BOLETIM ICOM Histórias Custodiais Série III Dezembro 2020 N.º15

‘Coleção de Aves, 2015 A Certain idea of a Natural History’ de João Paulo Serafim Coleção de Aves, 2015 | A Certain idea of a Natural History | © João Paulo Serafim

João Paulo Serafim é um artista visual que trabalha vários medias como a fotografia, video, objectos e que se interessa pelo formato de instalação e publicação. A sua prática tem reflectido sobre questões ligadas à especificidade da imagem fotográfica, do público / privado, à Museologia e os seus contextos; questionando fenômenos como a coleção, seus dispositivos e suas implicações no discurso artístico tal como no seu contexto crítico e social. joaopauloserafim.com condições muito difíceis. que muitojáfoifeitoe, porvezes, em Sabemos que aindahá muito afazer,mas (Gaston Bachelard, in: E, assim, ocofre éamemória doimemorial.” presente, umfuturo, estão aí condensados. daremos nossos tesouros. O passado, o nós, masinesquecíveis paraaqueles aquem coisas inesquecíveis, inesquecíveis para enorme valorcultural. “Nocofre estãoas conferindo-lhe um carácter único e de as colecções são cuidadas e estudadas, transmitem-nos oentusiasmocom que e a transversalidade desses depoimentos dos textos aqui publicados. A multiplicidade dos museusemfoco, contadas pelosautores propõe-se expor as origens das colecções Neste Boletim intitulado museus. que deramorigemagrandepartedos conduziu àcriação dos como a exposição pública das colecções, de preservar,abrigar,proteger,assim realizadas aonovomundo,ondeodesejo plantas ecuriosidades ligadas às expedições arte, instrumentosdeciência, animais, se depositavam variadíssimos objectos de XV atéaoséculo XVIII. Eramsalas onde genericamente apartirdofinalséculo de curiosidades foramcriados naEuropa e da história dos museus. Os gabinetes incorporações fazempartedopercurso As coleções eashistóriasdassuas The history of the collections: collections: history ofthe The A história dascolecções: um diálogoafectivo an affective dialog A Poética do Espaço Poéticado A Histórias custodiais, aie d’Amateur Cabinet com opassado with the past with the Editorial Sofia Marçal ). ).

number of art pieces, science instruments, science pieces, art of number a storing Rooms (XVIII). eighteenth the century (XV) until fifteenth end of the the around Europe in curiosity created were The cabinets museums. the its of of history and course story the to the belong incorporations and collections The and sometimes understressful conditions. donebe to yet is much still done, been has MuchPoeticsSpace). The of in: Bachelard, (Gaston immemorial.” is what of memory is casket the Thus condensed. are future a and present the past, the Here treasures. for to those whom we are going to give our unforgettable for us, but also unforgettable unforgettable, are that things containsthe enormous cultural added value. “The casket character and a unique for, allowing them which collectionsthe are studied and cared with enthusiasm the us deliver their testimony of transversality and multiplicity the Thepublishedtexts. hereby by onthe authors told museums, gathering envisaged the the of on origins the expose to offers– Stories Custodian – Bulletin This origin ofanumbermuseums. the on resulted which d’Amateur, Cabinet to public exhibitions and the creation of the ledprotect and harbour preserve, to desire the where world, new the of curio the to related expeditions and plants animals,

3 BOLETIM ICOM PORTUGAL Série III Dezembro 2020 N.º 15 4 BOLETIM ICOM PORTUGAL Histórias Custodiais Outono, com otema:um dos textos apresentados nos Encontros de Neste Boletim também publicamos alguns Lisboa. 2010). História Natural.Museus daPolitécnica. Anos. Vinte Veado do Serpa, disponibilizados paraoseuregisto.” (Luís colectiva através de relatos e outros meios e contribuiu para a nossa memória de uma diversa quantidade de espécimes nos novosterritórios,permitiu a recolha ou acartografia dos lugareseasincursões botânica e mineralogia. “O mapeamento sistematicamente as colecções de zoologia, partir do século XIX, vieram a construir-se recolhas deobjectos desses territórios. A Rainha D.MariaI,dãoorigemàsprimeiras Alexandre RodriguesFerreira,notempoda português. As expedições filosóficas de vivas deplantas,vindasdoimpériocolonial do Jardimbotânico edassuascolecções área dahistórianaturalcom aconstrução foram aumentandoemgrandeescala na suas colecções científicas. Ascolecções deste museubaseia-senaabrangência das de HistóriaNaturaledaCiência. Aescolha neste boletim destacamos o Museu Nacional Julho com oMuseuCalousteGulbenkian, À semelhança doque foifeitonoBoletimde Bernardo O’Higgins,deSantiagodoChile. Museo Histórico Nacional/Universidade Gusti” deBucaresteeLuis Alegría –do Museu Nacional daAldeia“Dimitrie de Madrid,PaulaPopoiu–Diretorado Museo Nacional deCiencias Naturales diretor das Colecções e Documentação do textos dos autores: Ignacio Doadrio – Vice- Optámos pormanteralínguaoriginalnos 1 e2deOutubro. Seide, em Vila Nova de Famalicão, nos dias na Casa de Camilo – Centro de Estudos, Conservare Documentar colecções. sóis a aa o Veado, do Sala da Estórias Museu Nacionalde Novo olhar sobre as , realizados in: Sala ih h cntuto o te Botanic the of construction the with History, Natural of field the on increased collections the of scope the scale large collections. In scientific its of coverage the The choosing of this museum is based upon (MuseuNacional de História Natural History e da Natural Ciência). and Science of the we Nationalgive emphasesMuseum to the on Bulletin July one this in Museum, Gulbenkian Calouste the with line In (Museum O’Higgins, SantiagoChile); Alegría from Bernardo University / Nacional Histórico Luis Gusti” “Dimitrie Bucharest); Aldeia the Museum of National the of Paula (Head Popoiu Madrid); de Naturales Ciencias and Museum National Collections the of Documentation the of Doadrio (Vice-Director Ignacio language: original its in texts author’s the keep to view our It’s on the 1 on the Seide, Vila Nova de Famalicão, taken place on the Casa de Camilo – Centro de Estudos, accomplished Preserve, and Document To collections. the on look New A theme: the with Outono”), de published(“Encontros Encounters also Autumn The on we’ve showed texts the of some Bulletin this In Museus daPolitécnica. Lisboa. 2010). Anos. Museu Nacional de História Natural. da Sala do Veado, in: Sala do Veado Vinte means to its registry.” (Luís Serpa, Estórias a throughout number of descriptions and other available memory collective our to diverse of species quantity and contributed a of gathering the allowed lands new the cartography of the places and incursions of the or mapping “The territories. those of Maria I, origin first are to samplesthe the D. Queen The HRM of datingtimes the to back Ferreira, Rodrigues Alexandre of expeditions colonial philosophical The Portuguese empire. the to back collection plants dating living its and Garden st and2 nd ofOctober. connosco ashistórias dassuas colecções. época de semi-confinamento, partilharam na edição deste boletim que, mesmo em Agradeço a todos os que colaboraram da nossa História Colectiva e Universal. sua preservação eummaiorconhecimento credibilidade, contribuindo assim para a as suas origens, confere-se-lhes uma maior as colecções eassustentar. Aosaberem-se É agora a oportunidade de se repensarem uma cultura deparadigmadovisual. uma permuta. A cultura contemporânea é ciência, onde a apropriação da imagem é bibliotecas, colecções, histórianaturale visuais incidem sobre os museus, arquivos, tal como um colecionador. Os seus ensaios deste fotógrafonasuarealização erecolha, correspondem às experiências acumuladas quatro trabalhos fotográficos originaisque só acapa, como todososseparadores,com arealizarnão PauloSerafim João convidámos artista plásticaparailustrar acapa, agora No Boletim de Julho desafiámos uma um exemploparatodosnós. como uma prática de serviço público e é seu trajecto profissional revela-se-nos estruturação doPatrimónioCultural.O do conhecimento naconservação e crucial na permeabilidade e contaminação trabalho de Simonetta Luz Afonso foi (Zygmunt Bauman,in: possa seradiadadespreocupadamente…” para queapreocupação ematravessá-las são, contudo, suficientemente distantes que acabarãotendodeseratravessadas,não as quais demoramos a nos debruçar, mas Líquida de Bauman. “Algumas pontes sobre indo ao encontro do conceito da Sociedade são levantadas questõesmuitopertinentes, grande visãodofuturo.Nestaentrevista com um percurso invejável e com uma Museóloga egestoraculturaldedicada, é um testemunho precioso de uma A entrevistacom SimonettaLuzAfonso eo Líquido Medo ). O and sets anexampletoallofus. practice’s best service public on translates path professional Its Heritage. the Cultural of structuring and conservation the of knowledge the on contamination and Luz Afonso was crucial on the permeability in: Medo Líquido). The works of Bauman, Simonetta (Zygmunt lightly…” postponed bemight concern them crossing of the that so enough small however not are crossed, beto having eventuallyup but starringend at, will time take we which on bridges the concept “SomeSociety. of Bauman’s Liquid meeting raised, are points of number relevant a interview this On insight. valuable a in wide brings future- a the of an vision with and with record track enviable manager cultural Museologist, dedicated well-known reputable a – Afonso Luz Simoneta with interview The aey aig no con te currentsemi-confinement times. the account collections, into taking their namely of stories the sharing edition, all bulletin’s this to to contributed that thankful I’m History. and Universal Collective our a of knowledge and better preservation its to contributing hence, credibility, bigger them gives one origins their knowing By collections. support the and rethink to time the is Now visual paradigm. of made one is culture contemporary The given-and-take. a is appropriation image the which on history, natural and science collections, libraries, archives, museums, and photographer this collector. His accumulatedvisual rehearsals focus on the of the experience match which works the spacers with four original photographic all as well toas works, cover Serafim the undertake Paulo João invited have we time This cover. the illustrate to lady arts fine a challenged we Bulletin July the On

5 BOLETIM ICOM PORTUGAL Série III Dezembro 2020 N.º 15 6 BOLETIM ICOM PORTUGAL Histórias Custodiais de 2020). entrevista aAnabelaMotaRibeiro,Março das infundadas.”(EduardoLourenço em nos despedetodasascertezas. Sobretudo podemos ter na mão, é qualquer coisa que tocar. A verdade não é qualquer coisa que guardar, que se pode requisitar, preencher, verdade que seconquista, que sepode tem acompensação euforizantedeuma geral. E este é de uma outra ordem, não mesmo saber ou da nossa experiência em há um saber que é o do sentido desse qual odiscurso científico éfeito. Depois, saber que se aumenta constantemente e do do que nãose sabe. Há o saber positivo, o sabedoria máximaerateroconhecimento tonel que nunca seria preenchido, que a os primeiros a falar dessa líbido, desse deseja conhecer sem fim. Osgregosforam que deseja conhecer, deseja conhecer tudo, o homem, desdeAristóteles.Somosaquele “O desejo de conhecimento é o que define with Anabela MotaRibeiro,March2020). Anabela with enterview an on Lourenço (Eduardo ones.” baseless Namely the certainties. all from us undresses that something it’s hand, at have can we something not is truth The touch. in, fill solicit, can we one keep, can we one conquered, be to truth a of compensation differenta of is euphoric the lacks it kind, one this And generalexperience. our of or knowledge same that of sense make to is of.onemade whichis is speech there Then scientific one the constantlyand increases that one knowledge, positive the There’s know. doesn’t one what of knowledge the fulfilled, that absolute wisdom was to have that mention to libido, that hogshead which would first never be the were Greeks The limits. without know know to to know, everything, to desire the the are with We ones Aristoteles. since man the defines what is knowledge for whish “The https://www.facebook.com/icomportugal tel. 213637095 | ICOM Portugal |PalácioNacionaldaAjuda − Museu,Alasul2.ºAndar, LargodaAjuda,1349-021Lisboa Agradecimentos: GeluSavonea, MargaridaAlves,JoséCostaLima. Fotografia dacapaeseparadores: JoãoPauloSerafim–site Projecto gráfico:MarianaGaudich Editora: SofiaMarçal reflectindo necessariamenteospontosdevistadoICOMPortugal. Portugal). As opiniões expressas nos textos assinados são da inteira responsabilidade dos seus autores, não Este boletim éumaedição da Comissão Nacional Portuguesa do Conselho Internacional de Museus (ICOM Boletim ICOMPortugal,SérieIII,N.º15Dezembro2020|ISSN 2183-3613 Ficha Técnica de CiênciasSociasePolíticas, UniversidadedeLisboa Susana J.Garcia Simonetta LuzAfonso Rita Gaspar Rita Dargent Paulo AlmeidaFernandes Paula Popoiu Otília Chissano da UniversidadedeLisboa Marta SanchesdaCosta Maria JoséGaivãodeTavares Maria JoãoVilhenadeCarvalho Luís Soares Luís Alegria Liliana Póvoas do PatrimónioCultural Lília MariadeAlmeidaAlfarraEsteves Judite Alves Joaquim Caetano João PauloSerafim Joana Amaral Instituto deInvestigaçãoInterdisciplinar -IIIUC,UniversidadedeCoimbra Inês Gomes Naturales,Museo Nacional deCiencias Spain Ignacio Doadrio Contemporânea daUniversidadeNovadeLisboa Gonçalo deCarvalhoAmaro David Felismino Artes eCultura, Moçambique Daniel Inoque António PintoRibeiro Ana MehnertPascoal Ana CristinaMartins Estado deSãoPaulo,Brasil Ana CristinaCarvalho Universidade deLisboa Alexandra Cartaxana Colaboram nestenúmero |CentrodeEstudosInterdisciplinares doSéculoXXdaUniversidadedeCoimbra -CEIS20, | Parques deSintra -UniversidadeNovadeLisboa -Monte |Parques daLua,S.A./IHA-FCSH |Curadora doMuseuNacional deHistóriaNatural edaCiência,UniversidadedeLisboa |MuseudeHistóriaNatural edaCiênciaUniversidadedoPorto | Investigador do Museo Histórico Nacional / Universidad Bernardo O’Higgins, |InvestigadordoMuseoHistóricoNacional /UniversidadBernardo Chile |Diretora Gusti”deBucareste,Roménia doMuseuNacional daAldeia“Dimitrie |MuseuNacional dosCoches,Lisboa |DocentedeMuseologia,PatrimónioCultural eHistóriadeÁfricanoInstituto Superiorde | Parques deSintra –Monte |Parques daLua,S.A. |Curadora doMuseuNacional deHistóriaNatural edaCiência,UniversidadedeLisboa |Gestora doMuseu-GaleriaChissano,Moçambique |Vice-director ofCollections andDocumentation ofthe [email protected] |Diretor-adjunto,MuseudeLisboa(EGEAC)/Secretário,ICOMP |Curadora dasColeçõesdeAntropologiadoMUHNAC,docentenoInstituto Superior |DiretordoMuseuNacional deArteAntiga,Lisboa |ArtistaPlástico | Faculdade deLetras, Universidade deLisboa, ARTIS–Instituto deHistória daArte |CentrodeEstudosSociaisdaUniversidadeCoimbra |IHC,UniversidadedeÉvora |MuseólogaeGestora Cultural |Curadora doMuseuNacional deHistóriaNatural edaCiência, |Curadora doAcervoArtístico–Cultural dosPaláciosdoGoverno |Técnica-SuperiordoMuseuNacional deHistóriaNatural edaCiência |HistoriadordaArte,MuseudeLisboa | Museu de São Roque ,investigadorintegrado doInstituto |MuseudeSãoRoque deHistória |Conservadora noPalácioNacional daAjuda,Lisboa |Conservadora noMuseuNacional deArteAntiga,Lisboa | |Laboratório JosédeFigueiredo,DireçãoGeral [email protected] : https://joaopauloserafim.com | http://www.icom-portugal.org ortugal

7 BOLETIM ICOM PORTUGAL Série III Dezembro 2020 N.º 15 8 BOLETIM ICOM PORTUGAL Histórias Custodiais Em Foco • • Em Foco • • • • • • • • • Breves daPresidenteMensagem Editorial Indíce • • • • • • • DOSSIÊ -MUSEUNACIONALDEHISTÓRIANATURALEDACIÊNCIAUL Call forpapers para temáticodarevista MIDASsobre “Políticas dossier Culturais eMuseus” aosmuseussobrecoleçõesnãoeuropeias Inquérito Reunião comaSecretáriadeEstadodaCultura Reunião RededeMuseusdoBaixoAlentejo Evolução dostrabalhos sobreumanovadefiniçãodemuseu Assembleia Geral doICOM,Julho2020 dePrimaveraJornadas 2021 Tema DIM2021 Quotas ICOM2021 Liliana Póvoas,Curadora doMuseuNacional deHistóriaNatural edaCiência, David Felismino, Diretor-adjunto, Museu deLisboa (EGEAC) /Secretário,ICOMPortugal A ColeçãodeDesenhosdosMuseusdaUniversidadeLisboa. David Felismino, Diretor-adjunto, Museu deLisboa (EGEAC) /Secretário, ICOMPortugal O Museude Higiene (1902-1952):odespertar deumacoleção “adormecida”. Otília Chissano, Gestora doMuseu-Galeria Chissano,Moçambique Instituto SuperiordeArtes eCultura, Moçambique DocentedeMuseologia,Património Cultural eHistóriadeÁfricano Inoque, Daniel em Moçambique: Trilhosdas ExperiênciasdaGestãodoMuseu-Galeria Chissano. As FamíliasdosPatronosdasCasas-Museu no“epicentro” deHistóriasCustodiais do Estado deSãoPaulo,Brasil Carvalho,Curadora Cristina Ana doAcervoArtístico –Cultural dos Palácios doGoverno De Palácios-MuseusaMuseusdosPalácios. docente noInstituto SuperiordeCiênciasSociasePolíticas, UniversidadedeLisboa J.Garcia,CuradoraSusana dasColeçõesdeAntropologiadoMUHNAC, Antropologia emPortugal. As coleçõesdeAntropologiaBiológicadoMUHNACnaemergênciada e daCiênciaUniversidadedeLisboa Marta SanchesdaCosta,Técnica-SuperiordoMuseuNacional deHistóriaNatural Coleções dasMissõesAntropológicas–percursos,pertençaseausências. Universidade deLisboa As colecçõesgeológicasdoMuseuNacionaldeHistóriaNaturaledaCiência. e daCiência,UniversidadedeLisboa Judite AlveseAlexandra Curadoras Cartaxana, doMuseuNacional deHistóriaNatural As coleçõeszoológicasdoMuseuNacionaldeHistóriaNaturaledaCiência. ARTIS –Instituto deHistóriadaArte MehnertPascoal,FaculdadedeLetras,Ana Universidade deLisboa,

• HISTÓRIASCUSTODIAIS • HISTÓRIASCUSTODIAIS 14 3 11 41 42 20 37 35 55 27 30 45 19 Publicações Conferências digitaissobre oRelatóriodoGrupodeProjetoMuseusnoFuturo Webinares • • • A • • • • • • Encontros deOutono -dia1e2deOutubro Simonetta LuzAfonso, MuseólogaeGestora Cultural À Conversa com SimonettaLuz Afonso

Requalificação dasreservasdeArqueologia eEtnografiado MuseudeHistóriaNatural A devolução dopatrimónioespoliadoéumimperativo dadescolonização naEuropa. Coleções arqueológicas: percursos erecursos. Umbreviário sobreascoleções doIICT. Rita Gaspar,MuseudeHistória Natural edaCiência UniversidadedoPorto António PintoRibeiro,CentrodeEstudosSociaisdaUniversidade deCoimbr ,investigadorintegradoGonçalo doInstituto deCarvalhoAmaro,MuseuSãoRoque de -Universidade deSintra NovadeLisboa -MonteLuís Soares, Parques daLua,S.A./IHA-FCSH e daCiênciaUniversidade doPorto. CEIS20, Instituto deInvestigaçãoInterdisciplinar –IIIUC,Universidade deCoimbra. Inês Gomes,CentrodeEstudosInterdisciplinares doSéculoXXdaUniversidadedeCoimbra - Liceus eColeções:Percurso(s)história(s). História Contemporânea daUniversidadeNovadeLisboa Um NovoOlharsobreasColeções:Históriascustodiais. Rita Dargent,MuseuNacional dosCoches,Lisboa do MuseuNacionaldosCoches. “E porquenemtudosãocoches…”Areorganizaçãodasreservasmuseológicas Direção Geral doPatrimónioCultural Lília MariadeAlmeidaAlfarra Esteves,Laboratório JosédeFigueiredo, Biocidas naConservaçãodePatrimónioCultural. deSintra Amaral,Joana –Monte Parques daLua,S.A. Reservas naPSML.ModosdefazernoPalácioNacionalQueluz. Um NovoOlharSobreasColeções:Reservas. • • • • • • na Cristina Martins, Cristina IHC,UniversidadedeÉvorana a coleçãodemaquetasdoMuseuLisboa. Paulo Almeida Fernandes, Paulo Almeida Fernandes, O gostopelarepresentação tridimensional dacidade: Paula Popoiu ,Diretora Gusti” deBucareste, Roménia doMuseu Nacional daAldeia“Dimitrie Bref aperçu duMuséeNationalVillage“DimitrieGusti”deBucarest. Maria José GaivãodeTavares, curadora doPalácio Nacional daAjuda,Lisboa De Palácio Real aPalácio Museu:histórias custodiais doPalácio Nacional daAjuda. O’Higgins,Luís Alegria,Investigador doMuseo Histórico Nacional /Universidad Bernardo Chile Museo Histórico Nacional: CustodiandoelPatrimonioHistórico deChile. Naturales,Ciencias Spain Doadrio,Vice-directorIgnacio ofCollections Museo Nacional de andDocumentation ofthe The OriginofCollectionsMuseoNacional deCiencias Naturales. de Carvalho,ConservadoraMaria JoãoVilhena noMuseu Nacional deArteAntiga, Lisboa Joaquim Caetano, Diretor doMuseuNacional deArteAntiga,Lisboa Museu Nacional deArteAntiga:acoleção eascoleções. 150 152 Historiador daArte,MuseudeLisboa 143 108

– EntrevistarealizadaporSofiaMarçal 119 88 128 61 105 111 a 85 74 67 123 129 146 139 81 93

9 BOLETIM ICOM PORTUGAL Série III Dezembro 2020 N.º 15 10

Coleção deAves, 2015 |ACertain idea ofaNatural History |© JoãoPaulo Serafim BOLETIM ICOM PORTUGAL Histórias Custodiais ênfase e os bons exemplos das coleções uma necessidade que se impõe comreforçado coleção. Aprofundar ahistória custodial é missão sem conhecer profundamente asua – nãoépossívelaummuseucumprirsua comunidade museológica reflete esta certeza O Boletimque agora apresentamos à vários ângulosdevisão. realidade envolvente e os públicos em estudam e constroem diálogos com a de objetos,apartirdosquais se preservam, de memóriaéofacto deseremguardiões distingue osmuseusenquantoinstituições em museus.Ontem,como hoje,oque Os objetossãoocerne dotrabalho das circunstâncias eexperiênciaslocais. conhecimento, a singularidade valorizando fundamental sobre a universalidade do e realidades, que enriquecem o diálogo a colaboração de colegas de vários países O importanteconjuntodecontributos inclui estão ascoleções. aperfeiçoamos ferramentas, masnoâmago não podemos, contudo, esquecer que da digitalização e da comunicação virtual, as conferências digitais sobre os desafios No período que vivemos multiplicam-se (Marta SanchesdaCosta). pertenças e sobretudoassuas ausências” refletirmos sobre os seus percursos, as suas de uma coleção é um ótimo pretexto para textos deste Boletim, “Ahistória custodial replicar. Como refere a autora de um dos científicas apontam caminhos que importa Mensagem da Presidente A wordfromthePresident Maria deJesusMonge The Boletim we now present to the museum diverseand their publics. reality surrounding the with dialogues build to study and preserve they objects, which of guardians are they that fact the is institutions memory as museums distinguishes what today, as Yesterday, work. museum of heart the at are Objects nqees f oa crusacs and experiences. circumstances local of uniqueness the valuing knowledge, of universality the on dialogue fundamental the enrich contributions who realities, and countries various from colleagues of of collaboration the set includes important The collections.are the discussing are tools and at the heart of the museum work we that forget not must we but virtual multiplying, are and communication digitisation the of on challenges conferences digital Nowadays absences” (MartaSanches daCosta). their especiallyand belongings its paths, its on areflecting for pretext great a of is collection history custodial “The out, points Boletim this of texts the of one of the author As replicated. be must that paths point to collections scientific of examples good the and emphasized is that need a is history custodialcollections. Deepening its knowing thoroughly its without mission fulfill to museum a for possible is not it certainty, this reflects community 11 BOLETIM ICOM PORTUGAL Série III Dezembro 2020 N.º 15 12 BOLETIM ICOM PORTUGAL Histórias Custodiais aprofundar os caminhosindicados. conferências digitais já anunciadas procura iremos promover em Janeiro-Fevereiro nas instituições de memória. O debate que de umaestratégia a longo prazoparaas museus, fica, contudo, a perceção de falta das condições objetivas detrabalho em atenção e amelhoria poderá trazerrenovada pelo GrupodeProjetoMuseus no Futuro A implementação das medidaspropostas alguma especificidade? atividade humana,mas a sua gestão não terá A Cultura perpassa todas as áreas da – – – exemplo: soluções efetivas tem vindo a acentuar-se, por com afaltaderespostas. Aausência de Ministério daCultura,refletemapreocupação do ICOM Portugal, designadamente com o anterior. Asváriasintervenções públicas as mesmas prioridades definidas no número O quotidianodosmuseusnacionaismantém passados. Vila Nova de Famalicão, a1e 2 de outubro os EncontrosdeOutonorealizadosem através destesdoistemas,foiomotepara Foi estaarazãoporqueGestãodasColeções, museológica, deconservar. exigência, anterior aqualquer outra opção cruza-se com asua realidade materialea O conhecimento do percurso das coleções para o eterno problema do reforço das equipas para o eterno problema do reforço das equipas os fundos comunitários destinadosàCultura a inexistência de definição quanto à do EnsinoSuperior. acordos comosMinistériosdaEducação e repetem receitas anteriores…) resultarão de das Finanças eassoluções propostas(que dos museus,adificuldade seráoMinistério tutelados peloMinistériodaEconomia; chegarão nos próximos meses, mas serão Modernização Administrativa; mãos do Ministério da Presidência e da Regional, cujo assunto se encontra nas de Coordenação e Desenvolvimento Regionais deCulturanas Comissões anunciada integração das Direções – been has accentuated, forexample: solutions effective of The answers. absence of lack the about concern the reflect Culture, of Ministry the with namely Portugal, ICOM of interventions public various The museums Boletim. previous the national of maintains the same priorities as defined lifein daily The October. 1 the onFamalicão, de Nova Vila of motto the for Autumn the Meetings held in Management the was themes, two these Collections, through why reason the was This preserve. to task, museological other reality any to prior material requirement, the collections and their of with path intersects the of Knowledge seeks to deepen the paths indicated. paths seeks todeepen the digitalannounced already conferences, the with 2021 January-February in promoting is Portugal ICOM debate The institutions. heritage for strategy long-term a of a lack of perception the change not does this renewed however museums, in conditions bring working may Future attention improvement and of the objective the for measures the proposed by Working the Group Museums of implementation The have some specificity? human of not management its does however activity, areas all permeates Culture – – e oreaã e Desenvolvimento e Coordenação de Comissões the in Cultura de Regionais Direções the of integration announced ih h Mnsre o Euain and Higher Education. Education of Ministries attempted the with previous agreements from result will solutions...) repeat (which solutions proposed the and Finance of Ministry the the in lay to said teams, difficultyis museum strengthening of Ministry ofEconomy; the by managed be will but months, coming Administrative Modernization; of the Ministry of the Presidency and the hands the in is that subject a Regional, the lack of definition regarding the the regarding definition of lack the eadn te og atn problem lasting long the regarding the in arrive will Culture for funds EU st and 2 and nd

cheios deesperança renovada. que o ano de 2021rasgue novos horizontes, Finalmente, a todos desejo Festas Felizes e Rede deMuseusquegere. e responsável, de que é exemplo visível a prol da construção de uma cidadania crítica ICOM Portugal, num empenhamentoem que umavezmaisapoiouiniciativas do Câmara Municipal deVilaNovaFamalicão Um reconhecimento particular é devido à caminhos paraosmuseusportugueses. intensa e ativa na construção de novos profissional de décadas, de atividade Luz Afonsopelapartilhadeumpercurso este Boletim, particularmente a Simonetta Agradeço a todos os que contribuíram para 13 deDezembro2020 n ta te er 01 il pn new open will horizons, fullofrenewedhope. 2021 year the that and Holidays Happy all you wish I Finally, Museum the in itmanages. Network that visible is that work a citizenship, responsible and critical a of construction the to committed initiatives, once PortugalICOM supported again that the to Famalicão,de Nova Vila of Municipality due is recognition particular A museums. Portuguese for paths new of construction the in work, intenseactive of and decades Luz Simonetta Afonso for sharing a professional career particularlyof Boletim, this to contributed who those all thank I 13 Decembre 2020 13 BOLETIM ICOM PORTUGAL Série III Dezembro 2020 N.º 15 14 BOLETIM ICOM PORTUGAL Histórias Custodiais somos/quotas/circular_1_2020_quotas2021/ no sítio eletrónico do ICOM Portugal: Todas as informações, incluindo montantes e dados para pagamento, podemser consultadas 2021, dataapósaqualseráaplicadaumamultade5€. O período de pagamento principiou a 1 de dezembro de 2020 e decorre até 28 de fevereiro de pelo ICOMinternacionalcomopelaComissãoNacionalPortuguesa. As quotas ICOM de 2021 de todas as categorias de membrosmantiveram-seinalteradas,tanto Quotas para oICOM 2021 Breves

https://icom-portugal.org/icom-portugal-quem- pelos canais eletrónicos habituais. Todas as informações serão disponibilizadas bem com sugestões eindicações gerais. tema edivulgaráoportunamenteocartaz criou estaefeméride,oICOM definiuo Tal como vem fazendo desde 1977, quando recuperar ereimaginar. O FuturodosMuseus: Maio, é: Internacional dos Museus 2021, 18 de O tema escolhido pelo ICOM para o Dia do Museuspara 2021 Tema doDiaInternacional ICOM, cujaconvocatóriaseráenviadadentrodosprazosprevistos. Na mesmadatarealizar-se-áaAssembleia Geral anualdaComissão Nacional Portuguesa do Emérita daUniversidadedoPortoeantigaMinistraCultura. Hartmut Dogerloch, Presidente do Fórume Humboldt, Isabel Pires de Lima, Professora Muthoni Thong’Wa, doICOM Quénia e atual Porta-voz dos Comités Nacionais do ICOM, será O programa pormenorizado divulgado noinício de 2021 e incluirá comunicações de assinalar adataquecongregatodososprofissionaisemuseusdoplaneta. Museus: recuperar e reimaginar Como em anos anteriores, o tema coincide com o Dia Internacional dos Museus – feira, noPalácioNacionaldaAjuda. As próximas Jornadas de Primavera do ICOM Portugal decorrerão no dia 19 de Março, sexta- dePrimaveraJornadas 2021 positivo naconcretização deumnovomodelooperativo. A marcação para Janeiro de 2021 de novo Conselho Consultivo é um passo trabalho criado paraadefinição deMuseu,sevoltariaareunir. e clarificar procedimentos. Foi igualmente assumido que o MDPP, o grupo de que serão desenvolvidos esforços para melhorar a comunicação interna, rever para esclarecimentos e o assumir pelo novo Presidente Alberto Gharlandini de váriosoutrosmembrosórgãosdirigentes, estaAssembleiaGeralfoiocasião Tendo emconta asituação vividacom asdemissõesdaPresidenteSuayAksoy e administrativos, anovafórmula o númerodeparticipantes envolvidos,apesadaagendaeoscomplexos processos A organização habitualdesteeventonãofavorece adiscussão depropostas,dado museum/en/news/first-online-icom-general-assembly/ e internacionais, alianças regionaiseoutros órgãos doICOM: já que estiveram presentes mais de 1 300 representantes de comités nacionais vez desde a sua criação, esta reunião teve lugar primeira Pela ICOM. do Geral Assembleia a passado julho de 24 a Realizou-se Assembleia Geral doICOM, de2020 Julho – ocasião para uma reflexão conjunta e abrir de perspetivas para on line não melhorou esta circunstância. nãomelhorou esta circunstância. on line on , operação complicada , operação complicada https://icom. O Futuro dos 15 BOLETIM ICOM PORTUGAL Série III Dezembro 2020 N.º 15 16 BOLETIM ICOM PORTUGAL Histórias Custodiais vias rotineiras.” RuiCortes,CâmaraMunicipal deAlmodôvar despertarmos e agirmos. Há que não desmobilizare impedir por o enveredar trabalhar aspetos que são adiados sucessivamente, para nos renovarmos, “O tempo atual pode servir para refletirmos, arranjarmos estratégias, surgiram muitaseinteressantes perspetivas. O debate contou com as experiências recentes dos vários participantes e e estáaservividasituação deemergênciasanitária. Lígia Rafaeldosmuseus de Mértola apresentou a formacomofoiorganizada a apresentaroinquérito“OsmuseusemtempodeCOVID–19”. último. Maria de Jesus Monge, presidente do ICOM Portugal foi convidada profissionais a 10 da Rede,noFórumCultural de novembro de Almodôvar, e estratégias para nos adaptarmos aumanovarealidade”reuniu nove de trabalhoalargada.Otema“Soluções impossibilidade de realizarajornada A RededeMuseus uma reuniãotécnica, do BaixoAlentejopromoveu na do Baixo Alentejo detrabalhoReunião daRededeMuseus em Praga,2022. Conferência Geral que terá lugar A votação deverá acontecer na Definition para ogrupodetrabalho que serão depois encaminhadas debate eacolherá aspropostas deste processo, promoveráo O ICOM Portugal participará espaço reservadoaosmembros. através do site do ICOM, no poderão seguir os trabalhos Filiadas. Todososmembros dos respetivos ComitésNacionais, ComitésInternacionais, Alianças Regionais eAssociações uma nova metodologia, assente em quatro momentos de consulta direta aos membros, através dos museus, perspetivas e potenciais (MDPP2), agora rebatizado Realizou-se a10dedezembroumseminário Evolução dostrabalhos sobre umanova demuseu definição . Museum Museum on line onde o Comité Permanente para a definição ondeoComitéPermanenteparaadefinição uem Definition Museum , propôs , propôs Hei-Tiki promover contatoseaçõesnecessáriasparaoseuestudoconservação. permitirá saber dasnecessidades específicas de documentação destes acervos, objetos /coleções de origem não europeia. O conhecimento desta realidade todos os museus portugueses para conhecer a presença nas suas coleções de Durante oanode2021 o ICOM Portugal irá distribuir um inquérito a sobre coleções europeias não Inquérito museus aos museus-com-a-secretaria-de-estado-adjunta-e-do-patrimonio-cultural/ https://icom-portugal.org/2020/12/04/icom-portugal-discute-presente-e-futuro-dos- Para maisinformações situação derutura. necessidade cada vez mais urgente de renovação dos quadros dos museus, muitos já em das Direções Regionais de Cultura nas Comissões de Coordenação; e, como sempre, a a continuação do ProMuseus; a preocupação com a opacidade em torno da integração Portuguesa de Museus condições para realizar o trabalho para que foi criada, incluindo Os assuntos que mereceram particular relevo foram a necessidade de devolver à Rede forma como os museuspoderãobeneficiar dos fundoseuropeus previstos. programação na área da Cultura durante a Presidência portuguesa da União Europeia, a a conclusão e implementação do Relatório do Grupo de Projeto Museus no Futuro, a Foram abordados vários temas atuais, como os concursos para a direção de museus nacionais, pela MinistradaCultura. e doPatrimónioCultural,Arq.ta ÂngelaFerreira,nasequência depedidosparaserouvido O ICOM Portugal reuniu comReunião aSecretária Adjunta deEstado daCultura (2),CulturaMaori –PDVV3035,3036©FCB on line a 26 de Outubro último, com a Secretária de Estado Adjunta 17 BOLETIM ICOM PORTUGAL Série III Dezembro 2020 N.º 15 18 BOLETIM ICOM PORTUGAL Histórias Custodiais Mais informações: referentes acontextosmaisespecíficosdeumapolíticamuseológica. comparação entrepolíticas públicas nacionais na áreadosmuseus, assim como estudos de caso de olharesinterdisciplinares. Neste incluir-se contexto, podem visões mais abrangentesoude confronto eafertilização de váriospontosvista teóricos e metodológicos e ocruzamento vindas propostas que, tendocomoobjetodeanáliseoterrenodosmuseus, permitam o sobre arelaçãoeoimpacto das políticas públicas no setor dosmuseus. igualmente bem- São foquem uma abordagem histórica ou que contribuam para um entendimento contemporâneo delimitação em particular, predefinida quantoaceitando-se aumperíodo propostas que a disseminação de conhecimento apartir deste campo deanáliseeinteração. Não há uma políticas culturais dirigidas a museus, recolhendo perspetivas e experiências que estimulem Este número temático pretende contribuir para umareflexãocrítica sobre o papel das Prazo para submissão de artigos: Henriques daSilva(InstitutodeHistóriaArte,UniversidadeNovaLisboa). Frayão Camacho (Instituto deHistória da Arte,UniversidadeNova deLisboa)e Raquel (Centro Interdisciplinar de História, Culturas e Sociedades, UniversidadedeÉvora),Clara Culturais e Museus”, a ser publicado em2021. O dossier é coordenadoporAnaCarvalho Encontra-se aberto o eMuseus” “Políticas Culturais Call for papers https://journals.openedition.org/midas/2302 call for papers for call para dossiertemático darevista MIDAS sobre 30 dejaneiro2021 para dossier temático da revista MIDAS sobre “Políticas , através do email: [email protected] O Coro, 2014 |AInvenção da Memória |©João Paulo Serafim EmFoco Dossiê–MuseuNacional deHistóriaNatural e daCiência,UniversidadedeLisboa

Histórias Custodiais 19 BOLETIM ICOM PORTUGAL Série III Dezembro 2020 N.º 15 20 BOLETIM ICOM PORTUGAL Histórias Custodiais sofreram aindasucessivos reveses, fossem estes incêndios, roubos e outros, resultando noseu trocados, ora transferidos para outros locais, ora desapareceram naturalmente.Nalguns casos, tiveram naturalmente umciclo de vida limitado:foramproduzidos, usados,oraforam da Cotovia. num primeiro Por umlado,momento,prevalecendo ovalordouso e da utilidade, muitas vezes ainda antes da sua entrada nas coleções dos estabelecimentos instalados na colina são provenientes de coleções mais importantes que, emconjunturas distintas, foram dispersas, Todos 1998. até 1911 de Politécnica da edifício antigo no sediada Lisboa, de Universidade da de Lisboa (1862) das quais o MUHNAC é herdeiro: uns, a partir de meados do século XIX, o Museu Nacional Todos, porrazões diferentes e emmomentosdiversos,incorporaramos acervos das instituições A ColeçãodeDesenhos possui cerca de 3000 itens, produzidos entreosséculos XVIII e XX. conhecimento sobreaciênciaenatureza,emdiversas épocas materializando deformanotávelopapeldodesenho na produção,transmissão e circulação do gráfico. A Coleção de Desenhos do MUHNAC cobre quase 300 anos de desenho científico, Os Museus da Universidade de Lisboa preservam um valioso e pouco conhecido património ______diverse needs andambitions. of degree significant meeting differentand surviving contexts a while content, shared maintainscoherent a and diversity,identity intellectual its despite collection, this how and showing transmission history, production,its the in drawing of address we note, short different at this role nature, In and times. science about knowledge circulationof the way remarkable a in materializing illustration, scientific of years 300 almost covers Drawings of Collection MUHNAC The heritage. The University Museums of of Lisbonthe (MUHNAC) preserve a valuable and little-known graphic ______Faculdade deLetras,UniversidadeLisboa, Diretor-adjunto, MuseudeLisboa(EGEAC) A Coleção deDesenhos ARTIS –InstitutodeHistóriadaArte Universidade deLisboa 2 , sediado na Escola Politécnica (1837-1911) Politécnica Escola na sediado , Secretário ,ICOMPortugal, dos Museusda Ana Mehnert Pascoal Ana David Felismino 3 , outros a Faculdade deCiências 1 . MUL-RMJBA-ARF32-c (123) (disponível em:http://www.arca.museus.ul.pt/) china e grafite está inserido no códice rante a du 1785, de dezembro de 14 dia no 1847), - (1760 Freire Joaquim José riscador do autoria Da original]. no pacú-piranga», IMAGEM 1. estabelecidos emjaneirode1862 para a criação de um novo Museu Nacional de Lisboa, cujo nome e regulamento viriam a ser Lisboa apartirdeoutubro1838,ondesaiuparaEscola Politécnica, emmarço de1858, o progressivoabandonodacoleção, que veio a sertransferidaparaAcademia dasCiências de da coleção original sua história,foramsendo,emparte,perdidas,roubadasoudestruídas, levandoadesintegração acordo com os inventários coevos, integrava mais de 2600 ilustrações que, pelas vicissitudes da Organizados em 11 códices vestuário efortificações, representandoosregistosbrasileiroscerca de82%doconjunto. ervas medicinais, árvores,frutos, sementes,artefactos etnográficos, paisagens, grutas,aldeias, feitas Silva da (João 1784-1794) Verde Silva, da Galvão Cabo (Manuel Moçambique de e de 1784-1797) Feijó, 1783-1796), Silva, da José (Joaquim Angola de 1783-1792), naturais do império português, nomeadamente do Brasil (Alexandre Rodrigues Ferreira, da Ajuda(1768-1838)com oobjetivoderegistar,catalogar, recolhereestudarosrecursos famosas viagens filosóficas, promovidas entre 1783 e 1794 pelo Real Museu e Jardim Botânico Deste conjunto, destaca-se umprimeirolotede1511desenhos,produzidos noâmbitodas séculos XVIIIeXIX. e arquiteturas, resultantes de expedições científicas, patrocinadas pela Coroa portuguesa nos extraordinária qualidade,inclui perto de2000 ilustrações fauna, antropologia anotadas deflora, A ColeçãodeDesenhos em doisgrandesgrupos. está organizada Um primeirogrupo,de março de1978,noedifíciodaFaculdadeCiências sua proveniência ou até existência. Por fim,todos são ‘sobreviventes’ doincêndio ocorrido em arquivos da instituição sendo naturalmenteseparados,diluindo-senosacervosdasdiferentes coleções, bibliotecas e ao sabor da evolução orgânica e funcional das instituições que ali se foram sucedendo, foram desaparecimento parcial ou na sua destruição. uma veznacolina Por outrolado, da Cotovia, viagem filosófica in situ in yes f rubripinnis cf. Myleus , completadas ou copiadas já na metrópole, representam animais, plantas, pessoas, às regiões do Pará, Rio Negro, Mato Grosso e Cuiabá (1783 e 1792). Este desenho a aguarela, tinta-da- 8 . As mudanças da Corte para Queluz (1794) e para o Brasil (1808) ditaram ditaram (1808) Brasil o para e (1794) Queluz para Corte da mudanças As . 4 . Muitos deles foramesquecidos, perdendo-seporvezesamemóriada 7 Mle & rshl 14) cmmet dsgao e aubac [«Paraensibus pacu-branco de designado comummente 1844), Troschel, & (Muller , estes desenhos são vestígios de uma coleção maior que, em 1794, de Desenhos de gentios, Animaes Quadrupedes, (…). Originaes (…). Quadrupedes, Animaes gentios, de Desenhos 9 . 5 . . Volume 1. MUL-MUHNAC, 6 . Estas ilustrações, . Estas ilustrações, - 21 BOLETIM ICOM PORTUGAL Série III Dezembro 2020 N.º 15 22 BOLETIM ICOM PORTUGAL Histórias Custodiais açoriano. MUL,AHMUL, FAF/D/02/0023 (disponívelem: http://digital.museus.ul.pt/items/show/3095) Francisco deArruda Furtado(1854-1887),cercade 1880,nosAçores.Inseridocadernos dedesenhosdonaturalista IMAGEM 2. Estudo a gauche e grafite, feito Necessidades (1848-1861),emjunhode1863,paraoMuseuNacional coleções da Escola Politécnica na sequência da transferência das coleções do Real Museu das as integrou que 1850, de volta por adolescentes, jovens ainda (1838-1889), Luís D. e 1861) fim, dedestacar uma descrição V (1837- ilustrada de23daautoriaD.Pedro aves derapina, Universidade deLisboa,que na alturase encontrava nas atuais instalações do Museu de Dulcemina viúva, sua a doou manuscritos, Arruda Furtado, cartas, desenhos e livros à FaculdadedeCiências da quando 1953, de finais até família na permaneceu espólio Este e antropológicos, acumulados durante trabalho de campo realizado no arquipélago açoriano. os desenhos de plantas. Distinguem-se,desenhos ainda, avulsos relativosaestudos geográficos desenhos de história natural, dedicados aos estudos de malacologia, destacando-se, igualmente, ainda a Coleção de Desenhos do MUHNAC. Os álbuns congregam predominantemente, malacologia e conquiologia da Secção de Zoologia da Escola Politécnica (1885-1887), integram da teoria da evolução de Darwin com quem se correspondeu, responsável pelas coleções de defensor fervoroso (1854-1887), Furtado Arruda Francisco açoriano naturalista do autoria e um conjunto demais de duas centenas de litografias da florabrasileira,dasquais oMuseu preserva menosdeumadezenadesenhos originais cinchonina pura, dacasca da quina (1812), responsável porumvasto conjunto deobservações o médicoportuguês AntónioGomes(1768-1823), Bernardino celebrizado peloisolamento da estado português para apreservaçãodasrecolhas efetuadas durante aviagem partir de 1875-1876, na sequência de umlongoprocesso judicial entre o próprio Welwitsch e o ainda preserva cerca de 80 observações ilustradas, incorporadas no acervo da Politécnica a daCoroaportuguesa, que a mando entre 1853 explorou Angola, e 1860, do qual o MUHNAC à Escola Politécnica. Uma primeira,omédico e botânico Friedrich Welwitsch (1806-1872) país na segunda metadedoséculo XIX, com atividade deinvestigação e docência associadas científica levada a cabo por algumas figuras proeminentes das ciências naturais no nosso Deste conjunto, destacam-se ainda os desenhos produzidos noâmbitodainvestigação ad nat. ad , daevolução da pétala do género 11 . Dois álbuns com 630 desenhos da Camellia 13 , pelasépala e pelo estame, por . 10 . Uma segunda, 12 . Por carvão, aguarela e tinta-da-china, encontra-se datada. Muitos dos desenhos resultam da cópia, 188 desenhos de máquinas. Por seremresultados de provas,amaioriadosdesenhos, feitos a rigorosos, desenhos 198 biológicos, desenhos 108 topográficos, desenhos 192 Restam 1978. seria originalmente maior, mas a sala de desenho foi das mais danificadas pelo incêndio de Plantas eAnimais,Desenho deMáquinas e Instrumentos eDesenho Topográfico. A coleção organizado, naprimeira metade do século XX, em Desenho Rigoroso, Desenho à Vista de como complemento obrigatóriodamaioriadoscursosestando lecionadosnaFaculdade, passaram pelasduasinstituições ao longodedoisséculos resulta do ensino,emparticular dos trabalhos práticos, provas e exames dos alunosque grupo, produzidonoâmbitodetrabalhos de investigação e campo, este segundo grupo preservados nosarquivosdoMUHNAC. cópia, cuja existência atestam fotografias da sala de desenho e os livros de despesas coevos, arquitetónicos em gesso, manuais eestampas nacionais e estrangeiras, modelos diversospara desaparecida, cujadimensãopermanecededifícilavaliação,que incluiria bustos anatómicos e pelos alunos da qual o MUHNAC preserva ainda,aliás, algumas chapas e estampas com marcas de uso apoio aoensino,algumasdas quais produzidas naOficina Litográfica da Escola Politécnica, integram aindaeste conjunto cerca de 200 litografias didáticas francesas e portuguesas de Além destes trabalhos realizados poralunos e professores (incluindo provasdeconcurso), conhecimento dosacervosdestasduasinstituiçõesemmomentosdiversos. Politécnica e da FaculdadedeCiências, constituindo por isso valiosos documentos para o à vista,deespécimes, máquinas e instrumentos existentes nas próprias coleções da Escola (máquinas, geometria descritiva, topografia, história natural, etc.) no século XIX, e na FaculdadedeCiências, no século XX, abarcandodiversas tipologias Desenhos do MUHNAC,resulta do ensino das disciplinas de Desenho na Escola Politécnica, O segundo importante grupo, numtotal de cerca de 750 desenhos, que integra a Coleção de 16 . São vestígios deumacoleção didática e de apoio ao ensino do Desenho, hoje 15 . A cadeiradeDesenho funcionava MUL-MUHNAC, MUHNAC-UL006149 Artilharia e Engenharia, em junho de 1910. o curso preparatório para Oficiais de valores no2ºano.Concluiu, com Louvor, na CadeiradeDesenho no 1º ano e 20 valores 19 obtido tendo 1907, e 1903 entre Ernesto Silva frequentou a Politécnica, desenho, em6deabril1905. no âmbito do segundo ano dacadeira de Ernesto Carlos LobodosSantoseSilva, e aguarela sobre papel, daautoria do aluno Lisboa, Executado a grafite, tinta-da-china da IMAGEM 3. Desenho deumamáquina Aula de Physica de Aula 14 . Distinto do primeiro da Escola Politécnica de 23 BOLETIM ICOM PORTUGAL Série III Dezembro 2020 N.º 15 24 BOLETIM ICOM PORTUGAL Histórias Custodiais ciências dita “exatas” e naturais. Em primeiro lugar, estas coleções destinaram-se à arrumação ciências dita“exatas” enaturais. Emprimeiro lugar,estascoleções destinaram-se àarrumação circunscrição, estas coleções ocupam umespaço delimitadonageografia dos saberes,odas independentemente da sua tipologia. De natureza plural e complexa, por vezes de difícil condicionam e enquadram necessariamente o tema quando se abordam coleções científicas, aqui esboçadas numbreve As histórias custodiais, associadas à formação da atual Coleção de Desenhos do MUHNAC, science taxonómica das espécies representadas,atravésdeplataformas digitais,numprojetode representações, bemcomo oenvolvimentodecidadãos detodoomundonaidentificação online projeto adigitalização, emaltaresolução, datotalidade dosdesenhosparafuturadisponibilização espécies representadas, identificando-se espécies extintas e ameaçadas expedições dosnaturalistasdaPolitécnica, doponto de vistadaidentificação taxonómica das descrever osdesenhos,feitosnocontexto daexploração colonial doReal Museu daAjudaedas uma equipainterdisciplinar portuguesa, brasileira,angolanaemoçambicana, teveporobjetivo artigos científicos documentação manuscrita (notas, apontamentos, esboços), 330 cartas, 630 desenhos e 114 114 e desenhos 630 cartas, impressos, umaexposição delongaduração ( 330 esboços), apontamentos, (notas, manuscrita documentação Francisco deArrudaFurtado do vastíssimo espólio documental e iconográfico, muito do qual inédito, do naturalista açoriano da biologiaàilustração científica, entreoutras,dedicou-se aoestudo,inventárioeconservação continental edosAçores, emdiversasáreas,desdeahistória daciência àconservação erestauro, 2014 materializados numapequena exposição em2013enapublicação deumcatálogo detalhado,em produzidos nocontexto dosantigosReal MuseudaAjudaeRealdasNecessidades, mais ampla das coleções científicas da Casa Real, permitiu o estudo e inventário dos desenhos a Fundação Calouste Gulbenkian. a história das coleções do MUHNAC, financiados pela Fundação para a Ciência e Tecnologia e no âmbito de investigações mais amplas sobre o património da Universidade de Lisboa Este trabalho de levantamento, inventário e estudo foi faseado, tendo sido apoiado e levado a cabo museólogos, ilustradorescientíficos, comunicadores visuaisemuitosoutros profissionais. conservação epreservação decoleções epatrimónio,comunicadores eeducadores deciência, biólogos, arquivistas, bibliotecários, historiadores das ciências e das técnicas, técnicos de bolseiros do Museu,especialistas externos nacionais eestrangeiros, de todas asáreascientíficas, resultou deumesforço multidisciplinar que envolveu,duranteváriosanos,funcionários e de conservação, evidenciando uma riqueza e complexidade cromática notáveis. Esta valorização acondicionada emreserva própria,apresentando acoleção nasua maioriaummuitobomestado desta importante coleção que, atualmente, se encontra inteiramente acessível e devidamente Nos últimos quinze anos, os MUHNAC procedeu à reunião, ao inventário, estudo e conservação e estrangeirospresentes,integrandoos originaisaColeção deDesenhos doMUHNAC Joaquim e Gonçalves Rodrigues (1910-1980) (1906-1944), dedicou-se Cabral à caricatura dos Teixeira 45 congressistas António nacionais com juntamente ocasião, Nesta 1935. de setembro em organização doXII Congresso Internacional deZoologia,realizadonasinstalações daFaculdade, presidência daSociedade Nacional deBelasArtes,RessanoGarcia estevediretamenteenvolvidona Desenvolvendo a sua carreira de docente na Faculdade, além da colaboração em várias revistas e da ser nomeado primeiro assistente dos cursos subsidiários de desenho na sequência deste concurso. a viria que (1880-1947), Garcia Ressano Cardoso Arnaldo caricaturista célebre o quais os entre Faculdade deCiências, concretamente as provasdosquatrocandidatosàregência dessacadeira, republicana e nova da letivo ano primeiro no 1911-1912, em Desenho, de Professor a admissão que ultrapassa largamente onívellocal. Inclui os desenhos realizados parao concurso público de Este conjunto encerra obrasdedestaque, denomesrelevantesecom reconhecimento público 20 para acesso livre da comunidade científica e do público, o estudo pluridisciplinar das paraacesso livredacomunidade científica edopúblico, oestudo pluridisciplinar das pouco comum aindaemcontexto nacional . O projeto Ilhas Afortunadas 22 . Por fim, vol d’oiseau vol Riscar o Mundo o Riscar 21 . Dele resultaram adisponibilização (2013-2015), que reuniu perto de 20 especialistas de Portugal (2013-2015), que reuniu perto de 20 especialistas de Portugal On The Instrument’s TrailInstrument’s The On , são reveladoras de aspetos fundamentais que se impõem, , são reveladorasdeaspetos fundamentaisque seimpõem, Arruda Furtado. Discípulo de Darwin (2015-2016), projeto ambicioso que contou com (2015-2016),projetoambicioso que contou com 24 . (2008-2012) 23 online . Resultaram ainda deste . Resultaram ainda deste 19 , dedicado à história , dedicado à história de 2424 fólios de de fólios 2424 de , 2015) e diversos , 2015)ediversos 17 18 . e sobre e sobre citizen citizen publicação). Felismino, SilviaFigueirôa,“Friedrich David Welwitsch’s a contribution forgotten library: to his biography”, 2020 (em ancorados no património, reforçando a relação entre património, cultura e sociedade. Potenciaram ancorados nopatrimónio,reforçando arelaçãoentrepatrimónio,cultura esociedade. Potenciaram de programas culturais articulados e complementares, destinados a audiências mais alargadas, disponibilização à comunidade académica e ao público em geral, através da implementação coleção, asuapreservação econservação, bemcomo tiveramumimpacto considerável nasua custodiais nãosó contribuíram paraummelhorconhecimento eenquadramento desta Os estudostransversaisepluridisciplinares quepermitiramcompletar erevelarestashistórias de sabereseformaspoderes. semelhança deoutrastantaspráticas eobjetos doquotidiano, estascoleções encapsulam formas e pedagógico, ancorado num quadro político, social, económico, cultural e simbólico. À inovação maisrecentes. Finalmente,falardestascoleções ésituá-lasnumitineráriocientífico tecnológico e científico do seu tempo, reunindo no seu seio o conhecimento, o ensino e a conhecimento sobre a natureza. Neste contexto, retratam obrigatoriamente o estado da arte Friedrich Welwitsch”, in Investigações Científicas SaraAlbuquerque, do Ultramar; “Botanical Exploration of Angola/Exploração Botânica de Angola: 1974. Helmut. Dolezal, 10. Domingues, L.Saraiva,2018,15-30 para o Rio de Janeiro(1810-1812) ”, in Ajuda da Física de Gabinete Real do transferência A travessia: uma caixotes, alguns embarcações, “Três Felismino, David 9. Jardim Natural, História de Gabinete Real ao Botânico esuascasasanexas pertencentes móveis e utensílios livros, instrumentos, artificiais, e naturais produtos 8. Biblioteca Nacional doRio Colecção Rodrigues de Janeiro, Alexandre Ferreira, 7. DavidFelismino, Universidade deCampinas,2006(nãopublicada). (1755-1808) portuguesas científicas viagens nas ar e água Terra, natural história de e topográfico desenhador (1760-1847), Freire Joaquim José Century Eighteenth late the of Community Intellectual-Scientific 6. WilliamJoelSimon, M.J. Neto,Lisboa,Tinta-da-China/Universidadede2011, 17-35. 5. “O Museu AAVV, Nacional deHistória Natural”, in da UniversidadedeLisboa,2014,I-X. “Introdução”, Felismino, David 4. de Lisboa,FaculdadeCiências,2020 Zoogeographical research on Portuguese Africa, 1862-1881 em História, Filosofia e Património da Ciência e da Tecnologia, FCT-UNL, 2015; Catarina Madruga, PolitécnicaEscola na (1837-1911) Botânica Lisboa em de e Zoologia em investigação 3. Pedro JosédaCunha, 2. JoséMáximoLeite Vasconcelos, 1. Notas ______Lourenço, aamávelcedênciadasimagensparailustraçãodestetexto. Fundação paraaCiência e Tecnologia.AgradecemaosMuseus da UniversidadedeLisboa,napessoa da sua Diretora, Marta procedido à sua reunião, organização, inventário e estudo na qualidade de Bolseiros de Gestão de Ciência e Tecnologia da * David Felismino e Ana Mehnert Pascoal foram curadores da Coleção de Desenhos do MUHNAC,entre 2010-2017, tendo ______mas, sobretudo,valorizandoaheterogeneidadeecomplexidade dasuanatureza. utilização, sublinhando,evidentemente,tensões existentes entreopassado,presenteefuturo ainda umaleituramaisrica, diversificada epossivelmentecompleta doscontextos deprodução e teórica ematerial,emdeterminadomomentodeacordo com a Universidade de Lisboa. Museus, Coleções e Património Saberes, Natureza… A EscolaPolitécnica. Breve Notícia Histórica Scientific Expeditions in the Portuguese overseas territories (1783-1808) and the role of in the the in Lisbon of role the and (1783-1808) territories overseas Portuguese the in Expeditions Scientific Plants of Angola/Plantas de Angola de Angola/Plantas of Plants , 1794,nº21.1.010 Friedrich Welwitsch Friedrich Obra,E Vida Traduzido PorAnotado E Mendes E.J. & Exell A.W. Saberes, Natureza e Poder. Coleções Científicas da antiga Casa Real portuguesa Real Casa antiga da Poder. e Natureza Científicas Saberes, Coleções Colecção Official da Legislação Portugueza. Anno de 1862 , Actas/Anais do 7.º EncontroActas/Anais Luso-Brasileiro de História da Matemática op.cit. , 33-42. , coord. M.Lourenço, Lisboa,Imprensa daUniversidadedeLisboa, 2016. , TeseHistória de doutoramento, e Filosofia das Ciências, Universidade Património da Universidade Lisboa. Ciência e Arte , ed.E. Figueiredo &G.F. Smith, 2008, 2 – 3;SaraAlbuquerque, , Lisboa, IICT, 1983; Miguel Figueira de Faria, de Figueira Miguel 1983; IICT, Lisboa, , , dissertação deDoutoramentoemGeociências, SãoPaulo, , Lisboa,FCUL,1937; Daniel GamitoMarques, , Lisboa, UAL, 2001; Ermelinda Moutinho Pataca, , Dissertação para obtenção do Grau de Doutor Inventário geral e particular de todos os todos de particular e geral Inventário , Lisboa,Imprensa Nacional,1862,6-8. forma mentis forma , coord. M. Lourenço e TaxonomyEmpire. and do mesmo, do domesmo, , ed. A. Canas, J. C. . Lisboa: Juntade , Lisboa, Museus A Imagem Útil. Imagem A O ensino e a 25 BOLETIM ICOM PORTUGAL Série III Dezembro 2020 N.º 15 26 BOLETIM ICOM PORTUGAL Histórias Custodiais 24. Entreoutros,atravésdaseguinteplataformaInstagram @muhnac_illustrations (últimoacesso, 20denovembro2020). UNICAMP, 19-21outubro,Campinas,2016. fundos documentais doMUHNAC,UniversidadedeLisboa(Séc. XVIII-XIX)”, XXIV CongressodeIniciação Científica da 23. ThailineA. Lima,SílviaMendonça Figueiroa,“Riscar oMundo:Desenhoscientíficos doantigoImpério portuguêsnos acesso, 20/11/2020) 22. Todooacervo encontra-sedisponívelem: Tratamento eOrganização deAcervos Documentais. Furtado (1854-1887)”, com financiamento da Fundação Calouste Gulbenkian, no âmbito da sua linha de apoio à Recuperação, 21. ‘IlhasAfortunadas’:Tratamento,EstudoeAcessibilidade deManuscritos eDesenhos Inéditos deFrancisco deArruda 20. DavidFelismino, Lourenço, “Royal CabinetsofPhysics in PortugalandBrazil:Anexploratorystudy”,in 19. Com o financiamento da Fundação para a Ciência e Tecnologia, FCT/MCTES, PTDC/HIS-HCT/098970/2008. Vide Marta Lisboa. Ciência eArte em todos as suas escolas e organismos, tendo resultado, entre outros, em duas obras, já aqui citadas: 18. Em2011e2016,aUniversidadeprocedeu aolevantamentoeinventáriodetodooseu patrimóniocultural, móveleimóvel, relatório deestágiodoMestradoemGestãoeValorização doPatrimónioHistórico eCultural,Évora,2014. MUHNAC-UL Arquivo do documental património O guerras(1914-1945). entre Europa na Bocage Museu naturalistasdo dos científicas 17. Esteconjunto decaricaturas foiobjetodeumtrabalhofinalmestrado:AnaRita Saldanha, https://www.youtube.com/watch?v=QMqdzcH-cZQ em: disponível 2018, outubro Civil, de Museu no público ao patente 1911-2018” Técnico no técnico “Desenho exposição da artísticas como suporte do ensino científico: a colecção de desenhos do MUHNAC”, comunicação apresentada no programa M. Lourenço e M.J. Neto, Lisboa, Tinta da China / Universidade de Lisboa, 2011, 266-267. Ana Mehnert Pascoal, “Técnicas 16. Catarina Teixeira e Ana Mehnert Pascoal, “Coleção de Desenhos”, in Faculdade deCiências, 1937. 15. Arnaldo Cardoso Ressano Garcia, História deArtedaFLUL de Ciência da Universidade de Lisboa”, in 14. Este conjunto teve uma primeira abordagem e inventário em 2008-2009: Ana R. Prates, “A Coleção de Desenhos do Museu ed. M.LopeseC.Luís,Lisboa,MuseusdaUniversidadedeempublicação. in (1848-1861)’, Lisbon 13. DavidFelismino,CristinaLuís,Patrícia Garcia Pereira,‘PedroVandtheRoyal Museumatthe Palace ofNecessidades, (1854–1887) andthemakingofadisciple ofDarwin”, 12. DavidFelismino,Conceição Tavares,AnaCarneiro,“The powerofislandsanddiscipleship: Francisco deArrudaFurtado Generations across Hungarian Chemical 2005,pp.25-48 Society, and Borders across Europe in Chemistry in Communication Portugal in spite of International Links”, in Éva Vámos, ed., 11. Bernardo J. Herold; Ana Carneiro, “Portuguese Organic Chemists in the 19th Century. The Failure to Develop a School in , op.cit. Saberes, Natureza…, op.cit , coord. V. Serrão,M.J. Neto,F.Grilo,Lisboa, Colibri-CHUL,2009,189-2000. Natural History Collections in Portugal and Brazil. New Perspectives on Collecting, InstitutionsTransfersCollecting, onand Perspectives New Brazil.Portugal and Collectionsin History Natural , 2011; Universidade deLisboa. Museus, Coleções ePatrimónio Escola Politécnica de Lisboa: a cadeira de desenho e os seus professores seus os e desenho de cadeira a Lisboa: de Politécnica Escola Encontros Aprendizes de Feiticeiro: investigação de doutoramento dos cursos do Instituto de do cursos doutoramentodos de investigação Feiticeiro: EncontrosAprendizesde http://digital.museus.ul.pt/exhibits/show/arruda-furtado-vida-e-obra (últimoacesso, 20novembro2020) History ofScience Proceedings of the 4th International Conference on History of Chemistry, , 2016,Vol. 54(2)138–168 Património da Universidade Lisboa. Ciência e Arte , Budapeste, 3-7 Setembro de 2003, Budapeste, , Budapeste, 3-7 Setembro de 2003, Budapeste, , op.cit. Opuscula Musealia , 2016. Património da Universidade Práticas, redes e produções produções e redes Práticas, , nº19,2012,71-88. , Lisboa : Revista da , Lisboa : Revista da (último (último , coord. , coord. , , que, tendoum grandevalorcientífico, constituemcomoqueas nossas“pérolas”. foram utilizados diversas espe para descreverenomear dos países africanos de expressão portuguesa. Estas coleções exemplares que compreendem e marinha)dePortugal P. Ibérica, mas também deoutras regiões em particular do mundo, (terrestre fauna a representam que zoológicos, espécimes 000 324 de cerca guarda sua à tem O Museu Nacional de História Natural e da Ciência (MUHNAC) daUniversidade de Lisboa museu estáarmazenadaemreservas. que proporção dascolecções sobretudo averpontadeumiceberg,umavez agrande do crianças, que procuram os museus de história natural. No entanto, estes visitantes estão em alfinetes, esqueletos, etc., fazem parte do imaginário das muitas pessoas, especialmente naturalizados, espécimes “metidos” em frascos com líquidos “suspeitos”, insetos “espetados” As coleções de história natural, em particular as zoológicas, com aves e mamíferos ______accessibility andenjoyment bydifferent audiences. collectionstheir and the disseminationof interpretationand enhancement, preservation,study, the information to address issues relevant to today’s society. The ultimate goal of MUHNAC is to ensure world, in particular of Portuguese-speakingthe African countries. They are fundamental sources of the of regions other and and Portugal of collecting biodiversity the of document collections decades these activity, several scientific of result the As collections. about its in has specimens Lisbon zoological of 324,000 (MUHNAC)-University The Science rooms. and storage History in Natural hidden of are Museum collections National museums’ the of proportion large the an as of tip iceberg”, “the seeing just are visitors However, museums. history natural the visit who children, especially those, of imaginary the of part are zoology, of particularlycollections, history Natural ______Museu Nacional deHistóriaMuseu Nacional Natural edaCiência Curadoras doMuseuNacionaldeHistóriaNaturaledaCiência, As coleções zoológicas do Alexandra Judite Cartaxana, Alves cies, exemplares-tipo e denominados Universidade deLisboa 27 BOLETIM ICOM PORTUGAL Série III Dezembro 2020 N.º 15 28 BOLETIM ICOM PORTUGAL Histórias Custodiais e tambémporque estãolistadasinternacionalmente comoacrónimo MB. Museu Nacional de História Natural (1926-2011), de forma a manter a sua identidade histórica e (1862-1926) Lisboa de Nacional Museu predecessores dos zoológica secção a designada era e a coleção de tecidos e ADN. Mantêm a designação de “coleções Museu Bocage”, conforme e utilização dedadosbiológicos, iniciaram-se mais recentemente o arquivodesons naturais invertebrados. Comoobjetivodeacompanharos recentes avanços nastécnicas de recolha integrando ascoleções aves, répteis peixes, de mamíferos, e anfíbios,insetos e outros As coleções zoológicas do MUHNAC encontram-se organizadas numalógica taxonómica, Espécimes dascoleçõeszoológicasdoMuseuNacionaldeHistóriaNatural edaCiência estudo pordiversosinvestigadoresnacionaiseinternacionais. um importante acervo, dedimensão já superior às então destruídas, sendoprocuradas para universo o marcou que desastre museológico nacional no último século, as atuais coleções zoológicas do MUHNAC constituem maior o dúvida sem 1978, de fogo trágico pelo Marcadas contexto atualdepandemiaCOVID-19. pela científica comunidade e público em geral, necessidade que se tornou mais premente no assim como prioridade de modo a promover uma maior acessibilidade e uso das coleções digitalização dos espécimes e dosdadosaeles associados, e asuadisponibilização MUHNAC, tem como fim último a sua acessibilidade e fruição por diferentes públicos. A A garantia da preservação,estudo, valorização, interpretação e divulgação dascoleções pelo Informação sobreaBiodiversidade( digitais, com destaque para a Europeana (www.europeana.eu) e o GBIF - Sistema Global de coleções zoológicas do MUHNACestão atualmente presentes em diversasplataformas Biodiversity, incluídas no Roteiro Nacional de Infraestruturas Nacionais Prioritárias, as Collections vários projetos e nas infraestruturas PRISC – Fundação para a Ciência e a Tecnologia, e em resultado da participação do MUHNAC em Em linha com a Política de Acesso Aberto para Dados Científicos, colocada em vigor pela responder aquestõescientíficaseimportantesdesafiosdasociedadeactual. inimagináveis aquando dacolheita dos espécimes, tornando-as cada vez mais usadas, para observamos hoje em dia vêm aindapossibilitar novas aplicações para as coleções, muitas vezes espécies ou adescoberta de novosrecursos naturais. Os avanços científicos e tecnológicos que a seleção a perdadabiodiversidade, de áreasimportantes para aconservação de habitats e de questões relevantes paraasociedade actual, como oefeito das alterações climáticas, como mundo, são também umafonte constante de informação fundamental paraa resolução Por isso, estas colecções não só documentam abiodiversidadedePortugaleoutras regiões do perspetiva histórica que permite reconstruir uma “memória” dos padrões e processos naturais. resultado de colheitas que se estendem ao longo dotempo, introduz nas coleções uma MUHNAC são fonte inesgotável para a investigação presente e futura. O facto de serem Resultado de várias décadas de recolha e de atividadecientífica, as coleções zoológicas do biodiversidade dopassadoepresentetêm,porisso,umelevadovalorcientífico. representam a fonte de informação mais extensa e organizada sobre a história da Terrae a sua colectados ao longo dotempo,emdiversos locais, e documentados de formadetalhada, As coleções de história natural, por serem constituídas por conjuntos organizados de espécimes e PORBIOTA – Portuguese E-Infrastructure for Information and Research on www.gbif.pt The Portuguese Research Infrastructure of Scientific ). online , surge 29 BOLETIM ICOM PORTUGAL Série III Dezembro 2020 N.º 15 30 BOLETIM ICOM PORTUGAL Histórias Custodiais ideia dasuainstalação naEscola Politécnica umavezque aEscola osolicitava desdeasuacriação debaixo dasuaadministração porinsuficiência decondições técnicas emateriais” Museu Nacional Na impossibilidade deotesouro público atribuiraverbasolicitada paraodesenvolvimento do colecções criada em1837)que acudiam às necessidades maisprementes demanutenção eestudodas apresentar sinais de falta de curadoria. Eram os professores da Escola Politécnica (entretanto a Academia deixadetercondições paraabriroMuseu aopúblico eas colecções começam a Na Academia, as colecções vão sendo ampliadas, estudadas e organizadas. Mas em 1856, devidas precauções” porque se terão“danificado muitosexemplares, perdidoetrocado etiquetas” transferência dascolecções ocorre em1836efoiprovavelmente “feitacom precipitação esem as que, desde 1781,aspiravaaconstituir ummuseunacional dedicado àhistóriadanatureza O primeiro, assinado por D. Maria II, transfere o Museu para a Academia Real das Ciências decretos régios. mudanças de instalações e detuteladoMuseu de História Natural efectuadas na sequência de Durante duasdécadas emeiadoséc XIX foramporduasvezestransferidas acompanhando as Brasil de Paris exemplares geológicos e das outras “produções naturais”, sobretudo as provenientes do ordens deNapoleãoBonaparte, selecionou e remeteu paraoMuséum national d’Histoirenaturelle dimensão ediversidadeduranteainvasãofrancesade1808quandoGeoffroySaintHilaire,às âmbito doReal MuseudeHistóriaNaturaleJardimBotânico daAjuda,foramreduzidasnasua Iniciada asuaconstituição (assim como adassuasirmãs deZoologiaeBotânica) cerca 1768no É singularahistória dascolecções geológicas doMuseu…. ______MUHNAC, continue tobepreserved, documentedanddisseminated. of petrology and palaeontology mineralogy, of collections the specimens, relevant historically and a suffered and scientificallyincludinggeodiversity, divestment world and national of and testimonies as Significant development 1978. in fire of phases thru passed have century, 19th the along decades half a and installationstwo in other transferred in been have (1808), invasion French first the during Bonaparte Napoleon of orders the to reduced been have Science and History Natural of Museum National the of collections geological the 1768, in constitution its of beginning the Since ______História Natural edaCiência Natural edaCiência,UniversidadedeLisboa 1 . Curadora doMuseuNacionaldeHistória 4 . As colecções geológicas do Museu Nacional de do MuseuNacional 5 a Academia começa a ponderar que o Museu não «podia continuar a estar estar a continuar «podia não Museu o que ponderar a começa Academia a Liliana Póvoas 6 , sugerindo a , sugerindoa 2 . Essa . Essa 3 7 . . ‘Museu Nacional deLisboa’, járeferidaemCartadeLei1861,éfixadapordecreto13 na Ajuda embora a tutela do Jardim já fosse da Escola Politécnica desde 1839 permitiu uma quantificação exactadasperdas. em cerca de 25 a 30%. O desaparecimento de grande parte dos inventários e catálogos não e as de Petrologia (80 %) enquanto as de Paleontologia e Estratigrafia se viram reduzidas localização nas salas, as mais afectadas das colecções geológicas foram as de Mineralogia colecções zoológicaseascolecções geológicas ficaram reduzidasametade.Em função da colecções botânicas porque não estavam no edifício central, perderam-setotalmente as à data seu estabelecimento anexo a Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa e o Museu Nacional de História Natural, A 18 de Março de 1978 deflagrou o incêndio que afectou o edifício onde estavam instalados incorporação demateriais continua aresultarquase exclusivamente dessaactividade. No terceiro quarteldoséculo XX,aactividade dominante éainvestigação científica. A financiado, reduzindoassim arelevânciainternacional dascolecções. das colecções apenas para o trabalho de campo dos naturalistas do Museu, também pouco então Director, lamenta esse desinvestimento que remete o crescimento e actualização Novo cessaaatribuição deverbasparaacompra deexemplaresvaliosos. FerreiraRoquete, colectados durante trabalhos mineiros eexplorações geológicas. Com a instauração doEstado as dePortugalecolónias, sendoaquelasconstantemente aumentadas pordoações emateriais A partir dos anos de 1920, o esforço de estruturação das colecções dirige-se sobretudo para apenas dedescrições exprimiam, por vezes, a sua admiração ao encontrarem no Museu espécies que conheciam permitiu a aquisição de minerais de tal modo raros, que os mineralogistas estrangeiros sempre colecções, das reorganização profunda segundo assistemáticas entãovigentes uma cabo a levada é 1916, e 1883 Entre Nacional deLisboa. Geológica criada em1857 e, também,primeirodirector dasecção mineralógica doMuseu de F A Pereira da Costa, à época, juntamente com Carlos Ribeiro, director da Comissão da Comissão Geológica, em1868,sãotransferidas colecções para o Museu,porintervenção tempo» seu do eminentes mais «naturalistas pelos monarcas com destaque para as doações de D. Pedro V e D. Luís I, algumas oferecidas a estes e domundo,deminasemlaboração, demuseuscongéneres edecolecções particulares, Museu Nacional exemplaresecolecções provenientesdevários pontosdopaís,dascolónias os acervos são enriquecidos com aquisições, colheitas e doações. Por esta via, chegam ao as três divisões fundamentais: Mineralogia, Paleontologia e Petrologia. A partir de 1861, Após ainstalação naEscola Politécnica, ascolecções degeologiasãoorganizadassegundo de Janeiro1862que estabelece oregulamentodoMuseu. ano de1836,dascasasdoJardimBotânico daAjuda» serem pertenças doditoMuseudeHistóriaNatural,ecom elevieramparaaAcademia, no «todas de como as obras impressas, livros de registos e inventários, papéis avulsos e mobília diversa, por bem zoologia, e conchyologia paleontologia, mineralogia, de colecções Barbosa du Bocage, na qualidade de representante da Escola Politécnica, toma posse das gabinetes dezoologiaemineralogiadamesmaescola». Em8deMaio1858,JoséVicente mineralogia etodososobjectos pertencentes aomencionado Museu sãoincorporados nos e zoologia de colecções «as que e Politécnica» Escola a para passa Lisboa, de Ciências das Natural, que foi, por decreto de 27 de Agosto de 1836, transferido para a Academia Real História de Museu «o que Março, de 9 de Lei de Carta pela decreta, V Pedro D. 1858, Em 12 . 13 . O Museu foi severamente atingido: salvaram-se as 11 . Nesse período,umadotação orçamental elevada 8 . Ascolecções botânicas continuaram 10 . Aquando do encerramento 9 . Adesignação 31 BOLETIM ICOM PORTUGAL Série III Dezembro 2020 N.º 15 32 BOLETIM ICOM PORTUGAL Histórias Custodiais Natural edaCiência,UL. “Museu do Príncipe”(RealMuseu de História Natural daAjuda).Colecções de Mineralogia do Museu Nacional deHistória Foto 1. Bloco de“CobreNativo”oferecido,em1782, pela Prefeitura Brasil) aosreis de Cachoeira de Portugal,parao (Baía, “ no CongressoInternacional deGeologia1888(foto3),ofóssilcrâniocrocodilo 1884 em recolhidas Mondego Cabo do Jurássico do Naturalista Alcides d’OrbignyaD. PedroV(foto2),aspegadasdedinossáurios terópodes milhões de anos) estudados e publicados Nativo” oferecido peloBrasilem1782(foto1),oscrânios deCetáceos doMiocénico (c. 11 todas as colecções e exemplares “icónicos” do Museu entre os quais o Bloco de “Cobre colecção desapareceu inteiramente. Sobreviveram partes significativas de praticamente Também em resultadodasituação específica dascolecções à data doincêndio, nenhuma Tomistoma ” colectado emAlmadameadosdoséculo passado (Foto FBarriga, Arquivo do MUHNAC) 14 por A Vandelli em 1831, a colecção oferecida pelo UL. do Museu Nacional deHistória Natural edaCiência, Colecções de Estratigrafia, Colecção ded’Orbigny, ao Museu doada Nacional porD. Luís I em 1861. oferecida, em1856,a D. pord’Orbigny PedroVe Foto 2. Exemplares da colecção estratigráfica 15 , ofóssilde (Foto J. Vicente, Arquivo do MUHNAC) 16 . Megalocero s adquirido fósseis erochas provenientesdetodo o mundo. As colecções geológicas do Museu integram, hoje, cerca de 69 mil exemplares entre minerais, inventariar ereacondicionar maisrapidamente. E optámos porcomeçar pelas colecções que nos ofereciam possibilidades de se poderem papel coladasnosexemplares ecobertasporverniz,actualmentesubstituído por“paralóide”. actualizada, a“receita” que melhor resistira aos efeitos de fogoeágua:pequenas etiquetas de não destruiu de fungos. ou inviabilizoupelodesenvolvimento A marcação seguiu, de forma feita a partir das etiquetas que acompanhavam os exemplares eque a humidadedorescaldo histórico e na biblioteca, ambos localizados fora do edifício afectado pelo fogo. E também antigos (mesmo os bastante anteriores à datadoincêndio)que se encontravam noarquivo A recuperação da documentação tem sido feita a partir de publicações, inventários e catálogos começar novascolecçõesapartirdecolheitas,doações eaquisições. estruturas, temáticas e aslacunas)que passámos a considerarcomo“colecções históricas” e as completar. Acabámospordecidirfechar as colecções anteriores ao incêndio(mantendo que se formassem integrando aqueles adquiridos exemplares apardeoutros, novos, para problemas deconservação nofuturo,oquedesenvolver poderiaviradesorganizarcolecções temíamos que o efeito das oscilações violentas de temperatura e humidade relativa viessem a exemplares hojejánãoacessíveispor outro peloencerramentodeminasepelaurbanização; paradigmas, temáticas e sistemáticas vigentes na época da sua constituição e encerravam as partes Por umlado salvas dascolecções ainda eramsignificativas no que respeita aos os exemplares? aquelas partes decolecção? Como recuperar documentação? Porondecomeçar? Como marcar de exemplares e etiquetas, estávamos colocados perante questões tais como: que fazer com lugares que as colecções e de3anoslimpezaalgumrestauro ocupavam previamente, Depois de meses de “escavações” nas cinzas de forma sistemática e organizada em função dos A. Nunes, Arquivo do MUHNAC) de Paleontologia do MNHN em 1957. Colecções de Paleontologia do Museu Nacional de História Natural e da Ciência, UL. Foto 3.Fóssil de Megaloceros giganteus (Blumenbach, 1799) do Plistocénico (c. 12 000 anos), Irlanda, em exposição na antiga Sala (Foto 33 BOLETIM ICOM PORTUGAL Série III Dezembro 2020 N.º 15 34 BOLETIM ICOM PORTUGAL Histórias Custodiais Nacional deHistóriaNatural edaCiência da Universidade deLisboa”(MUHNAC) de Universidade da Geral Conselho o Lisboa cria a UnidadeMuseus da Universidade deLisboa que agrega osdois anteriores Museus sob adesignação “Museu Nº9, série, 2ª República, da Diário Janeiro, de 14 de nº643/2014 Despacho Por 17. Universidade de Lisboa eediçõesTintadaChina de História Natural. In: 16. L. C. Póvoas; Lopes; I. Melo; A.I. Correia; M.J. A.M. Alves; H.Cardoso;&, Galopim deCarvalho. 2011. O Museu Nacional (1915‑1916), 11,132134. 15. J. P. Gomes, ‘Descoberta de rastos de sáurios gigantes no Jurássico do Cabo Mondego’, deLisboa Sciencias estratificações das Perfil do vista de das differentes rochas que compõem os terrenos desde aSerra deCintra até a deArrábida. golpe ou Geognostica, Memoria à Notas ou Additamentos 1831: A., A. Vandelli, 14. de CiênciasdaUniversidadeLisboa. Faculdade a passa Politécnica Escola a 1911, em República 1ª pela cabo a levada Universidade da reforma da âmbito No 13. 124‑131. P. Choffat,“Biographie desgéologuesportugais—Jacinto PedroGomes”, 12. Com. Serv.GeológicosdePortugal 11. J. P. Gomes, “Notas sobre a disposição das colecções da Secção Mineralógica e Geológica do Museu Nacional de Lisboa”, 10. MachadoeCosta,op.cit. 9. C.N.Tavares, História Natural,MUHNAC-MUL-AH,cx2047. 8. pela AcademiaReal Cópia das Ciências do termolavrado sobre atransferência para aEscola Politécnica do Museu de 7. MachadoeCosta,op.cit. 1859”, 6. J. M. Latino Coelho, “Relatório dos trabalhos da Academia Real das Ciências lido na sessão pública de 20 de Fevereiro de 5. Ibid 4. Ibid. de CiênciasLisboa],Lisboa,1937,3. 3. A. A. O. Machado eCosta, 2. DecretodeD.MariaII,27Agosto1836. J. C. P. Brigola, 1. Notas ______continua. Novasferramentastecnológicasestãoapermitirobternovoconhecimento. O trabalhodedocumentação,conservaçãoedivulgaçãodascolecções geológicas do Museu de Angola,Moçambique,CaboVerdeeTimor. Destacam-se a Colecção de Rochas de Portugaleaspartes recuperadas das antigas Colecções As colecções de Petrologia são, nasua quase totalidade, as que sobreviveram aoincêndio. reserva dapaleobiodiversidadedeimportânciainternacional. de todo o mundo, em particular da Europa e de muitas jazidas hoje inacessíveis. São uma investigação em Paleontologia de dinossáurios. As colecções de Paleontologiareúnemfósseis de projectos de âmbito no 1980 de anos os desde realizadas escavações de partir a constituída 60 do século XX e, entre as mais recentes, mencionamos a Colecção de Jazidas Mesozóicas em 1865, a Colecção de VertebradosdoMiocénico de Lisboa,constituída nos anos50 e a Colecção Fóssil António Gomes(Flora Bernardino doCarbónico Português) constituída procedência de anteriores colecções, sobretudo asorganizadasnoséculo XIX. Destacamos taxonomicamente. Através deetiquetas antigas, épossívelidentificar, nalguns casos, a os fósseis estão organizados de acordo com a idade; os restantes espécimes estão organizados Mais de metadedascolecções de Paleontologiacorrespondem acolecções estratigráficas, onde inclui trêsdosseismeteoritosencontradosemPortugal. Panasqueira. Agregada àsColecções de Minerais, existe umaColecção de Meteoritos que incêndio e deaquisições posteriores. Merece particular destaque a Colecção da Mina da dos trabalhos de recuperação e reorganização dos cerca de cinco mil exemplares salvos do A Colecção de Mineralogia é considerada umadasmelhores,senãoamelhor,dopaís. Resulta in: HistóriaeMemóriasdaAcademiaRealdasCiênciasdeLisboa Colecções, Gabinetes e Museus em Portugal no , 2(1):281-306 Guia doJardim Botânico daFaculdadedeCiênciasLisboa Património da Universidade de Lisboa – Ciência e Arte e Ciência – Lisboa de Universidade da Património Escola Politécnica de Lisboa - O Museu Mineralógico e Geológico Mineralógicoe Museu O - PolitécnicaLisboa Escola de (1915‑1916), 11,138145.

Século XVIII , novasérie,tomoII,parteLisboa,1863. , Fundação Calouste Gulbenkian/MCTES, Coimbra, 2003. , ImprensaPortuguesa,Porto,1967,20. o. ev Goóio d Portugal de Geológicos Serv. Com. . M C. Lourenço, MJ Neto (Coord.). Lisboa, [Separata da Revista da Faculdade da Revista da [Separata Memorias da Accademia Real das Real Accademia da Memorias Com. Serv. Geológicos de Portugal de Geológicos Serv. Com. 1916),11, (1915 ‑1916),11, 17

ser entãoestudadoecomparado. momento a estar sob uma nova custódia, até à prateleira do gabinete onde é colocado para dos objetos traçar o seu percurso desde o momento da recolha, passando a partir desse registos epublicações feitos peloselementosdasdiferentes missõesépossível paraalguns também efetuadas observações e recolha de dados etnográficos e arqueológicos. Através dos antropométricos daspopulações locais, sendoque,ainda que comcaráter secundário, foram Timor-Leste (1953-1975). Estas missões tinham como principal de objetivo a recolha de e dados (1948-1955) Angola de (1946-1947), Guiné-Bissau da (1936-1956), Moçambique de Novo. Éesteoenquadramento legalquepossibilita acriação dasmissões antropológicas como forma de legitimar a sua ocupação e posse, no quadro da política colonial do Estado numa tentativadeincrementar oconhecimento científico sobreaquelesterritórios, ocupação dascolónias, atravésdacriação demissões científicas deváriasáreasdisciplinares, e Geográficas Missões das Junta da de Investigações Coloniais(JMGIC), intensificaram-se asatividadesdereconhecimento e 1936, em constituição, a Após XX. século do longo pelas várias missões antropológicas nos antigos territórios ultramarinos portugueses ao O gestão dasuacuradoria. breve texto é uma oportunidade para partilhar inquietações e traçar caminhos diferentes na o períodocolonial português,eagorasobtuteladosMuseusdaUniversidadedeLisboa, este Enquanto curadora das coleções etnográficas reunidas pelas Missões Antropológicas durante percursos A história custodial de umacoleção é um óptimo pretexto para refletirmos sobre os seus ______the in paths different outline and concerns share ofits curatorship.management to opportunity an is text University brief the this of Lisbon, Museums of the of guardianship the under now the and during Missions period, colonial Anthropological Portuguese the by gathered collections ethnographic the of curator As especially its absences. andbelongings its paths, its on reflecting for pretext great a is collection a of custodialhistory The ______Técnica-Superior do Museu Nacional de História Técnica-Superior do MuseuNacionalde História Natural e daCiência da Universidadede Lisboa percurso Antropológicas –percursos, , assuas até agora conhecido destas coleções inicia-se com as recolhas efetuadas pertenças eausências pertenças Coleções dasMissões pertenças esobretudoassuas Marta SanchesdaCosta ausências . 35 BOLETIM ICOM PORTUGAL Série III Dezembro 2020 N.º 15 36 BOLETIM ICOM PORTUGAL Histórias Custodiais servem? Oque contam? Paraquem? Eprincipalmente: Quemosconta? um percursodifícil edoloroso:aquem pertencem estes objetos?Aquem servem?Paraque objetos significam nos dias dehojeébem mais desafiante eimperativo, mesmo que seja constituição deumacoleção colonial éimportanteefundamental, masperceber oque estes descolonização das coleções edaspráticasassociadas. Conhecer as diferenteshistóriasde a co-curadoria, erefletirasquestõesquesecolocam atualmentenadiscussão emtornoda agora nacustódia deummuseuuniversitário,deveráincorporar novasmetodologias -como Entendo que a curadoria das coleções etnográficas das missões antropológicas coloniais, como areparação ouarestituição. os profissionaisdosmuseusaapresentaroutrasnarrativas,enfrentandoquestões difíceis ativistas paraqueressignifiquemestascoleções,atribuindo-lhesnovaspertenças edesafiem para que se façam novasperguntasesecontem outrashistórias;trabalharemconjunto com práticas. Abrir os arquivos e as coleções às comunidades de origem ou aos seus descendentes de constituição dascoleções, masexigemtambémnovosolhares,novasvozese A históriacustodial eapesquisadeproveniência permitem-nosconhecer melhorocontexto agente colonizador. Todasasoutrasvozes,todaspertenças sãosilenciadas. grande lacuna é “o lugar de fala”. As respostas são dadas por quem recolheu os objetos, pelo Em alguns casos, consegue-se responder parcialmente a algumas destas questões, mas a ofereceu? Comofoifeitaessatransferência? Quesignificado eimpacto teveaquele gesto? coleção é marcado por várias questões – a quem pertencia o objeto? Porque o vendeu ou pertenças, expõe sobretudo as suas associados, relatórioseregistosdecampo, etc. Noentanto,estahistóriamaisdoque revelar permite traçar atravésdaconsulta dasvárias fontes –legislação, documentação e arquivos Isto é,resumidamente,oque apesquisa clássica sobreahistória custodial dascoleções nos estas coleções sobgestãodaUnidadeEspecializada MuseuseIICT. ficando Lisboa, de Universidade na fusão por extinto é IICT o 2015, Em 2008. e 1988 em Universidade doPorto,tendosidoposteriormentetransferidosparaoIICT, respetivamente Bissau, anterioresàcriação doCEA,estiveramemdepósitonoInstituto deAntropologiada objetos recolhidos. Osmateriaisdasmissõesantropológicas deMoçambique edaGuiné- de Antropobiologiacom acompetência derecolher, catalogar, restaurareconservaros Instituto o de Investigação Científica Tropical (IICT), herdeiro da antiga JIU, que integraoCentrocriado é 1983, Em substituído. assim foi que CEEU, do técnico equipamento anteriormente pelas missõesantropológicas daJIU, bemcomo os materiaiscientíficos e (JIU), oCentrodeEstudosAntropobiologia(CEA)queintegrouosmateriaisrecolhidos Ultramardo Investigações de Junta na já criado, é 1962 em e JMGIC, a com articulação em criado o Centro de Estudos de Etnologia do Ultramar (CEEU) na Escola Superior Colonial, Em termos de custódia institucional, é possível identificar as várias “ ausências . O percurso anterior à sua incorporação na pertenças ”: em 1954 é maioritariamente porcrânioshumanos. constituídaem Portugal(eumadasprimeiras no mundo) primeira coleção de esqueletos humanos identificados dedica-se ao estudo da Antropologia Física. Reúne a como Vogt, Quatrefages Manouvrier ouLombroso, onde contacta com os principais antropólogos da época, Portugal e após passagem por vários países europeus, e Farmácia doutorou-se em em Medicina. Entre 1878 e 1882, já em formou-se Brasil no Ainda 1874. até em nasceu Macedo Águeda, ecom8anosfoiparaoBrasil onde viveu de Ferraz Francisco 1). (Fig. (1845-1907) Macedo de Ferraz Francisco de restos humanos identificados em Portugal deve-seaotrabalhodoMédico e Antropólogo duas mais antigas: a Coleção FerrazdeMacedo e a Coleção Luís Lopes. A primeira coleção foram sendocoletados desde finais do século XIX. Neste texto apenas serão apresentadas as As coleções de AntropologiaBiológica do MUHNACsãoconstituídas por váriosacervos que ______collections,these andof humanremains atlarge,need tobeaddress. of investigation and sourcing the to related dilemmas ethical Still, undisputable. is science of field asPortuguese collections origin. The relevance of these emergence of Biological Anthropology to the unidentified remainsof found in forensic profile or archaeological contexts. collectionsBoth biological are composed of individuals the of estimate to methodologies new of advancement the in point reference the has used is It world. the remainsin collectionshuman osteological of documented best the to donated and Museum century in 1907. The 19th Luís Lopes Collection,the collected after of 1980, from end Lisbon cemeteries, is the one at of the collected was It Portugal. in oldest the is skulls of Collection Macedo de Ferraz The remains. human of collections several houses MUHNAC The ______Ciências SociaisePolíticas,UniversidadedeLisboa emergência daAntropologiaemergência As coleções deAntropologia MUHNAC, docente no Instituto Superior de MUHNAC, docente no Instituto Superiorde Biológica doMUHNAC na Curadora das Coleções de Antropologia do Curadora das Coleções de Antropologiado Fig. 1.Oantropólogo FerrazdeMacedo (Ferreira, 1908). em Portugal Susana J.Garcia Susana 37 BOLETIM ICOM PORTUGAL Série III Dezembro 2020 N.º 15 38 BOLETIM ICOM PORTUGAL Histórias Custodiais antropométricas, emváriaspenitenciárias deLisboa. não se limita a recolher medidas craniométricas, tem ainda autorização para recolher medidas um lugar central na história da Antropologia e da Criminologia em Portugal. Ferraz de Macedo O uso pioneiro denovastécnicas de mediçãoeanáliseestatística de Macedo confere aFerraz Paris. em que ocorreu Criminal Antropologia Internacional de Congresso 1892,no em dados tipos de criminosos apenas pelacapacidade craniana. Ferraz deMacedo apresentou os seus não-criminoso nãodiferiam namorfologiamacroscópica e que não erapossívelidentificar concluir, contestando a teoria de Lombroso,que o crânio do homemcriminoso e do homem e rigorosa da morfologia craniana do homem comum português levou Ferraz de Macedo a detalhada descrição A (1835-1909). Lombroso Cesare por liderados Física, Antropologia dos criminosos e dos não-criminosos, coincidia com a de outros demanda estudiosos de No caso de Ferraz de Macedo a sua principal preocupação, a comparação entre os crânios importância paraoavançodaciência. valor doindivíduo. A recolha de esqueletos humanos (ou crânios) estava legitimada pela sua histórico de umperíodo em que autoridade doconhecimento científico se sobrepunhaao que engloba mais também fazpartedoespólio de 50 doado, medidas diferentes. Falamos por denominado registo de livro seu O Paris. em (1824-1880), Broca ilustres por Paul do seu do LaboratóriodeAntropologiafundado tempo, nomeadamente Ferraz deMacedo dedica-seamediros crânios tal como tinha aprendido com os antropólogos inglês), sabedoretenaz(naspalavrasdeMendesCorreia),mastambémexcêntrico. seus pares como alguém excecional (falava seis línguas, incluindo russo, grego, italiano, francês e pelos visto era para Macedo de Lisboa Ferraz identificados. e de completos esqueletos 140 Ciências de cerca de os estudar Faculdade à deslocaram se que escrevem 1995), (Rocha, 1906 de mandíbulas) eapenasumesqueleto completo. Contudo,TamagninieCampos,numapublicação presente no MUHNAC refere que a coleção doada era constituída por 1023 crânios (calotes e Nacional de História Natural e da Ciência de Lisboa é disso reveladora. A documentação oficial dos crânios” (Fig.2). Defacto, acoleção osteológica que FerrazdeMacedo doaaoatualMuseu crânio humano fezcom que aAntropologiadesteperíodofosse denominadacomo a“aciência A importância que os antropólogos oitocentistas, dedicados à Antropologia Física, davam ao (fotografia S.Garcia,cortesiaUniversidadedeLisboa). Universidade deLisboa, Coleção FerrazdeMacedo,MUHNAC, Crânio metópico, Fig. 2 Taboas Antropométricas Taboas de morte. essa informação inclui o sexo, a idade à morte, anode naturalidade, ocupação e causa biográfica sobre grande parte dos indivíduos que a constituem. Em mais de 760 indivíduos, inestimável. Ser umacoleção documentada significa que o MUHNAC tem informação e parte dela ser documentada, fazcom que o seu paraaAntropologiaBiológica valor seja A dimensão da coleção, ser constituída por mais de 120 indivíduos com menos de 21 anos, bem documentadasdomundo. inclusão de grandeparte dos esqueletos de não-adultos,encontra-se entre as mais extensas e a com Cardoso Hugo por 2003 em completada e Lopes, Luís por 1981 em iniciada coleção, características da amostra,como o grandenúmerodetratamentos dentários) (Fig. 3). Esta pelo (revelada contexto de recolha, pelo tipo de ocupação predominante naamostra masculina e algumas época da média classe à maioritariamente pertencentes e 1972 e 1806 entre provenientes de várioscemitérios curadoria). São de Lisboa, deorigemportuguesa, nascidos entre os quais um valioso conjunto de 1800 esqueletos completos (alguns ainda em processo de A atual Coleção deAntropologia Biológica do MUHNAC, é formada porváriosoutros acervos, grande partedascoleçõeszoológicasdesteMuseu,apenas42crânios(commandíbula). destruiu que 1978, de incêndio do consequência em sobrevivem, 1907, em doada coleção Da no espólio Topinar, de FerrazMacedo,faz-nospresumir que não terá sido ele aenviá-los. os terá (Garcia enviado & Wasterlain, 2017). A ausência de umacarta de agradecimento de possível apurarjuntodocuradorderestos humanos modernos doMuseu quem do Homem origem portuguesa, sendo 20 de Portugal continental e 30 das ilhas (Açores), mas não foi - ‘ constar e oque deve na etiqueta detalha inclusive ser oembalamento como deve Topinard 20 crânios já o deixariam muito feliz, mas ‘100 eram mesmo necessários para os seus estudos’. representantes desta ‘raça’ nas suas coleções. Na segunda carta é muito explícito, escreve que encarecidamente a Ferrazde Macedo que lhe envie crânios de portugueses, pois não tem uma de20 de junho1882 e outra de 23 de abril 1883. Nestas cartas, Topinar pede da diretor (1830-1911), Topinard Paul francês antropólogo pelo Ferraz de Macedo, presente nos arquivos do MUHNAC,fazemparte duas cartas enviadas fomentada pelos estudiosos dos dois países (Roque, 2018). Da correspondência recebida por Durante este período aaproximação entre a Antropologia portuguesa e a francesa era (fotografia L.Carvalho,cortesiaUniversidadedeLisboa) Objects d’Histoire Naturelle d’Histoire Objects Dente comcapaemouro(homem, Coleção LuísLopes,MUHNAC, Universidade deLisboa ano demorte:1951), Fig. 3. ’. O . Museé de l’Homme de Museé , Paris,temnosseus acervos, 50 crânios de Societé d’Antropologie Societé , Paris, 39 BOLETIM ICOM PORTUGAL Série III Dezembro 2020 N.º 15 40 BOLETIM ICOM PORTUGAL Histórias Custodiais Wisnewski, J.(2009). Ferreira, A.daC.(1908). Roque, R.(2018). Coimbra. M. Rocha, A. (1995). ethics. S. Garcia, S.,(2017). & Wasterlain, Ferraz deMacedo,F.(1892). de-Shalit, A.(1995). Medicine (ISHM),3-7September. centuries) 19th-20th Coimbra, and (Lisboncollections L. C., Garcia,Carvalho, S. J., & Wasterlain,S. N. (2018). Bibliografia ______O curadordecoleçõesosteológicashumanaséumintermediárioentreopassadoefuturo. históricos e políticos, mas não lhes é permitido colocar em risco a sua integridade ou anonimato. pessoas, vivas oumortas,posicionando-se como tradutoresdassuasvidasedos seus contextos científica aplica-se ao presente e ao passado. Aos antropólogos é-lhes permitido estudar já viverameesguardo pelafamíliaecomunidade depertença. Aética que orientaaatividade humanos restos os devem sertratadoscom respeitoedignidade. Consideração porrepresentarem pessoas que jurídica, personalidade ter não morto’ ‘o de Apesar 2009). Wisnewski, 1995; (de-Shalit, questão esta sobre refletir a ajuda-nos Filosofia A científica? investigação o respeito que é devido aos restos humanos é compatível com a curadoria museológica e a investigadores, nemsemprecompatíveis. Mas ainda mais relevanteéresponderà questão: a necessidade de preservar a coleção para as gerações futuras e os objetivos de pesquisa dos e a investigação de uma coleção constituída por restos humanos. Desde logo há que conciliar Por fim, importa ponderar que dilemas éticos poderão surgir com a curadoria, conservação natural dasdoenças. e daterapêutica àbasedeantibióticos permitindodocumentaraprogressão estar disponível, et al., 2018). Grande parte da coleção é constituída por pessoas que antes viveram da vacinação denominada por Paleopatologia) e para o estudo da História da Medicina é enorme (Carvalho temática mais estudada, masopotencial da coleção para oestudo das doenças do passado (área Science de 30 mestrados e doutoramentos e mais de 100 artigos científicos (incluindo umnarevista investigadores de universidades nacionais e estrangeiras. No período entre 2007 e 2020 mais no contexto forense earqueológico. A coleção é todos os anosprocuradaporcerca de 20 do sexo ou da idade à morte de esqueletos não-identificados e que podem vira ser aplicadas Estes dados permitem aos investigadores novas metodologias desenvolverem paraaestimativa PaperpresentedtoEASAMedicalAnthropologyNetwork,5–7July2017. ) forampublicados com dados recolhidos nesta coleção. A Paleodemografiaé a área Antropologia Portuguesa, 13 The Latinstranger-scienceor

Why posteritymatters. Les collections ostéologiques humaines identifiées duMusée Anthropologique de l’Université de Whatweowethedead. O anthropologista FerrazO anthropologista deMacedo Crime etcriminel.

Historical human skeletal identified collections Portugalidentified in (19 skeletal human Historical , 7-38. Londres:Routledge. Lisboa:ImprimerieNationale. l’anthropologie Journal ofApplied Philosophy,26 Journal . Paper presented to the 46th The International Society for the History of History the for Society International The 46th the to presented Paper . Dental restorations and prostheses in two Portuguese identified skeletal identified Portuguese two in prostheses restorationsand Dental . Lisboa:TipográficaAEditora. amongtheLusitanians. (1), 54-70. History ofScience th century): Curators, research and Curators,research century): , 1-27. O Coro, 2014 |AInvenção da Memória |©João Paulo Serafim EmFoco

Histórias Custodiais 41 BOLETIM ICOM PORTUGAL Série III Dezembro 2020 N.º 15 42 BOLETIM ICOM PORTUGAL Histórias Custodiais principais museus nacidadedeSãoPaulo foramformadasnesse período. com pintura eescultura nacional einternacional. Coleções de artemoderna de algunsdos colonial brasileiro,especialmente omobiliáriocivil e religioso luso-brasileiro, combinado quando a partir da década de 1960, o gosto da sociedade passa a valorizar a produção do passado muitas peças que ambientavam os palácios. Esse “europeizado” panorama muda radicalmente, especialmente todas as tendências artísticas e culturais que vinham deParis,França,origem de É claroque a ideiadecivilização, nessa época, tinha como referênciaospaíseseuropeus, e construía seus pela modernidade palacetes com odinheiro decorrente docomércio do café. para aRepública no Brasil. Nessa época, SãoPauloeraumacidadeque ansiava se urbanizava, foram formadas no final do século XIX e primeiros anos do século XX, na passagem do Império Destaco, a título deexemplo,o processo de conhecimento e reclassificação das coleções que divulgado em como um arquitetônico, artístico, cultural e ambiental dos palácios do governo doestado de São Paulo, visuais e decorativas, foi possível compreender melhor a relevância do patrimônio histórico, A partir de umaatualização minuciosa do inventárioedareclassificação das coleções de artes século XVIII aos dias atuais, que tiveram um grande impacto na constituição desse acervo instituição evidenciando alguns fatos salvaguarda, políticos, sociais e econômicos locais, do um conhecimento mais consistente sobre o patrimônio artístico e histórico que essa têm proporcionado Paulo, do Estado curadoria doAcervodosPalácios de São do Governo coordenados pela durante oanode2020, da pandemia, desenvolvidos em meioaoperíodo científica, que alimenta eatualizaconstantemente as coleções. Recentes pesquisas e estudos O primeiropontoadestacar éapossibilidade de novasestratégias geradas pelapesquisa Paulo, noBrasil. processo de preservação do acervoartístico cultural dos palácios do governoestado de São que permeiam agestão e curadoria deinstituições museológicas, por meio da experiência do A minha intenção neste artigo é promover umareflexão sobre alguns pontos de interesse ______the of Collection Artistic-Cultural the in out State ofSãoPaulo, Brazil. carried Governmental Palaces ofthe experience an is text the to reference The museums. functionsof openingand uses myths, facesof it communities, especiallyto and importance public the to palaces the highlighting to addition In collections. their of safeguarding use the in and still palaces the between coexistence the of aspects challenging some addresses article This ______Palácios do Governo doEstadode São Paulo,Brasil Curadora do Acervo Artístico-Cultural dos Curadora do Acervo Artístico-Culturaldos patrimônio museológico patrimônio a MuseusdosPalácios palácios-museus De Palácios-Museus . Ana Cristina Carvalho Cristina Ana a ser salvaguardado, documentado, pesquisado documentado, e aser salvaguardado, 1 . comunidades. segundo as suas necessidades. Não são museus de comunidade, mas podem ser museus para as aproximação com ascomunidades locais, ecom aoferta deações culturais especialmente criadas constantemente com o público visitante a desconstruir esse mito, por meio de estratégias de de antigos regimes, casas de governantes ditadores, lugares de elites, é acima de tudo, aprender Enfrentar o mito de palácios que podem representar a memória de políticas e sistemas de governo viva ealgumasvezesenriquecedora, noentanto,asalvaguarda patrimonialédesafiadora. Nos palácios aindaem uso convivem distintos usos efunções, que porumlado é uma experiência Brasil. Aíestáograndediferencial dosmuseus tradicionais, cujo usoécultural emuseológico. um dosgrandes desafios para os palácios sedes degoverno, ainda em uso, em muitosestados do museus usos e funções, fato ainda muito comum no Brasil. Compreender a relevância dos acervos abrigadosempalácios eosdesafiosdelidarcom amuseologiaempalácios demúltiplos O segundo ponto de reflexão que diz respeito às “Histórias Custodiais” é a questão do mito de interpretação dopassado exigedenósacapacidade deenxergarooutroemergulharemseu tempo. e pensamentos,épossívelmudaratualizarospontosdevistadoolhar aopassado.Odesafiode pesquisa que leva a lugares nunca pensados e a pequenos detalhes que se interligam com obras Se as histórias e a autenticidade das coleções e dos ambientes são evidenciadas por meio da do outrolado,oModernismobrasileiro. riquezas, com uma excessiva quantidade de arte religiosa produzida noBrasil e em Portugal,e cidade que imitava aEuropa,dooutro a redescoberta do nosso passado colonial Barroco e suas distintas temporalidades ecomfocos temáticos variados. Deumladoarepresentação de uma em adquiridas peças mil 4 por constituído é governo do palácios dos acervo o modo, Desse e não só considerá-los como locais com coleções de arte para decorar ambientes, é ainda São Paulo/Brasil,duranteoprograma“Porta Palácio BoaVistaemCamposdoJordão, Imagem 1.PráticadeYoga nafachadado julho de2019. Brasil, duranteo programa “Portaabertas”em Vista emCampos doJordão,SãoPaulo/ artista TarsiladoAmaralnoPalácio Boa Imagem 2.Contaçãodehistórias sobre a abertas” emjulhode2019. palácios como palácios como 43 BOLETIM ICOM PORTUGAL Série III Dezembro 2020 N.º 15 44 BOLETIM ICOM PORTUGAL Histórias Custodiais Disponível em. Acessoem 21deoutubro2020. DE GOVERNO SÃO PAULO. DO ESTADO Cambridge: HarvardUniversityArt Museum,2003,208pp. CUNO, James B. (ed.). 136 pp. ______. São Paulo:SESI-SPEditora,2016.272pp. CARVALHO, Ana Cristina. Bibliografia ______Harvard UniversityArtMuseum,2003,p.77. 2. CUNO, James. dos Bandeirantes,atualsededogovernoestado. Campos Elíseos, entre 1911 e 1965; Palácio do Horto, entre 1940 e 2011; Palácio Boa Vista, de 1969 aos dias atuais; e Palácio políticas de aquisição do Pátio no seu tempo: Palácio do Colégio, do Governo devido nos séculos XVIII e XIX; Palácio dos 1. O acervo transitou entre os palácios do governode São Paulo,nos quais foram formadas outras coleções, a depender das Notas ______canwalkawayatadifferentit comealive sothey anewforthem, world. angletothe world, sensibilitiesto sharpen and to of heighten the their experience to alter their to it, to make them, In end, the this is what our visitors most want from us: to have access to works of art in order to change quase doismetrosdealtura. 1964. O público visitante gosta de saber que a cama foi alongada para o presidente, que media presidente da França,Charles De Gaulle,quandoemvisita ao Palácio dos Campos Elíseos, em memória daintimidadedepersonagens do passado. Como porexemplo,acamaque dormiu o com alguns objetos e móveis do acervo que não eramos mais significativos, mas traziam a em 2007, fiquei muito surpresa quando percebi a grandecuriosidade que os visitantes tinham Lembro-me dequandocheguei no Palácio Boa Vista para começar meu trabalho como curadora, e acompanharasmudançasdostempos. visões curatoriais. Atualizar as coleções é, assim, ver demodosdiferentes, dar-lhes significado representação dos espaços vividos através das exposições de seus acervos em suas distintas da população,espaços que representam aHistória, ainda que ela sejadolorosa.Omuseu é a casas-museus, têm mostrado que esses são espaços de memória,abertos ao público e a serviço Experiências e referências valiosas de palácios que são museus, em outros países, assim como as Palácio Boa Vista: Palácio Whose Muse? hs Ms? r Msus n te Public the and Museums Art Muse? Whose umpalácio-museu e suas preciosidades. São Paulo:Imprensa Oficial do Estado deSãoPaulo,2008. Coleções reveladas: Coleções ArtMuseums the and Public Trust. Princeton UniversityPress;Cambridge: Princeton; Oxford: Acervo Artístico-Cultural dos Palácios do Governo do Estado de SãoPaulo. do Governo doEstado Acervo Artístico-Cultural dosPalácios Acervo Artístico-Cultural dos Palácios do Governo do Estado de São Paulo. Trust. Princeton; Oxford: Princeton University Press; dormiu CharlesDeGaulle. Jordão, SãoPaulo/Brasil,comacamaemque Honra noPalácioBoaVistaemCamposdo Imagem 3.VisitaaoaposentodoHóspedede 2

no futuro que são resultante da actividade dos melhores cidadãos de um país que, se não casas-museu no paísporsi só, nãosãoogarante dacontinuidade dousufruto desse património deste legado as gerações presentes e às futuras. A protecção legal deque gozam quase todas as casas-museu em Moçambique sobretudo no que tange a sua gestão para garantir a transmissão história de protecção do património onde o enfoque para a presente a serão abordagem, as da consulta ao dicionário genérico A custódia no contexto da preservação do património é uma palavra associada a protecção ______effort”“national transmission forthe ofpresent andfuturegenerations. a lacks that legacy” “national a manage to houses museum country’s the patronsof the of families the on based reflection of effortan was bibliographic There a subject. the crossing by object actors on the search their of experiences the was stories custodial as houses museum these of course The Social. justice on based society constructiona of the to later and domination colonial the to arts the for struggle present the and past the memorize to places country the for bequeathed who artists by activities post-colonialof result a as period the in created were of houses museum The ______Gestora do Museu-GaleriaChissano,Moçambique As Famílias dosPatronos dasCasas-Museu no Património CulturaleHistóriadeÁfrica em Moçambique: trilhos dasExperiênciasem Moçambique:trilhos da no InstitutoSuperiordeArteseCultura, Gestão do Museu-Galeria Chissano doMuseu-Galeria Chissano Gestão “epicentro”de Histórias Custodiais Docente deMuseologia, online Otília Chissano Daniel Inoque Daniel Moçambique Priberam 1 , logo as histórias custodiais remetem a 45 BOLETIM ICOM PORTUGAL Série III Dezembro 2020 N.º 15 46 BOLETIM ICOM PORTUGAL Histórias Custodiais principal agenda globaldahumanidade. concerto das nações em plataformas de que desenvolvimento se quer sustentável como a linguística” e actualmente, igualmente na “integração digital” dos respectivos cidadãos no os países como Moçambique ao que parece, não adoptaramestratégias claras de “inclusão profissional e bemcomoacadémico desenvolvimento dos actores deste sector, entretanto, determinam oacesso aos fórunsinternacionais que contribuem significativamente para o as de comunicação profissional e igualmente na esfera académica. Por outro lado, tais línguas, limitações linguísticas no acesso à literatura como em outras globalmente padronizadas línguas Este recorte “metodológico” forçado visa por umlado,mostrar essencialmente as nossas português, noentanto,comcontribuiçõesdeoutras regiõesdomundo. seu primeiro número de 2019 aos 10 anos de reflexão desta tipologia museal focalizado o caso EncontroLuso-BrasileiroCasa-Museus de anais de dois fóruns de países falantes de línguaportuguesa os nomedamente, Anais do I a III Museus do Conselho Internacional dosMuseus (ICOM-DEMHSIT)basicamente citados nos os anais nomeadamente, das contribuições das conferências do Comité Internacional das Casas- abordagens baseandonomanancialque encontramos como fontes que auxiliaram o exercício de definição espacial, centra-se nos países de línguaoficial “portuguesa”, mapeando O enquadramento mais amplo dotema sobre o qual o texto se debruça, numatentativa Entrada PrincipaldoMuseu-GaleriaChissano(RuaEscultorChissano) como ponteaonossoestudoespecífico,oMuseu-GaleriaChissano. contextualizaçãofazer-se umabreve dasituação desta tipologia museal nopaísemapreço, gestão destes patrimónios sensíveis, pontoseguinte à presente introdução, para casas-museu em Moçambique, seria fundamental fazer um enquadramento mais vasto da uma pessoa colectiva de direito privado. Para melhor visualizar as histórias custodiais das Moçambique, estão sob custódia familiar mesmo quando para o efeito, tenha sido estabelecida gestão das colecções na medidaque estas entidades museais para ocaso em análise ou sejaem Entretanto, a protecção deste “legado intimista” até certo ponto impõe desafios éticos na cidadãos comoavançouStoffel(2019) cuidadas, opaísperdeas memórias mais significativas produzidas pelos seus mais destacados 2 e a primeira edição do . Autores daFotografiaStelaManueleDanielGabriel Património a Norte a Património que dedica o a posterior a , português com um programa estuturado com temas que gravitavam em torno dos aspectos ligados museais. Nesta altura, o movimento ganha regularidade como espaço de dialógo, no território financeiros eafortepresença dosector público como base desustentabilidadedestasunidades que anota-se, insuficiências semelhantes no que tange a profissionais, recursos materiais e concerne a efectiva actuação destas unidades museais naqueles tecidos museológicos, na medida referidos, apesardenoBrasildemonstrar algumdinâmismo, os desafios são similiaresnoque As grandes conclusões do período em que decorreram em paralelo estas plataformas nos países incluindo osmodelosdegestãodesteinstrumento depreservaçãodopatrimóniocultural. debate emvoganoICOM-DEMHIST naaltura,noque tange a tipologia e outras categorizações as origens e percursos das casas-museu, os desafios inerentes à sua conceptualização/definição solo brasileiro comono português, notamos umaperspectiva de partilha de experiências sobre uma apanhadogeraldos Fazendo primeiros três encontros realizados de2006 a 2012 quer no países da“comunidade”maissul,concretamentenocontinenteafricano. conjuntamente como “comunidade linguística” iniciar um dialógointegrandoigualmente os primeiro da nossa história recente. Com isto, estamos esperançados que no futuro,pensemos tinha deste primeiro encontro,opaísjá estabelecido um museu desta tipologia por sinal,o museu como tema central. Como constatar-se-á adiante Moçambique, aquando darealização oceânica atlântica a norte global para efeito, integraram o “dialógo cultural” tendo as casas- do aniversáriodaCasa-Museu pioneira dopaísecontou com convidados usandoavia para o Todavia, caso brasileiro, o pretexto do arranque deste tipo de dialógo, foi a celebração tipo demuseunopanoramamuseológicodaquelepaíseuropeu iniciado em Portugal, como deCasas-Museu,Jornada como resposta a invisibilidade deste temos registo documentado detrês edições até 2010, ano este que se junta aoutromovimento Este fórum/plataforma dascasas-museu de língua“portuguesa” que iniciou no Brasil que museal encontra estrutura notória, noórgãoespecializado criado no ICOM-Internacional. afirma a autora citada que a dimensão internacional da abordagem institucional da tipologia “agregrador” dos países falantes de línguaoficial ‘portuguesa” sobre casas-museu. Entretanto, casas- as museu sobre seminários cinco de série uma de organização com 1995 em iniciado tendo reflexão de linha nesta pioneira como Barbosa Rui de Casa Fundação a apontando 1998, em sobre o debate desta tipologia museal é anterior ao estabelecimento do ICOM-DEMHIST Museografia refere naapresentação dos anais do especificamente Talhando mais ampla dotema,apoiamosemPessoa a abordagem que como suporteparasistematizaçãodainformaçãocomposiçãoreflexão. área do museologia e património cultural cruzada com uma pesquisa bibliográfica e documental profissional como gestora de uma“casa-museu” e ooutro,naáreaacadémica como docente na O texto éresultado dapartilha de experiências pessoais entre osseus actores, um naesfera junto doICOM-Internacional. ao outros países africanos não falantes de língua“oficial portuguesa” quando tivermos acesso sentido figurado, esperamos captar tais experiências nas fases subsequentes deste “estudo” de experiências dos países africanos delínguaoficial “portuguesa”, constituem uma miragemno Os fóruns dediálogosobreas casas-museu acima referidas, noque tange ao registo de de uma contribuição fora de portas, a contribuinte, desafia as casas-museu a experimentar as de umacontribuição foradeportas,acontribuinte, desafiaas casas-museu aexperimentaras tema debatido em encontros anteriores referidos no Brasil e termina em 2018 sobre oculto de personalidade e nas questõesfundamentaisemtorno desta tipologia patrimonial saberes em torno da documentação, debate sobre o turismo e inclusão desembocando em temas brasileira, anecessidade construção deredescomo meiodetrabalho, passando pela partilhade ao envolvimentodacomunidade daáreadeinserção daunidademusealbuscando experiência icommunity 3 . Ao que parece, oseminário foi inspirador paraa“forja”doúnico fórum dedialógo realizado em 2006, realizadonocidadedoRioBrasil,que o fórum/plataforma de Janeiro, doICOM a partir da legalizaçãodoICOM-Moçambique nos próximos meses I Encontro Luso-Brasileiro de Casa-Museu de Luso-Brasileiro Encontro I 4 . : Espaço, Objecto e Objecto Espaço, 5 onde, a partir onde, a partir 47 BOLETIM ICOM PORTUGAL Série III Dezembro 2020 N.º 15 48 BOLETIM ICOM PORTUGAL Histórias Custodiais de comando do paíseéaberto,oprimeiro museuprivadodopaís, o Museu-GaleriaChissano mercado emsubstituição daeconomia centralmente planificadaeoestabelecimento denovaordem país indenpendente. Com o advento da democracia multipartidária, é introduzida a economia de citada autora pela outorgado acima como da formação do “Homem novo” e relativo ao desenvolvimento, na fase inicial do dias, nossos aos anos 1975 desde vai que momento, segundo No -cultural deapropriação dos espaços/recursos edasgentesque habitavam o território. a legitimação da presença colonial no território por via de construção de um legado histórico- conceptual abordagem geradora dosmuseusemMoçambique tinha porfinalidade, naperspectiva deCosta(2013) a 1974, até XIX século do final o desde vai que momento, primeiro No desenvolvimento deMoçambiquenoapósindependência política libertário, marcadopelas narrativas da história da luta de libebrtação do jugocolonial e do pela exploraçãodosrecursos naturais e do“povomoçambicano” e osegundomomento,dito associado a processo de conquista do território por Portugal e aconsequente colonização dois períodos históricos distintos, quanto aos actores históricos, sendo o primeiro momento, É importante notar, segundo Costa e Gondolfo (2005) os museus em Moçambique reflectem excepção deumacasa-museu deumórgãosoberaniacom veremos maisadiante. do total dosmuseus do país e são particularmente casas de artistas plásticos e de escritores com 14% representam casas-museu As significativos. mais os sendo arte de Museus e etnográficos museais, os Museus históricos representam quase 50% sendo os demais repartidos entre Museus e os restantes 35% repartidos entre a região centro e norte. O peso em termos de tipologias os na capital nasuamaioria,cidade eprovíncia com omesmonome,Maputosendo cerca de65%, Geograficamente, parte considerável dos museus estão localizados na sul do país concretamente ou especializados,Ecomuseus(Comunitáriosedeterritório)“Web Museus”. históricos, Museus de história natural, Museus de ciências e tecnológicos, Museus temáticos criação distribuídos pelas seguintes tipologias: Museus de arte,Museus etnográficos, Museus Moçambique conta com cerca de 35 (trinta cinco) museus que inclui projectos para sua inicial pelo ICOM-MoçambiqueDo levantamento realizado em 2015 e actualizadoem 2020, onde inseremascasas-museuobjectodereflexão. em forma de registo excel em fase de construção para nos situar no tempo e no espaço realidade sustentando em parte da informaçãodisponívelna“Base de Dados”doICOM-Moçambique 28 de Agosto de 2020. Entretanto, far-se-á antes, um panorama dosector museal do país se das Casas-Museus em Moçambique olhando a situação actual da gestão partindo dos resultados de fundo danossa reflexão, sugerimos, ainda que de forma breve, darum panorama das Como ponteparacontextualização da nossaexperiência no Museu-Galeria Chissano, tema vivências àsgeraçõespresentesefuturascomofontedeinspiraçãoparaodeleite. algumas anónimas no seu tempo e outras públicas mas que efectivamente legaram as suas dos feitos em vida dos seus patronos que nos permitem entrar na “intimidade” destas figuras sensíveis em queas casas-museus são verdadeirasguardiães uma vez que os mesmos, surgem presencialmente bem como por viadepublicações sobre a gestão adequada destes patrimónios do Brasil nomeadamente e Portugal, partilharam experiências de formaperíodicaquer plataformas/fóruns de dialógo dos profissionais dos países de línguaoficial “portuguesa” Este enquadramento datemática na sua perspectiva mais permitiu ampla, visualizar que as inclui, oacesso aosbens/serviços culturais da naturezahiper conectados impostaàsociedade contemporânea nas suasváriasdimensõesque vista, adimensãodocontacto com o“real”propiciado porestatipologiamuseal emsubstituição informação como meio de acesso aos instrumentos de preservação de património, sem perder de comunicação nosmuseus incluindo asnovas gerações que têmnastecnologias decomunicação e novas abordagens emque permiteoenvolvimentodenovospúblicos excluídos nosprocesso de rmia Jraa Mçmiaa d CssMsu Dcmnaã Museológica Documentação Casas-Museu: de Moçambicanas Jornadas Primeiras 6 . 7 . realizadas a 9 . 8 , Em 2007, foi lançada, a ideia da transformação da residência do poeta-mor de Moçambique José Interior doMuseu-GaleriaChissanonoprimeiraplanoesculturas MestreChissano Escultura”, escultor-mordopaís museu estabelecido por iniciativa de AlbertoChissano o “grandeMestre moçambicano da levanta questões relativo a necessidade de profissionalização das acções e da gestão deste para o efeito, inicia com o debate sobre os museus privados no país. Na sua alocução Ngwenya aproveita aoportunamenteparaapresentarideiadoseuMuseu-Biblioteca de Matalana que As actas do encontro,registam a intervenção do artista plástico Malangatana Ngwenyaque que faz referência ao primeiro museu desta tipologia no país,oMuseu-Galeria Chissano. uma contribuição ao VEncontro de Museus de PaíseseComunidadesLíngua“Portuguesa” primeiro documento sobreesta tipologia museal do paísé datado doano2000 e por sinal As fontes a que tivemos acesso de fóruns/plataformas de especialidade em museologia, o se-á umaabordagemdeconhecimento aindaquebrevedecada umadasunidadesmuseais. Museu Malangatanae daPresidência daRepública deMoçambique. Deseguidaabordar- Craverinha, Casa-Museu Lemos, Casa-Museu Luís Cezerilo (Casa Guilhermina), Projecto Casa- desta tipologia de museus, nomeadamente o Museu-Galeria Chissano, Projecto Casa-Museu José Em Moçambique existem6casas-museu incluindo projectos/iniciativas paraestabelecimento à temática defundo. situação museal de Moçambique, limitado uma vez que se pretendia fazer uma enquadramento Presidência daRepública deMoçambique. Estepodeserconsiderado umpanoramageralda Associação debasecomunitária, oMuseu Mafalalae,outrodeiniciativa pública, oMuseu da Recentemente foram criados mais dois, sendo o primeiro comunitário por iniciativa de uma (hoje integrado nos Museus doMar)eoMuseu dosPortos e Caminhos de Ferro de Moçambique. espinhas dorsaisdaeconomia moçambicana noperíododito“socialista”, oMuseusdasPescas No início destemilénio,foramcriados museusparapatrimonialização deactividades económicas então Presidente de Moçambique Armando Guebuza até à concretização do projecto. então Presidente deMoçambique Armando Guebuzaatéàconcretização doprojecto. a área da cultura do país poeta. Para a materialização da iniciativa, esperavam o apoio do sector público que superitende do família da iniciativa por 1976-2003 de viveu onde espaço no Casa-Museu, em Craveirinha, 11 . O caminho tem sido longo desde o lançamento oficial da ideia pelo 10 . Autores daFotografiaStelaManueleDanielGabriel 49 BOLETIM ICOM PORTUGAL Série III Dezembro 2020 N.º 15 50 BOLETIM ICOM PORTUGAL Histórias Custodiais conhecimento esistematizarinformações sobreestainstituição museal. ocasiões, no âmbito do desenvolvimentodaredemoçambicana de casas-museu, aprofundar o curso, nos debates das Jormadas Moçambicanas de Casa-Museu, esperamos nas próximas Os autores tiveram conhecimento da existência desta “casa-museu”, em Agosto do ano em país, bemcomooacervo do mentordaCasa-Museu tendo como objectivo,ainvestigação, preservação e divulgação do património cultural do estudantes universitários preocupados com o desenvolvimento das artes em Moçambique Luís Cezerilo queéseuaassociação patrono, aquando doseu estabelecimento agregava jovens preservar o património artístico-cultural. Criada em 2008 por iniciativa do sociólogo e escritor Moçambique que nasce por iniciativa de artistas de várias expressões e com o objectivo de A Casa-Museu Luís Cezerilo (Casa Guilhermina) é a primeira “casa-museu” colectiva de da pinturadeMoçambique que entre os seus principais objectivos estatutários visa eternizar o legadodamaiorexpressão amigos do pintor,foi oficialmente estabelecida a FundaçãoMalangatanaValente Ngwenya, Em 2011, meses depois da morte do artista plástico, por iniciativa da famíliae de alguns dificuldade dafamíliaeraaaquisiçãodeumanovaresidênciaparasuahabitação e uma extensa produção artística em casa-museu. Entretanto, nesse contacto mostrou que a do artista no Bairro Aeroporto na cidade onde igualmente está instalado o seu atelier Moçambique, este manifestou igualmente à intenção da famíliaem transformar a residência pessoais mantidos por umdosautores do texto com um dosfilhos do pintor-morde Relativamente ao Projecto da Casa-Museu Malangatana ValenteNgwenya,dos contactos preservação efectivadesselegado gostava legar a residência e o respectivo espólio a uma entidadeque possa dedicar-se à artística do país reunida pelo casal Lemos durante anos uma vezque pela sua idade avançada colecção de obras de artes plásticas da famíliaque igualmente conta o percurso da produção que uma transformação daresidênciaalberga na suatotalidadeemmuseuumavez dafamília moçambicanas de casas-museu em contacto com a viúva doartista manifestou a intenção de Na visita efectuada aCasa da FamíliaLemos aquando daorganizaçãodasprimeiras jornadas como gestordepatrimónioartísticonacional artística que inclui uma extensa documentação sobre o percurso profissional como artista e terá residido no espaço onde foi instalada a exposição da sua mais representativa produção A “casa-museu” está integrada naresidência Lemos da família e consta que o artista não plásticas desempreMoçambique,a“BienalArtesdaTDM”. do país,oMuseu Nacional de Artes bem como impulsionador do maiorconcurso de artes em Moçambique. Eugénio de Lemos foi o primeiro Director do primeiro Museu de artes edapreservaçãodolegadomaissignificado promotor dodesenvolvimento das artes plásticas um dospintores artístico que marca opanorama não sócomoartista mais tambémcomo de Maputo no Munícipio da Matola em homenagemaoartista plástico Eugénio de Lemos Em 2008, por iniciativa da famíliaLemos foi estabelecida a Casa-Museu Lemos na província permanente daCasa-MuseuJoséCraveirinha. conforme as boas práticas nacionais e internacionais com vista a abertura ao público de forma sendo assim criadas bases legais para mobilizaçãodosrecursos para criação das condições jurídico nacional de do Governo Moçambique do seu funcionamento conforme o previsto no ordenamento jornalista, foiacriação da FundaçãoJoséCraveirinha em 2015 acto marcado pelaautorização poeta, cronista, folclorista, desportista, polemista, combatente da luta de libertação nacional e iniciativa da famíliapara preservar o legado deste bom filho da pátria como avançou Ngune, o A “casa-museu” está por abrirdeformapermanente aopúblico,opasso seguinte, ainda por 12 que espera-se que seja opasso decisivo paramaterialização da iniciativa 16 . 14 . 13 . 17 . 15 . conhecermos opercursodoartistaplásticoAlberto Chissano. forma da apropriação pública do legadoEscultor-mor de Moçambique. Antes seria fulcral se (ISArC) onde equaciona o estabelecimento de umafundaçãodinâmica e vibrante como família doMestre Chissano numa parceria com o Instituto Superior de Artes e Cultura e finalmenteos trilhos abertos para sua sustentabilidade principal desafio abraçado pela as linhas mestras que apontem para o contexto do seu estabelecimento, desenvolvimento É neste quadroque seguidamente trilhamos a situação do Museu-Galeria Chissano, “talhando” cima, ovelhodesafiodaprofissionalizaçãodosector dosmuseusnopaís formação especializada em museologia a todos os níveis e consequentemente trazendo ao de que se podem resumir na falta de recursos materiais e financeiros, a ausência de pessoal com colonial relativamenteamaioriados“museus convencionais” herdados eestabelecidos no país, Os resultados das jornadas apontam para os “velhos problemas” constatados desde o período das arteseculturadeMoçambique pública” da situação fragilidade napreservação de espólios de dois de consagrados fazedores de umainstituição museológica. A intervenção foi precipitada na sequência de uma“denúncia -Museu dedicadas àdocumentação museológica. Esta actividade écrítica para agestão eficiente Moçambicanas ICOM-DEMHIST deCasas- primeira ediçãodasJornadas para organizaçãoda contexto que o ICOM-Moçambique e o Museu-Galeria Chissano solicitaram um apoio ao colocam-se vários desafios e levantam-se questões éticas e técnicas para a sua gestão. É neste quando atutela éfamiliar,denotaque o patrimóniopelasuanaturezasensívele“intimista” Deste modo, alicerçando no que até aqui foi exposto, considerando que esta tipologia museal destas personalidades. remetendo aligaçãodeste num sistema de museus para completaradimensãomais“intimista” que representa parcialmenteadimensãodasfiguras políticas que marcaram ahistória do país museal nesta tipologia em reflexãonamedidaque não é uma casa mas um local de trabalho No entanto, levantam-sevárias questões relativamente ao enquadramento desta instituição como referêncianopaísrelativamenteestatipologiamuseal de Moçambique de forma já mais vista no leque das unidades similares do país se constituindo O museu expõe quase na íntegraaambiência do local de trabalhodosúltimos Chefes de Estado de EstadoedaPresidênciaRepúblicanasuaguarda. investigação, exposição e outras formas dedivulgaçãodosbensculturais relativos aos Chefes principais funções museológicas de aquisição, nomeadamente documentação, conservação, e fruição dosbensculturais da Presidência da República. Assim, actua considerando as O Museu daPresidência visa perpetuarahistória valorização de Moçambique pelasalvaguarda, de 10Fevereiro instalação do Museu da Presidência da República criado peloDecreto Presidencial N°2/2015 instalação da Presidência da República no novoedifício, foi concedido o antigo edifício para a órgão de soberania com a conclusão da construção do novo edifício da instituição. Com a da Presidência surge no contexto da requalificação das infra-estruturas onde funcionou este e directivas internacionais desta tipologia museal. Ora vejamos,oestabelecimento do Museu âmbito da conceptualização e concretização do projecto segue efectivamente os pressupostos Presidência de Moçambique que apesar de nãoostentar na sua designação casa-museu, no Esta contextualização sobre as casas-museu de Moçambique, encerra com o Museu da Lourenço Marques, actual cidade de Maputo à busca de novasoportunidades da vida.Começa sua idade nazonarural, foi pastor de gadoaté 12 anos quandose dirige para então cidade de sua materna,umavezque avó perdeu opai no dia emque ele nasceu, como todos meninos da Distrito região sul Província deGaza, de Manjacaze-Chicavane,do país do natural é Chissano Mestre o camponesa, família uma de seio no 1935, de Janeiro de 25 a De nomecompleto Alberto Chissano é omaiorescultor de sempreMoçambique, nascido 18 . 20 . 19 . 21 22 . . Foi educado pela 51 BOLETIM ICOM PORTUGAL Série III Dezembro 2020 N.º 15 52 BOLETIM ICOM PORTUGAL Histórias Custodiais msu o iagrd a 3 e gso e 93 eo nã peiet d Rpbia de República da presidente então pelo 1993 de Moçambique JoaquimChissanoeépropriedade dafamíliadoEscultor Chissano Agosto de 13 a inaugurado foi museu O família doEscultor Chissano, sendo oprimeiro museu privado dopaíscomofoi referido. com o n°307. Quanto à sua especialidade, é museu de arte instalado na antiga residência da Município da Matola, concretamente no BairrodoFomento-Sial naRua Escultor Chissano O Museu-Galeria Chissano está situado no sul de Moçambique na ProvínciadeMaputo, no colecção doMestreChissanonomundo senhora Elisa Machava e estão em“reserva” e expostas nesta instituição que preserva amaior A colecção do Museu em parte é resultante das ofertas do Mestre Chissano a sua esposa, a colecionadora da sua produção artística e não só como de outros seus pares contemporâneos. obra (Museu-Galeria Chissano) como no legadoque deixou, que hoje constitui a principal numa carreira de cerca 30 anos, cujos resultados são visíveis, nãosó,noseguimento da sua dedicando exclusivamente ao desenvolvimento daescultura e à formação dos seus discípulos se 1994, em morte sua a até artística carreira sua da arranque o formalmente marca que 1964 Com o apoio de seus amigos Carlos e Mota que organizam a sua primeira exposição em Chissano eProf.DoutorFilimoneMeigos Troca deMemorados de Entendimento após a assinatura entre oISArC e MUGACHI,daesquerda à direita Doutora Otília excelência pelo seucontacto com melhores artistas plásticos da então província de Moçambique escultor noambientedaAssociação Núcleo deArte,espaço geradordasuaveiaartística por Taxidermista AugustoCabraleque posteriormente desenvolveuassuashabilidadescomo É no referido museu que inicia a sua actividade artística como escultor namãodo Biólogo e de HistóriaNatural,tuteladopelaUniversidadeEduardoMondlane taxidermista depois sidointegradocomoajudante no MuseudeCastro Álvaro actual Museu na Direcção de Faróis como ajudante defaroleiro na Ponta de Ouro durante dois anos tendo em Moçambique e passa à disponiblidadenosanos60 doséculo XX, quandovaitrabalhar portuguesa administração da exército no obrigatório militar serviço o cumprir vai 1956 Em acumula noseutrabalhocomodomésticoesóregressaaMoçambique3anosdepois segue para África do Sulaos 18 anos de idade para trabalhar nas minas com o valor que alfaite alimentos recebendo algumvalor, e roupaemtroca dos serviços prestados e, a trabalhar nesta cidade (Lourenço Marques), primeiro como empregado doméstico de um Carlos MafumachinoaoserviçodoISArC 27 . 24 . 28 . a posterior 23 . 25 26 , .

1. Dicionário Priberam daLínguaPortuguesa. Custódia. Disponível em: Notas ______Chissano, 2021-2025”. “trilhar” nos primeiros 5 de implementação do “programa de requalificação do Museu-Galeria sustentável. Este é odesafioque as entidadespartes da parceria abraçaram epretendem para que o legado nasua guarda seja transmitida às gerações presentes e futuras de forma destas instituições museais que visam criar capacidade efectiva quer técnica como material a estrutura degestãoprivado, de gestão continua familiar carecendodenovasabordagens na medida,que prazo, mesmo quandoestabelecida uma pessoa jurídica colectiva de direito de base familiar demostrou-se na sua história custodialinsustentável ser um modelo a longo degestão Enfim, o modelo das casas-museu em Mocambique assente na estrutura de organização instituição museal,abordagemanteriormentenãovisualizadanaunidademuseal. parcerias público-privado onde seja garantida a continuidade das actividades do mandato da eventos culturais, todavia, o modelo de gestão da instituição em construção tem em vista instituição viapatrocíniopelosector público e/ouprivado,focalizada paraorganização de Neste sentido,partindodaexperiência dagestãoanteriordomuseu,assentenoapoioa assente nasindústrias culturais ecriativascomo basedesustentabilidade daunidademuseal efectiva deboaspráticas nacionaiseinternacionais nagestãomuseológica emMoçambique capacidades técnicas, materiaisefinanceiras,com vistaque omuseusejapioneironaadoptação requalificação desta unidade museal, que visa a sua profissionalização promovendo a criação das Chissano emMarço doanocurso. ÉnesteâmbitoqueoISArC desenhaumprogramade para o efeito foi assinado um Memorando de Entendimento entre o ISArC e Museu-Galeria Escultor Chissano na materialização do sonho do Mestre, de estabelecer a sua fundação cujo tendo paraoefeito,conferido-lhegraudeDoutor Ensino Superiorcuja vocação sãoasartes eacultura temoMestreChissano como seupatrono Deste modo, em 2013 o Instituto Superior de Artes e Cultura (ISArC) sendo uma Instituição de do funcionamento dessaindústria. fundação, ondeasinstalações que acolheasua instituição musealestãodemarcadas aslógicas e criativas tinha sido perspectivada e visualizada pelo Mestre Chissano no projecto da sua workshops fase degestãoumadasfilhasdoescultor, aCidáliaChissano,que incluía nasuaprogramação o “FestivalAlbertoChissano”quemovimentavadiversasmanifestações artísticaseculturaisna Nos anos seguintes após a morte do mestre Chissano, o Museu-Galeria organizou igualmente artes, educação ecultura em2003 recreativas. O grupo teatral foi legalizado como uma associação para o desenvolvimento das homenagear oMestreporjovensvizinhosque frequentavamaresidência paraasactividades para (MUGACHI) Chissano Museu-Galeria do Teatral Grupo o 1995, em efeito, com criado, espectáculos musicais Restaurante de Gastronomia Tradicional Moçambicana e a organização de eventos como a sustentabilidade da instituição museal na medida que foi lhe acoplada uma Galeria, um As actividades doMuseuChissanoestavamdesdeasua criação desenhadasconsiderando . og, ai. 0 ns e elxo or CssMsue Portugal. Regional deCultura doNorte-MinistériodaCultura-Portugal. em Casas-Museu sobre Reflexão de anos 10 Maria. Monge, 4. Casa deRuiBarbosa: 2010. 3. Pessoa, Ana. Apresentação. Cultura doNorte-MinistériodaCultura-Portugal . 2. Stoffel, AnaMercedes. Emoção e razãonasCasas-museu. Acedido a:09Outubro2020. e residências artísticas bastante concorridas. A dimensão das indústriasculturais 29 I Encontro Luso-Brasileiro de Casa-Museu . posterior A 30 . foi integrado o teatro nas suas actividades tendo sido Património a Norte, a Património : Espaço, Objecto e Museografia Honouris Causa Honouris https://dicionario.priberam.org/cust%C3%B3dia armno Norte, a Património Nº1, 2019, Edição Direcção Regional de Regional Direcção Edição 2019, Nº1, , apoiando a Família do , apoiandoaFamíliado º, 09 Eiã Direcção Edição 2019, Nº1, . Rio de Janeiro: Fundação 31 . . 53 BOLETIM ICOM PORTUGAL Série III Dezembro 2020 N.º 15 54 BOLETIM ICOM PORTUGAL Histórias Custodiais Março de2018. 31. de EntendimentoentreoInstituto Memorando Superior deArtes e Cultura e oMuseu-Galeria Chissano assinado em cedida aDanielInoque a17deOutubro2020. 30. Entrevista com Felix Tinga membro daAssociação MUGACHI para o desenvolvimento das Artes, Educação e Cultura Programa deRequalificaçãodoMuseu-Galeria ChissanoemOutubrode2018. do desenvolvimento de âmbito no Inoque Daniel ao cedida Chissano Otília com entrevista da sistematizada Informação 29. âmbito dedesenvolvimentodoPrograma deRequalificaçãodoMuseu-GaleriaChissanoemOutubro de2018. Instituto Superior deArtes e Cultura, 2018. (Relatório de Estágio) e Otília Chissano entrevista cedida ao DanielInoque no 28. Cassamo, SofiaMuazizaAnly.Documentação Museológica: Um estudo sobre o Museu-Galeria Chissano. Matola: Programa deRequalificaçãodoMuseu-GaleriaChissanoemOutubro de2018 27. Informação sistematizada da entrevista com Otília Chissano cedida ao Daniel Inoque no âmbito de desenvolvimentodo madeira comcontextododesenvolvimentodestadimensãonasindustrias culturaisecriativas. e inspiradordenovosartístas demostra comoaproduçãoartístico escultor foi apropriadocomoinspiração no artesanto de Doutoramento). Este autor no estudo daiconografia do Mestre Chissano para alémdeevidênciaraactuação de comomestre 26. Meigos, Filimone. Dinâmicas das Artes Plásticas em Moçambique. Covilhã: Universidade de Beira Interior, 2018 (Tese de 25. Idem. Outubro de2018. cedida aoDanielInoquedo ProgramadeRequalificação no âmbitodedesenvolvimento do Museu-Galeria Chissano em 24. Chissano, Cidália. Museu Chissano: A Tsomba la nt Umbuluku. Matola, Museu Chissano, s/d. e Otília Chissano entrevista Outubro de2018. cedida aoDanielInoquedo ProgramadeRequalificação no âmbitodedesenvolvimento do Museu-Galeria Chissano em 23. Chissano, Cidália. Museu Chissano: A Tsombalant Umbuluku. Matola,Museu Chissano, s/d. e Otília Chissano entrevista 22. Chissano,Cidália.MuseuChissano:ATsombalantUmbuluku.Matola,s/d. Stela ManueleValdoCongolorevistoporDanielInoqueAldaCosta. e de Correcções. Maputo, ICOM-Moçambique, 2020 (Disponivel no Arquivo do ICOM-Moçambique) Sistematizado por realizadas noMuseu Galeria-Chissano no 28 de Agosto de 2020: Matriz de Constatações, Propostas de acções de Seguimento 21. ICOM-Moçambique. Primeiras Jornadas Moçambicanas de Casas-Museu: Documentação museológica em Moçambique Acedido a:05Outubro2020. https://www.dn.pt/lusa/jovens-jornalistas-defendem-espolio-de-malangatana-e-craveirinha-em-maputo-8630174.html 20. Diário de Notíciais. Jovens jornalistas defendem espólio de Malangatanae Craverinha emMaputo. Disponível em: parceria comoMuseu-GaleriaChissano. Moçambique realizadas no Museu Galeria-Chissano no 28 de Agosto de 2020 organizadas pelo ICOM-Moçambique em em museológica Documentação Casas-Museu: de Moçambicanas Jornadas Primeiras nas intervenção Marlene Magaia, 19. de 10Fevereiro2015. 18. Moçambique. Decreto Presidencial N°2/2015, Cria o Museu da Presidência da República. Boletim da República (I), N°11 blogs.com/moambique_para_todos/files/casa_museu_luis_cezerilo.doc 17. Iniciativa do sociólogo Luís Cezerilo: Casa-Museu para amantes das artes e letras no país. Disponível em: Abril de2011. 16. Moçambique. Publica osEstatutos daFundaçãoMalangatanaValenteNgwenya. do ArtistaPlásticoMalangatanaValenteNgwenya. 15. Informação partilhadaporMuthxini Malangatana, filho do Pintora08 de Outubro2016 aquando davisita a Residência Museu” Lemos. Casa- “ a visita da aquando 2020 de Agosto de 17 a Pintor do viúva Lemos, Margarida Ana por partilhada Informação 14. 13. CatalogodaCasa-MuseuLemos 12. Moçambique. Publica osEstatutos daFundação JoséCraverinha. In: residencia-de-craveirinha-um-lugar-a-visitar/ 11. Nguane, Hélio. Maputo: MinistériodaCultura-DepartamentodeMuseus,2000. 10. Nwenya, Malangatana. Museu privado emMoçambique. 9. COSTA,Alda. Países eComunidadesdeLínguaPortuguesa 8. COSTA, AldaMuseus de Moçambique: na encruzilhada de tempos, tradições e práticas. In: Museus, IIFestivaldeContadoresLinguaPortuguesa.Maputo:FundoBibliográficoLínguaPortuguesa,2005. dos museus. In CONVERGINDO Textos 1º SeminárioNacionaldeArquivos, Bibliotecas, Centros de Documentação e 7. Museus: Costa, Gianfranco,Gondolfo. Alda; de coleccionadores passivos a participantes activos-partilhando experiências do Norte-MinistériodaCultura-Portugal. 6. Pavoni, Rosana. Nem todas as conexões são digitais. 5. Idem. A ArteemMoçambique Residência de Craverinha: Um Lugar à visitar. . Maputo:Babel,2013. . Lisboa:ComissãoNacionalPortuguesadoICOM,2013. . Acedidoa:15Outubro2020. Património a Norte, a Património Disponível em: Encontro de Museus de Países e Comunidades de Língua PortuguesaLíngua de EncontroComunidades e Países de Museus de Boletim daRepública . Acedidoa:10Outubro2020. Nº1, 2019, Edição Direcção Regional de Cultura de Regional Direcção Edição 2019, Nº1, https://mbengamz.wordpress.com/2017/05/28/ Boletim da Repúblicada Boletim (III), N°76 de 27 de Junho de 2016. (III), N°76de27Junho de2016. Atas IV Encontro de Museus de Museus de Encontro IV Atas (III), N°15 de 14 de 14 de N°15 (III), https://macua. . . a Direção-Geral deSaúdeeBeneficência Pública na 1899-1901, em estruturação dos serviços desaúdeehigiene nacionaissobatutela deumnovoorganismo, culminaram, que público cariz de higienistas problemáticas das XIX, de análiseslaboratoriais, nocontexto daemergência eafirmação, apartirde finais doséculo fiscalização sanitária, para a promoção do ensino da medicina sanitária e para a realização Foram criados museus e coleções visitáveis em Lisboa de prestação de cuidados de saúde, pelo sector empresarial privado e por coleções privadas. preservação destepatrimónio,disperso porinstituições deensinosuperior,investigação, mais diversasáreasdasciências dasaúde. Nasduasúltimasdécadas, muitosetemfeitoparaa práticas e saberes, associados à produção, transmissão e circulação do conhecimento nas das políticas sanitáriasedascondições desaúdedaspopulações. Corporizavivências, foi usado eacumulado aolongodeséculos. Testemunhaahistóriadosserviços deassistência, O património da Saúde é diversificado e valioso. De natureza histórica, científica e artística, ______collections Museum ofHealth. ofthe collectionsits from the in inventories today handwritten survivedispersal, and and objects few a Centralcourses of the Institute; it was regularly public.open to the After decades of abandonment engineering and medicine sanitary was the of trainingpractical Museum the for century, a this half during used, 1952, until operation In Hygiene. of Institute Central the of supervision the note focuses on a ‘Cinderella collection’: Museum of the created Hygiene, in Lisbon in 1902, under short This culture. material addressed have few abound, topic the on studies Although Portugal. 19 the of half second The serviu paraaformação prática doscursos demedicina eengenhariasanitárias,promovidos século, meio durante que, (1902-1952) Higiene de Museu antigo do coleções das formação objeto tãocomplexo como estimulante, pretendedar aconhecer brevementeahistória e determinadas abordagens, descartando outros olhares que poderiam ser lançados sobre um O presentetexto,concebido necessariamentenum esforço desíntese,privilegiando para investigação eensino. coleções pequenasecoleções grandes.Umas “adormecidas” evidente esforço desalvaguarda,valorização edivulgação destesbensmóveiseimóveis ______(1902-1952):O Museu de Higiene pelo Instituto Central de Higiene (1899-1945) Higiene de Central Instituto pelo Diretor-adjunto, MuseudeLisboa(EGEAC) coleção “adormecida” o despertar deuma o despertar Secretário, ICOMPortugal th century was marked by the institutionalization of public health in health public of institutionalization the by marked was century David Felismino 7 , criado paraapoiaros serviços nacionais de 8 . 2 , Porto 1 3 e Coimbra 6 eoutrasdiariamenteusadas 4 , entre outros, num 5 . Há 55 BOLETIM ICOM PORTUGAL Série III Dezembro 2020 N.º 15 56 BOLETIM ICOM PORTUGAL Histórias Custodiais vinhos e outras bebidas alcoólicas comercializadas em tascas e tabernas. vinhos eoutras bebidasalcoólicas comercializadas emtascas etabernas. cereais comprados naspadarias,do leite e dos lacticínios existentes nas vacarias, e ainda dos da qualidade e toxicidade das carnes vendidas nos matadouros e açougues, do pão, farinhas e aprendizagem da análise química e bacteriológica dos alimentos, nomeadamente para o despiste de águas domésticas. O acervo associado ao ensino da higiene alimentar tinha por finalidade a pichelaria elouça sanitárias, entrebidés,lavatórios,retretes,urinóisemecanismos dedescarga tijolo, ladrilho, cortiça, fibrocimento, entre outros) e mais de uma centena de modelos de de janela,automáticos epneumáticos), amostrasde materiais deconstrução (amostrasde domésticos de filtragem de água, modelos de sistemas de ventilação (ventiladores de parede, associadas à higiene habitacional eram, nas suas tipologias, muito variados: equipamentos laboratório necessário ao exame das águas. Os objetos associados à demonstração das matérias de descarga (sifões,autoclismos, ralos,sargetas),desistemas deesgotos,bemcomo omaterialde água edosrespetivosacessórios(curvas, forquilhas, cruzes, manilhaseargolas),demecanismos químico e bacteriológico das águas, entre outros captação deresíduos,osrequisitos doabastecimento hídrico, bemcomo osmétodosdeexame as normaseregulamentosdehigienepública, asregras dedrenagemesaneamentocoletivos, a instrumentos paraoensinodahigiene urbanadestinavam-seàdemonstração dematériascomo de engenhos deesterilização (esterilizadores, autoclaves, autoclaves móveis,etc.). Os modelose luvas, máscaras, amostras de gasolina, creolina, petróleo, cal e outros) e máquinas e modelos sanitárias em contexto epidémico profilaxia sanitária, o controlo sanitário fronteiriço, bem como a implementação de medidas e bacteriológico dasprincipais doenças infeciosas ezoonóticas, avacinação eimunização, a (17,5%). Osobjetosparaoensinodaepidemiologiarelacionavam-se com odiagnóstico clínico epidemiologia (22%),higiene urbana (21,7%), higiene alimentar (20,5%) e higiene habitacional os instrumentos e modelos em maior número eram os associados à demonstração e ensino da Em concordância com amissão, asatribuições eoensinoministradopeloInstitutoCentral, o Instituto Central,oPalácio dosMascarenhas, naRua daCruzdeSantaApolónia(Lisboa) instalação do Museu em três salas do segundo andar do primeiro edifício no qual foi alojado 1913 e 1902 entre Museu, do Conservador (1870-1966), Bramão Pereira Vasco e 80%), salvo raras exceções, fora acumulado, por iniciativa de Ricardo Jorge, diretor do Instituto, (38), relacionados com a higiene e saúde pública. Todavia, a maioria deste acervo (cerco de maioria sua na vasta coleção documental de cartografia (55), desenhos técnicos (76), quadros parietais didáticos (238), biológicas amostras de coleção alimentares e entomológicas, além equipamentos e instrumentos de laboratório (57) e uma importante uma (93), ventilação e doméstico eurbano(153itens),instrumentos,equipamentos emateriaisdeclimatização amostras emodelosdelouça sanitária (271itens),instrumentoseequipamentos desaneamento 1946 e 1940 1913, O detalhe dascoleções chega-nos atravésdetrês inventários,lavrados respetivamenteem cursos ministradospeloInstituto tipológica etemática dasfuturascoleções doMuseu que deveriamserviraoensinoprático dos estipulando-se, assim, as linhas mestras e orientadoras da política de incorporação e a variedade modelos, instrumental,gráficos efigurassobretudoquantopossainteressar àhigienepública”, “espécimes, especificamente reuniria Museu o que definiu-se 1901, de dezembro em publicada congéneres ememergênciaumpouco portodoomundo de demonstração e estudodaengenhariasanitária” pelo de Higiene, atribuindo-lhe a obrigação de reunir “todo o material técnico e os meios práticos criado foi Museu o (1858-1939), Jorge decreto-lei de 28 de dezembro de 1899 que deu corpo à missão e estrutura do Instituto Central Ricardo sanitarista e médico pelo Idealizado Higiene, vestígios de uma coleção maior e diversificada que foi sendo dispersa e desapareceu preserva ainda65objetos O MuseudaSaúde,unidadeorgânica doInstituto Nacional deSaúdeDoutorRicardo Jorge, 15 . À data deste último inventário, o Museu preservava 1072 objetos, entre . Àdatadesteúltimoinventário,oMuseupreservava1072objetos,entre 9 , alguns livros, inventários e manuscritos do antigo Museu de , algunslivros,inventáriosemanuscritos doantigoMuseude 13 18 , podendoaindapontualmenteabriraopúblico . Eram equipamentos de desinfeção química (pulverizadores, 19 . Tratam-se de modelos de canalizações de 11 , seguindo o modelo de outras coleções , seguindo omodelode outras coleções 12 . Na lei orgânica dos serviços de saúde, . Naleiorgânica dosserviços desaúde, 16 14 , quando da , quando da . 17 . 10 . do Parque Sanitário de Lisboa e de Vilar Formoso (14 objetos) (14 Formoso Vilar de e Lisboa de Sanitário Parque do objetos) (16 Porto do e objetos) (36 Lisboa de Pública Desinfeção de Posto do (19%): saúde estas ofertas acrescem incorporações sucessivas de materiais provenientes de instituições de Devesas das Fundição e Lancaster & algumas das empresas estrangeiras e nacionais mais conceituadas do seu tempo, como a existentes nos seus catálogos (28% da coleção). Deste conjunto, destacam-se as ofertas de doados porfabricantes nacionaiseestrangeiros,interessados emdaraconhecer asnovidades Os instrumentos, aparelhos, modelos, maquetes e amostras do Museu foram, na sua maioria, implementação deprocedimentos sanitários paraoabastecimento deáguaspotáveis. o 1904, de e, águas) resíduos, impermeabilização, insolação, (ventilação, existentes habitações sanitária a serem seguidas na construção de novas habitações ou na reconversão sanitária de Urbanas Edificações das Salubridade de o 1903, de precisamente Datam urbanísticos. planos novos de desenvolvimento o da qualidade das águas e dos alimentos e a introdução de práticas asséticas, complementados com de águas residuais, a gestão de resíduos urbanos, a regulação da higiene habitacional, a fiscalização mortalidade emorbilidade),apostandonahigienepública: com alimpezaurbana,osaneamento assentes numaestratégiadecombate àsdoenças infeciosas (responsáveisporelevadastaxasde da época, dando corpo às políticas sanitárias e de saúde pública em construção e implementação, sanitárias doseutempo,materializandooestadodaarteconhecimento científico etécnico Pela sua natureza pedagógica, estas coleções atestavam algumas das principais preocupações Farmiloe Ltd IMAGEM 1.EtiquetaoriginaldoMuseudeHigiene,referenteaummodeloventiladorBoyleparede,dacasa M. Lautenschlager mais importantescasas comerciais especializadas nacionais eestrangeirasdaépoca como a dos quais do mais atualizado que havia de um ponto de vista técnico e científico, nalgumas das com compras regulares de equipamentos de laboratório e de desinfeção (cerca de 12%), muitos Antissezonáticos (38objetos) euaet d Fsaiaã ds ga Ptvi dsiaa a osm Público Consumo a destinadas Potáveis Águas das Fiscalização de Regulamento . (Inglaterra),adquiridoentre1906e1913,paraoMuseu.MuseudaSaúde,MS.01570 (30itens) (Berlim) 22 (47 itens) (47 , a 29 Thomas & William Farmiloe, Ltd Farmiloe, William & Thomas ea 28 , entre outros. As coleções foram sendo enriquecidas, finalmente, , entreoutros.Ascoleções foram sendoenriquecidas, finalmente, Loja Sol 24 ea 20 Fábrica de Loiça de Sacavém de Loiça de Fábrica que enunciou, pela primeira vez, as normas de técnica queenunciou, pelaprimeiravez,asnormasdetécnica (Lisboa) 30 . (116itens) (52itens) 27 e da Direção dos Serviços e da Direção dos Serviços 23 , a Fábrica de Cerâmica Cerâmica de Fábrica 25 , entre muitas. A , entremuitas.A 21 , destinado à , destinado à Regulamento Regulamento T. &W. Hughes Hughes F. & F. & 26 , 57 BOLETIM ICOM PORTUGAL Série III Dezembro 2020 N.º 15 58 BOLETIM ICOM PORTUGAL Histórias Custodiais Museu em1907. Museu daSaúde,MS.00182 IMAGEM 3. da casa para desinfeção Pulverizador por formaldeído, pelo formol,sobpressão.MuseudaSaúde,MS.01576 IMAGEM 2. Formolizador Ennes, adquirido na Loja Sol (Lisboa) para o Museu, em 2 de abril de 1913, destinado à desinfeção F. & M. Lautenschlager M. & F. (Alemanha), comprado parao (Alemanha), 4. De referir o vastíssimo património histórico-farmacêutico da Universidade de Coimbra, preservado nas instalações da instalações nas preservado Coimbra, de Universidade da histórico-farmacêutico património vastíssimo o referir De 4. da UniversidadedoPortoearecentecriaçãoMuseuCentro Hospitalar doPorto(2007). Medicina de Faculdade pela tutelado (1933), Lemos Maximiano Professor Medicina da História de Museu o sublinhar, De 3. Superior deEnfermagemLisboa. exposição do património histórico da Faculdade deMedicina, com Museu constituído entre 2003 e 2013; e, porfim,daEscola coleções visitáveis, o primeiro desde 2008 e o segundo desde 1988; da Universidade de Lisboa com a preservação, inventário e do Instituto Hospital Miguel Bombarda; Nacional deMedicina Legal edoInstituto Oftalmológico Pinto, amboscom Gama antigo do coleções das inventário e conservação na Lisboa, de Psiquiátrico Centro do 1997); desde constituído Museológico Núcleo (com Capuchos dos António Santo Hospital no instalados (1957), MacBride Alberto Museu e (1955) Penella Sá Dr. Central, designadamente no inventário, preservação e exposição das coleções dos antigos Museu da Dermatologia Portuguesa ainda todo o trabalho de preservação e valorização doGabinete do Património Cultural do Centro Hospitalar de Lisboa referir De Deus). de João São Hospitaleira Ordem (2009, Deus de João São Museu o e Jorge) Ricardo Dr. Saúde de Nacional 2. Entre os quais o Museu da Farmácia (1996, Associação Nacional de Farmácia), Museu da Saúde (2007, na tutela do Instituto Cavadas deOliveira. particular, nas pessoas da sua Helena Rebelo coordenadora, e de Andrade, dos seus técnicos superiores, Joana Oliveira e Inês Agradecemos oapoioeacedência das imagensaoMuseu / Instituto da Saúde em Dr. Ricardo Jorge, Nacional deSaúde 2018-2019. em cabo a levada detalhada e vasta mais investigação uma de resumida versão uma a corresponde texto Este 1. Notas ______de ação educativa eformativa,projetosdemusealização eexposições. identificação, conservação, tratamento,inventário,acesso edifusão,abrindo-oaprogramas o património cultural da Saúde continua a carecer de renovadas e dinâmicas políticas de e acentuado crescimento e renovação dos museus de medicina e saúde nas últimas décadas, lançar novos olhares sobre a história social, económica, política ecultural. Apesardo inegável constituem um bom exemplo de como o património científico e técnico testemunha e permite preventivos e terapêuticos eficazes e eficientes. Esta história e os objetos que lhe sobrevivem doenças endémicas, entre as quais atuberculose e a malária,emrazãoda conquista demétodos medicina que, ao longo, da primeira metade do século XX, almejou vencer o combate a várias adquiridos e usados, tornaram-se obsoletos no contexto dos avanços significativos da da utilidade, muitos destes objetos tiveram ainda naturalmente um ciclo de vida limitado: para o abandono e desaparecimento progressivo do Museu, prevalecendo o valor do uso e público em geral” sanitaristas e seus auxiliares, e de educação de arquitetos, engenheiros e construtores e do a coleção do Museu de Higiene, “peça indispensável, como elemento formativo dos médicos custo da renda, atingira a sua capacidade máxima, não conseguido manter-se condignamente diretor doInstituto Central,afirmavaque oedifício doCampodeSantana,alémelevado Silva, da Correia Fernando 1952, em manutenção, de e conversação de esforços dos Apesar seguintes tendo sidoatribuídoespaçopróprio,votandoacoleção aumabandonorelativonasdécadas Museu reduziu as suas aquisições e a sua organização sofreu profundas alterações, não lhe um edifício noCampodeSantanaparanovamoradadoInstitutoCentralHigiene,o devido alimitaçõesfinanceiras eespaciais, decorrentes deonerosasobrasadaptação de em diversas ocasiões, exposições temporárias temáticas, abertas ao público. A partir de 1913, pedagógico e científico, com visitas regulares dos alunos, Biblioteca e Museu organizaram, cursos de medicina e engenharia sanitárias do Instituto. Sabe-se, contudo, que além do uso Pouco sesabesobreautilização quotidianadestacoleção noâmbitodoministériodos Bissaya Barreto(1986). Casa-Museu a e (1985) Martins Sousa Museu Casa a (1968), Moniz Egas Museu Casa a (1950), Salazar Abel Museu Casa das 5. De salientar ainda avalorizaçãodolegadodefiguras relevantes dasciências biomédicas em Portugal,comaconstituição Museu desde1865. Faculdade deFarmácia na Casa dos Melos, bem como as coleções de AnatomiaPatológica da Universidade,organizadasem 31 . 32 . Além da crónica falta de espaço e de recursos financeiros que contribuíram 59 BOLETIM ICOM PORTUGAL Série III Dezembro 2020 N.º 15 60 BOLETIM ICOM PORTUGAL Histórias Custodiais 32. SilvaCorreia,Fernando.1952. 31. SilvaCorreia,Fernando.1952. 30. MS, 29. MS, 28. MS, 27. MS, 26. MS, 25. MS, 24. MS, 23. MS, 22. MS, 21. Decreto-leide11maio1904, 20. Decreto-leide14Fevereiro1903, 19. Art.º118doRegulamentode1901/12/24, 18. Art.º118doRegulamentode1901/12/24, de 16março1912”.In Decreto O Instituto. do Regulamento Higiene. de Instituto do História a para “Subsídios 1952. Fernando. Correia, Silva 17. 16. MS,Arquivo, 15. MuseudaSaúde(MS),Arquivo, 14. Art.º129e130doRegulamentode1901/12/24, se quaseiguais. sanitárias sofreram pequenas alterações entre 1902 e 1946, mas, na sua estrutura geral e componente disciplinar, mantiveram- 13. Art.º 118 do Regulamento de 1901/12/24, 12. Designadamentedo 11. Art.º19dodecreto-leide1899/12/28, Janssen, 429-448. In Saúde”. da Museu “O 2014. H.R. Andrade, J.M., Pereira, fevereiro, de 8 de 27/2012, Decreto-lei no definida missão com 4805, 10. O Museu da Saúdefoi criado pelo decreto-lei 271/2007, de 26 de julho, 9. Disponíveisem 8. Decreto-leide1899/12/28, 7. Costa,Rui.2018. Australian Vice-Chancellor’sCommittee. 1996. Committee. Review Museums University 6. Catálogo doMuseu Catálogo doMuseu Catálogo doMuseu Catálogo doMuseu Catálogo doMuseu Catálogo doMuseu Catálogo doMuseu Catálogo doMuseu Catálogo doMuseu Inspeção Geral dosServiçosSanitárioseInstituto Central LivrodePonto deHigiene, nº1,1902-1903 http://museudasaude.inwebonline.net/ Ricardo Jorge.Ciência,humanismoemodernidade Parkes MuseumofHygiene …,1v-2,5v-6 …,17v-18 …,7v-8 …,7v-8 …,26v-27 …,6v-7 …,6v-7 …,10v-11,17v-18 …,10v-12 Boletim doInstituto SuperiordeHigiene Diário doGoverno Op.cit, Op.cit, Catálogo doMuseuInstituto Central 1902-1946. deHygiene. DG Volume6:161 Volume6:86-88 . DG DG DG , nº15,1900/01/19 DG DG , 17defevereiro1903. (DG), nº15,1900/01/19 , nº 292, de 1901/12/26. Os programas dos cursos de medicina e engenharia (1879,Inglaterra),natutelado , nº292,de1901/12/26 , nº292,de1901/12/26 DG idrla olcin: nvriy uem ad olcin i Australia in Collections and Museums University Collections: Cinderella , nº292,de1901/12/26 (últimoacessoem2020/11/01) História das Doenças InfecciosasDoenças das História . Volume6:171-172. . Coimbra:ImprensadaUniversidadedeCoimbra Diário da República da Diário Diário da República Sanitary Institute ofGreatBritain , ed.F.Maltez,R. Lisboa, Almeida, , 1a série, n.99, 2679-2683. Vide 2679-2683. n.99, série, 1a , , Lisboa, 1a série, n.144, 4803- , 1. (1876). . alínea a),istoé,preservar aidentidadeeintegridadedassuascoleções. de um museu “garantir um destino unitárioa um conjunto debens culturais” (artº 3º, § 1, missão primeira como define que Agosto), de 19 de 47/2004 nº (Lei Portugueses Museus responsabilidades. Responsabilidade maior,aliás,conferida pelaprópriaLei Quadrodos momentos essenciais que lhes amplificam as suas possibilidades e que lhes aumentam as seu interesseporcada museu.Asincorporações, ao longodahistória decada museu,são o essencial dotrabalhodestasinstituições.Esão elas,sobretudo,que opúblicobusca no das instituições museológicas e é na sua disponibilização e na sua conservação que incide e a natureza do seu acervo fossem distintos. Antes de tudo, é aí que se centra a diversidade nenhum museu seria o que é se as suas coleções fossem outras, se o espólio com que trabalha papel dosmuseusnasociedadeatualfica muitas vezes nasombraumarealidadedebase – Na multiplicidade deabordagensequestõesem que secentram osdebatesemtornodo ______arematrixes ofits identity. conjunctures that the custodial of some describe collectionincorporations we the of the patterns the of and Antiga constitutionArte de Nacional the Museu around if journey is it brief what a be In different. would were museum collections any its - overshadowed often is reality basic a centred, are society In the multiplicity of approaches and issues on which debates on the role of museums in contemporary ______deArte Antiga: Museu Nacional Diretor doMuseuNacionaldeArteAntiga, a coleção eascoleções Conservadora doMuseuNacional Maria João Vilhena deCarvalho Maria JoãoVilhena de ArteAntiga,Lisboa Joaquim Caetano Joaquim Lisboa 61 BOLETIM ICOM PORTUGAL Série III Dezembro 2020 N.º 15 62 BOLETIM ICOM PORTUGAL Histórias Custodiais religiosas desde 1834, prolongado no tempo ao ritmo do passamento das últimas freiras. últimas das passamento do ritmo ao tempo no prolongado 1834, desde religiosas – resultou da transferência dos objetos desamortizados no processo deextinção das ordens já tinhaacontecido com aGaleria Nacional dePinturadesdeadécada de1860(Xavier 2018) primeiro núcleo patrimonial que, como pilar estruturante, veio a enformar o MNBAA – como Herdeiro materialdoLiberalismo, einstitucionaldaAcademia deBelasArtes deLisboa,o longa, oprimeiromuseucentral portuguêsnunca teve umacervo nemfechado, nemimutável. independentemente dasdiferentesideologiascom que serevestiuaolongodeumahistóriajá do País a partir de objetos do seu património ( guardar, conservar, estudaremostrarparaeducar e alimentaroprogresso cultural eartístico em todas as conjunturas da sua existência até à contemporaneidade as funções maiores de representação dasBelasobrasdeArtesemPortugal, atais desideratos corresponderam Lugar dememória,criado ©DGPC/ADF/Luísa Oliveira/JoséPauloRuas,2015 MNAA, inv.1363,1366,1361,1364,1365,1362Pint Proveniência: PaçodeSãoVicenteFora,Lisboa Óleo etêmperasobremadeiradecarvalho c. 1470 Painéis deSãoVicente Nuno Gonçalves(ativo1450-antesde1492) Fig. 1 configurando ocasomaiscompletodopanoramamuseológiconacional. possíveis padrões legais de incorporação de bens culturais no património do Estado português, a só não confluiu Archeologia) história da cultura de Portugal, como no historial do seu acervo estiveram presentes todos os e Artes Bellas de Nacional Museu como 1884 de maio em inaugurado (MNAA, Antiga Arte de Nacional Museu do história da passados anos 146 Nos espólios, ondeasrelaçõesentreobraseramoutras. as relações internas das grandesincorporações, de outras instituições, de colecionadores, de cabe a esta a tarefa,nemsempre fácil, de articular o todo dainstituição mantendo os laços e desses conjuntos trazemconsigo uma história prévia ouparalelaàinstituição museológica e suas coleções, pela temática, pela unidadeartística, pela sua proveniência. mas também Muitos museus compõem-se de conjuntos mais ou menos definidos que formam grandesnúcleos das Para alémdas compras isoladas ou das doações de peças mais ou menos diversificadas, os b initio ab com oobjetivodeserainstituição centralizada da Museu das Descobertas , 2019). Com esta missão, da dupla vocação museológica para a representação das belas artes e das artes ornamentais. Hespanhola e Palácio Alvorapósoencerramento da A estas peças somaram-seàdataoutrasque, pordiferentesmotivos,haviampermanecido no Antigo». «Fundo denominação a sob MNAA no cuja institucionalmente núcleo mantém 1884, se em memória público ao aberto Nacional Museu reclamado patrioticamente o para por seções correspondentes às diversascategorias artísticas: será este o acervo transferido sem distinção entre artes antigas e modernas, mas que paulatinamente se vinham distribuindo extraordinárias permitiualimentarumsistema decompras. Resultou assimumconjunto eclético, não terá sido estranho o exemplo de D. Fernando II, cuja dotação da Academia com verbas académicos contemporâneos, muitos deles pensionistas do Estado. À generosidade benemérita conde Alfredo de Andrade, de diplomatas estantes em Lisboa) juntaram-se às doações dos artistas Sousa, e Castro (abade artes das de Carvalhido, Sousa Lobo, Daupias, Henry Burnay, duque de Palmela, Husson da Câmara, amadores de Doações 1999). Curvelo e (Carvalho algumas peçasdasartesornamentaisdequeaotemposeiavalorizandoosignificado artístico constituíram umfundomarcadamente religioso,emque dominavaapinturaportuguesae sediado em São Francisco da Cidade,em Lisboa, ou dos cofres da Casa da Moeda, na Academia Recolhidos diretamente nas casas religiosas, transferidos do Depósito dos Extintos Conventos de 1882, evento que além de motriz da institucionalização, esteve na génese de1882,eventoque alémdemotrizdainstitucionalização, estevenagénese xoiã Rtopcia e re raetl Portugueza Ornamental Arte de Retrospectiva Exposição ©DGPC/ADF/José Pessoa, 1992 MNAA inv.1204Esc Vilhena (herdeiros),1980 Proveniência: doação,ColeçãoComandante Ernesto Calcário comvestígiosdepolicromia João deRuão(ativo1529-1580),atribuído c. 1540 São JoãoBatista Fig. 2 63 BOLETIM ICOM PORTUGAL Série III Dezembro 2020 N.º 15 64 BOLETIM ICOM PORTUGAL Histórias Custodiais Castro Pina da Coleção Francisco Domingos Castro Pina (2009). Incorporações singulares singulares Incorporações (2009). no património do MNAA, como a coleção de escultura do Comandante Ernesto Vilhena, Pina Castro Domingos Francisco Coleção da Pina Castro áreas pouco representadas como a de ourivesaria civil e, já neste milénio a Doação Dinorah doações como a de Barros e Sá (incorporada em 1981), que colecionou tendo em vista colmatar com uma cronologia lata, entre o século I e o século XIX. Num sentido inverso, inscrevem-se com magnata Portugal, introduzemnoacervo apessoal visãodemuseuuniversaldodoador, com obras dearte do relação primeira da testemunhos 1952, e 1948 entre Gulbenkian Calouste Entre as grandes doações, a excecionalidade das ofertas de pinturas, esculturas e cerâmicas de se a complementar cirurgicamente lacunas nas coleções de Belas Artes e de Artes Decorativas. que continuou acaracterizar asconjunturas dasdireções seguintes,asaquisições destinaram- (exposição/conservação) - Coleções–Secções (profissionais especializados/estudo/educação) Espaços funcional trilogia na conceptualmente assente Couto, João de orientação a sob 1940, legislação específica promover as compras que vieram enriquecer o museu. Desde a década de de através possível foi Burnay, Henry de a 1936, em e, 1921 em Ameal, do Conde do a como de mercado como a dispersão em hasta pública de referentes coleções de arte em Portugal, suas magras dotações orçamentais para aquisições programadas, a resposta a situações especiais nas museu o espartilhado interinstitucionais, transferências eventuais de e 1923) em MNAA Andrade), oudelegatários como GuerraJunqueiro (cuja coleção passou àpropriedadedo doadores (hojedistinguidaindividualmentenaentradaatualdoedifício AnexoRebelode Quando esgotadasasincorporações extraordináriasrepublicanas, alémdagenerosidadedos patrimonial ouatémesmoaalcançar oresgate deobrassaídas dopatrimónioportuguês. efetivo proprietáriodosbens museológicos em domínio público -,emproveroenriquecimento sucesso nestes processos supriu,namaiorpartedasvezes,aincapacidade financeira doEstado- deveriam completar-lhes osignificado temporal. OdiretoempenhodeJosé Figueiredo eoseu de apresentações sólidas daslinhashistórico-artísticas, das artesplásticas edasdecorativas, que nacional e internacional de arte destinadas a preencher as lacunas do acervo condicionantes ou enquanto Amigos individuais, e a abertura à possibilidade de compras nos mercados corporativo nome em doações, às fôlego novo trará 1912, em Antiga, Arte de Nacional Museu obras que haviam pertencido à Coleção de D. Fernando II. A criação do Grupo dos Amigos do 2013), cujo epílogoserá a incorporação da Baixela Germain e, após disputa judicial, a entrada de receção dos bens com valor artístico da Coroa portuguesa, transferidos dos Paços Reais (Monge destacando-se asprovenientes dospaços episcopais. Foiesteomomento,alémdisso, paraa propriedade daIgrejaCatólica porefeitodaaplicação daLeideSeparação doEstadodasIgrejas, Academia, somou-senestaconjuntura particular omanancial deobrasartedesafetas da pictóricas, de desenho, de escultura e ornamentais, portuguesas e estrangeiras, herdadas da grande parte sustentada porparticulares condições deenriquecimento dos espólios. Às coleções em política numa promover, irá Figueiredo de José 1911, desde que, museal modernidade da cronológicas para o acervo (do século XII até aos meados do século XIX), marcaram o início o museu, a fixação do título de Museu Nacional de Arte Antiga e a determinação das balizas A implantação daRepública ecom elaareformados serviços das BelasArtesque tutelavam 1980, seautonomizacomoMuseuNacional doAzulejo. Comparada edetodooacervo azulejarparaonúcleo instaladonaMadredeDeusque, em arquitetónicos emgessoparadepósitosquedeveriamdarorigemaumMuseudeEscultura Português/Museu Nacional deArqueologia, dasmoldagensdeesculturas eelementos continuidade dessalinhaatransferênciadepeças arqueológicas paraoMuseuEtnográfico Arte Contemporânea. Noutras partições, ao longo de todo o século XX, assinalam-se na como a autonomização de outros museus nacionais a partir dele, como o dos Coches e o de Verdes, Janelas às museu no núcleos diferentes de especialização a tanto 1910, até orgânica institucional da Academia de Belas Artes, o magma do espólio virá a permitir, Se oconceito demuseudestes anosfoipraticamente indistintodosvaloresculturais eda considerar-se umpadrão –, revestiram-sesempredecaráter casuístico, especial quandoas de tem que pelo – administrativas tutelas e políticos regimes diferentes por e 1911 desde ou parapreencherlacunas nosdiscursos jáconstituídos, têmumhistorialque searrasta enriquecer oespólio, paraconstituir outrosnúcleos significantes aindanãorepresentados As incorporações de obras de arte no acervo provenientes das compras destinadas a ©DGPC/ADF/José Pessoa,1991 MNAA, inv.1827Our Proveniência: PaláciodasNecessidades,Lisboa,1987 Prata fundida,repuxada,gravadaecinzelada Paris 1757,François-ThomasGermain Paris 1729-31,ThomasGermain Centro deMesa Fig. 3 público equemuitoembrevefigurarápermanentementeexposição. criando um núcleo específico e único no património português e no indiano, já mostrado ao Goa”, transferido pela Caixa Geral de Depósitos em 2014, reveste-se de idêntica particularidade, nos outros museus nacionais (Carvalho 2017). A recente incorporação do núcleo de “Joias de escultura epermitiramcriar umdiscurso coerente dahistóriaesculturaemPortugalinédito do pagamento do imposto sucessório, transformaram a identidade sedimentada da coleção de contrapartida como 1969, em português, Estado ao herdeiros seus pelos doada 1980, em complexidade legaldosprocessosoupela parca apetência portuguesa pelomecenato. para darresposta aosvaloresdomercado internacional enacional daarte,passando pela de euros,em2008). Talpadrão estevesempreancorado naendémica incapacidade financeira (lembramos a compra da razões do mercado aissoobrigaram eosvalores implicados ficaram na memória do público Deposição no Túmulo , de Giovanni Battista Tiepolo por um milhão 65 BOLETIM ICOM PORTUGAL Série III Dezembro 2020 N.º 15 66 BOLETIM ICOM PORTUGAL Histórias Custodiais Artes deLisboa. XAVIER, 2018. Hugo, nos Museus de Arte da Administração Central do Estado (1974-2010 PINHO, Elsa Garrett, 2013. Límpidas. 2019. 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Domingos António de Sequeira, constituíram significativa promessa de que as coleções do para subscrição pública individual de parcelas (pixéis) da pintura da identidade do MNAA, como a campanha “Vamos por o Sequeira no Lugar Certo” Novas formas de captação do público e do seu envolvimento participativo na construção Lisboa:Caleidoscópio. . Lisboa:GrupodosAmigosdoMuseuNacionaldeArteAntiga. 2019.Lisboa:ImprensaNacional-MuseuNacionaldeArteAntiga. Museus ArteePatrimónioemPortugal. JosédeFigueiredo Projetha – Projetos do Instituto de História da Arte. Fontes para a História dos Museus de Arte em Portugal.em Arte de Museus dos História paraa Fontes Arte. da História Institutode do Projetos – Projetha O Marquês de Sousa Holstein e a Formação da Galeria Nacional de Pintura da Academia Nacional de Belas de Nacional Academia da Pintura de Nacional Galeria da Formação a e Holstein Sousa de Marquês O , Lisboa:FCSH-IHA-FCT. A evolução das coleções públicas em contexto democrático. 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Some European countries acquired these collections in order to like Buffon,Caylus,Geoffroy,Reéamur, Sloane, etc., formedlargecollections ofnatural the periodflourish. Giventhis, someofthemost relevant characters ofthe18 encouraged by their enlightened spirit, helped the cultural and scientific movements of The majority of these cabinets were formed by kings and initiatives of individuals who, extended allthroughoutEuropeduringthe18 Like manymuseums, ithas itsoriginsinthe NaturalHistoryandCuriosities Cabinetsthat with manyofitscollections datingback toitsestablishment inthe18 one of the oldest amongst all of these museums and institutions. It is still in great condition, Museo Nacional de Ciencias Naturales (MNCN), about to celebrate its 250 that around the world there are at least 7000museums with biological collections. The throughout different institutions, like educational centres, provincial museums, etc. and It isestimatedthatinSpaintherearemorethan600naturalhistorycollections spreadout ______are being formed to build One Natural History collection in world the working towards a digital network. consortia the that museums of networks and within growth of trend current Naturales Ciencias the show de Nacional Museo the of collections the present, At itself. Museum the in out carried activity research the and researchers, other of collections of donation and purchase the Royalty, the of contributions the continents, all across out expeditions carried scientific from years, 250 during collectionsflourished The VI. Ferdinand King by 1752 in founded History Natural of Cabinet and Court the of Geography of Naturales took place in 1771, but its collections originated from a previous institution, The Royal House and Palaeontology, as well as some human productions. distributed The founding specimens of million the Geology Museo Zoology, 11 Nacional of fields de the collectionscollections. encompass These Ciencias NaturalHistory 20 than throughout more preserves Naturales Ciencias de Nacional Museo The ______Vice-director ofCollectionsandDocumentation The Origin of The Collections Origin ofThe The of theMuseoNacionaldeCienciasNaturales, of The Museo Nacional de MuseoNacional of The Ciencias NaturalesCiencias Ignacio Doadrio Ignacio th century, knownasthe Spain th Age of Enlightenment. century. th anniversary, is th century 67 BOLETIM ICOM PORTUGAL Série III Dezembro 2020 N.º 15 68 BOLETIM ICOM PORTUGAL Histórias Custodiais Cuvier, 1796), which iscurrently onexhibit attheMNCN. colonies began toarriveattheRCNH, including theMegaterium ( preserve itandthensend it totheRCNH. Fromthenon,numerouspieces from Spainandits known as the curiosities’’ To this end,Charles III published a Royal Order, instructing that all RCNH fromSpainanditscolonies. and Africa andtherefore,itwaspossibleforalot ofpieces toarrivethenewlyfounded In the 18 beauty andgoodcondition (Villena sea stars andcorals aswellrocksandminerals,which standoutduetotheirremarkable the MNCNpreservesnumerousspecimens fromDávila’s collection, inparticular,sponges, 1745 and 1771, assembled one of the largest Natural History collections of Pedro Franco Dávila(1711-1786)wasawealthymerchant who,inParis,betweentheyears his time. Currently, Pedro Franco Dávila’scollection, whoCharlesIII appointedasdirector oftheinstitution. public on November 4 founded theRCNH (Sánchez-Almazán 14 October on place took MNCN current the of foundation The and whiledevelopingthismethod,discovered Palladiumin1803andRhodium in1804. William Wollaston in England, published a method explaining how to extract Platinum the HouseofPlatinuminordertomakeobjects ofPlatinum. Almosttwentyyearslater, Charles III (1716-1788),successor ofFerdinandVI, keptthisdiscovery secret andfounded and Louis Proust in 1799, for the first extraction of Platinum (Nieto & Guinea, 2019). King 1784 in Chabaneau de François by conducted work the through used, were Platina, in as sand samplesfromthe Chocó regioninColumbia. These sandsamples,rich ingold,aswell RHGNH that are preserved in the MNCN are of great importance. This is the case with the should beconsidered theoriginofMNCNcollections. Someofthepieces fromthe Nevertheless, pieces from the RHGNH are kept at the MNCN and for this reason; this 2011).2003; Sánchez-Almazán, historians do not consider the RHGNH to be the origin of the current MNCN (Pimentel; in thelaterRoyalCabinetofNaturalHistory(RCNH)(González-Alcalde, 2012),some (Corella, 1987; Pimentel, 2003). Although a large part of the pieces from this cabinet entered resignation asdirector, theRHGNH beganitsdecline, eventuallydisappearingaround1766 was thedirector oftheRHGNH fromthetimeofitsestablishmentuntil1755. Followinghis The cabinet’s initiativecamefromthedistinguished Spanishmarine,AntoniodeUlloa,who th century, Spain still maintained most of its colonial territories in America, Asia that would enrich theRCNH’s collections bebroughttoSpain. This order was Instruction th , 1776andincludes collections fromtheRHGNH, andmostnotably, because it provided precise instructions on how to collect material, et al ., 2008). et al et ., 2019). The RCNH opened its doors to the to doors its opened RCNH The 2019). ., 1786). 1758). Collection ofFranco Dávila(1711- Figure 1.Ostrich egg(Strutiocamellus L. Ángel GarviaPicture. th Megatherium americanum Megatherium , 1771,whenCharles III “natural productions and

exploring the coast of America from Cape Horn to the Gulf of Alaska, crossing to Guam and the most important expedition during the XVIII century. He voyaged throughout the Pacific Ocean, the was world the around 1809) – (1754 Malaspina Alessandro by led expedition the Probably, the Heulandbrothers (1795-1800),Humboldt(1800-1805), etc. (1789-1795), Malaspina by conducted expeditions scientific from brought objects of thousands Additionally, duringthis earlyperiod,theRCNH collections alsobenefitedfromtheadditionof be theworkofGoya,andcan currently beseen alongside thetaxidermyanimalat MNCN. 2006). A portrait of the latter was made in Meng’s workshops, which some authors believe it to (Mazo, 2008)andthe anteater,both ofwhich arecurrently exhibitedattheMNCN(Mazo, to the RCNH upon their death to be used for exhibits. This was the case for the Asian elephant sent be they that instructed who III, Charles King by alive kept were animals These RCNH. the Prado museum,whereafewpieces arekept. Somerare animals atthetimewerealsobrought to the transferred II Isabel Dauphin’s Treasurefromthe RCNHtothe RoyalMuseumofPaintings,currently knownas the Queen 1839, In Dauphin. Grand named the (1611-1711), France of Treasure inherited from his father PhilipV, who got it from the collections of his father, Louis Among all the contributions made by Charles III, one in particular stands out: the Dauphin’s Greco Institute andattheNationalArchaeological Museum. Luis created his own cabinet, and some of his pieces are preserved today in the MNCN, in the (1727-1785), half brother to the king. Both men were fond of animals and hunting. The Infant The RCNH alsotookcare ofpieces ofCharlesIII andtheInfant LouisdeBorbónyFarnesio MNCN (Sánchez-Almazán the MNCN. Additionally, the first meteorite to fall in Northern Spain arrived in 1773 to the in good condition in the marine Invertebrate, Herpetology and Ichthyology collections of preserved still some arrived; also Spain over nameall from scientific Pieces 2019a). Pérez-Dios, its & (Fraile species this gave later RCNH, the at painter and taxidermist a 1799), 2019a). Pérez-Dios, & (1740- (Fraile Bru Bautista Juan by made animal the of mammal sketches on based (1796) Cuvier on, Later fossilized a of reconstruction first very the was The remainsofthisgigantic animalwerebrought to the MNCN in May of 1788 and it which are currently kept in the MNCN’s ichthyology collection (Solís & Doadrio, 2019). which arecurrently keptintheMNCN’s ichthyology collection (Solís &Doadrio,2019). kept in the MNCN’s Library. Alongside this book, Parra sent his taxidermic fishes to the RCNH, illustrated book, which was considered Cuba’s first scientific book, and the manuscript is currently were of great scientific interest, as was the case of Antonio Parra’s fishes. He wrote a beautifully Some collections were accompanied by miniscule descriptions of each of the specimens which Philippines, andfinishing his journeyinNewZealand,Australia,andTonga. et al ., 2019). 550mm). acn110b/005/0064. JuanBautista Bruin1788(390x drawn andassembledby the skeletonofMegaterium, Figure 2.Artisticengravingof

69 BOLETIM ICOM PORTUGAL Série III Dezembro 2020 N.º 15 70 BOLETIM ICOM PORTUGAL Histórias Custodiais ultimately beplaced inthe MNCN(Barreiro objects and specimens were transferred to the Library-Museum of Ultramar (1888-1908) to to thePhilippineIslands in ordertogatherspecimens. Once theexpositionwas over,these natural historyobjects from variousinstitutions andpieces fromcollectors that weresent In 1887,the“GeneralExposition ofthe Philippine Islands”washeldinMadrid, including species weredescribed, which conducted by the expeditionaries and some of the best scientists at the time, numerous new all the zoological groupsarekeptatthe MNCN (Breure& Araujo, 2017). From thestudies museum in the XIX century and thousands of specimens from this expedition pertaining to the trip (Barreiro collected many specimens and others were obtained by buying large collections during linked to the RMNS, as well as a taxidermist and a cartoonist-photographer. Scientists 2000). Itwasmadeupofthreezoologists,onegeologist,abotanistandananthropologist Pérez-Montes, & López-Ocón 1988, (Puig-Samper, Commission Scientific Pacific the as by soldiers and scientists to the South American coasts of the Pacific (1862-1866), known 19 the in out carried also were expeditions Some early 20 1944). This contribution of pieces between the Royalty and the MNCN continued until the Sebastião Gabriel de Borbón e Bragança (1811-1875) (Barreiro & Hernández-Pacheco, to the cabinets acquired by Queen Isabel II for the infants Don Charles (1788-1855) and During this period, contributions from the Royalty continued to arrive, among others due up until1867. Sciences (RMNS), itwasjoinedbytheRoyal Botanical Garden,which continued this way Shortly 1944). afterwards, in1815whentheRCNHchanged itsnametoTheRoyal MuseumofNatural Hernández-Pacheco, & (Barreiro Spain to returned later were pieces the the Dauphin’s Treasure, which has been previously mentioned. However, the majority of looting when French troops withdrew from Spain in 1813. Amongst the looted pieces was 19 the During th century. th century, theRCNH, aswellotherHispanic Museums,sufferedfrom et al et ., 2019). This was the most important expedition carried out by the by out carried expedition important most the was This 2019). ., Types arecurrently foundattheMNCN(Araujo et al ., 2019). th century, notably the one carried out 075/389. the PacificOcean.acn003/ scientific commissionof Figure 3.Membersofthe et al ., 2019). also greatly enriched by the excavations carried out by EduardoHernàndez-Pacheco(1872- Station, where he taught, was especially noteworthy. The paleontological collections were marine invertebrates was also very important,andhis scientific work at the Marine Santander of collection the regarding (1866-1945) Marín Rioja José of work The MNCN. the at kept scientist in the field of several mammals; the specimens from his collection are currently coasts of the Iberian Peninsula and North Africa. Ángel Cabrera (1879-1960) became a leading also considerably increased the ichthyology collection throughout his expeditions along the (1879-1958) Rey Lozano Luis researcher The 2011). Izquierdo, & (Martín-Albaladejo Africa and Asia Europe, throughout specimens collected and expeditions on went He (1867-1949). others, in the area ofcollections, included the entomologist Manuel Martinez de laEscalera Among scientist. distinguished a (1850-1944), Bolivar Ignacio MNCN, the of director the by During this time, renownedresearchers emerged inthe field ofHispanic research, promoted period forscientificresearch. specimens were exchanged between other institutions. This was the MNCN’s most fruitful staff, the collections at the museum increased considerably. Expeditions were carriedoutand At the beginning of the 20 incorporated intotheSpanishInstituteofOceanographyin1914. many specimens to the collections of the MNCN. These Marine Biology Stations were later very important educational work and research has been carried out, and they also contribute (Sánchez-Almazán 1910 in Station Marine Malaga the and 1906 in 1906) Pi, (Porto Laboratory Marine-Biological Balearic the 1901, in (1886) Station marine investigation centres were incorporated, such as the Marine Biology Santander various time, of period a for and Museum” “National the renamed was RMNS the 1913, In Archive (Verges&Parejo2019). The documents regarding these transfers their and inventories are still kept inthe MNCN’s formerly the Anatomical Museum of Dr. Velasco (1875), and the Museum of America (1941). such as the National Archaeological Museum (1867), the National Anthropology Museum, MNCN were becoming divided during this time in order to fund new Spanish museums 19 late collections at the MNCN were enriched with the contribution of these naturalists from the collaboration with foreign laboratories in order to carry out scientific expeditions, and the 19 the of end the Towards exploitation or totheirdestructionare preserved(Fraile&Pérez-Dios, 2019b). the MNCN, fossils archaeological and pieces from deposits that have disappeareddue totheir by out carried work the to Thanks 2019b). Pérez-Dios, & (Fraile worked also archaeologists the MNCN, where in addition to well-known palaeontologists, geologists, pre-historians and supported by the creation of the Commission for Paleontological and Prehistoric Research in 1965), José Royo y Gomez (1895-1961) and other renowned palaeontologists. This work was th century to the early 20 th th century,dueto a largerandinternationallyprestigious scientific century,the Royal NaturalHistorySocietywas established in th century. However, the bountiful collections stored in the t al et , 09. n hs centres, these In 2019). ., that arrived. the samewoodenboxinone de Ultramar(Philippines),in MNCN 13816,fromtheMuseo specimen ofthegenusPython Figure 4.Skeletonofthe Photograph ofJesúsJuez. 71 BOLETIM ICOM PORTUGAL Série III Dezembro 2020 N.º 15 72 BOLETIM ICOM PORTUGAL Histórias Custodiais f h 18 vrert cleto fre b a ru o ddctd eerhr fo the from researchers dedicated of Applied Zoology Unit(Solís&Doadrio, 2019). group a by formed collection vertebrate 1988 the of small purchases ofcollections. Perhaps,themostnotableatthistime,is incorporation conducted attheMNCN,with donationsfromotherresearchers orcollectors aswellby The growth of current collections is mainly due to the contributions from research projects pending. training, andthecreation ofpositions forcurators inNaturalScience collections isstill in contrast tootherSpanishmuseums,thepromotion oftheMNCNcollection’s staff,their samples and DNA. However, since the MNCN does not depend on the Ministry of Culture, have been produced due to the demand for current research, such as images, sounds, tissue with 23permanentstaffmembersand10otheremployees. Inrecent years,somecollections Currently, theMNCNmanagesover11millionspecimens in20NaturalHistorycollections Resources) andGBIF Global(BiodiversityInformation Facility). DISSCo (Distributed of System Scientific Collection), Synthesys + (SynthesIs of Systematic Taxonomic Facilities (CETAF)andparticipates inEuropean initiativesandprojects such as also beenprogressintheirdigitalisation.It thusformspartofthe ConsortiumofEuropean Research Institute that it is today. Its collections have been properly preserved, and there has current the becoming transformation, a undergo to began Museum the 1984, in Starting at theMNCNwithlittlepotentialforgrowth. of transfer the and Heritage Historical Spanish powers totheAutonomous Communities leftthePrehistory andPalaeontologycollections the of 26, June of 16/1985, Law the of enactmentthe However, again. MNCN the joined they when 1984 until active stay to able Thanks tothis,theEntomologyandPalaeontologycollections alongside theirresearch were Geology (Gomis,2014;Martín-Albaladejo separated themselvesfromthemuseumaswell,forming“Lucas Mallada”Institute of Departments Palaeontology and Spanish Geology the the 1943, in became then and and Entomology 1941 of Institute in MNCN the from separated Department (Barreiro Entomology Guinea Equatorial to expedition small a was there 1940, In there were hardly any resources forexpeditions or for purchases to increase collections. Superior de Investigaciones Científicas where it remains to this day. During this period, research and add to their collections. The MNCN later became a member of the Consejo Spain, and those who stayed in Spain found themselves with little means to continue their most oftheresearchers whoweresupportersoftheRepublic wentintoexileoutsideof war, the of end the At (1936-1939). war civil Spanish the to due interrupted was century All ofthescientific innovationatthe MNCNthat occurred duringthefirsthalfof20 et al ., 2016). acn003-003-08179 . Paleontology Section,1934. head oftheMuseum Figure 5.JoséRoyoGómez, t al et , 09. The 2019). ., th

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Fraile, au Arts trouvé présent, jusqu’à inconnue quadrupède de espèce très-grande Paraguay, et déposé au cabinet d’histoire naturelle de Madrid. d’une squelette le sur Notice (1796). G. Cuvier, de Estudios Madrileños Corella, P. (1987). “La Real Casa de Geografía de la Corte y el comercio ultramarino durante el siglo XVIII”, Pacífico’. PeerJ,5:e3065;DOI10.7717/ Breure, A. R. & Araujo, (2017). The Neotropical land snails (Mollusca, Gastropoda) collected by the ‘Comisión Científica del Investigación yPatrimonio Aves. de colección La (2019). L. Castelo, & A. Garvía, J., Barreiro, de Acosta”.381pp. (1944). E. Hernández-Pacheco, & J. A. Barreiro, Ciencias Naturales Araujo, R., de Andrés, J. & Bragado, D. (2019). Entre la realidad y la fantasía. La colección de moluscos del Museo Nacional de Bibliografia ______and preservation. amount ofstorageallowedforcollections andthepersonnelinvolvedintheirconservation better tocurrent andfutureresearch. Forthistowork,there isanurgentneedtoincrease the plan itsgrowthinanobjective waydirectedtorefillinformationgapsinordercontribute its complete digitalisation and network integration with other collections. This way, it can However, theMNCNaspirestohaveagrowthpolicy basedonitsownplanningthrough Solis, G. & Doadrio,I. (2012). La colección de Ictiología. Naturales. siglo delasluces. Villena, M., J., Muñoz,Sánchez-Almazán, J. & Yagüe, F. (2008), Patrimonio. Histórico. Archivo El (2019). M. Parejo, & M Vergés, Patrimonio. Naturales:Nacional deCiencias InvestigaciónyPatrimonio. , 7:303-310. 1-354. . Madrid.384pp. Las colecciones Naturales: delMuseoNacional deCiencias InvestigaciónyPatrimonio. CSIC.1-558. CSIC.1-558. CSIC.Madrid Las colecciones Naturales: delMuseoNacional deCiencias InvestigaciónyPatrimonio , nº.24.Madrid:217-236. Asclepio . CSIC.1-558. Pedro Franco Dávila (1711-1786). 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Las colecciones del Museo Nacional de Ciencias Naturales: Investigación y Investigación Naturales: Ciencias de Nacional Museo del colecciones Las Las colecciones Naturales: del Museo Nacional de Ciencias Investigación y aul atnz e a saea a cncmet d u naturalista un de conocimiento al Escalera: la de Martínez Manuel CSIC.1-558. . 58:281-294. Magasin Encyclopédique, ou Journal des Sciences, des Lettres et des et Lettres des Sciences, des Journal ou Encyclopédique, Magasin El gabinete perdido. Pedro Franco Dávila y la historia natural del Las colecciones del Museo Nacional de Ciencias Naturales: Ciencias de Nacional Museo del colecciones Las . CSIC.1-558. . Consejo SuperiordeInvestigaciones . Instituto de Ciencias Naturales” Jose CSIC.1-558. . 1-354. lts neetae y modelos y intelectuales Élites . CSIC.1-558 , 108:1-11. Anales del Instituto Las colecciones del colecciones Las Madrid Pedro . 73 BOLETIM ICOM PORTUGAL Série III Dezembro 2020 N.º 15 74 BOLETIM ICOM PORTUGAL Histórias Custodiais batallas de Chacabuco y Maipú ubicadas hasta la fecha en la Catedral de Santiago, donde habían batallas deChacabuco yMaipúubicadas hasta lafecha enlaCatedral deSantiago,dondehabían el Presidente Bulnesencarga llevaralMuseo Nacional lasbanderas españolas tomadas enlas año mismo Ese 1849. año el en Pintura, de Academia la crea se Bulnes Manuel de presidencia crear algúnmuseodecarácter histórico. Además,aesteproceso se debesumarque durantela bienes realizadoscomo parte deunapolítica patrimonial,antesqueelpropioEstado sepropusiera icónica delarepública, que despuéspasaronaincorporar lasobraspatrimoniales del museo, Desde laautoridadpolítica serealizaronunaseriedeencargos públicos sobrela representación parte delacolección delmuseo,calidad quemantiene hasta eldíadehoy. es uno de los primeros encargos oficiales de este tipo, obra que posteriormente pasó a formar suceso clave del proceso de independencia, la que será exhibida en el Palacio de Gobierno. Este contrata alpintorbávaroMauricio Rugendas paraque realice unapinturadelaBatallaMaipú, instrumentos desoportesparaconformar unaidentidad decarácter nacional. Porejemplo,se engalanar elPalacioPresidencial, laantiguaReal Audiencia, sinoque fundamentalmentecomo Presidente Joaquín Prieto, que desde el Estado se van incorporando colecciones, a fin no sólo de otorgándole lamisióndecrear unMuseo Nacional. Sinembargo, esdurantelaadministración del chileno. En1830,elministroDiegoPortales firmóun contrato con elnaturalistaClaudioGay, José TomasOvalleenelaño1828,que se comenzó acristalizar laformación delprimermuseo Aunque, no es sino con la llegadadel científico francés Claudio Gay por encargo del Presidente última partedelperíodovirreinal. Seminario Conciliar. Muchos de estos objetos, sin dudarepresentabanelespírituilustradodela se reunieron objetos provenientes del Convictorio Carolino, la Academia de San Luis y el de beligerancia e inestabilidad política del momento, en una sala de la Universidad de San Felipe Nacional, que incluía un Museo de Ciencias como apoyo a la educación. A pesar de la situación de laRepública enjuliode1813,alaprobarunplanestudios paraelrecién creado Instituto intención de estructuración de una colección al servicio de un museo en la decisión del Senado Según Hernán Rodríguez Los Orígenes ______donations mostly. historyofitscollections. textwemakeanapproachtothe Inthis or purchase collection, the from collection, of initiatives of number a to responds and 1911 in creation 1911. The origin and formation of the National Historical Museum’s collection predates its institutional The National Historical Museum is about to celebrate 110 years of existence, it was founded on May 2, ______Investigador doMuseoHistóricoNacional/ Custodiando elPatrimonio Universidad BernardoO’Higgins,Chile Museo Histórico Nacional: Museo Histórico Nacional: Histórico deChile 1 , los orígenes de la colección del MHN se encuentran en la primera Luís Alegria Imprenta República, dando cuenta de 175 objetos. En esa ocasión se exhibieron la serie de los Marcó delPont paracárcel ypolvorín. El catálogo deestemuseo sepublicó en1875porla ubicado en el Castillo Hidalgo, que había sido construido por el último Gobernador español, Lucía, Santa del Histórico Museo el Lucía, Santa cerro el en formó Mackenna Vicuña 1874 En Museo Histórico que sehalla enactual constitución, se sirvanavisarporescrito” tengo el honor de rogar a las personas que generosamente deseen contribuir a la formación del “Habiendo comenzado hoy ladevolución delosobjetosexpuestosenlaexposición delColoniaje, Chile. Así lo confirma un anuncio de Vicuña Mackenna publicado en la prensa de la época: de laépoca, nació lainiciativa deformarunaexhibición permanentedelpasadohistórico de Dado eléxitoque obtuvoestamuestra,laque asombró positivamentealasociedad santiaguina que seexponían. elite cuyos fundamentosestabanenestasfamiliasfundadoras, portanto,eranestosobjetoslos y colonizadores quedominaronunterritoriohostil. Entendiendolanación como elgrupode reconstituir su pasado ligándolaa un arraigo hispano, una nación heredera deconquistadores que estas colecciones eran de carácter fundacional para la nueva nación chilena, la que requería a travésdela“reconstitución” delosespaciosdomésticos yfamiliares,se debíaalconcepto de un hitoclave enlagestacióndeunMuseoHistórico paraChile.Suideade“rescate” delpasado, Intendente Vicuña Mackenna, marcaron el inicio del rescate del patrimonio histórico y fueron pero demasiado olvidadizo,he aquí lamirafilosófica deestepropósito” investigación yelmétodo,unavidapasajeraparaexhibirloalosojosdeunpueblointeligente en unapalabra la vida exterior del coloniaje con sus propios ropajes, yprestarle, mediante la tesoros mal conocidos, clasificar estosutensilios humildespero significativos, reorganizar José Ignacio Víctor Eyzaguirre, sobre los propósitos que motivaron la muestra: “Agrupar estos le otorgóaestaexposición, lapodemosverificar enunacartaque ésteescribió aMonseñor del Castillejo, por sólo mencionar algunos. La interpretación que el mismo Vicuña Mackenna de un número considerable de personajes coloniales, como Judas Tadeo y Reyes, La Condesa colección delMuseoHistóricoNacional, tales sonloscasos delagaleríalosGobernadoresy Al revisar este catálogo se pueden encontrar muchos objetos que actualmente pertenecen a la que porfaltadeespacio finalmentenoseincluyó. genealógicos, armas y banderas, objetos diversos, junto a una sección para la numismática, la placas ydecoraciones personales,objetosyutensilios deindustriaindígena,autógrafosyárboles muebles ycarruajes, trajes ytapicería, objetosdeculto,ornamentocivil yútilesdecasa, para dicho evento. Lamuestra estabadivididaen:Retratos Históricos ycuadros defamilia, En ésta ocasión se exhibieron 600 objetos, los que aparecen detallados en el catálogo publicado Gobernadores, inaugurándoseel17deseptiembre1873. el TeatroMunicipal, peroposteriormenteseresolvió acondicionar elantiguoPalacio delos y sedenominaría:Exposición Histórica delColoniaje. Dicha exposición se ibaarealizaren Pedro de Valdivia (1541), hasta el primer año del mandato del Presidente Manuel Bulnes (1841), inédita hasta el momento en el país, su guion consideraba desde la llegada del conquistador objetos históricos para las Fiestas Patrias. Esta muestra de carácter histórico, es una iniciativa el Intendentefirmóundecreto paraconstituir unacomisión encargada de una exposición de de losaspectos másimportantesfueenelámbitodelacultura,esasíque el1° demarzo1873, como Intendente de Santiago, quien realizará un vasto plan de modernización de la ciudad. Uno En 1872, el Presidente Federico Errázuriz Zañartu nombró a Benjamín Vicuña Mackenna LaHistoriaenunmuseo espacio tambiénsetransformaríaenunlugardeacopiocolecciones. a la Casa de Moneda, que se convertiría en Palacio Presidencial. En los años sucesivos dicho verifica el traslado de la sede de gobierno del Palacio de la Real Audiencia (actual sede del MHN) sido enviadas en 1822 por San Martín desde Lima. Es durante esta misma administración que se 3 . Las palabras del . Las palabrasdel 4 . 2

75 BOLETIM ICOM PORTUGAL Série III Dezembro 2020 N.º 15 76 BOLETIM ICOM PORTUGAL Histórias Custodiais O’Higgins”. agregaron 1884 obras alpatrimonio, como fuelapintura deManuelAntonioCaro titulada“Laabdicación de de Octubre de Nacional Exposición la y 1875 de Internacional Exposición la ilustrar lahistorianacional, fueronengrosandoelpatrimonioartístico chileno. Asímismo, Paralelamente, losdiferentes encargos enmaterias deobrasarte,porparte delEstadopara cronómetro deLordCochranne (héroedelaindependencia), porcitar sóloalgunos casos. por ejemploloscitados estandartes españoles,diezcuadros delasguerras deFlandes,sextantey catálogo se encuentra unacantidad significativa deobjetosgranvalorpatrimonial,como documentos históricos, panoplias con armas, retratos al óleo y fotografías, entre otros. En este pertenecientes alcapitán Condell,medallas conmemorativas, prendas militaresyuniformes, ) , objetos pertenecientes a la Esmeralda, objetos pertenecientes al capitán Prat, objetos Ambrosio yBernardoO’Higgins, objetosdelHuáscar (barco deguerraPeruanocapturado y revólveres, cascos, herramientas de zapadores, espadas y sables, objetos pertenecientes a don banderas, banderolas,cañones, morteros,probetas, ametralladoras,fusiles,carabinas, pistolas y consignándose 11 banderas y/o estandartes. Luego le sigue el listado de estandartes nacionales, vuelven amencionar losestandartes españoles, que aparecen con eltítulodebanderas españolas En 1909 el Museo Militar, publicó un catálogo que dio cuenta de 1.639 objetos. Como ejemplo, se armas, provenientesdelasección deArmasAntiguaslafábrica ymaestranza delejército. clausurado Museo Histórico del Santa Lucía; además reunió parte importante de la colección de exhibidas enlaGaleríaHistórica delMuseoNacional yaquellos objetosprovenientesdeltambién el edificiodelosArsenalesGuerra,enlaAvenidaBlanco, que recogió lascolecciones antes con Perú y Bolivia. El 21 de mayo de 1893 Enrique Phillips Hunneus formó el Museo Militar en Nacional la Sala de Armas Antiguas, la que reunió los trofeos obtenidos en el conflicto bélico Presidente Aníbal Pinto, el que nombró por decreto una Comisión para establecer en el Museo de ArmasAntiguaseneledificio delCuarteldeArtillería.Aestosesumó lainiciativa en1881del en Iquique el 21 de mayo, surgió del Ministro de Guerra, General Basilio Urrutia, crear el museo producidos hechos los a debido y 1879, de julio de 1° el Pacífico, del Guerra la de llegada la Con históricos, porhabersidocolocados solo aúltimahora”. a modo de nota en dicha guía, se dice: “se ha omitido la descripción de la galería de retratos serie deotrosobjetos devariadaíndole,entreetnográficos, militares,arqueológicos. Porúltimo San Martínasuayudantefavoritoelgeneral O’Brien” Un quitasol queusaban losVirreyesdelPerúparapasearseporlascalles ique fueregaladopor deteriorada porlapolilla,quitada alafragataMaríaIsabel,iespadadelgeneralO’Higgins. estandartes iseisbanderasespañolastomadasenlabatalladeMaipo;otragranbanderaalgo en la subida al segunda piso, salón de antigüedades se exhiben “dos estantes que contienen dos Posteriormente, en 1878 se publicó la Guía del Museo, donde se menciona que en el pasillo los realizadosporErnestoKirbach aFrancisco RuizTagleyJosé JoaquínPérez. Para laocasión se realizaronvariosretratosdelospresidentesChile,entrecuales destacan de laIndependencia, cuyo montajeestuvo acargo delos artistas JuanMochi yNicanor Plaza. En ella se reunieron retratos y bustos de personajes históricos, además de banderas de la guerra en 1876lacreación delaGaleríaHistóricadelMuseoNacional enelparque delaQuintaNormal. Por otra parte, Miguel Luis Amunátegui, Ministro de Instrucción Pública, establece por decreto de Santiago,que enladécada de1930losdevuelvealMuseo. ejemplo, la serie de retratos de los gobernadores en una buena parte pasaron a la Municipalidad dispersión de las colecciones del Museo del Santa Lucia en diferentes organismos públicos. Por Lamentablemente el alejamiento de Vicuña de la Intendencia y su posterior muerte, significó la histórico chileno. Coloniaje de1873,representanlos primeros antecedentes deinventariosdelpatrimonio efectuadas especialmente paraesa ocasión. Estecatálogo, juntocon eldelaExposición del donaciones de además Nacional, Museo del provenientes objetos y reino del Gobernadores 42 5 . Además es importante mencionar una . Además es importantemencionar una corresponden alaPrehistórica eHistórica. Navarro, quien quedóacargo dela Sección MilitardelMuseo. Lasotrasdossecciones objetos, sedebealaincorporación delMuseoMilitarydesudirector,elCoronel Leandro La abundancia deltemamilitar enlascolecciones, con armas,uniformes,banderas yotros según losperíodos históricos: Colonia,Independencia, República yGuerra delPacífico. según los clásicos cánones de la historia patria, ocupando cinco salas que se organizaron construido paraelMuseo deBellas Artes,enelParque Forestal,cuya exhibición seordenó Figueroa Larraín. Todo este material estuvo en exhibición en la planta primera del edificio Por último, a todas estas iniciativas se suman las donaciones de suDirector Joaquín mérito ilustrativo e histórico, interpretando así el objeto principal que tuvo en vista el dueño...” haber conseguido dar a esta colección numismática la importancia que tiene, haciendo resaltar su González Errázuriz,“se hanconsultado todosloscatálogos queeradablehallar amano,icreemos sus preciadosobjetos,lacolección demonedasymedallas,como lomencionasualbacea Francisco igual forma lo hizo Francisco Echaurren Huidobro, que por testamento entrega al Museo, entre Ignacio Eyzaguirre, que al momento de su muerte dona sus colecciones al Estado chileno. De Entre las principales donaciones podemos encontrar los objetos aportados por Monseñor José Colonia, laIndependencia ylaRepública hastaelpresente” los aborígenes que encontraron losespañolesen el descubrimiento, y además, la Conquista, la exhibir la “Historia de Chile desde nuestros antepasados más remotos de la edad de piedra hasta traspasos, recolección y donaciones. El Museo Histórico Nacional se constituirá con el fin de Histórica delCentenarioyalmismo tiempocomenzó aadquirir piezasmediantecompras, organismos del Estado. El recién inaugurado Museo, también incorporó objetos de la Exposición de laBiblioteca Nacional yalgunas obras delaPresidencia delaRepública, ademásdeotros el cierre delMuseoHistórico delSantaLucia, las provenientesdelMuseoMilitar,lascolecciones colecciones históricas que sehabían recolectado desdeelMuseo Nacional, las dispersadas desde Con lacreación delMuseoHistórico Nacional, se reunieronbajounamismainstitución las El MuseodelsigloXX se expresaademásporserorganizadayfinanciada desdeelEstado. instituciones, como municipios, universidades,escuelas, etc. Elaspecto público delaexposición sobre lahistoriadeChile,apartirvariosllamadosalpúblico general,alosservicios estatalese carácter de nacional fue muy importante ya que significó reunir una amplia colección de objetos el Museoseformalizóladonación definitiva,proceso que enalgunoscasos llevóvarios años. Su piezas fuerondevueltasasuspropietariosalconcluir laExposición, ysólounavezinaugurado Como consta enpartedeladocumentaciónrevisadanuestraBiblioteca, lamayoríadelas Esta exposición tuvograntrascendencia dentrodelahistoriadelMuseoysuscolecciones. Nacional, cuyo primer director fue Joaquín Figueroa Larraín, el que ejerció como tal hasta 1929. Ramón Barros Luco, firmó el 2 de mayo de 1911 el decreto de la fundación del Museo Histórico formación definitivadeunmuseoHistoriaNacional. ElentoncesPresidentedelaRepública, siglo, juntoconelfervorproducidoporlasfiestasdelCentenario,plantearonlanecesidad dela calle Monjitas.Laimportancia deesta muestra y suimpacto en lasociedad chilena deprincipio de de lostiempospasados” desde la época prehistórica, sino también coleccionar todo aquello que signifique un recuerdo reunir yclasificar objetosfabricadosenelpaísofueradeélyquehayanprestadoalgúnservicio a estamuestrahistórica delCentenario,seencuentra susentido:“... que tieneporfinnosólo destacándose la figura de su secretario Nicanor Molinare. En las palabras dela convocatoria conducida porLuisMontt,director delaBiblioteca Nacional, quien organizóunacomisión, de unaexposición decarácter históricoquecelebrara dicho acontecimiento. Esta iniciativa fue organización la nuevamente animaron 1910, en Independencia la de Centenario del fiestas Las Las fiestasdelCentenarioyelMuseoHistóricoNacional 6 . Para esta exposición se ocupó el palacio de José Tomás Urmeneta, en . Paraestaexposición seocupó elpalacio deJosé TomásUrmeneta,en 7 . 8 . 77 BOLETIM ICOM PORTUGAL Série III Dezembro 2020 N.º 15 78 BOLETIM ICOM PORTUGAL Histórias Custodiais En la décadade los ochenta y principios de los el Museo noventa, en laoptimización avanzó junto alarchivo fotográficoeiconográfico, elgabinetenumismático ylabiblioteca. fueron creados los departamentos de folclore y artesanía,textil, conservación y restauración, especializados, dirigidos a asumir la documentación y la conservación de ellas. Es así como de septiembre de 1982. En la nueva sede 2 se inició la reorganización el de las colecciones a inaugurado partir de departamentos fue y pesos, de millones 80 de costo un con 1981, a 1978 la nueva sede del Museo Histórico Nacional. La restauración del edificio se prolongó desde del edificio de laReal Audiencia en laPlazadeArmas de la ciudad de Santiago,paraalbergar de las realizaciones másimportantes desde su fundación: larestauración y acondicionamiento un giro tanto en su estructura administrativa como en su concepción museológica, debido a una A fines de la década de 1970, bajo la dirección de Hernán Rodríguez (1977-1993), el Museo dio desenvolvimiento delavidanacionaldesdesumás remotaépocahastalaactual” Matta “El Museo Vial señalando: será entonces una representación gráfica y sistemática del Allí encontrán cabida los objetos que la falta de espacio nos ha impedido recoger.” Finaliza el Museo con sus secciones colonial, delaIndependenciayRepública. de aborígenes, con una superficie, ocho o díez veces más extensa que los actuales, en que podremos organizar antigüedades. en el Pero, enbreve, Palacio de laBiblioteca Nacional dispondremos desalones de prestado,enunlocal estrecho e incómodoque da alMuseo el aspecto de unalmacén Matta local: “Vivimos Vial leindicabaalPresidenteAlessandrilaesperanzaporunnuevo abierto elacceso al público,elmismoDirector de su propio pecunio debió pagaralosguardias. Museo, Joaquín Figueroa Larraín junto a otras personalidades, como también, que para tener cuenta que un porcentaje importante de los objetos fueron donados por el mismo director del se suman otras colecciones ubicadas en los subterráneos del Palacio de BellasArtes. Además, da que hasta la fecha 5.000 reúne aproximadamente objetos, 2.000 a losque y medallas, monedas inversión que el Estado ha realizado enlaconstitución de este Museo Histórico, cuenta dando en un Museo Histórico y otro Militar. Las razones en que se fundamenta Matta Vial, es la gran Presidente Arturo Alessandri Palma realizandounacrítica por el intento de dividirel Museo de abril de 1921, el entonces director subrogante Enrique Matta Vial, le escribe al recién electo 9 del carta una En aplicados. curatoriales criterios los y colecciones sus de evolución la sobre prensa, dibujos y esquemas en publicaciones científicas, nos entregan un “corpus de información” Asimismo la información visual existente de éste a través período, defotografías,artículos de oficial entornoalosobjetosdelacolección. consistentes en cartas de donación, agradecimientos, traspasos, oficios y correspondencia a sus colecciones, que con el paso del tiempo redundó en una gran cantidad de documentos instalación, el Museo comenzó acrear una documentación decarácter administrativo referente entre otros. Laval, Existe una informaciónmuyinteresante ya que de este desde su período, colecciones serán las donaciones primigenias Rodolfo LenzyRamón de AurelianoOyarzún, antiguos producidos por laindustria y modernos, casera chilena” museo nacional chileno que se ha ocupado deformarunacolección metódica de losobjetos Folclore chileno el año 1924: “Ha sido el Museo de Etnología y Antropología de Chile el primer valor del patrimonio deotros grupos culturales, como es el caso de lacreación de lasección de El Museo Etnológico y Antropológico también cumplirá un rol destacado en la puesta en Estella, J.T.Medina,C.Reed,porcitaraalgunosdelosmásdestacados. importante aporte de otros colaboradores como:R. Latcham, A. Capdeville, F. Fonck, B. de del Etnólogo Martín Gusinde en su expedición a TierradelFuego. Además, cabe resaltar el patrimonio indígena chileno, secundado por Aureliano Oyarzún, más la importante labor del acopio y rescate de labor fructífera una realizará 1912, en Chile a llegar de tiempo poco En este proceso fue muy importante la labor delarqueólogo alemán Max Uhle, quién al en un museo independiente con el nombre de Museo de Etnología y Antropologíade Chile. producto de la falta de espacio, adquirirá una autonomía tal que terminará constituyéndose Como unproceso casi al delacreación paralelo del Museo Histórico, la sección de Prehistoria 9 . Aportes significativos a estas 10 . Colección MHN. estatuas yobrasde artesdeestepaseo,(Santiago-Chile, ImprentadelaLibreríadel Mercurio, 1874). Foto 1.“Biblioteca CarrascoAlbano”.ÁlbumdeSanta Lucía.Coleccióndelasprincipales vistas,monumentos,jardines, los todos del sesgos yproblemasdeunaexposición fuertementecargada porelnacionalismo ycentralismo. superar logró no 90 los de década la de cambio el porque parte en permanente, En laactualsituación elmuseoseenfrentaaunnuevocambio deguionsu exposición Registro patrimonial,yalpocotiemposeformaelComitédeColecciones. organización dedepósitos, por loque en elaño2002 se crea la Oficina de Documentación y partir de esa fecha se hace necesaria la implementación de proyectos de documentación y la cuando se finaliza el cambio de muestra en la exhibición permanente, instalada desde 1982. A es el caso delaEditorial Quimantú (Zig-Zag).Unhecho importante se dio enMarzodel2000, gracias a los innumerables aportes donados de archivos de fotógrafos y deinstituciones, como transformarse en donantes. Del mismo modo, desde 1982 la Colección Fotográfica ha crecido a personas muchos a motivado ha exposiciones diferentes con que la 1978, en creada Textil, colecciones del Museo se ampliaron enciertos ámbitos temáticos. Este es el caso de laColección Como resultadodelasdiferentes exposiciones donaciones, las y campañasparapromover la colección,tantoensudocumentacióncomoalmacenaje. plantearse un reordenamientoenlos depósitos, como también untrabajomuyprofundocon de datos de los museos públicos de Chile) de documentación e inventario, lo cual significó A partir de enero de 1998, el Museo decidió incorporar las colecciones al programa SUR (base fundamentalmente endosaspectos:laconservaciónpreventivaydocumentación. objetos decorativos, arqueológicos, etnográficos y numismáticos. Este trabajo se centra un Nacional, Histórico trabajo metodológico y científico con las colecciones de pintura, estampas, muebles, armas, Museo el en implementado venido ha se 1997, Desde colecciones. experiencia con este esquema de abordaje de las colecciones se a repetir volvería posteriormente con otras La numismática. colección la de catalogación de proyecto el inició se 1989, En la documentacióndelascolecciones. y Quinto Centenario. Junto con ello se inició en el Museo una reflexión en torno al estado de con soporte papel, como así mismo,se abrieron nuevassalasdeexhibición: las de Numismática de susy manejo colecciones, en especial en eláreadetextiles, numismática, fotografía yobras 79 BOLETIM ICOM PORTUGAL Série III Dezembro 2020 N.º 15 80 BOLETIM ICOM PORTUGAL Histórias Custodiais 10. 9. 8. 7. 6. 5. 4. 3. 2. 1. Notas ______Colección MHN. Autor: n/i.Fecha:c1920.ÁlbumFotográficodelMEA.AF-144-13. San PedrodeAtacama. “Utensilios deagriculturaChiu-Chiu,pueblocercanoa Foto 2.VitrinadelMuseodeEtnologíayAntropología. Biblioteca delMuseoHistóricoNacional. Publicaciones delMuseodeEtnologíayAntropologíaChile,Tomo IV,1927,pps173-273,p175. al MuseoNacional”.ImprentaEmilioPerez.Santiago,1911. Carta de Enrique Matta Vial al Presidente Arturo Alessandri Palma, 9 de abril de 1921. Archivo Administrativo de la de Administrativo Archivo 1921. de abril de 9 Palma, Alessandri Arturo Presidente al Vial Matta Enrique de Carta en Antropología”, y Etnología de Museo del chileno Folklore del objetos de colección la de Catálogo Carlos, Reed, Francisco Echaurren, Gonzáles “Catálogo de laColección de Numismática legada pordonFrancisco Echaurren Huidobro Gusinde, M.1917(a)“ElMuseodeEtnologíayAntropología”,BMEA,TomoI,pp1-18.p2 Circular delaExposiciónHistóricadelCentenarioen1910,citadoRodríguez,p.24. Museo Nacional,GuíadelNacionaldeChile,septiembre1878.Imprentalosavisos.Santiago,p27. Benjamín VicuñaMackenna,ElFerrocarril23octubre1873. Santiago 1982,p.17. Carta deBenjamínVicuñaMackennaaMonseñorIgnacioVíctorEyzaguirreen1873,citadoporRodríguez, Historiador ypolíticoliberal. Rodríguez, Hernán.MuseoHistóricoNacional,ColecciónChileysuCultura,DIBAM,1982 Autor: n/i.Fecha:2019. Foto 3.FachadaMuseoHistóricoNacional. ______da melhorcoleçãonacional deartesdecorativas,sobcustódiadoPalácioNacional daAjuda. Muito dinheiro terá é que sido gasto, averdade devemos aestes monarcas poderhojeusufruir numismática eourivesaria acrescidasdepeçaspertencentesaotesourodaCasa Real. núcleo museológico conhecido como “Museu de Antiguidades” no qual expõe as coleções de D. Luís inaugura a Galeria dePintura no Palácio da Ajuda,em 1867, e pouco mais tarde o as suas coleções de pintura, numismática e ourivesaria. Apenas 6 anos após a subida ao trono, organizava e metodicamente adquiria Cascais1889) – 1838 (Lisboa Luís D. rei o Palácio, no Se arainha se deleitava fazendoaquisições aos melhores fabricantes contemporâneos para uso sofisticação noPaçodaAjuda,onderesidiude1862 a1910,dataemquepartiuparaoexílio. Habituada ao luxo da casa de Saboia a rainha quis certamente introduzir o mesmo requinte e paguem-nas!” Mito ou não, o certo é que D. Maria Pia comprava muito e comprava bem. que certa criticada vez, por esta sua compulsão de gastar, terá respondido. “Querem rainhas, se, quiçá injustamente, que despendia somas avultadas em tudo o que via e desejava. Consta como Anjo da conhecida Caridade ficou 1911) Stupinigi, – 1847 (Turim, Sabóia de Pia Maria D. rainha A ______of place a Ajuda Nacional Palácio the also belong makes custodial toourmaterialandimmaterial imagery. that stories memories, and objects its by built heritage, This National PalaceofAjuda. the of custody the under arts decorative of collection national best the Monarchs this to owe we Today shops in Europe. antique the Queen Maria Pia and King Luis I frequented the best commercial houses and the most fashionable that know we acquired, documentation,invoices, Through pieces iconography, the from and letters, several RoyalHouse Treasure. belonged Museum” addedwith to the items that “Antiques his in public the to showed he I collections,which jewelry Luis and numismatic King magnificent his the gathered time same the At 1910. to 1862 from lived she where residence royal official the of Savoy the house sought to introduce same the elegance and sophistication to Palacio the da Ajuda, The Queen of Portugal Maria Pia of Savoy (Turim, 1847 – Stupinigi, 1911) accustomed to the luxury decoration family andthe inhabited itareinseparable. that Palácio InNacional da the Ajuda (as in historic house museums in general), interior objects, the the Conservadora noPalácioNacionaldaAjuda, Palácio daAjuda Nacional histórias custodiais do ea Mãe dos Pobres Maria JoséGaivãodeTavares a Palácio Museu: De Palácio Real mas ainda hoje é lembrada como masaindahojeé a rainha lembrada gastadora. Dizia- Lisboa O 81 BOLETIM ICOM PORTUGAL Série III Dezembro 2020 N.º 15 82 BOLETIM ICOM PORTUGAL Histórias Custodiais pretende-se agora,ecada vezmais,restituiraosseuslugaresaspeçasquelhes pertenciam. bens daCoroaportuguesa foram dispersos por diferentes Palácios e Instituições do Estado, reconstituição de campanhas várias cabo histórica e restauro das salas do Palácio daAjuda.Senasprimeiras décadas daRepública muitos a levadas sido têm XX séc. do 90 anos os Desde D. Luís,datadosde1889,ondesedescrevem,salapor sala,osbensexistentesnoPaço. foram vividas durante a década de80 de oitocentos. Assim como os inventários por morte de nos que 1989, em Ajuda, da Palácio permitiu fazer areconstituição histórica da decoração de algumassalas deste Palácio talcomo o para leilão em resgatado álbum, precioso este Foi cerâmicas, esculturas,tapetes,fotografias,emsuma, oespíritodosinteriorespaçosreais. e a tonalidade das paredes, a localização das pinturas, a disposição dos objetos, dos móveis, valor artístico estas aguarelas são documentos iconográficos fundamentais. Revelam a textura II o álbum ficou na posse da viúva cujos herdeiros o venderam emleilão. Mais do que o seu nos arredores de Londres, onde morou com D. Augusta Vitória. Por morte de D. Manuel República levou consigo para a sua residência de exílio em Inglaterra, a casa de Fulwell Park, depois por D. Manuel II, que o conservou no Palácio das Necessidades. Após a implantação da deaguarelasEnrique acabou porserherdadoprimeiroD.Carlose O álbum Casanova, Sala daMúsicaondeoreicostumavatocarvioloncelo. últimos Quartos do Rei, Gabinete de Trabalho, Quarto do Rei e Atelier de Pintura) e ainda a Despacho, a SalaAzul,as salas dos seus aposentos, no piso dos térreo e noandarnobre(Sala a vivência do rei D. Luís no Palácio da Ajuda.Neste contexto estão representadas a Salado observando as aguarelas, podemosconcluir, porém, que algumas delas estão relacionadas com Apesar de nãotermos conhecimento a quem se deve aescolha salas retratadas, das dezanove cumprisse. se objetivo este que impediu antes, dias quinze rei do morte a Contudo, 1889. de Outubro oferecido ao reiDLuís I por ocasião do seu quinquagésimo primeiro aniversário,a31 de ser para 1892, e 1889 anos os entre executado sido Terá Sintra. e Cascais Ajuda, Reais Paços executado pelo pintor da realcâmaraEnrique Casanova. salas O álbumretrata dos dezanove Tal como sabemos que pela rainha foi D. encomendado Maria Pia, umálbumdeaguarelas Reais, queseencontravam,em1911,guardadasnaArrecadaçãoGrande. inventário efetuadoapósaimplantaçãodaRepública da nacionalizaçãodosPalácios quando mão da rainha que foram por si escolhidas. Também sabemos pelo Arrolamento dos Paços, o Petro Micca 10, - aindahojeintegramoacervodoPalácio pela Nacional daAjuda.Sabemos, Estas delaca japonesa - compradasemTurimnacasa bandejas Tognacca & Giglio Tos, Via data eguardadoentreoutraspreciosidadesnoarquivodoPalácioNacionaldaAjuda. “bandejas Turim japonais” aquisição que ela própriarefere num bilhetinho manuscrito, sem joalharia e ourivesaria, vestuário, malas, carteiras e agendas ou ainda peças orientais, como as europeia, vidrovenezianoe da Boémia,mobiliário francês, austríaco ou italiano, peças de para banhos terapêuticos na Alemanha, D. Maria Pia foi adquirindo serviços de porcelana realizou entre Paris, Marselha, Viena, Turim,ou Carlsbad, a sua estância termal preferida aquisições e encomendasdepintura em Itália. No decurso das muitas viagens que a rainha Em 1865, ano da primeira viagem dafamíliareal ao estrangeiro, D. Luís faz importantes mais emvogadaEuropa,semesquecerasExposiçõesUniversais. sabemos que D. Maria Pia e D. Luís frequentavam as melhores casas comerciais e os antiquários Através de faturas, documentação, iconografia, cartas, e pelas próprias peças adquiridas, imaginário materialeimaterial. seja umlugardehistórias Palácio NacionalAjuda custodiais que pertencem tambémaonosso É este património, construídopelos seus objetos eas suas memórias, que faz comque o o gosto, as vivências e a memória identitária de uma família, de um rei e de uma rainha. revelam uma escolha, uma herança, um uso, um costume. Nas salas está impresso o tempo, objetos, adecoração dos interiores e a famíliaque o habitou são indissociáveis. Os objetos No Palácio da Ajuda (como nas instituições museológicas classificadas de casa-museu), os Inv. PNA55450 Ca. 1889 – Madrid,1913) Enrique Casanova(Saragoça,1850 do ReinoPalácioNacionaldaAjuda Aguarela doGabinetedeTrabalho Inv. PNA41853 ouro Madeira, Lacavermelhaefolhade Tos, Turim Casa comercialTognacca&Giglio Japão, séc.XIX Bandeja 83 BOLETIM ICOM PORTUGAL Série III Dezembro 2020 N.º 15 84 BOLETIM ICOM PORTUGAL Histórias Custodiais Luís. XAVIER, Hugo (2011),O“Museu numismática de Antiguidades da Ajuda”:eourivesarianascoleções reais ao tempodeD. D. MariaPia (2016), D. VAZ, João Maria Pia deSaboia.Umolhar real. Em: catálogo da exposição Assombro, Portugal-Japão séculosXVI-XX no PalácioNacionalda Ajuda.Em:Catálogo Maria JoséGaivãode(2018) da exposição O Japão TAVARES, 2013. ScribeePalácioNacionaldaAjuda,Lisboa.pp.84-93. monarquia proscrita. Em: SOARES, Clara Moura (2014) Os arrolamentos dos paços reais: políticas da I República na gestão do património artístico da Lisboa. pp.24-37. Em: Ajuda. da Arte de Nacional Mercados e Palácios Museus Palácio do ourivesaria e joalharia de coleções As (2014), Teresa MARANHAS, Nacional daAjuda,28denovembro2013.ScribeePalácioLisboa.pp.54-61. histórica de algumas salas do Palácio Nacional da Ajuda.Em: reconstituição na importância sua a e Casanova E. de aguarelas de álbum do Aquisição (2014), Silveira Isabel GODINHO, Palácio NacionaldaAjuda. do acervo do estudo o para Elementos Sèvres. de souvenirs de souvenirs petits Quelques (2008), Neiva Cristina CORREIA, Murano dacasarealportuguesa BURNAY, Maria João Botelho Moniz (2015),Souvenirsenãosó…Em:Catálogodaexposição Bibliografia ______23/10/2020. em Consultado https://digitarq.arquivos.pt/details?id=4683266. em disponível Ajuda, da Nacional Palácio do Arrolamento APNA 8.6.1.doc.2,1889. 1889”. de outubro de 31 em Ajuda da Palácio real no existentes Luis Dom de falecimento por ficaram que bens dos “Relação Fontes manuscritas ______Revista deHistóriaArte . PalácioNacionaldaAjuda,Lisboa2016.pp.10-146. Actas do Colóquio Museus Palácios e Mercados de Arte. Actas do Colóquio Revista deArtesDecorativas . PalácioNacionaldaAjuda,Lisboa,pp.13-33. , nº8,pp.70-87. . Palácio Nacional da Ajuda, 28 de novembro de 2013. 28 de novembro . PalácioNacionaldaAjuda, Scribe ePalácioNacionaldaAjuda, . PalácioNacionaldaAjuda,Lisboa2018.pp.106-118. , nº2,pp.113–142. Actas do Colóquio Museus Palácios e Mercados de Arte de Mercados e Palácios Museus Colóquio do Actas Palácio Nacional da Ajuda,28 de de novembro Um Olhar Real. A obra Artística da Rainha Ricordo di Venezia - Vidros de Vidros - diVenezia Ricordo Actas do colóquio colóquio do Actas Uma História de História Uma . Palácio on travaillaitoubiencomment onfaisaitlafêtependantcestroisdernierssiècles. perceptibles à travers des éléments qui permettent d`imaginer comment on vivait, comment de villages éparpillées sur le territoire du pays,depuis des millénaires et jusqu`à nos jours, de ces monuments. L`histoire du Musée National duVillagec`est l`histoire des milliers authentiques, spécifiques à chacune des zonesethnographiques et des époques de provenance XVIII le dès et jusqu`au XX traditionnel vie de mode le Roumanie, de rurale civilisation la et illustrer culture pour la techniques installations et églises communautaire, caractère à constructions hectares où l`on a apporté, depuis leurs lieux d`origine, des maisons et des fermes paysannes, Le Musée National du Village“Dimitrie Gusti” est en fait un vrai villagequi couvre 15 qui ontmenéàsafondation.Ilestundesplusanciens muséesenpleinaird`Europe. visiteurs en 2019 – le Musée National du Village confirme quotidiennement la valeur des idées souvent prenant des formes nouvelles. Le musée le plus visité de Roumanie – près de 900 000 reviennent chaque année, preuve que l`art populaire ne meurt pas mais s`enrichit sans cesse, de base la fondation de nombreux autres musées en plein air et un lieu où les maîtres populaires la à trouve se qui modèle un actifs, plus les ethnologique et culturel patrimoine du originale conception Bucarest est depuis, devenu, un des centres de recherches, de restauration et de conservation une suivant et laborieuses recherches de appartenant au Prof. Dimitrie Gusti, le Musée National du Village“Dimitrie Gusti” de suite la à 1936 en Fondé ______public,for the including costumesparade, concerts, etc. workshopsforallagecategories virtual the in available, environment, to visitors and are specialists. The museum is museum also recognized for side the activities organised the of archive digitized process) (in the including documents, artefactsand archived the and exhibited The interest. ethnographical and artistic artefactsof priceless 000 65 and land of Ha 15 of surface a on monuments architectural rural XVIII vernacular/ 380 from exhibiting villages Romania`s in life of Bucharest). team, way traditionalof inhabitants the illustrating them his is of It many 2019, most in and visitors the 000 time (900 Gusti same country the our in in museum Dimitrie beeing visited Romania, of Prof. museums air plein of all for center conservation research and laborious the following The “Dimitrie Gusti” National Village Museum turned since 1936 then a paradigmatic research, restauration in Founded ______“Dimitrie Gusti”deBucarest “Dimitrie Gusti”deBucareste,Roménia Musée National du Village Musée NationalduVillage Diretora doMuseuNacionaldaAldeia ème ice Litrer e e btse a t rcntté t ebé d`objets meublé et reconstitué été a bâtisses ces de L`intérieur siècle. Bref aperçu du Paula Popoiu th to XX to th century by century ème

85 BOLETIM ICOM PORTUGAL Série III Dezembro 2020 N.º 15 86 BOLETIM ICOM PORTUGAL Histórias Custodiais important fondsdocumentaireetd`objets,conservédanslescollectionsdumusée. temps, suite aux recherches sur le terrain,au-delàdupatrimoine construit, a été rassemblé un grands ensemblesdemonumentsd`architecture vernaculaire deRoumanie. Dans lemême plus des un c`est-à-dire monuments, 380 à aujourd`hui arrivés est on 1936, en maisons 29 ainsi pour lesautres air, devenant unmusée-paradigme musées en pleinairdeRoumanie. De la restauration des monuments d`architecture rurale dans les musées ethnographiques en plein Bucarest est devenu ensuite une école dans le domaine dutransfert, de lareconstruction et de paysage d`un village habituel de la Roumanie de l`entre guerres. Le Musée du Village de fontaines, quelque croix votives et un carrousel qui, ensemble, donnaientunaperçu sur le moulins cinq bois, en à vent, un moulin église à eau, une presse à l`huile, une distillerie, une pêcherie, une auberge, six une maisons, 29 Ha, 4,5 sur installées, et musée au apportées été ont 1936 En importants. plus les européens musées des niveau au bucarestois musée le oubliées, tout cela étant mis à disposition grâce à uneinfrastructure modernisée qui place technique et artistique, et des témoins des technologies traditionnelles souvent disparues ou Dans l`enceinte du Musée National du Village est abrité un exceptionnel héritage architectural, de lavilleetdutotaldes visiteurs. important danslaviede Bucarest aussi, auregarddelaproportionimportante d’habitants de connaissance, d’apprentissage, maisaussidedivertissementet jeu. On parle d`un lieu mémoire, maisaussien tant queLIEUoùl`onpeutassouvirsesaspirations debeautéet qui attirentunpublic nombreux.Lemuséevitainsi nonseulemententantquelieude démonstrations decoutumes traditionnels,spectacles demusiqueetdansetraditionnelle des maîtrespopulaires,ateliersd`étépourles enfants, le public detousâgesettouteslescatégories : lafoire Le musée est reconnu pour les activités organisées pour plus de31000volumes etrevuesspécialisés. récemment aménagéedansunespaceapproprié, contient musée, du bibliothèque La spécialistes. des et visiteurs des musée pourlamettreàdisposition,danslemilieu virtuel, projet européen, on est en train de digitaliser l`archive du recherche, desfiches depatrimoineetc. Danslecadre d`un roumaine. Sabasededonnéescomprend aussidesfiches de incontournables sur la civilisation etla culture paysanne le Musée est devenu le dépositaire de témoignages Dans ce contexte, loin d`être un “entrepôt” d`objets, par leséquipes duprofesseurGusti. guerres. Notons également les plus de 10 000 photographies et clichés pris entre 1928-1936 sec du grand photographe Iosif Berman, qui illustrent la vie des paysans roumains de l`entre en 1947. Il conviendra de mentionner ici les clichés sur verre et les photographies au timbre pouvoir, le sur communistes des mainmise la après musée du l`Archive dans sauvegardées documents del`ÉcoleSociologie deBucarest,fondéeparleprofesseur DimitrieGusti et photographies etclichés photographiques, CDs etrelevés. Parmicelles-ci setrouventles Le MuséeNationalduVillageestaussilegardienderichissimes archives dedocuments, Textiles de Céramique, de pièces), 000 15 de plus compte qui et toutes, de précieuse plus (la tant que matérieldocumentairederéférence dans diversdomaines.Les collections de da vida camponesa tradicional da Roménia”),utilisées dans des recherches scientifiques ou en “Objetos l`exposition Lisbonne, de Roumain Culturel l`Institut de siège au 2020, janvier 30 le et 2019 décembre 5 le entre exemple, (par l`étranger à ou Roumanie de galeries et musées souvent inclues sont dans des expositions thématiques temporaires organisées Elles au siège ou dans des 1990. après accélérée grandement villages, des modernisation et développement Il s`agit fréquemmenten voiederapideraréfaction d`objets – voiredisparition – suite au objets de valeurethnologique et artistique inestimable, jouissant souvent du statut d`unicité. Nos collections comptent, suite à huit décennies de campagnes de recherches, plus de 65 000 ou Bois sontgénéralementillustrativespourledomainedelaculturematérielle. conservation. de européennes règles les selon 100% à conçue patrimoine duMuséeNationalVillageest spécifiques. L`organisation desentrepôtsde microclimat etdetraitementconservation qui, diverses chacune àsontour,requiertdesconditions de premières matières de partir à collection objets et les accessoires faisant partie de la À la culture spirituelle sont apparentées les Coutumes . Les objets sont réalisés Costumes Kilims ,

87 BOLETIM ICOM PORTUGAL Série III Dezembro 2020 N.º 15 88 BOLETIM ICOM PORTUGAL Histórias Custodiais do Castelode SãoJorgea19dejaneiro de1959. depois e, até 1958, realizaram-se mais oito tabuleiros, sendo a obra final exposta na Sala Ogival Os primeiros nove tabuleiros, que retratam o centro da cidade,ficaram concluídos dez anos maquetista/decorador Ticiano Violante (edifícios) e do pintor Martins Barata (embarcações). Gustavo de Matos Sequeira, em 1945 (Santos, 2012: 204), que contou com o apoio artístico do A maqueta resultou de umaencomendadaCâmaraMunicipal de Lisboa ao historiador Sequeira, TicianoViolanteeMartinsBarata,1955-1958.MC.MAQ.0005. Fig.1 Pormenorda (Moita, 1971:3). contar a história da capital portuguesa, a partir «de duas realidades: meio geográfico e história» “maqueta” passou a singularizarodiscurso expositivo de ummuseu que tinha por missão 1755 de terramoto ao anterior grande a expor a passou Cidade da Museu então o que em ano 1982, Desde ______singular groupofLisbon’s history. about this established relation notes introductory few a affectiveprovide we article short productions.this In these and visitors the the between of and objects three-dimensional of taste through a city of aspect the visible most representing the is 1755 of Earthquake the before Lisbon of Model reality.Great numeric The this than higher is museum the of sites various the in approaches exhibition the forrelevancy its but objects), apparently(292 is small Models of collectionLisbon’s of Museum The ______O gosto pelarepresentação a coleção de maquetas do a coleção demaquetas tridimensional da cidade: dacidade: tridimensional Maqueta deLisboaanterioraoterramoto de1755 Maqueta Historiador da Arte. Museu de Lisboa Museu deLisboa (MC.MAQ.0005) (FIG.1), que a tipologia de objeto museológico Paulo AlmeidaFernandes (entreoTerreirodoPaçoeRossio).GustavodeMatos Foto JoséAvelar/MuseudeLisboa,2017 Maqueta de Lisboa de Maqueta Matos Sequeira realizouamaqueta, o museumultimédia àquele avançou parauma abordagem corrigir e atualizaralgumainformação que não eraconhecida na época em que Gustavo de de Lisboa anterior ao terramoto de 1755 Em 2010, o então Museu da Cidade concluiu um projetodeinvestigação exaustiva da arquitetura outrechodecidadeimaginadas. como conceberammentalmenteasua peça o objetorepresentadopelaprimeiravez, de Não são meras realizações instrumentais, pois aformacomoos seus revelam autores viram denunciam os respetivos e irrepetíveis processos de investigação, de reflexão e de construção. autoral, etc. simulação, referência: genuinidade,rigor,abordagem As maquetas convencionais afetiva estabelecida entre materialidade e através observador, de um conjunto de valores de O sucesso das maquetas enquanto tipologia de objetomuseológico situa-se numa dimensão Sousa eBonifácio,2002:180). escala numa e reduzido conveniente, deumaformaouobjectoque se pretende construir ou fabricar» (Rodrigues, tamanho em «modelo, ou 150) 1985: (Teixeira, etc.» urbana, área escultura, construção, uma de escala à feito modelo ou tridimensional «esboço como definida evoluiu. Emduasobrasdereferência acerca do léxico histórico-artístico atual, maqueta é a trabalhos de arquitetura urbanístico, talcomoopróprioconceito e deplaneamento do termo longo do século XX (Duarte, 2016: 36-37). Hoje, o objeto maqueta é imediatamente associado urbanistas, só se impôs mais tarde, naviragem deséculo, tendo-se tornado prevalenteao arquitetónicos, ou comoinstrumento de síntese dos processos criativos de arquitetos e de como modelosenãomaquetas. A utilização do termomaqueta para representação de projetos de arquiteto não parecia imediata, preferindoestes referir-se às suas propostas tridimensionais altura, as maquetas eram jábastante a sua utilizadas, relação com oofício mas, paradoxalmente, servem os pintores para designar os seus primeiros esboços» (Rodrigues, 1875: 251). Nesta esculptura, que intentamexecutar; do mesmotermoha muito usado pelos nossos artistas, se esboço que os esculptores em barrooucera,dealgumaestátua modelam ou outraobrade pequeno e «primeiro como definido foi maqueta termo o portugueses, técnicos dicionários -, ou de propostas para concursos de monumentosparaespaços públicos. Num dos primeiros realizada por Possidónio da hoje Silva, no Museu Arqueológico do Carmo (Costa, 2005: 515) pedagógicos e deexploraçãohistória da arte comparada -comoaAcrópole de Atenas, No século XIX, arealizaçãodemaquetas foi um recurso para atransmissão de conteúdos contemporâneas derepresentaçãohistóricaemodelaçãodigitalaonossoalcance. maqueta. O sucesso deste tipo de materialização é até anacrónico, face às múltiplas formas tem um acervode100.000 objetos, agrandemaioriados quais bem anteriores à conceção da de conteúdos e desensações, sejaaindaumadaspeças mais relevantes deummuseu que Pode parecer estranho que uma realização assim datada e estática, limitada na transmissão o objetomaisprocuradoporquemvisitaMuseudeLisboa–PalácioPimenta. cidade –,foramfatores que determinaram o estatuto de obracimeira, constituindo, ainda hoje, que causava (ecausa) nos visitantes – mesmo aqueles menos familiarizadoscomahistória da reconstituição (na de umacidadeparcialmentedestruídapeloterramoto1755) e oimpacto a relevânciadainvestigação exposição, mas asuagrandiosidade, que presidiu à suarealização Aquela impressionante maqueta não eraaprimeiradoacervomuseu,nemmais antiga em itinerários temáticos específicos,acompanhados delocução. é possívelampliaroconhecimento sobremonumentos emblemáticos da cidade epercorrer robôs deiluminaçãodirecional, interligados em sistema dinâmico deseleção de conteúdos, com opúblico. Neste momento, através dedoisquiosques multimédia, umvideowalledois objeto, nosentido de torná-lomais dialogante e adaptado às exigências atuais de mediação . Para ládos méritos científicos desse estudo, que permitiu Maqueta Maqueta 89 BOLETIM ICOM PORTUGAL Série III Dezembro 2020 N.º 15 90 BOLETIM ICOM PORTUGAL Histórias Custodiais O LugardoTorreão.Imagem deLisboa (Atelier 15 e Manuel Gaspar, 2019, ML.MAQ.0286), exposta pela primeira vez na exposição de maqueta a Comércio, do requalificação e adaptação do Praça Torreão Poente da da Praça do Comércio Poente para núcleo do ML-Torreão Museu de Lisboa no e MC.MAQ.0285); 2014, Bicos, a proposta de teatro do central parte atual topografia na implantação sua maquetas as Romano, ML-Teatro no MA.MAQ.0001); 2014, Manuel D. de época na Cidade da Senado do Casa e António Santo de privilegiado tambémaintegração demaquetas: noML-Santo António,ada A renovação das exposições de longa duração dos núcleos do Museu de Lisboa tem entre 1906e1926pelobombeiroLuizCaetanode Carvalho. projetos, a que se associa a exposição, já programada para 2021, da ’98 Expo da de pessoal. As exposições é alheia a integração de um recurso humano com formação específica na área no quadro exposições temporárias e de iniciativas que salientam algumas peças do acervo, a que não Não obstanteestesconstrangimentos, oMuseudeLisboatempromovidoumconjunto volumétricos), e,poroutro,oacesso diretoaosobjetos. por umlado,aotimizaçãototaldoespaço dareserva (desuperfície, mastambémemtermos tem sidocriar caixas individuaisrígidasecolocá-las emestantesindustriais, permitindo, por vezes, esferovite), cria tambémdesafiosdearmazenamento.Apósoseurestauro,aopção fragilidade dos seus materiais constituintes (gesso, cartão, madeira, cartolina, papel, têxtil e, raramente poderãosairdomundodasreservas. Afrequente grandedimensão,aliadaà (Telheiras, Lumiar, 1989, MC.MAQ.0229), esta com quase quatro metros de comprimento, Panorâmico a sua fruição por parte de um público especializado, mas maquetas como a do constituição deumareservavisitável,noedifício dareservacentral domuseu,permitirá grande dimensão,nãotêmoportunidadedeintegrarexposições temporárias. Arecente Uma coleção assim rica e diversa cria vários condicionalismos. Muitas maquetas, pela sua atual Parque dasNações eseusmais icónicos edifícios. que e 2003, em revelam grandepartedotrabalhodearquitetosportugueseseestrangeirosparaacriação do acervo no incorporadas (64), EXPO Parque da procedem que maquetas as são importância particular De (54). Lisboa de Urbanismo de Pública Empresa – EPUL temática as maquetas realizadas no seio da Direção de Serviços de Urbanismo (111) e da de Lisboa, no âmbito da arquitetura e do planeamento urbanístico. Inserem-se nesta Os principais grupos procedem de áreas específicas de atuação recente da Câmara Municipal de proveniências, deestado deconservação, derelevância discursiva. sintonia aparente a e cronológica, é, na verdade, uma coleção que se caracteriza por reduzido uma assinalável diversidade: número seu o obstante Não arquitetos. ou artistas 64 de Esta coleção documenta otrabalho de 32 maquetistas (em nome individualecoletivo) e 2020. de ano o e XX século do inícios os entre situados cronologicamente espécimes, 292 tem trabalhadoacoleção demaquetas doseuacervo. Naatualidade,estenúcleo contempla 1755 é apenas uma dimensão (porventura a mais visível) da forma como o Museu de Lisboa A crescente associaçãodeconteúdos digitaisàmaqueta deLisboaanterioraoterramoto (CentrodeInterpretação doUrbanismodeLisboa,2018)foramalgunsdesses Mnat, efc, 97 M.A.16, u do a ou MC.MAQ.0176), 1967, Benfica, (Monsanto, (CarlosCabralLoureiro,2015,MLTR.MAQ.0002); noML-Casados reconstituição da Casa dos Bicos no século XVI século no Bicos dos Casa da reconstituição A Lisboa que teria sido teria que Lisboa A (Carlos Cabral Loureiro, 2015, MLTR.MAQ.0001) e da (MuseudeLisboa,2019). (Museu de Lisboa, 2017) (FIG.2) e do teatro romano de Lisboa e Lisboa de romano teatro do Maqueta Maqueta de Lisboa (Carlos Cabral Loureiro, (CarlosCabralLoureiro, aqe o Príncipes dos Parque Igreja e Real Casa Restaurante realizada 20 anos 20

ao terramotoem1982.(FIG.3) continuador doMuseu da Cidadeeopção em exporagrandemaqueta de Lisboa anterior discurso do museu e umaassumida ligação à herança histórica do Museu de Lisboa enquanto prevê-se aintegração projeto, de 21 maquetas, o que constitui uma marcadiferenciadorado Neste ’98. Expo à até habitantes primeiros os desde cidade da urbana evolução a explorar a renovação daexposição de longaduração do Museu de Lisboa – Palácio Pimenta, dedicada A maiorrelevânciadeste tipo de objeto nosdiscursos expositivos está para a reservada MC.MAQ.0015. Fig. 2 bombeiro LuizCaetanodeCarvalho, aocentro. CariátideseMuseu de Lisboa,2019. Fig. 3 Construção da maqueta para a renovação da sala 25 do Museu de Lisboa – Palácio Pimenta, com a Parque daLiberdade. Parque Foto JoséAvelar/MuseudeLisboa,2017(exposição RaulCarapinhaeLuísAugustoDuarteSilva,1922.Gessocartãosobremadeira. A Lisboa que teriasido A Lisboaque , 2017) Foto JoséAvelar/MuseudeLisboa,6junho 2019 Maqueta de Lisboa Maqueta do do 91 BOLETIM ICOM PORTUGAL Série III Dezembro 2020 N.º 15 92 BOLETIM ICOM PORTUGAL Histórias Custodiais TEIXEIRA, LuísManuel,1985– Moeda. Mário Berberan e,2012 SANTOS, – Lisboa: Quimera.3.ªed. Pedro Fialho RODRIGUES, de, BONIFÁCIO, SOUSA, Maria Horácio, 2002 João, – Imprensa Nacional. RODRIGUES, Francisco de Assis, 1875 – Municipal deLisboa,policopiado(ML.ESP.DOC.5935). – [1971] Irisalva, MOITA, Tese dedoutoramentoemArquiteturaapresentadaàFaculdadedaUniversidadeLisboa. DUARTE, JoãoMiguel Couto, 2016 - Lisboa: AssociaçãodosArqueólogosPortugueses,pp.513-515. 2005 Vaz, – Coleções Sandra oitocentistas. COSTA, In Bibliografia ______Almeida, RosárioDantas(MuseudeLisboa) Aida Nunes,Carlos Cabral Loureiro, David Felismino,Henrique Carvalho, MargaridaAlmeidaBastos, Rita Fragoso de Agradecimentos ______Fundamentos antropogeográficos para um programa do Museu da Cidade de Lisboa. de Cidade da Museu do programa um para antropogeográficos Fundamentos Dicionário Ilustrado deBelas-Artes. Gustavo de Matos Sequeira. Retrato de um olisipógrafoum Retratode Sequeira. Matos de Gustavo Para Representação e projecto de objectos uma arquitectónicos definição de maqueta. Diccionario technico e historico de pintura, esculptura, architectura e gravura. e architectura esculptura, pintura, de historico e technico Diccionario Construindo a Memória. As colecções do Museu Arqueológico do Carmo do Arqueológico Museu do colecções As Memória. a Construindo Lisboa:Presença. Vocabulário técnico e crítico de arquitetura. . Lisboa: Imprensa Nacional Casa da Lisboa: Câmara . Lisboa: Lisboa: .

Fresco &Cadeirão, 2012 |AInvenção da Memória |© JoãoPaulo Serafim À Conversacom... 93 BOLETIM ICOM PORTUGAL Série III Dezembro 2020 N.º 15 94 BOLETIM ICOM PORTUGAL Histórias Custodiais meios, nempessoal superior,sópessoal auxiliar.Mas,fuiconseguindo fazer. a fazertudo e sabe-se o trabalho que cada tarefa tem para ser feita sem meios. Eu não tinha também nãotinha. Nós tudo, deAaZ. fazíamos Não émauparacomeçar porque se aprende Conto isto só para explicar que quando as pessoas se queixam que não têm colaboradores, eu capacitação parafuturoslugares dedireção. equipas que diferentes desenvolvam tarefas dentro doMuseu, ganhando assim uma excelente extrema, porémgostaria de dizerque acho útil que os Técnicos em iníciodecarreira integrem situação uma é 1972, em passou se que e ficção, parece hoje que narrativa esta que evidente É limpeza etarefas mais delicadas. Até então os Contínuos tambémse encarregavam dalimpeza. curiosas. Não havia mulheres, as primeiras vieram comigo e passei a dar-lhes os serviços de Palácio antes da implantação da República e contava histórias das vivências da casa muito eu pedia nas ajuda tarefas mais diversas. Um deles,curiosamente, ainda tinha trabalhado no específicas valências suas nas quem a e trabalho de local seu do gostavam que classe, 4ª a com Felizmente haviaumgrupodehomens,muito interessados, comacategoria de Contínuos, Conservador queeraequiparadoaTécnicoAdministrativodeSegundaClasse. acreditar que tivesse sido possível. Oúnico técnico superior nos Palácios Nacionais era o De facto, quando olhamos para trás e nos lembramos daquilo que vivemos, nãoqueremos catalogados. Haviaarrecadaçõescheiasdecadeiras,mesas,etc.Eraumnãoconceito. correctamente serem sem integrados foram ou 1910 desde ali estavam objectos os inventário, difíceis e muito diferentes dos de hojeemdia,que espero que não voltem.Opalácio não tinha Nacional da Pena e eu candidatei-me, foi o meu primeiro trabalho (1972). Eram tempos muito Assim que acabei o curso de História e o curso de Museologia abriu um concurso para o Palácio com aUniversidade. e aespecialização em Museologia no Museu Nacional deArteAntigaque tinha uma parceria na FaculdadedeLetras da UniversidadedeCoimbranãohaviaHistória da Arte. Fiz História a visitar museus. Desde que me lembro sempre quis fazer História da Arte quando me licenciei e quando eramos a viajar pequenos, íamoscomosnossos eu passavaavida pais a todoolado, Conservador doPalácio Nacional de Mafra,doPalácioNacionaldaAjuda.Nomeutempo, sido conservador do Palácio Eu nasci no meio de gente das artes. O meu avô morreu na Guerra de 1914, era italiano e tinha Ulgueira, 25deSetembro2020 Pitti , em Florença. O meu pai era historiador de arte, pintor, foi Entrevista realizada por Sofia Marçal Museóloga eGestoraCultural Simonetta LuzAfonso À Co nversa com sistema nacional deensinoeforamintegrados naUniversidade NovadeLisboa. lo a Escola de Conservação. Cerca 10 anos mais tarde estes Cursos passaram a fazer parte do das JanelasVerdes,cedido pelaCMLpor25anos,ondefizemosgrandesobras eadaptámo- azulejo, pintura , a talha, metais e vitral. Conseguimos ter o Palácio Pombal na Rua como é o caso do mobiliário, dos documentos gráficos, (papel, pergaminho, encadernação), Estes cursos cobriam todas asáreas,nãosóqueoInstituto játinha, como áreasnovas, testemunho paraofuturoeassimfoipossível. a nãoserotrabalhoquotidiano deles,masnãoteriam apossibilidade dedeixaremoseu ICCROM. O Estado tinha investido naquelas pessoas e não iria retirar nenhum benefício estavam tinhamtodasidofazerformaçãoaoestrangeiro, aParis,Roma,Bruxelas,ao O Instituto JosédeFigueiredoeraumaescola importantíssima porque aspessoasque lá criaram assuaspróprias“oficinas”. restauro bem-sucedidos, estãonosquadros doEstado ounosistema privado,ondealguns É muitointeressanteolharparaestesalunosque sãoagoratécnicosdeconservação e reformar, porissoessefoiomomentochave. Tínhamos no Instituto José de Figueiredo técnicos altamente qualificados, mas que se iam qual seria a carga teórica dos cursos, da física, da química, do laboratório e a carga prática. Foi feitaumaexperimentação com osprópriosalunosparapercebermos oquepodiafalhar, todo esteprocesso, poispodeparecer quefoitudomuitofácil. anos e é importante que estas coisas fiquem registadas para que as pessoas saibam como foi 40 30, há de falar a Estamos técnicos. velhos dos prático conhecimento o e prima matéria Instituto José de Figueiredo foi muito importante, porque era ali de facto que estava a Mas voltando aos cursos de Conservação e Restauro, o facto de terem sido realizados no Membros. e sanear financeiramente a instituição que depende da contribuição anual dos Estados repensar a nível mundial a formação de Técnicos de Conservação e Restauro do Património tendo então sido tomadas medidas importantes tendentes a dar um novo rumo à organização, Anos mais tarde (1995-97), fui eleita Presidente da Mesa da Assembleia Geral do ICCROM, intervenções ulteriores. conservação preventiva,poiséprecisamenteaquique sedeveinvestir,evitandodispendiosas e RestaurodeBensCulturais) quedáformação atécnicos ligadosaoPatrimónionaáreada preventiva. FuialunadoICCROM (CentroInternacional deEstudos paraaConservação Na minhaformaçãodeConservadoraMuseuinteressei-memuitopelaconservação património, principalmente paraprevenirasuadegradação. as pessoas paranovasprofissões. Éfundamentaltermos genteformadaparatrabalharo tinha sidohápouco tempoehaviaumMinistériodoTrabalhocom vontadedecapacitar Abril de 25 O 1981. em Trabalho, do Ministério o com parceria em implementados foram Português deConservaçãoeRestauro. Essescursos foramextremamenteimportantese instalar osCursosdeConservação eRestauro noInstituto JosédeFigueiredo,agoraInstituto Esses anosmuitoricos sóforaminterrompidosporumperíodoemque euestiveadirigire quando fuidirigiroInstituto PortuguêsdeMuseus. 1991,até 1974 desde anos, muitos passei Ali Queluz. de Nacional Palácio ao candidatei-me O Palácio Nacional da Pena ficava um bocado longe do sítio onde eu vivia que era Lisboa e 95 BOLETIM ICOM PORTUGAL Série III Dezembro 2020 N.º 15 96 BOLETIM ICOM PORTUGAL Histórias Custodiais nasceu oprojeto” AEscolavaiaoMuseu.” histórias do Palácio e dos Jardins, incentivando alunos e professores a vir até nós, e daqui equipe que visitava as escolas com um projetordediapositivos debaixo dobraçoe contava Aproveitando acelebração do Dia Internacional da Criança conseguimos criar uma pequena Queluz! Foiprecisodarum primeiropassoemudarmentalidades. sucesso associado à visita gratuita ao Palácio. Afinal o Palácio podia ser dos habitantes de A Música no Palácio,AMúsica nos JardinseaMúsica na Capela,que foram desde logoum Músicos e também deMúsicos conceituados, um programa musical para todas as estações - Criámos com a colaboração das Bandas de Música e Grupos Corais do Concelho, de Jovens lazer,”concorrendo” comosCentrosComerciaisentretanto surgidosnazona. os Domingos, dias em que as de casa mães defamíliaedonas trabalhadoras tinham o seu Ao mesmo tempo criámos programas de entretenimento para as famílias, privilegiando fruir, incluindo-onosseuslazeres. tornaram oPalácio próximo da população que o passou a frequentar, a respeitar e a saber aproximação às crianças, aos pais e aos professores, os programas que criámos para eles, E assim foi, até que foram construídas novas escolas e que terá levado uns bons anos. Esta servir estedesígnio. segurança dos Chefes de Estado estrangeiros, convidados doPaíseque podiam perfeitamente suficientes, mas o Palácio tinha numa das alas boas instalações usadas pela GNR quando fazia a escolar que crescera exponencialmente numcurto de poucos período meses. Não haviaescolas E a oportunidade surgiu quando foi preciso encontrar espaços alternativos para uma população era precisotrabalharcomapopulação. não eraparaelas,os Turistas. Havia umdesencontro entre apopulação e opalácio, Queluz era um subúrbio de Lisboa, onde as pessoas não iam ao Palácio porque achavam que Ao Palácio Nacional de Queluz cheguei no dia 2 de Maio de 1974, em plena época revolucionária. estes problemasecomosespecialistasencontrarassoluções. natural e as pessoas têm que estar motivadas e preparadas para saberem diagnosticar todos que se repercutem na conservação das colecções. Existem porexemploproblemascomaluz Mesmo num museu construído há 50, 60 anos, existem problemas deconservação do edifício fundamental saber-secuidardascoleçõesedoedifíciocomoumtodo. fazíamos fichas a cuidar de inventário,mas não aprendíamos do património edificado. É Museu Nacional deArteAntiga formação prática. não haviagrande Tínhamos aulasteóricas, também pelaminhaprópriaexperiência,porquenocurso de Conservadoresdo aprendendo Eu costumo dizer que não assentei o que mas sim é onormal.Fui em soldado, praça emgeneral, problemas doquotidiano. mais temos menos meios, temos que voltar a saber utilizar a prata da casa para resolver estes podem parecerridículas,nãoosão,porque fazem parte do quotidiano da casa. Como cadavez entupida que pode provocarinfiltrações e fazer cair o teto. Estas noções rudimentares que do museu não oferece condições, por vezes são coisas sem importância, como uma caleira atemperatura eahumidaderelativanãosão bem. Quando as desejáveis. Quando oedifício é saber fazero diagnóstico e ter a capacidade de perceber quando uma obra de arte não está a noçãovasta de todoopatrimónio,comoelese conserva epreserva. Não éfazerrestauro Na minha cabeça a conservação é um todo,isto é, umConservadordeMuseu tem que ter artifício, ora dançando naEscadaria Robillion. ouvindo umas“Modinhas”, orapelosJardinsassistindoaumespectáculo de fogopreso era dinâmico eaprópria “Corte” convidava daMúsica, opúblico asegui-la,orapelaSala novas perspetivas, pontos de vista e leituras da arquitectura e dos Jardins. O espectáculo se sentisse parte, uma vez que o cenário era o próprio Palácio iluminado à noite, dando recriavam uma noite de festa na Corte no século XVIII, como permitiram que o público de D. MariaI,duranteomêsdeJunho.Eassimnasceram AsNoitesdeQueluz,quenãosó noite deFestanoPalácio, porocasião dacelebração do onomástico deD.PedroIII, marido Dos resultadosdapesquisa emArquivosnasceu aideia derecriar oque teriapodidoseruma daquela importância. consentâneo com as necessidades educativas e culturais de um edifício e de uma instituição Quando transitámosparaoMinistériodaCultura passámos aterumorçamento mais que darumorçamento paraofuncionamento básico, ousejaserviços dehigiene e limpeza. do patrimónioEstado,ouseja,Ministério das Finanças que nãoseocupava maisdo Os palácios finalmente passaram para a tutela do Ministério da Cultura, saíram da tutela Museu ainformação eformação devidas. objetos ecom umembriãodevisitasguiadas,aomesmotempoque demosaosGuardas de lacuna com acolocação detextosnassalasexposição, com identificação dosespaços edos explicação, davamoseumelhor, masnão tinhamformação paraofazerem.Suprimosessa quotidiana noPalácio. Nessaalturaeramosvigilantes que se encarregavam defazera Quando eu cheguei ao Palácio de Queluz não havia um único texto que explicasse a vida tinham-me atribuídocolaboradores deníveltécnico. As colecções existem, mas não falam, é preciso pôr a falar as colecções. Entretanto, finalmente louça utilizados,etc. se divertiam,quandotinham festas, oquecomiam, ondecomiam, quais eramosserviços de a documentação para perceber como se vivia o quotidiano do palácio, o que faziam, quando montado como se fosse a uma casa saber quem eram os seus habitantes. Fui trabalhar toda Foi nissoquemeempenhei.Achei queeraimportanteparaopúblico que vaiaumpalácio, e doquotidianodaCasaReal. Tombo, no Arquivo doTribunaldeContas, não nos podemos esquecer que se trata da vida se emvários arquivos: no Arquivo Histórico do Ministério das Finanças, na Torre do O Palácio Nacional deQueluztemumadocumentação vastíssima.Nessaalturaencontrava- base fundamentalparapodermoscriarnarrativasàvoltadosobjectosouespaços. povo. Interessei-me muitoporestapartesocial. Nãodescurando aoutraqueéinvestigação, O museu também pode educar, também pode socializar, tudo isso faz parte da cultura de um para mim. com elesnacamioneta ecorreu tudobem recordaçõesdaí paraafrente. muitofortesSão de carreira nãoosqueriamtransportar porseportaremmal.Faleicom osmotoristas,fui Tive uma experiência muito interessante com esses miúdos, os motoristas das camionetas tinham maisnecessidades, maisdificuldadesnaEscola, maisdificuldade deintegração. um trabalho muitointerativo.Osmiúdoseramescolhidos pelasprofessorasdeentreosque trabalhavam os ateliers do princípio ao fim, contavam uma história, faziam os cenários, era palácio tambémtemjardins, nóscomeçámos acriarateliersnas fériasparaos miúdos. Eles Comecei portrabalharmuitoessa áreadaeducação, daEducação pelaArte.Comoo 97 BOLETIM ICOM PORTUGAL Série III Dezembro 2020 N.º 15 98 BOLETIM ICOM PORTUGAL Histórias Custodiais é cultura, foiumalinhaque abrimoseque pouca gentetinhafeitoatéentão. A melhormaneiradese entender umaépoca, umedifício, évivê-lo. Agastronomiatambém gosto doséculoXX,sem as deturpar. conjunto foram preparadas ementas partindo das ementas antigas que foram adaptadas ao culinária e da gastronomia e é um conceituado investigador de gastronomia portuguesa. Em restaurante tinha um Director, Vergílio Gomes, que era muito entendido na história da trabalhada com o restaurante Cozinha Velha que estava nas instalações do Palácio. O que aguardavamháanosporesteinvestimento prioritário. Ojantartinhaumaementa As receitas provenientes desta atividade destinavam-se a recuperar os telhados do Palácio, Poderia sertambémumaorquestra,conforme os meiosdequeasempresasdispunham. Poderia ser o Pedro Caldeira Cabral a tocar guitarra portuguesa, muito à época do Palácio. empresas que ofereciam aos seus clientes um jantar com um programa cultural obrigatório. os telhados muito deteriorados. Conseguimos autorização para fazer jantares de gala com O Palácioestavamuitonecessitado deobras,aSaladoTronoedaMúsica tinham de conservação. receitas iamparaoOrçamento do Estado e voltavam a serinvestidasnoPalácio em projetos Quando transitámos para o Ministério da Cultura foi possível arrecadar as receitas, isto é, as outras crianças menosfavorecidas. um grande sucesso e gerava receita que nos permitia pagar aos monitores visitas guiadas a uma vénia, como se cumprimentava, ou seja, eram tambémaulas de boas maneiras. Foi ensinávamo-los como se deveriam comportar se estivessem no século XVIII, como se fazia dos anoseraoReiouaRainha edepoistinha aCôrtetodaque eramos amigos. Nós Nunca se tinham feito festas de anos nos museus para as crianças. O menino, ou a menina Também tivemos uma outra vertente muito interessante que eram as festas de anos infantis. monumentos aopúblico nãonasceu derepente,foi-sefazendo. É importante que as pessoas percebam que toda esta evolução da aproximação dos quarenta anos. Não poderiacontinuaraserassim,hojeemdiaoturismoédiferente,estamosfalardehá para o Palácio Nacional da Pena com o tempo contado para ainda irem ao Cabo da Roca. que vinhamemcamionetas,visitavamcom as guias,depois iamparaoPalácio deSintrae público português. O Palácio Nacional de Queluz era quase só visitado por estrangeiros Foram estas as grandes manifestações que conseguimos organizar para atrair o grande de Queluz! Sintra. UmbelodiamudouoPresidentedaCâmara,acabou-se oapoio,acabaram asNoites o apoio da Câmara Municipal de Sintra, que também já promovia o Festival de Música de o Nuno e eu pedi-lhe se ele poderia fazer o guarda-roupa das Noites de Queluz. Tivemos A Marquesa de Cadaval que era uma grande amiga do Palácio de Queluz apresentou-me que infelizmente já morreu, trabalhava com o Maurice Béjart e no Verão vinha a Portugal. alunos do Conservatório. Tivemos um grande encenador e coreógrafo, o Nuno Côrte-Real, Demos trabalho a jovens que hoje são figuras do teatro ou da dança, mas nessa altura eram do cerimonial, dosefeitosdeiluminação noturnaavelas ouarchotes. edifício, daarquitetura,dassuasvivências, damúsica daépoca, dosdivertimentos,dotrajo, E assim, digamos, sem esforço, o público tinha ocasião de entender uma nova dimensão do Idade Média à Contemporaneidade. prestigiados museus da Bélgica cobrindo a e arte da Holanda, e a cultura portuguesa desde a edição de 1991 e eu tive a honra e o privilégio de comissariar as Exposições realizadas (19) em Portugal que tinha para a entrado recentemente na UniãoEuropeia,foioPaísconvidado União Europeia. Antuérpia, Mons, Gent, ou Bruxelas, destinado a dar aconhecer o Paísconvidadonasede da arquitetura, fotografia, design, gastronomia que tinha lugar em várias cidades da Bélgica como A Europália era umgrandeFestival de artes, ciência, cultura, literatura, música, teatro, dança, foi tambémfacilitadoporumtrabalhoanteriorque tinhasidorealizadoparaa computadores pelos museus. Fizeram-se as fichas informáticas do património,mas tudo isto sistemática. Os museus não tinham computadores, foi a primeira vez que se distribuíram Criámos jovens equipas de universitários para começarem a trabalhar em inventariação poderiam sairdopaísanãoseremsituaçõesmuitíssimoespeciais,osTesourosNacionais. inventariado, assim como a identificação das obras dearte que nós considerávamos que não que não estavafeito. Íamos entrarparaaUniãoEuropeia e tínhamos que ter o património Aproveitámos os Fundos Comunitários para fazermosogrande InventáriodoPatrimónio dos projetos que tinham em mente, mas que por falta de meios tinham ficado na gaveta. Consegui dar aosdiretores dosmuseus bastantes meios para que se realizassem muitos Sul ficavaemÉvora,sóLisboatínhamos10museus. o país, do sul ao norte do museus, 29 tutelava IPM O recém-criado. Instituto, desse directora Entretanto para dirigir fui convidada oInstituto Português de Museus e fui a primeira marketing, omecenato,adivulgação,publicaçãoeedição. Existiram várias frentes que eu nesses anos trabalhei, a investigação, o estudo, a promoção, o me permitiuteorizarmuitasdasiniciativasquenapráticajárealizava. muito Columbia nosEUA. interessante, Foi umaaprendizagem com novasperspetivas e que da Cultura noInstituto Nacional deAdministração em colaboraçãocomaUniversidadede ocasião proporcionou-se com o1ºcurso de Gestão Cultural criado pelaSecretaria de Estado na União Europeia. Eu senti necessidade de meatualizar em termos de gestão cultural e a Muito mudara nestes anos naeconomiaesociedadecom o 25 de Abrileaintegração feito. Comotrabalhobemfeitonãosedesvirtuaaideiainicialetambémfazpedagogia. sem desvirtuar a ideia inicial. A grande diferença é um trabalho bem feito ou um trabalho mal A sociedade contemporânea éfeita de marketing eépreciso saber-se entrar nesse meio, mas visibilidade pretendida. aliar a atividades culturais ou defesa do Património conferia-lhe outro estatuto e dava-lhe a diferentes dos dehoje,aBancatinha muitos meios para investir em promoçãoe o facto de se pessoas a trabalharLei do Mecenato e tivemos grandes alegrias. Eram tempos muito Entretanto saiu a Lei do Mecenato o que também foi muito importante. Fui das primeiras passagem peloPalácioNacionaldeQueluzdeu-metempoparatestartudoisto. ponto elas funcionam, se os outros as entendem, as absorvem e se se integram nelas. A minha trabalhar as ideias e concretizá-las. As ideias podemos até tê-las, temos é que saber até que feliz durante todaa minha vida profissional, onde estive mais tempo, o que me permitiu O Palácio Nacional deQueluzfoi o meulaboratório,foi o lugarondetalveztenha sido mais Europália 91 . 99 BOLETIM ICOM PORTUGAL Série III Dezembro 2020 N.º 15 100 BOLETIM ICOM PORTUGAL Histórias Custodiais e internacional. Houve todoumtrabalhoarticulado que deixou muitos frutos e hábitos de colaboração nacional e emtrocadesteproduto encomendaram grandesretábulosflamengos. por causa os belgasadmirados da suaescala. deixaram A Ilha da Madeiraerarica,tinha açúcar Madeira emóptimoestado deconservação.peças pinturas São sobre madeira,belíssimas que barco, efoitratadanoInstituto José deFigueiredo. Depois foi paraBruxelas, regressou à restaurámos Por exemplo, apinturaflamengadaIlha da Madeiraque veio paraLisboa de confiança. muitas reservas, foi preciso um grandetrabalho de persuasão através do estabelecimento de exposição. Não foi fácil porque alguns colecionadores muitas levantavam dúvidas, tinham ganhassem confiança no Estado, a quem poderiam emprestar as suas obras dearte para uma às pequenas igrejas, aos pequenos museus de província. Fez com que os colecionadores Em relação ao nosso país aEuropália teve umaenorme importância porque levou as pessoas existia, umturismocultural. Claro que no anoseguinte tivemos maisemelhorturismo, tivemos um turismo que quase não Europa comamesmalínguaeomesmoterritório. a conhecer culturalmente, parasermos reconhecidos como umdospaísesmaisantigos da Tínhamos entradoparaaUniãoEuropeia dar-nos há pouco tempo eerafundamental Nacional deFotografia. ficou trabalho que fotografado, se adiantou aopróprioinventárioefoipreservadonoArquivo numa primeirafase 17500, das quais foram expostas 2500. património português O grande Por outro lado, foi feita a fotografia sistemática de todas as obras de arte que foram selecionadas, transporte, àmontagemdasexposições,aoscatálogos,tradução,edição,comunicação. do A ao àconservação Z, desde a embalagem preventiva, aotransporte, as decisões sobre o nunca tinham tido essa experiência e que teve ocasião de aprender a montar uma exposição O trabalho que precedeu estas exposições permitiu-nos criar equipas com gente jovem que equipa detrabalho. a Idade Média à atualidade. Para cada exposição convidávamos umespecialista que criava a sua Percorremos o país de norte a sul e com o património identificado criámos 19 exposições desde num tempomuitocurto.AEuropáliafoiem1991enóscomeçámosatrabalhar1988/89. foi a pesquisa prévia que permitiu fazer umtrabalho enorme delevantamentodopatrimónio A parte mais interessante para mim da Europália, além da realização e conceção das exposições, Portugueses paraariquezaeimportânciadoseupatrimónio. feito um eventocultural desta dimensão foradopaís,poroutro “ acordou” de certa forma os A Europália teve um papelmuito importante para anossa cultura, por umladonunca se tinha Museus renovadosemodernizados. museografia contemporânea e os visitantes sentiam a necessidade de ver as obras de arte em da luz de anos a 1991 em estava Portugal Porque Porquê? Coimbra. em Castro de Machado se repetissem em Portugal, no Museu de Arte Antiga, no Soares dos Reis no Porto ou no das Exposições realizadas naEuropalia. E curiosamente os portugueses “exigiram “que de prestigiados museus de Paris,Madrid,Washington ou S.Diego para receberemalgumas O interesse suscitado por este Portugal quase desconhecido culturalmente, originou convites famílias, depausa nofimdodiaatribulado detrabalho,enfimtambém depazespírito. deaproximação aoBelo,umlugardeencontroconsigo de aprendizagem, próprio ecomas condições de conforto, que os levassem a voltar e a considerar o museu para alémdeum lugar transmitimos também anossapreocupação com osvisitantes, para os quais era preciso criar importância do papel doedifício na conservação e valorização dopatrimónio exposto, Às excelentes equipas de arquitetos, alguns,experientes jovens outros, paraalémda Museu dosBiscainhosemBraga,dasTerras deMirandaemdoDouro. Museu de Évora, o Museu Machado de Castro em Coimbra, Museu de Grão Vasco em Viseu, museus de Lisboa e nosprincipais museus do País,comooAbadedeBaçalemBragança, E assim conseguimos candidatar as reestruturações e modernizações necessárias nos 10 deficiente, oapoioaosvisitantesescasso. também não existia, a climatização era obsoleta, a museografia ultrapassada, a iluminação Não tinha uma sala de exposições temporárias, o sistema de alarmeincêndios e de intrusão desde a para osprincipais museus. Direcionámos verbas paraoMuseu Nacional deArteAntigaque como é que se candidatavam. Nós conseguimos captar esses fundos porque tínhamos projetos Como estes não estavamasergastos porque não haviaprojetos,as pessoas não sabiambem Não haviafundoscomunitários para os museus, específicos para acultura, havia para oturismo. isolados, ainda“orgulhosamentesós”,porquenãotínhamosascondiçõesrequeridas. troca de informações. Hoje é uma coisa normal, mas naquela época não era,estávamos muito internacionais e passámos a estar no mapadaEuropa no empréstimo de obras de arte e de que eles pudessem emprestar uma obra de arte. Portugal estava fora do circuito das exposições 94, tive uma auditoria da A primeira vez que eu pedi peças para o Museu Nacional de Arte Antiga no âmbito da Lisboa outros museus,nosnossossistemasdesegurançaeconservação. de outrosmuseus que cá enóslá.Para isso fosse precisávamos possível, daconfiança dos importante trocarem-se obras de arte com outros museus do mundo e fazerem-se exposições mundo. Hojeemdia não é tão necessário fazerem-se grandesexposições, nessa altura era. Era Conseguimos dar aos museus a capacidade de poderemtrabalhar com congéneres do resto do grandes registosdoInstitutoPortuguêsdeMuseusnessesanos1991a96. Esse trabalho de requalificação do património a par do inventário, talveztenham sido os as colecçõesedeconfortoparaosvisitantesdoséculoXX. preciso amuseografia, atualizar modernizar a iluminação,criar condições de segurança para altura que não tinha havido um olhar sistemático sobre o património museológico, era se grandes obras,noscastelos, algumasdiscutíveis, nos palácios e nosmuseus. Desde essa fizeram- época essa Por Novo. Estado 1940 e Independência da Restauração 1640 Portugal, a 40, anos pequenas. As grandes obras nos museus tinham sido feitas quando foramas festividades dos Nessa altura todososmuseus portugueses estavam aprecisar de obras,maioresoumais a capacidadeparaseremverdadeiramentemuseusdoséculoXX. podermos pegarnoIPM,que acabou porser em parte uma tarefa semelhante, deu aos museus espaço relativamente curto de tempo. Conseguir ter pessoas disponíveis emuito capazes para com experiência para formar uma boa equipa. Este trabalho da Europália foi intenso e num A Europália ajudou-me muito a montar o Instituto Português dos Museus porque tinha gente XVII Exposição Europeia de Arte Ciência e Cultura Exposição do Mundo Português Mundo do Exposição National Gallery evocativa de três comemorações: 1140 Fundação de Fundação 1140 comemorações: três de evocativa , que veio ver se o museu tinha todas as condições para em 1983, nunca mais tinha tido obras. 101 BOLETIM ICOM PORTUGAL Série III Dezembro 2020 N.º 15 102 BOLETIM ICOM PORTUGAL Histórias Custodiais projeto deArqueologia Subaquática. formação ajovens arqueólogos erealizámos com oMuseudeArqueologia o primeirogrande enriquecemos opatrimónio cultural, integrandoosachados noMuseu deMarinha, demos Com estaintervenção não só fomosaoencontro dacuriosidade dograndepúblico, mastambém a Lisboa,naufragadosdepois deumalongaviagem. marinheiros e do próprio Governador da Índia e de sua mulher que viajava a bordo, de regresso de pimentaqueconseguimos preservar, ereconstituir ahistória devidasalgunspassageiros, porcelana da China, objectos do quotidiano, joias, e os restos da Nau, encontrámos toneladas e carga muito se descobriu - a Nau Nossa Senhora dos Mártires. Para além de astrolábios, encontrámos umaNaudaCarreiraÍndia,doinício doséculo XVII, de cujos passageiros arqueólogos do Museu Nacional de Arqueologia é fruto de uma investigação arquivística prévia, o momento ideal para levar a cabo a primeira escavação subaquática, em colaboração com os como apresentava-se 98 Expo A sistematicamente. preservado e explorado não e pilhado ser A BarradoTejoguardadezenasdenausecaravelas naufragadascujo patrimóniotemvindoa e oEncontrodeCulturas. figuras que passaram, sem palavras, a materializar a Viagem através dos Oceanos, a Descoberta Utilizando asnovastecnologias construímos umconceito dedevolução demovimentoàs o encontro deCulturas,oolharcuriososobre oOutro,asnovidadesque vêmdoOceano? e deSoaresdosReis,noPorto,que representamdeumaformasimbólica ofimdaViagem, encontrar quenãofossemosBiombosNambamdoMuseu Nacional deArteAntiga,emLisboa, O temadaExpoera“OsOceanos umPatrimónioparaoFuturo”,quemelhorinspiração poderia e entretenimento. Universais que procura aquilo que os Americanos chamam de “edutainment”, ou seja, educação ligado aoMar,numafórmulaadequadaaumpúblico diferentedodos Museus,odasExposições Na Arqueologia. apresentar pelaprimeiravezcoleções nuncavistas,como osTesouros doMuseuNacional de foi aproveitada para inaugurarmos as salas de exposições de que a cidade agora dispunha e Por outro lado, as obras de remodelação dos museus de Lisboa estavam terminadas e a ocasião contemporânea, que mostravamaotranseuntequealgumacoisa diferenteestava aacontecer. preparando as novas linhas para a Expo 98, serviram de suporte a grandes murais de arte pública a cidadecomopalco. Porexemplo,ostapumesdoMetropolitano,emobrasportodoolado, Ministério daCulturaeaCâmaraMunicipal deLisboa,oquenos permitiu“usar”também o e cidade a para país etiveoprivilégiodegeriraáreadasExposições.Foirealizadaemcooperação entreo evento importante um foi 1994, em Cultura, da Europeia Capital Lisboa, públicos internacionais. movidos sópelosolepraias. Acultura começou apesarnosinteressesenacuriosidade dos Lisboa começou a colocar-se nos percursos de viagem dos visitantes internacionais, não já investimentos emcultura que permitiramaPortugalposicionar-se noxadrezeuropeu. Cultura A da cultura. a para ricos muito foram 90 anos Os lembrança deumavisita. repouso, deleitura,àscafeterias eàslojasque convidam ovisitantea“levar”consigo aboa demos especial importância à museografia, iluminação, escolha das cores eaoslugaresde Assim, nos programas base elaborados para além da segurança e das condições de conservação Expo 98 em 1994 e a e 1994 em , cujo Pavilhão de Portugal dirigi, estabeleci pontes com o nosso Património cultural , cujo Pavilhão dePortugaldirigi,estabeleci pontescom onossoPatrimóniocultural Expo 98 Expo , em 1998. Houve uma vontade política e uma sequência de de sequência uma e política vontade uma Houve 1998. em , Europália m 1991, em Lisboa Capital Europeia Europeia Capital Lisboa carreiras profissionais. queriam ter o português como língua de trabalho e elemento valorizador das suas futuras renovado pelaLínguaPortuguesa, consubstanciado nonúmerocrescente de alunosque muito enriquecedores que mederamaoportunidadedevivenciar eincentivar ointeresse Cátedras ondeseensinaa Línguaese promoveaCultura,poissãoinseparáveis. Foramanos fazem, nós trabalhamos em parceria com as Universidades estrangeiras e subsidiamos português é muito interessante, em vez de criar Institutos de Línguas como outros países coordena epromoveoensinodaLínguaCultura Portuguesanoestrangeiro. Osistema que (2004-2009) Camões Instituto o dirigir aliciante: desafio novo um surgiu Entretanto com muitapenaminha. Quemsabe?Oprojetoexiste, ésópreciso vontade! a concurso, maspordificuldades administrativascom os concorrentes nãofoiadjudicado, adaptação de um espaço inutilizado do edifício, as antigas caldeiras. Ainda se chegou a pôr participação cívica eorespeito pelasinstituições democráticas. Esteprojetoimplicava a enquadramento dosgrandes temasdaatualidadeemdebate,incentivando ogosto pela fornecendo a informação útil para pleno entendimento do parlamentarismo português e República: acriação deumespaço depedagogiaepreparação paraaassistência àssessões, Trabalhou-se aindanumprojetodegrandeimportância paraosvisitantesdaAssembleia da nosso futuro. importante para os criadores, aproximando-os daqueles que decidem o nosso presente e o têm dedicadoacolecionar arteportuguesacontemporânea, cujo contributo temsidotão do Chiado, abrindo depois a iniciativa a grandes Colecionadores portugueses que se Começámos por convidar museus de Arte Contemporânea como Serralves ou o Museu melhor que secriahojeemPortugal. pessoas, para além dos próprios deputados, fazendo-as conviver no seu quotidiano com o as próprias grandes paredes dos Corredores por onde circulam diariamente centenas de quisemos dar espaço àcontemporaneidade, aos criadores contemporâneos, aproveitando edifício. Organizaram-se visitas guiadas sem interferir no funcionamento do Parlamento e próprios corredores doParlamento,envolvendoosdeputadoseVisitantesnahistória do Parlamento. Osresultadosforamtãointeressantesque deramorigemaumaexposição nos da históriadoedifício edassuas vivências, deantigoConventoSãoBentoasededo catalogação da coleção ecentrámo-nos noque é verdadeiramente importante,a investigação a reviu-se e informatizou-se equipe, pequena uma Criei origens... às Voltei (2001-2004). de voltaraterumavida“normal”ecandidatei-me aoMuseudaAssembleiaRepública Ao fim destes 10 anos intensos, sem horas, muitas vezes longe de casa, senti necessidade junto aoMondegoeéusadoparaConcertos eeventosculturais. sistema, que ultrapassou o próprio objetivo inicial. O Pavilhão encontra-se em Coimbra, conseguimos darumcontributo paraaindústriaportuguesaesustentabilidade do Amorim, a nosso pedido e, com muito orgulho, vejo-a hoje utilizada em construções. Enfim cortiça utilizadanoexteriorfoidesenvolvidapelaprimeiravezparaeste fimpelaCorticeira de mármore e azulejo, materiais que fazem parte da nossa História e nos caracterizam. A ser reutilizadoemPortugal,logomenosdesperdício, revestidoacortiça, com apontamentos projeto dosarquitetosSizaVieiraeSoutodeMoura,edificámos umPavilhãopensado para O temadaExpo2000estavarelacionadocom asustentabilidade eaNaturezaassim,com realizador da Exposição anterior, e com sucesso, fomos convidados a construir um Pavilhão. portuguesa na Em virtudedaexperiênciaadquirida na Expo 2000 Expo emHannover. DadaarelevânciadePortugalpor ter sidoPaís Expo 98 Expo , fuiconvidada paradirigiraparticipação 103 BOLETIM ICOM PORTUGAL Série III Dezembro 2020 N.º 15 104 BOLETIM ICOM PORTUGAL Histórias Custodiais Veiga, ÁlvaroSizaVieira,LuísVilaça,TeresaJeanMichelWilmotte. Joahn Skelfhout,Vicente Borges de Sousa,Miguel Cesaltina Margarida Soromenho, Tobar, Rita RuiSantos, Santos, Robert DeSmet,Luísa Rhodes Sérgio, Raquel Henriques da Silva, Paulo Pereira, José Pessoa, Nuno Corte Real, Luís Reto, Dalila Rodrigues, João Carlos Santos, Isabel Melo, Gisela Miravent, MariadeJesus Monge, EduardoSoutodeMoura,Cátia Mourão, TelaLeão,Zélia Madeira, Rita Jorge, Armando Guardiola, Sá Marques, Bruno Martinho, Ermano, Manuel Faria, Inês Ferro, Lucia Figueiredo, Virgílio Gomes, Ana Andreia Galvão, Carvalho, Ruben de Carvalho,Isabel Cordeiro, JeanPaulDesroches, Rafaella Dintino, Daniela Brito, Luís Calado, José Capote, Isabel Carlos, Vicente Carrapato, AnabelaCarvalho,Gabriela Duarte Azinheira,Lúcia Ana MargaridaArruda, de Brito,Miguel Madalena Arroja, Fialho de João deAlmeida,Luísa Basto Amaral, Ana PaulaAbrantes,Joana de Almeida,Francisco Alves, reiterar omeureconhecimentoegratidão: o seu fizeram parte dela, dando generoso e inestimável contributo, a quem aproveito para tive o privilégio de trabalharladoacom pessoas que em algummomentodesta narrativa Acabamos por sobrevoaros meus quase quarenta anos de vida profissional, ao longodos quais falada noMundo. Portuguesa tem umpeso de 17,5% no PIBpara,alémde,como sabíamos, ser a 6ª Língua mais académicos do ISCTE e chegou-se, entre outros, a um resultado muito interessante: a Língua entre inovador as equipes dos humanistas/linguistas do Instituto Camões e dos Economistas e futuros mecenas e dos decisores políticos. Desafiamos o ISCTE, e foi realizado umtrabalho sentia que se traduzíssemos a importância da Língua em “economês” teria mais força junto dos Este facto deu-me a ideia de tentar materializar o valor económico da LínguaPortuguesa, pois Empty Glass, 2014| A Invenção daMemória | ©JoãoPaulo Serafim Encontros de Outono 105 BOLETIM ICOM PORTUGAL Série III Dezembro 2020 N.º 15 106 BOLETIM ICOM PORTUGAL Histórias Custodiais Nova deFamalicão. Colonial, situado também em Vila após avisita aoMuseu da Guerra terminou napartedatarde, O evento debate nofinaldomesmo. se uma pausa para café a meio e um durante toda a manhã, realizando- Custodial). Este painel decorreu as Olhar Sobre Coleções: História das apresentação a conferências Novo do Painel3(Um com 9h30m às No segundo dia,o evento iniciou parte danoite. dia terminoucomumavisita àCasa do Território – Parque da Devesa,aqualse realizou na um conjuntodevisitas pausa paracafé,foirealizado à Casade Camilo-Museu. O primeiro Camilo Castelo Brancoe sobre a Casa de Camilo – Museu / Centro de Estudos. Depois da eles e um debate no final. Na parte da tarde,após o almoço, decorreu uma apresentação sobre as Coleções: Olhar Sobre Reservas),com umapausaparacafé Novo entre e doPainel2(Um Na parte da manhã,foramapresentadas as conferências do Painel1 (Conservação Preventiva) ICOM Portugal). da Casa de Camilo – Museu / Centro de Estudos) e Maria de Jesus Monge (Presidente do e Cultura da CâmaraMunicipal de Vila Nova de Famalicão), José Manuel de Oliveira (Diretor com asessão de abertura presididaporLeonelRocha daEducação, Conhecimento (Vereador No primeiro dia, o evento iniciou com a receção dos participantes, às 9h15m, e logo de seguida Municipal deVilaNovaFamalicão. Para a realização deste Encontro o ICOM Portugal pode contar com o apoio da Câmara plataforma Zoom. Casa de Camilo – Centro de Estudos, em Seide (VilaNovadeFamalicão)e O evento realizou-se em dois dias, nomeadamente a 1 e 2 de outubro de 2020, no auditório da continuada. frequentemente menos visíveis:ahistória custodial dos objetoseasestratégias de conservação O ICOM Portugal entendeu dedicarosEncontros de Outono2020 a aspetos constantes, mas 1 e2deoutubro2020 Documentar eConservar Um NovoOlharSobreascoleções: online , através da Um NovoOlharSobreasColeções: Reservas |dia1 107 BOLETIM ICOM PORTUGAL Série III Dezembro 2020 N.º 15 108 BOLETIM ICOM PORTUGAL Histórias Custodiais inventário e documentação; conservação; segurança;interpretação eexposição; e,educação o cumprimento das várias funções museológicas: estudo e investigação; incorporação; vida das instituições, pois são locais de questionação e de discussão, e base de apoio para de reserva. Apesardeserem espaços secundarizados, asreservassãoespaços centrais na acervos, osmuseusnecessitam deconsiderar emelhorar continuamente os seusespaços Com oobjetivodecumprirem asuamissãoeasseguraremumaboa gestãodosseus independentementeportugueses, tutelas. suas das dos museus reservas as todas quase que localizam se podemosmelhor afirmar reservas, das Entre a pior instituições. e a respetivas coleções das a cargo das e preservação salvaguarda e com o apetrechamento de meios, diversos raiz surgem como a modelos para ideais quase provisórios e temporários que não oferecem condições, grandes até outros que, pensados de dos museus. desde espaços Sabemos todo reservas que de reservas, otipo existe as para anecessidade atenção para de uma redobradasão muito estes valores alertam díspares, arquitetónicas e museográficas institucionais, próprias e que grande as realidades bastante objetos dos 97% de cerca reserva que em fevereiro em verifica-se de de estavam num 2020 33 total Cultura, instituições, da Regionais Monumentos Direções epelas do Património Cultural Geral tutelados Direção pela 95% no valores globais, mas não conjunto existem português nacional dos Museus,nos Palácios e valor este situa que RE-ORG, pelo apontada é que a de 90% dos acervos se encontram em oureservas, até mesmo uma percentagem maior, como coleções existentes das no museológico panorama que de cerca facto estima-se mundial, mas exceções, até diversidade pela que existirão Com certeza enãoespaços expostos. reservados dos objetos maioria A grande pertencentes aos dos acervos museus de todo o mundo em está ______different museums. very three from professionals of contribution the with discussed, was issue by this ICOM-Portugalpromoted meeting recent a promoting In practices. are their refining professionals and experiences, and exchanging debate, places, those continuously improving are museums reason, this For education. and, exhibition; and interpretationconservation; documentation;safety; and and sustenance severalthe functions of museum: the study and research; incorporation; inventory they give important support for collections management, stimulate internal debate and discussion, institutions:museologic of quotidian storage.in kept the in fundamental are places hidden Those vastcultural majorityThe of integrate that objects museumscollections exhibition,not in are but ______IHA –FCSHUniversidadeNovadeLisboa Parques deSintra–MontedaLua,S.A. Um NovoOlharSobreasColeções: as Coleções: Reservas Um Novo OlharSobre 2 . Realçando que a diversidade. Realçando / coleções de acervos é Reservas |dia1 Luís Soares 1 . Em relação ao panorama 3 . Disponível emURL: posteriormente com outrosparceiros. Entre2011e2020 jáparticipou emdiversosprojetos emtodos oscontinentes. RE-ORG. com o apoio da UNESCO. Nesse mesmo ano passou a contar com o apoio do Canadian Conservation Institute (CCI) e desenvolvido pelo InternationalCentrefortheStudy ofthePreservationandRestoration ofCulturalProperty(ICCROM) 1. Notas ______quotidiana dosnossos locais detrabalho. modo como todos nós,profissionaisdemuseus, lidamos com estesespaços centrais navida têm, mas também de partilha de experiências e de boas práticas, que poderão beneficiar o linhas dereflexãoedebateemredordasdificuldades econstrangimentos que osmuseus Sendo uma primeira abordagem, pensamos que foram criadas condições para estabelecer participantes –queassistirampresencialmente e a discussão, bastante reforçado pelas questões que foram feitas às oradoras através de alguns únicos em três tipologias diferenciadas de museus, criou-se de facto espaço para a reflexão e Com três apresentações de grande qualidade, dedicadas a espaços de reserva e a trabalhos constituição: foram aceites, oquenossatisfezbastante,permitindoacriação deumpainelcom aseguinte particularmente com oscontextos dereservas museológicas. Todososconvites endereçados a profissionais demuseustipologiasetutelasdiversas,que têmvindoatrabalhar fora realidadesexcecionais detrabalhosemelhoriasemreservas,foramdirigidosconvites de partilha deexperiências entrecolegas. Sabendodeantemãoqueseriam deixadasde algum modo servir de inspiração àcomunidade museológica noseutodo, num ambiente comunicações que, para além de alertarem para a importância das reservas, pudessem de num painel próprio, nos Encontros de Outono 2020. Assim, decidiu reunir um grupo de apresentar algunsexemplosde trabalhos recentes em reservas demuseusportugueses, Assim, partindodospressupostosacima apresentados,oICOM Portugalpensou em esta problemática que é transversal a todos os museus, independentemente das suas tutelas. Nacional Portuguesa do ICOM, de patrocinar a apresentação de reflexões atuais referentes a discussão acerca dasreservasmuseológicas, surgiuaideia,dentrodaDireção daComissão Considerando estaeoutraspropostas,bemcomo anecessidade eapertinência dealargara a umamelhorgestãodascoleções: monumentos, apresentandotambémalgumaspropostasrelativas aesteassunto,com vista seu Relatório Final,dejulho2020 da Direção-Geral doPatrimónioCulturaledasDireções Regionais deCultura.” sustentabilidade, aacessibilidade,inovação earelevância dosmuseussobadependência a para contribuam que medidas propor e conceber “Identificar, de missão a com 2019, de O GrupodeProjetoMuseusnoFuturo,criado pelaResolução doConselhodeMinistrosn.º 35

– – – – – – O Rita Gaspar,MuseudeHistóriaNaturaledaCiência daUniversidadedoPorto. Joana Amaral,ParquesdeSintra–MontedaLua,S.A.; Rita Dargent,MuseuNacional dosCoches; a todaequipa econdições paraamelhoriadoacessoaosacervos emreserva(…).” monitorização dos espaços e dos acervos, criando normas e procedimentos extensivos Monumento oresponsável pelasreservas,desenvolvendoumplanodemanutenção ede Reforçar asequipasdeconservação preventivaedesignar emcada Museu,Palácio e Estudar eavaliaraimplementaçãodereservas partilhadasnoquadro territorial(…). Monumentos (…). “Elaborar umplanodeaumentoemelhoria dasreservasdosMuseus,Palácios e projeto RE-ORG tem o objetivo de implementar métodos simples de reorganização de reservas e foi inicialmente projeto RE-ORG temoobjetivode implementarmétodossimplesdereorganização dereservasefoiinicialmente https://www.iccrom.org/section/preventive-conservation/re-org 5 , dedica espaço àsreservas dosmuseus, palácios e online –dosEncontros deOutono. . 4 , no 6 109 BOLETIM ICOM PORTUGAL Série III Dezembro 2020 N.º 15 110 BOLETIM ICOM PORTUGAL Histórias Custodiais Disponível emURL: RE-ORG. Disponível emURL: Lei quadrodosMuseusPortugueses–n.º47/2004,de19Agosto. Disponível emURL: Grupo deProjetoMuseusnoFuturo,RelatórioFinal,Versãopreliminar.07-07-2020. Bibliografia ______6. Idem,pp.60e61. Disponível emURL: 5. Disponível emURL: 4. Disponível emURL: 3. Disponível emURL: 2. Resolução doConselho deMinistros n.º 35de2019,Ponto1. GrupodeProjetoMuseusnoFuturo, RelatórioFinal,Versãopreliminar. 07-07-2020,p.56. GrupodeProjetoMuseusnoFuturo, RelatórioFinal,Versãopreliminar. 07-07-2020. Leiquadro dosMuseus Portugueses – Lein.º47/2004,de19Agosto, Artigo7. http://www.patrimoniocultural.gov.pt/static/data/docs/2020/07/15/relatoriomuseusfuturo7_7.pdf https://www.iccrom.org/themes/preventive-conservation/re-org https://dre.pt/home/-/dre/480516/details/maximized http://www.patrimoniocultural.gov.pt/static/data/docs/2020/07/15/relatoriomuseusfuturo7_7.pdf http://www.patrimoniocultural.gov.pt/static/data/docs/2020/07/15/relatoriomuseusfuturo7_7.pdf https://dre.pt/home/-/dre/119674802/details/maximized https://dre.pt/home/-/dre/480516/details/maximized . .

. . . gestão dosPaláciosNacionaisdeSintraeQueluz da Humanidade.Em 2007 foi-lhe atribuída a gestão do Palácio Nacional da Pena sequência da classificação pela UNESCO da Paisagem Cultural de Sintra como Património A SociedadeParques de Sintra–Monte foi da Lua,S.A. criada (PSML), em2000 Introdução econtextualização ______areas andstoredmaterials.Themainfocusarefourstorage National PalaceofQueluz. areasatthe different storagethe to easilyadapted being also while palaces, consistentlythe applied be throughout This paper presents the solutions developed and implemented to improve storage conditions, so they can storageconditions National Palace. Pena Palaces,aswellofthe the ofthese improve to drive a been has there then since the and Queluz of and Sintramanagement of the Palaces National awarded was S.A. Lua, da Monte - Sintra de Parques company the 2012 In ______normas orientadoras paraofuncionamento dassuasreservas. outros materiais fora dareserva ouarmazenar na reserva e1 em cada3 museus sentem falta de instituições registam ter falta de espaço para reservas, 1 em cada 5 museus refere ter acervo e 40 nttiõs uelgcs o mio o nurt itrainl or aev em acervo sobre internacional reserva promovidopela UNESCO/ICCROM em 2011 inquérito do âmbito no museológicas instituições 1490 de Estes problemas estão igualmente presentes em muitos dos casos reportados por um conjunto normas eprocedimentos escritos paraorientaragestãodoacervoemreserva. fenómenos dedegradação.Aliadasaestas questões práticas havia aindaareportarfaltade em alguns casos e a utilização de materiais desadequados em outros casos promoviam alguns a dificuldade no acesso físico a bens culturais em reserva. A ausência de suportes apropriados de reserva. Foi identificada a dificuldade na localização célere de bens culturais em reserva e guardados emlocais inadequados emateriais que não pertenciam emáreas ao acervoguardado além deumacrónica falta de espaço foram localizados bens culturais pertencentes ao acervo recentes aqui descritos, não obstante terem sido encontradas situações menos adequadas. Para por equipas O trabalhodesenvolvido anteriores paraalicerçar foi fundamental os projetos formulação eimplementaçãodeprojetosreestruturaçãodestasáreas. que permitiram umolharmaisatentopara ascondições de reservaeparaaconsequente integrado para a conservação e restauro dos acervos dos palácios estavam reunidas as condições conservação e restauro, com ênfase nas áreas de reserva,eoinício de umplanoatuação mas tambémnacomposição dassuas equipas. Com aestruturação de equipas dedicadas à 2013 foi umanodealterações, nãoapenasnasformasdegestão destes três palácios nacionais, Palácio deQueluz Nacional Parques deSintra–MontedaLua,S.A. Um NovoOlharSobreasColeções: Reservas naPSML: modos defazermodos no Reservas |dia1 Joana AmaralJoana 3 . 4 onde, porexemplo,2 em cada 3 2 e em 2012 a 1 na 111 BOLETIM ICOM PORTUGAL Série III Dezembro 2020 N.º 15 112 BOLETIM ICOM PORTUGAL Histórias Custodiais ocupando estas 3,3%daáreatotaldoedifício. da Pena apresenta uma situação estatisticamente mais favorável: 47% do acervo está em reserva está em reserva correspondendo estas áreas a 1,9% da área total do edifício. O Palácio Nacional acervo do 79% Queluz de Nacional Palácio no Já edifício. do total área da 4% a correspondem reserva de áreas as que e reserva em está acervo do 92% Sintra de Nacional Palácio no que se para reserva. Olhando mais atentamente para as reservas de cadaumdostrês palácios observa- para arentabilizaçãodosespaços O recurso aembalagenstemsidofundamental disponíveis Cada etiquetaindicaaindaonúmerodaembalagem eareservaquepertence. com afotografia e comonúmero deinventáriodosobjetos que se encontram noseu interior. para facilitar a suaembalados, localizaçãoeidentificação, contém umaetiqueta cada embalagem Nem todos os objetos do acervoforamacondicionados em embalagens. No caso dos objetos conta as dimensões dos objetos aconter e asdimensõesdasestantes se para ondedestinam. caso das coleções de azulejos. Nos outros casos as embalagens foram executadas tendo em Só foi no possível recorreraembalagensdetamanho padrãopré-recortadas e pré-dobradas materiais químicaefisicamenteestáveis. Esses objetivos estão relacionados com a boaconservação do acervoe por isso se procuraram monitorizações constantes para garantirasua adequação ao acervoeaosobjetivospretendidos. nas embalagens e no acondicionamento interior foi cuidada e tem sido alvo de estudos por conjuntos)emembalagensrealizadaspolipropileno.Aseleção dos materiais a utilizar a melhor rentabilização do espaço, optou-se pela colocação do acervo (individualmente ou Para objetos de pequenas dimensões, e porque isso permite a sobreposição e consequentemente a conveniênciadautilizaçãodosespaçosnoedifício. receberem acrescentos se necessário ou para serem recolocados em outras áreas de acordo com Para asestantes procuraram-se sistemas modulares, facilmente disponíveis nomercado,para flexíveis parapermitir alterações decorrentes da rotação dediferentes objetos em reserva. a rentabilização do espaço, tomando partido do seu pé-direito, e que apresentassem sistemas Por último foramselecionados sistemas de estantes, de gradesemezaninosque permitissem um momentoposterior. pequenas alterações no acondicionamento guardando-se as mudanças mais substanciais para das áreas que se encontravam mais corretamente organizadas. Nestes casos investiu-se em madeira ou outros materiais). Os têxteis não foram aindaalvode reorganização por serem ourivesaria eoutros objetos decorativos de pequenas dimensões cerâmica,metal,vidro, (em gráficos e outras obras emolduradasou planas) e uma última área dereservaparaescultura, ou de conter),umaáreareservaparapintura (incluindo gravura,desenho, documentos azulejos, duas áreas de reserva para mobiliário (mobiliário de assento e mobiliário de pousar e por tamanhos. Para oPalácio Nacional de Queluzfoi definida umaáreadereservapara Em segundo lugarforamdefinidos critérios de organização por tipologias, por materiais rainha”, quemantêmomobiliáriodoséculoXIXeaspetogeraldessaépoca. pertencem ao PalácioNacionaldeSintra.Sãoexemplos a “casa das louças” e o“roupeiro da implementadas soluções que implicassem alterações no aspeto destas reservas. Estes casos número deprateleiras existentes para diminuir o númerodeobjetos sobrepostos. Não foram a utilizaçãoenvolveu demateriais de interface entre objetos sobrepostos e amultiplicação do palácios e por isso mesmo constituírem exemplos a manter. Nestas áreas a principal alteração de reserva que considerámos serem elas próprias testemunhos históricos das vivências dos em primeiro lugar, respeitar aorganização,omobiliárioeos códigos de localização de áreas consideradas empiorsituação.designadas asáreasdereserva Como objetivosfoiestipulado, da PSML foram definidos as prioridades e os objetivos gerais. Como prioridades foram Identificadas as situações a resolvernasreservasdostrês palácios nacionais sob gestão Objetivos eprioridades 5 e nesta reserva. Oacesso a cadaumdosobjetos eramuito difícil principalmente adois devido de vitrinas fora de uso e outros materiais, que não fazem parte do acervo, estavam guardados em condições que não se consideram ideais. Para alémdesta coleção alguns suportes, elementos expressiva em termos de necessidades de espaço. Muitas cadeiras estavam arrumadas nosótão, área dereservadeste Palácio. A coleção de mobiliárioassento é tambémacoleção mais foi areservade mobiliáriodeassento. A primeiraáreadereserva reorganizada Esta é amaior Reserva demobiliárioassento Figura 1.CorpocentraldoPalácioNacionaldeQueluzondeestãoidentificadas alaranjaalgumasáreasdereserva noutras zonasdoedifício. de conter e a reserva de pintura, estando a reserva de azulejos e a reserva de têxteis localizadas “casa forte”), areservademobiliário de assento, a futura reservademobiliáriopousar ou de conservação erestauro, a reservadecerâmica, vidro emetal(designadainternamentepor superior do corpo central do edifício. Aí se encontram duas salas para a realização de ações Atualmente as áreas de reserva doPalácio Nacional de Queluz estão concentradas no andar desenvolvidos, pelomenosparcialmente,osprojetosdereorganizaçãodasáreasreserva. das intervençõesdeconservaçãoerestauro realizadas sóse tornou possíveldepoisde Por razões relacionadas com o acesso e a logística de utilização dos espaços, a grande maioria a suaaparênciaoriginal,aumentandoassimoseupotencialexpositivo. curso, remetendo paraumsegundo momentooseu restauro; erestaurar objetos pararestituir tiveram doistipos de objetivos:travarouestabilizar objetos com processos de degradaçãoem conservação e restauro concretizadas incidiram sobre objetos em reserva. Estas intervenções No Palácio entre 2013Nacional deQueluz,noperíodo e 2020, 25% das intervenções de todas assoluçõesqueeliminemoureduzamoimpactodosagentesdedegradação. garantias para a duração em boas condições desse acervo Quanto mais alto o nível de adequação das condições de reserva do acervo maiores são as de critérios e de prioridades para manter ou melhorar o estado de conservação da coleção. do acervo permitem assegurar as ações de monitorização, que serão a base para a definição das várias funções museológicas. A rápida identificação e o fácil acesso a cada um dos objetos que pode ser facilmente mantida, gerida e disponibilizada para utilização no cumprimento inventariada ecolocadanumareservaapropriadaéumacoleção Uma coleção organizada, 6 . Por isso, devem ser asseguradas 113 BOLETIM ICOM PORTUGAL Série III Dezembro 2020 N.º 15 114 BOLETIM ICOM PORTUGAL Histórias Custodiais Estão organizadasnareserva demobiliárioassento276peçasmobiliário. de degradaçãoquerporfenómenos deabrasãodecorrentesdaaçãolimpeza. necessidade de limpeza superficial diminuindo assim o impacto causado quer por este agente foram cobertas com uma pelicula transparente de melinex®. Desta forma diminuiu-se a Recentemente as peças de mobiliário potencialmente mais afetadas pela deposição de poeiras raros, casosénecessárioretirarduascadeiraspara chegar àpeçapretendida. existem alguns casos em que é necessário retirar uma peça parachegar à pretendida. Em alguns, Neste momento épossívelacederàmaioriadaspeças de mobiliáriodiretamente. No entanto. a suadesignaçãosemcomprometertodoosistema deidentificaçãoemuso. de portaetiquetas magnético. Assim será possível facilmente acrescentar prateleiras ou alterar Para os identificadores de prateleira, e prevendo alterações futuras, foi selecionado um modelo prateleiras. manuseamento. A reserva foi mapeada provisória individual para que o número de inventário seja visível sem ser necessário o Finda a instalação do acervo foi assegurada uma campanha para colocação de uma etiqueta prateleiras baixasemaispróximasdocorredorcentral). futura estes foram colocados nas zonas mais visíveis e com acesso mais rápido dareserva(as necessitam de outras intervenções de conservaçãoerestauro. Considerando aintervenção de conjuntosouobjetosrelacionadoseemidentificar a unidade aqueles objetos que essas Terminadas ações a preocupação o acervofoiinstaladonareserva,havendo emmanter de conhecimentosrelevantesparaatarefaassegurar. para isso foi ministrada uma formaçãointernaemempalhamentoparaaquisição e atualização estavam danificados foram recuperados (incidindo essa intervenção apenas na palhinha) e uma campanhadelimpezaefotográfica. Os móveis cujos assentos em palhinha canapés e outros tipos de mobiliário de assento foram alvodeduas campanhas sistemáticas: Durante a instalação das estantes, e no decurso das alterações na sala,as cadeiras, bancos, sofás, manutenção essenciais. pontos de eletricidade para a utilização de equipamentos de acordo com as várias ações de estantes e em ambosos níveis (superior e inferior). Em ambosos níveis ficaram também novo sistema elétrico para permitir a colocação de lumináriaemcadaumdoscorredores das A sala,depois foi de vazia,limpaeforammontadasas estantes. Foi revisto e instalado um concentrado numareservaprovisóriapróximaenasduassalasdeapoioàsreservas. e se tratava da sua aquisição, o espaço desta reserva foi totalmente libertado sendo o acervo Enquanto se procurava no mercado um sistema de estantes adequado aos objetivos definidos preciso recorreraescadotes. assim aumentam a capacidade da sala ao mesmo tempo que facilitam o acesso pois deixa de ser instalação de estantes que permitem a circulação num nívelsuperior (como num mezanino)e Para a realização deste projeto procurou-se rentabilizar o pé-direito disponível através da para oacervo. dos objetos e facilitar o seu acesso de forma segura, quer para os elementos das equipas quer trazer paraestaa rápidalocalização áreaas de cadaum cadeiras arrumadasnosótão,promover Este projeto foi desenvolvido sobretudo durante o ano de 2014 e teve como principais objetivos ou emacrescentoscolocadossobreasestantes. muito altas, obrigavam arecorrer a escadotes para alcançar os objetos em prateleiras mais altas fatores: omodocomoestes estavam sobrepostos e as características das estantes que, sendo 7 tendo sido colocados identificadores em cada uma das filme de melinex vibrações nas grades. As obras emolduradas e suspensas em grades foram protegidas com mapeamento desta área de reserva e colocadas espumas para amortecimento de choques e Este sobretudoaolongodoanode2015. projeto desenvolveu-se Em 2018 foi revisto o papel. piso superior umarmáriodegavetas,paraarquivo horizontaldedocumentos em suporte de uma estante, para acondicionamentoe foi demolduraseacervoinstalado no emembalagem, Neste espaço, para alémdasgradessuspensão das pinturas, foi instalada nopiso inferior indicação decargaasuportar. para movimentação das grades,as características das escadas de acesso superior ao nível e a com as características das grades, as características das calhas e do sistema de suspensão de umserralheiro que cumpriu as diretrizes previamente definidasrelacionadas,porexemplo, através dacontratação O trabalhodeconstrução e dasgradesmóveis foi realizado do mezanino de gradesverticaismóveisefoirevistoosistemaelétrico eailuminação. reabilitadas as paredes e o pavimento, foi instalado o mezanino equipado com dois conjuntos Mantendo ametodologiaanterior essa área foi libertada detodoo seu conteúdo, foram aproveitamento deespaçomuitopoucoeficaz. selecionada uma área, que anteriormente guardavaobjetos em cerâmica com e um vidro, sem que seja necessário recorrer a escadotes para aceder à coleção. Com esse objetivo foi espaço através da construção de um mezanino para permitir a utilização do espaço em altura Seguindo o exemplo da primeira área de reserva reorganizada propôs-se a rentabilização do estantes colocadasnessasparedes,sobaspinturas. suspensas nas paredesdareserva,aumaalturaconsiderável ededifícilacesso por estarem necessário conjunto paralocalizareacederaumapintura,ouestavam manusear umgrande com o acesso mais condicionado. As pinturas ou estavam encostadas umas às outras, sendo Os bens culturais aqui guardados estavamanteriormente na “casa forte”. Esta era acoleção A segundaáreadereservareorganizadafoiapintura. Reserva depintura Figura 2.Vistageraldareservademobiliárioassento ®8 . Atualmente estão nesta área 49 pinturas suspensas nas grades inferiores, grades nas suspensas pinturas 49 área nesta estão Atualmente . 115 BOLETIM ICOM PORTUGAL Série III Dezembro 2020 N.º 15 116 BOLETIM ICOM PORTUGAL Histórias Custodiais Atualmente estão aquiacondicionados 1000objetosem418embalagens. acondicionamento deacervo emembalagemqueaindadecorre. dois momentosdistintos. Este faseamento namontagemdas estantes facilitou a logística no onde existem também dois armários fechados, e depois as estantes no nível inferior em As estantes foram sendo montadas em diversas fases: primeiro as estantes no nível superior, a pardeoutras. sendo esta Alguns objetos aindanãoseencontramembalados, uma ação que vai progredindo libertar oespaçoeusarassalasdeapoioàsreservas comolocaldearrumoprovisório. reservas, oacervo que aquitendo porisso se encontrava foisendoembalado sido mais fácil A partir de2015, e emparalelocom a realização dos outros projetos de reorganização terem sidoinstaladasestantesparaacondicionamento deacervoemembalagem. mezanino que se definiu para a reserva depintura, com a diferença de, ao invés de grades, Nesta área seguiu-se o mesmoprocedimentodepreparaçãodoespaço e deconstrução de dimensões. “casa forte”, reservaparaescultura, ourivesaria e objetosdecorativos e utilitários de pequenas e metal,a A terceira de reorganizaçãofoiareserva decerâmica,vidro área dereservaalvo Reserva decerâmica,vidroemetal Figura 3.Pormenordasgradesdopisoinferiordareservadepintura em envelopes. armário dopiso superior estão cerca de 1000 documentos acondicionados em embalagensou Nas estantes no piso inferior estão 72 molduras. Na estante no piso inferior e nas gavetas do 60 desenhos, gravuras, aguarelas e outras obras emolduradas suspensas nas grades superiores. também anecessidade dealgumas açõesdeconservação como, porexemplo, alimpeza. A proteção relativa aagentes de degradação diminuioseu impacto no acervodiminuindo dos objetosdiminui anecessidadedemanuseamento dosobjetos próximos. espaço adequado paracirculação eporser dispensado orecurso a escadotes. A atualdisposição O acesso ao acervo foi grandemente simplificado, com benefícios para a segurança, por haver de localizaçãocadaobjeto paracincominutos. localização, épossívellimitar a busca diminuindo assim a umaprateleira (ou grade) o tempo de cada reserva,torna o seu acesso rápido e simples. Com este sistema, depois de consultada a A facilidadenalocalização e naidentificação de cadaobjeto,aparcomoespaço de circulação nos registosdelocalizaçãoounosistemaorganização decadaáreareserva. decorrentes do normal funcionamento de cada palácio, sem obrigar a modificações morosas prateleiras, gavetas e grades (etiquetas magnéticas) permite realizar as alterações necessárias, A flexibilidade dos equipamentos selecionados e do sistema utilizado para identificação de comprometido obomestadodeconservaçãodascoleções. como derentabilizaçãoespaço. Existem agora mais objetos emmenosespaço, sem ter sido os principais objetivos de organização de acervo por tipologias, materiais e dimensões bem Na sequência dos projetos de reorganização das áreas de reserva têm vindo a ser cumpridos Resultados econclusões estantes ououtrosequipamentossemelhantes. Para esta reserva, dadasas grandes dimensões desta tipologia de acervo, não estão previstas libertar asalaquetemsidoutilizadacomoreservaprovisóriaparaoutrosfins. Pretende-se comainstalaçãoe aorganizaçãodoacervodesta reserva demaisummezanino O próximo projetoprevisto diz respeito à reserva de mobiliário de pousar e de conter. Reserva demobiliáriopousareconter Atualmente estãoaqui921embalagenscontendo16319azulejos. forma serámaisfácilaeventualreconstituiçãofuturadospainéisdeazulejos. a organização apresentada no espaço onde os azulejos se encontravam inicialmente. Desta foram organizadas. A organização das embalagens em reserva procurou não comprometer Em simultâneo com esta tarefa foram instaladas estantes na área de reserva onde as embalagens Cada azulejofoi fotografado efoi feita uma ficha correspondente a cadaumadasembalagens. tardoz e a limpeza superficial do vidrado. Os azulejos foramdepois colocados em embalagens. Nesse local foi feita com uma segunda limpezamaisaremoçãodeargamassas aprofundada, do corredor próximodaáreaselecionadaparaareserva,nascavesdoPavilhãoD.Maria. Estes foram organizadosem contentores de transporte, tendo sido depois levados paraum Para isso foi feita uma campanha de limpeza superficial sumária e individual dos azulejos. no edifício. este motivo foi necessário retirar todos os azulejos desta área antes do início da intervenção cafetaria, da sala de conferências, da sala para eventos e dos respetivos espaços de apoio. Por 1934, teve, durante o ano de 2015, obras de requalificação que compreenderam a instalação da Esta zona, que não tinha sido verdadeiramenteterminadadereabilitar após o incêndio de tipos, nazonadoedifícioquecorrespondeaospisostérreosPavilhãoRobillion. Os azulejos encontravam-se organizadospor conjuntos, alguns deles em embalagens de vários Em simultâneocomosprojetosdescritosanteriormentefoicriadaumareservadeazulejos. Reserva deazulejos 117 BOLETIM ICOM PORTUGAL Série III Dezembro 2020 N.º 15 118 BOLETIM ICOM PORTUGAL Histórias Custodiais Caple, C.,Conservation Skills.Judgement,Method andDecisionMaking,Routledge, LondreseNovaIorque(2000). culturais’, Conservar Património34(2020)143-154, https://doi.org/10.14568/cp2018058 J.R., Amaral, ‘Pensar dentrodacaixa: avaliação daeficácia de embalagensempolipropileno paraacondicionamento de bens & J.C.Frade,UniversidadeCatólica Editora–CITAR,Porto(2015)177-185. a LuísElias ARP. ed. R. Casanovas. UCP. VJornadas Homenagem A Prática C. da ConservaçãoPreventiva, Borges, E. Vieira J. R., Amaral, ‘Melhoria de condições dereservaparabens culturais em cerâmica e emvidro’inIX Jornadas daArte e Ciência default/files/ICCROM-UNESCO%20International%20Storage%20Survey%202011_en.pdf [consultado em26-10-2020]. https://www.iccrom.org/sites/ 2020, linha], [em Iccrom.org in 2011”, Survey Storage International “ICCROM-UNESCO “Decreto-Lei n.º205/2012”,DiáriodaRepública–1.ªSérie169(2012-8-31) 4986-4992. “Decreto-Lei n.º292/2007”,DiáriodaRepública–1.ªsérie160(2007-8-21) 5510-5513. “Decreto-Lei nº215/2000”,DiáriodaRepública–1.ªsérie,203(2000-9-2) 4663-4667. Bibliografia ______coleções” de2018. 8. Este comoapoiodosalunos daUniversidadeNovadeLisboa trabalho foirealizado participantes do programa“Cuidar de programa “Cuidardecoleções”2016. 7. O mapeamento desta reserva foi realizado com o apoio dos alunos da Universidade NovadeLisboa participantes do 6. Caple,C.,ConservationSkills.Judgement,MethodandDecisionMaking,Routledge,LondreseNovaIorque(2000). (2020) 143-154,https://doi.org/10.14568/cp2018058. 34 Património Conservar culturais’, bens de acondicionamento para polipropileno em embalagens de eficácia da avaliação E. Vieira & J. C. Frade, UniversidadeCatólica Editora – CITAR, Porto (2015) 177-185. e Amaral, J.R., ‘Pensar dentrodacaixa: Ciência UCP. V JornadasARP. Homenagem a Luís Elias Casanovas. A Prática da Conservação Preventiva, ed. R. C. Borges, 5. J. R., Amaral, ‘Melhoria de condições de reservaparabensculturais em cerâmica in IX da Arte e emvidro’ Jornadas e en.pdf (consultadoem26deoutubro2020) 4. https://www.iccrom.org/sites/default/files/ICCROM-UNESCO%20International%20Storage%20Survey%202011_ 3. Decreto-Lein.º205/2012de31AgostoinDiáriodaRepública–1.ªSérie169(2012-8-31)4986-4992. 2. Decreto-Lein.º292/2007de21AgostoinDiáriodaRepública–ISérieA,nº160,Agosto,Lisboa,2007. 1. Notas ______para oestabelecimentodeprioridadesfuturas. imagem estatística dos fatores observados e definidos como importantes contribuindo assim O tratamento de informações recolhidas nas fichas de monotorização permite obter uma Já foirealizadooplanodelimpezaeagoraestáaserterminadafichamonitorização. quem osasseguraoudomomentodasuarealização. em reserva. Desta forma garante-se a uniformidade dos processos independentemente de atualmente procede-se à redaçãodenormase apropriada, procedimentos de gestão de acervo Tendo presente os objetivos e a metodologia e de trabalho que desenvolvida, se tem revelado otimização dosrecursosenoestadodeconservaçãodoacervo. As vantagens deumaatuação ao invés de umaatuação planeada, reativa, são visíveis na restauro edefinirintervençõesconjuntas,quandonecessário,rentabilizandorecursos. no acervoem reserva, permitindo planear atempadamenteas intervenções de conservação e Da mesmaformasãoidentificadas rapidamente assituações de degradaçãoemcurso, presentes melhorar. identificar situações indesejadas numafase inicial e, porisso, mais simples de corrigir ou de A monitorização do acervopermite confirmar aadequação das medidasimplementadase sistemas deacondicionamentoemreserva. embalagens (emparticular a facilidade em colocar e retirar objetos doseu interior) edeoutros estado de conservação dos equipamentos e dos materiais utilizados, assim como a eficácia das Para alémdeser monitorizado oestado de conservaçãodoacervo,tambémé monitorizado o Nesta atual circunstância as ações de monitorização são facilitadas com grandes benefícios. Decreto-Lei nº215/2000 de2 de Setembro inDiáriodaRepública–ISérie A,nº203,2desetembro,Lisboa, 2000. ______due totoxicity. not and oxygen of lack a to due dieinsects result, a As artifacts.physical to and environment the to publicto harmful less much and pollutant less be health, to seems it and anoxia called is process This insects. kill to atmospheres controlled in used is nitrogen days, These ones. harmful less by replaced been have bromide, methyl and oxide ethylene the as such chambers, fumigation in used products first the concerned, is CulturalHeritage as far disinfestationsAs of developed. methods been have and products new so objects, art and historic more and worry health to public started environment, people the about science, By of time. evolution the that to at thanks problem century, the twenty solved the of they end but the toxic too were that do to used products first The culturalbeings. human harm and can that agriculture insects, example for health, organisms, several public are there preserving because heritage about concern serious been long has There ______adaptadas paraousodestes gases. permitiam ser selados a quente, mas nalguns Serviços as antigas câmaras de expurgo foram bens culturais. As câmaras podiamser feitas à medidadaspeças a tratar,usandomateriais que tóxicos eram usados para tratamentodas peças, pareceu-nos o mais indicado paradesinfestar qualquer organismo vivo aeróbio,morriapor falta de oxigénio. Este método, em que gases não do seu interior, ooxigénio(anóxia) e eliminando o dióxidodecarbonoouoárgon, o azoto, de anóxia,emque dentro de câmaras se introduzia um gás, proveniente daatmosfera, como os piretróides, aindahojeusados. Nos anos noventadoséculo XX, começou a surgir o processo de origemvegetal,comoaspiretrinas, que originaram tambémcompostos químicos sintéticos, humana, ambiente e também paraos bens patrimoniais, começando a aparecer novos produtos estudos científicos e médicos mostravam que estes fumigantes eram prejudiciais para a saúde expurgo que usavam oóxidodeetileno e o brometo demetilo como fumigantes. Mas os Instituto José de Figueiredo e outras entidades estatais ou particulares, tinham câmaras de como desinfestantes eram tóxicos, podendo ser usados em espaços ou em câmaras fixas. O os insectos um dos factores de deterioração mais importantes. Os primeiros produtos usados Quem temoprazerdetrabalharcomPatrimóniopreocupa-se com asua conservação, sendo 1.Introdução Biocidas na conservação de de Biocidas naconservação Direção GeraldoPatrimónioCultural Lília MariadeAlmeidaAlfarra Esteves Um NovoOlharSobreasColeções: LaboratórioJosédeFigueiredo, Património Cultural Reservas |dia1 119 BOLETIM ICOM PORTUGAL Série III Dezembro 2020 N.º 15 120 BOLETIM ICOM PORTUGAL Histórias Custodiais onde sãocolocadas, poisuminsectopode entrarnovamente. aconselhamos no fimatratar as peças para preservar outerocuidadodemonitorizar olocal um tratamento ter sucesso. A anóxia é um tratamento curativo, mas não preventivo,por isso onde se mantém algum ar com oxigénio, daí darmos um prazo de um mês, no mínimo,para biologia que lhes permite uma maiorapneia,sãomuito pequenos e asmadeirastêmcanais A grandemaioriadaspeças que tratamos são madeiras atacadas por insectos, que têm uma 4. Consideraçõesfinaisdo processodeanóxianoLJF mais azotosenecessário. este tempo convémcontrolar o valordeoxigénio e as dimensões da “bolha”, introduzindo “bolha”. Se nãohouver qualquer fuga de aracâmaramanter-se-á intacta por um mês. Durante Nesta fase a câmara cheia de azototem uma formacaracterística que leva aque seja chamada válvula ligadaaogerador. espera-se que a câmara fique com bastante azoto (inchada) e então fecha-se a torneira da este é de0.0% da câmara.Quando valor ligada aooxímetro, fecha-se a torneiradaválvula de oxigéniocom leitura sobreoteor digital) que de oxigénio nos vaiinformando nointerior ligado o tubo proveniente do geradordeazoto e na outra liga-se o tubo do oxímetro(medidor que permite controlar ahumidadenointerior da câmara. Como foi dito, numadas válvulas é o gerador deazotoque introduz o gás e, caso seja necessário, tem um reservatório de água A câmara é fechada, a quente, com uma pinça termo-selante de impulsos. Em seguida liga-se anóxia, e um termohigrómetro digital com sonda, para controlar a temperatura e a humidade. Dentro da câmara ainda podemser inseridos sacos de absorventequímico, para aumentara gases poderementrar(entraoazoto)esair(saiarcomoxigénio)dacâmara. fechar, colocam-se duas com válvulas torneira, em posição diametralmente oposta, para os sua medida. Dispõem-se as ditas peças sobre oplástico, que irá formar acâmara,e,antes de Inicialmente escolhem-se e medem-seas peças, a tratar por anóxia,paracortar o plástico à 3. Oprocessodeanóxianolaboratóriojoséfigueiredo da câmaraeporissooptámosumfilmepolibarreiratransparente. psicologicamente não era bem aceite. As colegas queriam vero que se estava a passar dentro verificámos que o uso de ummaterialopacoemGrenoble, para fazeracâmara,comovíramos gerador deazotoeas restantes peças isoladamente, dentrodevaloresmais aceitáveis. Também estava acima dos orçamentos aceites em Portugaleporisso acabámos porcomprarum foi testado no tratamento total das peças, ver todoeste processo. Claro que este aparelho no mesmo aparelho. Fomos convidados parair ao Museu onde este de Grenoble, aparelho e um termohigrómetro medir os (para valores dehumidadee temperatura no interior) tudo do oxigéniodentrodacâmaraeque o valor deve estar a0%paraos organismos morrerem) mais isolado. O equipamento tinha um geradordeazoto,oxímetro(aparelhoque mede câmara erafeitaemmaterialplástico, no interior,paraficar mas comumafolhadealumínio Entretanto soubemos da existência de um equipamento novo, totalmente autónomo. A futuro economicamentemaisvantajoso,doqueasgarrafastrazidaspelasempresas. Como jáconhecíamos a existência de geradoresazoto,pareceu-nos que o seu uso ficaria no um processo que ficaria muito caro nofuturo,quer pelo tipo de gás,quer pelo uso de garrafas. para fazerascâmarasegarrafasdeárgonaatmosferasaturada. Este método pareceu-nos O Museu Nacional de Arte Antiga comprou um sistema que usava um plástico transparente bastante infestadas. o melhor equipamento a comprar, para tratamento das peças que entravam muitas vezes No início do século XXI, o Laboratório José de Figueiredo começou a pesquisa para verqual 2. Oequipamentodeanóxianolaboratóriojoséfigueiredo em anóxia,seria maiseconómico queo uso degarrafas. para oambiente, paraosutilizadorese paraosbenspatrimoniais eousodegeradoresazoto tratamentos por anóxia, utilizando o azoto, são atualmente o método mais seguro e ecológico Seguiram-se vários pareceres técnicos sobre o assunto em que se considerava que, os Restauradores dePortugal (ARP) paraoscolocar apardestaquestão. da UniversidadedeLisboa (MUHNAC/U. Lisboa)eAssociação ProfissionaldeConservadores- nomeadamente a Universidade de Évora (UE), Museu Nacional de História Natural e da Ciência O LJF continuou a estudar este assunto, contactando com outras Entidades e serviços, onde estiveramtambémpresentes oLJFeumelemento daB.N. proposta pela direcção do ICOM Portugal para em conjunto abordar o assunto dos Biocidas, LJF, ARP,TT.SalientamosareuniãonaDirecção GeraldeSaúde(MinistériodaSaúde), Seguiram-se várias reuniões, propostas pelas várias entidades envolvidas: direcção do ICOM, Torre doTombo,paraosinformardasituação. e conservação deBensPatrimoniaisexistentes-aBiblioteca Nacional eoArquivoNacional da O LJFiniciou contactos com doisdosorganismosque, também, têmaseucargo asalvaguarda europeus. Aque nospareceu maisbemescrita foiaqueseguimosparamodelodanossa. Enquanto tentávamosresolveroassuntoemPortugal,fomosrecebendo cartas deváriospaíses Criou-se entãoumaredeemquehouvereuniões,contactos, foramelaboradospareceres, etc… assim como entidades que poderiamdealgummodoterconhecimento dasituação. E começámos os contactos com várias entidades que sabíamos usarem geradores de azoto, em garrafasprontas autilizar. na página 50 refere que o Azoto (nitrogénio) é apenas para utilização em quantidades limitadas encontrava. “CELEX%3A32012R0528%3APT%3ATXT”–aversãoportuguesa dodocumento, Conseguimos odocumento (versãoinglesa eversãoportuguesa)ondeestainformaçãose Achámos estranho,ninguémnos terfaladodestasituação, efizemosvárioscontactos epesquisas. regulamente especial paraosMuseusque usamos geradoresdeazoto. com vários contactos incluídos, era pedido para cada país elaborar um documento exigindoum o azoto no controlo de pestes, proibindo o uso de geradores de azoto. Nessa informação, já na UniãoEuropeia,que regulavaosbiocidas usadosedisponíveisnomercado, nomeadamente circulava desde Dezembro de 2018, sobre um documento, que teria entrado em vigor em 2017, A questão teve origem numa informação veiculada pela Dra. Elke Kellner, ICOM Áustria, que biocidas. de azoto e de dióxido de Carbono, era proibido. Pois estes dois gases tinham sido considerados um alertaparaumalegislação europeiaque considerava que apartirde2020ousogeradores Em Junho de 2019, foi-nos enviado pelo ICOM Portugal, através da Drª Maria de Jesus Monge, 5. Legislaçãoparaousodeazotocomobiocida câmaras. Agradecemos atodososcolegas eestagiários,aajudapreciosa que nosdãonaelaboração destas dos maisvariadostamanhosecom diversos materiais. Entre 2002e2020fizemos,noLaboratórioJosédeFigueiredo,cerca de100câmaras deanóxia, desdenhar aqueles que peloseutamanhopodemser muitomaisdestrutivos. transformar-se em pragas. Não matar, por medos fóbicos, animais que nos podem ser úteis e Devemos conhecer os organismos que eventualmente são perigosos e podem de repente evitar ter materiais junto de paredes, isolar salas e controlar a humidade e temperatura dos locais. Para evitar que insectos se alojem nas peças devemos limpar/aspirar periodicamente os espaços, Para nãotermosdeentraremtratamentosextremostemos decuidar donosso Património. 121 BOLETIM ICOM PORTUGAL Série III Dezembro 2020 N.º 15 122 BOLETIM ICOM PORTUGAL Histórias Custodiais toda estaproblemática eaosorganizadoresdestes “Encontros deOutono2020”oamável conviteparaestarmospresentes. Agradecemos atodos ostécnicos, colegas eempresas/serviços, relativamente a que nos acompanharameinformaram Agradecimentos https://eur-lex.europa.eu/legal-content/PT/TXT/PDF/?uri=CELEX:32020D1047&from=ES gerado insituparaprotegeropatrimónio cultural 3 – Decisão deexecução da comissão de 15.7.2020 que permite a Portugalautorizarprodutos biocidas constituídos por azoto Nitrogen_191101.pdf http://network.icom.museum/fileadmin/user_upload/minisites/icom-europe/images/ICOM_UK_Position_Paper_ 2 –PosiçãodoReinoUnido https://eur-lex.europa.eu/legal-content/PT/TXT/PDF/?uri=CELEX:32012R0528&from=EN no mercadoeàutilizaçãodeprodutosbiocidas(EmPortuguês) 1 – Regulamento (ue) n. O 528/2012 do parlamentoeuropeu e do conselho de 22 de maio de 2012 Relativo à disponibilização Notas ______regulation-banning-n2-across-the-union/ https://icom.museum/en/news/onto-the-next-step-for-the-amendment-of-the-eu- azoto, masapenasofornecido emgarrafasequantidades limitadas. Espera-se que neste períodopossaserpossível asuainclusão noRegulamento, ondeconsta jáo C_2020_4729_PT_ACTE_f situ in respetivos Estados-Membros,autilização deprodutosbiocidas com baseemazotogerado Entretanto tivemos conhecimento da recém-decisão europeia que permite a Portugal e aos lista debiocidas autorizados. à inclusão deazotogerado cultural: Permitirumaderrogação àproibição dousonitrogénio(EU528/2012)”,com vista Foi elaborada e enviada a carta “Portuguesa” a pedir o“Recurso paraas colecções do património desinfestação dosBensPatrimoniais. permanência dousodegeradoresazotoemanóxia,como métodopreferencialeinócuo de garantir, emconjunto com asrespectivas autoridadescompetentes dos Estados Membros, a de Cultura). Ficou decidido que,àsemelhança com outrospaíses, cabe àComissãoEuropeia (Secção de Museus, da Conservação e Restauro e do Património Imaterial do Conselho Nacional forma de proceder. Foi elaborado um parecer final que foi levado a uma reunião do SMUCRI e o ICOM reuniram-se para em conjunto definirem uma estratégia de atuação relativamente à Entretanto as diferentes instituições LJF, ANTT, Museu de História Natural Lisboa, BN, ARP foi desmarcada devidoaoperíododeconfinamento, masestamos atentaragendarnovamente. Ainda tivemos marcada uma reunião com a Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT) que depois transferemparagarrafas. companhias gasistastambémretiramogásdoar,quedepois pressurizamparaumdepósito,que o gás éseparadodoareenviadoparaumpequenodepósito (cannister), antesdeserutilizado. As Quanto aogásterdeprovirum“cannister”, narealidade,emtodos os casos, mesmo no nosso, Portugal. Asuaresposta eradedesconhecimento, inclusivamente, cada vezvendemmais! Foi tambémcontactada umaempresadefabricantes efornecedores degeradoresazotoem alimentos, indústriaalimentar,oficinas paraencher pneusdecamiões, etc… em museus,osgeradoressãovulgarmenteutilizadoslaboratórios, acondicionamento de de os podervender)easuarespostafoitambémdeestranheza,porque paraalémdautilização Contactámos uma empresa que vende os geradores de azoto (se fosse proibido o seu uso deixariam estes equipamentos, masnormalmenteexistemregrasenormasdeutilização. do azoto e que a legislação poderia ter mais avercom a segurança e a saúde das pessoas que usam ambiental. A sua resposta foi que desconheciam efeitos ambientais a médio prazo da utilização Entretanto contactámos a Liga da Protecção da Natureza, para saber se haveria algum problema ______obtido do ar atmosférico, pelo menos até dia 31 de dezembro de 2024. Documento: Documento: 2024. de dezembro de 31 dia até menos pelo atmosférico, ar do obtido in situ in (essencial atualmente na proteção do património cultural) na (essencial atualmentenaproteção dopatrimóniocultural) na

edifício doMuseu Nacional dosCoches (MNC). e a testemunhar a singular jornada de reorganização das reservas museológicas no novo iniciativa do ICOM PT, fomos desafiados a perspetivar um No âmbitodorecente ______andactions goal. options, this takentoachieve methodology the broad range of participations involved in the conception of the New Equipment and in the selected Focusing mainly on Conservation and Documentation, following considerationsthe aim to interpret regarding conservation, study andshared information. of collectionsthe but also to increase number the of new perspectives and initiatives of improvement, new building, during 2013, allowed not only to stimulate new approaches to the countless potentialities collectionsAccomplishing project of moving the National Coach Museum to the the in reserve at the ______A conceção do projeto ficaria a cargo dos de umnovoenecessariamente maisamplo,equipamentomuseal. construção de governamental decisão a consumada seria 1994 em espaços, dos ampliação e Embora aolongodoséculo XXsetivessempromovidodiversasiniciativas debeneficiação núcleos debens. Paço Real deBelém,revelar-se-iasempreexíguopara acolher tãovolumososenumerosos Reabilitado à data com o propósito de expor estas singulares coleções, o antigo Picadeiro do e documental diverso. numerosas librés, armaria, uniformes de gala, instrumentos musicais, acervo iconográfico significativos núcleos de bens como amplos conjuntos de arreios, atavios equestres, tipológica dos veículos que apelidam a instituição, o Museu preserva igualmente outros Para além da coleção nuclear de viaturas de gala – onde se inserem “Coches”, denominação e diversificada coleção deveículos hipomóveisque preserva. d`Orléans Amélia D. Rainha pela 1905 Bragança foi,desdesempre,reconhecido mundialmentepelaemblemática, numerosae em fundado Coches, dos Nacional Museu O do próprioacervoecomo testemunho daatividademusealdoMNC. Coleções, mas também com dados que considerámos válidos, como veículos de divulgação focando predominantemente questões relacionadas com a Conservação e Documentação das Por forma a honrar a nossa missão, entendemosestruturarestasucinta apresentação (S. Paulo,Brasil) eRicardo Back Gordon (Lisboa,Portugal). Museu Nacional dosCochesMuseu Nacional reservas museológicas do Um NovoOlharSobreasColeções: Museu NacionaldosCoches,Lisboa a reorganização das “E porque tudo nem Encontro de OutonoEncontro2020 de são coches…”:são Reservas |dia1 Rita Dargent ateliers , promovidoemVilaNovadeFamalicão, por de arquitetura de Paulo Mendes da Rocha oo la Sbe s Coleções as Sobre Olhar Novo

123 BOLETIM ICOM PORTUGAL Série III Dezembro 2020 N.º 15 124 BOLETIM ICOM PORTUGAL Histórias Custodiais Tabela 1.Articulação dosnovosespaçosenºdesuperfícies deacondicionamento dos bensseriamessenciaisparaafluidezeeficáciadaoperação. A articulação lógica dos espaços e oestudo prévio dasestruturas de suporte e acondicionamento sob as galerias expositivas, ocupariam cerca de 1050 m²daárea total do novoedifício. As reservas museológicas e oficina de conservação, implementadas ao nível térreo do edifício, 12º 11º 10º 9º 8º 7º 6º 5º 4º 3º 2º 1º Em cadajornada,repetir-se-iaoseguintemétodooperativo: transferência, serena,datotalidadedoacervoemreserva. instituído um processo operacional que possibilitaria (em 31 longos dias de curtas viagens) a Com osrecursos humanos e financeiros de 2013 disponíveis, entre fevereiro edezembro seria que seiniciaoprocessodetransiçãodascoleçõesemreservaparaasnovasinstalações. A empreitada de construção iniciar-se-ia em meadosde 2008 e terminaria em 2013, ano em 10 Módulos e 69(S.A) Reserva IV-Diversos(55.20 m²) 13 Módulose376(S.A) Reserva III-Arreios(92.60 m²) 15 Módulose510(S.A) Reserva II–Fardamentos(59.40m²) 8 Módulose426(S.A) Reserva I-AtaviosEquestres(59.40m²) Corredor deacessoàsreservas(56.40m²) 8 Módulos56(S.A) Armazém demateriais(73.10m²) 2Módulos24(S.A) Armazém deProdutosTóxicos(15.55m²) 5 Módulose70(S.A) Oficina eplataforma–“MontaCoches”(530.40m²) Sala Anexacontígua,destinadaàinstalaçãodeCâmaraExpurgo(60.20m²) Antecâmara deDesembarquecomportãodeslizanteacessoaoexterior(55.80m²) Acondicionamento Organização dascoleçõesemreserva Atualização deregistosinventário(dadoseimagens)–Matriz3.0 Verificação elimpezageraldoconjunto Receção econferênciadosbensàchegada Acompanhamento dopercursodeviagem( Emissão deguiastransporte Agendamento dotransporte Seleção demateriaisesuportesparamovimentaçãodosbens Observação doestadodeconservaçãodosbensedefiniçãocuidadosacontemplar Verificação detodooconjuntoselecionado Seleção da(s)tipologia(s)atransferir ARTICULAÇÃO DOSESPAÇOSENºDESUPERFÍCIES DE ACONDICIONAMENTO(S.A) courier ) moldáveis, manufaturadas benefícios na utilização de bolsas de acondicionamento e estruturas de preenchimento Ao longodoprocesso de acomodaçãodascoleções, verificar-se-iam igualmente enormes coberturas empanodealgodão,estampado, comstencil. Imagem 1.Coleçãodeselasprotegidas com inventário. Dois exemplos ilustrativos de soluções, complementares, de identificação da referência de estratégicos. em diversos suportes como acrílico, pano de algodão ou papel inventário, seriamconcebidas etiquetas com estamesma informação, gravadaouimpressa Para evitar o manuseamento dos bens mas potenciar a leitura clara do seu número de concreta aocorrespondenteregistodeinventário. possibilitaria alocalização rápidadosbense,simultaneamenteassociaresta informação Todas as superfícies de suporte seriam identificadas com uma referência alfanumérica que para corretoacondicionamento detêxteismaioresdimensões. estruturas trapezoidais parasuportede selas, suportesde lanças deviaturaseextensos rolos comportariam gavetas e prateleiras bidimensionais, varões e grelhas de suspensão, Para suprirasnecessidadesfísicas eestabilidadedosbens,estesequipamentos modulares amovíveis poração mecânica. das fachadas dos equipamentos optar-se-ia pela adoção de módulos deslizantes sobre carris, No interior das reservas, para rentabilizar espaço e facultar um franco acesso à totalidade da totalidadedosbensaacomodar. por tipologiaseequipar cada reservacom estruturasestáveisecompatíveis com anatureza fatores determinantesparaaprovisionarareorganização doacervo –sempreque possível O conhecimento das coleções e a caracterização numérica e morfológica dos bens seriam compromisso, nocaso dasmúltiplascoleções compósitas. espaços seria ajustada, por forma a encontrar condições ambientais estáveis e situações de constituídos porcabedais, têxteis,madeiras,metaisoupapel,aclimatização dosdiferentes Tendo emconta anaturezaefragilidadedosbens a acondicionar, maioritariamente vídeo vigilância. e desenfumagem; deteção de intrusão; barreiras de controlo de acessos e CCTV central de de inundação; portas corta-fogo; sistemas extinção de incêndios; sinalização de emergência diversos sistemas minimizadores derisco, como: equipamentos dedeteção deincêndios e Para promoverasegurança eproteção depessoas ebens,oedifício seriaapetrechado com in loco eajustadasà estruturafísicadosbens. com etiquetassuspensas,impressas sobrepapel Imagem 2.DetalhedecasacasUniforme acid-free aplicadas em locais acid-free. 125 BOLETIM ICOM PORTUGAL Série III Dezembro 2020 N.º 15 126 BOLETIM ICOM PORTUGAL Histórias Custodiais estudo, daconservaçãoedivulgaçãodascoleçõesdoMuseuNacionaldosCoches. descobrir (e daradescobrir)novasáreas de interesse, essenciais para odesenvolvimento do apresentados agora numnovoambientedereserva,tempermitido realizar diferentes leituras, desta A oportunidade advinda reorganização, em particular da apreciação individual dos bens ajustadas àmorfologiadecadaumdosbens. Imagem 3.Coleçãocabeçadasdearreio,acondicionadascomestruturasenchimentotêxtil, Um NovoOlharSobreasColeções: História Custodial|dia2 127 BOLETIM ICOM PORTUGAL Série III Dezembro 2020 N.º 15 128 BOLETIM ICOM PORTUGAL Histórias Custodiais objetos devem tersobreotexto. sobre aforma comomusealizamostemas difíceis no papelprimordial que os e sobretudo, das Forças Armadas e o Externato Infante D. Henrique de Ruílhe, e que nos obriga a refletir surge de uma parceria entre a Câmara Municipal de Famalicão, a Associação dos Deficientes Da parte da tarderealizamosaindaumavisita ao Museu da GuerraColonial,um museu que conhecerem, inventariaremeaestudarproveniência dassuascoleções. de devolução decoleções coloniais, umtemabastante atualeque incentiva osmuseusa António Pinto Ribeiro apresentou-nos um panorama sobreosvários casos e iniciativas arqueológico, destacando asdeproveniência colonial. Paraterminarascomunicações, ser extremamente ricas e diversas) e Ana Cristina Martins das coleções de carácter coleções deciência (nomeadamentedascoleções científicas dosliceus, quedemonstraram ordens religiosasemPortugal),daautoriadeSandra Saldanha;InêsGomesfalou-nosdas coleções com origensem objetos provenientes da Igreja (sobretudo após aextinção das apresentações deramassimnotadealgumasproblemáticas relativamenteàconstituição de e no modo como foram constituídas algumas coleções dos nossos museus. As primeiras No segundo dia dos Encontros de Outono as comunicações centraram-se na história custodial ______in anexhibition. text the on have should objects that role primary the on all, above difficultmusealizeand, subjects Army and the Externato Infante D. de Henrique Ruílhe, and which forces us to reflect on the way we the Handicappedfrom the Associationof Famalicão,the Municipalityof the between partnership a from arises that Guerramuseum Colonial,da a Museu the to visit a made also we afternoon the In collections. oftheir provenance museums totakeknowledge,inventoryandstudy the diverseof the cases and initiatives to return colonial collections, a very current encouragestopic that of colonial origin. To end communications,the António Pinto Ribeiro presented us an with overview collections,those highlightingarcheological the about Martins Cristina Ana and diverse), and rich surprisingly are which collections, scientific school high the (namely collections science the about us to spoke Gomes Inês Saldanha; Sandra by Portugal), in orders religious of extinction the after problems regarding constitutionthe of collections originswith in objects from Church the (especially way in which some collections in our museums were created. The first presentations noted thus some the and history custodial on focused communications Meetings, Autumn the of day second the On ______Um NovoOlharSobreasColeções: Museu deSãoRoque,investigadorintegrado do InstitutodeHistóriaContemporânea Um Novo Olharsobre da UniversidadeNovadeLisboa Histórias custodiais Gonçalo deCarvalhoAmaro História Custodial|dia2 as Coleções:

______followingpages. way,inthe very synthetic a in reviewed, whose are perspectives ones future and actions, archaeological valuation history, custodial the contexts, collecting are collections these Among created. was Research) Colonial and when the Junta das MIssões Geográficas e de Investigações Coloniais (Board for Geographic Missions Portuguesemissionsformer organized multiple from especiallycolonies,resulting the to 1936,since collections scientific several includes heritage scientific Its Lisbon. of University the in integrated TropicalCIentífica InstitutoInvestigação - de IICT 2015, (TropicalIn Institute)wasResearch (1883) ______2005 e2007; Condeetal.,2016ae2016b). narrativas identitárias, ideológicas colonial (Cravioto, e políticas, designadamente deíndole transmissão e receção de conhecimento arqueológico e patrimonial e a sua relação com fontes primárias e secundárias tem possibilitado reconstituir redes locais de produção, longínquas paragens vestígios de remota ocupação humana. Ademais,aanálise de múltiplas nessas, quem, independentemente dasmotivações por vezes, e dosobjetivos,demanda ocidentais, alguns destes trabalhos têm permitido recuperar e contextualizar os nomes de arqueológica conduzida emregiões de além-maradministrados por potências políticas de formaintegradaecomparativa,emtermosinternacionais, a atividade Analisando, privados, mormenteeuropeusenorte-americanos. recolhidos em geografias ultramarinas e sua incorporação em coleções e museus públicos e interesse ao qual não estranharão debates gerados emtornodafortuna de exemplares culturais património arqueológico em contexto 2005 colonial (Cravioto, e 2007). Um aumentode Entre os tópicos mais recentes, merece destaque o da produção de conhecimento e de atende adebatesgeradosnoseiodasociedadecontemporânea. riqueza de interesses do seu campo deatuação,avariedade dos seus cultores como e omodo A história da arqueologia tem contemplado uma diversidade de assuntos que testemunham a Palavras prévias Um NovoOlharSobreasColeções: Coleções arqueológicas: e emhorasroubadasaodescanso,sededicamnaColóniaaestasinvestigações[...]. Um breviário sobre as percursos erecursos. Olho confianteparaumfuturoemqueêsteaindamalexploradoterritório há-de surpreenderorestodaÁfricapelasuaimportânciaarqueológica” IHC, UniversidadedeÉvora coleções doIICT História Custodial|dia2 “que possahaverestímuloparaaquelesque,àsuaprópriacusta, Ana Cristina Martins Cristina Ana (Barradas, 1943:5) 129 BOLETIM ICOM PORTUGAL Série III Dezembro 2020 N.º 15 130 BOLETIM ICOM PORTUGAL Histórias Custodiais privado oupúblico, enquantoinspiram artistaseliteratos(Martins, 2010ae2012). europeu de recolha e registo etnográfico e de materialidadescolecionáveis e expostas, de modo suscita interesse desde, pelomenos,finais de Oitocentos, acompanhandoomovimento O interesse português pelo passado mais remoto deregiões subsaarianas geridas por Lisboa Arqueologia econtexto colonialportuguês registos manuscritos, datilografadoseimpressos. documentação associada, a exemplo decadernos de campo, relatórios científicos e demais de Pré-História e Arqueologia do IICT, incorporada na Biblioteca Geral da FLUL, e de outra especialistas em diferentes áreas. Processo que abrange também a biblioteca do antigo Centro dos seus conteúdos mediante elaboração de projetos de investigação com a colaboração de Universidade deLisboa (FLUL). Decisão assumida de modoafacilitar oestudosistemático da Letras de Faculdade da guarda à colocadas foram artefactos, 136979 de ca. por constituídas arqueológicas, coleções estas Entretanto, (1926/1933-1974). Novo Estado o durante especial missões etnográficas, antropológicas eantropobiológicasaolongodahistóriadoIICT, em de arqueologia resultantes de investigações conduzidas no terreno por quem integrou e conduziu responsabilidade doMUHNAC-MuseuNacional deHistóriaNaturaledaCiência, constam as a pluralidadedecoleções assim incorporadas nesteestabelecimento deensino superior,à Científica Tropical (1883),integrado,em2015,naUniversidadedeLisboa(UL). Deentre Entre ostestemunhos jánotóriosdestarealidade,consta odoIICT -Instituto deInvestigação regionais enacionais, semesquecer aesferados colecionadores privados. universidades e academias, passando por associações culturais e científicas, até museus, locais, história colonial. Trata-sedecoleções existentes emdiferentestipologiasespaciais, desde Países de Língua Oficial Portuguesa, por razões que se prendem com a especificidade da sua na África subsaariana eemTimor,coincidentes com ouniversodaCPLP–Comunidadede investigação, revelando coleções recolhidas em territórios ultramarinos, mormente no Brasil, A comunidade científica portuguesa não tem sido indiferente a este novo paradigma de ao entendimentodeitineráriospercorridos pelosobjetos colecionados. a diferentes organismos e que, no conjunto, constituem “documentação associada” fundamental localizar e compulsar arquivos institucionais e pessoais, além de fontes secundárias pertencentes Muito há, no entanto, a investigar neste âmbito, sendo necessário continuar a identificar, gerados emtornododestinodeobjetospretendidospormúltiplas entidades(Pereira,2017). dissensões decorrentes, nasua maioria,deinteressesdissemelhantes, quando nãoantagónicos, práticas. Indagação que tem possibilitado entender aproximações, colaborações, afastamentos e pessoais e institucionais no desenrolar de estratégias visando a afirmação de conceitos, teorias e com maior profundidade e extensão de modo a entender com pormenor a importância das redes e Huvila, 2018). São já vários os trabalhos que aprofundam parcelas desta realidade a percorrer à suaobtenção, circulação eintegração emdiferentescontextos, museológicos ounão(Friberg dessas coleções oudepartesdasmesmas, escrutinando origens, percursos erecursos inerentes Mais do que isso, procura-se examinar a fortuna e recompor a história custodial de algumas emergência, desenvolvimento e receção de coleções, privadas e públicas, individuais e coletivas. parte dequem sededica àhistóriadaarqueologia, deummodoabrangente,massobretudo à conhecimento sobre o mesmo, o estudo dos artefactos granjeia uma curiosidade acessória por Porque ainvestigação arqueológicanoterrenoresultatambémnaprodução depatrimónioe residentes nascolónias (Martins,2010a;Robertshaw: 2006:5). dinâmicas registadas ao longo dos tempos entre arqueólogos procedentes da metrópole e os e identificam-se personalidades, instituições e projetos, facilitando assim a compreensão das gradativamente noseuespaço mais abrangentedeanálise. Nestecontexto, descerram-se arquivos Ainda recente nahistoriografia arqueológica portuguesa,estetemáriovemsendo introduzido na Guiné um organismo similar ao IFAN – uma maior coordenação. É assim que, conquanto ingloriamente, Mendes Correia intenta criar participação na aspetos, 2016b). Mas ainternacionalização daarqueologia portuguesanestesterritóriosde além-marexige outros entre traduzida, XLIII) portuguesa em encontros científicos transfronteiriços (Martins, 2015; Conde et al., 2016a e 1950: Correia, (Mendes científicas comunidades diferentes entre aproximação Uma 1953). Ferreira, e Ferreira 1938; e 1937 Júnior, arqueológicos e institutos de investigação das (então) União Sul-Africana e Rodésia do Sul (Santos (Santos sítios museus, visitam se (1936-1956) qual a durante 2011), al., et Moçambique Roque 870; 1936: Portugal, 5; a 1934: Júnior, antropológica, missão primeira uma configura se Assim exigências e externas que lhesãocolocadas (Martins,2015). país do internas premências as consoante reestruturada (1936-1951/1952-1973) a JuntadasMissões Geográficas edeInvestigações Coloniais/do Ultramar(JMGIC/ JMGIU) institua Colónias das Ministério remodelado recentemente o 2010), (França, (1936) Nacional’ ‘Revolução da ano no que entende se assim Também 18-19). 4-5, 1934: (Correia, cultural vista Oriental portuguesa’ continua a ser desconhecida na sua quase totalidade, incluindo do pontode para os territórios ultramarinos. Trata-se de uma decisão assaz pertinente quando a ‘África da investigação antropológica e pré-histórica no quadro da política científica nacional pensada a exposição temporária “Ruínas Pré-Portuguesas da África do Sul” que estriba o agendamento pelo que, no ano seguinte, o Instituto de Antropologia da Universidade do Porto (1923) inaugura 25-26), 1934: Nacional, Exposição (1.ª capítulo neste cumprir a bastante contudo, tem, Portugal para acivilização, esobreasualaboriosidade”(Correia,1934:11). vivem nasnossas possessões ultramarinas,inquirindo sobreasua capacidade paraotrabalho e que humanos seres os pertencem raças que a “indagar necessário ser por Mendes (1888-1960), Esteves Correia Augusto António por presidido e 1918) (Porto, Etnologia e Antropologia de exposição, da âmbito consta o 1.º Congresso Nacional de no Antropologia Colonial organizado pela Sociedade Portuguesa agendadas atividades as Entre 2). 1900: (SGL, político” futuro nosso colónias constituíam “emgrandeparte,agarantiadonossodesenvolvimento económico edo anos após apublicação de‘OActo Colonial’emaisdetrêsdécadas depoisdeseafirmarquanto as quatro (1934), Portuguesa Colonial Exposição 1.ª a acolhe Porto o que ambiente neste É a ideiadePortugalcomo periferiaacadémica nestasdisciplinas. etnológicos, antropológicos, antropobiológicos e arqueológicos, nomeadamente para contrariar institucionalizara esta prática, intensificando e diversificando estudos, incluindo etnográficos, Novo Estado o isso Por 2015). e 2010b Martins, 7; 1934: Correia, 1928; (Carrisso, portugueses materializa a científico geradasobre geografias extraeuropeias enorte-americanas. Somenteassim se seus agentes principais nacrescente rededeprodução, divulgação ereceção deconhecimento humanos e materiais fundamentais à recolha de informação e património e ao envolvimento dos fácil ecélere exploração dasmesmas. Organizam-se,então,missõescientíficas dotadasdemeios definindo fronteiras e identificando as suas múltiplas riquezas naturais e culturais para mais Por istourgeelaborareexecutar,noterreno,umapolítica eficaz deocupação destasregiões, e Romeiras, 2020). Casanova 2009; Casanova, 2013; Costa, 2010b; Martins, 1983; Lobato, 1983; Investigação…, de pretensões estrangeiraslançadas sobreterritóriosafricanos administradosporPortugal(Instituto criado ambiente do pelo e (1884-1885) Berlim’ de ‘Conferência da emanadas diretivas às Somadas (SGL) (1875) e da Comissão Central Permanente de Geografia (1876) reestruturada em 1883. (1881-1914), trata-se de uma realidade que justifica a criação da Sociedade de Geografia de Lisboa sem o impacte observado noutros países europeus mergulhados no Embora (Correia, 1947). Enquanto isso, sucedem-se as missões em cujo âmbito se recolhe abundante abundante Guiné à recolhe (1911-?) Mateus Amílcar por se coordenadas das casos âmbito os estes São arqueológico. cujo material em missões as sucedem-se isso, Enquanto 1947). (Correia, Ultimatum ocupação científica do Ultramardo científica ocupação (1890), estas duas instituições robustecem a glorificação nacionalista face a a face nacionalista glorificação a robustecem instituições duas estas (1890), reclamada por investigadores, políticos e colonialistas reclamada por investigadores, políticos e colonialistas Institut Français pour l’Afrique Noir l’Afrique pour Français Institut Scramble for Africa Africa for Scramble (Dakar, Senegal) (Dakar, Senegal) 131 BOLETIM ICOM PORTUGAL Série III Dezembro 2020 N.º 15 132 BOLETIM ICOM PORTUGAL Histórias Custodiais ou seja,acientífica: concetualizações e estudos tendentes a criar aquela que é uma categoria patrimonial autónoma, Trata-se, contudo, deuma visãocircunscrita ultrapassadanosúltimos decénios mercê de legislation thatprotects cultural heritagedoesnotgenerallyapplytothe ofscience.”. policies, or qualified staff to provide for its selection, preservation, and accessibility. Moreover, “Typically, these institutions [de ciência, cultura e ensino] lack the awareness, internal procedures, 746), (2013: Wilson e Lourenço por mencionado como Porque, estrita. mais dimensão sua nessa coleções nãosejamabordadas, seja eladerecorte público ouprivado. Porissotambém seentendeque, sendocientíficas, estas observado emconjuntura demuseuououtratipologia deespaço destinadoàsuamostragem, e Wilson,2013).Comefeitogenericamente falando, nãoassistimos, noseiodestasentidades,ao curativa. Pelo menos, num primeiro momento, por não ser museológica a sua vocação (Lourenço compreende-se que não tenham sido alvo prioritário de intervenções de conservação preventiva e seus investigadores. Não sendo formadas, no imediato, para exibição, mormente museológica, instituições científicas constituem, historicamente, matéria de estudo, em primeiro lugar, dos Independentemente dosseuscontextos derecolha etipologia,ascoleções existentes em Coleções científicasdoIICTeasuavalorização da pré-históriadeÁfrica (Correia,1948;Martins,2015). nomeadamente quanto àrecolha dedadosessenciais, porexemplo,àelaboração dograndeatlas arqueológico; mesmoquepersistaumaprevalência estrangeiranainvestigação doterritório, à margem das principais linhas orientadoras da produção de conhecimento e de património científico internacional se encontra fragilizado; mesmo correndo o país o risco depermanecer (Martins, 2010a;Martins,2015),mesmoquando oprestígiodePortugalnoquadro político e arqueológica parece persistirnumenquadramentodeiniciativa privadae,muitasvezes,pessoal e tecnológico definidaparaopaís. Àsemelhança doobservadoparaoséculo XIX, ainvestigação atividade arqueológica não é uma prioridade da agenda geral para o desenvolvimento científico províncias ultramarinas que, na generalidade, esbarra com a indiferença das tutelas, porque a Trata-se, porém, dum conjunto de iniciativas diligenciado na metrópole e nas antigas colónias/ 1956; Martins,2015). e 1948 (Barradas, texto brevíssimo nosso neste aflorar cabe não que circunstâncias por matéria, lhe subjazem(Martins,2010a),cabendo, noentanto,aMoçambique tomaradianteiranesta modo assíncrono edíspar,independentementedas razõescientíficas, ideológicas epolíticas que Uma realidade que é comum a todos os territórios ultramarinos portugueses, mesmo que de entre entidades científicas de países circunvizinhos (Martins, 2015; Conde et al., 2016a e 2016b). conferências e congressos, edição de periódicos e ao estabelecimento de pontes de comunicação onde habita,associando-se noincentivo àinvestigação, organização devisitasestudo, sociedade A 2015). al., et Godinho civil local concorre deigualmodoparaummelhorentendimentodopassadodasgeografias 2015; Martins 1963; (Clark, estrangeiros e portugueses de estudos sistemáticos no terreno e respetiva publicação periódica com o contributo de autores exemplo a (1917), Angola de Diamantes de Companhia - Diamang da pertença (1936/1942), arqueologia a como é nelas desenvolvida, a julgar pela atividade promovida pelo Museu do Dundo/Etnológico de indicadores os vários já são efeito, Com 1953). Portuguesa, Guiné da permanece esededica àinvestigação arqueológica nestasparagensultramarinas(BoletimCultural Tudo, porém,érealizadosoboolharatento,crítico enemsempreabonadordequemvive, de e Angola de Moçambique atuam Científica no terreno desde Investigação 1957 (Ramos, 1967; de Ervedosa, 1980; Godinho et Institutos al., 2015). os que em momento num (1966-1967), 1991) (1932- Ramos Miguel e 2) 1956: Ultramarinos, Estudos de Superior Instituto 1964; Almeida, e (Breüil (1950-1955) Angola a (1900-1984) Almeida (1946-1947)de (Martins,António 2014), 1 com o projeto MEASA - Missão de Estudos Arqueológicos ao Sudoeste de Angola a priori a e per se per , como patrimoniais por quem as tem estudado , como patrimoniaisporquemastemestudado integrado no Roteiro Nacional de Infraestruturas de Investigação. integrado no RoteiroNacional deInfraestruturas deInvestigação. – Portuguese Research Infrastructure of Scientific Collections’ liderado pelo MUNHAC e antes da sua integração na UL, o IICT é convidado a fazer parte do consórcio nacional ‘PRISC Ndembo’ (Angola)(Casanova eRomeiras,2020).Porfim,masnãomenosimportante, pouco Register World the of Memory estudo, conservação edigitalização, oIICT prepareumacandidatura aoprograma daUNESCO melhor conhecimento da história da humanidade, Springer sugere que, aparte a inventariação, de aumentar o acesso e a divulgação do património existente pela sua importância para um Preservation and Access for Section UNESCO através deJoieSpringer,membrodasrespetivas Em 2006,arelevância da‘Iniciativa Portuguesa’( Matos, 2013:2-3;Casanovaetal., 2016). eventual divulgação emplataformas digitais como a biblioteca virtual ‘Europeana’ também caminho a trabalhos de georreferenciação de sítios e coleções arqueológicas e sua - Arquivo Científico Tropical Digital’, e o ‘PST - Promoção do Saber Tropical’ que abrem do Património do IICT’ e os projetos ‘ACT - Arquivo Científico Tropical’, incluindo o ACTD Nesta sequência, implementa-seo‘PI -ProgramaInterministerialdeTratamentoeValorização todo um programa destinado a valorizar esse mesmo património (Casanova e Romeiras, 2020). arquivos einstituiçõescientíficas. Assumpção governamentalque facilita aconcretização de países da CPLP, ao mesmo tempo que se prevê a mobilidade de especialistas e técnicos de museus, compromete-se, então,agarantiroacesso aopatrimóniohistórico ecientífico doIICT atodosos ministros daciência edatecnologia daCPLP(Rio deJaneiro,2003).Ogovernoportuguês Portuguesa’, designação pelaqual fica conhecido oprotocolo assinadounanimementepelos do IICT eque nãoseresumeàscoleções. Emrigor,estaaspiração énorteadapela‘Iniciativa e Romeiras, 2020). Um intuito que fortalece o propósito de valorizar o património científico 2015 tendo em atenção o programa ‘Objetivos do Milénio para o Desenvolvimento’ (Casanova Entende-se, assim, que, em 2005, se defina uma estratégia de gestão das coleções conduzida até países dondeprovêm(Martins,2010b;Castelo,2012). funcionar tambémcomo mediadoresdecooperação edesenvolvimentoentrePortugalos e políticos, outros valores lhes foram sendo acrescentados, além do científico, passando a das diferentes etapas formativas desta instituição. Atravessando distintos contextos ideológicos coleções partilhamobjetivosgerais e geografias derecolha que foram sendo aclarados aolongo Tipologicamente distintas das demais reunidas no decurso da história do que é hoje o IICT, tais UL e,emconcreto, asarqueológicas depositadas temporariamentenaFLUL( Exemplificam esta circunstância as coleções científicas do IICT transitadas para o MUHNAC- estudo, conservação ereassociação, noscasos, naturalmente,emqueestaépossível. lhes devia estar associado. Uma circunstância que insta à procura da sua localização, identificação, fortuna, tais coleções revelam-se, por vezes, desapossadas de parte ou do todo documental que tal como ocorre noutras situações, quando estudadas para conhecimento da sua formação e seu armazenamentoemcontexto laboratorialoudegabinete(Lourenço eWilson,2013). Mas conhecimento às quais se encontram associadas desde o momento da recolha no terreno até ao conservação preventivaecurativa (Lourenço, 2020), bem como dasáreasdeprodução de na área do património -tanto científico quanto cultural -, dascoleções, dos museus e a Categoria relativamente recente que tem merecido redobrada atenção por parte de especialistas (Lourenço eWilson,2013:746) teaching practicesandethics,documents,books. also laboratories, observatories, landscapes, gardens, collections, savoir faires, research and Its immaterial. It media arebothmaterialand encompasses artefacts specimens, and but It includes what we know about life, nature, andthe universe, but also how we know it. , o que acaba por suceder em 2011 com o registo dos ‘Arquivos , por ocasião da sua visita ao IICT. Enfatizando a necessidade , porocasião dasua visita aoIICT. Enfatizandoanecessidade ie supra vide Information Society Division ) é reconhecida e apoiada pela ) éreconhecida eapoiadapela vide supra 2 (Casanova e (Casanova e e Universal Universal ). ). 133 BOLETIM ICOM PORTUGAL Série III Dezembro 2020 N.º 15 134 BOLETIM ICOM PORTUGAL Histórias Custodiais 1955) eTimor(MissãoAntropológicadeTimor,1953a1963).( e Antropológica Etnológica (Missão da Guiné, de 1946 a 1947), Guiné Angola (Missão Antropobiológica de Angola, 1956), de 1948 a a 1936 de Moçambique, de Antropológica (Missão As coleções arqueológicas do IICT compõem-se de materiais recolhidos em Moçambique Coleções arqueológicasdoIICT:umpassadocomfuturo em Lisboa.2010-2012. Fig. 1. Cartaz deexposição pelo Instituto organizada de Investigação Científica Tropical noPaláciodosCondesdaCalheta, seu decurso(Rodriguesetal.,2012.). the future bem como noprimeirocolóquio internacional de 2010-janeiro de 2012) novembro ( “Viagens e Missões Científicas nos Trópicos, 1883-2010” (Palácio dosCondes da Calheta, na instituição e que rapidamente setraduzemmúltiplos resultados, umdosquais a exposição Programa detrabalhoinscrito, por seu turno, nalinha de história da ciência implementado campo edegabinete em diversasáreascientíficas, com incidência na formaçãodascoleções. isto se pretende compreendermelhorváriosaspetos da preparaçãoerealizaçãodotrabalhode testemunhos e histórias de vidaantigos e investigadores colaboradores ainda noativo. Com Incorporando estas iniciativas, principia-se um projetodehistória oral pararecolha de (Palácios e dosCondes (Palácios daCalheta, Burnay janeiro de2012) comatas apresentadas no vide fig. 1) erespetivo catálogo (Martins 2010), e Albino, Science Science in the Tropics: glimpsing the past, projecting Foto: AnaCristina Martins,2014. Investigação Científica Tropical. história e Arqueologia do Instituto de arqueológicas no antigo Centro de Pré- Fig. 2. Pormenor dascoleções vide fig.2) nestes territórios ultramarinos. o débilinvestimento na arqueologia metropolitana define também aprática arqueológica desempenho das populações autóctones em todo este complexo movimento e do modocomo o papeldascoleções na produção deconhecimento, assim como um vislumbreacerca do colaborativas ederesistência; programas deafirmaçãocientífica, pessoais e institucionais; de amplitudenacionale internacional; estratégias e logísticas de atuação;dinâmicaslocais, as redes de informação, decontato e deproduçãoconhecimento científico e patrimonial, entender melhor detalhes da vidados colaboradores dainstituição; o quotidiano das missões; datilografada e impressa que, adicionada a registos de memóriaoral,ajudama conhecer e a nos Trópicos’ ( o caso Etnologia Ultramarino’. Édeigualmodo da exposição ‘Viagens e Missões Científicas de ‘Museu como então (1965), Etnologia de Nacional Museu atual do institucional, quadro Trata-se deumensaio que tem antecedentes no próprio IICT, mormente nacriação, no seu Nacional deArqueologia.2014. Fig. 3. Capa docatálogo daexposiçãoemparceria,peloInstituto organizada, de Investigação Científica Tropical noMuseu parceria inéditanahistóriadasduasinstituições (MartinseSantos,2014). ( catálogo, respetivo o editar e 2014) de (abril-dezembro portuguesas’ públicas Arqueologia, a exposição temporária ‘África reencontrada. O ritual e o sagrado em duas coleções de Nacional Museu no montar, 2014); de novembro de 26 Lisboa, de Geografia de (Sociedade organizar eventos, como o seminário ‘Arqueologia em África: conceitos, práticas e projetos’ contexto colonial; divulgar mais amplamente os resultados obtidos no decurso das investigações; Projeto que permite conhecer, com maior detalhe, particularidades da arqueologia portuguesa em missions. Archaeology and the Portuguese colonial agenda’ (PTDC/IVC-HFC/5017/2012). na publicação deartigosenoprojeto‘PROMEMICI –Actors andmemoriesofthe‘scientific em comunicações orais e pósteres apresentados a diversos encontros nacionais e internacionais, contribuem paraavalorização científica epatrimonialdascoleções. Umreconhecimento traduzido dissertações de1.ºe2.ºciclos epreparaçãodetesesdoutoramento.Trabalhosque, noconjunto, universitário. Daquitêmresultadoestágiosdecurta duração com elaboração edefesaderelatórios, Mas a promoção destas coleções assume outra dimensão ao serem mantidas acessíveis a público jovens do3.º ciclo doensinobásico edosecundário. da ‘SemanaCiênciaeTecnologia’, enquantose organizavamcursos deVerãodestinadosa diversas edições da ‘Noite Europeia dos Investigadores’, das ‘Jornadas Europeias do Património’ e divulgar junto depúblicos ecléticos, designadamentenãoespecialistas. Porissoseparticipou em Várias têm sido as iniciativas levadas a efeito nos últimos 15 anos no sentido de as valorizar e Várias têm sido as iniciativas levadas a efeito nos últimos 15 anos no sentido de as valorizar e ie supra vide ) cuja preparação permite localizar documentação manuscrita, vide fig. 3) numa 135 BOLETIM ICOM PORTUGAL Série III Dezembro 2020 N.º 15 136 BOLETIM ICOM PORTUGAL Histórias Custodiais importantes projetos devalorizaçãodopatrimónio científicodestainstituiçãocentenária. compreensão e solidariedade. Por fim, mas não menos importante, aos meus antigos Colegas do IICT com quem partilhei de Arqueologia da UniversidadedeLisboa, pelos dados fornecidos. À Dra. Sofia Marçal, do ICOM - Portugal, pela muita eaosColegas do MUHNAC, do projeto‘Coleções da Arqueologia Colonial Portuguesa’ a decorrer naUNIARQ – Centro dirigido para participar foi amavelmente nos ‘Encontros de Outono2020’. Depois, àDoutoraMarta Lourenço, Diretora Em primeiro lugar, ao ICOM – Portugal, napessoa da sua Presidente, a Dra. Maria de Jesus Monge, pelo convite que me Agradecimentos ______Outono de2020 Lisboa diferentes comunidades,académicasenãoacadémicas. ser “musealizada”, tornando-seassim mais acessível, visível e compreensível,por valorizada na Europa.longahistória Um acervocomumajá que demonstra comoaciência pode edeve destas coleções que constituem um dos principais acervos de arqueologia africana existentes com vista à elaboração de projetos, incluindo de ‘ciência cidadã’, mormentea partir do estudo ensino superior, designadamente daUniversidadeEduardoMondlane(Maputo,Moçambique), (Lubango, Angola)e se antevê ações de cooperação com colegas de outros estabelecimentos de protocolo de colaboração entre a FLUL e o Instituto Superior de Ciências da Educação da Huíla de formapartilhada,designadamentecomrepresentantes da CPLP. Por isso foi já assinado Sem dúvidaque o caminho a percorrer é longo eserá por vezessinuoso. Mas há que trilhá-lo assim também,recontextualizarmateriais. outros objetivos, relocalizarsítios arqueológicos, revisitar coleções e realizar escavações para, projetos emconjuntoque investigadorespermitam, entre CPLP, permutando eorganizando e curativa. Mais do que isso, dever-se-á continuar a promover parcerias com universidades da a diferentes públicos e se procurará levaraefeito necessárias ações de conservação preventiva se publicarão artigos, livros e manuais, ao mesmo tempo que se gizarão programas destinados designadamente noMUHNAC,comcatálogos, ciclos de conferências e encontros científicos; natureza, origeme caraterísticas. Apenas deste se organizarãoexposições modo, temporárias, ereconstituindo deslindando do saberaduzido, redes decontato, independentemente dasua instituições, conceitos, métodos detrabalho,ideologias,agendaspolíticas, transmissão e receção destas coleções easuaprópriahistória custodial que entrelaça diversosatores,territórios, arqueológica nacional e internacional. Somente assim se compreenderá a cronologia da gestão distintas, acessíveis em diferentes momentos egeografias,tornando-os à comunidade descrever, preservar e divulgar os milhares de artefactos colecionados por individualidades coleções. Somente assim, se poderá, de modo contínuo, inventariar, catalogar, contextualizar, forçosamente intrincado pela natureza,quantidade ediversidadetipológica presente nestas científica, nacionais e/ou internacionais, que permita executar um plano detrabalhos Importa, noentanto,obter financiamento junto deentidades promotoras da investigação arqueológicas doIICT. a acrescentar trará certamente novidades, às obtidas com aanálisedemateriais de coleções académicos preliminares e arealizaçãodedoutoramentoemuniversidadeestrangeira que integrador. Osprimeiros passos nesse sentido estão dadoscomapublicação já de estudos Portuguesa’ – CentrodeArqueologia da UniversidadedeLisboa, ‘Coleções da Arqueologia Colonial compromisso de realizaro respetivo catálogo, através do projeto de investigação da UNIARQ Agora que as coleções arqueológicas se encontram temporariamentenaFLUL com o 3 , étempo de traçar holístico um programadetrabalhos verdadeiramente e de História Lobato, A. 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137 BOLETIM ICOM PORTUGAL Série III Dezembro 2020 N.º 15 138 BOLETIM ICOM PORTUGAL Histórias Custodiais Porto: ImprensaPortuguesa. Santos Júnior, J. R. dos (1938), Roque &R.Roque,Lisboa:InstitutodeInvestigaçãoCientíficaTropical,1-13. Investigação Científica Tropical, in Roque, A. C.; Marques, V. R. Ferrão, L. (2011), Missão Antropológica materiais de Timor: e documentação no Instituto de perspectivas Roque, A. C.; Ferrão, L. (2006), future past, projectingthe Rodrigues, V. L. G., Martins, A. C., Duarte,M. C., Carvalho,M. O. e Antunes,L. F. (2012), Robertshaw, P.(ed.)(1990), [Documento policopiado],Lisboa:[s.n.]. (1967), M. Ramos, Caleidoscópio. Pereira, E. J. Santos (2018), Instituto deInvestigaçãoCientíficaTropical. (2014), I. A. Santos, e C. A. Martins, Lisboa (1843-1909), Carvalho de Henrique de Martins, Martins, A. C. (2012), Política Colonial, ProduçãoCientífica, Construção da Identidade Portuguesa e o Contributo O Império da Visão. 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A Coleção Henrique de Carvalho da Sociedade de Geografiade de Sociedade da Carvalho de Henrique explorador.Coleção um A de Memórias África reencontrada. O ritual e o sagrado em duas coleções públicas portuguesas públicas coleções duas em sagrado o e ritual O reencontrada. África 44(2013):744–753. , London:JamesCurreyPublishers. ad initium , coord. Filipa Lowdes Vicente, Lisboa: Edições 70, 117-139. , in Viagens e Missões Científicas nos Trópicos 1883-2010 , Lisboa:IICT:26-33. Science Science in Tropics:the glimpsing the , ed. V. R. Marques, A. C. Conservar Património , Lisboa: , Lisboa: , , , . objetos trazidos em condições particularmente enigmáticas – fala-se em soldados, exploradores, página doMuseuexistenacoleção, nascoleções, parasermaisrigoroso,demeiomilhão Trata-se de uma fotografia de parte do Acervo do Museu Pitt-Rivers em Oxford ______rightfulowners. heirs oftheir works ofartandculttothe the colonized several from objects immaterial nations. and Today, we have to reclame material that there are a imperative of which is to end appropriationtheir exile and return the in methodologies and acts episodic of result the anonymous just responsibility but not was part of a was colonial program It of European colonialism.empires and Part used effectiveduring communities. plundered of was archive archive the this imagination, of the is citizens of group a of archive largest The wereplunderedduringcolonialism.that The most urgent of civilizational people imperatives:of the imaginary exile of put the an end to the ______Democrática daAlemanhaàChinaem 1955. Nova Iorque; as dez bandeiras da coleção “Boxer flags” que foram devolvidaspela República importação de frutas nova-iorquina eque faziam partedoacervoMuseu em de Brooklin peças de cerâmica pré-colombiana à Costa Rica que tinham sido furtadas por umaempresa de 4500 de 2011, em devolução, a protetorado; o durante Japão o para levada escultura uma Sul do Coreia à devolveu 2004, em que Japão do 1937; em Mussolini por levado sido tinha que independência desta última; adevoluçãodaItália à Etiópia, em2005, do Obelisco de Axoum de documento do veludo em folio um de 1990, em Austrália, à Unido Reino do devolução a outras origensdestesobjetos: oriundos deÁfrica. No longoe lentoprocesso jáiniciado de devolução podeconstatar-se ver nestes mapas o que foram as apropriações destes objetos. E estes acervos não são apenas reclamações de obras por governos ou organizações de todos os continentes e é avassalador quer que adevolução, daqueles reclamam que têm nasua posse esses objetos. O mapainclui Recentemente, El País publicou o jornal uma infografia com os mapas, quer de todos os países do Burundi, ou seja, no conjunto estes dois museus possuem 42% do acervo africano na Europa. AfricaMuseum (7.12.2018), possuindo a maior coleção de objetos trazidos do Congo, Ruanda e Museu do Quai Branly em França e do Museu Real da África Central agora batizado como principalmente nas ex-colonias de África, a maioria dos quais fazendo parte dos acervos do Na Europacontinental asestimativasapontamparaapresença de500.000objetosrecolhidos onde estevecomo militarnumasituação deguerraedepoiscomo exploradoreviajante. comerciantes, paraalém dos 26.000 iniciais trazidospeloGeneralPitt-Rivers dos territórios da descolonização naEuropada descolonização Um NovoOlharSobreasColeções: A devolução dopatrimónio espoliado éumimperativoespoliado da UniversidadedeCoimbra Centro deEstudosSociais História Custodial|dia2 António PintoRibeiro 1 . Como diz a . Como diz a 139 BOLETIM ICOM PORTUGAL Série III Dezembro 2020 N.º 15 140 BOLETIM ICOM PORTUGAL Histórias Custodiais património à luz da descolonização e das novas narrativas de origem dos descendentes dos povos património à luzdadescolonização edas novas narrativasdeorigem dosdescendentes dospovos possam ter acesso a estas obras que estiveram reféns. Torna-se imperativo rever a noção de contexto edentrodeuma narrativa descolonizada: adeque asdiásporasdospaíses espoliados que umapartesubstantiva daHumanidadepossaaceder amuitasobrasdearte desdeque num de descolonização material e da descolonização do espírito à escala global. E porque possibilita instrumentos deidentidades nacionais edegrupo,porqueadevolução fazparte doprocesso indevida, porque as obras de arte e de culto constituem patrimónios de comunidades e são que faziam parte dos territórios colonizados, e portanto devem ser consideradas uma apropriação Porque as obras foramespoliadassegundooprincípio deque erampertença dascomunidades na Europaedevolvidosàsnações deorigem? Porque devem ser estas obras tal como os arquivos e os restos mortais dos africanos sepultados tema. Esterelatóriofoirecentemente publicado sob otítulo Felwine Sarr e a francesa, historiadora de arte, Benedicte-Savoy, um relatório e parecer sobre o sobre a questão da restituição, solicitou a especialistas, como o senegalês, professor de Economia, por habilidade diplomática ou por desígnio geracional, avançando com declarações concretas Burkina Faso(2018),acelerou-se emFrança umprocesso, odadevolução dasobras. Macron Na sequência dasdeclarações dopresidente EmmanuelMacron emOuagadougou,capital do popular ancestral. de váriosregimespolíticos quedesmereciam eaténegavam,práticas rituaiseobjetosdecultura civis, devastação dos museus ou locais de culto, corrupção e desvalorização destas obras por parte estão fora destes territórios). Tal deveu-se certamente às situações de conflito vividas e guerras em percentagens muito elevadas (na verdade cerca de 60% do total das obras patrimoniais que obras até aumentou pós-independência, como são os casos documentados no Gana e da Nigéria, particular nospaísesafricanos, namedidaemque emmuitosdestes países aapropriação ilegalde à propagandacolonial eimperial. Masestaprática nãoterminoucom asindependências, em comunidades residentes nosterritóriosocupados easuasubstituição porpráticas culturais sujeitas ex-impérios coloniais com vistaaoaniquilamento das identidadesculturais ereligiosasdas documentos que provamque apilhagemfaziapartedoprogramaimperialdecolonização dos a ser desmentida pelo trabalho de investigação da historiadora Benedicte-Savoy que encontrou apropriações eramdedecisão individual,deintuitomeramentecomercial oufetichista temvindo com aEuropaseiafinanciandoeexuberando.Contudoideiabastantedisseminadadeque estas demonstrava o poder e se organizava o conhecimento ocidental e um comércio muito rentável implicava aposse detodososrecursos, pessoasebens. Assim se alimentavamfetichismos, se tornou estaprática corrente autolegitimando-acom oargumentodeque aposse doterritório O colonialismo atravésdosmilitares,administradores coloniais, exploradoresemissionários quais semudouonomeparanãopoderemseridentificados. Viena. Do mesmo período há um conjunto de códices que foram trazidos para a Europa e aos ao México argumentandoafragilidadedaspeças depositadasatéhoje noMuseu deEtnologia corte doImperadorazteca MontezumaXokoyotzim,queogovernodaÁustriarecusa devolver à pertencentes e ouro de coberto quetzal pássaro do verdes” “penas 4000 de espanhóis militares território no momento da expansão de que o episódio mais antigo registado é o roubo, pelos destas obras, agora reclamadas , decorre de situações de apropriação por ocupação violenta do muito aideiadatomadadosdespojosdas guerras clássicas. NaEuropamoderna,amaioria Há umlongohistorialdeapropriação decorpos, objetos,obras,arquivosque ultrapassam em vindo adevolver. exceção dasobrasroubadaspelosNazisaosJudeuseque aAlemanhaouentidadesprivadastêm problema da devolução/restituição e também o seu sentido maioritariamente Norte-Sul, com mas de presentes. Todavia estes e muitos outros “episódios” mostram-nos a dimensão global do negociadores diplomáticos equase sempresobopretextodequenãosetratavadevoluções, Estas devoluções foram episódicas e, na maioria dos casos, só foram possíveis por mérito de Restituer le PatrimoineAfricain. em causa obras que foram trazidas de forma ilegal ou com recurso à violência e que hoje fazem em causa obras queforamtrazidas deforma ilegaloucom recurso à violência equehojefazem já seconfiguram que haverá que ponderarentreaspartes envolvidas. Emmuitoscasos estão ser consideradas paracada caso emconcreto, atéporque vãosurgirdilemas, paraalém dosque Além do princípio da devolução há um conjunto de protocolos e de metodologias que devem violando alegislação eporum valorinferior;porroubooucoação. por compra deacordo com a legislação colonial, eportantoporumpequeno valor; por aquisição funções missionárias, bem como cinco formas de aquisição: por compra por valor equivalente; do EstadooudaCoroa;objetosobtidosemexpedições militares:objetos/arquivos obtidos em e instituições coloniais, aigrejasouaoVaticano; objetos obtidosduranteexpedições privadasou cultural objects O oportunotrabalhodeJosvanBeurden, contornos colonialistas, rumoàprodução deumaHistória global. e na produção de novas narrativas interdisciplinares de revisão das histórias nacionalistas e de conservação edivulgação. Este ésimultaneamenteum investimento fundamentalnaeducação o compromisso de bem cuidar dos objetos e arquivos devolvidos mormente investido na sua processo derestituição háresponsabilidades últimasapartilharportodososEstadosenvolvidos: e as cópias digitalizadas devem ser partilhadas a quem prove delas fazer bom uso. Mas neste vida dos seus cidadãos devem ficar à guarda dos arquivos nacionais do Estado que os reclama deve seromesmo: osdocumentos originaissobreasnarrativasdoterritórioex-colonizadoea pertencerão os documentos originais dos arquivos que começam a ser digitalizados. O princípio dilema também já identificado relaciona-se com a devolução dos arquivos, a saber a quem o tempoeasuagestão serãopreciosos paraumaeficaz ebem-sucedida restituição. Umúnico De qualquer forma, para além dos 500 museus já existentes só em África (desiguais, é certo) instituição cada vezmaiscomercial. que, por sua vez, deve aproveitar a oportunidade para rever a sua função e o seu modelo de há opções deconservação edeexposição queultrapassam orecursohabitual domuseu,este ao cuidado de chefes tribais – como muitas vezes são caricaturadas estas comunidades – mas Assim, em primeiro lugar, não se sugere que todos os objetos sejam depositados em aldeias ou com que eramtratadas. foram conservadas durante muitos anos no seio de tribos ou nações, muitas vezes pelo cuidado este dilema há também que considerar que muitas das obras com funções ritualísticas e utilitárias foi verclãs, nações,comunidades religiosasdespojadasdosseus bensduranteséculos. Maspara salas dosmuseuseuropeusvazias,exercício esteque seria proveitosopara avaliarem oluto que Parte daoposição aesteprocesso derestituição vemmaioritariamentedos que fantasiamveras do quearte. Mantê-losforadopaís écomo manterreféns osnossosantepassados”. afirma Ikhuehi Omonkhua,ocurador-chefe doMuseuNacional doBenim,“osbronzessãomais Britânico que emprestoubronzes deBenimemsua posseaumMuseudaNigéria. Mascomo protelando a devolução das obras, propondo soluções perversas, como foi o caso do Museu inalienáveis as coleções dos museus. É, pois, num misto de argúcia e de legalidade que se vai objetos dasuacoleção, exceto emcircunstâncias muitoespeciais, equealeifrancesa considera ambígua. Foi assim que o British Museum Act de 1963 proíbiu a instituição de disponibilizar os legislação doséculo XIXsobre direito depropriedadeque nocaso europeuéparticularmente A resistência àdevolução porpartedealgunsMuseuse governantesbaseia-se em aquilo que hojeéaindapossívelresgatarcom algumapacificação sejapossível. este processo constitui um moroso, mas imprescindível conjunto de decisões e de ações para ausências deoutrosobjetosoudocumentos queestabilizamumanarrativarenovada,mas todo objetos ou até provocar temor. Todas estas ações vão a par da necessidade de inventariar as devolver, o contexto em que o mesmo foi extorquido, as mutações simbólicas de alguns desses colonizados. Nesta revisão do conceito de património urge conhecer a biografia do objeto a identifica cinco categorias relativas à origem dos objetos: prendas à administração Treasures in trusted hands – negotiating the future of colonial 141 BOLETIM ICOM PORTUGAL Série III Dezembro 2020 N.º 15 142 BOLETIM ICOM PORTUGAL Histórias Custodiais quantidade imensadeobjectos recolhidos deváriaspartesterritórios ex-colonizados. 1. Oslide que acompanhoutodaacomunicação eraumaimagemdeumconjuntovitrinasdomuseuondeseexpunha Notas ______preparados nosauto-excluímos docosmopolitismo europeuafricano. arquivos erestosmortais paraosquaisteremos respostasalucinantes aprovaroquão mal ao diaemqueseremos confrontadoscom umtsunami dereclamações dedevolução deobras, historiadores dearteedosprotagonistasdas políticas culturais pouco cuidam destaquestão. Até portugueses ondeseincluem tambémosresponsáveisdouniversodamuseografia,dos Adiados dosgrandesdebates culturaisedepolítica multilateralinternacionais osgovernantes O casoportuguês perguntas necessárias quedevemcontinuar aserfeitas. vezes embaraçosas, muitasaindasemresposta. Maspormaisincómodas quepossamser,são o processo questionando e fazendo perguntas a cujas respostas sucediam novas perguntas, por África Central e transformá-lo no Africa Museum um conselho científico acompanhou todo Durante os vários anos que foram necessários para reformar e organizar o Museu Real da seu património,umprimeirodilemaque exigenegociação cultural entremúltiplaspartes. que escapam aumavisãodocânone europeu,masque sãoassumidos poroutrospovoscomo conceito de património muito próprio, há que considerar que existem outros objetos culturais simbólica. Àparteeste patrimónioclassificado pelosespecialistas europeusapartirdeum acedeu arestituir: a)objetostrazidosindevidamente,b) deimportância cultural dos seusmuseus: listadaseidentificadas asobrastrazidasdaIndonésiaedoBenim,ogoverno negociações produtivasequeprovémdogovernoholandêsagorafrancês, edosresponsáveis este património possa ser recolhido; finalmente, a posição mais pragmática e resultante de autoridades que reclamam a propriedade das obras apontando a falta de equipamentos onde de muitos países sobre os bens do Estado que são inalienáveis; outra protagonizada pelas restituição desenham-se três posições: uma negacionista escudada na legislação e no direito Mandela como PresidentedaRepública daÁfrica doSul.Oque dizrespeitoaoprocesso de Paris à África do Sul, no que constituiu uma das primeira iniciativas diplomáticas de Nelson incluiu osrestos mortais,como osdeSaartjieBaartmandevolvidospeloMuseudoHomem pessoas que,porrazões diversas,estãosemsepultura sendopartedeacervos científicos, oque e cultural inalienáveis. Aestepatrimóniodevemacrescentar-se oscrânios eosesqueletosde arte – são consideradas pelos seus ex-proprietários, como de importância simbólica, identitária delas pertencentes aos museus de etnologia, ciência, de antropologia e a colecionadores de parte decoleções privadas(asmais difíceis deidentificar elocalizar) eobrasque –amaioria brevemente, amenosdemetadedosliceus existentes nopaís. referem, se apenas eles Todavia, 1928). Landa 1882; (Benalcanfor Landa e Benalcanfor de 57-71, 83-111 e 155-158; Valente 1973: 149-157). Em defesa desta tese 1982: Adão citam-se (e.g. os didáticos relatórios materiais aos e instalações às respeito diz que no especialmente política eàfaltaderecursos, asreformaseducativas foramparcamente implementadas, Quando seestudamosLiceus dePortugalécomum considerar-se que, devidoàinstabilidade ______histories. importanceofknowingtheir on the starting collectionspoint the of natural history of Portuguese secondary text will schools, this reflect a as Taking practice. that embody collectionsthat or objects instruments, the studying by enriched analysishistorical The fundamental. practice,also are elements greatlyscientific material be to can Historians of science tend to regard written sources as central to their research. However, with regard ______armazéns, revelandosinais dedeterioração econtaminação pormicro-organismos. vulnerabilidade. Os exemplares são, muitas vezes, guardados em caixotes em sótãos e especializado afeto, este património encontra-se, assim, numa situação de grande Semiabandonado, como consequência do declínio do seuusonas aulas, esempessoal encontra-se, ainda,porfazer. acessibilidade deste património, bem como da documentação e arquivos a ele associado projetos académicos (Malaquias2011;Mogarro 2013),ainventariação, preservação e alguns de e 2004, e 1996 1989, em desenvolvidas Educação, da Ministério pelo escolas das nas escolas em Portugal. Apesar de algumas iniciativas de levantamento do património Não seconhece, comprecisão,onúmerodecoleções dehistórianaturalque existemainda como ascasasÉmileDeyrolle,Robert BrendelouLouis Auzoux. anteriores, e sendo, em alguns casos, proveniente de importantes fabricantes europeus, património fabricado no século XIX e início do século XX, podendo ser, por vezes, de épocas modelos cristalográficos, microscópios, lupas e quadros parietais constituem um vasto osteológicas, herbários,rochas, minerais,fósseis, modelosanatómicos deanimaiseplantas, hoje, existem nos antigos liceus. Animais naturalizados e conservados em líquido, coleções A ideiadeescassez dematerialdidático contrapõe-se àscoleções científicas que,ainda Um NovoOlharSobreasColeções: Instituto de Investigação Interdisciplinar - IIIUC, Instituto de Investigação Interdisciplinar -IIIUC, Centro deEstudosInterdisciplinaresdoSéculo XX daUniversidadedeCoimbra-CEIS20, percurso(s) ehistória(s) Liceus eColeções: Universidade deCoimbra História Custodial|dia2 Inês Gomes 143 BOLETIM ICOM PORTUGAL Série III Dezembro 2020 N.º 15 144 BOLETIM ICOM PORTUGAL Histórias Custodiais BENALCANFOR, V.de.1882. monográfica 1982. Á. ADÃO, Bibliografia ______e reconhecimento desteriquíssimo patrimóniocientífico. e diretrizes para a catalogação, conservação, restauração, armazenamento, promoção, estudo conhecer o património científico português das escolas e imperativo que se definam políticas Neste contexto, é importantenotararelevância capital dacatalogação de coleções. É urgente no ensinodasciências naturaismascara importantes continuidades (Gomes2018a,2018c). foram mantidosaolongodosanos.Umaênfaseexagerada nasdescontinuidades conceptuais o determinarem. A práxis parece ter precedido a lei. Para além do mais, museu e laboratório coleções, indiciaqueoslaboratóriossetornaramreais, antesmesmodaspolíticas educativas o antiquadomuseu–associa-se àIRepública. Todavia, umolharsobreaspráticas, apartirdas 1834. Por seu turno, a introdução do laboratório de ciências naturais no liceu – substituindo do ensinosecundário emPortugalestãointimamenteligados aotriunfodoliberalismoem O estabelecimento do ensino das ciências e a criação dos museus de história natural no seio e laboratórios, é um ótimo exemplo da importância das coleções como fontes para a história. e XX,emparticular noque serelaciona com oensinoprático, ouseja,com ousodemuseus O caso do ensino das ciências naturais nos liceus e da sua evolução ao longo dos séculos XIX novos caminhos depesquisa. aula até agora vedadas aohistoriador concentrado nos documentos escritos, induzindo-se pedagógicas relativasaoensinodasciências eaouso deinstrumentos ecoleções nas salasde outras palavras, os seus percursos de constituição e desenvolvimento, revelam-se práticas evolução doensinocientífico emPortugal.Aoconhecer ahistóriadessepatrimónio,ou,por evidência são da forma como a ciência foi ministrada, materializando de forma sistemática e coerente a coleções Estas 2018b). 2018a, 2017, Gomes 2007; Leal 2008; Guerra 2004; nível secundário emPortugalduranteoséculo XIXegrandepartedoséculo XX(Lopes estudos que apontamparaasuaimportância nacompreensão dainstrução pública de Estas coleções, no entanto, têm-se constituído como fontes fundamentais em diversos Fonte: Liceu deCamões,Anuário1910-11(Lisboa:AEditoraLimitada,1912). Figura 1. MuseudeHistóriaNatural,Liceu Camões(Fotografias/dpublicada em1912). . Oeiras,Instituto GulbenkiandaCiência. A criação e instalação dos primeiros liceus portugueses: organização política e pedagógica (1836/1960): contribuição (1836/1960): pedagógica e política organização portugueses: liceus primeiros dos instalação e criação A Apontamentos deumInspector deInstrução Secundária . Lisboa,Imprensa Nacional. VALENTE, V.P.1973. Educação daUniversidadedeLisboa. MOGARRO, M. J. (coord.). 2013. [ver também: ‘Baú da Física e Química’ - http://baudafisica.web.ua.pt/Default.aspx (consultado em 29 de Outubro de 2020)]. apresentada no‘ 2008. “The scientific heritage of physics and chemistry: Didactic instruments in Portuguese secondary schools”, comunicação MALAQUIAS, I., M. Queirós, M., A. Valente, M. E. Gomes, D. R. Martins, C. J. Almeida, Oliveira Saraiva, e M. Thomaz. Lisboa. Manuel 2004. R. LOPES, mestrado nãopublicada,Lisboa,FaculdadedePsicologiaeCiênciasdaEducação,UniversidadeLisboa. LEAL, C. 2007. LANDA, R.1928. de Lisboa. Portalegre GUERRA, M. 2008. en lospaísesibéricos(1900-1936) M. (eds.), V. ePedrazuela, in López-Ocón,L.,Guijarro, GOMES, I. 2028c. “A sala de aulae as ciências naturais. O ensino experimental nos liceus portugueses: realidade ou utopia?”, v.54, n.4,pp.468-484. GOMES, I. 2018b. “The scientific heritage of Portuguese secondary schools: ahistorical approach”. GOMES, I.2018a. HistoryofCollections ofthe Journal GOMES, I. 2017. “The naturalhistory collection at the Lisbon Military College: tracing the history of ateaching collection”. , dissertação de mestradonãopublicada,Lisboa,FaculdadePsicologia edeCiências de da Educação, Universidade , dissertação demestradonãopublicada,Lisboa,FaculdadePsicologia e deCiências da Educação, Universidade XXVII Symposium of the Scientific Instrument Commission’ Na Sombra da História Natural: O Ensino Liceal das Ciências Biológicas e Geológicas (1895-1954) Geológicas e Biológicas Ciências das Liceal Ensino O Natural: História da Sombra Na Captar a atenção, ilustrar a memória! Viagem ao universo de mapas e outras imagens parietais do Liceu de Passos de Liceu do parietais imagensoutras e mapas de universo ao Viagem memória! a ilustrar atenção, a Captar La enseñanza secundáriaenPortugal Os MuseusEscolaresdeHistóriaNatural -Análise históricaeperspectivasdefuturo(1836-1975) eói e aeildd n esn lca: m ecro eo armno mtras iátcs o ie de Liceu do didácticos materiais e património pelo percurso um liceal: ensino no materialidade e Memória O Estadoliberal eoensino: Osliceus portugueses(1834-1930) . Madrid,UniversidadCarlosIIIdepp.163-189. , v.29,n.3,pp.409-422. dcço Ptiói Clua: soa, bets práticas e objectos escolas, Cultural: Património e Educação . Coimbra,ImprensadaUniversidade. Aulas abiertas. Profesores viajeros y renovación de la enseñanza secundaria , Lisboa, Museu de Ciência da UniversidadedeLisboa. . Lisboa,GabinetedeInvestigaçõesSociais. . Lisboa, Colibri, Instituto da Paedagogica Historica Paedagogica . Lisboa,Colibri. , dissertação de , 145 BOLETIM ICOM PORTUGAL Série III Dezembro 2020 N.º 15 146 BOLETIM ICOM PORTUGAL Histórias Custodiais acesso aosobjetos erabastantedificultado (fig.1). constituintes nemportipologias referentesàssuasnecessidades deacondicionamento eo fonte depragas.Ascoleções nãoseencontravam organizadas portipos demateriais acondicionamento estavam desajustadas e o mobiliário era já desadequado e uma potencial claramente diminuta tendo em conta a extensa dimensão das coleções, as condições de problemas e desenhando um plano de intervenção no mesmo. A área da reserva era Em 2016foirealizadaumaavaliação desteespaço dereserva, identificando os principais se encontravam asreferidascoleções. renovar as atuais salas de reserva e condições de acondicionamento em que neste momento de futuro, as coleções de Arqueologia, Etnografia e Antropologia biológica era premente Ainda que esteja programada a construção de um novo espaço de reserva que albergue, Este espaçodereservapré-existente,composta por duaspequenassalas,temapenas 38m2. (POCI-01-0145 FEDER-022168). estrutura científica PRISC (PortugueseResearch Infrastructure ofScientific Collections) que nosiremosfocar, processo essequebeneficou dofacto doMHNC-UPintegraraInfra- reserva deArqueologia eEtnografia.Énesteprocesso derenovação dareservapré-existente (165 m2). Em 2016 iniciou-se a renovação do único espaço de reserva pré-existente, a Herbário-PO (116 m2) e o segundo para as coleções de Zoologia, Paleontologia e Geologia bem como a construção de dois espaços de reserva, nomeadamente um para a coleção do Histórico daReitoria. Nesta reestruturação inclui-se areformulação dassuasáreasexpositivas se nestemomentonumafase de renovação dosseusespaçosnoPoloCentral,Edifício O MuseudeHistóriaNaturaledaCiênciaUniversidadedoPorto(MHNC-UP)encontra- ______anoxia treatment andtoaninventoryrevision. to subjected were collections all process, the During typologies. several of units storage specific of 200 linear meters of storage as opposite to the 61 linear meters that we had before, gaindue to to the selectionpermitted process The visitors. museum by or researchers by collectionseither the to access the for process fundamental a was deposits Ethnographic and Archeologic the of refurbishing The ______Um NovoOlharSobreasColeções: de Arqueologia eEtnografia Requalificação das reservasRequalificação Museu deHistóriaNaturaledaCiência Natural da edaCiência Universidade doPorto do MuseudeHistória da UniversidadedoPorto História Custodial|dia2 Rita Gaspar disponível. Fig.2. Reserva de Arqueologia e Etnografia após a intervenção. Exemplos de mobiliário instalado otimizando a diminuta área ajustáveis, permitindo uma maior flexibilidade na organização das coleções (fig. 2). necessidades das coleções. Foram adquiridas maioritariamente estantes com prateleiras morfológica de objetosforamadquiridas várias tipologias de mobiliário,suprindo as por mobiliáriometálico Foster, comrevestimento em conta epóxi. a variabilidade Tendo necessidades específicas das coleções. O mobiliário demadeirae aglomerado foi substituido Relativamente ao equipamento da sala foi adquirido novo mobiliário de acordocom as permitiu umaclaramelhorianoregisto,queerarealizadoatéaomomentodeformamanual. permitindo umaleitura das flutuações num ciclo diário. A introdução deste equipamento dataloggers WiSensys Wireless Value Measuring Platform. Os dados são recolhidos 24 horas, a monitorização das condições ambientais (temperatura e humidade) dos espaços, ligados aos das paredes. As salas foram posteriormente equipada com sensores WS-DLTc, que efetuam ao tratamento vinílicotendo-seprocedido,paralelamente, existente pavimento e colocadonovo da reservanoúltimo quartel do séc. XX. Posteriormente foi opavimentovinílico removido potencial emissor de gases ácidos, que tinha sido implantado numaanterior reestruturação um espaço de reservatemporária.todoomobiliárioemmadeiraeaglomerado, Foi removido Numa primeirafase procedeu-se à intervenção na sala. Foram retiradas todas as coleções para equipamento ec)aoníveldoacervo. supra questões das solução à vista com necessárias apresentadas. A intervenção desenrolou-se a três níveis; a)ao nível dasala, b) ao nível do ações as 2019, de fevereiro e 2016 de Após a proposta de umplanointervenção no espaço entre novembro promoveram-se, Fig.1. ReservadeArqueolo gia eEtnografiaantesdaintervenção.

147 BOLETIM ICOM PORTUGAL Série III Dezembro 2020 N.º 15 148 BOLETIM ICOM PORTUGAL Histórias Custodiais integrada, aimplementar brevemente. dados constantes no inventárioe a normalização determos para utilização em base de dados acesso aos objetos. tem sido Fundamental também arevisão das coleções relativamente aos fechados e as gavetas. Qualquer das soluções implementadas possibilita o fácil e rápido metálicas. Para a coleção de Etnografia foram utilizados preferencialmente os armários estanques e protegidos com película de polietileno, posteriormente distribuidos pelas estantes com ou sem zip. Estas coleções foram acondicionadas em contentores plásticos relativamente fraturas. Os restantes materiais arqueológicos foram individualizados emsacos de polietileno, placas de espuma depolietileno debaixadensidade,permitindo asua proteção em relação a No caso das peças arqueológicas constituídas por ligas metálicas e dosvidroforamutilizadas Fig.3. Acondicionamento individualizadodeobjetos arqueológicos objetos eoseuacondicionamentoindividualizado(fig.3). Ao das nível coleções foram também realizadasvárias ações. Foi realizada a etiquetagem dos no local. foram colocadas armadilhasautocolantes simples para monitorizaçãodapresença de pragas a anulação das potenciais pragas existentes na reserva. Após a re-instalação do acervo na sala tratamento da salafoi realizada umapurgaporanoxiadatotalidadedoespólio. Pretendia-se Uma vezque as coleções foram removidasintegralmentedeste espaço de reservapara alguns minutos. mobiliário, associado à basededados,que permite a localização de qualquer objeto emapenas metros lineares para 200 metros lineares. Foi implementadoumsistema de referenciação no incrementar a acessibilidade aos objetos. O incremento da áreadeacondicionamento foi de 61 visou não só promover asegurança das coleções, mas tambémaotimização do espaço e de mobiliário metálico, revestido a resina epoxi, com diferentes tipologias de acondicionamento gavetas e grades foram as outras tipologias de equipamento instalado nesta reserva. A aquisição Armários fechados, com portas de vidroque permitem a observação imediata dos objetos, their roleinsociety.AdoptedbytheGeneralconferenceatits38thsession,Paris,17November2015,11p. UNESCO. 2016. Recommendation concerning the protection and promotionof museums and collections, their diversity and of Council International 1503, art. Brdgland, 17th J. ICOM-CC ed. In: Museums, Paris,9p. 2014, practice. September and 15-19 theory Melbourne, in preprints, estimations: conference space triennial storage Museum 2014. Tania. Mottus, Simon, Lambert, 57p. Lambert, Simon (ed.). 2017. Re-org. A method to reorganize museum storage, Canadian Conservation Institute, ICCROM, Museus edaConservação,134p. Camacho, Clara (coord.). 2007. Plano de conservação preventiva. Bases orientadoras, normas e procedimentos, Instituto dos Bibliografia ______nacionais eestrangeiros,querporpartedopúblicoemgeral. mais visíveis é o incremento da acessibilidade das coleções, quer por parte de investigadores como também arealização de uma revisão dos dadosassociados às mesmas. Um dosresultados MHNC-UP permitiu não só o melhoramento das condições de acondicionamento das coleções, Este processo de renovaçãoereorganizaçãodasreservasArqueologia e Etnografia do 149 BOLETIM ICOM PORTUGAL Série III Dezembro 2020 N.º 15 150

BOLETIM ICOM PORTUGAL Histórias Custodiais Webinares Coleção deAves, 2015 |ACertain idea ofaNatural History |© JoãoPaulo Serafim online trabalhos do GPMF, promove, que acompanhou de perto os A Comissão Nacional doICOM, Parcerias, TransformaçãoDigital,GestãodeColeções,PúblicoseMediação. à gestãotodavia, epráticas de todootecido museológicoGestão de Museus, nacional: Redes e As recomendações foram agregadasemcinco eixos temáticos seminais que interessam, mas tambémtendoohorizontetemporaldospróximos10anos. recomendações e de propostas para estas entidades museológicas e patrimoniais, a curto prazo, Geral doPatrimónioCultural e das Direções Regionais de Cultura, visa a apresentação de Este trabalho com incidência nos Museus, Palácios e Monumentos dependentes da Direção- final, tornadopúblicoemnovembrode2020. de Cultura, da de propostas para os museus e monumentos nacionais no futuro que resultou num relatório Ministra da Despacho por nomeado 3/05/2019, e desenvolveu, ao longo de um 18/02, ano, um trabalho de análise, diagnóstico de e elaboração 35/2019, nº Ministros O GrupodeProjetoMuseuscriado pelaResolução no Futuro de Conselho (GPMF), de de emailpara Inscrições: 2020,A partirde2janeiro através a todososparticipantesinscritos. abrindo-se a moderador, discussão especialista na matéria,e um do GPMF,um orador convidado um dosmembros como convidado pelo GPMF. Cada sessão terá dos 5 eixos temáticos identificados 2021, 5 sessões de debate em torno meses de janeiroefevereiro Publicado porICOMPortugalemDez7,2020Destaques,Notícias Futuroos Museusno -2021 as recomendações para sobre Conferências Digitais Webinares (ZOOM) nos próximos

[email protected] 151 BOLETIM ICOM PORTUGAL Série III Dezembro 2020 N.º 15 152 BOLETIM ICOM PORTUGAL Histórias Custodiais Publicações Fresco &Cadeirão, 2012 | A Invenção da Memória |©João Paulo Serafim • • Museums and SocialChange Museums and ISBN: 9780367228019 Ano deEdição:2020 Klaus Petersen Autores: AdeleChynoweth,BernadetteLynch, Museum Unhelpful the Challenging ...da necessidade ao desafio ...da ao necessidade Definir amissão ISBN: 978-989-8012-62-3 Ano deEdição:2019 Vila NovadeFamalicão Editor: CâmaraMunicipal de Coordenação: • Patrimoine &Territoire Ano deEdição:2020 Driss AIT LHOU NOVIDADE 153 BOLETIM ICOM PORTUGAL Série III Dezembro 2020 N.º 15 154 BOLETIM ICOM PORTUGAL Histórias Custodiais • Ofí • ISSN: 0873-5484 ISSN: Ano deEdição:2019/2020 Editor: MuseuMunicipaldePenafiel Rosário Marques Autor: TeresaSoeiro,AnaAnileiroe alumínio emPenafiel de defundição A indústria tome I: histoireune mondiale, Le Musée, ISBN: 978207042370 Ano deEdição:2020 Editor: Éditions Gallimard,Paris. Autor: KrzysztofPomian Du trésor au musée cio s eIndústria: • Revisiting Museums ofInfluence ISBN: 9780367435417 Ano deEdição:2020 Editor: Routledge Jette Sandahl,MarlenMouliou Autores: MarkO’Neill, European Museums PublicQualityand in Four ofInnovation Decades

Coleção deAves,2015|ACertainideaofaNaturalHistory©João PauloSerafim 155 BOLETIM ICOM PORTUGAL Série III Dezembro 2020 N.º 15

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