Plano da Bacia Hidrográfica do RIO TRAMANDAÍ

A realidade sobre o uso da água na Bacia Quanta água temos? De quanta água precisamos? Qual a qualidade da água? Enquadramento das águas O processo, as escolhas dos cidadãos da Bacia e o comprometimento para o futuro. Editorial

a história das sociedades, os direi- tos humanos estão sendo construí- Sem se conhe Ndos através da organização do povo. - Os direitos ambientais foram consagrados. cer a realidade Dentre os direitos ambientais, destacamos o direito à água. Nada mais justo que os ci- não se conso dadãos se organizem em defesa da conquis- - ta desse direito e tenham a consciência dos lida nenhum seus deveres em relação à água. Devemos utilizá-la com conhecimento e racionalida- propósito! de, ou seja, com precaução, cuidado e preservação. O Estado pretende assegurar água em qualidade e quantidade para o abastecimento humano e econômico, descentralizando suas ações na gestão da água por regiões e rendo através dos estudos realiza- Bacias Hidrográficas, bem como por dos que chamamos Plano de Bacia. meio da participação comunitária atra- Esta revista apresenta ao leitor a Bacia Hi- vés dos Comitês de Bacia. drográfica do Rio Tramandaí, com o objeti- A importância das águas para a socieda- vo de proporcionar, além de um pouco de de é indiscutível. Essa questão preocupante história, conhecimento suficiente para que está diretamente associada aos impactos das os moradores da Bacia possam se orgulhar ações humanas sobre os ambien- do seu lugar, das suas águas e contribuir na tes de água doce. Identificar tais tomada de decisões sobre os rumos da sua impactos, conhecer a fundo comunidade, assegurando o acesso e a qua- causas e zconseqüências, lidade da água, sua preservação e sua gestão adotar medidas de pre- pública. venção e buscar soluções é o caminho que estamos percor- A Questão da Água

as águas banhamos nossos filhos, entanto, o crescimento da população e o buscamos nosso alimento. Ao redor desenvolvimento econômico acabaram por Ndas águas erguemos nossas cidades, reduzir as disponibilidades hídricas. A so- desenvolvemos nossas indústrias e agricul- ciedade moderna passou a usar a água de tura. Sob a benção das águas amamos, carre- formas mais variadas. gamos nossa gente unindo povos e culturas. O leitor deve lembrar de crises enfrenta- A água abraça e conforta. das por epidemias, falta de alimentos, sen- Há algum tempo a natureza era repleta. As do que, sem dúvida, a próxima crise a ser florestas eram muito extensas, havia muitos enfrentada, será de disponibilidade de água. animais, a terra era mais fértil, e as águas Essencial à vida, a água é um recurso funda- refletiam esta riqueza, pois eram límpidas e mental que de diferentes maneiras serve ao abundantes. homem há milhões de anos. Hoje as águas que banham e alimentam nossos filhos estão ameaçadas. Não por falta de água disponível, mas pela maneira como o homem se utiliza deste bem natural. O mau uso caracteriza-se tanto pelo uso exces- sivo, ou seja, o abuso ou desperdício (que reduz a quantidade) quanto pelo uso ina- Sem dúvida, a dequado, que resulta na degradação (o que próxima crise compromete a sua qualidade). No passado, quando as cidades eram me- a ser enfren nores e a necessidade por abastecimento, - alimentos e energia era pequena, a quanti- tada, será de dade de água utilizada podia ser atendida pela quantidade existente na natureza. No disponibilida- de de água.

1 A Bacia do Rio Tramandaí

dezessete comunidades com características diferentes que têm na água seu ponto co- mum. Desses municípios alguns estão total- mente dentro da Bacia: , Ca- pão da Canoa, Imbé, , Maquine, e Xangri-lá. Os municípios de Três Forquilhas, Três Cachoeiras, Tramandaí, , Balneário Pinhal, Osório, Dom Pedro de Alcântara, Torres, e São Francisco de Paula estão parcialmente dentro da Bacia. Pode-se observar a diversidade de ambien- tes naturais, com a presença de rios com Localização da águas abundantes, mata de encosta, lagoas, Bacia do Tramandaí no dunas, banhados, matas de restinga, entre mapa do estado do outros. Nas riquezas da natureza, o curso das águas é passagem, encontro e união na Bacia do Rio Tramandaí.

Bacia do Rio Tramandaí têm suas VAMOS NAVEGAR NOS DI- nascentes nos rios Três Forquilhas e FERENTES AMBIENTES A Maquiné e percorre o Litoral Norte NATURAIS DA BACIA do Rio Grande do Sul. Todos os rios e lago- as desta região escoam em direção a foz do Na região de serra, nas sub-bacias dos rios Rio Tramandaí. Isso significa que tudo que Três Forquilhas e Maquiné encontram-se os é feito em qualquer rio ou lagoa desta bacia rios e arroios com fluxo abundante, que evi- pode afetar toda a área que a bacia ocupa. dencia um grande arraste de sedimentos. Podemos comparar esta situação ao organis- Cada bacia hidrográfica se interliga a ou- mo humano: quando um órgão está doen- tra de maior tamanho, constituindo, em te, o seu mau funcionamento pode afetar a reIação à ultima, uma sub-bacia. As bacias todo o corpo. hidrográficas maiores são resultantes do Para administrar as águas disponíveis, e de conjunto de peque- domínio público, o nosso Estado foi dividi- nas bacias. do em três Regiões Hidrográficas: Este poder de GLOSSÁRIO arraste diminui SEDIMENTOS: Região Hidrográfica do Guaíba à medida que os Substâncias depositadas Região Hidrográfica do Uruguai pela ação da rios descem a ser- gravidade na água. Região Hidrográfica do Litoral ra. Ocorrem então SUB-BACIAS trechos de rio em Pequenas bacias A Bacia Hidrográfica do Rio Tramandaí que os sedimentos hidrográficas. está incluída na Região Hidrográfica do transportados das ASSOREAMENTO Litoral, onde as fragilidades para a manu- partes altas são de- Desgaste das margens de tenção da água doce são ainda maiores por positados. um rio, lagos ou lagoas. causa da influência oceânica. A interferência Situada no Litoral Norte do Rio Grande do homem na ve- do Sul abrange uma área de aproximada- getação das encostas pode mente 270 mil hectares ou 2.700 km². Seus fazer com que o fenômeno encantos e suas águas percorrem uma faixa natural de transporte de se- costeira de aproximadamente 115 km. dimentos seja alterado, o que pode Fazem parte da Bacia do Rio Tramandaí, agravar problemas de assorea-

2 - RELATÓRIO DA BACIA DO TRAMANDAÍ mento das lagoas. Por vezes invadidas ou removidas, as dunas Nas porções baixas dos rios há captação de têm dois papéis fundamentais no equilíbrio água para a irrigação de hortaliças, impor- e preservação do sistema natural da bacia: tante atividade econômica local. funcionam como primeira barreira aos ven- Próximo à foz do Rio Três Forquilhas, na tos e tempestades oceânicas (quando fixadas) Lagoa Itapeva, e Rio Maquiné, que tem sua e mais importante: são reservatórios de água desembocadura na Lagoa dos Quadros, a doce próximo ao mar que impedem que a paisagem é substituída e as corredeiras dão água salgada invada o continente e provo- lugar a um rio de águas serenas que se es- que a salinização da água doce das lagoas. palha pela sua ampla planície de inundação A saída de todo o sistema de rios e la- até chegar nas lagoas. goas para o mar se dá no estuário do Rio Toda a parte mais baixa da bacia é forma- Tramandaí, a partir das Lagoas Armazém e da por um conjunto de lagoas interligadas Tramandaí. Neste ponto se forma a situação ou isoladas. Estas lagoas formam reservató- mais aguda de interferência oceânica da ba- rios naturais de água os quais servem a di- cia. As Lagoas Armazém /Tramandaí, Lagoa versos usos: abastecimento público, criação das Custódias e Lagoa do Gentil têm água de animais e agricultura, pesca, diluição de salobra (denominação da água com salini- esgotos, entre outros. dade variando entre 00,5 a Entre as lagoas apa- 3%). Neste pon- recem as áreas de ba- to nota-se também nhado, parte da bacia a maior pressão da importante para a ocupação urbana manter a biodiver- Nestas águas sobre os recursos sidade e a atividade hídricos em que as ou movimento das onde a luz cidades estão no li- lagoas. Os banha- reflete a vida é mite das lagoas e do dos trabalham como estuário. grandes esponjas que que a sabedo acumulam água e - regulam o nível de ria do ambiente longo prazo das la- goas. natural segue Entre o mar e as lagoas existem os seu caminho! campos de dunas.

3 O Uso do Solo, Flora e Fauna

preservação do solo tem relação di- Nota-se uma expressiva riqueza de aves reta com a qualidade e a quantidade incluindo a ocorrência de algumas espécies A dos recursos hídricos, pois o uso in- bastante sensíveis à destruição do ambiente, discriminado de produtos contamina o solo entre as quais o uru, o macuco, o sabiá-cica, e conseqüentemente as águas. a choquinha –cinzenta, a maria-da-restinga A quantidade de água também sofre im- e o tiririzinho do mato. pactos diretos da degradação efetuada no solo, pois a retirada da vegetação ou a agri- OS CORPOS D’ÁGUA, LAGOAS E cultura irregular provocam erosões e perdas RIOS de toneladas de terras férteis, as quais vão Os corpos d’água, lagoas e rios, representam assoreando nossos rios, lagos e lagoas. uma área superficial de 16,11% da bacia e estão distribuídos ao longo da planície cos- OS TIPOS DE USO DO teira. SOLO NA BACIA DO RIO TRAMANDAÍ A paisagem da bacia: Oeste - predomínio de matas Porção central - extensa área composta por lagoas e campos; Leste - junto ao oceano há concen- tração de áreas urbanizadas; Sul - presença da silvicultu-

ra e de campos arenosos. Lagoa Custódia com banhado à margem (27/02/2004)

A MATA DE ENCOSTA Nesta região em função dos corpos d’água Também conhecida como mata atlântica estarem ligados também ao mar observa-se abrange aproximadamente 27% do total da uma variação de salinidade que reflete na área da Bacia. diversidade das algas. São comuns nestes ambientes o lírio-do-brejo, a samambaia- dos-pântanos, o junco e outras plantas que se fixam nas margens estando total ou par- cialmente dentro d’água. Na região do estuário encontra-se uma fauna economicamente importante para a região: Os peixes (corvina, savelha, tainha, enchova, pampo, barrigudinho , peixe- rei, bagre, linguado, traíra, jundiás e carás), os crustáceos ( camarào-rosa, catanhão , siri- Vista da encosta da Serra do Umbú (município de azul) e os moluscos. Maquiné) coberta pela Mata Atlântica (23/07/2004) São identificados vários fatores que afetam Nesta formação de Encosta encontramos a diversidade de peixes na Bacia tais como, como espécies mais abundantes a canjerana, o cultivo agrícola, especialmente o arroz, a o palmiteiro, o chá-de-bugre entre outros. sobrepesca e a exagerada captura de animais Nestas florestas observa-se uma fauna jovens, o desmatamento, a poluiçào domés- bastante diversificada. Répteis como a igua- tica, industrial e o uso de agrotóxicos. ninha-verde, a muçurana-de-barriga-branca A Bacia do Rio Tramandaí abriga grande e a cobra-d’água-do-litoral podem ser en- número de lagoas, várzeas e banhados. Esse contradas nas áreas de Floresta Atlântica e sistema de lagoas é o mais extenso do país, zona costeira. sendo de grande importância para as aves

4 - RELATÓRIO DA BACIA DO TRAMANDAÍ aquáticas como a marreca-piadeira, marre- Os campos úmidos são identificados por ca-caneleira, o marrecão e o cisne-de-pesco- suas espécies características: grama-arame, ço-preto. grama-vermelha, bacopa ana, junco, e cipe- Além destes animais, existem diversas raceas. espécies de mamíferos (lontra, capivara e ratão-do-banhado). O boto é uma espécie OS CAMPOS SECOS notada com frequência no estuário de Tra- Nesta unidade da paisagem a cobertura ve- mandaí, principalmente na área de desem- getal é baixa e rala e predominam as espécies bocadura do rio com o oceano. de gramíneas.

OS BANHADOS Os banhados são porções de terra perma- nente ou temporariamente alagadas e se dividem em dois tipos: de água doce e os de água salgada, e podem ou não ter ligação com o oceano. Nestes banhados são encontrados o ca- pim-navalha, a fuirena-robusta, as taboas, o caraguatá do banhado, a margarida-do-ba- nhado, o junco. Campos secos no município de Osório (09/03/2004) Os ambientes de banhado e campos úmi- São encontrados exemplares de butiá, hoje dos desempenham papel fundamental na em grande risco de extinção devido à ocupa- reprodução e no desenvolvimento de diver- ção agrícola e pecuária. sas espécies, dentre as quais destacamos as Espécies de mamíferos como o tuco-tuco, seguintes: o zorilho e a lebre também são notadas. Peixes (traíra, jundiás e carás). Ocorrem também algumas espécies de aves Anfíbios – a rã-manteiga, porque é co- que vivem nos capinzais ou nas árvores e ar- mum e possui valor comercial; e espécies bustos isolados (ema, perdiz, quero-quero, ameaçadas de extinçào, como o sapinho- pica-pau-do-campo, anu-preto, cochicho, de-barriga-vermelha e a rã-grilo-de-barriga- noivinha, tico-tico-do-campo, canário-do- vermelha. campo, andorinha-do-campo, caminheiro- Répteis- o jacaré-de-papo-amarelo. Esta zumbidor, sabiá-do-campo, além de espé- espécie está na lista brasileira de espécies cies que ingressam de ambientes vizinhos). ameaçadas. Aves – são observadas espécies como gar- A VEGETAÇÃO ARBUSTIVA ça-moura, graça-branca-grande,graça-bran- Os vassourais são comunidades arbustivas ca-pequena, socozinho, socó-dorminhoco, comuns nesta região, constituindo o está- cabeça-seca, joão-grande, tapicuru, entre gio intermediário no processo de regene- outros. Mamíferos- destaca-se a presença de pe- quenos roedores associados à zona costeira, a preá.

Vegetação arbustiva pioneira nas proximidades de Osório (02/03/2004) ração das matas arenosas. Espécies vegetais comuns nessas formações são as vassouras- Área de banhado - Várzea do rio brancas, vassoura-vermelha e maricás. Tramandaí (09/03/2004)

5 OS PRINCIPAIS A MATA DE ARAUCÁRIA A SILVICULTURA CONFLITOS NO A noroeste da bacia, no Planalto e ao longo A silvicultura está concentrada especialmen- USO DO SOLO das nascentes dos rios Maquine e Três For- te na porção sul da bacia, abrangendo muni- DA BACIA quilhas, observa-se essencialmente a araucá- cípios com Palmares do Sul, Pinhal, Cidrei- Expansão da ria, também chamado pinheiro brasileiro. ra e Tramandaí. silvicultura sobre Na fauna podemos encontrar algumas Esta porção da os campos secos; GLOSSÁRIO espécies ameaçadas de extinção no Estado, bacia é utilizada SILVICULTURA: Expansão da como o sapinho-de-barriga-vermelha, e a para o plantio de orizicultura sobre Criação e desenvolvimento os campos úmi- rã-grilo-de-barriga-vermelha. pinus e eucalip- de povoamentos florestais. dos e banhados; to. A fauna de aves Expansão da área urbana sobre os presente em plantios de eucaliptos e de pi- sistemas de dunas; nus é bastante rica e encontra-se espécies

Cultivo da bana- como gavião-carijó, carrapateiro, João-de- na sobre a mata barro, risadinha, alegrinho, sabiá-laranjeira, de encosta, parte tico-tico, sabiá poça, canário da terra. dele em áreas de alta declividade, consideradas áreas de preservação permanente. Vegetação arbustiva pioneira nas proximidades de Osório (02/03/2004) O número de espécies raras e ameaçadas de mamíferos encontradas nesta área é mui- to significativo.

DUNAS O mapeamento de uso do solo e cobertu- Vista parcial de área com plantio de Pinus sp, junto à RS 784, município de Cidreira (27/02/2004) ra vegetal identificou 8.135,64 hectares de dunas. As áreas com florestas de pinus formam A riqueza de espécies vegetais varia ao locais bastante pobres e poucas aves fre- longo do sistema de dunas e observa-se com qüentam esta formação. São aves encon- mais freqüência as ciperáceas e as gramí- tradas neste ambiente: rolinha-picuí, anu- neas. branco, João-de-barro, bem-te-vi, tico-tico, Nas áreas de dunas costeiras foram encon- vira-bosta e outros. tradas as seguintes espécies: lagartixa – das Os mamíferos constatados nas matas de -dunas , aves características de outros am- pinus foram caracterizados ecologicamente bientes, principalmente chimango, joão-de- pouco associados a este ambiente. barro, andorinha – de – testa - branca e ca- minheiro – zumbidor, tuco – tuco - branco, MATAS DE RESTINGA este último se encontra na lista de espécies Matas de restinga são as comunidades ve- ameaçadas do Rio Grande do Sul. getais de porte arbóreo que se desenvolvem em solos arenosos da planície costeira. Es- tas, de aspectos florísticos representam uma particularidade da região. Estas comunida- des arbóreas são chamadas arenosas ou bre- jeiras. Nas matas brejosas observa-se a cane- la-do-brejo, maria-mole, guamirim-araçá, ipê-amarelo, tanheiro e capororocão. A fauna de mamíferos destas matas é su- postamente formada por um subconjunto das espécies encontradas na Floresta Atlân-

Sistema de dunas entre Cidreira e tica. Tramandaí (27/02/2004)

6 - RELATÓRIO DA BACIA DO TRAMANDAÍ MINERAÇÃO Na mineração, destaca-se na bacia a extra- ção de areia (a região é a única fornecedora de areia fina para o estado). Ocorre também a mineração de basalto. A mineração de areia, embora pouco sig- nificativa em área, destaca-se como a ativi- dade de mineração com maior potencial de impacto ao ambiente e, em especial, aos re- cursos hídricos. Mata de Restinga ao Sul da Lagoa da Cerquinha (21/07/2004)

AGRICULTURA A plantação racional e econômica de horta- liças em geral (couve, alface,pimentão...), juntamente com outros cultivos em peque- nas propriedades (milho, mandioca, etc), 7,17% da área da bacia. O arroz irrigado representa uma área cul- tivada em 2004 de 4.903,45 hectares. Os bananais, distribuídos especialmente Área de mineração por raspagem (Foto GERCO/FEPAM, 2002) na meia encosta das serras dos rios Três For-

FATORES DE DEGRA - DAÇÃO DO LITORAL

Na faixa que acompanha a linha do oceano (e quanto mais próximo deste, maior a descaracterização ambien tal) localizam-se os proble- mas ambientais da bacia. - Área ocupada pela cultura da banana, na meia encosta da serra do Rio Três Forquilhas (21/07/2004) Isto se deve, provavelmente, a três fatores principais: quilhas e Maquiné ocupam 1,47 % da área da bacia. Interesse pela zona litorânea como área de veraneio (expan - ÁREAS URBANAS são imobiliária); As maiores áreas urbanas na bacia concen- tram-se nos municípios da faixa litorânea. Maior facilidade de acesso e uso do solo na Essa ocupação do solo representa 3,32 % da planície costeira (es - área da bacia. Nela está concentrada 86% da tradas e relevo); população residente da bacia. Menor percentual de área protegida em uni - dade de conservação na porção litorânea.

Áreas urbanas de Imbé e Tramandaí (06/12/2004)

7 Clima e Áreas de Preservação

TEMPERATURA Estas áreas protegidas são classificadas de várias formas e amparadas por políticas de odemos dizer que a temperatura se proteção (estaduais, nacionais e internacio- comporta mais ou menos da mesma nais). A Bacia do Rio Tramandaí abriga 08 Pforma em toda a Bacia do Rio Tra- unidades de Conservação, 02 Reservas In- mandaí, sendo registrada uma média de dígenas e um remanescente de quilombo, 19°C nas áreas mais próximas ao mar. As além da reserva da Biosfera da Mata Atlân- temperaturas mais baixas são verificadas nas tica. Nota-se ainda que no entorno da bacia regiões da serra.( São Francisco de Paula). existem outras unidades de conservação.

CHUVAS AS UNIDADES DE CONSER- VAÇÃO Para sabermos quanto chove é necessário Instituídas por decretos específicos, são os adotar uma unidade de medida. Esta unida- Parques, as Reservas Biológicas, as Reservas de é chamada precipitação e é calculada em Ecológicas, as Estações Ecológicas e as Áreas milímetros. de Proteção Ambiental (as Apas). A precipitação média anual é de 1500mm na porção mais ao Norte. Ao Sul esta média ÁREAS DE PRESERVAÇÃO cai para 1400mm por ano. A média regis- PERMANENTE trada na região da Bacia do Rio Tramandaí São definidas pelo Código Florestal como se assemelha a média anual do Rio Grande sendo certas áreas públicas, ou particulares, do Sul. nas quais a eliminação total ou parcial da vegetação só é permitida, mediante autori- ÁREAS DE PRESER- zação do Poder Executivo Federal, quando VAÇÃO LEGAL necessária a execução de obras, planos, ati- vidades ou projetos de utilidade pública ou Desde o início da civilização, os povos reco- de interesse social. Como exemplo de áreas nheceram a existência de locais geográficos de preservação permanente podem ser cita- com características especiais e tomaram me- das: as margens dos rios, ao redor de lagoas, didas para protegê-los. Atualmente, quem lagos ou reservatórios d’água; e os topos de percorre as estradas que cruzam a região morros, montes, montanhas e serras. da bacia, admira uma paisagem que abriga além de belezas naturais em grande parte ÁREAS DE QUILOMBOS selvagens, terras com histórias de povos in- Também demarcadas por decreto específi- dígenas e negros escravos. co, são também chamados “quilombolas” são áreas com vestígios arqueológicos de APP do munic. Área munic. ocup. Área do munic. por APP (%) quilombos. Município na bacia (ha) na bacia (ha) 8,0% 12.714,77 1.010,570 18,5% Arroio do Sal 7.333,65 1.355,194 10,8% TERRAS INDÍGENAS Balneário Pinhal 9.682,84 1.045,754 25,3% Capão da Canoa 17.496,18 4.419,464 5,5% Demarcadas por decreto, são as reservas Cidreira 1.920,41 106,061 16,1% indígenas. A existência de diversas áreas de Dom Pedro de Alcântara 3.942,51 632,294 10,7% Imbé 20.435,66 2.178,353 8,2% preservação legal indica que o ambiente na- Itati 62.409,79 5.098,141 11,3% tural da região da Bacia do Rio Tramandaí é Maquiné 32.148,81 3.639,406 2,3% Osório 6.058,26 136,763 6,4% propício para a propagação de espécies na- Palmares do Sul 20.477,97 1307,722 9,0% tivas, essenciais para a recuperação de am- São Francisco de Paula 13.357,92 1.196,545 7,5% Terra de Areia 3.494,27 261,284 24,1% bientes degradados ou alterados. Torres 10.661,83 2.563,758 5,4% Tramandaí 20.817,66 1.124,527 9,1% Três Cachoeiras 20.811,59 1.884,281 9,5% Três Forquilhas 6.025,18 570,492 10,6% Xangrilá 269.787,24 28.530,609 Total Areas de preservação legal na bacia o rio tramandaí

8 - RELATÓRIO DA BACIA DO TRAMANDAÍ A População da Bacia

UMA HISTÓRIA MUI- principais atividades econômicas do perío- TO ANTIGA do. Firma-se uma nova forma de ocupação através da agricultura em pequenas proprie- uantas histórias e feitos já navega- dades. ram e ainda correm nas águas da Ao nascer do século XIX, começa a divi- QBacia do Rio Tramandaí? Século são político-administrativa do território em XVII. O cenário que revelava uma vegetação municípios. abundante e águas imaculadas era habitado Santo Antônio da Patrulha, juntamente por índios Carijós, os quais, em seu comér- com , Rio Grande e Rio Par- cio de trocas usavam picadas, costeando os do, formam as primeiras sedes de vilas da acidentes do terreno. Capitania. Essas trilhas passaram a ser usadas apenas Origina-se o núcleo urbano de Torres. como ponto de passagem dos tropeiros, A partir da segunda década do século XIX, principalmente , paulistas compradores de tem início a colonização alemã. Os primei- índios que os levavam para São Paulo como ros colonos se estabelecem em São Leopol- escravos. do e Torres. Esses índios que as gerações futuras não Nasce a cidade de Cidreira, pioneira da poderão citar, mas que estavam presentes, arte de receber veranistas. vivendo, criando, modificando pouco a Até então o litoral não era valorizado de- pouco as coisas ao redor, abriram os cami- vido àscondições do solo, quase improdu- nhos para um futuro de desenvolvimento tivo. no Litoral Norte do Rio Grande do Sul. Século XX. Imi- Com a revisão do Tratado de Tordesilhas grantes europeus, nossas terras passaram para o domínio por- aos poucos, introdu- tuguês. zem novos hábitos E os primeiros brasileiros descendentes de baseados na busca portugueses atraídos pelo gado foram che- da qualidade de vida gando, mas não para ficar. Usavam as rotas dando início ao pro- entre Colônia do Sacramento e Laguna para cesso de veraneio. conduzir o gado até os mercados do centro Com a constru- do Brasil. ção de aproxima- Intensifica-se o caminho dos tropeiros damente 80 casas e e começam a surgir os primeiros currais e dois hotéis, Traman- invernadas de tropas.Os primeiros casa- daí passa a ser visita- mentos entre brasileiros descendentes de da como balneário. portugueses com minuanos e charruas são Com o nome de festejados. Arroio da Pescaria, Em 1732 eram concedidas as sesmarias floresce Capão da (lotes e terra que a coroa Portuguesa cedia a Canoa. quem se dispusesse cultivá-lo) o que gradu- Os primeiros ran- almente firma o povoamento, que ocupava chos começam a se desde a área ao sul do rio até agrupar à beira mar, Maldonado, no Uruguai. e servem para abri- A criação degrandes rebanhos e o comér- gar pescadores e aventureiros e receber tro- cio de couro e carne trazem os primeiros ha- peiros, fazendeiros e viajantes. bitantes que se estabelecem entre a foz do Em 1915, por iniciativa de José Antônio Rio Tramandaí e a foz da Lagoa dos Patos. Picoral, é inaugurado em Torres o Balneário O Rio Grande do Sul crescia pela orla Picoral , que de forma decisiva contribuiu atlântica. A criação de gado, as para o desenvolvimento do turismo no li- e a introdução do cultivo do trigo eram as toral.

9 Moradores do campo vinham até o mar acelera o processo de urbanização. Lagos para pescar e veranistas carregados por char- começam a ser aterrados com as areias dos retes ou barcos de carga iam chegando em cômoros, as construções começaram a se número cada vez maior. proliferar em decorrência da instalação da As vias navegáveis de Osório e Torres pas- primeira fábrica de móveis e esquadrias em sam a ser um meio de comunicação impor- Capão da Canoa. tante para o desenvolvimento de todo o A consolidação do turismo e à melho- Litoral Norte. Estradas são abertas, hotéis ria das condições de transporte favorece a e chalés são construídos e outras localida- construção de loteamentos. Um novo ciclo des se erguem dando origem àscidades de econômico baseado na construção civil tem Pinhal e de Arroio do Sal. início. A criação de uma linha de ônibus contri- A partir da década de 1950 surge Arroio bui para um expressivo desenvolvimento e Teixeira, Rondinha, Xangri-lá, Curumim, Salinas, Magistério, Rainha do Mar, Santa Terezinha. POPULAÇÃO DOS MUNICÍPIOS INSERIDA NA BACIA DO A implantação do balneário pla- RIO TRAMANDAÍ (ESTIMATIVA PARA ODEZEMBRO-FEVEREIRO ANO DE 2004) MARÇO-NOVEMBRO nejado de Atlântida estabelece um URBANA RURAL RURAL TOTAL MUNICÍPIO TOTAL URBANA 706 novo patamar de veraneio.No iní- 299 61.779 61.073 6.760 6.461 895 cio da década de 1970 alguns em- ARROIO DO SAL 307 89.316 88.421 9.836 9.529 978 preendimentos contribuem para BALNEÁRIO PINHAL 201 190.123 189.145 37.297 37.097 2.393 alterar o ritmo de crescimento da CAPÃO DA CANOA 349 105.526 103.133 11.382 11.033 região Tramandaí recebe o Tedut CIDREIRA 690 0 690 DOM PEDRO DE 503 0 503 733 da Petrobrás, que impulsiona a ALCÂNTARA** 143.202 142.469 15.388 14.965 424 cidade como pólo regional, ao IMBÉ 11.929 2.891 9.038 7.539 1.987 5.552 lado de Osório, que, com a inau- MAQUINE 62.276 56.975 5.301 36.156 33.307 2.849 guração da Free-Way, assume OSÓRIO 256 0 256 124 0 124 papel cada vez mais importante PALMARES DO SUL** 1.056 0 1.056 SÃO FRANCISCO 464 0 464 na região. Multiplicam-se os em- 10.532 DE PAULA** 19.096 8.564 11.956 5.295 6.661 preendimentos imobiliários em TERRA DE AREIA* 1.236 0 1.236 784 0 784 toda a faixa entre Torres e Tra- TORRES** 172.257 169.707 2.549 37.273 36.054 1.219 mandaí. TRAMANDAÍ 11.379 6.050 5.328 9.386 5.116 4.270 Alguns municípios do litoral TRÊS CACHOEIRAS 5.261 1.355 3.906 3.110 266 2.844 durante os meses de dezem- TRÊS FORQUILHAS 78.542 74.936 3.606 9.983 9.285 698 XANGRI-LÁ 953.923 904.719 49.204 bro, janeiro e fevereiro têm a 197.939 170.394 27.546 TOTAL sua população multiplicada por *Na população estimada para Terra de Areia está incluída a população de Itati. A população quatro. É construída a Estrada estimada para 2004 residente em Terra de Areia é de 8.995 e em Itati é de 2.961 habitantes. do Mar, entre Osório e Torres **Área urbana fora da bacia. que reforça ainda mais a função

São fixadas rotas que servem de caminhos para a condução do gado. A criação de grandes XVII rebanhos e o comércio de couro e carne se estabelece na região deixando de ser mero corre- dor de passagem. Os recursos naturais passam a ser utilizados como suporte para o desenvolvi- Processo de ocupação mento econômi- e formação do estado co. do Rio Grande do Sul pela Coroa Portu- guesa – Nesta fase o Litoral Norte era habitado por índios Carijós e utilizado zapenas como ponto de passa- XVIII gem dos tropeiros. 10 - RELATÓRIO DA BACIA DO TRAMANDAÍ de veraneio. A distribuição de empregos, as composta por residentes e veranistas. opções de comércio, serviços e lazer passam a ser regionais, cada cidade participando A POPULAÇÃO E como parte de um amplo sistema urbano. O TRABALHO

A VISÃO DE HOJE É importante que se tenha uma clara visão da relação entre as atividades de trabalho Municípios se emanciparam, comunidades que os cidadãos da bacia desempenham, se desenvolveram e nas últimas décadas essa quer seja na zona urbana ou na zona rural e população de origem portuguesa e açoriana a proteção dos recursos hídricos. sofreu um crescimento populacional muito A população deve interagir em suas ativi- significativo. dades no sentido de que não venha a com- A população estimada para a bacia, em prometer a quantidade e a qualidade das 2004, era de aproximadamente 198.000 águas, garantindo uma vida saudável ligada habitantes distribuídos em zona rural e ur- ao desenvolvimento econômico. bana. O grau de urbanização da bacia as- A base da economia dos municípios da semelha-se com o nível identificado para o bacia é o setor terciário (comércio e servi- Estado. Sua população total corresponde a ços).

População Residente menos de 2% do núme- Os serviços na maior parte ligados ao tu- ro de habitantes do Rio rismo nos meses de veraneio. Grande do Sul e está No setor primário (agropecuária) desta- 197.939 HAB 21% concentrada nas ca-se o plantio do arroz. Dados do (IBGE, cidades que se locali- PAM 2002) mostram que foram produzi- 749.984 HAB zam na orla marítima, das 24 mil toneladas, o que corresponde a, 79% Osório, Capão da Ca- aproximadamente, 0,5% da quantidade de noa e Tramandaí. arroz produzida no estado. Quadro com Municí- Na indústria de transformação, destaca-se População Sazonal pios e percentuais de ha- a indústria madeireira (25% do total), se- bitantes, divididos em zona rural e urbana. guida pela indústria de produtos ali- Em decorrência do veraneio a população mentares (21%) e pela indús- da Bacia do Rio Tramandaí apresenta va- tria do mobiliário (14%), riações que podem ser divididas de acordo o que evidencia que na com o período do ano. De março a novem- bacia a indústria não é bro a população dos municípios é composta fortemente desenvol- apenas pela população residente, enquanto vida. que de dezembro a fevereiro a população da maior parte dos municípios aumenta consi- deravelmente. Nesses meses a população é

Com a conquista das Missões e consolidação do domínio português, XIX através das estâncias luso-brasileiras XX O turismo se consolida e um e da colonização agrícola açoriana, novo ciclo econômico vincula- nascem os primeiros municípios do à construção civil se estabe- entre eles Santo Antônio da Patru- lece. Surgem outros municípios lha. É construído o Forte de São e um novo modelo de veraneio com a Domingos das Torres construção de balneários plane- originando o núcleo jados. A construção da Free-Way urbano de Torres. proporciona o deslocamento de Surge Cidreira, veranistas de Porto Alegre em cidade do litoral direção ao Litoral. A construção pioneira na arte de da Estrada do Mar consolida o receber veranistas. Litoral Norte como uma Aglome- ração Urbana.11 A ÁGUA

A água é um Disponibilidades Hídricas recurso natural de valor econômi- co, estratégico e social, essencial à de Bacia somente as águas superficiais são Quanta água te- existência e bem DISPONIBILIDADE mos e qual a qua- analisadas e estas são encontradas nos rios estar do homem! HÍDRICA lidade da água e lagoas. As águas dos rios como se encon- Onde não há água, tram em movimento são calculadas por va- não há vida. Todos zões m³ por segundo e das lagoas que são as os ciclos econômi- QUANTA ÁGUA TEMOS cos e o desenvol- águas acumuladas quantificamos por metro vimento social, a cúbico. qualidade de vida evido às diferentes e particulares O conjunto de lagoas da Bacia do Rio e a saúde humana, dependem de água condições climáticas presentes em Tramandaí tem um volume acumulado de de boa qualidade, Dnosso planeta a água pode ser en- aproximadamente 450 milhões de m³. O disponível per- contrada, na natureza, em seus vários esta- Rio Maquiné despeja todos os dias na Lagoa manentemente a dos: sólido, líquido e gasoso. Chamamos de dos Quadros 200 mil m³ de água. O Rio todas as classes sociais e à popula- ciclo hidrológico, ou ciclo da água, à cons- Três Forquilhas, 500 mil metros cúbicos ção como um todo. tante mudança de estado da água na nature- por dia na Lagoa Itapeva. No Rio Traman-

A gestão dos za. O calor do sol aquece a água dos oceanos daí passam 40m³ por segundo, aproxima- recursos hídricos e da superfície terrestre que se evaporam, damente 14.000 caixas d’água de 250 litros é uma tarefa que formam nuvens e voltam a cair na terra sob por segundo! demanda trabalho a forma de chuva. Depois escorrem para os e tempo e a cons- trução da política rios, lagoas e lagos ou para o subsolo e aos Vazão do Rio Tramandaí das águas dentro poucos correm de novo para o mar, man- das Bacias Hidro- tendo o equilíbrio no sistema. EM gráficas é um pro- Quando a chuva cai, uma parte da água cesso que envolve 250 L etapas sucessivas se infiltra através dos espaços que encontra de trabalho, onde no solo e nas rochas (águas subterrâneas). X 1s a participação so- Pela ação da força da gravidade esta água vai 14.000 cial tem um papel fundamental. se infiltrando até não encontrar mais espa- ços, começando então a se movimentar ho- rizontalmente em direção às áreas de baixa QUAL A QUALIDADE pressão. A água da chuva que não se infiltra DA ÁGUA NA BACIA (águas superficiais), escorre sobre a super- fície em direção às áreas mais baixas, indo Não basta ter água, é necessário ter quali- alimentar os riachos, rios, mares, oceanos e dade em condições de uso para nossas ne- lagos. cessidades. Os cidadãos devem se sentir As eventuais perdas de água se devem mais responsáveis pela preservação dos recursos à poluição e à contaminação, que podem hídricos e ter a consciência de que seus atos chegar a inviabilizar a reutilização, do que à podem alterar tais recursos. Essa conscienti- redução do volume de água na bacia. Por isso zação tem dois aspectos fundamentais. Em a qualidade é fator de extrema importância primeiro lugar, cada indivíduo precisa com- quando falamos em quantidade de água. A preender que é parte integrante do ambien- água é um bem que se quer em condições te e que, através de suas ações, é um agente de uso para garantir o desenvolvimento e a modificador do mesmo. Em segundo lugar, Manacial = Fonte de Água qualidade de vida dos moradores da Bacia deve se sentir como participante do pro- do Rio Tramandaí! cesso de gestão da águas, interagindo com Medidas das Disponibilidades Hídricas O local onde há des- iguais e compartilhando os mesmos direi- Tipo carga e concentração tos e deveres. Só assim será possível alcançar Manancial Medida natural de água doce é um uso mais sustentável da água, a fim de acumulada lagoas m³ chamado manancial ou garantir esse bem para as próximas gerações rios m³/s por segundo fonte de água e se divide com qualidade e quantidade adequadas. por segundo em águas superficiais e A água pode não ter qualidade suficiente poços m³/s subterrâneas. No Plano para determinado uso e ser adequada para

12 - RELATÓRIO DA BACIA DO TRAMANDAÍ outros. A qualidade das águas superficiais na Tramandaí e na foz do Rio Maquiné. Os rios bacia foi avaliada com base nos dados de mo- e lagoas da bacia na sua maior parte encon- nitoramento que a FEPAM dispõe e na Re- tram-se com água em boa qualidade. Trechos solução 357/2005 do Conselho Nacional do problemáticos são identificados na Lagoa do Meio Ambiente (CONAMA), que determina Marcelino (Classe 4), Lagoa do Armazém / cinco classes de uso da água doce de acordo Tramandaí (Classe 2 de água salobra), Lagoa com sua qualidade e estabelece que quanto Itapeva (Classe 2). Nestas lagoas o lançamento maior a classe pior a qualidade da água. de esgotos sanitários compromete a qualidade A FEPAM mede a qualidade da água de seis da água. em seis meses em quase todas as lagoas, no Rio

Classificação da qualidade atual da água na Bacia Hidrográfica do Tramandaí Classes de uso das águas doces (baseada nos dados do monitoramento do GERCO/FEPAM do período de 1992 a 2004) conforme resolução 357/2005, identificadas na Bacia do Rio Tramandaí Classes Usos Águas Doces Especial Abastecimento para consumo humano com desinfecção. Classe 1 Abastecimento para consumo humano após tratamento simplificado; Proteção das comunidades aquáticas; Recreação de contato primário (nata ção, esqui aquático e mergulho).- Classe 2 Abastecimento para consumo huma no, após tratamento convencional;- Proteção das comunidades aquáticas; Recreação de contato primário; Irrigação de hortaliças e plantas frutíferas. Aqüicultura. Classe 3 Abastecimento para consumo huma no, após tratamento convencional- ou avançado; Irrigação de culturas arbóreas, cerealí feras e forrageiras; - Dessedentação de animais. Classe 4 Navegação; Harmonia paisagística. Águas Salobras Classe 1 Recreação de contato primário; Proteção das comunidades aquáticas; Aqüicultura. Classe 2 Pesca amadora; Recreação de contato secundário.

Neste processo de construção do Plano de Bacia, a participação da sociedade teve papel essencial, pois através da gestão participati - Planejar a conservação da quantidade va conseguimos obter e qualidade da água nos mananciais,- as informações mais bem como o aproveitamento (racio importantes, identifi - nalização dos usos e repartição justa) cando e sistematizan - dos recursos hídricos é fundamental. do os interesses múlti - plos da sociedade.

13 Demandas Hídricas

Quanta água - municipais ou por empresas privadas que DEMANDAS está sendo uti lizadas e para captam somente as águas subterrâneas. HÍDRICAS que utilizamos A rede de distribuição da CORSAN abas- tece cerca de 270.000 pessoas e a quantida- de de água superficial usada para o abaste- QUANTA ÁGUA ESTÁ cimento público é de 469,89 L/s nos meses SENDO UTILIZADA E de abril a novembro e 812,53L/s no período PARA QUE USAMOS de Dezembro a Março. A maior parte da de- manda de água subterrânea é para o uso água é elemento necessá- de abastecimento público, rio para quase todas as ati- GLOSSÁRIO e foi quantificada em apro- A vidades dos cidadãos da USO CONSUNTIVO ximadamente 14 milhões Bacia. O uso múltiplo das águas São aqueles que retiram de m(cúbicos) por ano que tem gerado conflitos e está mobi- água de sua fonte natural equivalem a 437 litros por onde ocorre consumo lizando grande parte da socieda- significativo de água. segundo. de, dada a importância e o papel USO NÃO Para garantir que a água que este recurso tem em seus CONSUNTIVO fornecida à população seja usos consuntivos e não consun- São aqueles onde a água, potável, a Corsan busca fon- tivos. para efeitos práticos, tes de água e utiliza tecnologia não é consumida de de tratamento para eliminar forma expressiva. todos os poluentes e agentes Na bacia do rio tramandaí foram ameaçadores à saúde. identificados os seguintes usos consuntivos: Captação de águas dos rios, lagos e riachos por meio de bombas –a água Saneamento: abastecimento público; Industrial: abastecimento de industria; é conduzida, através das adutoras de água Agropecuário: dessedentação animal e irrigação. bruta, até as estações de tratamento, tam- bém chamadas ETAs. Na ETA, a água que Os usos não consuntivos estão presentes na chega é tratada para ficar em condições de bacia da seguinte forma: ser distribuída e abastecer a sociedade.

Aqüicultura; ESGOTAMENTO SANITÁRIO Saneamento: lançamento de efluentes do esgotamento sanitário doméstico e dos depósitos dos resíduos sólidos; A água que utilizamos em nossas casas re- Industrial : lançamento de efluentes da indústria; torna para o ambiente em forma de esgoto Agropecuário: lançamento de efluente da criação animal; sanitário que contém resíduos orgânicos, Lazer, recreação e turismo; inorgânicos e microorganismos. Estas cargas Pesca; geram poluição no ambiente e contaminam Mineração; Navegação. as águas causando doenças. Na Bacia do Rio Tramandaí o tratamento de esgotos é na sua maioria na forma de fos- SANEAMENTO – ABASTECI- MENTO PÚBLICO A água para ser consumida, sem apresentar riscos à saúde, tem de ser tratada, limpa e descontaminada. A Corsan é responsável pelo abastecimento público de quase toda a região da Bacia do Rio Tramandaí e capta água superficial e subterrânea. Em alguns trechos da bacia existem sistemas indepen- dentes de captação, tratamento e distri- buição de água, operados pelas prefeituras Esgoto

14 - RELATÓRIO DA BACIA DO TRAMANDAÍ sas (80% das moradias). que não possuem área própria para destina- P ara a vida, é Dos municípios que tem zona urbana ção enviam os resíduos coletados para Tra- fundamental que a água contenha o xi- dentro da Bacia, apenas cinco possuem mandaí e Terra de Areia. gênio dissolvido e rede coletora de esgoto: Capão da Canoa, A produção anual total de resíduos na ba- certa quantidade de Cidreira, Osório, Tramandaí e Xangri-lá. A cia é de aproximadamente 105 mil tonela- alimento natural, na forma de algas, coleta e tratamento de esgotos são indispen- das – em média 300 toneladas por dia. frutos e folhas pro- sáveis para garantir a qualidade de vida e a Quando estes resíduos são depositados nos cedentes da vege- qualidade das águas para outros usos. lixões ou quando os aterros sanitários não tação que e xiste às A poluição por esgoto doméstico reduz o são operados de forma adequada, este líqui- mar gens dos rios. nível de oxigênio presente na água, prejudi- do é drenado para os rios e arroios compro- cando a vida aquática e diminuindo a qua- metendo a qualidade das águas superficiais lidade. Para medir o grau de poluição nas e subterrâneas. Importante lembrar que nos águas utilizamos o parâmetro DBO (De- meses de veraneio agrava-se esta realidade. manda Química de Oxigênio). Não é toda a carga orgânica que atinge os IRRIGAÇÃO cursos d’água superficiais da bacia, a maior O consumo da água está relacionado com as parte da carga orgânica é removida pelas lavouras de arroz e hortaliças. fossas sépticas, lançada no mar, ou é remo- As demandas d’água associadas ao cultivo vida por tratamento. do arroz concentram-se no período de de- GLOSSÁRIO O sistema implanta- zembro a março. DBO do de tratamento de Além da demanda para a lavoura do ar- Medida que esgotos na Bacia tem roz dentro da Bacia, existem também duas representa quanto condições de aten- captações para irrigação do arroz fora da ba- oxigênio é retirado der 235.731 pessoas. cia, demandando um alto consumo de água O QUE É da água para depurar Esse total seria satis- CHORUME? uma determinada fatório para a região quantidade de Chorume é líquido carga poluidora de se não levássemos em com alta car ga de origem orgânica. conta o aumento da poluição que con- população nos meses tamina o solo e os corpos hídricos r e- de veraneio. São lan- sultante da decom- çadas nos corpos d’água e no solo da área posição de r esíduos da bacia 4.439 toneladas de carga poluidora sólidos. Quando orgânica. estes r esíduos são depositados nos lixões ou quando os ESGOTAMENTO PLUVIAL Irrigação de Hortaliças ater ros sanitários Entende-se por esgotamento pluvial a capa- não são operados de forma adequa- cidade de drenagem da região, sendo esta, para irrigação. No mês de maior consumo, da, este líquido inferior a 50% da área, na maioria dos mu- a irrigação de arroz para as áreas cultivadas é dr enado para nicípios. dentro e fora da bacia, acrescida da irrigação os rios e ar roios comprometendo de hortaliças é de aproximadamente 27,5 a qualidade das RESÍDUOS SÓLIDOS milhões de m(cúbicos) no mês de janeiro. águas super ficiais São as sobras de qualquer processo ou ativi- A maior parte da água doce do planeta é e subter râneas. Im- dade industrial, doméstica, hospitalar, agrí- utilizada para irrigar plantações em lugares portante lembrar que nos meses de cola, lodos de estação de tratamento de água onde a quantidade de chuva não é suficien- veraneio agrava- (ETA) e lodos de estação de tratamento de te. É justamente nessa área onde é fácil re- se esta r ealidade. esgotos (ETE). Os resíduos sólidos podem duzir o consumo exagerado, com práticas ser biodegradáveis(restos de comida, cascas de irrigação que não desperdiçam a água . de frutas,etc.) e degradáveis (vidro, metais e outros). CRIAÇÃO DE ANIMAIS Há na bacia cinco aterros para disposição A quantidade de água usada na criação ani- de resíduos sólidos urbanos licenciados pela mal é de 1,6milhões de metros cúbicos por FEPAM, localizados nos municípios de Ter- ano, sendo grandes proporções destinadas a ra de Areia, Osório, Capão da Canoa, Tra- higienização das instalações e equipamen- mandaí e Três Cachoeiras. Os municípios tos.

15 A carga orgânica, oriunda de fezes, urina e resíduos de alimentos, gerada pela criação animal, na bacia do rio Tramandaí é estima- da em cerca de 1 tonelada/k2 de DBO, sen- do o rebanho de bovinos o que representa maior contribuição.

Pesca dificultando avaliar com precisão toda po- pulação que vive da pesca.

NAVEGAÇÃO Na região da Bacia do Rio Tramandaí, o tra- Criação de animais jeto de Torres a Tramandaí foi feito, durante anos, por barcos movidos a vapor, transpor- INDÚSTRIA tando passageiros e produtos entre as loca- Na indústria, para se obter diversos produ- lidades. tos, as quantidades de água necessárias são A navegabilidade de um curso d’água está muitas vezes superiores ao volume produ- ligada à existência de uma profundidade zido mínima para a qual a embarcação perma- Estão licenciadas junto à FEPAM 80 em- nece flutuando na água, sem ficar presa ao preendimentos industriais localizados nos municípios parcial ou totalmente inseridos na área da bacia. As atividades industriais com maior número de empreendimentos são Serraria e Desdobramento de Madeira e Matadouros / Abatedouros. A demanda hí- drica estimada para o abastecimento indus- trial é de 260.172 metros cúbicos por ano. As fábricas utilizam água em processo de limpeza e resfriamento de máquinas. E, mais diretamente, como matéria-prima, no Navegação caso das indústrias de alimentos e outros. fundo (encalhar). Essa profundidade míni- AQÜICULTURA ma necessária é função do calado da embar- Existem nove empreendimentos de aqüicul- cação, do efeito das ondas, do movimento tura na Bacia, sendo a cultura de peixes a da embarcação e da natureza do fundo do predominante. Em Terra de Areia cultiva-se rio ou lagoa. o camarão em tanques numa área de 1,1há. Atualmente a navegação existente no A demanda para esta atividade ocorre em sistema lagunar norte é de pequena escala função das perdas por evaporação em rela- e porte, restringindo-se ao lazer, recreação ção direta com as condições climáticas. e pesca artesanal. Embarcações de médio porte ficam impedidas de navegar devido a PESCA pouca e irregular profundidade d’água nas Para diagnosticar esta atividade na bacia foi lagoas e, em especial, nos canais de ligação analisado o setor pesqueiro de água doce, entre as lagoas. que identificou a prática da pesca em quase todas as lagoas. Existem treze comunidades MINERAÇÃO de pescadores, que apresentam característi- Dos minerais explorados na Bacia destacam- cas bastante diferentes. Nem todos os pesca- se a areia e o basalto pela quantidade de áre- dores vivem em comunidades organizadas, as existentes. Tendo em vista a interferência

16 - RELATÓRIO DA BACIA DO TRAMANDAÍ direta com os recursos hídricos e a localiza- Norte evidencia o uso das lagoas, por onde É necessário usar ção das áreas de extração – entre as lagoas do trafegavam e por onde era escoada a pro- com conhecimento e consciência todos complexo lagunar – é de especial interesse a dução do estado. Paralelamente, o uso dos os recursos naturais mineração da areia. Na Bacia Hidrográfica recursos hídricos sempre teve seu caráter de dentro da Bacia do do Rio Tramandaí, existem cerca de 630 ha lazer, sendo utilizado pelos moradores do Rio Tramandaí. licenciados para extração e/ou pesquisa de entorno também para a sua diversão e não Com essa consci- somente para o consumo doméstico. ência, não precisa- remos aprender a enfrentar a escassez OUTROS USOS DA ÁGUA NA BA- da água. Aprendere- CIA mos sim, a evitá-la. Existem outras atividades que, numa pro- porção bem menor, utilizam água doce dis- ponível na bacia hidrográfica. Nesse grupo de usos da água destacam-se os postos de lavagem de automóveis e o comércio vare- jista de combustíveis. Os postos de lavagem Mineração representam consumo de água e geração de efluentes líquidos e o comércio varejista de areia, sendo mais de 50% para exploração combustíveis também gera algum efluente mineral. Ocorre na bacia também explora- líquido. Não existem informações suficien- ção clandestina de areia numa área estima- tes para quantificar a demanda de água e da de 185 ha distribuídos entre Capão da a geração de efluentes decorrentes destes Canoa, Cidreira, Osório, Balneário Pinhal, serviços. Dessa forma apresenta-se apenas Torres, Tramandaí e Xangri-lá. o número desses estabelecimentos licencia- dos nos municípios da bacia. Foram iden- OUTRAS MINERAÇÕES tificados 91 estabelecimentos de comércio Em menores proporções do que a minera- de combustível e oito postos de lavagem de ção de areia, também ocorre na Bacia Hi- veículos. drográfica do Rio Tramandaí a requisição de áreas para exploração de outros minerais POÇOS INDIVIDUAIS (PONTEI- como basalto, antracito, argila, saibro e sa- RAS) E PEQUENOS POÇOS CO- propelito. LETIVOS O abastecimento público, em especial nos TURISMO municípios do litoral, é complementado Na Bacia do Rio Tramandaí, o turismo vol- através de poços unifamiliares, as “pon- tado à orla marítima e baseado nas ativida- teiras”, e pequenos poços coletivos. Esses des de lazer vinculada às praias do mar é um poços não apresentam registro algum, pois ramo de atividade muito forte. As informa- não são licenciados. Estima-se que cerca de ções mencionadas sobre a prática de Turis- 494 mil m3 de água da bacia sejam retira- mo, de esportes de Aventura, de Ecoturis- dos anualmente para complementação do mo, ou Turismo Rural, são centradas apenas abastecimento público através de pequenos nos recursos hídricos de água doce. poços e ponteiras. O histórico do povoamento do Litoral

Turismo

17 O Balanço Hídrico

balanço hídrico determina o equi- Lagoa da Emboaba, Lagoa da Rondinha/ líbrio da entrada e da saída da água Cidreira e Lagoa da Fortaleza. Importante O dentro de uma bacia hidrográfica. citar que mais da metade da água disponí- Tirar mais água de um lugar do que a capa- vel no Rio Tramandaí está sendo retirada. cidade dela se reabastecer é o caminho para Em proporção menor na Lagoa do Passo o desequilíbrio e a escassez. e Baixo Rio Maquiné são extraídos de 20 a 50% dos recursos hídricos. Os demais cur- O Balanço pode ser representado pela sos d’água ou lagoas evidenciam resultados seguinte figura: satisfatórios no que diz respeito a quantida- de de água retirada( menos de 20% ).

Definir a qualidade De quanta Quanta água água precisamos temos da água é bem mais difícil do que entender a VAZÃO E VOLUME ECOLÓGICO qualidade de Uma questão importante a ser mencionada é o fato de que nem toda a água existente outros produ pode ser utilizada, sob pena de que as - lagoas e os rios secariam. tos. Para ser Tendo em vista este aspecto, foi útil, deve considerada nos cálculos do balanço hídrico uma determinada quantidade de água para a manutenção da vida conter um aquática e preservação do equilíbrio ambiental. certo grau de

É como se parte do volume das lagoas e impurezas, vazão dos rios fosse reservada para que sempre fosse mantida no rio ou lagoa. que varia de Esta é chamada de vazão ou volume ecológico. acordo com o uso que O BALANÇO DE se pretende QUANTIDADE fazer dela. Do ponto de vista de quantidade de água sendo utilizada, em pelo menos quatro la- goas há indicativos de que estaria sendo extraída muita água: Lagoa das Pombas,

18 - RELATÓRIO DA BACIA DO TRAMANDAÍ O BALANÇO DE QUALIDADE Os rios Três Forquilhas e Maquiné, no mês de janeiro, recebem de carga poluido- O Balanço de qualidade é realizado avalian- ra em todo o seu curso uma média de 50 do quanta carga poluidora é lançada nos toneladas de DBO proveniente da criação cursos d’água ou lagoas e se estas cargas es- animal, dos depósitos de lixo e de efluentes tão interferindo na qualidade da água. da indústria. As lagoas que mais recebem carga poluido- O que mais chama atenção é a perda da ra são a Lagoa Armazém/Tramandaí, Lagoa qualidade da água nas Lagoas do Marcelino dos Quadros, Marcelino e Itapeva , numa (Classe 4), Lagoa Itapeva (Classe 2) e Lagoa variação de 70 a 220 toneladas de DBO, no Armazém/Tramandaí (Classe 2 de águas sa- mês de janeiro, oriunda em grande parte do lobras). esgoto doméstico.

Balanço Hídrico Quantitativo Relação entre disponibilidade hídrica e demandas hídricas Mês de Janeiro (com maior criticidade)

19 O Enquadramento

O Enquadramento é um dos instrumentos A sociedade decidiu a qualidade que dese- de gestão das águas que mais requer envol- ja para cada um dos trechos dos rios e cor- vimento da comunidade. Além de plantar pos d’água, dentro da classificação existente a semente da reflexão e consciência propor- conforme a Resolução do CONAMA. ciona aos cidadãos o exercício da participa- O futuro da águas é uma realidade na Ba- ção e responsabilidade. cia do Rio Tramandaí! Através do Enquadramento os moradores Pelo cenário de pré-enquadramento, a La- da Bacia planejaram quais usos querem fazer goa Itapeva, a Lagoa dos Quadros e os Rios da água visando um futuro de desenvolvi- Três Forquilhas e Maquine estariam enqua- mento e qualidade de vida para as próximas drados em Classe 1. Neste caso, significa di- gerações. Também foi possível identificar zer que deverão ser melhoradas as condições alguns conflitos e quais possibilidades de de qualidade da água (mapa de qualidade da melhorar a situação atual. água na figura na página ao lado) no baixo O enquadramento das águas é um pro- Rio Maquine (atualmente em classe 2) e na cesso que envolveu toda a comunidade Lagoa Itapeva (atu- da Bacia. Foram levantadas todas as ca- racterísticas das águas existentes (usos da De posse dos usos pretendidos para cada lagoa água, poluição, número de usuários...) e rio foi determinado o pré-enquadramento. Todos os usos existentes foram citados com maior ou menor freqüência (em ordem do mais nobre para o menos nobre): Os usos percentualmente mais votados em cada lagoa ou rio

Irrigação Hortaliças

Prot. Vida Áquática Abastecimento público somente com

Criação de animais

consumidas cruas

Abast. Trat. Con

Recreação cont. desinfecção simples (com cloro)

Irrigação arroz Abastecimento público com tratamento

Navegação simplificado (passagem em filtro e cloro) Irrigação hortaliças que são comidas cruas

Pesca Proteção da vida aquática

- Recreação contato primário (natação, 23 16 28 mergulho, esqui-aquático) Lagoa da Cerquinha: 14 15 20 15 Aqüicultura (criação de peixes ou crustáceos Lagoa da Rondinha/Cidreira 28 11 21 15 ou outras espécies aquáticas) Lagoa da Fortaleza Pesca 24 30 12 Abastecimento com tratamento Lagoa do Manoel Nunes 24 37 11 convencional (tratamento em Lagoa do Gentil 22 36 11 estação de tratamento de água) Lagoa das Custódias 23 18 34 Criação de animais Lagoa Armazém/Tramandaí 15 Irrigação arroz 16 14 25 Rio Tramandaí Uso Industrial 26 19 11 Lagoa Emboaba Geração Energia 12 24 12 18 11 Lagoa das Pombas Contemplação 14 27 Lagoa do Marcelino Mineração 25 20 13 Lagoa do Peixoto Navegação 12 30 17 16 Lançamento esgotos Lagoas Lessa/Caieira/Outras 16 17 21 12 Lagoas Pinguela/Palmital/Malvas 26 12 19 12 Lagoa do Passo 22 23 24 Canal João Pedro 22 13 16 Lagoa dos Quadros 24 almente também em 20 11 Rio Maquiné – Alto 25 classe 2). 18 Rio Maquine – Baixo As maiores mudanças do ponto e vista 20 17 20 Rio Cornélios 16 da situação atual de qualidade da água es- 11 23 15 Rio Três Forquilhas – Alto 22 11 20 tão nas seguintes lagoas: (i) Lagoa Arma- Rio Três Forquilhas – Baixo 25 16 20 zém Tramandaí: Atualmente em Classe 2 Lagoa Itapeva das águas salobras, estaria enquadrada em Classe 1 de águas salobras e; (ii) Lagoa do 20 - RELATÓRIO DA BACIA DO TRAMANDAÍ Marcelino (próxima a Osório) está hoje em quais prejudicam atualmente a captação da Classe 4 e passaria para Classe2; Estas duas CORSAN para abastecimento de parte de situações pressupõem, certamente, o trata- Xangri-Lá. mento de esgotos nas cidades de Osório, Imbé e Tramandaí. A Lagoa dos Quadros, por sua vez, para ser mantida em Classe 1, também exigirá o tratamento de esgotos da cidade de Capão da Canoa, que despeja os esgotos na lagoa. Outra questão importante se refere ao próprio Rio Tramandaí que para ser man- tido, em toda a sua extensão, enquadrado em Classe 2 de água doce exigirá que se- jam evitados os eventos de salinização, os

MAPA DO ENQUADRAMENTO - COREL

21 Texto de Encerramento

22 - RELATÓRIO DA BACIA DO TRAMANDAÍ As Águas do Rio Tramandaí

Nas tuas fontes Águas que abrigam os sóis de veraneio Já foste abrigo de índios Abraçando nossos filhos Rota de passagem de tropeiros e viajantes Lavando o cansaço do ano inteiro E no processo de ocupação Paixão de imigrantes Andante, Ora doce, ora salgada Nas tuas águas Que escorre pelo olhos de pescadores Encontramos com Deus, Lavando suas almas na madrugada Realizando emoções Musa de tantos poetas, Nas tuas margens, Aquário de sereias Buscamos nossos sonhos Ponte entre o real e as portas do imaginário Nas tuas águas Contemplamos a vegetação Água nas mesas Que fertilizas em forma de alimento E embarcamos nas lembranças Origem de tanto sustento De uma infância . As águas da bacia clamam por ti! Nas tuas margens erguemos cidades, Hoje um, Refletidas nas luzes do teu espelho Amanhã muitos. e logo tantos e outros mais... Nas águas da chuva Quantos já somos? Que percorrem os teus caminhos Multidão Adquirimos riquezas e prosperidade Para futuras gerações

Nos corpos de nós todos, Tanto quanto no planeta A força do teu domínio

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