EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DA 1ª VARA CRIMINAL DA REGIONAL CAMPO GRANDE – /RJ

IP n° 31/2009 (CORE – Missão Suporte) Proc. nº 2009.205.020931‐5

O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO, por intermédio dos promotores de Justiça infra firmados, no exercício de suas atribuições legais, vem oferecer

DENÚNCIA contra:

1. MARCOS EDUARDO CRUZ DE OLIVEIRA, vulgo “FURACÃO”, brasileiro, filho de Marcos Alves de Oliveira e Bárbara Siqueira Cruz de Oliveira, nascido em 22.09.1975, portador do R. G. nº 09.240.144‐7 IFP/RJ, residente na Rua Ivan Serpa, nº 350, apto. 101, bloco 04, Campo Grande, nesta cidade;

2. ANDRESSA LOISE SILVA DE SOBRAL, brasileira, filha de José Donizete de Sobral e Ivanilda Luiz de Souza, nascida em 01.03.1990, portadora do R. G. nº 26.972.645‐1 IFP/RJ, residente na Rua Seabra Filho, nº 1217, lote 02, quadra 01 ou na Rua Caminho Foz do Jordão, nº 05, ambos em Campo Grande, nesta cidade;

3. ANDRÉA LOISE SILVA DE SOBRAL, vulgo “DÉIA”, “LOURA” ou “MORENA”, brasileira, filha de José Donizete de Sobral e Ivanilda Luiz de Souza, nascida em 16.12.1980, portadora do R. G. nº 12.157.722‐5 IFP/RJ, residente na Rua Maria Regina, lote 818‐A, km 37, Bomba do Guandu, Queimados/RJ;

4. BRUNO CRUZ DE OLIVEIRA, vulgo “BICUDO”, brasileiro, filho de Marcos Alves de Oliveira e Bárbara Siqueira Cruz de Oliveira, nascido em 03.01.1980, portador do R. G. nº 11.229.377‐4 1

IFP/RJ, residente na Rua Soldado Francisco Savastana, nº 350, bloco 04, apto. 501, Campo Grande, nesta cidade ou na Rua Pinho, nº 67, apto. 201, Bombas do Guandu, Nova Iguaçu/RJ;

5. SEBASTIÃO CORREA BARROS, vulgo “BARROS”, brasileiro, policial militar, filho de Sebastião Fernandes Barros e Maria Correa Pereira, nascido em 19.01.1962, portador do R. G. 41.128 PMERJ, lotado no 20º BPM e residente na Rua Projetada, nº 09, quadra 03, lote 02, casa 01, Cosmos, nesta cidade;

6. RÔMULO FELIPE FREIRE, vulgo “RÔMULO BOMBA”, brasileiro, filho de Raimundo Freire Filho e Maria Rosa de Sales Felipe Freire, nascido em 06.11.1976, portador do R. G. nº 10.365.011‐ 5, residente na Rua Cedro, nº 196, apto. 201, Bomba do Guandu, Nova Iguaçu/RJ;

7. ALEX DANTAS DA SILVA, brasileiro, filho de João Joaquim da Silva e Selma Dantas de Oliveira, nascido em 23.05.1983, portador do R. G. nº 13.262.079‐9 IFP/RJ, residente na Rua Três, nº 70, fundos, Cabuçu, Nova Iguaçu/RJ;

8. ALEXANDRE SILVA DE ALMEIDA, vulgo “XANDE” ou “SOLINHA”, brasileiro, filho de Laurito de Almeida Filho e Josefa da Silva, nascido em 06.07.1989, portador do R. G. nº 20.866.830‐1 IFP/RJ, residente na Rua Palmira, nº 190, Conjunto Boa Esperança, Parque São Carlos, Queimados/RJ ou na Avenida Canal das Taxas, nº 59, apto. 302, , nesta cidade;

9. WELLINGTON DOS SANTOS DE CASTRO, vulgo “PAPEL”, brasileiro, filho de Luis Carlos Correia de Castro e Maria de Jesus dos Santos, nascido em 31.12.1984, portador do R. G. nº 21.133.785‐2 IFP/RJ, residente na Rua Oito, nº 185, Cabuçu, Nova Iguaçu/RJ;

10. BRUNO LEONARDO DA SILVA DE SOUZA, vulgo “BRUNINHO”, brasileiro, filho de Luiz Carlos Frias de Souza e Edivaci Braz da Silva, nascido em 06.04.1982, portador do R. G. nº 11.891.797‐0 IFP/RJ, residente na Rua Jordão, nº 893, lote 09, Taquara, nesta cidade (outros endereços informados a fl. 367 dos autos);

11. MARCOS PAULO DA CONCEIÇÃO MARTINS, vulgo “BILU”, brasileiro, filho de Paulo Sérgio Martins e Teresa Cristina da Conceição, nascido em 01.04.1986, portador do R. G. nº 20.373.540‐2 IFP/RJ, residente na Rua Quartzo, nº 26, apto. 201, Grão Pará, Nova Iguaçu/RJ;

12. RENATO LIMA DO ESPÍRITO SANTO, vulgo “RENATINHO”, brasileiro, filho de José Maria do Espírito Santo e Telma Lima, nascido em 15.08.1989, portador do R. G. nº 20.859.625‐4 IFP/RJ, residente na Rua Raul Boaventura, nº 61 ou na Rua Loreto, nº 145, casa 02, Conjunto Campinho, Campo Grande, nesta cidade; 2

13. CLEBERSON ALVES DE OLIVEIRA, vulgo “CLEBER”, brasileiro, filho de pai não declarado e Luzia Alves Oliveira, nascido em 03.03.1984, portador do CPF nº 106.155.837‐17, residente na Rua Ary Gomes, nº 35, Nova Iguaçu/RJ;

14. JEFERSON EVANGELISTA FRANÇA GOULART DA SILVA, vulgo “RATO”, brasileiro, filho de João Evangelista Pereira da Silva e Mary Ane França Goulart da Silva, nascido em 04.02.1985, portador do CPF nº 016.202.303‐05, residente na Rua Jurana, nº 489 ou na Rua Vicente Francisco, nº 25, ambos em Campo Grande, nesta cidade;

15. DIEGO SILVA DE ALMEIDA, brasileiro, filho de Laurito de Almeida Filho e Josefa da Silva, nascido em 18.07.1986, portador do R. G. nº 20.866.831‐9 IFP/RJ, residente na Rua Palmira, nº 190, Conjunto Boa Esperança, Nova Iguaçu/RJ;

16. RICARDO COELHO DA SILVA, vulgo “CADINHO” ou “CARA TORTA”, brasileiro, filho de José Ricardo da Silva e Selma Regina Coelho da Silva, portador do R. G. nº 20.669.071‐1 IFP/RJ, residente na Rua Gramado, nº 783, casa 12, Campo Grande, nesta cidade;

17. DENILSON JOSÉ DOS SANTOS, vulgo “NINÃO”, brasileiro, filho de José Paulo dos Santos e Maria das Neves Santos, nascido em 28.11.1972, portador do R. G. nº 09.620.376‐5 IFP/RJ, residente na Rua Luiz Gonzaga Maia, nº 77, sobrado, Vila Cruzeiro, Penha, nesta cidade;

18. ANDRÉ FRANCISCO DOS SANTOS, vulgo “ANDRÉ PAULISTA”, brasileiro, filho de José Júlio dos Santos e Eunice Francisco dos Santos, nascido em 04.01.1980, portador do R. G. nº 12.466.365‐9 IFP/RJ, residente na Rua Olivina, nº 136, Vila Nova, Campo Grande, nesta cidade;

19. DOUGLAS DE SANTANA, vulgo “JILÓ”, brasileiro, filho de Jurandir José de Santana e mãe não declarada, nascido em 19.08.1985, portador do R. G. nº 20.815.664‐6 IFP/RJ, residente na Rua Projetada, nº 02, nº 27, Nossa Senhora do Rosário ou na Rua Vera Lúcia, lote 06, quadra 15, ambos em Queimados/RJ;

20. MÁRCIO DA SILVA TEIXEIRA, vulgo “TITO” ou “2T”, brasileiro, filho de Miguel Goulart Teixeira e Luzia Leonardo Teixeira, nascido em 10.09.1980, portador do R. G. nº 12.703.195‐3 IFP/RJ, residente na Rua E, nº 330, casa 03, Campo Grande, nesta cidade;

21. JADIR JERÔNYMO JUNIOR, vulgo “JUNIOR”, “GORILÃO” ou “NEGÃO”, brasileiro, filho de Jadyr Jerônymo e Aidê Maria de Souza Jerônymo, nascido em 03.05.1980, portador do R. G. nº 11.146.598‐5 IFP/RJ, residente na Rua Nova, nº 06, Santíssimo, nesta cidade;

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22. JOSÉ DAVID RAMALHO, vulgo “SELVA”, brasileiro, policial militar, filho de pai não declarado e Sandra Regina Ramalho, nascido em 30.01.1984, portador do R. G. nº 83.458 PMERJ, lotado no 2º BPM, residente na Estrada do Magarça, nº 921, , nesta cidade;

23. MARCO ANTONIO DO NASCIMENTO BARBOSA, vulgo “TOUCHÉ”, brasileiro, filho de Ivan Candido Barbosa e Maria da Penha do Nascimento, nascido em 11.04.1970, portador do R. G. nº 08.684.560‐9 IFP/RJ, residente na Rua Acajutiba, lote 09, quadra 144, fundos, Cosmos, nesta cidade;

24. VANDÉSIO ATAÍDE ARSI BENINCÁ, vulgo “BRANQUINHO”, brasileiro, filho de Joaquim Benincá e Carmem Maria Arsi Benincá, nascido em 25.06.1982, portador do R. G. nº 20.490.020‐3 IFP/RJ, residente na Rua Soldado Francisco Savastana, nº 350, bloco 02, apto. 402, Campo Grande, nesta cidade;

25. RODOLFO DE SOUZA QUEIROZ, vulgo “RODOLFINHO” ou “GOLFINHO”, brasileiro, filho de Paulo Cesar Queiroz e Vanja de Souza Queiroz, nascido em 30.03.1984, portador do R. G. nº 13.169.144‐6 IFP/RJ, residente na Rua Soldado Venceslau Spanerki, nº 167, Campo Grande, nesta cidade;

26. REGINALDO MARTINS DO NASCIMENTO, vulgo “NALDO”, brasileiro, filho de Waldecir Pereira do Nascimento e Ivone Martins, nascido em 02.01.1969, portador do R. G. nº 08.762.554‐7 IFP/RJ,residente na Rua Pontões, lote 13, quadra 66, Campo Grande, nesta cidade;

27. FÁBIO NADAES MORAES, vulgo “BINHO”, brasileiro, filho de Miguel Arcanjo de Andrade Moraes e Ângela Maria Nadaes Moraes, nascido em 02.04.1981, portador do R. G. nº 10.222.203‐1 IFP/RJ, residente na Rua Antonio Campos Neto, nº 370, casa 01, Oiticica, Campo Grande, nesta cidade;

28. MARCOS VINICIUS DA CRUZ CARDOSO, vulgo “NOVINHO”, brasileiro, filho de Antonio Marcos da Cruz Cardoso e Elisabeth de Sá Cardoso, nascido em 18.02.1991, portador do R. G. nº 23.775.152‐4 IFP/RJ, residente na Estrada Carvalho Ramos, nº 21, quadra 43, Inhoaíba, nesta cidade;

29. MÁRCIO DA CRUZ CARDOSO, vulgo “BARUEL”, brasileiro, filho de Antonio Marcos da Cruz Cardoso e Elisabeth de Sá Cardoso, nascido em 22.03.1986, portador do R. G. nº 21.165.631‐9 IFP/RJ, residente na Rua Azaléias, nº 11, Campo Grande, nesta cidade;

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30. JUAN PABLO WOLFGRAMM DOREA, brasileiro, filho de Leônidas Alcântara Dorea e Ireny Wolfgramm, nascido em 15.12.1984, portador do R. G. nº 21.048.623‐9 IFP/RJ, residente na Rua 13, apto. 402, Chaperó, Itaguaí/RJ;

31. RICARDO DA COSTA SANTANA, vulgo “DA CORDINHA”, brasileiro, filho de Mateus de Souza Medeiros Santana e Neuza da Costa Santana, nascido em 15.02.1982, portador do R. G. nº 12.990.741‐6 IFP/RJ, residente na Rua São Sebastião, nº 105, Nova Cidade, Inhoaíba, nesta cidade;

32. VANILDO FERREIRA DE LIMA, vulgo “CHUMBINHO”, brasileiro, filho de pai não declarado e Maria Ferreira de Lima, nascido em 12.02.1961, portador do R. G. nº 05.659.202‐5 IFP/RJ, residente na Rua Cinqüenta e Cinco, quadra 89, lote 11, frente, Campo Grande, nesta cidade;

33. RONI SALVINO BATISTA, brasileiro, filho de José Mendes Batista e Francisca Salvino Batista, nascido em 15.07.1967, portador do R. G. nº 08.337.208‐6 IFP/RJ, residente na Rua Reverendo José Drummond, nº 42, casa 01, Campo Grande, nesta cidade;

34. JOÃO CARLOS DE OLIVEIRA ROSA, vulgo “JC”, brasileiro, filho de Nilton Gomes da Rosa e Nemesse de Oliveira Rosa, nascido em 08.02.1967, portador do R. G. nº 08.700.856‐1 IFP/RJ, residente na Travessa João de Matos, nº 39, Quintino Bocaiúva, nesta cidade;

35. WAGNER FERREIRA DE SOUZA, vulgo “VAGUINHO”, brasileiro, filho de Odail Ferreira de Souza e de Rosimeire Ferreira de Souza, nascido em 16.01.1981, portador do R. G. nº 12.264.476‐8 IFP/RJ, residente na Rua Setenta e Três, quadra 92, lote 09, Carobinha, Campo Grande, nesta cidade;

36. CRISTIANO OLIVEIRA DE FRANÇA, brasileiro, filho de Jorge Luiz Reis de França e Célia Regina de Oliveira, nascido em 19.11.1979, portador do R. G. nº 11.629.839‐9 IFP/RJ, residente na Estrada da Pedra, nº 103, apto. 308, Santa Cruz, nesta cidade;

37. BRUNO CARDOSO MORAES GOUVEIA, vulgo “BRUNINHO DO BARBANTE”, brasileiro, filho de Diórdenes Alexandre Gouveia e Claudia Cardoso de Moraes Gouveia, nascido em 27.03.1986, portador do R. G. nº 21.061.590‐2 IFP/RJ, residente na Rua El Shaday, lote 01‐A, casa 17, Inhoaíba, nesta cidade;

38. REINALDO RAMOS LOBO, vulgo “SPRINTER”, brasileiro, filho de pai não declarado e Eugênia Ramos, nascido em 23.06.1981, portador do R. G. nº 20.195.159‐7 IFP/RJ, residente na Rua D, nº 01, Manguariba, Santa Cruz, nesta cidade, atualmente preso;

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39. BRUNO LUIZ PEREIRA, vulgo “BRUNINHO DE COSMOS”, brasileiro, filho de Jorge Luiz Pereira e Maria da Conceição Baptista, nascido em 24.10.1988, portador do R. G. nº 23.471.229‐7 IFP/RJ, residente na Rua Bernardino Rodrigues Amado, nº 05, Campo Grande, nesta cidade;

40. RICARDO HILÁRIO DE FRANÇA, vulgo “CAL”, “CAÔ” ou “CAOZINHO”, brasileiro, filho de Félix Hilário de França e Maria Marli Gomes, nascido em 19.01.1987, portador do R. G. nº 24.824.195‐2 IFP/RJ, residente na Rua Rubis, nº 59, Inhoaíba, nesta cidade;

41. CLAUDENILSON HILÁRIO DE FRANÇA, vulgo “MOMÔ”, brasileiro, filho de Félix Hilário de França e Maria Marli Gomes, nascido em 18.06.1989, residente na Rua Rubis, nº 59, Inhoaíba, nesta cidade;

42. MÁRCIO FERNANDO BARBOSA, vulgo “OLHO DE GATO”, brasileiro, filho de pai não declarado e Jorgete Barbosa, nascido em 19.05.1975, portador do R. G. nº 12.019.708‐2 IFP/RJ;

43. BRUNO BARBOSA DA SILVA, vulgo “BRUNO PRETÃO”, brasileiro, filho de Roberto Barbosa da Silva e Edna Barbosa da Silva, nascido em 16.11.1986, portador do R. G. nº 13.328.626‐ 0 IFP/RJ, residente na Rua Campo Grande, lote 03, casa 22 ou na Travessa Rei dos Reis, lote 03B, casa 30, ambos em Campo Grande, nesta cidade;

44. IVO MATTOS DA COSTA JUNIOR, vulgo “PM JUNIOR”, “TOMATE” ou “TOMATINHO”, brasileiro, policial militar, filho de Ivo Mattos da Costa e Nancy Rodrigues da Costa, nascido em 17.06.1978, portador do R. G. nº 69.747 PMERJ, residente na Rua Linda Flor, nº 105, Campo Grande, nesta cidade;

45. FABRÍCIO LOURENÇO SANTOS PAIVA, vulgo “PAIVA”, brasileiro, filho de Paulo César Baptista Paiva e Lana Lourenço Santos Paiva, nascido em 28.07.1984, portador do R. G. nº 20.295.052‐3 IFP/RJ, residente na Rua Paverama, nº 62 ou na Rua Tamarana, lote 08, quadra 93, ambas em Campo Grande, nesta cidade;

46. MISAEL SILVA DO NASCIMENTO, vulgo “PASTOR DA MILÍCIA”, brasileiro, filho de Zacarias Pereira do Nascimento e Venanci Silva do Nascimento, nascido em 30.04.1984, portador do R. G. nº 20.469.581‐1 IFP/RJ, residente na Rua 03, lote 20, Vilar Carioca, Inhoaíba, nesta cidade;

47. BERNARDO TEIXEIRA CRUZ, brasileiro, filho de José Souza Cruz e Dejanira Teixeira Cruz, nascido em 05.08.1965, portador do R. G. nº 07.149.138‐5 IFP/RJ, residente na Rua Itagiba, nº 130, Cosmos, nesta cidade;

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48. NODIR JOSÉ BARBOSA DA SILVA, vulgo “CAVEIRINHA”, brasileiro, policial militar, filho de José da Silva e Maria Barbosa da Silva, nascido em 03.0.1967, portador do R. G. nº 50.617 PMERJ, residente na Rua José Martins Pires, nº 17, Campo Grande, nesta cidade;

49. VALDENIR MENEZES PEREIRA, vulgo “MONSTRINHO”, brasileiro, policial militar, filho de Francisco Pereira Junior e Nair Menezes Pereira, nascido em 24.10.1959, portador do R. G. nº 34.290 PMERJ, residente na Estrada do Cabuçu de Baixo 170, Rua D, nº 70, Campo Grande, nesta cidade, atualmente preso pela prática da conduta delituosa a seguir descrita:

I. Em período de tempo não determinado, porém compreendido entre o ano 2007 e a presente data, em várias localidades da zona oeste da cidade do Rio de Janeiro (v.g., Campo Grande, Cosmos, Guaratiba, Inhoaíba, Paciência, Santíssimo) e mesmo em municípios contíguos, como Nova Iguaçu/RJ, os denunciados, de forma livre e consciente, em perfeita comunhão de ações e desígnios entre si e com outros indivíduos ainda não plenamente identificados, associaram‐se, de forma estável e permanente, em quadrilha armada, alcunhada “Liga da Justiça”, para o fim de cometer ampla variedade de crimes, tais como homicídio qualificado, extorsão, corrupção ativa, concussão, posse e porte ilegais de armas de fogo de uso permitido e de uso restrito, entre tantos outros, assim viabilizando a consecução de projeto de poder que engloba a dominação territorial e econômica de toda aquela região por meio da violência e da imposição do terror.

Agremiação que se inscreve no conceito de milícia, por ostentar em suas hostes grande número de agentes públicos (notadamente integrantes das forças policiais) e por espraiar para o seio das instituições estatais os tentáculos do crime organizado, o grupo paramilitar formado pelos denunciados e por seus sequazes passou a, com cada vez maior virulência, intentar estabelecer e ulteriormente manter a hegemonia da exploração de toda a sorte de atividades que pudessem gerar lucro na já aludida circunscrição territorial – dedicando‐ se, por exemplo, ao domínio do transporte alternativo de passageiros, à exploração de jogos de azar por meio de máquinas “caça‐níqueis”, ao monopólio obrigatório da venda de botijões de gás a preços superfaturados, à cobrança coercitiva de “taxa de segurança”, à redistribuição ilícita de sinais de transmissão de canais de televisão (vulgarmente conhecida como “gatonet”) e à mantença e exploração de depósitos clandestinos de combustível (GNV).

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Para a consecução de tais objetivos, os ora denunciados e os demais quadrilheiros não medem as conseqüências de suas ignominiosas condutas, valendo‐se, como meio ordinário de atuação, de ampla gama de práticas criminosas que possam ensejar o resultado pretendido, sempre mediante violência ou grave ameaça exercidas com o emprego de armas de fogo (não raro de grosso calibre, como fuzis), podendo‐se, dentre elas, exemplificativamente elencar: a) o constrangimento de moradores e de comerciantes das localidades sob seu domínio à regular entrega de quantias em dinheiro à malta, sob o pretexto de “protegê‐los” de criminosos que os pudessem eventualmente perturbar; b) o constrangimento de pessoas que se dedicam ao desempenho de atividades relacionadas ao transporte alternativo de passageiros (motoristas das vans, cobradores, cooperativados etc.) ao pagamento de quantias em dinheiro (referidas, nesse mister, como “diárias”) à quadrilha, condição ao exercício de tais atividades nos territórios por ela controlados; c) a imposição, a moradores e comerciantes das localidades já indicadas, do monopólio exercido pela quadrilha na comercialização de GNV (gás natural veicular) e de botijões de gás e na redistribuição (ilegal) de sinais de programação de emissoras de TV a cabo (“gatonet”); d) a prática de espancamentos, seqüestros, torturas e homicídios qualificados, não raro de forma ostensiva – em plena luz do dia e em locais de grande aglomeração de pessoas –, de todos quantos se recusem a se submeter às “regras” impostas pela horda ou ousem intentar levar ao conhecimento das autoridades notícia da barbárie por ela desencadeada em sua área de influência.

II. O inquérito policial que lastreia a presente denúncia é continuação daquela primeva inquisa instaurada para a investigação da atuação do grupo criminoso cognominado “Liga da Justiça” (IP nº 06/2009 – DC/Polinter), havendo tido por escopo a identificação e a viabilização da responsabilização penal de mais de seus incontáveis integrantes. Por meio da reunião de informes de inteligência, da inquirição de testemunhas e, bem assim, da perscrutação, autorizada por esse Juízo, das comunicações telefônicas estabelecidas entre miríade de membros da horda, logrou‐se desvelar mais de sua estrutura e modo de funcionamento, observando‐se, como de praxe, evidente divisão de tarefas, competindo a cada quadrilheiro a realização de parte necessária da execução do plano global, visando à plena realização da comum resolução delitiva.

O denunciado MARCOS EDUARDO CRUZ DE OLIVEIRA, vulgo “FURACÃO”, é indivíduo profundamente imiscuído nas atividades criminosas desenvolvidas pela quadrilha, sendo responsável pela negociação de armas de fogo, pela prática de extorsões mediante

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seqüestro, pelo gerenciamento do recolhimento das “diárias” extorquidas de motoristas de vans de transporte alternativo e por infinidade de homicídios (como executor ou mandante) em seu benefício, notadamente na área de Cosmos e do Barbante (cf. fls. 25/91 do volume I; fls. 145, 147, 149 e 151 do volume II; e fls. 02/153 do anexo 15).

A denunciada ANDRESSA LOISE SILVA DE SOBRAL, companheira de “FURACÃO”, irmã de criação de MACIEL VALENTE DE SOUSA, vulgo “ZACARIAS”, e afilhada de RICARDO TEIXEIRA CRUZ, vulgo “BATMAN”, participa ativamente das atividades da quadrilha, notadamente na interlocução e coordenação de vários de seus integrantes e no transporte e na ocultação das armas de fogo de propriedade de seu amásio (cf. fls. 138/139 e 153/175 do anexo 15).

A denunciada ANDRÉA LOISE SILVA DE SOBRAL, vulgo “DÉIA”, “LOURA” ou “MORENA”, irmã de ANDRESSA, exerce função de confiança na quadrilha, atuando como motorista de integrantes de seus escalões superiores (como ‘CADINHO/CARA TORTA’ e MACIEL), notadamente durante o desenvolvimento das atividades criminosas levadas a cabo pela malta (cf. anexos 14, 14A e 14B).

O denunciado BRUNO CRUZ DE OLIVEIRA, vulgo “BICUDO”, é irmão de MARCOS EDUARDO CRUZ DE OLIVEIRA, vulgo “FURACÃO”. No organograma da quadrilha, é um dos responsáveis pelo recolhimento das quantias angariadas mediante extorsão de motoristas de veículos de transporte alternativo, de comerciantes e de moradores, bem como pela guarda, em sua residência, de parte do armamento utilizado pelo grupo no desenvolvimento de suas atividades criminosas (cf. fls. 146, 148 e 153 do volume II e fls. 176/196 do anexo 15).

O denunciado SEBASTIÃO CORREA BARROS, vulgo “BARROS”, sargento da Polícia Militar, comandante do DPO do km 32 (Nova Iguaçu) e padrasto de ANDRESSA, companheira de “FURACÃO”, é interlocutor habitual deste último, competindo‐lhe previamente fornecer informações acerca da realização de operações policiais que possam interferir nas atividades criminosas da quadrilha. Além disso, utiliza o aparato estatal disponível em razão da função pública por ele exercida para facilitar o desenvolvimento das atividades criminosas da malta – por exemplo, fornecendo cobertura aos membros da quadrilha com a utilização de viaturas da Polícia Militar ou mesmo realizando ações contra seus rivais (cf. fls. 60 e 205/223 do anexo 15).

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O denunciado RÔMULO FELIPE FREIRE, vulgo “RÔMULO BOMBA”, é um dos responsáveis pelo recolhimento das quantias angariadas mediante extorsão de motoristas de veículos de transporte alternativo, além de se imiscuir em outras atividades criminosas perpetradas pela quadrilha, como a cogitação de homicídios de rivais (conferir, a propósito, a ligação telefônica por ele estabelecida com “Furacão”, na qual tramam a morte do indivíduo alcunhado “Pajé”, efetivamente assassinado por este último pouco depois; cf. fls. 02/41 do anexo 16).

Os denunciados ALEX DANTAS DA SILVA (cf. fls. 50/52 do anexo 15 e fls. 47/51 do anexo 16), ALEXANDRE SILVA DE ALMEIDA, vulgo “XANDE” ou “SOLINHA” (cf. fls. 52/72 do anexo 16), WELLINGTON DOS SANTOS DE CASTRO, vulgo “PAPEL” (cf. fls. 73/93 do anexo 16), BRUNO LEONARDO DA SILVA DE SOUZA (cf. fls. 31/39 do anexo 17), MARCOS PAULO DA CONCEIÇÃO MARTINS, vulgo “BILU”, RENATO LIMA DO ESPÍRITO SANTO, vulgo “RENATINHO”, CLEBERSON ALVES DE OLIVEIRA, vulgo “CLEBER”, e JEFERSON EVANGELISTA FRANÇA GOULART DA SILVA, vulgo “RATO” (diversas vezes citados por “FURACÃO” nas ligações telefônicas interceptadas – cf. fls. 25/91 do vol. I e fls. 02/153 do anexo 15; fls. 398/444 do volume III e fls. 57/62 do anexo 17) participam intensamente de várias atividades criminosas levadas a cabo pela quadrilha, dentre as quais se destacam a negociação de armas de fogo, a prática de extorsões (inclusive mediante seqüestro) e a captura, tortura e execução de inimigos da horda, não raro atuando em conjunto, sob ordens de “FURACÃO”.

O denunciado DIEGO SILVA DE ALMEIDA é também integrante da quadrilha, competindo‐lhe auxiliar seu irmão ALEXANDRE SILVA DE ALMEIDA, vulgo “XANDE” ou “SOLINHA”, e seus asseclas mais próximos (vide parágrafo anterior) no desempenho das atividades criminosas que lhes incumbe perpetrar, notadamente no que concerne ao transporte e à negociação de armas de fogo (fls. 472/473 do volume III; fls. 57/58 do anexo 15; fls. 46, 69/70 e 85 do anexo 16).

O denunciado RICARDO COELHO DA SILVA, vulgo “CADINHO” ou “CARA TORTA”, ocupa função de destaque na quadrilha, funcionando como intermediador entre seu primeiro escalão e os escalões inferiores, bem como ostentando a condição de articulador do efetivo cumprimento das ordens promanadas da chefia – por exemplo, organizando as cobranças das “taxas de proteção” e das “diárias”, providenciando segurança aos cobradores no

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desempenho de tal tarefa, centralizando o recebimento de informações provenientes de informantes espalhados pela área de atuação da milícia etc. (conferir anexos 14, 14A e 14B);

O denunciado DENILSON JOSÉ DOS SANTOS, vulgo “NINÃO”, é interlocutor freqüente do alto escalão da quadrilha e, em seu organograma, exerce as mais variadas funções, como a coordenação das equipes dedicadas às extorsões dos motoristas de vans e das retaliações armadas aos cobradores da milícia rival, inclusive ordenando homicídios, a negociação de armas de fogo e a “clonagem” de viaturas da Polícia para utilização pela organização criminosa, por exemplo (cf. anexos 5 e 7; fls. 94/112 do anexo 16).

O denunciado ANDRÉ FRANCISCO DOS SANTOS, vulgo “ANDRÉ PAULISTA”, negocia veículos de procedência ilícita para o uso da milícia, além de participar da atividade de extorsão dos motoristas de veículos de transporte alternativo de passageiros (cf. fls. 113/117 do anexo 16).

O denunciado DOUGLAS DE SANTANA, vulgo “JILÓ”, dedica‐se com afinco ao exercício da atividade de extorsão de “diárias” dos motoristas de veículos de transporte alternativo de passageiros nas linhas dominadas pela milícia, recebendo ordens diretamente de RICARDO COELHO DA SILVA, vulgo “CADINHO” ou “CARA TORTA” (cf. anexos 10, 14, 14A e 14B).

O denunciado MÁRCIO DA SILVA TEIXEIRA, vulgo “TITO” ou “2T”, exerce funções relacionadas à prática de extorsão de “diárias” dos motoristas de veículos de transporte alternativo de passageiros e, bem assim, de retaliações (inclusive homicídios) contra os integrantes da milícia rival (cf. fl. 134 do volume II; anexos 4, 6, 10 e 14A; e fls. 121/128 do anexo 16).

O denunciado JADIR JERÔNIMO JUNIOR, vulgo “JUNIOR”, “GORILÃO” ou “NEGÃO”, interlocutor contumaz e homem de confiança dos integrantes do escalão superior da quadrilha, gerencia a atividade de exploração de máquinas caça‐níquel, além de participar de extorsões e homicídios (cf. fls. 146, 148, 150 e 156 do volume II; fls. 613/637 do volume IV; anexos 5 e 7 e fls. 129/134 do anexo 16).

O denunciado JOSÉ DAVID RAMALHO, vulgo “SELVA”, policial militar, opera a exploração das atividades de “gatonet” e de venda monopolizada de botijões de gás, além de

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negociar veículos e armas de fogo para uso da milícia (cf. fls. 459/468 do volume III; fl. 509 do volume IV; e fls. 136/144 do anexo 16).

O denunciado MARCO ANTONIO DO NASCIMENTO BARBOSA, vulgo “TOUCHÉ”, gerencia a coleta das “diárias” extorquidas dos motoristas de veículos de transporte alternativo de passageiros (cf. fls. 146/151 do anexo 16).

O denunciado VANDÉSIO ATAÍDE ARSI BENINCÁ, vulgo “BRANQUINHO”, exerce funções relacionadas à prática de extorsão de “diárias” dos motoristas de veículos de transporte alternativo de passageiros e, bem assim, de retaliações contra os integrantes da milícia rival (cf. fls. 170/182 do anexo 16).

O denunciado RODOLFO DE SOUZA QUEIROZ, vulgo “RODOLFINHO” ou “GOLFINHO”, coordena a coleta das “diárias” extorquidas dos motoristas de veículos de transporte alternativo de passageiros (cf. fls. 152/155 e 183/190 do anexo 16).

O denunciado REGINALDO MARTINS DO NASCIMENTO, vulgo “NALDO”, exerce funções relacionadas à prática de extorsão de “diárias” dos motoristas de veículos de transporte alternativo de passageiros e, bem assim, de retaliações (inclusive homicídios) contra os integrantes da milícia rival (cf. fl. 592 do volume IV e fls. 02/29 do anexo 17).

O denunciado FÁBIO NADAES MORAES, vulgo “BINHO”, exerce funções relacionadas à cobrança de serviços de “gatonet” e de “diárias” dos motoristas de veículos de transporte alternativo de passageiros que operam nas linhas dominadas pela “Liga da Justiça” (cf. fls. 40/56 do anexo 17).

O denunciado MARCOS VINICIUS DA CRUZ CARDOSO, vulgo “NOVINHO”, negocia armas de fogo e munição para a quadrilha, além de se dedicar à extorsão de motoristas de vans e à prática de homicídios que lha beneficiem (cf. fl. 133 do volume II, anexos 14, 14A e 14 B e fls. 63/97 do anexo 17).

O denunciado MÁRCIO DA CRUZ CARDOSO, vulgo “BARUEL”, irmão de “NOVINHO”, exerce funções relacionadas à cobrança de “diárias” dos motoristas de veículos de

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transporte alternativo de passageiros que operam nas linhas dominadas pela “Liga da Justiça” (cf. anexos 14A e 14B e fls. 83/84 do anexo 17).

O denunciado JUAN PABLO WOLFGRAMM DOREA é um dos responsáveis pelo recolhimento das quantias angariadas mediante extorsão de motoristas de veículos de transporte alternativo de passageiros nas linhas dominadas pela milícia (cf. fls. 98/99 e 179/185 do anexo 17).

O denunciado RICARDO DA COSTA SANTANA, vulgo “DA CORDINHA”, é interlocutor contumaz do alto escalão da quadrilha, dedicando‐se à operação nas mais diversas áreas, como a exploração da distribuição monopolizada de gás e de máquinas caça‐níquel, a prática de extorsão de “diárias” de motoristas de vans e a perpetração de homicídios de rivais da malta (cf. fl. 132 do volume II; fls. 544/548, 577/579 e 613/637 do volume IV; e fls. 100/120 do anexo 17).

O denunciado VANILDO FERREIRA DE LIMA, vulgo “CHUMBINHO”, presidente da associação de moradores do Jardim Nossa Senhora das Graças, em Campo Grande, exerce funções relacionadas à extorsão de “diárias” dos motoristas de veículos de transporte alternativo de passageiros que operam nas linhas dominadas pela “Liga da Justiça”, inclusive pagamento de propina a equipes policiais, bem como à perpetração de homicídios (cf. fl. 591 do volume IV; fls. 121/157 do anexo 17).

O denunciado RONI SALVINO BATISTA, presidente da associação de moradores do Conjunto Votorantim, em Campo Grande, explora o serviço de “gatonet” naquela localidade e na da Carobinha, além de ocultar armas de fogo de propriedade da milícia e ordenar e executar homicídios que lha beneficiem (cf. fls. 582/612 do volume IV).

O denunciado JOÃO CARLOS DE OLIVEIRA ROSA, vulgo “JC”, explora o serviço de “gatonet” no Conjunto Votorantim e na Carobinha, juntamente com o denunciado RONI SALVINO BATISTA, além de funcionar como elo entre as milícias da “Liga da Justiça” e de Bangu (cf. fls. 582/612 do volume IV).

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O denunciado WAGNER FERREIRA DE SOUZA, vulgo “VAGUINHO”, atua como segurança da milícia e instalador do serviço de “gatonet” na região do Conjunto Votorantim e da Carobinha (cf. fls. 582/612 do volume IV).

O denunciado CRISTIANO OLIVEIRA DE FRANÇA é um dos responsáveis pela extorsão de “diárias” de motoristas de veículos de transporte alternativo, além de se imiscuir em outras atividades criminosas em prol da quadrilha, como negociação de armas de fogo e munição (cf. fls. 158/167 do anexo 17).

O denunciado BRUNO CARDOSO MORAES GOUVEIA, vulgo “BRUNINHO DO BARBANTE”, é um dos responsáveis diretos pelo recolhimento, na área do Barbante, do lucro auferido pela exploração, pela quadrilha, de máquinas caça‐níquel, além de efetuar a manutenção dos referidos mecanismos. As quantias por ele recolhidas eram ao depois entregues a um comparsa mais bem posicionado na hierarquia da quadrilha (JADIR JERÔNYMO JUNIOR, vulgo “JUNIOR”, “GORILÃO” ou “NEGÃO”), que se encarregava de repassá‐las ao escalão superior, na pessoa de MACIEL, vulgo “ZACARIAS” (cf. fls. 640/643 do volume IV e o APF nº 18/2009 – DH Oeste, em anexo).

O denunciado REINALDO RAMOS LOBO, vulgo “SPRINTER”, exercia a traficância de substâncias entorpecentes na favela do Barbante, até ser ela invadida e dominada pela “Liga da Justiça”. Nessa oportunidade, foi cooptado pela quadrilha e começou a atuar como executor de homicídios que lha beneficiassem, notadamente na precitada localidade do Barbante, onde ulteriormente passou a liderar a célula da milícia ali instalada, até sua recente prisão. Foi reconhecido como um dos artífices da “chacina do Barbante”, ocorrida em agosto de 2008, bem como daquela outra que, em julho de 2009, vitimou grande parte da família de uma das testemunhas daquele crime, Vicente de Souza Junior, também arrolada como tal na ação penal deflagrada a partir do IP nº 06/2009 (cf. fls. 132, 134, 145, 147, 150 e 152 do volume II e fls. 613/637 e 644/648 do volume IV).

O denunciado BRUNO LUIZ PEREIRA, vulgo “BRUNINHO DE COSMOS” (cunhado de TONY ANGELO SOUZA DE AGUIAR, vulgo “ERÓTICO”), operava como motorista de um dos líderes da milícia, RICARDO TEIXEIRA CRUZ, vulgo “BATMAN”, além de se dedicar à instalação e à cobrança do serviço de “gatonet” e à execução de homicídios de interesse da

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organização criminosa (cf. fls. 147/148 e 154 do volume II; fls. 552/555, 613/637 e 640/648 do volume IV).

O denunciado RICARDO HILÁRIO DE FRANÇA, vulgo “CAL”, “CAÔ” ou “CAOZINHO”, exerce a função de segurança da milícia e também é um dos responsáveis pela perpetração de homicídios que lha interessem, havendo sido reconhecido como um dos artífices do assassinato da testemunha Leonardo Baring Rodrigues, ocorrido em julho de 2009 (cf. fls. 132 do volume II e fls. 576, 578, 579, 613/648 do volume IV).

Ao denunciado CLAUDENILSON HILÁRIO DE FRANÇA, vulgo “MOMÔ”, irmão de “CAL/CAÔ/CAOZINHO”, compete o recolhimento das quantias em dinheiro extorquidas de comerciantes a título de “taxa de proteção” a ser paga à milícia. Foi recentemente preso em flagrante delito portando armas de fogo de uso restrito, inclusive com numeração raspada (cf. fls. 613/637 do volume IV e processo nº 2009.205.019935‐8).

O denunciado MÁRCIO FERNANDO BARBOSA, vulgo “OLHO DE GATO”, é um dos responsáveis pela perpetração de homicídios em prol dos interesses da milícia, havendo sido reconhecido como um dos participantes da “chacina do Barbante”, ocorrida em agosto de 2008 (cf. fls. 538/542, 578 e 638/639 do volume IV).

O denunciado BRUNO BARBOSA DA SILVA, vulgo “BRUNO PRETÃO”, atua como executor de homicídios de interesse da quadrilha, havendo sido reconhecido como um dos participantes da chacina da família da testemunha Vicente de Souza Junior, ocorrida em junho de 2009 (cf. fls. 577 e 613/637 do volume IV).

O denunciado IVO MATTOS DA COSTA JUNIOR, vulgo “PM JUNIOR”, “TOMATE” ou “TOMATINHO”, utiliza‐se de sua condição de policial militar para viabilizar/facilitar o sucesso de operações da quadrilha, além de articular e executar homicídios que favoreçam a organização criminosa (cf. fl. 509 do volume IV).

O denunciado FABRÍCIO LOURENÇO SANTOS PAIVA, vulgo “PAIVA”, exerce funções relacionadas à extorsão de “diárias” dos motoristas de veículos de transporte alternativo

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de passageiros que operam nas linhas dominadas pela “Liga da Justiça” (cf. fls. 168/178 do anexo 17).

O denunciado MISAEL SILVA DO NASCIMENTO, vulgo “PASTOR DA MILÍCIA”, não apenas se dedica à extorsão de “diárias” dos motoristas de vans que operam em linhas dominadas pela milícia, não raro mediante a utilização de arma de fogo, como também perpetra homicídios em prol da malta. Foi preso em flagrante delito em julho de 2009 em razão da prática daquela primeira conduta, ocasião em que confessou à autoridade policial integrar as hostes da “Liga da Justiça”, intentando suborná‐la para que não ficasse detido (cf. fls. 133 e 249/260 do volume II).

O denunciado BERNARDO TEIXEIRA CRUZ, irmão de RICARDO TEIXEIRA CRUZ, vulgo “BATMAN”, é um dos responsáveis pela contabilidade da organização criminosa (cf. fls. 133 e 141 do volume II).

O denunciado NODIR JOSÉ BARBOSA DA SILVA, vulgo “CAVEIRINHA”, policial militar, atuava como segurança do capo RICARDO TEIXEIRA CRUZ, vulgo “BATMAN”, além de se dedicar à perpetração de homicídios em prol da “Liga da Justiça” (cf. fls. 132, 148 e 158 do volume II).

O denunciado VALDENIR MENEZES PEREIRA, vulgo “MONSTRINHO”, policial militar, atua como extorsionário e matador a serviço da milícia. Foi preso em flagrante delito na posse criminosa de armas de fogo, inclusive de uma submetralhadora pistol uzi calibre 9 mm com numeração raspada, ao ser surpreendido na condução de veículo reportado como utilizado na chacina da família da testemunha Vicente de Souza Junior, pouco tempo antes (cf. fls. 169/173 do volume II).

Assim agindo, estão os denunciados incursos nas sanções do artigo 288, parágrafo único do Código Penal, c/c o artigo 8º, caput da Lei 8.072/90.

Ante o exposto, requer o Ministério Público, uma vez recebida a presente, que seja determinada a citação dos denunciados para responderem, por escrito, aos termos desta ação penal (art. 396 CPP) e, após, a designação da audiência de que cuida o art. 399 do codex

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processual, esperando ver, a final, julgada procedente a pretensão punitiva estatal verberada no processo, com a conseqüente condenação dos réus.

Requer ainda o parquet a notificação/requisição das seguintes pessoas, a fim de deporem sobre os fatos aqui narrados, ouvindo‐se as excedentes ao número legal como testemunhas do Juízo, justificando‐se a extrapolação pelas notáveis peculiaridades do caso concreto:

1. Fábio Oliveira Barucke – delegado de polícia; 2. Adriana Pereira Mendes – delegada de polícia; 3. Ronald Hurst – delegado de polícia, fls. 631/637; 4. Leandro Baring Rodrigues – fls. 131, 147, 178, 579, 614 e 638/641; 5. José Carlos de Souza Machado – fls. 145, 577 e 642‐; 6. Vicente de Souza Junior –fl. 149 e 578; 7. Luciano Baring Rodrigues – fl. 178; 8. Iris Stefani Suplano da Silva – fl. 404; 9. Enercy de Oliveira – fl. 478; 10. Eliel Figueiredo da Silva – policial civil, fl. 252; 11. Adriano Mello Sene – policial civil, fl. 253; 12. Antonio Silvino Teixeira – delegado de polícia, fl. 255; 13. Eraldo Pereira – policial civil, fls. 169/173; 14. Gilson Barros de Souza – PM, fls. 169/173.

Rio de Janeiro, 19 de outubro de 2009.

MARCUS VINICIUS C. M. LEITE Promotor de Justiça Mat. 2512

BRUNO DE LIMA STIBICH Promotor de Justiça Mat. 2369

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IP n° 31/2009 (CORE – Missão Suporte) Proc. nº 2009.205.020931‐5

PROMOÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO

MERITÍSSIMO JUIZ

1. Oferece o MP denúncia em separado, em 17 laudas digitadas, ressaltando que este ato de forma alguma importa arquivamento implícito, objetivo ou subjetivo, podendo o parquet, a qualquer tempo, aditá‐la ou deflagrar nova ação penal, conforme reputar necessário, mesmo porque as investigações prosseguirão com o fito de responsabilizar penalmente os demais integrantes da quadrilha ora perscrutada;

2. Deixa o MP de deflagrar a ação penal também contra:

a) Marcelo Santos Silva, vulgo “Itamar”, José Carlos de Mattos Junior, Fábio Marcos Lessa Caramuru, Ubirajara Ribeiro Ottero e Marcos dos Santos Magalhães, em razão de já haverem sido eles denunciados pela prática da conduta ora imputada aos demais quadrilheiros no processo nº 2009.205.024162‐4;

b) Edson Moreira Barbosa, André Henrique da Silva Souza, Renan dos Santos Barbosa e Daniel Fernandes de Souza, por já responderem pelo mesmo crime no processo nº 2009.205.029518‐9;

c) João Rafael dos Prazeres, por já haver sido denunciado com base na inquisa 06/2009 (DC – Polinter), perante esse juízo;

d) os demais indiciados contra quem a autoridade policial haja eventualmente formulado representação de prisão preventiva, em razão de, conforme o caso, não estarem plenamente identificados, ou reputar o MP que os indícios angariados em seu desfavor demandam enrobustecimento por meio de investigações complementares;

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3. Acompanham a denúncia anexa as mídias contendo as gravações das comunicações telefônicas interceptadas mediante autorização desse Juízo ao longo da tramitação do inquérito policial que àquela primeira serve de supedâneo;

4. Requer o Ministério Público:

a) a comunicação da deflagração da presente ação penal contra os denunciados ao IFP/RJ;

b) idem, com cópia da denúncia e da presente cota, à Vara de Execuções Penais;

c) o encaminhamento de cópia da denúncia e da presente cota à Corregedoria‐ Geral Unificada e à corregedoria interna da Polícia Militar, para ciência e adoção das providências reputadas pertinentes em seu âmbito de atuação;

d) a vinda aos autos das FACs e das pesquisas SIDIS dos denunciados, atualizadas e esclarecidas;

e) a requisição, à Polícia Militar, de cópias dos assentamentos funcionais dos denunciados que integrem ou tenham integrado suas fileiras;

f) a requisição, às operadoras de telefonia destinatárias das ordens de interceptação das comunicações telefônicas expedidas neste feito, do encaminhamento a este órgão ministerial, em prazo exíguo a ser fixado pelo juízo, das contas‐detalhe relativas às linhas interceptadas no período de vigência da quebra de sigilo, em formato digital (se for o caso, utilizando‐se o email [email protected]), para fins de cruzamento de dados visando à obtenção de informações relevantes para o deslinde da causa penal em apreço;

5. Requer, ainda, o Ministério Público, com espeque no artigo 225 do Código de Processo Penal, que proceda esse meritíssimo juízo, tão logo possível, à COLHEITA ANTECIPADA DOS DEPOIMENTOS das testemunhas indicadas sob os números 4 a 7 na denúncia (Leandro e Luciano Baring Rodrigues, José Carlos de Souza Machado e Vicente de Souza Junior). Isso porque todos, sem exceção, encontram‐se marcados para morrer pela quadrilha de que fazem

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parte os denunciados, justamente por virem reiteradamente colaborando com a Polícia e com a Justiça para seu desmantelamento, e, em razão disso, ora vivem sob proteção da autoridade policial. Tal circunstância, no entanto, não permite afastar o mais que palpável risco de que ditas testemunhas não mais existam ou se encontrem disponíveis por ocasião da realização da AIJ, observado o trâmite normal do processo: a uma, porque nada impede que, a qualquer momento, abdiquem da proteção que lhes é atualmente deferida para ganharem o mundo, não podendo ser obrigadas a dela usufruir indefinidamente; a duas, porquanto a audácia da milícia em questão não encontra limites, decerto não chegando a surpreender eventual intentação (e possível consecução) da ocisão das vidas das testemunhas mesmo sob a tutela do Estado (mormente quando se considera a existência em suas fileiras de integrantes do Poder Público, com acesso privilegiado a dados e informações sigilosos). Não custa asseverar, a propósito, que tal prática (a da “queima de arquivo”) é cotidianamente levada a cabo pelo grupo criminoso de que se ocupa a presente inquisa, como provam o recente assassinato de Leonardo Baring, irmão de Leandro e Luciano e também testemunha dos crimes perpetrados pela “Liga da Justiça”, e a chacina de quatro integrantes da família de Vicente de Souza Junior (o verdadeiro alvo da empreitada, que só por extrema sorte não dividiu o destino de seus parentes). Tudo, pois, a plenamente justificar o enorme receio de que, por conta do tempo necessário para citação dos denunciados, juntada de defesas e designação de AIJ, as precitadas testemunhas já não mais existam ou possam ser encontradas ao tempo da instrução e, por via de conseqüência, a legitimar o deferimento da providência que ora se postula (que, aliás, não obsta a que sejam elas novamente inquiridas quando da realização da(s) AIJ(s), se ainda possível).

6. Pugna o parquet, outrossim, por que sejam as defesas técnicas instadas a expressamente informar, por ocasião da oferta das respectivas respostas à acusação (art. 396‐A CPP), se pretendem ou não postular a realização da chamada “perícia de voz” para cotejo dos padrões vocálicos dos denunciados com as vozes captadas nas interceptações das comunicações telefônicas que lastreiam a presente ação penal, providenciando‐se desde logo, se for o caso, a colheita do material necessário à sua confecção, o que decerto importará minoração do tempo necessário à ultimação do processo;

7. De outro tanto, postula a autoridade policial (fls. 556/565) o deferimento de medida cautelar de BUSCA E APREENSÃO viabilizadora da angariação e o ulterior exame de “coisas obtidas por meios criminosos, armas, munições, instrumentos utilizados na prática de crimes

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ou destinados a fim delituoso e objetos necessários à prova da infração” em endereços apontados como sendo os dos denunciados e de outros comparsas pretensamente envolvidos na perpetração do delito ora investigado.

A medida que ora se pleiteia se mostra, a nosso juízo, imprescindível para a escorreita instrução da ação penal ora inaugurada e, eventualmente, para a angariação do suporte probatório mínimo necessário à responsabilização penal de outros integrantes da virulenta quadrilha em questão.

O artigo 240 do Código de Processo Penal, em seu parágrafo 1º, alíneas “a”, “b”, “d”, “e” e “h”, confere a base legal para o deferimento e a realização da medida ora propugnada.

É de se afirmar, ademais, que, como exigido doutrinariamente, a medida cautelar ora perseguida: a) tem previsão legal; b) destina‐se a fins legítimos (de repressão e prevenção da prática de ilícitos); c) evidencia interesse social concreto, que deve prevalecer sobre o interesse individual de eventuais requeridos; d) é proporcional ao fim almejado; e e) se ajusta, em sua concretude, à finalidade visada (neste sentido: ARANGÜERA FANEGO, Coral. Teoria General de las Medidas Cautelares Reales en el Proceso Penal Español. Barcelona: Bosch, 1991, p. 57 e ss.), motivo por que a pretensão aqui verberada, porquanto lídima e premente, há de ser acatada por esse meritíssimo Juízo.

Postula o Ministério Público, uma vez deferido o pedido: a) que as ordens de busca e apreensão contemplem os endereços informados pela autoridade policial na representação de fls. 556/565 e, bem assim, aqueles indicados na denúncia ora ofertada; e b) que dos respectivos mandados conste expressa autorização para o completo escrutínio, pelo ICCE, de todo o material eventualmente apreendido, inclusive dados arquivados em mídias e/ou equipamentos de comunicação e/ou informática (aparelhos de telefonia celular, CDs, computadores, pendrives, HDs externos etc).

8. Requer o MP, de igual forma, a decretação da PRISÃO PREVENTIVA dos denunciados, uma vez que restam inelutavelmente presentes os requisitos autorizadores de sua segregação cautelar, à luz do que dispõe o artigo 312 do Código de Processo Penal.

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O fumus comissi delicti é evidente, restando certa a existência do crime e presentes indícios mais do que suficientes de autoria, como se depreende dos elementos de prova coligidos durante o trâmite da inquisa, em especial daqueles indicados na preambular acusatória em relação a cada um dos denunciados.

No que tange à indispensabilidade da prisão, nota‐se que a periculosidade dos denunciados é inominável e flagrante, haja vista que a malta por eles integrada é fonte da perpetração, com inigualáveis crueldade, frieza, insensibilidade e indiferença, de infrações penais as mais graves e ignóbeis, mediante a utilização de enorme arsenal bélico e da odiosa infiltração de seus agentes no seio do Poder Público, notadamente em órgãos ligados à Segurança Pública. Assim, os denunciados viabilizam e se locupletam de sucessivas e intermináveis ofensas à paz social, à vida humana, à integridade física, ao patrimônio e à tranqüilidade psíquica de todos quantos se coloquem entre eles e seus objetivos criminosos.

Nesse sentido, acolhendo a tese de que a gravidade do crime praticado manifesta periculosidade de seu realizador, se manifestam os tribunais superiores:

“STF: Esta Corte, por ambas as suas Turmas, já firmou o entendimento de que a prisão preventiva pode ser decretada em face da periculosidade demonstrada pela gravidade e violência do crime, ainda que primário o agente. (RT 648/347)”;

“STJ: A periculosidade do réu, evidenciada pelas circunstâncias em que o crime foi cometido, basta, por si só, para embasar a custódia cautelar, no resguardo da ordem pública e mesmo por conveniência da instrução criminal. (JSTJ 8/154)”.

Urge realçar que a periculosidade dos denunciados também é manifestada de maneira insofismável pela maneira peculiar e abrangente da execução do delito que se lhes imputa, empreendido em atividade típica de crime organizado, impondo à população das localidades por eles subjugadas verdadeiro reinado de terror em que crimes os mais torpes e sanguinários são cometidos em plena luz do dia sem que seus perpetradores – que nenhuma questão fazem de manter veladas suas identidades – angariem, por sua prática, qualquer punição.

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Lastreiam‐se, para isso, em predicados que decerto colocam em severíssimo risco a ordem pública e a paz social, dentre os quais se podem exemplificativamente citar: a) organização profissional, composta por grande número de membros, com funções meticulosamente planejadas e divididas; b) acesso e utilização de gigantescas quantidade e variedade de armas de fogo, inclusive aquelas de elevadíssimo poder vulnerante; c) intentação da ocupação de “vácuo” do Estado legitimamente constituído, substituindo‐o por projeto de poder próprio (aí se incluindo a angariação de lucros exorbitantes por meio do monopólio de atividades econômicas), projeto esse cujas regras são ditadas pela própria organização criminosa; d) grandíssima infiltração de seus agentes no aparelho estatal (v.g., nas Polícias Militar e Civil, no Corpo de Bombeiros Militar, nos quadros políticos etc.), condição essa amplamente divulgada nas localidades dominadas visando a incrementar o poder de intimidação da malta; e) arrecadação semanal de enorme quantidade de recursos financeiros que abastecem a organização criminosa e viabilizam a operacionalização e perpetuação das práticas delituosas por ela levadas a cabo; e f) o emprego de violência extrema na consecução de seus objetivos criminosos.

No sentido de que a perniciosidade de determinado grupo é circunstância capaz de violentar sobremaneira a ordem pública e, por conseguinte, motivo mais do que apto a ensejar a decretação da segregação cautelar de seus artífices, vem‐se cotidianamente manifestando o e. Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, como se depreende dos seguintes arestos, verbis:

“Denúncia proposta pelo MP de Itaperuna, em face de 14 policiais militares que exerciam tarefas de policiais rodoviários, em movimentada rodovia, de específico em um posto situado entre a mencionada cidade e a de Bom Jesus do Itabapoana; os quais, em formação de quadrilha, teriam praticado uma série de delitos de corrupção passiva, em forma simples e qualificada; dado como infringido o Código Penal nos artigos 288, 317, caput e § 1º, 150 vezes, em continuação criminosa (artigo 71). (...... ) No mérito, gravidade intensa dos fatos imputados aos aludidos componentes da corporação castrense deste Estado. Escuta telefônica procedida pelo parquet em minuciosa investigação, autorizada judicialmente. Positivação, indiciária, de sucessivos achaques a motoristas, e ou proprietários de carros de passeio, e caminhões, que

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passavam pelo citado posto, entre abril/2006 e janeiro/2007, assinalando autêntica organização criminosa, que de per si revolta a sociedade e a cidadania, agredindo o princípio da moralidade, ínsito ao Estado Democrático de Direito. Sensação de impunidade que deve ser coarctada a bem da imagem da Justiça perante o homem do povo. Incidência clara do artigo 312 caput do CPP, no que atina à aludida ordem pública. (.....). Recurso que se provê. Mandados de prisão a serem aqui expedidos.” (TJERJ, 2ª Câmara Criminal, Rel. Des. Luiz Felipe Haddad, RSE n.º 2007.051.00596, julg. em 11/03/2008);

“HABEAS CORPUS. ALEGAÇÃO DE CONSTRANGIMENTO ILEGAL DECORRENTE DA INÉPCIA DA DENÚNCIA, DA FALTA DE FUNDAMENTAÇÃO DA DECISÃO QUE DECRETOU A PREVENTIVA, QUE ESTÁ SENDO USADA COMO ANTECIPAÇÃO DE PENA, E DO EXCESSO DE PRAZO. DELITOS PREVISTOS NOS ARTS. 12 E 14 DA LEI Nº 6.368/76. CONSTRANGIMENTO ILEGAL INEXISTENTE. PEDIDO JULGADO IMPROCEDENTE. UNANIMIDADE. (....) . A prisão preventiva faz‐se necessária como forma de garantir a ordem pública, quando são sérios os indícios de que os pacientes integram grande e perigosa organização criminosa, como ficou claro nos fundamentos do decisum. (....). Pedido julgado improcedente, denegando‐se a ordem. Unanimidade.” (TJERJ, 1ª Câmara Criminal, Rel. Des. Nildson Araújo da Cruz, HC 2007.05905056, julg. em 18/09/2007);

“HABEAS CORPUS. FORMAÇÃO DE BANDO PARA FINS DE TRÁFICO. PRISÃO PREVENTIVA. GARANTIA DA ORDEM PÚBLICA. DECRETO FUNDAMENTADO ORDEM DENEGADA. Constitui sim grave ameaça a ordem pública associarem‐se várias pessoas para a formação de uma organização criminosa de grande porte com a finalidade específica de traficarem entorpecentes. Desse modo, se há indícios sérios que evidenciem a identificação de algumas dessas pessoas e a sua efetiva participação nessa organização, mostra‐se razoável decretar a prisão preventiva das mesmas em razão do risco que tal associação oferece à

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ordem pública.” (TJERJ, 3ª Câmara Criminal, Rel. Des. Ricardo Bustamante, HC 2008.059.06435, j. em 30/09/2008);

“ASSOCIAÇÃO PARA O TRÁFICO DE DROGAS. Habeas corpus impetrado sob alegação de constrangimento ilegal. Paciente denunciado e condenado pelo crime do artigo 14 c/c 18, IV da Lei 6368/76, juntamente com 19 co‐réus, às penas de quatro anos de reclusão em regime fechado. Acusado que foi condenado como vapor do tráfico de entorpecentes na comunidade conhecida como Barreira do Vasco que é controlada pela facção criminosa Comando Vermelho. Alegação de desnecessidade da prisão preventiva, por ser o acusado primário e de bons antecedentes. Garantia da ordem pública e aplicação da lei penal. Paciente que integra organização criminosa que é um dos maiores algozes do Estado. Decreto de prisão preventiva devidamente fundamentado. Condições pessoais favoráveis do agente, como primariedade e bons antecedentes, não são garantidoras de eventual direito subjetivo à liberdade provisória, se outros elementos dos autos recomendam a custódia preventiva. Denegação da ordem.” (TJERJ, 4ª Câmara Criminal, Rel. Des. Nilza Bitar, HC 2007.059.07100, julg. em 13/11/2007);

“Habeas Corpus com pedido de liminar. Art. 288 do CP, art. 90 da Lei 8.666/93 e art. 1º, V da Lei 9.613/98, em cúmulo material. Constrangimento ilegal decorrente da decretação de prisão preventiva do paciente, na ausência de elementos que a autorizam. Grande complexidade delitiva em apuração, tendo como alvo o erário público. Pluralidade de agentes, na sua maioria, diretamente relacionados com a Administração Pública. Torna‐se necessário maiores averiguações para conferir‐se a existência e alcance da organização criminosa noticiada na decisão inquinada. O paciente foi detido com cerca de R$ 95.000,00 (noventa e cinco mil reais) em sua residência. Indícios veementes a indicar a possibilidade de existirem documentos, arquivos e bens, ainda não coligidos, relacionados com a infração. Decisão vergastada solidamente fundada na garantia da ordem pública e da instrução

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criminal. Notícia de réus foragidos. Ausente o constrangimento apontado. Ordem denegada.” (TJERJ, 8ª Câmara Criminal, Rel. Des. Suely Lopes Magalhães, HC 2007.059.07306, julg.em 08/11/2007);

“HABEAS CORPUS ‐ ASSOCIAÇÃO PARA O TRÁFICO ‐ DENUNCIA ‐ JUSTA CAUSA ‐ PREVENTIVA GRAVIDADE DO FATO EM CONCRETO ‐ NECESSIDADE DA PRISÃO ‐ EXCESSO DE PRAZO – (.....). Todavia, quando a narrativa concreta do evento indicia a periculosidade dos agentes, a prisão pode ser fundamentada em razão da gravidade em concreto do fato. No caso presente, a denúncia se escorou em longo inquérito policial realizado pela Polícia Federal, no qual diversas escutas telefônicas se realizaram com autorização judicial, ficando indiciada a existência de uma grande organização criminosa na cidade de Volta Redonda e outras vizinhas, tudo a indicar a presença de justa causa para a deflagração da ação respectiva, também sendo suficiente para demonstrar a necessidade da medida cautelar decretada. Eventual liberdade dos denunciados, no caso concreto, tornaria desvalioso todo o trabalho investigatório da polícia. (.....).” (TJERJ, 1ª Câmara Criminal, Rel. Des. Marcus Basílio, HC 2008.059.03739, julg. em 17/07/2008).”

É, pois, imperioso que não mais se permita que os denunciados continuem a se deslocar, absolutamente incólumes, pelas comunidades subjugadas pela malta, portando suas armas de fogo de grosso calibre e ávidos para continuarem infligindo o terror à população por meio da perpetração dos mais sanguinários delitos, restando inequivocamente demonstrada a imprescindibilidade da decretação de sua prisão preventiva para se acautelar o meio social e a própria credibilidade da Justiça, garantindo‐se, destarte, a ordem pública.

De outro tanto, é irrespondível o fato de que a decretação da prisão cautelar dos denunciados é medida que se impõe por conveniência da instrução criminal, eis que, se assim lhes for permitido, fatalmente irão ameaçar as testemunhas arroladas na inicial acusatória ou, pior, atentar contra ou arrebatar suas vidas – bem jurídico em relação ao qual já houveram por demonstrar rematado desapreço –, o que importará grandíssimo e irremediável prejuízo para a

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produção das provas em Juízo e, por via de conseqüência, para a consecução de sua imperiosa responsabilização penal.

Nesse mister, é de se alertar, como alhures asseverado, que, após a deflagração da ação penal que tomou por supedâneo o IP 06/2009 (DC‐Polinter), os denunciados e seus comparsas efetivamente lançaram mão da nefanda tática de obliteração das vidas de pessoas cujo testemunho pudessem colocar em risco a ignominiosa existência da horda, 1 assassinando a testemunha Leonardo Baring e chacinando quatro membros da família da testemunha Vicente de Souza Junior (incluindo seu pai, um senhor de 90 anos, cujo cadáver foi depois encontrado em um cemitério clandestino, algemado e com sinais de tortura). Isso demonstra, à saciedade e concretamente, que tais indivíduos não medirão conseqüências para salvaguardar seus interesses escusos por meio da evasão à sua premente responsabilização penal, ainda que à custa de muito sangue, do tripúdio e do escárnio às Instituições legitimamente estabelecidas.

Por fim, e como já demonstrou o manejo da ação penal original, a prisão dos denunciados é fundamental para assegurar a aplicação da lei penal, sendo certo que, se assim lhes for permitido, decerto não hesitarão em se esquivar à perscrutação da Justiça (como fizeram vários de seus pares naquela primeira oportunidade, a despeito de terem contra si expedidos decretos prisionais por esse meritíssimo juízo), o que torna cristalina e inegável a necessidade da decretação da segregação postulada no presente caso concreto para a consecução daquele desiderato.

Flagrante, pois, a ocorrência do periculum libertatis na hipótese ora em análise, previsto na primeira parte, do artigo 312, do Código de Processo Penal, haja vista que é extremamente necessário garantir a ordem pública e assegurar tanto a realização profícua e remansosa da instrução criminal quanto, a final, a aplicação firme da lei penal.

Vale observar, por fim, que o delito praticado pelos denunciados é punido com reclusão, satisfazendo, portanto, o requisito previsto no inciso I, do artigo 313, do Código de Processo Penal.

1 Até o momento, a cinco integrantes da organização criminosa, incluindo três dos ora denunciados, foi imputada a prática do assassinato em questão (cf. fls. 646/648 do volume IV). Os outros dois já figuram como réus na ação penal deflagrada com base no IP nº 06/2009 (DC – Polinter). 27

Por tudo quanto exposto, pugna o parquet pela decretação da prisão preventiva dos denunciados, com fulcro nos artigos 312 e 313 do Código de Processo Penal, entregando‐se os respectivos mandados em mão da autoridade policial presidente do IP e/ou aos órgãos ministeriais subscritores da denúncia, no intuito de possibilitar a efetiva concretização das prisões.

9. Por fim, é mister ressaltar que premente se faz a determinação da imediata suspensão dos denunciados funcionários públicos de suas funções.

Como sabido, o poder geral de cautela é imanente à função jurisdicional, eis que permite ao magistrado, diante do caso concreto, analisar a necessidade da determinação de medida urgente, capaz de assegurar a efetividade da persecutio, do provimento final, e, por que não dizer, do bem jurídico tutelado em abstrato pela norma penal.

Neste diapasão, é assente na jurisprudência pátria a possibilidade de aplicação, ainda que analogicamente, do artigo 798 do Código de Processo Civil, escopado, indubitavelmente, no permissivo legal contido no art. 3º do Código de Processo Penal.

Sobre o tema, já se manifestou o e. Superior Tribunal de Justiça, em julgado cujo teor, a seguir transcrito, se encontra publicado no boletim informativo nº 89 daquela corte, verbis:

“DESEMBARGADOR. AFASTAMENTO. FUNÇÕES. ”Após afastar preliminares de cerceamento de defesa e incompetência desta Corte para aplicar o art. 29 da Loman (LC n. 35/79), recepcionado pela CF/88, conforme já assentado pelo STF, a Corte Especial determinou o afastamento do Magistrado de suas funções como Desembargador e Vice‐Presidente de Tribunal de Justiça Estadual. Considerou‐se que, dentro da amplitude conferida pelo ordenamento jurídico a este Superior Tribunal e recebidas as denúncias com elementos colhidos nesta instância, não seria pertinente devolver ao próprio TJ o exame do pedido do MP de afastamento preventivo. Destarte, sendo este Tribunal competente para receber a denúncia e processar os denunciados (art. 105, I, CF/88), incumbe‐lhe, conseqüentemente, apreciar também as medidas acautelatórias e incidentais sobre o processo.

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Outrossim, ainda que inaplicável o art. 29 da Loman, o afastamento amolda‐se ao poder de cautela do Juiz. Ademais, seria incoerente se este Tribunal pudesse tomar medidas restritivas de liberdade e não pudesse adotar o menos, o afastamento do acusado de suas funções, uma vez que há duas ações penais tramitando nesta Corte e ambas com fatos graves imputados ao Magistrado no exercício do cargo”. Precedente citado do STF: HC 77.784‐MT, DJ 18/12/1998. INQ 259‐AM, Rel. Min. Sálvio de Figueiredo, julgado em 21/3/2001.

Do mesmo jaez é o enunciado nº 06 do Encontro de Trabalho do Ministério Público, realizado na cidade de Petrópolis, nos dias 05 e 06 de julho de 2001:

“6.º ENUNCIADO: É possível, por aplicação do artigo 798 do Código de Processo Civil combinado com o artigo 3.º do Código de Processo Penal, a adoção de medidas cautelares inominadas no âmbito do processo penal, tais como a suspensão do exercício de função pública ou de atividade de natureza econômica e a proibição de ausentar‐se do país sem autorização judicial. (unânime)”

Mais uma vez, dada a cautelaridade da medida, impõe‐se a demonstração da presença dos requisitos a ela inerentes. Do farto substrato probatório colacionado no inquérito policial que lastreia a denúncia deflui, de maneira insofismável, não apenas a certeza da existência do crime, mas também a inescondível responsabilidade dos denunciados por sua perpetração. E, sem o objetivo de ultrapassar qualquer fase do processo, verdade é que o perigo na demora da providência jurisdicional se faz, no caso concreto, absoluto e evidente.

A mantença dos denunciados agentes da lei no exercício de suas normais atividades se revela totalmente incompatível com os gravíssimos fatos ora trazidos à baila. Com efeito, a eles e a seus comparsas se imputa a prática do delito de quadrilha armada, mas não qualquer quadrilha de fundo de quintal – antes, talvez uma das mais virulentas hordas de criminosos que já se houve de reunir em nosso Estado, cujo potencial de perpetrar o Mal é elevado à enésima potência justamente por se utilizar da estrutura do Estado para o desenvolvimento de suas ignominiosas atividades. É imperioso, assim, que se proceda à imediata interrupção do acesso da quadrilha, por intermédio dos precitados denunciados, a tal estrutura,

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mormente quando se considera que a qualidade de funcionários públicos da área de segurança é fator de vital importância para a operacionalização das atividades criminosas da malta.

Insta asseverar, ademais, que a medida ora postulada não se confunde em hipótese alguma com o pleito preventivo formulado no item 6, supra. Ambas as providências são, por evidente, de cunho cautelar, o que equaliza os requisitos dos requerimentos. Contudo, as conseqüências dos provimentos são distintas e podem, no futuro, co‐existir ou não, dada a provisoriedade ínsita à natureza mesma das medidas.

Por derradeiro, convém salientar que, como já se extrai do aresto adrede transcrito, se o juiz pode “o mais”, que é decretar uma prisão cautelar, decerto que também pode “o menos”, ou seja, determinar a suspensão provisória de função, sem precisar aguardar manifestação do Poder Executivo na mesma linha.

Dito isto, pugna o parquet, com esteio nos argumentos acima aduzidos, e com espeque no arts. 798 do CPC c/c art. 3º do CPP, por que sejam suspensos de suas atividades funcionais até o trânsito em julgado da decisão final os denunciados funcionários públicos, expedindo‐se ofício às respectivas corregedorias e à Corregedoria‐Geral Unificada para a efetivação da ordem judicial.

Rio de Janeiro, 19 de outubro de 2009.

MARCUS VINICIUS C. M. LEITE Promotor de Justiça Mat. 2512

BRUNO DE LIMA STIBICH Promotor de Justiça Mat. 2369

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