Diário de bordo /

Lucas Mascarenhas [email protected]

Os desafios da reportagem, os bastidores da notícia. Parafraseando Caco Barcellos e utilizando sua famosa frase tirada das edições do programa Profissão Repórter, fazemos um link com nossa viagem para a cidade de Petrolina, em Pernambuco, como parte das avaliações na matéria de Impresso II ministrada pelo professor Robério Marcelo Ribeiro.

Por volta das 8:30 da manhã de uma segunda feira todos estavam (quase todos) na rodoviária de Salvador, Cathy Arouca, Natália Figueiredo, Phael Fernandes, Tamires Jesus e este que vos escreve, Lucas Mascarenhas. Os assentos foram preenchidos de acordo com as passagens, as duplas escolhidas pela ordem alfabética: Cathy e eu, Natália e Phael, Tamires e Rafael Cerqueira (que chegaria mais tarde) para uma viagem que duraria muito mais que o previsto (nem imaginávamos!). Logo depois de pegarmos a estrada e a viagem ter início podíamos sentir a energia e excitação do colega ao lado, o novo e inexplorado por 6 estudantes de jornalismo era fetiche de quem enxergava na comunicação uma forma de desvendar histórias, descobrir lugares e guardar experiências como quem coleciona sonhos. Nossa primeira parada foi em Feira de Santana, onde o feirense Rafael Cerqueira estava nos esperando, após algumas mensagens trocadas com os pais e muita conversa acerca das expectativas da viagem paramos para almoçar pouco depois do meio dia, basicamente no meio do nada onde havia um restaurante, nem todo mundo do ônibus desceu mas a maioria decidiu almoçar, em nosso grupo alguns dividiram almoço, outros trouxeram de casa e após o aviso de “JÁ ESTAMOS SAINDO” todos entramos no ônibus que ainda teria muito o que andar até cruzar o estado.

Após 4h de viagem, estávamos no sertão baiano, com lum so escaldante de 36 graus com sensação térmica de inferno. Nesse clima e ainda no meio do nada uma passageira começou a passar mal, uma agonia se formou dentro do ônibus e quem estava dormindo, acabou acordando. O ônibus parou, os passageiros tentaram ajudar e foi cogitado até levar a mulher para o hospital, mas dentro de uns 20 minutos a situação se normalizou e ela melhorou, o calor pelo contrário, só aumentava.

Já cansados a única coisa que restava era dormir, porém o calor e a agitação impediam o sono profundo, a luz do sol e as diversas paradas também complicavam a situação da viagem, minha parceira de assento, Cathy, era a que mais reclamava do calor e demora da viagem, provavelmente porque era a mais ansiosa, afinal era sua primeira grande viagem sem a família, apenas com amigos.

As 8h de viagem foram completadas e chegamos na cidade de , onde muita gente desceu e muita gente entrou no ônibus, decidimos olhar nossa localização no google para saber quanto tempo de viagem restava e a empolgação foi embora quando vimos que só chegaríamos pela noite, a viagem que era para durar 6h, tinha durado 8h e só chegaríamos em Petrolina após 10 HORAS DE VIAGEM.

Após passar em mais algumas cidades fomos contemplados pelo pôr‐do‐sol às 18h, faltando mais 1h de viagem para chegarmos ao destino. A dona da pousada a esse horário já tinha mandando diversas mensagens procurando saber onde estávamos. Felizmente às 19h chegamos na rodoviária de Juazeiro e estávamos rumo a Petrolina quando em conjunto decidimos trocar o horário e o dia da nossa volta. Estava marcado para voltarmos na segunda ás 9h, exatamente no mesmo horário que partimos, porém ninguém queria passar pela batalha que foram as 10h de viagem debaixo do sol do sertão e então mudamos as passagens para o domingo às 22h, viajaríamos de noite, sem tantas paradas e com um clima mais agradável.

Nos dividimos em trios e pegamos dois ubers para Petrolina onde nos instalamos na pensão de D. Lúcia ou como carinhosamente apelidamos Dona D.Lucia, escolhemos 3 quartos e novamente nos dividimos em duplas: Cathy e Natália ficaram em um quarto enquanto Rafael e Phael ficaram em outro e eu dividi um quarto com Tamires. Todos (os quartos) muito bem arrumados, com ar condicionado eo banheir (simplesmente um ótimo achado!). Já passava das 20h quando saímos em busca do (único) shopping de Petrolina para comermos, tudo ocorreu bem e depois de conhecer o shopping e jantarmos fomos para a pensão e viramos a noite jogando uno. A (primeira) reunião de pauta:

Acordamos em Petrolina, basicamente acordei mais tarde porque tenho o costume de não tomar café e quando acordei já estavam todos no primeiro andar da pensão fazendo a primeira refeição do dia. Por volta das 10h fomos novamente ao shopping comprar mantimentos para a semana na cidade, já que tínhamos uma cozinha disponível para fazermos as refeições, mas antes demos uma volta para conhecer a cidade e anotar possíveis visitações futuras. Após as compras, voltamos para a pensão e foi hora de fazer o almoço, o prato escolhido foi macarrão à molho bolonhesa feito por Natália que arrasou no prato (inclusive eu), repeti pela tarde todos descansamos e de noite fizemos a primeira reunião de pauta na cozinha (a primeira de algumas que viriam), decidimos onde deveríamos visitar, em quais horários e fizemos os primeiros contatos para definir horários de visitação e tudo viria a começar no terceiro dia. Museu do sertão, Ana das Carrancas e um bode assado: Acordamos um pouco atrasados e após o café da manhã fomos em direção ao museu do sertão onde vimos parte da história de lampião, Gonzaguinha e da própria cidade de Petrolina. Logo após as fotos, entrevistas e busca de fontes no museu do sertão pegamos um coletivo para o lado mais afastado do centro da cidade, fomos visitar o centro de cultura Ana das carrancas, onde conhecemos a história de Ana das carrancas (artesã que foi nacionalmente conhecida por suas obras) através de sua própria filha. Saímos cansados até o ponto para esperar o próximo ônibus em direção ao centro da cidade, mas o sentimento de dever cumprido ao conhecer alguém como Maria da Cruz, filha de Ana das Carrancas que tem amor pelo legado da mãe e reconhecido da importância histórica e cultural de todo o ensinamento da artesã fez tudo valer super a pena.

O almoço deve ter sido o momento favorito de muitos (foi um dos meus) porque comemos o famoso bode na brasa diretamente do bodódromo de Petrolina, tudo bem que Tamires resolveu comer apenas um pedaço do bode para experimentar e acabou almoçando carne do sol com queijo mas valeu o esforço né? Simplesmente a melhor refeição de 2018: muita conversa legal, boa companhia, ótimo lugar (restaurante monjopina) e culinária local muito boa.

Após o almoço a última parada do dia seria o serrote do urubu, que apesar de toda a dificuldade de acesso e alguns momentos de suspense causados por um motorista de uber que estava desconfiando das boas intenções de outro, acabou dando tudo certo, ótimas fotos da paisagem incrível ficaram de lembranças desse cartão postal natural que fica um pouco mais afastado do centro da cidade.

Já de volta para a pensão todos fomos descansar para sair de noite e conhecer um pouco mais da Petrolina noturna, mal sabíamos que a noite de Petrolina só acontece de fato nos finais de semana e não em uma quarta feira qualquer. O mais tranquilo:

Na quinta‐feira pela manhã acabamos todos ficando dentro dos quartos por causa do mal tempo, o sol se escondia por trás das nuvens e apenas pela tarde resolvemos sair para conhecer a ilha do fogo e a orla de juazeiro, acabei ficando no quarto, mas os outros 5 colegas foram e praticaram alguns esportes aquáticos, menos Tamires e Phael, que aproveitaram a paisagem para sentar na areia e apreciar o porto de Juazeiro. Atrasos, a praia de água doce e afins:

Acordamos beeem atrasados e os planos tiveram que ser mudados (em partes por causa do tempo também) e acabamos indo para a ilha do Rodeadouro pela tarde, pegamos um transporte até a entrada e de lá atravessamos com uma embarcação até chegar na ilha que foi transformada em uma praia, só que de água doce, um clima agradável acompanhado pelo rio são Francisco fizeram da tarde mais uma parte inesquecível da viagem. Chegamos na pensão por volta das 18h e saímos novamente às 21h procurando um lugar bacana para curtir a noite em Juazeiro, o que não encontramos, então voltamos para Petrolina e acabamos no bodódromo novamente, onde alguns lancharam e voltaram para a pensão e outros dali foram comprar lanches em outro lugar. Vinícola e o dia mais aguardado:

Sábado era o dia mais aguardado para alguns, talvez todos, era o dia que uma boate faria uma festa num clube da cidade e finalmente iríamos conhecer a noite de Petrolina, acabamos conseguindo entrar na lista VIP e tínhamos desconto garantido na entrada, porém isso seria a noite.

O planejamento do dia/tarde era conhecer a vinícola vapor do vinho. Um carro veio nos buscar logo cedo, às 8h da manhã, da pousada fomos até um hotel onde estava sendo feito o cadastro e pagamento, após isso entramos no ônibus que nos levaria para a vinícola. Após 1h de estrada chegamos na vinícola que ficava na cidade de à 56km de Petrolina, conhecemos os processos de transformação do suco de uva em vinho e no fim do passeio passamos pela sala de degustação, onde provamos diferentes tipos de vinhos além de bebidas como espumantes. Após a visita o ônibus nos levou para a barragem de sobradinho, onde um passeio de barco nos levaria até a ilha da fantasia, tudo isso com almoço e som ao vivo inclusos. Chegamos na pensão já no fim da tarde e todo mundo foi descansar para a festa que começaria às 22h.

– a partir daqui nenhum componente da equipe consegue lembrar direito do quando dançou na festa, vai ver foi o galão de suco gammy grátis ou a catuaba que dividimos, não saberemos – A despedida:

O último dia trouxe um quê de despedida, todos estávamos cansados da semana cheia de tarefas e descobrimentos, porém a saudade de Petrolina já estava se instaurando dentro de todos, o último dia talvez seja o mais nostálgico e a melhor lembrança com certeza foi saber que pouco antes de anoitecer, choveu em Petrolina, tudo bem que não foi aquela chuvarada mas uma garoa, uma chuva miúda de saudade, da cidade pernambucana que recebeu muito bem 6 baianos com sede de conhecimento. Viva a Petrolina!