeiro para as excursões pelo interior do Brasil e a tando apenas “Rio Grande do Sul”, o local do evento província Cisplatina (atual Uruguai), motivo pelo qual torna-se objeto de mera especulação. Embora mais fre- enviava relatórios, dos quais procedem os trechos aqui qüente na Serra do Sudeste, não se descarta a possibili- transcritos. A respeito do texto consultado, ele resulta dade de Friedrich Sellow ter realizado a coleta original de tradução do General Bertholdo Klinger (1884-1969) na viagem de Santa Maria a São Martinho, antes mes- ainda não publicada, redigida de acordo com sua curio- mo de sua primeira ida à capital da província, uma vez sa “Ortografia Simplificada Brazileira”, não reproduzida que a espécie ainda hoje se encontra na região de Santo no presente artigo, cumpre salientar. Antão (Santa Maria), no topo de morros.

4 rização de aspectos relativos ao indivíduo. De “Guaritas” e/ou da “Casa de Pedra”, inclusive todo modo, não resulta descabida a aplicação pela referência a mimosas espinhosas18 , a deste nome genérico relativo à flora asiática mirtáceas anãs19 e ao buriti, dito “Corypha” pelo (Corypha L.), uma vez que a palmeira sul-rio- viajante. grandense, única espécie de folhas palmado- Na busca de registros histórico-literários flabeliformes da flora regional, pertence, efeti- sobre o buriti, não se poderia passar ao largo do vamente, à subfamília Coryphoideae. nome prestigioso de Aimé Bonpland – e não Depois de Caçapava, Friedrich Sellow en- apenas por sua residência na gaúcha São Borja caminhou-se para a “serra de Barbaraquá”, a partir de 14 de Fevereiro de 1931,20 – mas, “onde ficam as principais nascentes do Camaquã sobretudo, pelo relato de uma longa travessia do Salso, Vacacaí e Jaguari”, região por ele con- em direção à capital da província, realizada nos siderada “a mais alta da província”15 e capaz de anos de 1849 e 1850. Com transcrição e notas “fornecer excelentes espécimes de plantas”. de Alicia Lourteig21 , “Voyage de Sn. Borja a la Descendo pelo “Camaquã abaixo”, o prussiano cierra y a Porto Alegre” veio a lume em 1978, encontrou, no “Passo dos Enforcados”, “grupos em coedição do Instituto de Biociências da de montes esferóides” que lhe pareceram “ruí- UFRGS e o “Centre Nationale de la Recherche nas de altas fortalezas” quando vistas de longe, Scientifique”.22 e que eram coroadas, no topo, de “mimosas Personalidade singular, sob muitos pontos de arbustivas, mirtáceas, (...) às vezes, ainda, vista, o botânico francês ainda está à espera de coryphas”. um biógrafo capaz de retratá-lo em suas múlti- Sempre exatas, as referências geográficas e plas facetas.23 Embora secundário ao tema em botânicas do incansável viajante comprovam, análise, convém levantar alguns pontos da bio- efetivamente, as suas andanças pela região. A grafia de Bonpland, na (vã) tentativa de justifi- alta serra do Baberaquá, por vezes grafada car ou compreender sua longa permanência na Barbaraquá, Babiraquá ou Baebera-cuá, situa- região do Prata, em locais distantes da alta cul- se no limite dos atuais municípios de Lavras do tura e do mundo científico a que estava acostu- Sul e São Gabriel16 , servindo de nascente, con- mado na Europa, para levar uma vida de muita forme registro preciso de Sellow, para tributári- os de três importantes bacias hidrográficas: o rio Vacacaí, que encaminha suas águas para o 18 Na situação descrita, são especialmente abundantes: Jacuí e lago Guaíba; o Jaguari ou Pirajacã, tri- Mimosa trachycarpa Benth. e Mimosa ramulosa Benth. butário dos rios Santa Maria, Ibicuí e Uruguai; 19 Caso de Campomanesia aurea O. Berg, entre outras e de um dos braços do Camaquã, que lança suas espécies. 20 BELL, S. A life in shadow. Aimé Bonpland in southern águas na laguna dos Patos. “Enforcados”, por South America, 1817-1858. Stanford: Stanford sua vez, é nome de antigo passo do rio Camaquã, University Press, 2010. p. 89. no município de Bagé.17 A respeito dos “mon- 21 Renomada botânica argentina (1913-2003), vinculada tes esferóides” com aspecto de “altas fortale- ao “Instituto Miguel Lillo” (Tucumán, Argentina), ao Darwinion (San Isidro, Pcia. de Buenos Aires) e, após zas”, a descrição se ajusta, com perfeição, à 1955, ao “Laboratoire de Fanérogamie”, do Museu Na- geomorfologia do “Rincão do Inferno”, das cional de História Natural da França, em Paris. 22 BONPLAND, A. Journal Voyage de Sn. Borja a la Cierra y a Porto Alegre. Porto Alegre: Instituto de 15 Com alguns pontos em altitude superior a 430m, a serra Biociências, Departamento de Botânica; Paris: Centre de Baberaquá é a mais alta da metade sul do estado do Nationale de la Recherche Scientifique, 1978. 175p. Rio Grande do Sul. 23 Como primeira aproximação à vida e obra do autor, re- 16 FARIA, O. A. de. Diccionário Geográphico, Histórico comenda-se o romance “Figura na Sombra”, de Luiz e Estatístico do Estado do Rio Grande do Sul. Porto Antonio de Assis Brasil (2012), sobretudo por ser obra Alegre: Livraria do Globo, 1914. p. 194. em português, de fácil acesso e agradável leitura, res- 17 FARIA, O.A. de, 1914. Op. cit., p. 134. saltando-se, todavia, o seu viés nitidamente ficcional.

5 atividade e compromissos materiais, embora os semestres atrasados da “pensão” que lhe fora marcada por desventuras, pela solidão intelec- concedida pelo governo francês. tual e pela pobreza24 . A partir da estância Santa Cruz, Bonpland Bonpland chegou a Buenos Aires em Janei- aproveitou o tempo que dispunha até o fecha- ro de 1817, atraído pelos projetos da criação de mento do negócio para investigar a vegetação um Jardim Botânico e de um Museu de História da “Cerra”, constando, em seus apontamentos, Natural na cidade. Frustradas as expectativas, uma possível menção ao objeto em estudo: partiu para as selvas da atual província de Misiones em 1820, dando início à exploração Dans le cours de cette journée j’ai vu un da erva-mate nos arredores do povoado de San- palmier nouveau pour moi, deux espèces de ta Anna de los Guácaras, antiga redução je- tradescantia27 , une justicia28 , le palo de 29 suítica. Tratado como espião, foi feito prisio- leche et un grand nombre de plantes qui me 30 neiro por ordem de Francia25 , e retido na aldeia sont inconnues. paraguaia de Santa Maria da Fé por quase dez anos. Após a libertação, decidiu instalar-se em No texto do viajante francês, o que chama São Borja, passando a trabalhar como médico, atenção é a referência a “uma espécie de pal- na criação de gado e, com muito afinco, no cul- meira” por ele desconhecida, a qual poderia tra- tivo e exploração da erva-mate. Foi nessa etapa tar-se, em princípio, tanto do buriti como do da vida que aconteceu a viagem de São Borja a palmiteiro, uma vez que ambas as espécies são Porto Alegre, iniciada a 11 de fevereiro de 1849, nativas na região em foco. Embora mais raro, o e com o objetivo principal de conduzir uma tro- buriti ainda se encontra em muitos pontos no pa de ovelhas de fina lã para venda ao Sr. Anto- rebordo do Planalto Meridional, havendo na li- nio Rodrigues Chaves26 , proprietário da estân- teratura, inclusive, um artigo recente sobre po- 31 cia Santa Cruz, situada em área próxima à atual pulação autóctone no vale do , em cidade gaúcha de mesmo nome. Outra meta era área próxima à investigada por Bonpland no ano investigar a presença da erva-mate na floresta de 1848. No caso do palmiteiro (Euterpe edulis do rebordo do Planalto Meridional, e avaliar a Mart.), a espécie é de ocorrência freqüente no conveniência de estabelecer uma plantação da sub-bosque das matas da região, sobretudo em espécie na região. Por fim, a viagem poderia locais de menor altitude. Esta última alternati- viabilizar o envio do “certificat de vie” em Por- va parece a mais provável, posto que Bonpland to Alegre, documento necessário para receber conhecia populações de Trithrinax campestris

27 Referência a uma espécie do gênero Tradescantia L. 24 Aimé Bonpland faleceu em sua “estancia de Santa (Commelinaceae). Anna”, na província argentina de Corrientes, e foi se- 28 Referência a uma espécie do gênero Justicia L. pultado no cemitério da Santa Cruz, em Restauración (Acanthaceae). (atual Paso de los Libres). 29 Trata-se do leiteiro ou pau-de-leite, Sapium glandulosum 25 José Gaspar Rodríguez de Francia (1776-1840). Dou- (L.) Morong, Euforbiácea de ampla distribuição nas flo- tor em Teologia (Universidad de Córdoba, Argentina), restas do Rio Grande do Sul. revolucionário e político paraguaio, nomeado “Ditador 30 Tradução: No curso desta excursão eu vi uma palmeira Perpétuo da República do Paraguai” a partir de 1816. nova para mim, duas espécies de tradescantia, uma Outro cognome associado ao ditador é o de “El Supre- justicia, o pau-de-leite e um grande número de plantas mo”, título dado à obra biográfica escrita pelo eminente que me eram desconhecidas (BONPLAND, 1978. Op. intelectual e historiador paraguaio Augusto Roa Bastos cit., p. 40). (1917-2005). 31 SÜHS, R.B.; PUTZKE, J. Nota sobre a ocorrência de 26 Pedro Rodrigues Fernandes Chaves (1810-1866), filho uma população de Trithrinax brasiliensis Martius do Barão de Quaraí, magistrado, jornalista e político (Arecaceae) no vale do rio Pardo, Rio Grande do Sul, brasileiro, proprietário da estância Santa Cruz, no então Brasil. Pesquisas, Botânica, São Leopoldo, n. 61, p. 330- município de Rio Pardo. 332, 2010.

6 (Burmeist.) Drude & Griseb. na região da tre as mesmas, lembrando-lhe os arredores de Mesopotâmia argentina32 , espécie por ele cha- Jena, Alemanha. Foi nessa situação que ele en- mada, provisoriamente, de “Palma de Som- controu os primeiros grupos de buritis em “de- brero”.33 pressões protegidas”, “às margens de riachos”.35 Dez anos mais tarde (1858), foi Robert Avé- No retrospecto de sua “peregrinação pela Pro- Lallemant que atravessou a província, mas em víncia”, o viajante fornece mais informações sentido inverso ao de Bonpland, movido pelo sobre a árvore: desejo de conhecer pessoalmente o famoso bo- tânico francês. Não o encontrando em São Borja, Em geral várias delas formavam um pequeno esse médico de acentuado pendor para as ciên- palmar, que se elevava muito acima do mato cias naturais, e que trabalhara por muitos anos baixo. O buritizeiro, uma Mauritia de frutos no Rio de Janeiro, encaminhou-se a comestíveis e seiva potável, uma espécie de e à província argentina de Corrientes, encon- vinho de palma, sempre me causou particular trando o francês em sua estância de Santa Anna, impressão. Crescendo, em regra, em lugares pantanosos, em margens de riachos, é o estipe ao sul de Restauración (atual Paso de los Libres). regularmente muito mais delgado em baixo Avé-Lallemant, aliás, foi provavelmente o últi- do que em cima, com proporcionado e gradu- mo europeu a apertar a mão do velho amigo de al intumescimento. Poucas folhas flabe- Humboldt, uma vez que ele veio a falecer pou- liformes formam a fronde, para cuja insigni- cos dias após a visita, a 4 de Maio de 1858. ficância o alto tronco parece ser um verda- No retorno a Porto Alegre, via , São deiro luxo. Com a forma delgada do tronco Gabriel e Caçapava, os primeiros buritis foram sobre as raízes e com o intumescimento até registrados por Avé-Lallemant entre as duas úl- ao dobro da grossura no alto, parece que a timas localidades, após haver deixado a estân- árvore vai cair com a primeira tempestade, cia do “Comendador Cruz Jobim”, o Barão de tanto mais quando o buritizeiro não costuma Cambai.34 O viajante relata que a paisagem tor- crescer entre outras árvores que possam nou-se “alcantilada”, com montanhas cobertas protegê-lo e apoiá-lo. Mas, apesar da forma anormal e da considerável altura, resiste fir- de relva e “múltiplos desfiladeiros e vales” en- me.36

Não restam dúvidas acerca da identidade da 32 BONPLAND, A. Archives inédites. Buenos Aires: Ja- cobo Peuser, 1924. Tomo 2. s.p. palmeira a que se refere Robert Avé-Lallemant: 33 Constante na última folha do v. 2 de seus “Archives em vez uma Mauritia, gênero conspícuo na ve- Inédites” (BONPLAND, 1924. Op. cit., s.p.), antecedi- getação do centro-norte do Brasil, e com o qual da, apenas, da “Table” (Sumário), Bonpland anotou para essa palmeira: “foliis palmatis” e “faire de chapeaux”. comparte o mesmo nome comum, além da pre- 34 José Martins da Cruz, que acresceu a seu nome o de sença de folhas palmado-flabeliformes, o que o “Jobim” por ter o seu pai nascido na vila homônima, na viajante encontrou na região de Caçapava fo- região do Douro, Portugal. CARVALHO (1937, p. 50- ram indivíduos de Trithrinax brasiliensis Mart., 51) informa que o Barão de Cambaí era “senhor de avul- tados bens de fortuna” e “contribuiu, largamente, para a a única espécie desse gênero botânico, que é Campanha do Paraguai”. Robert Avé-Lallemant acres- nativa na Serra do Sudeste gaúcho. De presen- centa que o Barão de Cambai era irmão do “Senador ça freqüente, em 1858, o buriti é uma das pal- Jobim” (José Martins da Cruz Jobim, 1802-1878), de- cano da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro e seu meiras atualmente mais ameaçadas de extinção, conhecido desde o tempo em que trabalhou na Santa Casa de Misericórdia, na capital do império. Os barões de Cambaí não deixaram descendência e foram padri- nhos de batismo do político gaúcho Joaquim Francisco 35 AVÉ-LALLEMANT, R. Viagem pela Província do Rio de Assis Brasil. Resta informar que Maria Joaquina, uma Grande do Sul no ano de 1858. Rio de Janeiro: Minis- meia-irmã do Barão de Cambaí, foi bisavó do famoso tério da Educação e Cultura, 1953. p. 311-312. maestro Tom Jobim. 36 AVÉ-LALLLEMANT, 1953. Op. cit., p. 340.

7 restando poucos indivíduos ou agrupamentos na Fundo e Palmeira das Missões, Beschoren foi metade sul do estado. A natural fragilidade das um dos primeiros “homens brancos” a adentrar árvores, salientada pelo viajante, juntamente em muitos pontos do Alto Uruguai, produzindo com a mortalidade natural, a prática de queima- um valioso material cartográfico e geodésico, das, bem como o pisoteio e a predação de bem como preciosos registros sobre a vegeta- brotações, exercidos pelo gado, são alguns dos ção, condições geológicas, meteorologia, dados motivos que explicam a rarefação gradativa da etnológicos e história regional, publicados tan- espécie. É por este motivo, entre outros, que não to na Europa como no Brasil. Foi por reconhe- se justifica o projeto de implantação de usinas cimento a esse esforço, que Carlos von hidrelétricas no curso médio do rio Toropi, so- Koseritz38 e Henry Lange39 editaram a obra bretudo nas proximidades da foz do Guassupi póstuma a ser analisada, e que contém os pri- (29° 24' 15,57" N – 54° 01' 33,39" S), nos con- meiros registros explícitos sobre o buriti na fins dos municípios de Júlio de Castilhos, São metade norte do Rio Grande do Sul. Martinho da Serra e Quevedos, uma vez que é Em “passeios e cavalgadas pela margem es- nessa área que se encontra o último palmar sig- querda do rio Turvo”, no noroeste do estado, nificativo de Trithrinax brasiliensis, além de Max Beschoren registrou a alternância de outros numerosos endemismos. Resta comen- “verdejantes gramados” com “pequenas matas tar que a referência à “seiva potável”, “uma es- de variadas formas de vegetação”, como os “bos- pécie de vinho de palma”, não se confirma na ques de timbó” e de “buriti”, espécie descrita literatura sobre a espécie gaúcha, devendo-se, como “magnífica palmeira em forma de le- provavelmente, à confusão feita pelo viajante que”.40 Ao caracterizar a “vegetação do Alto com Mauritia flexuosa L. f., espécie de vasta Uruguai”, o autor volta a referir-se à árvore – e dispersão no centro e norte do Brasil. quase nos mesmos termos –, acrescentando, to- Em 1868, dez anos após a viagem de Avé- davia, outras duas Arecáceas à flora regional: a Lallemant, chegava outro culto alemão ao Rio “guariganga” e uma espécie de butiá, descrita Grande do Sul, e que também deixou referênci- como “como palmeira anã”, que “aparece nos as sobre o buriti. Diplomado pela Faculdade campos”.41 Embora alheio ao tema do presente Politécnica de Dresden, e com aperfeiçoamen- artigo, não custa tecer breves comentários so- to na Universidade de Halle, Max Beschoren bre essas palmeiras. (1847-1887) trabalhou como agrimensor em diversas colônias no estado. Foi em trabalhos de demarcação de terras que esse abnegado ho- mem de ação chegou a conhecer o interior do 38 Filho do barão Karl von Koseritz, Carlos von Koseritz estado como poucos em sua época, e passou a (1830-1890) veio ao Brasil em 1851 para integrar o con- tingente de militares alemães (Brummers) contratados contribuir com magníficas cartas de viagem, para lutar na guerra contra Oribe e Rosas. Após deser- recheadas de valiosas informações científicas, ção, Carlos von Koseritz atuou no jornalismo, em Porto vindas a lume no “Deutsche Zeitung”, de Porto Alegre, destacando-se, ainda, como político, empresá- 37 rio e escritor. Alegre. 39 Cartógrafo alemão (1821-1893), autor de numerosos Encarregado de triangular as terras de artigos publicados em jornal, bem como mapas e livros , Peperi e Chapecó, ao norte de Passo sobre o Rio Grande do Sul. De sua bibliografia destaca- se “Südbrasilien – Die Provinzen São Pedro do Rio Grande do Sul, Santa Catharina und Paraná mit Rücksicht auf die deutsche Kolonisation”, editada em 37 Periódico em língua alemã, editado em Porto Alegre no Leipzig (1885). período de agosto de 1861 até a entrada do Brasil na 40 BESCHOREN, M. Impressões de viagem na província Primeira Guerra Mundial (1917). Carlos von Koseritz do Rio Grande do Sul. Porto Alegre: Martins Livreiro, (1830-1890), seu mais famoso editor, imprimiu forte 1989. p. 60. tendência germânica e anticatólica ao jornal. 41 BESCHOREN, M., 1989, Op. cit., p. 166-167.

8 O nome comum “guariganga” ou “gua- BELL, S. A life in shadow. Aimé Bonpland in ricana” se aplica a Geonoma schottiana Mart.42 , southern South America, 1817-1858. Stanford: espécie “com ampla distribuição no Brasil”, Stanford University Press, 2010. 320 p. embora restrita, no Rio Grande do Sul, à “re- BESCHOREN, M. Impressões de viagem na pro- gião litorânea, desde Torres até o município de víncia do Rio Grande do Sul. Porto Alegre: Rio Grande”.43 Para o estado de Santa Cata- Martins Livreiro, 1989. 200 p. (Tradução de Ernestine Marie Bergmann e Wiro Rauber). rina44 , a espécie consta como nativa somente BONPLAND, A. Archives inédites. Buenos Aires: na região fitogeográfica da “mata pluvial da Jacobo Peuser Ltda., 1924. Tomo 2. (edição Encosta Atlântica”, causando estranheza a in- facsimilar do original manuscrito). s.p. dicação do engenheiro do século dezenove para BONPLAND, A. Journal Voyage de Sn. Borja a la a floresta do Alto Uruguai. Mesmo contestando Cierra y a Porto Alegre. Porto Alegre; Instituto a literatura botânica disponível, a referência do de Biociências, Departamento de Botânica; Pa- meticuloso alemão é merecedora de crédito, até ris: Centre Nationale de la Recherche Scien- prova em contrário, cabendo investigação mais tifique, 1978. 175p. detalhada, tanto na natureza como na literatura, CANO, A.; PERRET, M.; STAUFFER, F.W. A com vistas à confirmar (ou descartar) uma pre- revision of the genus Trithrinax (Cryosophileae, térita disjunção dessa espécie no Alto Uruguai. Coryphoideae, Arecaceae). Phytotaxa, v. 136, A respeito da “palmeira anã” mencionada por n. 1, p. 1-53, 2013. CARVALHO, M.T. de. Nobiliário Sul-Riograndense. Beschoren, trata-se, provavelmente, da primei- Porto Alegre: Livraria do Globo, 1937. 371 p. ra referência literária a Butia exilata Deble & DEBLE, L.P.; MARCHIORI, J.N.C.; ALVES, F. da Marchiori, espécie descrita apenas em 2011 – e S.; OLIVEIRA-DEBLE, A.S. de. Survey on para e os arredores do “Parque Es- Butia (Becc.) Becc. (Arecaceae) from Rio Gran- tadual de ” –, ao norte de Passo Fun- de do Sul State, Brazil. Balduinia, Santa Maria, do45 . n. 30, p. 3-24, 2011. FARIA, O.A. de. Diccionário Geográphico, Históri- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS co e Estatístico do Estado do Rio Grande do Sul. Porto Alegre: Livraria do Globo, 1914. 423 p. ASSIS-BRASIL, L.A. de. Figura na sombra. Porto (2ª. edição). Alegre: L&PM, 2012. 264 p. HENIS, T.X. Diario historico de la rebelion y guer- AVÉ-LALLEMANT, R. Viagem pelo sul do Brasil ra de los pueblos guaranis, situados en la costa no ano de 1858. Rio de Janeiro: Ministério da oriental del rio Uruguay, del año 1754. Educação e Cultura; Instituto Nacional do Li- Buenos Aires: Editorial Plus Ultra, 1970. v. 5, vro, 1953. Primeira parte, 398 p. (Tradução de p. 449-577. Teodoro Cabral). LORENZI, H.; SOUZA, H.M. de; COSTA, J.T. de M.; CERQUEIRA, L.S.C. de; FERREIRA, E. Palmeiras brasileiras e exóticas cultivadas. Nova Odessa: Instituto Plantarum, 2004. p. 239. 42 REITZ, R.; KLEIN, R.M.; REIS, A. Projeto Madeira LORENZI, H.; NOBLICK, L.R.; KAHN, F.; de Santa Catarina. Sellowia, Itajaí, 1978, p. 51. FERREIRA, E. Flora Brasileira: Arecaceae. 43 SOARES, K.P.; LONGHI, S.J.; WITECK NETO, L.; ASSIS, L.C. Palmeiras (Arecaceae) no Rio Grande do Nova Odessa: Instituto Plantarum, 2010. p. 361- Sul, Brasil. Rodriguesia, Rio de Janeiro, v. 65, n. 1, 2014, 364. p. 127. MARCHIORI, J.N.C.; ALVES, F. da S. A histórica 44 REITZ, R.; KLEIN, R.M.; REIS, A. Projeto Madeira estância de Santiago, em Saint-Hilaire e outros de Santa Catarina. Sellowia, Itajaí, 1978, p. 51. clássicos da literatura sulina. Balduinia, Santa 45 DEBLE, L.P.; MARCHIORI, J.N.C.; ALVES, F. da S.; OLIVEIRA-DEBLE, A.S. de. Survey on Butia (Becc.) Maria, n. 27, p. 15-19, 2011. Becc. (Arecaceae) from Rio Grande do Sul State (Brazil). MATTOS, J.R. Palmeiras do Rio Grande do Sul. Balduinia, Santa Maria, n. 30, 2011, p. 5-9. Roessleria, Porto Alegre, v. 1, n. 1, p. 5-94, 1977.

9 REITZ, R. Palmeiras. In: REITZ, R. Flora Ilustrada SOARES, K.P.; LONGHI, S.J. Uma nova espécie de Catarinense. Itajaí: Herbário Barbosa Rodri- Butia (Becc.) Becc. (Arecaceae) para o Rio gues, 1974. 189 p. Grande do Sul, Brasil. Ciência Florestal, Santa REITZ, R.; KLEIN, R.M.; REIS, A. Projeto Madeira Maria, v. 21, n. 2, p. 203-208, 2011. de Santa Catarina. Sellowia, Itajaí, p. 1-320, 1978. SOARES, K.P.; LONGHI, S.J.; WITECK NETO, L; SAINT-HILAIRE, A. de. Viagem a Curitiba e pro- ASSIS, L.C. de. Palmeiras (Arecaceae) no Rio víncia de Santa Catarina. Belo Horizonte: Edi- Grande do Sul, Brasil. Rodriguésia, Rio de Ja- tora Itatiaia, 1978. 209 p. neiro, v. 65, n. 1, p. 113-139, 2014. SAINT-HILAIRE, A. de. Viagem ao Rio Grande do SÜHS, R.B.; PUTZKE, J. Nota sobre a ocorrên- Sul. Porto Alegre: ERUS; Martins Livreiro, cia de uma população de Trithrinax 1987. 496 p. brasiliensis Martius (Arecaceae) no vale do SALDANHA, J. de. Diário Resumido e Histórico. rio Pardo, Rio Grande do Sul, Brasil. Pesqui- Anais da Biblioteca Nacional, Rio de Janeiro, sas, Botânica, São Leopoldo, n. 61, p. 330- v. 51, p. 137-301, 1938. 332, 2010.

10