Universidade de São Paulo Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” Centro de Energia Nuclear na Agricultura

A estrutura populacional da quiropterofauna em sub-bosque florestal: o uso da amostragem sistemática

Lizie Jatkoske Lazo

TeseapresentadaparaobtençãodotítulodeDoutorem Ciências.Áreadeconcentração:EcologiaAplicada

Piracicaba 2011 Lizie Jatkoske Lazo Bacharel em Ciências Biológicas

A estrutura populacional da quiropterofauna em sub-bosque florestal: o uso da amostragem sistemática

versãorevisadadeacordocomaresoluçãoCoPGr5890de2010

Orientador: Prof.Dr. HILTON THADEU ZARATE DO COUTO

TeseapresentadaparaobtençãodotítulodeDoutorem Ciências.Áreadeconcentração:EcologiaAplicada.

Piracicaba 2011

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação DIVISÃO DE BIBLIOTECA - ESALQ/USP

Lazo, Lizie Jatkoske A estrutura populacional da quiropterofauna em sub-bosque florestal: o uso da amostragem sistemática / Lizie Jatkoske Lazo. - - versão revisada de acordo com a resolução CoPGr 5890 de 2010. - - Piracicaba, 2011. 161 p. : il.

Tese (Doutorado) - - Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”. Centro de Energia Nuclear na Agricultura, 2011.

1. Amostragem 2. Chiroptera 3. Ecologia florestal 4. Inventário 5. Morcego 6. Populações animais I. Título

CDD 599.4 L431e

“Permitida a cópia total ou parcial deste documento, desde que citada a fonte – O autor”

3

DEDICATÓRIA

Dedicoesteestudoasflorestaseaosmorcegos,porsesubmeterem,maisumavez,aindaque involuntariamente,àmanipulaçãohumana.Semsuaexistência,jamaisalmejaríamos compreenderossistemasecológicos,eaciênciaeoscientistasperderiamosentidodeser. E,emmemória...

AocãoPirata,pelacompanhiadurantetodasasatividadesdecamponoCerrado. Infelizmente,suaaptidãoparaasobrevivência,demonstradaemcampo,nãofoisuficientepara garantirlheavida,tirada,narodovia,porummotoristaapressadinho,queprecisavachegarum minutomaiscedoaoseudestino.

4

5

AGRADECIMENTOS

Agradeçoaos“elementais”,quecuidamdenossasflorestaseanimais,mesmoqueeunão compreendaoporquê,namaioriadasvezes,delespermitiremquedestruamosseusprotegidos. Aosmeuspais,peloincentivoeapoioduranteanosintermináveisde estudo.Coitados! Nemimaginamqueestudarviciaeque,umavezdependentequímicodoconhecimento,jamaisse deixaovício. À tia Arminda, pelo apoio durante os inúmeros anos de estudo, apesar de achar uma maluquiceficarnomatocaçandomorcegos,epeloscafés da manhã após as noites de campo. Comessesucessoamostral,nemmesmopudeconvencêladequenaflorestahámaismorcegos doquenacidade! AomeuirmãoMatheus,pelasdiscussõesfísicoecológicas,aminhairmãSamanta,pelo grandeauxílioparaqueeumedesenvolvanoautoconhecimento,e,emespecial,aminhairmã Lara,portercorrigidooportuguêsdeste“textochato”,comoelacostumadizer. Aminhasegunda família,iBiosfera,porterdadoumsentidoamaisemminhavida e ânimo para continuar na ecologia, apesar de todas as dificuldades. Espero, um dia, poder contribuirmaisparaquenossosobjetivos,tãoalmejados,seconcretizem. ÀPatrícia,VâniaeaoMárcio,pelaeternaamizadeque,apesardadistância,semantém viva. AoamigoPérsio,peloapoioepelafartabibliografiacedida. Ao Prof. Hilton Thadeu Zarate do Couto, por aceitar me orientar no doutorado antes mesmodeeuterconcluídoomestrado,pelosensinamentosepeloauxílionadecisãoporeste estudo. Aos proprietários e funcionários das propriedades Sítio Recanto das Águas, Fazendas Morro Grande e Cuscuzeiro, pelo apoio no desenvolvimento deste projeto. A ciência pouco evoluiria se não fossem as pessoas como vocês, conscientes e solícitas aos pesquisadores malucos. AoDanielH.Homem,pelaajudaduranteas48longasnoitesdecampo,sobfrio,calor, chuva,vento,mosquitos,galhadas,espetadasdecaraguáe Desmodusrotundus sobrevoandonos. Semcontaroserviçodecamelo,paralevartodaatralhadecampomorroacima.Acompanhiade umjumentodecampo,comohavíamosalmejado,aindaéumsonho! AosamigosAriane,AlessandroeStéfani,eamigosdosamigos,pelaajudanotrabalhode campoepelasconversas,especialmenteduranteasinúmerashorassemsucessoamostral.Eolha queforammuitasmesmo!

6

A todos os funcionários do departamento de Ciências Florestais e programa de pós graduaçãoemEcologiaAplicada. Ao Prof. Ariovaldo Pereira Cruz Neto, pelo apoio ao estudo e inúmeras dúvidas esclarecidas,especialmenteasfisiológicas.Paciênciaéumavirtude! Aosmembrosdabancadequalificaçãoedefesapelassugestões,elogiose,especialmente, pelas críticas, pois estas é que me possibilitarão crescer como pesquisadora ou mudar de profissão. Aos professores e pesquisadores que fizeram parte do extinto comitê de orientação, LucianoMartinsVerdade,PeterGransdenCrawshawJr.,FernandoCamargoPassoseRicardo RibeiroRodrigues,pelaseventuaisorientaçõesnoiníciodoprojeto.Podemtermudadoasnormas doprogramaeoprojetodepesquisa,masaboadisposiçãoparaoauxíliopermaneceusemprea mesma. ÀsinspiraçõesartísticasdeLuessVancor. Aos meus amigos considerados “irracionais”, especialmente os caninos (Floquinhus, Mamuti e Menina), e aos silenciosos e pouco interativos amigos vegetais, assim como as orquídeas e os cactos, pela companhia e merecido descanso mental após horas de leitura e digitação. Atodosque,emboranãomencionadosindividualmentenestaseçãodeagradecimentos, tenham, de alguma forma, colaborado durante o estudo. Um ato realizado, ainda que não lembradopornossafracamemória,jamaisperdeaimportânciadeser,jáqueoresultadofinalnão seriaomesmo,semquemosrealizou.

7

“A natureza é exatamente simples, se conseguirmos encará-la de modo apropriado. Essa crença tem-me auxiliado, durante toda a vida, a não perder as esperanças, quando surgem grandes dificuldades de investigação”.

AlbertEinstein

8

9

SUMÁRIO RESUMO ...... 11 ABSTRACT ...... 13 LISTADEFIGURAS ...... 15 LISTADETABELAS ...... 19 1INTRODUÇÃO...... 21 2DESENVOLVIMENTO...... 25 2.1Revisãobibliográfica...... 25 2.1.1Limitaçõeseadaptaçõesdosmétodosdeamostragemporconveniência ...... 25 2.1.1.1Influênciassobreosucessoamostraleobtençãodeestimativaspopulacionais...... 25 2.1.1.2Sistemadeorientaçãodosquirópteroseahabilidadedetectoradeobjetos ...... 30 2.1.2Delineamentoamostralemestudopopulacionaldequirópteros...... 33 2.2Metodologia...... 35 2.2.1Caracterizaçãodométodosistemáticodeamostragem ...... 36 2.2.2Caracterizaçãodasáreasdeestudo...... 39 2.2.2.1Localizaçãogeográfica...... 39 2.2.2.2Aspectosclimáticos ...... 41 2.2.2.3Aspectosdorelevo ...... 43 2.2.2.4Aspectosfisionômicosdasformaçõesflorestais ...... 45 2.2.2.5Aspectosdaquiropterofaunaregional ...... 52 2.2.3Procedimentosmetodológicos...... 53 2.2.3.1Estudopopulacional ...... 53 2.2.3.2Estudometodológico ...... 56 2.2.3.3Estudocomportamental ...... 57 2.2.3.4Avaliaçãodaacuráciaedaprecisãodométodosistemáticodeamostragem...... 58 2.2.4Análisedosdados ...... 59 2.3Resultados...... 62 2.3.1Estudopopulacional ...... 62 2.3.1.1Dadospopulacionaisobservados...... 62 2.3.1.2Riquezaecomposiçãodeespécies ...... 66 2.3.1.3Padrõesdeabundânciaefrequênciadeocorrênciapopulacional...... 70

10

2.3.1.4Diversidade ...... 77 2.3.1.5Tamanhoedensidadepopulacional ...... 78 2.3.1.6Padrãodeusodaáreaamostral...... 79 2.3.2Estudometodológico...... 84 2.3.2.1Variáveisespaciaisetemporais ...... 84 2.3.2.2Vatiáveisabióticas ...... 88 2.3.2.3Variáveisestruturais...... 91 2.3.3Estudocomportamental...... 95 2.3.4Acuráciaeprecisãodométodosistemáticodeamostragem...... 100 2.4Discussão ...... 106 2.4.1Aspectospopulacionais:riqueza,abundância,densidadeediversidade ...... 106 2.4.2Osucessoamostraleoconhecimentodopadrãodeusodaáreadeamostragem...... 113 2.4.2.1Ainfluênciadasvariáveisespaçotemporais...... 113 2.4.2.2Ainfluênciadasvariáveisabióticas...... 117 2.4.2.3Ainfluênciadasvariáveisestruturais ...... 119 2.4.3Aspectoscomportamentaisnainteraçãodoquiróptero/redeneblina ...... 123 2.4.4Avaliaçãodaacuráciaedaprecisãodométodosistemáticodeamostragem ...... 126 3CONSIDERAÇÕESFINAIS...... 133 REFERÊNCIAS...... 139 ANEXOS ...... 157

11

RESUMO

A estrutura populacional da quiropterofauna em sub-bosque florestal: o uso da amostragem sistemática Osmétodosdeamostragemporconveniência procurammaximizarovolumedasamostras epodem,nestesentido,serbastanteeficazes,porém,oesperadoéquevenhamacomprometera acuráciaeaprecisãonarepresentaçãodeespéciesemsubbosquefloretal.Istosedeveaofato dospesquisadores,usualmente,alocaremasredesneblinaemlocaisconhecidosporatrairuma maiorabundânciadeanimaiseondeestesapresentariamumareduçãoemsuahabilidadepara detectar e se esquivar à redeneblina, como em rotas de voo, fontes alimentares e abrigos. A alocação determinística das redes pode, desta forma, resultar em um elevado viés amostral, caracterizado pela superamostragem de algumas espécies que, frequentemente, utilizam estes espaços,emdetrimentodaquelasque,aocontrário,estariamsendosubrepresentadaspornãoos utilizarem na mesma proporção. Baseado nisto, este estudo teve por principal objetivo o desenvolvimentodemétodopadronizado,quepudesseelevaraacuráciaeaprecisãonaobtenção de dados populacionais de quirópteros em subbosque florestal, com foco na amostragem sistemática.Comoprocedimentosmetodológicos,umaáreaamostralde8,82hafoidelimitadaem trêsfragmentosflorestais,nointeriordoestadodeSãoPaulo,dostiposvegetacionaiscerradão (22º15'Se47º39'W),florestaestacionalsemidecidual(22º09'Se47º33'W)eeucalipto(22º11'Se 47º39'W), para o que um conjunto móvel de doze redesneblina foi utilizado na captura e recapturadosquirópteros,noperíododejul/2009ajun/2010,totalizandoumesforçoamostralde 155.520 h.m 2. A taxa de detecção das redesneblina foi estimada, através de observações em “temporeal”,eutilizadanacorreçãodasestimativaspopulacionais.Ahabilidadededetecçãoe esquivaàcapturafoielevada,porém,nãodiferiudoobservadonasrotasdevoo,anteriormente demonstradoporestudoscomportamentais.Oresultadodistofoioregistrodequatorzeespécies e,pelacorreçãodasestimativas, Desmodusrotundus foiadominantenaregiãoenoeucalipto, enquantoque Micronycterismicrotis foiaespéciemaisabundantenocerradãoe, Glossophaga soricina , na floresta estacional semidecidual. A abundância da Carollia perspicillata não foi corrigida,devidoasuaelevadataxaderecapturaatribuídaàreduçãonahabilidadeparadetectar asredes,levandoaumareduçãodesuaimportância,dentreasespéciesdominantes,naregiãoe nos fragmentos de vegetação nativa. De forma inovadora, foi possível estimar o índice de densidade e o padrão de distribuição populacionais, e, ainda, dada a padronização espacial, compreender a influência de aspectos como a altitudeeadeclividadedosolo,adensidadeda vegetação,apresençaeaalturadodosselflorestal,sobreaspopulaçõesdequirópteros.Assim, foi concluído que a amostragem sistemática pode ser mais acurada e precisa para os estudos populacionais por reduzir os vieses amostrais dos métodos de amostragem por conveniência, aumentar nossa compreenção sobre os parâmetros populacionais e a forma com que os quirópterosinteragem comoecossistemaflorestal, e potencializar a comparação de dados em diferentessituaçõeselocalidades. Palavraschave:Chiroptera;Inventário;métodoamostral;Detecçãoderedesneblina

12

13

ABSTRACT

Bats population structure in understory forest: use of systematic sampling

Bats population convenience sampling methods mostly focus on maximizing sample volumes.Thismethodcanbehighlyeffectiveindeliveringsignificantnumberofsamples,buton theotherhandcanpotentiallycompromiseaccuracyandprecisioninrepresentationofspecies potentiallyavailableinunderstoryforests.Thisisduetothefactthatresearcherstendtoposition mistnetsaccordingtoknownplacesbyattractinggreaterabundanceofbatsandwhereitsmight belessattentivetothepresenceofmistnets,suchasbats’flyways,foodsourcesandshelters. However, the deterministic approach for mistnets placement allocation may lead to a misrepresentationofthespeciesinspecifichabitatsandresultinoversamplingofthespeciesthat usuallyoccurinthoseplaces.Basedonthis,thekeyobjectiveofthisstudywastodevelopan standardized protocol that enhances accuracy and precision when collecting samples in understoryforest,withfocusontheevaluationofthesystematicsampling.Ansampleareaof 8.82 ha was delimited in three forest fragments within São Paulo State. These were of the vegetationtypesofcerradao(22º15'Sto47º39'W),semideciduousflorest(22º09'Sto47º33'W) andforestationofeucalyptus(22º11'Sto47º39'W).Amobilesetoftwelvemistnetswasusedto captureandrecaptureofbatsfromtheJul/2009toJun/2010,totalingasamplingeffortof155,520 h.m 2.Thedetectationrateofmistnetofbatswasestimatedbyobservationsin“realtime”and wasusedtoobtaincorrectpopulationestimates.Theabilityofbatstodetectandevadecapture was hight, but consistent with observed for the flyways, earlier demonstrated by behavioral studies.Theresultofthiswasfourteenspeciesrecordedintheunderstoryofthedifferentforest fragments,andthroughthecorrectnessoftheestimates,the Desmodusrotundus wasdominantin theregionandineucalyptus,while Micronycterismicrotis wasthemostabundantspecieinthe cerradaoand Glossophagasoricina inthesemideciduousforest.TheabundanceoftheCarollia perspicillata hasnotbeencorrected,duetoitshightrateofrecapturewhatwaspossiblytheresult ofareducedabilitytodetectthemistnet,leadingtoareductioninyourimportanceamoungthe dominant species in the region and fragments of native vegetation. The proposed systematic design innovated and led to enhanced accuracy and precision, beyond to enable the estimate density level and the population distribution patterns. Thus, the spatial standardization in allocationmistnetsprovidesfarrepresentationoftheinfluenceofallhabitatconditionsonthe batpopulations,suchasaltitudeandslopesoil,vegetationdensity,presenceandheightofthe forestcanopy.Therefore,theoverallconclusionwasthatthesystematicsamplingcanbemore accurateandpreciseforbatspopulationstudiesbyreduceconveniencesamplingmethodsbiases, increase the understanding bats interaction with the forest ecosystem and the potentiate data comparationindifferentsituationsandlocalizations.

Keywords:Chiroptera;Inventory;Samplingprotocol;Mistnetsdetection

14

15

LISTA DE FIGURAS

Figura1 Esquema estrutural proposto para ser implementado em um fragmento florestal,comobaseparaaaplicaçãodaamostragemsistemáticaparaoestudo populacionaldequirópteros...... 37 Figura2 Esquema representativo da zona de captura atribuída a uma redeneblina a partirdeumespaçamentode60mentreredes...... 38 Figura3 Posicionamento do conjunto de redesneblina entre as noites de um período amostral, sobre um mesmo fragmento de floresta, caracterizando o deslocamentonaformade“escada”,daprimeiraàquartaposiçãodoconjunto amostral...... 39 Figura4 Localizaçãogeográficadossítiosamostrais(emamarelo),nosmunicípiosde Analândia (em azul) e Corumbataí (em verde), Estado de São Paulo (em vermelho)...... 41 Figura5 Variaçãodasmédiasgeraisdetemperatura(linhacontínua)eumidaderelativa (linha tracejada), registrada para períodos secos (1e3)echuvosos(2),nos fragmentos florestais avaliados nos municípios de Analândia e Corumbataí, EstadodeSãoPaulo...... 42 Figura6 Matrizes altitudinais (esquerda) e de declividade (direita), geradas para as áreasdeamostragemdoSítioRecantodasÁguas(a),FazendaCuscuzeiro(b)e FazendaMorroGrande(c)...... 44 Figura7 Aspectovegetacionaldosítiodeestudos,SítioRecanto das Águas (SRA) – áreaamostralcerradão(CER):(a)imagemdesatélitemostrandoaestruturada paisagem local; (b) detalhe da imagem apresentando os limites da área amostral;(c)perfilgeraldofragmentoflorestal;e(d)estruturainternadaárea amostral,emtrechodebaixadensidadedosubbosque...... 46 Figura8 Aspectovegetacionaldosítiodeestudos,FazendaCuscuzeiro (FCU) – área amostral eucalipto (EUC): (a) imagem de satélite mostrando a estrutura da paisagem local; (b) detalhe da imagem apresentando os limites da área amostral;(c)perfilgeraldofragmentoflorestal;e(d)estruturainternadaárea amostral,emtrechodemédiadensidadedosubbosque...... 47 Figura9 Aspecto vegetacional do sítio de estudos, Fazenda Morro Grande (FMG) – área amostral floresta estacional semidecidual (FES): (a) imagem de satélite mostrandoaestruturadapaisagemlocal;(b)detalhedaimagemapresentando os limites da área amostral; (c) perfil geral do fragmento florestal; e (d) estruturainternadaáreaamostral,emtrechodebaixadensidadedosubbosque 48 Figura10 Matrizes de densidade da vegetação do subbosque das áreas amostrais do cerradão(a),eucalipto(b)eflorestaestacionalsemidecidual(c) ...... 51 Figura11 Quirópterosfilostomídeos,registradosatravésdedelineamentosistemáticoem subbosqueflorestal...... 63 Figura12 Quirópterosfilostomídeos,registradosatravésdedelineamentosistemáticoem subbosqueflorestal...... 64

16

Figura13 Quirópterosvespertilionídeos,registradosatravésdedelineamentosistemático emsubbosqueflorestal...... 65 Figura14 Riqueza observada e estimada em função do esforço amostral em noites de captura ...... 67 Figura15 Riqueza total observada em função do esforço amostral em número de capturas,eesforçomínimodecapturaestimadoparaoestudopopulacionalde quirópterospelométodosistemáticodeamostragememáreasflorestais...... 68 Figura16 Valoresderiquezaobservadaeestimadaemrelaçãoaoesforçoemnoitesde captura, para a área de cerradão (a), eucalipto (b) e floresta estacional semidecidual(c) ...... 69 Figura17 Riquezaobservadaemrelaçãodoesforçoemnúmerodecapturas,pelométodo sistemáticodeamostragemnasáreasflorestaisdecerradão(a),eucalipto(b)e florestaestacionalsemidecidual(c) ...... 71 Figura18 Índicedeabundânciarelativa(IAR)erespectivasvariânciasparaasespécies registradasemsubbosqueflorestal,pelométodosistemáticodeamostragem .... 72 Figura19 Índicede abundânciarelativa(IAR)paraas espéciesregistradasnocerradão (a),eucalipto(b)eflorestaestacionalsemidecidual(c)...... 74 Figura20 Índicedefrequênciadeocorrência(IFO)dasespéciesregistradasparaasáreas deestudoapartirdoesforçoemnoitesdeamostragem...... 75 Figura21 Índice de frequência de ocorrência (IFO) das espécies registradas para o cerradão (a), eucalipto (b) e floresta estacional semidecidual (c) a partir do esforçoemnoitesdeamostragem ...... 76 Figura22 Regressão linear obtida a partir do estimador Schumacher para o tamanho populacional de Carollia perspicillata em EUC (a), FES (b), ou para a somatóriadasáreasamostrais(c)...... 80 Figura23 Matriz de distribuição da comunidade de quirópteros na área amostral do cerradão, demonstrando o perfil de uso da localidade durante o período de estudo ...... 81 Figura24 Matriz de distribuição da comunidade de quirópteros na área amostral do eucalipto(a)edaflorestaestadualsemidecidual(b),demonstrandooperfilde usodalocalidadeduranteoperíododeestudo...... 81 Figura25 Matrizdedistribuiçãodapopulaçãoda Carolliaperspicillata ,naáreaamostral de cerradão (a), eucalipto (b) e floresta estadual semidecidual (c), demonstrandooperfildeusodalocalidadeduranteoperíododeestudo ...... 82 Figura26 Matriz de distribuição da população da Glosssophaga soricina , na área amostraldeeucalipto(a)enaflorestaestadualsemidecidual(b),demonstrando operfilagregadodeusodalocalidadeduranteoperíododeestudo...... 83 Figura27 Matrizdedistribuiçãodapopulaçãoda Desmodusrotundus ,noeucalipto(a),e da Chrotopterusauritus ,naflorestaestadualsemidecidual(b),demonstrandoo perfilagregadoecasualdeusodaslocalidadesduranteoperíododeestudo...... 84

17

Figura28 Correlaçãolinearpositivaentreoesforçoamostral(16noites)eosucessode captura de quirópteros na área de eucalipto, a partir do uso do método sistemáticodeamostragem...... 85 Figura29 Frequênciadenoites,pormédiadetemperaturaregistradaaolongodoperíodo deestudo(barras),eonúmerocorrespondentedecapturas,obtidas(linha)de acordocomosintervalosdetemperatura ...... 90 Figura30 Afrequênciadenoitespormédiadeumidaderelativaregistradaaolongodo período de estudo (barras), e o número correspondente de capturas, obtidas (linha)deacordocomosintervalosdeumidade ...... 90 Figura31 Perfildenebulosidadeduranteasvistoriasrealizadasaolongodoperíodode estudo (barras) e o número correspondente de capturas, obtidas (linha) de acordocomasclassesdenebulosidade ...... 91 Figura32 Matrizessobrepostasdealtitudeapartirdoníveldomar(graduaçãoemtons decinza)enúmerodecapturas(áreassombreadasdelaranja),naslocalidades docerradão(a),eucalipto(b)eflorestaestacionalsemidescidual(c)...... 93 Figura33 Matrizes sobrepostas de densidade do subbosque (graduação em tons de cinza)enúmerodecapturas(áreassombreadasemlaranja),naslocalidadesdo cerradão(a),eucalipto(b)eflorestaestacualsemidescidual(c)...... 94 Figura34 Matrizessobrepostasdedeclividadedosolo(graduação em tons de cinza) e número de capturas (áreas sombreadas de laranja), para a área amostral de florestaestacionalsemidescidual...... 95 Figura35 Organograma demonstrativo do padrão de detecção de redesneblina, em comunidadesdequirópteros,emáreaflorestaldeforrageio ...... 97 Figura36 Esquema demonstrativo das quatro fases, detecção (i), inspeção (ii), afastamento (iii) e reinspeção (iv), que caracterizaram o comportamento de vistoria da redeneblina, apresentado por morcegos que detectaram e se esquivaramàcaptura ...... 99 Figura37 Índice de abundância relativa, corrigido pela taxa de detecção da rede por quirópterosemsubbosqueflorestal...... 104 Figura38 Abrigosdiúrnosde Micronycterismicrotis ,registradossobárvoresnaencosta em um dos pontos da área amostral do cerradão, Sítio Recanto das Águas, Corumbataí/SP...... 105 Figura39 LocalizaçãogeográficadosmunicípiosdeAnalândiaeCorumbataí,naregião nortedabaciahidrográficadoRioCorumbataí,EstadodeSãoPaulo,Brasil ...... 157 Figura40 Zona de abrangência da Área de Proteção Ambiental Corumbataí/Botucatu/Tejupá (amarelo) e Área I da Área de Proteção Ambiental Piracicaba/JuqueriMirim (laranha), indicando a região de sobreposição entre as duas Unidades de Conservação, Estado de São Paulo, Brasil...... 158

18

19

LISTA DE TABELAS

Tabela1 Valores médios de temperatura e umidade relativas registrados para as dezesseis noites de avaliação da amostragem sistemática em cada uma das áreasdeamostragem,noperíododejul/09ejun/2010 ...... 42 Tabela2 Padrões altimétricos (m) e perfil da declividade ( o)obtidosparaasáreasde amostragemdoSítioRecantodasÁgua(SRA),FazendaCuscuzeiro(FCU)e FazendaMorroGrande(FMG)...... 45 Tabela3 Caracterizaçãodasformaçõesflorestaisquantoàdimensão,estruturadedossel edensidadedosubbosque ...... 50 Tabela4 Caracterização histórica dos registros de Chiroptera para áreas da APA CorumbataíBotucatuTejupá ...... 52 Tabela5 Ocorrênciaeabundância(capturaserecapturas)específicasparaaslocalidades amostraisavaliadaspelométodosistemáticodeamostragem...... 66 Tabela6 Valores observados e estimados de riqueza no estudo populacional de quirópteros de subbosque pelo método sistemático em diferentes áreas de amostragem...... 68 Tabela7 Valores observados e estimados de riqueza, diversidade e similaridade da comunidade de quirópteros em subbosque florestal, através do método sistemáticodeamostragem,emdiferenteslocalidadeseemníveldepaisagem (somatóriadasáreasamostrais)...... 77 Tabela8 Estimativas populacionais com o acréscimo de noites de captura sobre três áreasamostrais,seguindoométodosistemáticodeamostragempropostopor esteestudo...... 85 Tabela9 Estimativas populacionais para diferentes classes horárias nas noites de amostragemsobreostrêsfragmentosflorestaisavaliados...... 87 Tabela10 Estimativaspopulacionaismédiasparaumesforçoamostral de 77.760 h.m 2, com mudanças no espaçamento entre seis redesneblina, com feitos sobre o tamanhodaáreaamostralemsubbosqueflorestal ...... 87 Tabela11 Quadro comparativo dos principais índices populacionais e do sucesso amostralentreodelineamentosistemático(esteestudo)easmetodologiasde amostragemporconveniência ...... 101 Tabela12 Matrizdesimilaridade,estimadapelométododeJaccard,entreosoitoestudos comparados...... 102 Tabela13 Estimativaetáriaerazãosexual,daspopulaçõesecomunidadesdequirópteros, e os meses com o registro da presença de fêmeas, prênhes e/ou lactantes, duranteoperíododoestudo...... 159

20

21

1 INTRODUÇÃO O método de amostragem por redesneblina é o mais comumente utilizado para inventáriosdequirópteros(ESBÉRARD,2006;KUNZ;KURTA,1988;KUNZetal.,1996).Foi uma verdadeira revolução metodológica por ter favorecido um aumento impressionante na possibilidadedeobtençãodeinformaçõesantespraticamenteinacessíveis(KUNZ,1982).Dentre elas,apossibilidadedeexpressãodaabundânciarelativacomoonúmerodemorcegoscapturados pelaunidade–áreaderede,porhora(STRAUBE;BIANCONI,2002).Entretanto,osucessona obtençãodediversosdadosdenaturezaquantitativadependedefatoresligadosaodelineamento amostral, como o número de redes utilizado, a sua posição em cada local de amostragem, o horárioinicialeaquantidadedehorassubsequentes,duranteasquaiselaspermanecemabertas,a suafrequênciadevistoria,ascondiçõesclimáticas,entreoutrosaspectos(BARLOW,1999). Redeneblina próxima aos abrigos, ao longo de trilhas, caminhos ou cursos de água, continuaaserumametodologiausualparamuitospesquisadores(ESBÉRARD,2006;GARCIA, 1998; GILLEY; KENNEDY, 2010; KUNZ; KURTA, 1988; LARSEN et al., 2007), por sua conveniência(devidoaoelevadosucessoamostral),maspodeprovidenciardadostendenciosos para uma série de fatores que envolvem as próprias redes, como citado anteriormente, e as espéciescapturadas(GARCIA,1998;KUNZ;ANTHONY,1977;KUNZ;BROCK,1975;KUNZ etal.,1996;LARSEN,2007;SIMMONS;VOSS,1998;THOMAS;WEST,1989).Ainda,esta metodologia impossibilita a tomada de dados espacialmente padronizados, que poderiam aumentar a acurácia e a precisão das estimativas populacionais e possibilitar uma avaliação comparativadecomunidadesepopulaçõesdeecossistemasflorestaisexpostosaosmaisvariados impactosambientais. Razões diferenciais de captura entre espécies são resultantes, usualmente, de diferenças emaspectos,comotamanhocorpóreo,velocidade,agilidade,formadaasa,formaoupoderdos sinaisdaecolocalização,idade,experiênciaindividualecaracterísticasdeforrageio,comopadrão dealtitudedevooeousofacultativodavisãoedoolfato(KUNZ;ANTHONY,1977).Ainda,os padrões de atividade dos morcegos variam em função das características estruturais do ecossistema,easredesneblinanemsemprepodemserutilizadascomsucessoparaacessarestas diferenças (KUNZ; BROCK, 1975), podendo levar a uma subrepresentação de dados como riquezaeabundância(LARSENetal.,2007).

22

Mesmo no caso de espécies potencialmente capturáveis, o sucesso da captura de quirópteros pode depender da velocidade de voo e da agilidade para manobras, além das característicasdohabitatamostrado(KUNZ;KURTA,1988),sendoconhecidonaliteratura,que muitos morcegos são capazes de aprender a localização da rede após um primeiro encontro (GANNON;WILLIG,1998;KUNZ;BROCK,1975;KUNZ;KURTA,1988;KUNZetal.,1996; SIMMONS; VOSS, 1998), detectando e evitandoa em um segundo encontro (SIMMONS; VOSS,1998).Adetecçãoepercepçãodeumaredeporummorcego,alémdefortementeafetadas pelacomplexidadeeestruturadoecossistema,podem,ainda,sofrerainterferênciadaintensidade daprecipitação,ventoeníveisdeluminosidadenoambiente(REMSEN;GOOD,1996). Damesmaformacomqueosquirópterospodemmemorizaraposiçãodasredesneblina,é peloaprendizadoqueeles,aosedeslocarporrotasdevoo(locaisdedeslocamentonoacessoa áreas de forrageio), memorizam os obstáculos presentes nestes espaços. Utilizamse desta memória espacial a favor da ecolocalização, que passa a ser desnecessária nestes ambientes familiares(JENSEN;MOSS;SURLYKKE,2005),estando,consequentemente,poucoatentosà presença de novos objetos, como as redes (THOMAS; WEST, 1989). Esta “desatenção” dos animais,porsuavez,vemdarsuporteàsamostragensporconveniência,direcionadasaoslocais dedeslocamentosourotasdevoo. Ao contrário do que é constatado para as rotas de voo, quanto maior a densidade da vegetação,maisfrequenteéousodaecolocalizaçãoparaorientação,localizaçãoeaidentificação dos objetos (KALKO; HANDLEY JR.; HANDLEY, 1996). Por essa habilidade, os morcegos estariamatentosaosfracosecosprovenientesdeinsetosnoespaçoaéreopróximoaeles,podendo facilmente detectar e identificar uma rede e sendo, portanto, mais difícil a captura (KUNZ; KURTA, 1988; THOMAS; WEST, 1989). Entretanto, cautela deveria haver em se atribuir elevadahabilidadepara adetecçãoeescapedasredesneblina emvegetaçãodensa.Deacordo comNeuweiler(1989),adetectabilidadeauditóriadepequenosobjetos,assimcomomosquitos voandooupequenasaranhassemovendopelosubstrato,podeserfortementeperdidapelosecos refletidosdavegetaçãoedosubstratoaoredor,queinterferemcomoecodoobjetodeinteresse, tornandopossívelapassagemdespercebidaporumaredeemmeioàvegetação. Em função da natureza determinística da amostragem por conveniência na alocação de redesneblina,daausênciadepadronizaçãoespacialedeestudosmetodológicosadequadosparaa amostragemdaquiropterofauna,porunidadedeáreadesubbosqueflorestal–cominteraçãono

23

ecossistema e não apenas se deslocando por ele através de rotas de voo, – verificouse a necessidadedeavaliaçãodopotencialdodelineamentosimplessistemáticocomonovométodo deamostragemdaquiropterofauna.Estepassa,portanto,aseroobjetivoprincipaldesteestudo metodológico.Obterseá,então,ummétodomaisrobustonaaquisiçãodedadospopulacionais àquelesestudosqueobjetivammaisdoqueosimplesregistrodariqueza. Se efetivo sob diferentes ecossistemas florestais em nível de subbosque, o uso do delineamentosistemáticoeliminariaastendênciasprevistasparaaamostragemporconveniência, ao restringir a amostragem a locais de maior probabilidade de sucesso amostral, aumentando significativamente a acurácia e a precisão dos estudos populacionais. Ainda, a padronização espacialdaamostragemtornariaviávelaestimativadeíndicespopulacionaisantesinacessíveis, comoadensidadepopulacional,opadrãodedistribuiçãoeaformadeusodaáreaemfunçãode característicasestruturaisdavegetaçãoe/oudorelevodapaisagem.Taliniciativafavoreceriaos estudosecológicoseacomparaçãodecomunidadesepopulaçõessubmetidasaosmaisvariados impactosambientais(ex.níveisdefragmentação,graudealteraçãodavegetação,concentração depoluentesedisponibilidadederecursos). Comoousodaamostragemsistemáticapressupõe,entretanto,aalocaçãoderedessob densavegetação,esteestudoobjetivou,secundariamente,avaliarahabilidadedosquirópterosem detectarasredeseseesquivaràcapturanesteambiente.Se,defato,osanimaisapresentammaior habilidadenoforrageionestascondições,asvantagensdasistematizaçãopoderiamseranuladas pelasubamostragem,aindamaior,dosucessodecaptura.Oesperado,assim,foiqueahabilidade dos quirópteros não se diferisse daquela observada para as rotas de voo (JENSEN; VOSS; SURLYKKE, 2005). O conhecimento desta habilidade, portanto, vem dar maior segurança à efetividade da amostragem direcionada a estes ambientes,compossibilidadedeumacréscimo aindamaiordaacuráciaedaprecisãoparaosestudospopulacionais. Isso,namedida emque tornaria conhecidaamagnitudedasubamostragem,decorrente do registro tomado unicamente sobreindivíduosnãohábeisàdetecçãoe/ouaodesviodasredes. O estudo foi, portanto, subdividido em quatro etapas, cada uma com seus próprios objetivos específicos. A primeira etapa, a de diagnóstico da quiropterofauna, foi representada pelo estudo populacional, como convencionalmente é tratado (através de estimadores convencionais). Isso,porém,emseutilizandodaamostragem sistemática para a obtenção das estimativas populacionais, como riqueza, padrão de abundância e frequência de ocorrência

24

populacional, diversidade, tamanho e densidade populacionais, padrão de uso do ecossistema florestalecomposiçãodeespécies. A segunda etapa, a metodológica, buscou avaliar a eficácia do método sistemático em termos de sucesso amostral, fundamentada em aspectos espaçotemporais (espaciais, como o deslocamentodaunidadeamostral,onúmero,osentidodeorientação,adistânciaeaalturadas redes;temporais,comoonúmerodenoitesdeamostragemeonúmerodehorasconsecutivasde captura), abióticos (sazonalidade, luminosidade, umidade, temperatura, e nebulosidade) e estruturais (altitude e declividade do solo, altura e cobertura do dossel, e densidade do sub bosque),envolvidosnodelineamentoamostral. A terceira etapa, a etológica, consistiu na avaliação comportamental dos quirópteros durante a interação com o equipamento de captura (redeneblina), a partir da qual se buscou: avaliarseahabilidadededetecçãodasredesneblina,emsubbosqueflorestal,seriadefatomaior doqueaconstatadaparaoscorredoresdevoo,oquepoderiainviabilizaraamostragemneste ambiente;quantificarosquirópterospropensosàcapturaporforragearpróximoaredeneblina; quantificarosindivíduoshábeisadetectararedeneblina,esquivandoseàcaptura;descrevero comportamento de escape à captura, apresentado pelos quirópteros que detectaram a rede neblina;eavaliaraobtençãodedadoscomportamentaisrelacionadosàdetecçãodaredeneblina comoferramentapotencialparaacorreçãodeíndicespopulacionais. A quarta etapa, também metodológica, teve por objetivo corrigir, pelos dados provenientes da terceira etapa, as estimativas populacionais obtidas na primeira, e avaliar a acuráciaeaprecisãodasestimativaspopulacionaisobtidaspormeiodaamostragemsistemática, através da comparação destas às estimativas provenientes de estudos populacionais desenvolvidosatravésdeamostragensporconveniência.Esteestudocomparado,entretanto,não teve por princípio atribuir melhor ou pior desempenho aos métodos amostrais envolvidos na comparação,massim,acertificaçãodequeasestimativasobtidasnãodivergissememgrandes proporçõesdaquelasusualmenteobtidasparaascomunidades e populações de quirópteros, de forma a poder lhe atribuir à amostragem sistemática uma efetividade funcional como método amostral.

25

2 DESENVOLVIMENTO

2.1 Revisão bibliográfica

2.1.1 Limitações e adaptações dos métodos de amostragem por conveniência

2.1.1.1 Influências sobre o sucesso amostral e obtenção de estimativas populacionais

DesdequeDalquest(1954apudSCHMIDLY,2002)propôsousodasredesneblinapara acapturadequirópteros,diversosestudosavaliaramastécnicaseosproblemasinerentesaessa prática, associados ao uso deste equipamento para as pesquisas ou inventários do grupo taxonômico(KUNZ;BROCK,1975;KUNZ;KURTA,1988;RAUTENBACH,1985;TUTTLE, 1976). Porém, pelo fato das redesneblina serem facilmente utilizadas em uma variedade de ambientes(KUNZ;HODGKINSON;WEISE,2009)emostraremseeficazesnacapturadeum grande número de indivíduos, muitos biólogos acreditavam que o método era capaz de providenciaríndicesreaisdaabundânciaoupadrãodeatividade(THOMAS;WEST,1989). O uso das redesneblina, entretanto, envolve uma série de problemas estruturais e amostrais. Dos estruturais, podemse citar o tamanho da malha da redeneblina e sua estrutura geral(resistênciaouespessuradalinha),comofatoresquepodemafetar,diretamente,aeficiência do equipamento na captura de diferentes espécies e indivíduos. Problema este semelhante ao constatadoparaacapturadeaves(JENNI;LEUENBERGER;RAMPAZZI,1996),jáqueapenas aquelesanimaisqueapresentassemumadeterminadacombinaçãoentreocorpoeotamanhoda cabeça poderiam permanecer presos à malha da rede e seriam efetivamente capturados. Na capturadosquirópteros,ainda,abaixaresistênciadasredesdeveserintensificadaporumamaior facilidadedeserasgaramalha.Assim,passouaserrecomendadaadiminuiçãodatensãodarede paraaumentarafolgadasbolsasdecaptura(LARSEN,2007),possibilitandoummaiorenrosco dos animais pela sobreposição delas, e a realização de vistorias em intervalos menores (BARLOW,1999;KUNZ;HODGKINSON;WEISE,2009). Problemas amostrais passaram a ser detectados com o avanço do uso do equipamento, quando constatadoqueasredesneblinapoderiamprovidenciardadostendenciososque,deuma forma ou outra, poderiam influenciar fortemente o sucesso da captura para um dado esforço

26

amostralempregado(GARCIA,1998; KUNZetal.,1996;LARSEN,2007;SIMMONS;VOSS, 1998). Adeterminaçãodariquezareal,porexemplo,énaturalmenteafetadapordadosamostrais insuficientes(obtidosapartirdeumesforçoamostrallimitado)outendenciosos,influenciados pelo tipo de rede ou habitat (FALCÃO, 2005; KUNZ; ANTHONY, 1977; KUNZ; KURTA, 1988;KUNZetal.,1996;RAUTENBACH,1985;REXetal.,2008;SIMMONS;VOSS,1998), pela altitude (NAVARRO; LEONPANIAGUA, 1995), luminosidade (BÖRK, 2006; BREVIGLIERI,2011;ESBÉRARD,2007),presençadeespéciesraras,especificidadealimentar ou capacidade de detecção das redes (BERGALLO et al., 2003; KUNZ; ANTHONY, 1977; KUNZ;KURTA,1988;KUNZetal.,1996;SIMMONS;VOSS, 1998), condições ambientais, requerimentos de energia e água (KINGSTON et al., 2003a; KUNZ; KURTA, 1988; THIES; KALKO;SCHNITZLER,2006;WEELER;LEE,2007),comportamentodevooepelaáreade vidarestritaàsproximidadesdosabrigosdiurnos,resultandonaperdaousubrepresentaçãode umgrandenúmerodeespécies(BERGALLOetal.,2003;LARSEN,2007). Evidências sugerem que as redes em nível do solo podem providenciar dados questionáveis, pois morcegos de variadas guildas alimentares usam porções diferentes do ambiente para minimizar a competição (KALKO; HANDLEY Jr.; HANDLEY, 1996; KINGSTON, 2009; SIMMONS; VOSS, 1998). Desta forma, o posicionamento das redes em variáveisníveisflorestaistemdemonstradoestaestratificaçãonacomunidadedemorcegose/ou diferençasnacomposiçãodeespécies(FRANCIS,1994;KALKO;HANDLEYJr.;HANDLEY, 1996;SIMMONS;VOSS,1998;WUNDER;CAREY,1996),composiçãoquepodesersimilar aolongodogradientealtitudinal,mascomfrequência de captura variável entre espécies. Isso indicaqueosdadoscoletadospodemsertendenciososequepesquisasconduzidasemumúnico níveldevemsercuidadosamenteanalisadas(FENTON;KUNZ,1977;LARSEN,2007). Aoseutilizarométodo deamostragemnoscaminhosabertosemníveldesolo, baixas razões de captura podem ocorrer pelas redesneblina não serem acuradas para amostrar quirópterosqueutilizemcaminhosdevoo(LARSEN,2007),e/ouinsetívorosqueforrageiemsob densa vegetação (KALKO; HANDLEY Jr.; HANDLEY, 1996).AfamíliaPhyllostomidae,em especial,podesersuperestimadaemrelaçãoàsdemaisemamostragemconduzidaemnívelde solo em florestas tropicais (KINGSTON, 2009; MacSWINEY; CLARKE; RACEY, 2008; PECHCANCHEetal.,2011).Destaforma,diferentesprobabilidadesdecapturapodemocorrer

27

quandoosmorcegosestabelecemrotasdevooparasedeslocar,assimcomocaminhos,lacunasna vegetação ou constrições impostas pelas pontes, pois estarão propensos à captura apenas se voarem na altura das redes, resultando na obtenção de dados tendenciosos e informações equivocadassobreadistribuiçãodosmorcegosaolongodevárioslocaisavaliados(THOMAS; WEST,1989). Aamostragemsobrecorposd’água,especialmenteosecossistemaslênticos,poderesultar em elevada riqueza de espécies insetivoras – representativa de quase metade da riqueza total observada para uma localidade amostrada e composta por todas as famílias de quirópteros brasileiras,aindaquedominadapormembrosdaseMolossidae,asquais,juntas, podemcorresponderacercade60%dacapturasnestetipodeambiente,–atraídaspelosrecursos hídricosealimentares,comoosinsetosquevoamsobreaágua(COSTA,2009).Entretanto,esta metodologiapodeserequívoca,porexemplo,aodemonstrarmaiorriquezaàsáreasurbanas,em relaçãoàsruraiseaunidadesdeconservação.Aelevandariquezapodedecorrerdaconcentração dos recursos disponíveis sobre poucos locais de forrageio, como esperado, por exemplo, para umamatrizurbana,aindaquenesteambientepossahaverumamaiordisponibilidadedeabrigos (forro de residências, vão entre prédios, etc), como mencionado pela autora. Ao contrário, em zona rural e em unidades de conservação, a maior riqueza e abundância de ecossistemas disponíveis para o forrageio e a distribuição dos recursos, dispersa, poderiam levar a uma “diluição”dacomunidadedequirópterosentreosecossistemas, podendo apresentar uma falsa ideiademenorriqueza. A disposição de redesneblina ao lado de fontes alimentares também faz parte dos métodos de amostragem por conveniência (GARCIA, 1998; KUNZ; KURTA, 1988). Assim, Kalko,HandleyJr.eHandley(1996),emseusestudossobreacomunidadedequirópterosem umailhadeBarroColorado(Panamá),aoposicionaras redesneblina ao lado de árvores com frutos,especialmente Ficus sp,obtiveramelevadosucessodecapturapara Carolliaperspicillata (Linnaeus,1758).Mesmoestaespéciesendocomumente dominante em estudos populacionais emregiõestropicais(BERNARD;ALBERNAZ;MAGNUSSON,2001;BERNARD;FENTON, 2002;MELLO;SCHITTINI,2005;ZORTÉAetal.,2010),osautoresdapesquisanoPanamá tiveram o cuidado de atribuir a provável causa da dominância desta espécie frugívora à disposiçãodasredesaoladodefontesalimentares.Mas,aindaassim,acautelanotratamentodos

28

dadosnãosolucionaoproblemadeviésnaobtençãodeles,resultandoemavaliaçõescertamente equivocadas. Além do ato tendencioso de escolher os locais de amostragem, outras limitações do métodoestãonotempodestaenaformacomoéconduzidaapartirdométodoamostralutilizado. KunzeBrock(1975),porexemplo,tiveramumdecréscimosubstancialnacapturademorcegos, em um segundo dia, com as redes em mesma posição, o que foi minimizado ao movêlas. Algumasinvestigaçõestêmdocumentadoestedecréscimodosucessodecapturaemnoitesem queasredessãoexpostasnosmesmoslugares(ESBÉRARD,2006;SIMMONS;VOSS,1998),e o atribuído ao aprendizado dos morcegos quanto à localização delas (ESBÉRARD, 2006; GANNON;WILLIG,1998;HAYES;OBES;SHERWIN,2009;KUNZ;BROCK,1975;KUNZ; KURTA,1988;KUNZetal.,1996;SIMMONS;VOSS,1998). Amemorizaçãodalocalizaçãodasredesaumenta,porsuavez,ahabilidadedomorcego emdetectaredesviardelasemumsegundoencontro(SIMMONS;VOSS,1998),aindaqueesta detecçãoepercepçãopossamserprejudicadaspelaalturaemqueelassãoarmadas,pelaestrutura dohabitat(graudedesorganizaçãodavegetação),proximidadedaáguaoualimento,condições climáticaseluznoambiente(ESBÉRARD,2007;KINGSTONetal.,2003b;SIMMONS;VOSS, 1998).Portalhabilidade,consequentemente,osquirópterosreduzemsuasatividadesnoslocais deamostragem(ESBÉRARD,2006;LARSENetal.,2007),sendorecomendadaamudançade local,emnoitesconsecutivas,paraoregistrodeummaiorsucessodecaptura(BARLOW,1999; BERGALLOetal.,2003),comojávinhasendosugeridodesdeosprimeirosestudosenvolvendo métodosamostrais(KUNZ;BROCK,1975;KUNZ,1982). O estudo realizado por Esbérard (2006) avaliou a eficácia de levantamentos por noites consecutivasnomesmolocal,semmudançadasredesdeposiçãodurantetodaanoite,peloque nãoobteveumareduçãogradativadaeficiênciadecaptura,atravésdacontinuidadedecoletana mesmalocalidadepordiasconsecutivose,sim,pelacoletasemmudançadasredesdeposição.O autor,dessaforma,associouessareduçãogradativadecapturacomredesnamesmaposiçãoeem curtoespaçodetempo,entrenoitesdeamostragem,àmudançadelocaldevoo,àreduçãodevoo próximo às redes ou ao desvio delas após a detecção, através do uso do sonar com maior frequênciaemrespostaaoaprendizadodalocalizaçãodasredes. Noslocaisdealimentação,oproblemadedetecçãodasredesneblinatendeaseragravado porumamaiorhabilidadeemdetectareseesquivardelase,mesmoque,aolongodotempo,um

29

grandenúmerodeindivíduospossasercapturado,aproporçãode capturastenderáaserbaixa devido à facilidade no aprendizado da localização das redes pelos quirópteros (THOMAS; WEST,1989),principalmenteemvegetaçãodensa(espaço altamente desorganizado), onde os animaispodemestaratentosaosfracosecosprovenientesdeinsetosnoespaçoaéreopróximoa eles. Por exemplo, podem facilmente detectar e identificar uma rede, ao contrário do que se esperaria que ocorrece em rotas de voo, onde comumente se orientariam através de marcos acústicos com os quais já estão familiarizados, podendo estar pouco atentos aos fracos ecos provenientes das redes (KUNZ; KURTA, 1988; LARSEN, 2007; THOMAS; WEST, 1989; VERBOOM;BOONMAN;LIMPENS,1999). Comoconsequênciadosproblemasamostraisexemplificados,osestudosqueinvestigam astendênciasespaciais outemporaisnariquezaou os efeitos de diferentes fatores ambientais sobre a ocorrência de espécies locais são, geralmente, confrontados com o problema da inacuráciaedavariabilidadenadetecçãodeespécies,gerando,portanto,distorçõesnacontagem (MEYERetal.,2011),interpretaçõesedecisõesequívocas.Oproblemaagravase,emespecial, paraos taxa demaiorriqueza,aosquaisseriaimprovávelquetodas as espéciespresentes,em determinadolocalehora,fossemregistradasduranteumlevantamentotípicoouporumestudo rápido, destinado, comumente, ao licenciamento de empreendimentos que apresentem grande potencialdeimpactosobreascomunidadesdequirópteros. Diante de inúmeras dificuldades envolvendo os estudos populacionais de quirópteros, passousearecomendar,assim,ousodediversasmetodologiasdeamostragememestudosde longoprazoparaqueinventárioscompletosdequirópterospudessemserobtidos(BERGALLOet al., 2003; ESBÉRARD; BERGALLO, 2008; KINGSTON, 2009; MacSWINEY; CLARKE; RACEY, 2008; PECHCANCHE et al., 2011), dandose, consequentemente, pouca atenção à adequaçãodametodologiadecoleta,usualmenteempregadaemnossassituações(ESBÉRARD, 2006). Ainda que a redução de vieses, para uma pesquisa mais acurada, seja dada como improvável, pelas limitações na construção das redes, detecção destas e condições de campo (LARSENetal.,2007),osmétodosdeamostragemporredesneblinapodemserexplorados,no sentidodereduzirastendênciasobservadascomoconsequentesdaalocaçãotendenciosaderedes neblina,podendoprovidenciardadosmaisacuradoseprecisosparaoestudodepopulaçõesem

30

situaçõesespecíficas,quandoaslimitaçõesdametodologiasãopoucoatuantes,comonosestudos emáreasdeforrageioporespéciespotencialmentecapturáveis. 2.1.1.2 Sistema de orientação dos quirópteros e a habilidade detectora de objetos

Os quirópteros podem utilizar diversos sistemas sensoriais no desenvolvimento de atividades diárias. O Desmodus rotundus , por exemplo, apresenta a visão como sentido dominante, porém a utiliza em associação com sensores infravermelhos, audição passiva bem desenvolvida, olfato e sistema de ecolocalização, durante o forrageio (ALTRINGHAM; FENTON,2003). O conhecimento do sistema de ecolocalização dos quirópteros é fundamentado, principalmente, na aquisição de alimento por espécies insetívoras (JONES; RYDELL, 2003; KALKO; HANDLEY Jr.; HANDLEY, 1996; RUSSO; JONES; ARLETTAZ, 2007; SCHMIEDERetal.,2010).Porém,antesdeterevoluídoparaestefim,aecolocalizaçãojáera utilizadaparaaorientaçãoespacial,nadetecçãodepoleiros,desviodeobstáculosenanavegação entrelocaisderepousoeforrageio(SCHNITZLER;MOSS;DENZINGER,2003;VERBOOM; BOONMAN;LIMPENS,1999). O uso da ecolocalização, desta forma, seria diferenciado entre os diferentes habitats. Assim, em área aberta, o sistema de ecolocalização seria utilizado principalmente para a aquisiçãodealimento,demodoquepassariaaterumafuncionalidademaiornaorientaçãoem ambientesdebordaeemambientesdesorganizados,comoointeriorflorestal,eseriautilizado quase que exclusivamente para a orientação espacial (SCHINITZLER; MOSS; DENZINGER, 2003). Nestecontexto,osmorcegosinsetívorospuderamserdivididosemtrêsgrupos:osque forrageiamemespaçosordenados(abertosoucompoucosobstáculos);emespaçosdesordenados (pequenos espaços abertos no interior florestal entre subbosque e dossel); e em espaços altamentedesordenados(subbosque;KALKO;HANDLEYJr.;HANDLEY,1996).Segundoos autores,noforrageioemespaçoaberto,ummorcegodependeexclusivamentedaecolocalização para detectar, classificar e localizar alimentos, e para se orientar no espaço, emitindo sinais sonorosdemenorfrequênciaecomprimentodebanda,compulsossuperficialmentemodulados delongaduraçãoeintervalos.Já,quantomaisdesorganizadooambiente,maioressãoaschances

31

dosecos,provindosdeumapresaempotencial,confundirseaosdavegetaçãoaoredor.Assim, insetívoros que forrageiam nesse espaço precisam apresentar um sistema de ecolocalização altamenteespecializado,comsinaissonorosdebaixafrequênciaeconstantes,seguidosporoutros dealtafrequênciaemodulados,deformaaauxiliálosnadiscriminaçãoentreosecosrítmicos produzidospelapresaeosrefletidospelavegetaçãoaoredor. Para as espécies insetívoras catadoras, foi observada a emissão de chamados de alta frequênciapoucoantesdeentrarememumaáreadeforrageiooulogonoslimitesdela.Isto,com a redução destes chamados na aproximação da presa (RUSSO; JONES; ARLETTAZ, 2007), diferentementedosinsetívorosaéreosque,comumente,intensificamafrequênciadoschamados emsituaçãoidêntica(SCHMIEDERetal.,2010),comacréscimonahabilidadededetecçãode alvos através do aumento de intensidade na emissão de sons de alta frequência, direcionados frontalmente, através de uma maior abertura bucal no momento da vocalização (SURLYKKE; PEDERSEN;JAKOBSEN,2009). Tanto para a orientação quanto para a obtenção de recursos, os morcegos podem não apenasecolocalizarumalvo,mastambémidentificaroudiferenciarsuanatureza,estandohábeis paradeterminarseoobjetodetectadoéumapresaouumalimentoempotencialaserperseguido ounão,devendoserevitadoouignorado(JENSEN;VOSS;SURLYKKE,2005;NEUWEILER, 1989;SCHUCHMANN,2008;TOELCHetal.,2007).Ainda,tendoseemvistaqueavisãodos quirópteros consiste de um sistema sensorial mais eficiente para objetos grandes a longas distâncias,doqueàecolocalização,podesesomarouvirasubstituirousodestanaorientação dosquirópteros,enquantonavegamemterritóriosfamiliares,nalocalizaçãodemarcosespaciais enoauxílioàidentificaçãodeobjetos,quandoháconflitodeimagens(ecolocalização,audição, olfatoevisão),ouquandosedeslocamentrelocaisdealimentaçãoouaindaduranteamigração (ALTRINGHAM;FENTON,2003;EKLÖF,2003). A ecolocalização é o sentido mais eficiente na percepção de pequenos objetos a curta distância,edemonstramaioracuidadeparaainterpretaçãodedados,comoaalturaealargurado objetoidentificado(ALTRIGHAM;FENTON,2003;SCHUCHMANN,2008).Já,adistânciade detecçãopodevariarsignificativamenteentrealvos.Insetosgrandes,comomariposas,podemser detectados pelo Eptesicus fuscus , por exemplo, a uma distância variada de 5 a 25 metros, enquanto que o mesmo quiróptero pode precisar de uma aproximação de 2 a 7 metros para

32

localizar insetos pequenos como os da Família Culicidae (mosquitos; HOLDERIED; Von HELVERSEN,2003). OexperimentorealizadoporHorowitz,CheneyeSimmons(2004)demonstrouousoda visão e da ecolocalização na orientação espacial pelo Eptesicus fuscus (Palisot de Beauvois, 1819), em ambientes estáticos e em movimento. Os autores concluíram, a partir de diversos ensaios,queaespécieavaliadapodemanobrarpormatrizescomplexasusandoumacombinação dos sistemas vestibular, visual e de ecolocalização, mas que este último, sozinho, seria insuficienteparaodesviodeobstáculos.Ainda,osdadosindicaramqueasinformaçõesvisuais podemfornecerpistasbásicasdeorientação,napresençademaioriluminação,principalmente quandooambientenãoédemasiadamentecomplexoequandoosobstáculossãograndes,porém, osucessodasmanobras,emambientecomplexo,dependedahabilidadedoquirópteroemmanter acabeçanahorizontalerestabeleceraposiçãoinicialdevoosemaperdadoequilíbrio. Se a orientação visual dos morcegos é bastante hábil para a detecção das redes, eles podemevitálas.Poroutrolado,aorientaçãoacústicaésuscetívelavariaçõesconsideráveisna habilidadededetecção.Assim,quandoasredesestãomolhadaspelachuva,ouquandosuamalha ondulapeloventoforte,elasaparentementesetornamfáceisdeserdetectadas,permitindoqueos morcegosasevitem(KUNZ;KURTA,1988),circundandoassobre,porbaixooupelaslaterais, ourevertendosuadireçãodevooemdireçãoaoladodeorigem(LARSENetal.,2007). Emboraacombinaçãodossistemasauditivoevisualpossamelhoraraperformancedos quirópteros,umpodeseguiarexclusivamentepormarcosacústicosemsuaorientação espacial. Embora eles possam detectar uma redeneblina por meio da ecolocalização, podem deixar, ao se guiar por objetos de referência, que as redes passem despercebidas (JENSEN; VOSS;SURLYKKE,2005;NEUWEILER,1989),comoquandoocorredosecosrefletidosde um inseto atingido pelos sinais de ecolocalização se misturarem aos ecos refletidos da serapilheira (JONES; RYDELL, 2003; KALKO; HANDLEY Jr.; HANDLEY, 1996), principalmenteseosquirópterostiveremajustadoseussinaisdeecolocalizaçãoparaatingiros marcosreferenciais(VERBOOM;BOONMAN;LIMPENS,1999). Independentementedaacuidadedossistemassensoriaisdosquirópteros,pararealizarsuas atividades,edainterferênciaqueestessistemaspossamcausarsobreosucessoamostral,ofatoé queaspropriedadesacústicasede reflexãodossonsdoslocaisdeforrageio,damesma forma comoascapacidadesauditóriasdosanimais,podemser importantes fatores que determinam a

33

áreadeforrageioexplorávelpelasespéciesdemorcegos(NEUWEILER,1989),namedidaem que fornecem informações essenciais do ambiente, sendo, o reconhecimento dos objetos, indispensávelàsobrevivência(SCHUCHMANN,2008). 2.1.2 Delineamento amostral em estudo populacional de quirópteros

YoungeYoung(1998)sereferemàamostragemcomosendoamaiorferramentautilizada naobtençãodeinformaçõessobrepopulaçõeseorganismos.Osautoresconsideram,porém,que otamanhoamostralutilizadonosestudospopulacionaiséfrequentementeinadequado,sendo,a precisãodasestimativasobtidas,muitasvezesincerta.Otamanhoamostral,quandoinadequado, resulta em interpretações de dados frequentemente incoerentes, carecendo de uma estimativa precisadepopulaçãonadescriçãodosprocedimentosamostrais,queseriaachaveparaaumentar osnossosconhecimentosdebiologiapopulacional. Nas amostragens por conveniência, as redesneblina podem ter um posicionamento tendenciosodediversasformasnolocalaseramostrado,apresentandosecomumousoderedes isoladasemlocaisprováveisdapassagemdeanimais,comoemsaídasdeabrigos,sobreriose lagos,noespaçoentreduasárvores;ouemgruposdeduasatrêsredesformandoconfigurações emV,T,paralelas(comdiferençadealtura),ecircundantesdeobjetosalvos,comoedificaçõese árvores,segundoosmétodospropostosporKunzeKurta(1988)eKunz,HodgkisoneWeise (2009). Nestas e em outras metodologias por conveniência sugeridas (BARLOW, 1999; GARCIA,1998;VONHOF,2006),nãoháumapadronizaçãoespacialdoesforçoamostral,como nos estudos de pequenos mamíferos nãovoadores (SHANKER, 2000; HAMMOND; ANTHONY, 2006), importante para a obtenção de avaliações comparativas, para as interpretaçõesconsistentessobreospadrõesdeatividadedosquirópteroseparaadeterminação dedadosquantitativos. Sem uma padronização espacial capaz de eliminar o viés da escolha de locais para posicionamentodasredes,acomparaçãodospadrõesdeatividadesobrediversaslocalidades,que jáéumatarefabastantedifícil,podeagravarasuperamostragempeloposicionamentoderedes direcionadoaabrigos,fontesalimentares,cursosd’águae/ouacorredoresdevoo.Essatarefaé bastante difícil, porque o padrão básico de atividade dos quirópteros, usualmente, reflete a

34

proximidade dos locais de estudo (de captura) em relação aos abrigos diurnos e/ou noturnos (FENTON;KUNZ,1977). Aamostragemdirecionadaaoscorredoresdevôo,emespecial,deveintensificar,ainda,o registrodeindivíduoserrantes(depassagem)entreseusabrigosnoturnoseoslocaisdeforrageio, oquepodetornaraamostragemtendenciosa,afavordaquelesindivíduosquepoucoestariam contribuindoaosprocessosecológicosatuantesnaáreade estudo.Mesmoqueapadronização espacialnãopermitaeliminaresteviésamostral,comomensionadopor Esbérard 1(Informação verbal),aproporçãodessesindivíduossobvegetaçãodensadeveserinferioràesperadaparaas rotasdevoo,porumamaiordificuldadenodeslocar(relaçãodecustoebenefício),decorrentedo elevadoníveldeobstruçãoespacialasertransposto. No caso da determinação de dados quantitativos, a ausência da padronização espacial podeinviabilizaraobtençãodeestimativascomoadedensidadepopulacional,que,deacordo comGannoneWillig(1998),éumamedidaquepodeser considerada como um indicador da saúde de uma população, assim como um guia para direcionar futuros esforços para a conservação. Mesmo que a estimativa de densidade absoluta das populações de quirópteros seja substituída pela relativa, estas técnicas não nos permitem quantificar os indivíduos ativos por unidade de área geográfica e, tão pouco, avaliar a forma de uso do espaço pelas populações, podendo ser pouco efetivas para os estudos ecológicos e populacionais de longo prazo. Essa substituição utilizase de índices, como dominância numérica, ou do número de indivíduos capturadosporhorasdeexposiçãodecadametroquadrado de rede (STRAUBE; BIANCONI, 2002; KUNZ; HODGKINSON; WEISE, 2009), para padronizar espacialmente a amostragem (KINGSTON,2009),ecomoalternativanaavaliaçãodaimportânciaedominância(abundância) decadaespécieemumambienteflorestal(GANNON;WILLIG,1998). Meyeretal.(2011)chegaramàconclusãodequeométodo de amostragem é um dos principais fatores que afetam as estimativas de detecção de espécies, e que um sistema de amostragempadronizadoparaprogramasdemonitoramentodequirópterosemregiõestropicais permitiráumaestimativaconsistentedariquezanoslocaisdeestudo,demodoqueconclusões robustaspossamserobtidassobreastendênciastemporais.

1ESBÉRARD,C.E.L.UniversidadeFederalRuraldoRiodeJaneiro. 35

A metodologia sugerida por Garcia (1998) foi uma das poucas a propor o uso da amostragem aleatória estratificada para o estudo populacional de morcegos, buscando uma melhorcaracterizaçãoquantitativadogrupoemdiversostiposdehabitatseemdiferentesclasses deidade,entreoutrosaspectos.Entretanto,essemétodo leva em consideração a padronização espacialsobreamplaescalageográfica(macroecologia),nãosolucionandooproblemaamostral empequenaescala,altamentetendenciosonaalocaçãodasredes,daformacomomelhorconvêm. Em ampla escala geográfica a amostragem aleatória aparece como uma alternativa a programas de inventário e monitoramento da quiropterofauna (HAYES; OBES; SHERWIN, 2009). Através desse método, os autores citam um monitoramento em Oregon, em que uma amplaregiãofoigradeadaemcélulasde50por50Km,subdivididasentãoemunidadesmenores de 10 por 10 Km, que são classificadas quanto ao relevo e tipo de vegetação. Após a classificação, uma unidade de cada tipo vegetacional foi selecionada casualmente para cada célula,paraentãoseramostrada.Entretanto,umavezselecionadasascélulasaseramostradas, aplicaseaamostragempadrãoemescalapontual. Da mesma forma, como sobre ampla escala, em pequena escala geográfica, o delineamento amostral poderia ser igualmente padronizado com relação ao espaço, a partir da amostragem simples casual, estratificada ou não (SHEWHART, 1931; THOMPSON, 1992; SOM,1995;YOUNG;YOUNG,1998),oudasistemáticasimplesouagrupada(MADOW,1946; SOM,1995;THOMPSON,1992),reduzindoosviésesamostrais e aumentando a acurácia e a precisãodasestimativasobtidas. Entretanto,emboraaamostragemcasualpossasermaisatrativa,émuitasvezesdifícilde ser implantada em condições de campo, passando, a amostragem sistemática, a ser utilizada preferencialmente à amostragem casual, por sua simplicidade, obtenção de melhores dados e possibilidade de prevenção de estratificação na população (MADOW, 1946), mesmo que não providenciebaseparaacorreçãodeerrosdeamostragem,sendotratada,emmuitoscasos,como uma amostragem aleatória, o que pode levar a erros nas estimativas, se variações periódicas estiverempresentes(YOUNG;YOUNG,1998). Nestecontexto,ousodosmétodosdeamostragemporconveniênciacontinuariaaseruma alternativa efetiva para a caracterização da quirópterofauna, a partir de estudos populacionais rápidose/ouquandoariquezaconsistedamedidademaiorimportância,comomencionadopor

36

Percequillo 2(Informaçõespessoais).Comisso,asistematizaçãodasredesneblinaemsubbosque florestalpassariaaserumametodologiarobustaparaosestudosecológicose/oupopulacionaisde longoprazo.Nestes,desdequeahabilidadededetecçãoeesquivadarede(seção2.1.1.2)não sejasubstancialmentesuperioràobservadapararotas de voo, mais acurácia e precisão seriam obtidasnamedidaemqueosproblemasinerententesàalocaçãotendenciosadasredesneblina, comodemonstradonaseção2.1.1.1,paraasmetodologiasdeamostragemporconveniência,ena ausênsiadepadronizaçãoespacial,discutidanestaseção. 2.2 Metodologia

2.2.1 Caracterização do método sistemático de amostragem Aavaliaçãodousodaamostragemsistemáticaparaoestudopopulacionaldequirópteros em subbosque florestal (área de forrageio ou espaço desorganizado, onde os indivíduos forrageiam), foi realizada através da delimitação de uma área efetiva de amostragem, com dimensãode315x280m(8,82ha),porfragmentoflorestalaseravaliado.Nessaáreafoiinclusa umaregiãodebordadura,queapresenta17,5m,conformeasrecomendaçõesdeAndersonetal. (1983), e estendese a partir dos limites da área de amostragem real (6,86 ha). Nesta última, foramdelimitados56pontosamostraisde10x10m (100 m 2), sistematicamente arranjados a intervalosde25maolongode15trilhasdeacesso,gerando,porsuavez,56subáreasamostrais (áreasdeaçãoemcadapontoamostral)de35x35m(1.225m 2),distribuídasem7linhase8 colunas,conformeesquematizadonaFigura1. A avaliação foi efetuada a partir de 12 redesneblina (maiores detalhes sobre os procedimentos metodológicos para o estudo populacional na seção 2.2.3.1), sistematicamente arranjadasaintervalosde60msobreospontosamostrais,intercalandosepontosimenão,de formaacobrirumaparcelade210mx280m(5,88ha)daáreaefetivadeamostragem.Poreste delineamentoamostral,aáreaocupadaporredecorrespondeàáreaocupadapeloponto(100m 2), porém,comumraiodeaçãode30mapartirdaslateraisdele,conferindoacadaredeumazona decapturade4.900m 2(Figura2).Aáreadeabrangênciade cadaredefoiatribuídade forma arbitrária,dadaavariabilidadedaáreadevidadosquirópteros,mascomcapacidadedecobrir

2PERCEQUILLO,A.R.UniversidadedeSãoPaulo/EscolaSuperiordeAgriculturaLuizdeQueiroz. 37

desdeumapequenaporçãodaáreadeforrageio,paraamaioriadasespécies,atéasuatotalidade, comonoscasosdeindivíduosqueforrageiamemáreasextremamentepequenas,assimcomoas fêmeas de Artibeus watsoni O. Thomas, 1901, em período de amamentação (CHAVERRI; QUIRÓS;KUNZ,2007).

Figura 1 Esquema estrutural proposto para ser implementado em um fragmento florestal, como base para a aplicaçãodaamostragemsistemáticaparaoestudopopulacionaldequirópteros.Osquadrosempreto, numerados de 1 a 56, representam os pontos amostrais com suas respectivas áreas de ação (área sombreadaaoredordospontos);aslinhastracejadas,ligandoospontos,indicamastrilhasdeacesso;os eixos y17e x18delimitamaslinhasecolunasdepontosamostrais,queconstituemaáreadeamostragem real (6,86 hectares), inserida na área efetiva de amostragem (8,82 hectares), delimitada pela linha tracejadaexternaaoseixos

38

Minimizandoumaeventualinfluênciadeelementosdapaisagemsobreaprobabilidadede capturadosindivíduos,comocorredoresdevoo,fontesalimentares,saídasdeabrigo,eespaços obstruídos pela queda de árvores, inverteuse o sentido de armação das redesneblina (posicionamentonosentidonortesuloulesteoeste),entreasadjacenteseentrenoiteseperíodos amostrais(conjuntodequatronoites).Ainda,buscandocobrirtodaaáreaefetivadeamostragem e prevenindo a memorização das redes pelos quirópteros (ESBÉRARD, 2006; GANNON; WILLIG, 1998; KUNZ, 1982; KUNZ; BROCK, 1975; KUNZ; KURTA, 1988; KUNZ et al., 1996;LARSENetal.,2007;THOMAS;WEST,1989),durantecadaperíodoamostral,emum mesmofragmento,oconjuntoderedesfoimovido,trêsvezesconsecutivas,deumanoiteaoutra.

Figura2Esquemarepresentativodazonadecapturaatribuídaaumaredeneblinaapartirdeumespaçamentode60 mentreredes.Oquadrobranco,aocentro,exemplificaaáreadopontoamostraldenúmero47ouáreade instalação de uma redeneblina; as linhas tracejadas representam os limites da área de ação do ponto amostraldenúmero47eastrilhasdeacessoaoponto;oquadronegrocorrespondeàzonadecapturada redehipoteticamenteinstaladano47ºpontoamostral

Umperíodoamostralcompreendeuquatronoitesdecaptura,espaçadasporumintervalo médiode6dias,oquecorrespondeuaproximadamenteaumanoiteporsemana,durantequatro semanasconsecutivasemummesmofragmentoflorestal. Paraomovimentodoconjuntoderedes, foipadronizadoodeslocamentode25mem relação à posição anterior, de forma que o conjunto percorresse a área amostral fazendo um movimentonaformade“escada”(abaixo,àdireitaeabaixo),apartirdaposiçãoinicial(Figura 3).Foicaracterizadootérminodeumperíodoamostralaoconjuntoderedesaseralocadosobre as quatro posições distintas, após os três movimentos, e o conjunto de redes foi colocado na posição original (primeira), para dar início a uma nova seqüência de movimentos no período seguinte.

39

Figura3Posicionamentodoconjuntoderedesneblinaentreasnoitesdeumperíodoamostral,sobreummesmo fragmentodefloresta,caracterizandoodeslocamentonaformade“escada”,daprimeiraàquartaposição do conjunto amostral. Os quadros negros correspondem às zonas de captura das 12 redesneblina sobrepostasàáreadeamostragem;anumeração,nointeriordosquadros,representaospontosdaáreade amostragem,inclusosemcadanoite/semana,apósomovimentodoconjuntoderedes;eoseixos xe y representamanumeraçãodascolunaselinhasdepontosamostrais

2.2.2 Caracterização das áreas de estudo

2.2.2.1 Localização geográfica

O estudo foi conduzido em três fragmentos florestais das propriedades privadas denominadasdeSítioRecantodasÁguas(SRA),FazendaCuscuzeiro(FCU)eFazendaMorro Grande (FMG), 10 Km distantes entre si, em áreas dos municípios de Analândia (22º07'S/47º39'W) e Corumbataí (22º13'S/47º37'W), interior do Estado de São Paulo, Brasil (Figura4).Todasasáreasdeestudoencontramse,ainda,nasubbaciahidrográficadoAltoRio

40

Corumbataí (Anexo 1, Figura 38), e em zona de sobreposição entre as Áreas de Proteção Ambiental(A.P.A.s)Corumbataí/Botucatú/TejupáePiracicaba/JuqueriMirim(Anexo1,Figura 39). 2.2.2.2 Aspectos climáticos

O clima da bacia do Corumbataí, de acordo com a classificação de Köppen, é do tipo Cwa,subtropical,seconoinvernoechuvosonoverão,comtemperaturamédiaanualde20,5ºC atingindomédiasmaisaltasdedezembroamarço(médiade29,5ºC)emaisbaixasdejunhoa julho,commédiade15,6ºC(MILDE,1999). Operíodosecoseconcentradejunhoagostoeochuvoso,dedezembroafevereiro,com exceções na região serrana de Analândia (Serra do Cuscuzeiro), e no extremo norte da bacia, ondeosperíodossecosechuvosossãomaislongos, caracterizados por se estender de julho a agosto e de novembro a março, respectivamente (MILDE, 1999). A precipitação média anual paraaregiãoéde1.245mm,comumamédiapluviométricade214mm,nomêsmaischuvoso (janeiro),e26mmnoperíodomaisseco(julho)(KOFFLER, 1993), sendo, a umidade média anual,de70%a75%(MARTINELLI,2010a). Com o auxílio de um aparelho HOBO® (fabricante: Onset Computer Corporation), posicionado no centro de cada uma das três áreas de amostragem, no período de jul/09 e jun/2010,entre18h00min.e05h59min.,aumaalturadedoismetrosdosolo,atemperatura ambiente( oC)eaumidaderelativa(%)foramcoletadasacada15minutos,gerando16registros médiosparacadasítiodeestudo,conformeapresentadosnaTabela1.Nãohavendodiferença significativaentreosregistrostomadosparaastrêsáreasamostrais,amédiadeumidaderelativa geralpodeserestimadaem89,2%eatemperaturamédiaem18,4 o C,comasmínimasde41,4%e 7,47 oC,emáximasde100%e28,7 o C. Operíodosecoapresentoumédiasdeumidaderelativaetemperaturade84,6%e16,7 o C, respectivamente,enquantoqueochuvosoapresentouvaloresmédiosde93,9%e20 o C,paraas mesmasvariáveis(Figura5). Anebulosidade,outravariávelclimática,foiqualitativamenteavaliadaemintervalosde uma hora por meio de observação direta em nível de ponto amostral. Quatro níveis de nebulosidade puderam ser identificados, porém, não havendo diferença entre nublado e

41

parcialmentenublado,osníveisforamagrupadosemapenastrêsclasses:1semnebulosidade (SNE),quandoocéuestevesemapresençadenuvensoucomnuvensisoladas,semformaçãode adensamentos; 2 nublado (NUB), quando parcialmente ou totalmente nublado, porém sem precipitação;3chuvoso(CHU),quandototalmentenubladoecomprecipitação.

Figura 4 Localização geográfica dos sítios amostrais (em amarelo), nos municípios de Analândia (em azul) e Corumbataí(emverde),EstadodeSãoPaulo(emvermelho).Legenda:SRA,SítioRecantodasÁgua; FCU, Fazenda Cuscuzeiro; FMG, Fazenda Morro Grande. Mapa do Estado: Raphael Lorenzeto de Abreu.Imagemaérea:Cnes./SpotImage,DigitalGlobe,GeoEyeeMapLink/TeleAtlas(2000a2005)

42

Tabela1Valoresmédiosdetemperaturaeumidaderelativasregistradosparaasdezesseisnoitesdeavaliaçãoda amostragemsistemáticaemcadaumadasáreasdeamostragem,noperíododejul/09ejun/2010 Temperatura (oC) Noite 1 2 3 4 5 6 7 8 SRA 14,1 18,7 16,2 17,2 17,3 20,7 20,2 21,1 FCU 17,3 16,5 11,1 12,1 19,7 20,0 24,1 23,0 FMG 17,3 21,0 19,0 17,8 20,2 19,6 19,3 19,2 Umidade (%) SRA 97,8 87,8 78,3 99,5 97,5 76,1 95,2 76,2 FCU 90,4 72,4 74,8 92,0 89,8 98,2 90,5 89,2 FMG 55,9 79,6 78,1 98,9 99,7 100,0 98,2 92,4 Temperatura (oC) Noite 9 10 11 12 13 14 15 16 SRA 21,2 19,3 20,3 19,3 20,2 16,1 18,8 20,5 FCU 18,4 20,5 21,0 22,2 17,2 12,9 16,2 18,5 FMG 16,5 19,6 19,0 19,4 18,8 12,1 14,2 18,6 Umidade (%) SRA 93,2 100,0 99,6 95,9 98,1 87,4 86,6 94,1 FCU 99,9 99,9 98,6 89,5 91,2 95,4 92,7 94,1 FMG 99,9 76,8 100,0 99,4 82,2 76,3 72,3 55,1 Nota:Assiglasapresentadasnaprimeiracolunacorrespondema:SRA,SítioRecantodasÁgua;ZCU,Fazenda Cuscuzeiro;FMG,FazendaMorroGrande.

Figura5Variaçãodasmédiasgeraisdetemperatura(linhacontínua)eumidaderelativa(linhatracejada),registrada para períodos secos (1 e 3) e chuvosos (2), nos fragmentos florestais avaliados nos municípios de AnalândiaeCorumbataí,EstadodeSãoPaulo.Osperíodossecoscorresponderamaosmesesdejunhoa setembrode2009(noites1a4)edeabrilajunhode2010(noites13a16);operíodochuvosofoientre outubrode2009emarçode2010(noites5a12)

43

2.2.2.3 Aspectos do relevo

O relevo da região de Corumbataí e Analândia variadeplanoamuitoíngreme,coma presença de morretes alongados, espigões e colinas médias a amplas, com topos aplainados (INSTITUTO DE PESQUISAS TECNOLÓGICAS IPT, 1981 apud ROSS; MOROZ, 1997). Ainda,aregião,sobreaqualsesituamossítiosdeestudo,pertenceàsunidadesmorfoestruturais de Depressão Periférica , caracterizadas por relevo ondulado em que se destacam os morros testemunhos ou pequenas cuestas e as Cuestas Basálticas, onde ocorre um alinhamento de escarpascomcortesabruptoseíngremesemsuapartefrontaleumdeclivesuaveemseureverso (ROSS;MOROZ,1997;MARTINELLI,2009). Nossítiosdeestudo,osaspectosdorelevo,comoaltitude(m)edeclividade( o), foram obtidos por um GPSMAP Garmin (modelo 76CSx) e um clinômetro acoplado à bússola profissional Modelo K1074, respectivamente. As medidas foram tomadas sobre os 56 pontos sistematicamentedistribuídossobreaáreadeamostragemreal,comoespecificadonaseção2.2.1 (caracterizaçãodométodosistemáticodeamostragem).Asmatrizesaltimétricasededeclividade (Figura 6) foram apresentadas de forma a caracterizar os padrões de relevo das três áreas amostrais. As áreas amostrais da SRA e FCU apresentaram um relevodotipocolinamédia,com topoaplanado,típicosdaformação DepressãoPeriféricaPaulista .Odesnívelentreamenorea maioraltitude,dentrodaáreaamostralemFCU,foide19metroseconsideradocomoumrelevo suave, enquanto que em SRA, devido ao desnível abrupto de 49 m entre o topo e a base, respectivamente, foi assemelhado a uma pequena cuesta .EmFMG,localizadanaencostadas escarpasda CuestaBasáltica ,adeclividadeeadiferençaaltitudinalforambastanteacentuadas (129metros),massemcortesabruptosdoterreno,devidoàalocaçãodaáreaamostralterocorrido emumatrechodeencostamenosabrupto,porondepassavaumaantigaestradaruraldeacessoao planalto. A área amostral da FCU foi a que apresentou menor altitude média (661 m) e menor declividade(<45º)emtodaasuaextensão.EmSRAeFMG,28%e41%dospontosmensurados, respectivamente, apresentaram declividade superior à 45º, porém, no primeiro sítio, embora a altitudemédiatenhasidomenor(696m)quenosegundo(754m),odesnívelfoimaisabrupto (Tabela2).

44

Figura6Matrizesaltitudinais(esquerda)ededeclividade(direita),geradasparaasáreasdeamostragemdoSítio RecantodasÁguas(a),FazendaCuscuzeiro(b)eFazendaMorroGrande(c)

45

Tabela2Padrõesaltimétricos(m)eperfildadeclividade( o)obtidosparaasáreasdeamostragemdoSítioRecanto dasÁgua(SRA),FazendaCuscuzeiro(FCU)eFazendaMorroGrande(FMG) Área Altitude (m) Declividade > 45 o Média Mínima Máxima Razão de desnível Medições (N) % SRA 696 665 711 14:25 16 28 FCU 661 658 688 6:25 FMG 754 778 899 20:25 23 41 Notas:Paraosvaloresaltitudinais,considereoerropadrãode≈3metros,dependentedaimprecisãonaobtençãoda estimativapeloGPSMAPGarmim,comoresultadodascondiçõeslocaiseatmosféricas. Arazãodedesnívelfoirepresentadacomoomáximodesnívelobservado(m)paraumadistânciafixade25m (entrepontosamostrais).

2.2.2.4 Aspectos fisionômicos das formações florestais A região onde estão situados os municípios de Analândia e Corumbataí representa a transiçãodosBiomasMataAtlântica(fitofisionomiaflorestaestacionalsemidecidual)eCerrado, constituindo,portanto,umapaisagembastanteheterogênea formada, de acordo com Martinelli (2010b),poráreasdesmatadas,capoeiraseumnúmerovariadodefragmentosdemata,cerradão, várzeaereflorestamentos,comoosde Pinus (Pinaceae)e Eucalyptus spp.(Myrtaceae). A escolha de áreas florestais, detentoras de comunidades e populações de quirópteros melhorestruturadas,foideterminadapelaseleçãodefragmentoscomextensãosuperiora30ha, de forma a garantir uma área nuclear teoricamente suficiente para a manutenção das espécies característicasdotipodeformaçãoflorestalaqueofragmentopertence.Essaéaáreamínima definida por Farina (1998), como sendo necessária para a manutenção de área nuclear em fragmentosdeflorestaestacionalsemidecidual,empaisagempredominantementeagrícola. Ainda, pela categorização de dimensão florestal de Valente (2001), os fragmentos de florestanativaforamrelativamentemaioresdoqueamédiaobservadaparaosfragmentosdasub baciadoAltoCorumbataí,reduzindooriscodeumaavaliaçãometodológicamascaradaporuma desestruturaçãopopulacional,possivelmentemaiorsobpequenosfragmentos. As três áreas amostrais, que foram alocadas em fragmentos florestais, pertenceram aos tiposvegetacionais:1Cerradãomistodeflorestaestacionalsemidecidualdeencosta(incluindo umtrechodemataripária),deaproximadamente100hectares,localizadonosítiodeestudoSRA, sob as coordenadas geográficas 22º15'S e 47º39'W, posteriormente denominado apenas de cerradão (CER;Figura7);2reflorestamentode Eucalyptus spp.,comapresençadeumsub

46

bosque misto entre cerradão e floresta estacional semidecidual, em estágio de regeneração variandodeinicialamédio,ecomdimensãoaproximadade1.000hectaressobascoordenadas 22º11'Se47º39'W,localizadonosítioFCU,posteriormentedenominandode eucalipto (EUC; Figura8);e3MataAtlântica,fitofisionomiatípicade floresta estacional semidecidual (FES; Figura9)deencosta,estendendosepor,aproximadamente,1.500hectaresaolongodas Cuestas Basálticas doMorroGrande,localizadonosítioFMG,sobascoordenadas22º09'Se47º33'W). Em relação à formação e estrutura vegetacionais, os fragmentos avaliados foram equiparadosàsformaçõesflorestaisnativaspresentesnaregiãodoAltoCorumbataí,identificados por Valente (2001) e caracterizados por Rodrigues (1999), através do estudo das formações florestaisdePiracicabaemunicípiosaoredor,nasdemaissubbaciasdoRioCorumbataí.

Figura7Aspectovegetacionaldosítiodeestudos,SítioRecantodasÁguas(SRA)–áreaamostralcerradão(CER): (a)imagemdesatélitemostrandoaestruturadapaisagemlocal;(b)detalhedaimagemapresentandoos limitesdaáreaamostral;(c)perfilgeraldofragmentoflorestal;e(d)estruturainternadaáreaamostral, emtrechodebaixadensidadedosubbosque.Imagensaéreas:Cnes./SpotImagee MapLink/TeleAtlas (2005)

47

Figura8Aspectovegetacionaldosítiodeestudos,FazendaCuscuzeiro(FCU)–áreaamostraleucalipto(EUC):(a) imagem de satélite mostrando a estrutura da paisagem local; (b) detalhe da imagem apresentando os limitesdaáreaamostral;(c)perfilgeraldofragmentoflorestal;e(d)estruturainternadaáreaamostral, em trecho de média densidade do subbosque. Imagens aéreas: MapLink/Tele Atlas, Cnes./Spot. e GeoEye(2000)

Aflorestaestacionalsemidescidual,empartedaregiãocompreendidapelabaciadoRio Corumbataí, de acordo com Rodrigues (1999), é composta por remanescentes secundários descaracterizados, principalmente, pela exploraçãomadeireiraextrativista.Segundooautor,os remanescentes melhor estruturados caracterizamse por apresentar um dossel descontínuo (irregular)entre15e20mdealtura–compresençadeárvoresemergentesdealturamédiade25 30 m, – com o predomínio de algumas famílias, como Anacardiaceae, Bombacaceae, Caesalpiniaceae, Mimosaceae, Apocynaceae, Fabaceae, Lecythidaceae e Lauraceae, e por um subdossel e subbosque, abaixo do estrato superior, com a presença marcante das famílias Meliaceae,Rutaceae,Rubiaceae,Euphorbiaceae,SapindaceaeeMyrtaceae. 48

Figura 9 Aspecto vegetacional do sítio de estudos, Fazenda Morro Grande (FMG) – área amostral floresta estacional semidecidual (FES): (a) imagem de satélite mostrando a estrutura da paisagem local; (b) detalhedaimagemapresentandooslimitesdaáreaamostral;(c)perfilgeraldofragmentoflorestal;e(d) estrutura interna da área amostral, em trecho de baixa densidade do subbosque. Imagens aéreas: MapLink/TeleAtlaseGeoEye(2001)

AflorestadeencostadoMorroGrande,ondeselocalizaaFES,assemelhaseàformação florestaldaserrado Itaqueri,caracterizadaporumaformaçãoflorestalnosestágiosiniciaisde sucessão,compredomíniodeespécies arbóreas pioneiras, como urtigão ( Urera baccifera (L.) Gaud.), ervadejaboti ( Piper amalago (Jacq.) Yuncker), unhadevacadeespinho ( Bauhinia forficata Link.) jaracatiá (Jacaratia spinosa (Aubl.) A. DC.), capixingui ( Croton floribundus Spreng.),mamoeirodomato( Caricaquercifolia (St.Hil.)Hieron),paineira( Chorisiaspeciosa St. Hil.) (RODRIGUES, 1999). Nesta localidade, em específico, a mata encontrase como permanentemente perturbada em função do solo litólico, raso, recoberto por numerosos afloramentosbasálticos bastantefragmentados(KOTCHETKOFFHENRIQUES;JOLY,1994),

49

oquefacilitaaocorrênciadedeslizamentosnaturais e constantes na escarpa, mesmo em área florestada(RODRIGUES,1999). Os fragmentos de Cerrado, nos municípios da bacia do Corumbataí, podem ser comparados aos demais fragmentos da vegetação do Cerrado de São Paulo, descritos por Rodrigues (1999), e caracterizados, desta forma, por pequena dimensão, grande perturbação antrópica e pela ocorrência de geadas, o que torna a composição florística do estrato arbóreo arbustivoregionalmuitomaispobredoqueaobservadanaregiãocentrooestebrasileira.Ainda, háaocorrênciadeumasobreposiçãoflorísticanasflorestasestacionaissemideciduais,havendo espéciescomunsàsduasfisionomiasflorestais,comoopaud’óleo(Copaiferalangsdorfii Desf.), ojacarandápaulista(Machaeriumvillosum Vog.),oamendoim(PlatypodiumelegansVog.),os angicos (Anadenanthera falcata (Benth.) Speg. e Anadenanthera spp.), o pessegueirobravo (Prunussellowii Koehne),etc. DeespéciestípicasdoCerrado“ sensustricto ”,podemocorrerespéciescomoperobinha docampo( Acosmium spp.),pausanto( Kielmeyera spp.),sucupiraroxa( Bowdichiavirgilioides Kunth.), jacarandádocerrado ( Machaerium acutifolium Vog.), murici ( Byrsonima spp.), quaresmeiradocampo ( Miconia spp.), mamicadecadela ( Brosimum gaudichaudii Tréc.), bacupari ou abiudecerrado ( Pouteria ramiflora e P. torta (Mart.) Radlk.), frutodelobo (Solanum lycocarpum St. Hil.), sabugueirodocampo ( Styrax spp.) e outras. Já, da formação cerradão,sãocomunsespéciescomopeitodepombo(TapiriraguianensisAubl.),mandioqueiro (Didymopanaxspp.),paudóleo( C.langsdorfii ),piqui( CaryocarbrasiliensisCamb.),jacarandá paulista ( M. villosum ), amendoim ( P. elegans ), faveiro ( Pterodon pubescens Benth.), canela (Ocotea spp.), angico ( A. falcata e Anadenanthera spp.), tamborialdocerrado ( Enterolobium gummiferum (Mart.) Macb.), jatobádecerrado ( Hymenaea stigonocarpa Mart.), pauterra (Qualea spp.), paudetucano ( Vochysiatucanorum spp.), carnedevaca ( Roupala montana Aubl.), pessegueirobravo ( P. ellowii ), douradinhadocampo ( Ixora gardneriana Benth.), cafézinho ( Tocoyena formosa (Cham. & Schlecht.)), mamicadeporca ( Zanthoxylum spp.) e outros(RODRIGUES,1999). Além das formações floresta estacional semidecidual e cerradão, as áreas de estudo englobam porções de floresta ribeirinha junto ao fragmento de cerradão. De acordo com Rodrigues (1999), nesse tipo florestal é comum espécies como figueira ( Ficus spp.), louveira (Cyclolobiumvecchii A.Samp.exHoehne),guanandi( Calophyllumbrasiliensis Cambess.),ingá

50

(Inga affinis DC.), caneladobrejo ( Endlicheria paniculata (Spreng.)) e genipapo ( Genipa americana L.),e,naregiãodedomíniodoscerrados,oolhodecabra( Ormosiaarborea (Vell.) Harms.), orelhadenegro ( Enterolobium timbouva Mart.), marinheiro ( Guarea macrophylla Vahl., G. guidonia (L.) Sleumer e G. kunthiana A. Juss.), eritrina ( Erythrina crista galli L.), tanheiro( Alchorneaglandulosa Endl&Poeppinge A.triplinervia (Spreng.)M.Arg.)eoutras. OsubbosquepresenteemEUCédominadoporvegetaçãodeportearbustivoarbóreoe, seguindo amesmatendênciadescritadasfitofisionomias regionais, foi equiparado à formação mista das fisionomias cerradão (tipo vegetacional original da área) com floresta estacional semidecidual,sobainfluênciadamataripáriadoRioCorumbataí,distanteem150metros. Inexistindo estudos fitossociológicos e florísticos, especificamente para os sítios de estudo, com o objetivo de caracterizar as áreas amostrais CER, EUC e FES como ambientes florestais,foicaracterizadaaestruturavegetacionaldestascombasenaalturamédiaepercentual de cobertura do dossel – estimados pelo uso do densiômetro vertical Geographic Resource Solutions (GRS Densitometer), – sobre os 56 pontos dentro das áreas amostrais (as medidas foramtomadasforadospontosamostrais,evitandoosespaçoseventualmenteabertospelapoda navegetação,duranteaarmaçãodaredeneblina)epeladensidadedosubbosque,pormeiode medidaqualitativabaseadanaproporçãodeespaçoslivresaovoodosquirópteros,emumaárea horizontaldecercade400m 2everticalaté4metros,apartirdosolo(Tabela3).

Tabela 3 Caracterização das formações florestais quanto à dimensão, estrutura de dossel e densidade do sub bosque.Legenda:CER,cerradão;EUC,eucalipto;FES,florestaestacionalfemidecidual;D.Pad,desvio padrçaodamédia Dossel Densidade do sub-bosque (%) Área Dimensão (ha) Cobertura (%) Altura / D.Pad (m) 0 1 2 3 4 CER ≈100 64,9/62,1 7,97/3,027 14,3 44,6 30,4 10,7 EUC ≈1.000 66,6/57,4 29,50/1,0 17,9 42,8 37,5 1,8 FES ≈1.500 80,6/72,2 13,08/5,155 7,1 7,1 37,5 39,3 9,0 Notas:Osvaloresdecoberturadodosselsereferemaosperíodoschuvosoeseco,respectivamente. Osníveisdedensidadedosubbosquecorrespondema: 0, ausência de subbosque; 1, baixa densidade; 2, médiadensidade;3,altadensidade;e4,subbosquefechado.

Naavaliaçãoqualitativadedensidadedosubbosque(Figura10),atribuiuseumvalorde zero a quatro para os pontos amostrais, assim caracterizados: zero (0), área sem vegetação

51

arbustivaearbóreanosubbosque,compredomíniodeherbáceas;um(1),baixadensidadede subbosque, com predomínio de espécies arbóreas jovens; dois (2), média densidade de sub bosque,compredomíniodeindivíduosarbóreosjovenssobrearbustivosdecopafrondosa;três (3),altadensidadedesubbosque,dominadoporindivíduosarbustivosdecopafrondosasobre arbóreos jovens; e quatro (4), subbosque fechado, com predominância de espécies arbustivas frondosaselianas,obstruindoquasetotalmenteosubbosque.

Figura10Matrizesdedensidadedavegetaçãodosubbosquedasáreasamostraisdocerradão(a),eucalipto(b)e florestaestacionalsemidecidual(c).Asbarraslateraisàdireitadasmatrizesrepresentamagradaçãode densidade, variando de zero (sem subbosque) a quatro (subbosque fechado), passando pelos graus intermediáriosdedensidadeum,doisetrês(baixa,médiaealtadensidade)

52

2.2.2.5 Aspectos da quiropterofauna regional Inexistem estudos populacionais nas diversas fitofisionomias vegetais ocorrentes no trecho Corumbataí e Analândia, porém, três estudos (CAMPANHÃ; FOWLER, 1993; SARAIVA, 2002; SATO, 2007), realizados em localidades próximas, determinaram uma listagemdedezesseteespéciesnaregião,incluindoasfamíliasPhyllostomidae,Vespertilionidae eMolossidae(Tabela4).

Tabela4CaracterizaçãohistóricadosregistrosdeChiropteraparaáreasdaAPACorumbataíBotucatuTejupá Táxon Fonte Família Phyllostomidae Anouracaudifer (E.Geoffroy,1818) 1,3 Artibeuslituratus(Olfers,1818) 3 Carolliaperspicillata (Linnaeus,1758) 1,2,3 Chirodermavillosum Peters,1860 3 Chrotopterusauritus (W.Peters,1856) 1,2,3 Desmodusrotundus (É.GeoffroySt.Hilaire,1810) 1,2,3 Glossophagasoricina (Pallas,1766) 1,2,3 Micronycterismegalotis (Gray,1842) 1 Phyllostomusdiscolor Wagner,1843 3 Platyrrhinuslineatus (É.GeoffroySt.Hilaire,1810) 1,2 Pygodermabilabiatum Peters,1863 3 Sturniralilium (E.Geoffroy,1814) 3 Urodermabilobatum Peters,1866 3 Vampyressapusilla (Wagner,1843) 3 Família Vespertilionidae Myotisnigricans (Schinz,1821) 1,3 Eptesicusbrasiliensis (Desmarest,1819) 3 Família Molossidae Mollosusrufus É.Geoffoy,1805 3 Fontes:1,CampanhãeFowler(1993);2,Saraiva(2002);3,Sato(2007). Nota:ClassificaçãotaxonômicadeacordocomGardner(2007).

Aespécie Eptesicusfuscus (PalisotdeBeauvois,1796),registradaporSaraiva(2002),foi desconsideradadalistagem,porapresentardistribuiçãocomprovadaapenasparaaregiãoandina daColômbiaeVenezuela.ParaoEstadodeSãoPaulo,Vivoetal.(2011)apontamapresençade

53

apenasquatroespéciesdogênero: E.brasiliensis (Desmarest,1819); E.diminutus Osgood,1915; E.furinalis (d’Orbigny&Gervais,1847);e E.taddeii Miranda,Bernard&Passos,2006. O estudo populacional, que melhor retratou a riqueza de quirópteros próxima às áreas amostrais, foi desenvolvido na Estação Experimental de Itirapina, por Sato (2007), que proporcionouumacréscimosignificativopara ariqueza regional, pelo registro de 16 espécies numaáreapertencenteaobiomaCerradonoEstadodeSãoPaulo. Os estudos de Campanhã e Fowler (1993) e de Saraiva (2002) tiveram, como foco, a abundânciade D.rotundus emabrigos(grutasecavernas)dosmunicípiosdeIpeúnaeItirapina. Osprimeiros autoresregistraram D.rotundus ,comoaespéciemaisabundante,seguidapor C. perspicillata e G. soricina . Saraiva (2002) veio, posteriormente, complementar os dados de quirópteros de cavernas e grutas da região, tornando conhecida a presença de oito espécies de quirópterosparaosabrigosnaturaispróximosdasáreasdeestudo. 2.2.3 Procedimentos metodológicos 2.2.3.1 Estudo populacional O estudo populacional utilizouse da metodologia de capturarecaptura, usual para as estimativasdeabundânciapopulacional(GARDNER;HANDLEYJr.;WILSON,1991;LEIGH; HANDLEYJr.,1991),aindaquepressuponhaqueaspopulaçõessejamfechadas,quenãohaja mortalidadeduranteoperíodoamostral,equeapresenteidênticaprobabilidadedecapturapara todososindivíduos(CHAO,2001;FERNANDEZ,1995;O’DONNELL,2009;POLLOCKetal., 1990),entreoutros aspectos(KUNZ etal.,2009).Estas premissas, entretanto, não podem ser assumidasparaaspopulaçõesdequirópteros,porestasnãoseremfechadas(KUNZ,2003;KUNZ et al., 2009), pelos indivíduos não serem igualmente capturáveis, pela habilidade de ecolocalizaçãoepercepçãodasredesserespécieespecífica(THOMAS;WEST,1989),epelos indivíduos marcados poderem ter uma menor probabilidade de recaptura, em função do aprendizadodalocalizaçãodasredes(ESBÉRARD,2006;HAYES;OBES;SHERWIN,2009). Oestudofoiconduzidoaolongode48noites,noperíododeJulhode2009aJunhode 2010, sobre as áreas de amostragem descritas na seção 2.2.1 (caracterização do método

54

sistemáticodeamostragem),delimitadasnosfragmentosdecerradão(CER),eucalipto(EUC)e florestaestacionalsemidecidual(FES),emseusrespectivossítiosdeestudo. Paraacapturadaquiropterofauna,foramutilizadas12redesneblina,comdimensõesde9 x2,5metros,contendoquatrobolsasdecaptura(B 14,numeradasdecimaabaixa)emalhade nylonpretacomdiâmetrode25mm.Emcadaáreadeamostragem,oconjuntocom12redesfoi instaladonospontosamostraisselecionadossistematicamente,ondepermaneceuativoporquatro noites(períodoamostral),comumintervalomédiodeseisdiasentrenoitesdecaptura(podendo variarde5a8noites)edeslocamentode25metrosentrenoites,paraentãosertransferidopara outraáreaamostral. A amostragem intercalar se iniciou no CER e teve sequência no EUC e na FES, até completarumperíodoamostralemcadalocalidade,retornando,então,aoCERparadarinícioa um novo período, até se completarem os quatro períodos de capturas em cada área de amostragem (dois em período seco e dois em chuvoso). Com este delineamento, seguindo a padronizaçãodeh.m 2,sugeridaporStraubeeBianconi(2002),oesforçoamostralfoide51.840 h.m 2(porsítiodeestudo)ede155.520h.m 2(nototal). As redes foram expostas por 12 horas consecutivas a partir das 18 horas, independentemente das variações no comprimento da noite, observadas ao longo do ano (em noitesmaiscurtas,asredesforamabertasantesdoocasoepermaneceramapósoamanhecer).As vistoriasforamrealizadaspordoispesquisadores(cadaumvistoriandoseisredes),aintervalos fixos de uma hora, em função do período despendido no deslocamento entre redes ser prejudicadopelorelevoacidentado.Osindivíduoscapturadosemhorárioanteriorouposteriorao períododeamostragem,foraminclusosnaprimeiraeúltimahoradecaptura,respectivamente. Medidastomadasemnívelderededeterminaramohoráriodavistoria,anumeraçãodo pontodeamostragem(1a56),anebulosidadee,emcaso de captura, a altura da rede onde o animalfoicapturado(B 14)eadireçãodevooperpendicularaosentidodarede(ex.nortesulou sulnortepararedesdispostasnosentidolesteoeste).Emníveldeáreaamostral,foramcoletados dadosdetemperaturamédia,umidaderelativaefaselunar. Os quirópteros capturados foram retirados da rede e acondicionados em sacos de pano numerados,evitandoferimentosduranteodeslocamentoecontenção,precedentesàmanipulação. Estafoicaracterizadaporumasériedeprocedimentosindividuais,comoatomadademedidasde antebraço,metacarpoe calcâneo,pesagem,ereconhecimentodeestruturas,comocristasagital

55

e/ouconstituiçãodaarcadadentária,dadosestesutilizadosparaaidentificaçãodasespécies,com base em bibliografia especializada adaptada de Cloutier e Thomas (1992), Ferrell e Wilson (1991),Gardner(2007),MédellineArita(1989),VisottoeTaddei(1973). Aestimativaetáriafoideterminadacombasenoscaracteresmorfológicos,comopelagem e dentição, e pelo grau de calcificação das falanges (epífises dos metacarpos). Os indivíduos foram inclusos em uma das seguintes categorias: juvenil, aqueles que apresentaram os dentes combaseavermelhada oumuitoclara,pelagempouco densa e com pêlos eriçados e falanges parcialmente ossificadas; adulto, os que apresentaram dentes bem formados, pelagem densa e falangescompletamente ossificadas;esenil,osque apresentaram dentes desgastados, pelagem densa, falanges completamente ossificadas e presença, eventual, de cicatrizes no patágio (membranadaasa). Oestadoreprodutivo(apenasindivíduosadultosousenis)foideterminadopelaposição dostestículos(machos)eatravésdoprocedimentodepalpaçãoabdominaledasmamas(fêmeas). Os machos considerados sexualmente ativos foram aqueles com a presença dos testículos escrotadoseosinativosforamaquelescomtestículosabdominais.Asfêmeas,consideradasem períodoreprodutivo,foramaquelasemqueaprenhezfoidetectadaporpalpaçãoabdominal,com leveouacentuadaausênciadepelagemaoredordaregiãomamária,comousemapresençade secreçãonasmamas.Já,asfêmeasforadoperíodoreprodutivoforamaquelasquenãotiveram prenhezdetectávelporpalpaçãoabdominal,queapresentaramausênciadesecreçãonasmamase presençadepelagemuniformeaoredordaregiãomamária(inativa)ouaindaaausênciadesta, detectávelpelaobservaçãodasmamasbemescurecidas(póslactantes). Apósaidentificação,osanimaisforammarcadoscomcolaresconfeccionadoscomlacre plástico de 0,25 g e individualizados por argolas coloridas de 1 mm, provindas de fios de monofilamentodecobrede1,5ou2,5mm,contendo10cores,paraasquaisforamatribuídos caracteres numéricos de 0 a 9, de maneira a possibilitar qualquer numeração a partir da combinação das cores. Após a marcação foi realizada a soltura, com exceção dos animais coletadosparaconfirmaçãodeidentificação. Osanimaiscoletados(AnexoII,ApêndiceI)forammortoscom2mldesoluçãode10% de quetamina, injetada na cavidade periabdominal. Uma vez mortos, os animais tiveram as mandíbulasafastadasdosmaxilaresfacilitandooexamededentiçãopósfixação,ereceberamum volumevariadodesoluçãode10%deformolnacavidadetoráxica,abdominalecraniana,sendo

56

imersosnestamesmasoluçãoporumperíodode24a48horas,quandoentãoforamtransferidosa outra solução (álcool 70%), na qual foram encaminhados como testemunhos ao Museu de ZoologiadaUniversidadedeSãoPaulo,juntoàscaracterísticasbiológicasdosexemplares.

2.2.3.2 Estudo metodológico

Ométodosistemático,descritonaseção2.2.1(caracterizaçãodométodosistemáticode amostragem), em parte foi sugerido com base no conhecimento previamente difundido na literatura como, por exemplo, na mudança de posição das redes entre noites de amostragem (BARLOW, 1999; ESBÉRARD, 2006), para se evitar o decréscimo no sucesso de captura (KUNZ; BROCK, 1975; SIMMONS; VOSS, 1998), decorrente do aprendizado de localização dasredes(LARSENetal.,2007)ou,ainda,naamostragemsobasdiferentesfaseslunaresque,de acordocomEsbérard(2007),podeinfluenciaracapturabilidadedequirópterosfilostomídeos. Entretanto, muitas variáveis, como número e distância entre redes e distância de deslocamentodoconjuntodestas,foramatribuídascomvistasàviabilidademetodológicadeum delineamentoamostralpoucodispendiosoedefácil aplicação em campo, e que se adequasse, mais facilmente, à realidade paisagística (pequenos fragmentos isolados) da maior parte do territórionacional,especialmentedosBiomasMataAtlânticadeinterioreCerrado,passandoa serviável,inclusivecomometodologiapadronizadaparaestudospopulacionaisenvolvidosem processos de licenciamento ambiental de médios a grandes empreendimentos, os quais, geralmente,sãopretendidospararegiõescomasmesmascaracterísticaspaisagísticas. Dentro do contexto abordado, foram avaliadas as influências das variáveis espaciais e temporais, atribuídas ao desenho amostral (constituição do delineamento) e das variáveis abióticas e estruturais (fitofisionômicas) que, eventualmente, pudessem estar atuando efetivamentesobreaprobabilidadedecapturaesucessoamostrais,tomando,esteúltimo,como medidadeefetividadeamostralsobasdiferentescondiçõesmetodológicas. Das variáveis espaçotemporais, foram avaliados: o número de capturas a partir do aumentoprogressivode1,2ou3deslocamentos(variávelespacial)doconjuntoderedesentre semanas(variáveltemporal);onúmerode3,6,9ou12horasdeamostragempornoite(variável temporal);eadistânciade25,60ou95metrosentreasredes,comprimindoavariáveltempo, obtidacomodeslocamentodoconjuntoderedespela área de amostragem (variável espacial).

57

Emníveldepontoamostral,foramavaliadastambémonúmerodecapturasnosníveisde1,1,6,

2,2 e 2,8 m (B 14) de altura da rede e o sentido das capturas em relação à posição da rede no ambiente(lesteoesteounortesul). A ação das variáveis abióticas, como períodos secos e chuvosos, fases lunares, nebulosidade, e médias de temperatura e umidade relativas do ambiente florestal, foi avaliada sobreacapturabilidadedequirópterospelométodosistemáticodeamostragem. Das variáveis estruturais, determinouse a influência da declividade e da altitude dos pontosamostrais,aporcentagemdecoberturadodosseleadensidadedosubbosquesobreo padrãodeusodaáreadeamostragempelosquirópteros. 2.2.3.3 Estudo comportamental

O estudo comportamental foi desenvolvido simultaneamente à avaliação do método de amostragem sistemático e ao estudo populacional de quirópteros nas regiões de estudo, tendo comofocoanimaisemvidalivre.Asobservaçõesforamfeitasem“temporeal”(HAYES;OBES; SHERWIN, 2009), a partir das laterais da rede – com o observador distante da haste de sustentaçãodelapor1a2m,paraevitaraobstruçãodaimagempelavegetação,–ecomoauxílio deumMonocularNightVisionYukon,modeloNVMT4x50.Oequipamentodevisãonoturna apresentouumcampodevisãode15 oeumadistânciaefetivadedetecçãodeaté20m(comouso doinfravermelho)sobavegetação.Dadoocampodevisãocorrespondera2,5m(alturadarede), emalturaelargura,somenteaos10mdedistância(comprimentofinaldarede),asobservações foramrealizadasapartirdemovimentosverticais,comoobjetivodecobrirtodaaextensãoda rede,emaltura,nosseusmetrosiniciais(próximosaoobservador). Nototal,foramefetuadasobservaçõessobreseisredesneblinapreviamenteinstaladasnas áreasamostraisdostrêssítiosdeestudos,sorteadas aleatoriamente, com as observações sendo realizadasduranteouentreosperíodosdevistoria das redes e, usualmente, nas primeiras sete horasdanoite . Oesforçomédioobtidonostrêssítiosdeestudofoide32,73min.pornoite(5,36 min.rede),oquerepresentouumesforçototalde26:45h(médiade8:43hporsítiosdeestudo). Como técnicas de amostragem para o estudo etológico, adotaramse os métodos “ all ocorrencesampling ”(amostragemdetodasasocorrências)e“ sequencesampling ”(amostragem de sequências), descritos por DelClaro (2004). Pela primeira metodologia foi considerada a

58

presençaouausênciadequirópterosnopontoamostralduranteotempodeobservação,parao que,nocasodepresença,foramregistradasascapturasdiretascomoresultadodanãodetecçãoda rede.Foramconsideradascapturasindiretasaquelasemque,mesmotendodetectadoapresença darede,perceptívelpelocomportamentorealizadopelainterrupçãodovooemovimentobrusco dedesvio,oanimaltentouaultrapassagem,mas,nãoobtendosucesso,acabouporsercapturado. Nos casos em que a detecção da rede pelo quiróptero foi comprovada, partiuse para a aplicaçãodométodo“ sequencesampling ”,atravésdaqualoregistrodescritivodetodasasações comportamentais, possíveis de ser observadas, foi realizado. O início da sequência comportamentalfoicaracterizadopeloatodedetecçãoe,seutérmino,peloafastamentodefinitivo dopontoamostral.Comofasesintermediárias,foramdescritastodasasaçõesdeconhecimentoe tentativasdedesvioe/ouultrapassagemdarede. Como parte do estudo comportamental, ainda foram registrados o tempo total das visualizações (excluindo o tempo de observação sem a presença de quiróptero no ponto amostral),eonúmeroderegistroscomomedidasindiretasdequantidadedequirópterospassíveis de ser capturados, através da amostragem sistemática. Ainda, buscando avaliar a influência ambiental sobre a habilidade de detecção das redes pelos quirópteros, os registros comportamentaisforamavaliadosemrelaçãoaosdadosfísicoseclimáticos,comoluminosidade, nebulosidade,umidaderelativaetemperaturaambiente,tomadossobreaáreadeamostragemno momentodaobservação.

2.2.3.4 Avaliação da acurácia e da precisão da amostragem sistemática

A acurácia e a precisão da amostragem sistemática foram avaliadas de forma direta, atravésdaanálise,comparaçãoe/oucorreçãodasprópriasestimativasobtidasduranteoestudo, ou indiretamente, por meio de comparação das estimativas deste estudo com os estudos realizadosemoutraslocalidadesequeutilizaramosmétodosdeamostragemporconveniência. Diretamente,comoformadedemonstrarasubamostragemnasestimativaspopulacionais, semoconhecimentodahabilidadedosquirópterosparadetectarasredeseseesquivardacaptura, foi realizada a correção de algumas das estimativas, pelos dados obtidos por meio do estudo comportamental.Aestimativadesucessoamostralfoicorrigidapelaporcentagemdepresençade quirópterosnospontosamostrais,considerandoquearedesóesteverealmenteativa,enquanto

59

houve indivíduos para ser capturados e, quando isto não ocorreu, o efeito foi semelhante à inatividadedasredes.Osíndicesdeabundânciarelativa,uniformidade,diversidade,tamanhoe densidade populacional foram corrigidos pela taxa de detecção das redesneblina. Todos os índicescorrigidosforamdiferenciadosdosestimadospeloacréscimodotermo“corrigido”apóso nomedoíndice,como,porexemplo,adiversidadeeadensidadecorrigida. Indiretamente, os índices estimados pelo método sistemático foram comparados aos estimadosporconveniência,comointuitodesecertificar de que esta nova metodologia não resultariaemumamudançabruscadoperfilcomumenterelatadoparacomunidadesepopulações de quirópteros – alguns índices populacionais, como diversidade e riqueza, tendem a ser semelhantes em uma série de estudos próximos. Para tanto, foram revisados estudos populacionais realizados, preferencialmente, nos Biomas Mata Atlântica, fisionomia floresta estacionalsemidecidual,eCerrado,equetiveramoesforçoamostralpadronizadodeacordocom o proposto por Straube e Bianconi (2002). Dentre as medidas utilizadas na comparação dos métodos,estiveramariqueza,onúmerototaldecapturaseaporcentagemdasrecapturas. ParaoEstadodeSãoPaulofoiselecionadooestudopopulacionaldequirópterosrealizado emfragmentosdeCerradoeflorestaestacionalsemidecidual,porBreviglieri(2008),porém,dada adistânciaentreastrêsáreasamostradaspeloautor,cadaumafoitratadacomoumdiagnóstico populacionaldistinto,alémdetratadosemníveldepaisagem,resultando,consequentemente,em trêsestudospopulacionaisparaoEstado.Ainda,foramselecionados:trêsestudosparaoBioma Mata Atlântica do interior do Estado do Paraná (BIANCONI; MIKICH; PEDRO, 2004; ORTÊNCIOFILHO;REIS,2009;ZANON;REIS,2007);etrêsparaoBiomaCerradodoEstado de Minas Gerais (BARROS; BISAGGIO; BORGES, 2006; NOBRE et al., 2009; SILVA; PERINI;OLIVEIRA,2005).

2.2.4 Análise dos dados

AriquezanasáreasdeamostragemfoiestimadapelométodoJackknife( Ŝ),baseadonas freqüênciasdeespéciesrarasregistradasemumacomunidade(KREBS,1998),considerandosea raridadeespecíficacomoapresencial,emumaúnicalocalidade,enãoanumérica. Duasrepresentaçõesde esforçoamostralforam apresentadas.Naprimeira,oesforçode capturafoirepresentadoatravésdacurvaacumuladadeespéciesemfunçãodonúmerodenoites

60

de captura, comparativamente aos índices de riqueza,estimadospelométodoJackknifeeseus respectivosdesviospadrõesdamédiaestimada.Nasegunda,aformaderepresentaçãográficado esforço amostral ocorreu por meio da curva acumulada de riqueza, em função do número de capturas, e, através desta estatística descritiva, foi aplicado o método de Cain (MUELLER DOMBÓIS; ELLENBERG, 1974), utilizado para estimar o esforço (números de capturas) mínimoparao estudopopulacional,sob condiçõessemelhantes às que foram realizadas neste estudo. Esse método foi aplicado, traçandose uma reta do ponto de origem ao ponto correspondentea100%dosvaloresdoeixo xe y,apartirdaqualsetraçououtrareta,deforma paralela, em contato com a curva acumulada de espécies. Em seguida, a partir do ponto de contatocomacurvafoiprojetadaumaretatangencialemdireçãoaoeixox,indicandoonúmero mínimodecapturas,calculadosobre10%doaumentodeespécies.Omesmoprocedimentofoi realizadosobre5%doaumentodeespécies,sendoaprimeiraretatraçadadopontodeorigemao pontocorrespondentea50%dosvaloresdoeixoxey. Os índices de abundância relativa ( IAR ) e frequência de ocorrência ( IFO ), foram estimados.Oprimeiro,dividindoseonúmerodeindivíduoscapturadosdeumaespéciealvopelo númerototaldeindivíduoscapturadosnaáreaamostral.Osegundo,foiestimadopeladivisãodo númerodenoitesemqueaespéciealvofoiregistradapelototaldenoitesdeamostragemnaárea. Ambos os índices foram logtransformados para atender pressupostos de normalidade nas análisesestatísticas. Como medidas de heterogeneidade da comunidade, foram aplicados o índice de uniformidade de Camargo; os índices de ShannonWiener ( H’ ) e Margalef ( Dα ), base 2 e niperiana,respectivamente(MAGURRAN,1989),paraaestimativadadiversidadealfa( α);eo estimadorWhittaker,paraadiversidadebeta( β).AescolhapeloíndicedeCamargosedeupela suainsensibilidadeàriquezaepeloíndiceShannonWiener,poresteserumamedidasensívelà presença de espécies raras (KREBS, 1998), portanto, mais adequado para regiões tropicais e neotropicais,onde,usualmente,ariquezaéelevadaeauniformidadereduzida 3. Nacomparaçãoentreosestudospopulacionaisdistintos,foramutilizadasasestimativas de diversidade pelo índice de Margalef ( Dα ), já que o índice ShannonWiener (H’ ) não é apresentadoportodososestudosesofrevariaçãodeacordocomabaseutilizadanaestimativa.

3COUTO,H.T.Z.UniversidadedeSãoPaulo/EscolaSuperiordeAgriculturaLuizdeQueiroz. 61

Asimilaridadeentreesteestudoeaquelesqueutilizaramosmétodosdeamostragempor conveniência, respectivamente, foi estimada a partir do índice de Jaccard ( J) (MAGURRAN, 1989).OmétododeMorisitaHorn(KREBS,1998)foiutilizadonacomparaçãodesimilaridade entreosparesdeáreasamostrais,porconsideraraabundânciaenãoapenasariqueza,comono índiceanterior,podendotornarmaisrobustaaestimativa,noscasosemqueariquezaentreos paresdeamostrasésemelhante. Aestimativadetamanhopopulacional,pelométododecapturarecapturadequirópteros, foiavaliadaatravésdométododeSchnabel,descritoem1938emodificadoporSchumachere Eschmeyerem1943,emboraestemétodoassumaasmesmaspremissasdométododePetersen (KREBS,1998):1,apopulaçãoéfechadae,portanto, Néconstante;2,todososanimaistêma mesmachancedeseremcapturadosnoprimeirotempo;3,amarcaçãodosindivíduosnãoafeta suacapturabilidade;4,osanimaisnãoperdemamarcaçãoentreperíodosdecaptura;e5,todasas marcaçõessãoidentificadasemumsegundoperíododecaptura.Já,asestimativasdedensidade foramobtidaspeladivisãodotamanhopopulacionalestimadopelotamanhodaáreaamostral. Paraaanalisedopadrãodeusodaáreaamostral,considerandoolimitedeconfiançade 95% (de 0,5 a +0,5), foi estimado o índice de dispersão de MorisitaHorn ( Id ), padronizado (KREBS,1998),quepodevariarde1,0a+1,0. O perfil comportamental dos indivíduos, que tiveram contato com a rede durante o períododeobservação,foidescritopormeiodeumorganogramacomseisníveise,asequência comportamentaldosindivíduoshábeisemdetectararedeeevitarsuacaptura,foirepresentada pormeiodedesenhoesquemático. A independência entre variáveis categóricas do estudo metodológico, foram avaliadas através de análise de freqüência quiquadrado (Likelihood Ratio ChiSquare). Dentre estas estiveram:onúmerodecapturaentreespécies,tiposvegetacionais,períodosdoano;osucesso decapturaentreáreasamostrais,sentidodevoo,faselunareíndicededispersãopopulacional. O teste nãoparamétrico de KolmogorovSmirnov foi aplicado na avaliação de independênciaentreaporcentagemderecapturaentreáreasamostrais,decapturasemfunçãoda cobertura do dossel, do número de visualização de quirópteros por esforço de observação, da proporção de escape de indivíduos capturados e proporção de vistorias por indivíduos que detectaram a rede. De forma semelhante, o teste KruskalWallis foi aplicado na avaliação da diferença entre pares de amostras independentes, como o número de capturas em função do

62

númerodedeslocamentosdoconjuntoderedesnaáreaamostral,totaldehorasdecaptura,da alturadarede,altitudedospontosamostrais,densidadedosubbosque,ealturadodossel. OcoeficientedecorrelaçãodePearson( r)foiutilizadonaavaliaçãoentreoesforçoeo sucessoamostral,easuficiênciaamostral,considerandoumaprobabilidadede90%,foiestimada combasenaporcentagemdoerrodeamostragem(máximode15%damédiadecapturas),parao númerodenoiteseredesutilizadas(COCHRAN,1977). A análise de variância (ANOVA) foi utilizada como teste paramétrico na avaliação da atividadedequirópterosemfunçãodevariáveiscomomédiadetemperatura,umidaderelativae nebulosidade. Todos os índices populacionais e testes de significância foram desenvolvidos pelos programas estatísticos PAST (version 2.04; HAMMER; HARPER; RYAN, 2001), Statistical AnalysisSystem(version8.2;SASINSTITUTE,2002),eEcologicalMethodology(version5.1; KENNEY;KREBS,1998),paraumlimitedeconfiançade0,5. 2.3 Resultados

2.3.1 Estudo populacional

2.3.1.1 Dados populacionais observados

Duranteoperíododeamostragemfoiregistradaapresençade14espéciesdistribuídas entrecincosubfamíliaseduasfamílias:PhyllostomidaeeVespertilionidae.Naprimeira,foram registradas as subfamílias: Glossophaginae [ Anoura caudifer (É. Geoffroy St.Hilaire, 1818), Anoura geoffroyi Gray, 1838, e Glossophaga soricina (Pallas, 1766)]; Carolliinae [ Carollia perspicillata (Linnaeus, 1758)]; Phyllostominae [ Chrotopterus auritus (W. Peters, 1856), e Micronycteris microtis Miller, 1898] (Figura 11); Stenodermatinae [ Artibeus lituratus (Olfers, 1818), Artibeusplanirostris (Spix,1823), Chirodermadoriae (O.Thomas,1891), Platyrrhinus lineatus (É. Geoffroy St.Hilaire, 1810), e Sturnira lilium (É. Geoffroy St.Hilaire, 1810)]; e Desmodontinae[ Desmodusrotundus (É.GeoffroySt.Hilaire,1810)](Figura12).Nasegunda: Vespetilioninae [ Lasiurus blossevillii (Lesson, 1826)]; e [ Myotis riparius Handley, 1960](Figura13).

63

Figura 11 Quirópteros filostomídeos, registrados através de delineamento sistemático em subbosque florestal. Legenda: ac,Glossophaginae( a, Anouracaudifer ; b, Anourageoffroyi ; c, Glossophagasoricina ); d, Carolliinae ( Carollia perspicillata ); ef, Phyllostominae ( e, Chrotopterus auritus ; f, Micronycteris microtis )

64

Figura 12 Quirópteros filostomídeos, registrados através de delineamento sistemático em subbosque florestal. Legenda: ae,Stenodermatinae( a, Artibeuslituratus ; b, Artibeusplanirostris ; c, Chirodermadoriae ; d, Platyrrhinuslineatus ; e, Sturniralilium ); f,Desmodontinae( Desmodusrotundus )

65

Figura13Quirópterosvespertilionídeos,registradosatravésdedelineamentosistemáticoemsubbosqueflorestal. Legenda: a,Vespertilioninae( Lasiurusblossevillii ); b,Myotinae( Myotisriparius )

Onúmerototaldeindivíduoscapturadosfoi163,dosquais29foramrecapturas(Tabela 5),queforamconsideradasapenasnasestimativasdetamanhoedensidadepopulacionais,tendo sidoexcluídasdasdemaisanálises.AlocalidadecommaiornúmerodecapturasfoioEUC(58), seguidodaFES(53).NoCERforamobtidasapenas23capturas. Como consequência do baixo número de capturas obtidas durante o estudo, a sucesso amostralfoibaixoemtodosaslocalidades.Assim,omenorsucessodeamostragemfoiobtidono CER (6,2 x 10 4 ind.h.m 2),aindaqueestetenhasidopoucodistintodoobtidonasoutrasduas localidades, EUC e FES, ou na paisagem (somatória das três localidades), nas quais foram capturados1,3x10 3(EUC),1,2x10 3(FES)e1,0x10 3(paisagem),respectivamente. Osjovensesenisrepresentaram14%e4%da comunidade total, respectivamente, e a maioria dos indivíduos capturados foram fêmeas (53%), das quais, 39% estava em período reprodutivo. A razão sexual entre macho e fêmea (M:F), determinada para as espécies dominantesecomuns,tendeuaserde1:1,comexceçãoàs M.microtis (2:1)e A.caudifer ,das quaistodososindivíduoscapturadosforamfêmeas. Osdadosbiológicosereprodutivosdosindivíduoscapturadosnãoforamavaliadosneste estudo, por fugir dos objetivos propostos, porém, as proporções observadas para as três localidadesavaliadaseparaasomatóriadelasfoiresumidanaTabela13(AnexoII).

66

Tabela5–Ocorrênciaeabundância(capturaserecapturas)específicasparaaslocalidadesamostraisavaliadaspelo métodosistemáticodeamostragem Táxon Abundância ( N capturas / N recapturas) Phyllostomidae CER EUC FES Total Anouracaudifer (É.GeoffroySt.Hilaire,1818) 3/0 1/0 5/0 9/0 Anourageoffroyi Gray,1838 1/0 0 0 1/0 Artibeuslituratus (Olfers,1818) 0 0 1/0 1/0 Artibeusplanirostris (Spix,1823) 0 0 1/0 1/0 Carolliaperspicillata (Linnaeus,1758) 9/8 13/4 16/12 38/24 Chirodermadoriae (O.Thomas,1891) 3/0 0 0 3/0 Chrotopterusauritus (W.Peters,1856) 0 4/0 6/2 10/2 Desmodusrotundus (É.GeoffroySt.Hilaire,1810) 1/0 20/1 5/0 26/1 Glossophagasoricina (Pallas,1766) 1/0 8/0 9/1 18/1 Micronycterismicrotis Miller,1898 4/1 2/0 5/0 11/1 Platyrrhinuslineatus (É.GeoffroySt.Hilaire, 0 1/0 0 1/0 1810) Sturniralilium (É.GeoffroySt.Hilaire,1810) 0 6/0 4/0 10/0 Vespertilionidae Lasiurusblossevillii (Lesson,1826) 0 3/0 0 3/0 Myotisriparius Handley,1960 1/0 0 1/0 2/0 Total 23 / 9 58 / 5 53 / 15 134 / 29 Notas:OsvaloresderiquezaestimadosforamobtidosapartirdométodoJackknife,paraumlimitedeconfiançade 95%. Legenda:CER,cerradão;EUC,eucalipto;FES,florestaestacionalsemidecidual;Des.Pad.,desviopadrãoda riquezamédiaestimada.

2.3.1.2 Riqueza e composição de espécies A riqueza obsevada (14 espécies) ficou no intervalo inferior da estimada para as áreas florestaisque,calculadapelométodoJacknife,foide18espécies,podendovariarde14a22, dentrodointervalodeconfianciaeparaumerroamostralde5%. Aúltimaespéciefoicapturadana41ªnoitedeamostragem,ampliandoapossibilidadede novosregistrosapartirdeumaumentononúmerodenoitesdecaptura,comorepresentadonas curvasderiquezatraçadasparaoperíodototaldeamostragem(Figura14),emqueseobserva uma tendência ao distanciamento entre as estimativas e seus respectivos valores de desvio padrão.Paraaúltimanoite,odesviofoide1,89. Na representação gráfica (Figura 15) do esforço em número de capturas, também não houveumatendência à estabilidadeda curva,na168acaptura,e,atravésdométododeCain,

67

estimousequeumesforçomínimode34ou71capturasserianecessárioparaque90%ou95% das espécies passíveis de captura pudessem ser registradas em estudo anual para as áreas florestais, por meio do delineamento sistemático, e estes valores mínimos de captura foram correspondentesaosesforçosmínimosde38.880h.m 2 ou68.040h.m 2,respectivamente.

Figura 14 Riqueza observada e estimada em função do esforço amostral em noites de captura. Os pontos correspondem aos valores observados, através dos quais foi definida a curva de tendência para o crescimento (linha tracejada). As linhas contínuas representam a riqueza estimada pelo método Jackknife(linhacentral),comseusrespectivosdesviospadrões

EmboraonúmerodeindivíduoscapturadosnoCERtenhasidoametadedovalorobtido duranteoestudopopulacionalnasoutrasduaslocalidades,EUCeFES(Tabela5),osvaloresde riquezaobservadaeprevistanãodiferiramsignificativamenteentreosfragmentosflorestais. Os valores de riqueza observados nas diferentes localidades e na somatória destas estiveramnolimiteinferiordosvaloresderiquezaestimados,representando,aparentemente,uma subamostragememtodososcasos.Porém,estesvalorespodemsertratadoscomoelevadosse consideradaarazãodeumaespécienovaparacadaquatroindivíduoscapturados(1:4)noCER,e deumparasete(1:7),naslocalidadesEUCeFES,indicandoumariquezapossivelmenteelevada nointeriordosfragmentosflorestais,apesardeumabaixadensidadepopulacional(assuntoque seráabordadoposteriormente). Osvaloresestimadosderiquezaeopadrãodacurvadeesforçotemporal(noites)paraas localidades,apresentaramomesmoperfilobtidoparaasomatóriadastrêsáreasamostrais,sem queumaestabilidadetivessesidoatingida(Figura16).AslocalidadesCEReFES,apresentaram

68

umamaiortendênciaaoregistrodenovasespécies,comoacréscimodoesforçoamostral,fato perceptível pelos valores superiores de desvio padrão (Tabela 6) e pelo maior distanciamento entreascurvasdetendênciaparaariquezaobservadaeestimada(Figura16a,c). Acurvaderiqueza,observadaparaoEUC,apresentouomenorvalordedesviopadrãoe acompanhou a tendência da inferior estimada (Figura 16b), o que pode indicar uma menor probabilidade de registro de novas espécies em função do esforço temporal, se comparado às outrasduaslocalidadesflorestais.

Figura15Riquezatotalobservadaemfunçãodoesforçoamostralemnúmerodecapturas,eesforçomínimode capturaestimadoparaoestudopopulacionaldequirópterospelométodosistemáticodeamostragemem áreasflorestais.Ospontossereferemaosvaloresobservados,atravésdosquaisfoidefinidaacurvade tendênciaparaocrescimento(linhacontínua).Asretaspontilhadassereferemàsestimativasdetempo mínimopelométododeCain,sobre100%(a 1,2 )e50%(b 1,2 )dariquezaobservada,comsuasprojeções aoeixox(a 3eb 3)correspondendoaosesforçosmínimosnecessáriosparaoregistrode90%ou95%das espéciesdequirópteros

Tabela6Valoresobservadoseestimadosderiqueza no estudo populacional dequirópteros de subbosque pelo métodosistemáticodeamostragememdiferentesáreasdeamostragem Indivíduos Riqueza Riqueza média Limite de confiança para a Áreas (n) observada (n) estimada / Des. Pad. riqueza estimada (n) CER 23 8 12/2,17 7a16 EUC 58 9 11/1,28 8a14 FES 53 10 13/1,51 10a16 Total 134 14 18 / 1,89 14 a 22 Notas:OsvaloresderiquezaestimadosforamobtidosapartirdométodoJackknife,para95%delimitedeconfiança. Legenda:CER,cerradão;EUC,eucalipto;FES,florestaestacionalsemidecidual;Des.Pad.,desviopadrãoda riquezamédiaestimada.

69

Figura16Valoresderiquezaobservadaeestimadaemrelaçãoaoesforçoemnoitesdecaptura,paraasáreasde cerradão(a),eucalipto(b)eflorestaestacionalsemidecidual(c).Ospontoscorrespondemaosvalores observados,atravésdosquaisfoidefinidaacurvadetendênciaparaocrescimento(linhatracejada).As linhas contínuas representam a riqueza estimada pelo método Jackknife (linha central) com seus respectivosdesviospadrões)

70

AFigura17representaascurvasderiquezaobservadas,referentesaonúmerodecapturas comounidadede esforçoamostral.Nestascurvas,o CERpassoua apresentarumperfilmais próximoaodoEUC,commaiortendênciaàestabilidade,evalormínimode18capturasparao registro de 95% da riqueza observada num estudo anual, correspondente a 50% das capturas efetuadas.OsesforçosmínimosestimadosparaaFESeparaoEUC(localidadescomnúmerode capturassemelhante)foramde29e32indivíduos,respectivamente,quecorrespondema41%e 50%dototaldecapturasefetivadasnessaslocalidades.Emtermosdeesforçoamostral,35.640 h.m 2seriaoesforçomínimoparaaslocalidadesCEReFES,e16.200h.m 2paraaFES. Seisespéciesforamregistradas exclusivamenteapartirdeumaououtralocalidade: A. geoffroyi e C. doriae , no CER; P. lineatus e L. blossevillii , no EUC; e as duas espécies de Artibeus ,queestiverampresentesapenasnaFES.Apesarda“ausência”destasespéciesparauma ououtralocalidade,queresultouemumareduçãode riqueza de 35,7%, em relação à riqueza observada em escala regional (soma das três localidades), a composição de espécies entre as localidadesfoisemelhante,comodemonstradoposteriormentenaseção2.3.1.4,peloíndicede diversidadedeWittaker.

2.3.1.3 Padrões de abundância e freqüência de ocorrência populacional

A diferença observada do número de capturas, entre espécies ativas no subbosque florestal,duranteoperíododesteestudo(FREQProcedure;SAS,F=105,2298;P<0,0001), indicou um padrão heterogêneo na comunidade, constituída por três classes distintas de abundânciarelativa(Figura18):aprimeira(dominante),formadapelasespéciesquetiveramIAR superiora0,1(3espécies;21,4%);asegunda(comum),compostapelasespéciescomIARentre 0,05e0,1(4espécies;28,7%);eaterceira(poucocomum),compostapelasespéciesquetiveram IARinferiora0,05(7espécies;50%).Cadaespéciepertencenteasprimeiraesegundaclassesde abundância,fazpartedeumasubfamília,comexceçãodas M.microtis e C.auritus ,quesãoda subfamília Phyllostominae, e apresenta uma guilda alimentar primária distinta (na sequência: frugívora, sanguívora, nectarívora, insetívora e carnívora), exceto as G. soricina e A. caudifer , primariamentenectarívoras.

71

Figura 17 Riqueza observada em relação ao esforço em número de capturas, pelo método sistemático de amostragemnasáreasflorestaisdecerradão(a),eucalipto(b)eflorestaestacionalsemidecidual(c).Os pontossereferemaosvaloresobservados,atravésdosquaisfoitraçadaacurvadetendênciaparao crescimento (linha contínua). As retas pontilhadas se referem às estimativas de tempo mínimo, pelo métododeCain,sobre100%(a 1,2 )e50%(b 1,2 )dariquezaobservada,comsuasprojeçõesaoeixox(a 3 eb 3),correspondendoaosesforçosmínimosnecessáriosparaoregistrode90%ou95%dasespéciesde quirópterosdestaslocalidades

72

Figura18Índicedeabundânciarelativa(IAR)erespectivasvariânciasparaasespéciesregistradasemsubbosque florestal, pelo método sistemático de amostragem. Legenda: CAPER, Carollia perspicillata ; DEROT, Desmodusrotundus ;GLSOR, Glossophagasoricina ;MIMIC, Micronycterismicrotis ;STLIL, Sturnira lilium ; CRAUR, Chrotopterus auritus ; ANCAU; Anoura caudifer ; CHDOR, Chiroderma doriae ; LABLO, Lasiurusblossevillii ;MYRIP, Myotisriparius ; ARLIT, Artibeuslituratus ; ARPLA, Artibeus planirostris ;ANGEO, Anourageoffroyi ;PLLIN, Platyrrhinuslineatus

Amaiorpartedasespéciesnãodiferiusignificativamenteemnúmerodecapturasentreo período seco e chuvoso e/ou não tiveram número de capturas suficiente para uma análise, influenciandooíndicedesimilaridadeMorisita,entreperíodos,em0,864.Dentreasexceções, estiveramasespécies S.lilium ,com90%dosindivíduoscapturadosnaestaçãochuvosa(FREQ Procedure;SAS,F=6,4000,p<0,05), C.auritus (FREQProcedure;SAS,F=5,3333,p<0,05) e C.perspicillata (FREQProcedure;SAS,F=6,4516,p<0,05),queforammaisabundantesno períodoseco,noqual80%e63,1%dosindivíduosforamrespectivamentecapturados. Osindivíduosda espécie C. auritus foram capturados em horários com temperatura de 16,5 oC, similar à média da seca, e umidade de 89,9%, superior à média do período. A C. perspicillata foicapturadanoshoráriosemqueasmédiasdetemperaturaeumidade,18,6C oe 89%,respectivamente,foramsuperioresàsregistradasnoperíodosecoesimilaresàmédiaobtida noestudo.Já,amaioriadosindivíduosdaespécieS.lilium foicapturadanoshoráriosemqueas médiasdetemperatura(21C o)eumidade(94,8%)foramsuperioresàsmédiasgeraisregistradas noestudoeàquelascorrespondentesaoperíodochuvoso. Entre os fragmentos florestais, a abundância das espécies diferiu significativamente (FREQ Procedure; SAS, F = 43,1327; P < 0,0001). Algumas apresentaram padrões de abundância distintos para cada localidade (Figura 19), como foi o caso da M. microtis ,

73

responsávelpor17,4%daamostranoCEReporapenas9,4%naFES,eda D. rotundus , que correspondeua4,3%daabundânciadoCER,34,5%doEUC,e11%daFES.Ainda,dentreas espéciesdominantes,destacousea C.perspicillata ,portersidomaisabundantenoCER(39%)e naFES(35%),deixandoaposiçãodedominânciaparaa D.rotundus noEUC(Figura19b),onde correspondeuaapenas16,6%dascapturas. Apartirdeumaavaliaçãoemnívelregional,asespéciesdePhyllostominae, C.auritus e M.microtis ,representaram7,4%e8,2%dototaldecapturas,respectivamente,esemelhanteao observadoparaasespécies S.lilium e A.caudifer .Comocitadoanteriormente,a M.microtis foi bemrepresentativatantoparaoCERquantoparaaFES.AC.auritus ,porsuavez,correspondeu a11,3%dascapturasnaFES. Um dos problemas de se considerar exclusivamente o IAR é atribuir uma importância maior as espécies que apresentam um número de capturas elevado, porém restritos a poucas noites de amostragem, como é o caso da G. soricina . Esta, por exemplo, ocupou a terceira posiçãoemdominânciapeloIAR(Figura18),porémsuascapturasseconcentraramemapenas novenoites(12,5%),oqueacolocou,proporcionalmente,nasétimaposiçãodedominância,se consideradaafreqüênciadeocorrênciacomqueelaapareceunaamostra(Figura20). O IFO,destaforma,demonstrouumpadrãodedominância para a somatória das áreas florestaisumpoucodiferentedoobservadopeloíndice de abundância relativa (Figura 20). C. perspicillata e D. rotundus , além de serem as espécies mais abundantes ao longo do estudo populacional,foramasdemaiorfrequênciadeocorrência. S.lilium ,comabundânciaigualàde C.auritus ,teveumafreqüênciadeocorrênciapoucoinferioradestecarnívoro,eigualàda G. soricina .Deformainversa, C.auritus e A.caudifer forammaisrepresentativasnacomunidade pelafreqüênciadoquepelaabundância. ParaoCER,arepresentatividadedasespéciespeloIFOfoisemelhanteàobtidapeloIAR estimadoparaamesmalocalidade,com C.perspicillata sendoaespéciemaisfrequente,seguida por M.microtis , C.doriae e A.caudifer .Já,paraoEUCeaFES, asespécies G.soricina e S. lilium forammenosfrequentesdoqueabundantes,enquantoqueosfilostomíneos C.auritus e M. microtis foram mais freqüentes do que abundantes (Figura 21), seguindo o mesmo perfil de dominânciapeloIFOobservadodasomadasáreasflorestais.

74

Figura19Índicedeabundânciarelativa(IAR)paraasespéciesregistradasnocerradão(a),eucalipto(b)efloresta estacional semidecidual (c). Legenda: CAPER, Carollia perspicillata ; DEROT, Desmodus rotundus ; GLSOR, Glossophaga soricina ; MIMIC, Micronycteris microtis ; STLIL, Sturnira lilium ; CRAUR, Chrotopterus auritus ; ANCAU; Anoura caudifer ; CHDOR, Chiroderma doriae ; LABLO, Lasiurus blossevillii ; MYRIP, Myotis riparius ; ARLIT, Artibeus lituratus ; ARPLA, Artibeus planirostris ; ANGEO, Anourageoffroyi ;PLLIN, Platyrrhinuslineatus

75

Figura20Índicedefrequênciadeocorrência(IFO)dasespéciesregistradasparaasáreasdeestudo a partir do esforço em noites de amostragem. Legenda: CAPER, Carollia perspicillata ; DEROT, Desmodus rotundus ;MIMIC, Micronycterismicrotis ;CRAUR, Chrotopterusauritus ;ANCAU; Anouracaudifer ; STLIL, Sturniralilium ;GLSOR, Glossophagasoricina ;CHDOR, Chirodermadoriae ;MYRIP, Myotis riparius ; LABLO, Lasiurus blossevillii ; ARLIT, Artibeus lituratus ; ARPLA, Artibeus planirostris ; ANGEO, Anourageoffroyi ;PLLIN, Platyrrhinuslineatus

OíndicedeuniformidadedeCamargo,apresentadopelacomunidade,foibaixo(0,442), reforçandoaheterogeneidadecaracterizadapelapresençadepoucasespéciesdominantes,várias comuns e incomuns, influenciado, ainda, pela presença de espécies únicas de uma ou outra localidade. Quando tratadas isoladamente, as localidades apresentaram os valores de uniformidade um pouco acima da média, mas, comparativamente, o EUC demonstrou uma uniformidadeinferior(0,513)àquela estimadaparaosfragmentosnativos,CER(0,570)eFES (0,635). Auniformidade apresentadapelacomunidadetotalfoi semelhante para o período seco (0,570)echuvoso(0,528),comumpequenodecréscimonaestaçãodaschuvas,padrãoeste,que pode ser observado também nas localidades EUC (0,613 e 0,597) e FES (0,623 e 0,592), isoladamente.Já,noCER,adiferençafoimaispronunciadaeinversa(0,631e0,767),commaior uniformidadeobtidaparaoperíodochuvoso.

76

Figura21Índicedefrequênciadeocorrência(IFO)dasespéciesregistradasparaocerradão(a),eucalipto(b)e floresta estacional semidecidual (c) a partir do esforço em noites de amostragem. Legenda: CAPER, Carollia perspicillata ; DEROT, Desmodus rotundus ; MIMIC, Micronycteris microtis ; CRAUR, Chrotopterus auritus ; ANCAU; Anoura caudifer ; STLIL, Sturnira lilium ; GLSOR, Glossophaga soricina ; CHDOR, Chiroderma doriae ; MYRIP, Myotis riparius ; LABLO, Lasiurus blossevillii ; ARLIT, Artibeus lituratus ; ARPLA, Artibeus planirostris ; ANGEO, Anoura geoffroyi ; PLLIN, Platyrrhinuslineatus

77

2.3.1.4 Diversidade

A diversidade alfa, estimada pelo índice de ShannonWiener ( H) para a somatória das áreasamostrais,foide2,098,estimuladapelosvaloresintermediáriosderiquezaeuniformidade, obtidosduranteoestudopopulacional,eintermediáriaaosvaloresobtidosparaosperíodosseco (1,884)echuvoso(2,106).ATabela7resumeesteseosdemaisíndicespopulacionaisestimados paraasdiferenteslocalidadeseparaasomatóriadaslocalidades,comounidadeflorestalúnicae paraadiversidadebeta(entrelocalidades),comoparâmetrosdediversidade. AdiversidadeestimadapeloíndicedeMargalef,porsuavez,resultounamenordiferença entreadiversidadeestimadaparaaslocalidadesCEReFES(1,54%),EUCeFES(13,1%),se comparada às reduções de 12,47% e 20,2%, estimadas com a aplicação do índice Shannon Wiener, respectivamente. Ao contrário, o índice de Margalef intensificou a diferença de diversidadeentreoCEReoEUC,em25,4%,comamenordiversidadeestimadaparaoEUC. Emescalaregional,houveumacréscimode17%sobreadiversidadeobtidaparaaFES,valor estesuperioraoacréscimode5%peloíndicedeShannonWiener.

Tabela 7 Valores observados e estimados de riqueza, diversidade e similaridade pelo estudo populacional de quirópterosdesubbosque,pelométodosistemáticodeamostragememdiferentesáreasdeamostrageme escaladapaisagemflorestal Entre Soma de Áreas CER EUC FES locais locais Riqueza observada 8 9 10 14 12 11 13 18 Riqueza estimada (Jackknife) (716) (814) (1016) (1422) Uniformidade (Camargo) 0,570 0,513 0,635 0,442 Diversidade alfa (Shannon-Wiener) 1,748 1,595 1,997 2,098 Diversidade alfa (Margalef) 2,232 1,970 2,267 2,654 Diversidade beta (Whittaker) 0,0556 CER 1 0,4444 0,8496 Similaridade (Morisita- EUC 0,4444 1 0,6776 Horn) FES 0,8496 0,6776 1 Notas:OsvaloresderiquezaestimadosforamobtidosapartirdométodoJackknife,comumlimitedeconfiançade 95%. Legenda:CER,cerradão;EUC,eucalipto;FES,florestaestacionalsemidecidual.

78

Comparando as três localidades, a diversidade beta foi estimada em 0,0556, pelo estimador Whittaker, demonstrando uma semelhança grande entre a composição de espécies. Mas, apesar da semelhança entre fragmentos florestais, quando estimadas as diversidades alfa paracadalocalidade,foiobtidomaioríndiceShannonWienerparaFES(1,997)eCER(1,623), sendoadiversidadenoEUCumpoucoinferior(1,595) se comparada aos fragmentos nativos. Assimmesmo,todasasestimativasdediversidadeforaminferioresàdiversidadedapaisagem,na qual a riqueza foi elevada pela soma das espécies únicas entre localidades, apesar da menor uniformidade,quandoseigualouosfragmentosunicamentepeloaspectoflorestal,passandoase considerarastrêslocalidadescomoréplicas. A similaridade estimada pelo método MorisitaHorn, por sua vez, indicou que a semelhança entre localidades foi influenciada, primariamente, pela riqueza do ecossistema florestal,sendoqueasmaioressimilaridadesforamobtidasentreosfragmentosdeflorestanativa, CEReFES,e,secundariamente,pelaestruturaflorestalverticale/oudimensãodosfragmentos (EUCe FES).Amenorsimilaridadefoiobtida entre oCEReoEUC,extremosdealturade dossel,continuidadedacoberturadedosseledensidadedesubbosque.

2.3.1.5 Tamanho e densidade populacional

Osucessoamostraltotalfoirelativamentebaixo(1,048x10 3ind.h.m 2),masataxade recapturafoielevada(17,8%)esignificativamentedistintaentreaslocalidades(KruskalWallis; PAST,H=7,734;P<0,05),sendoqueasobtidasparaaFESeoCERforamde22,0%e28,1%, respectivamente,emaioresdoqueaobtidaparaasáreasflorestaisjuntas.NoEUC,asrecapturas corresponderamaapenas7,9%.Arecapturade C.perspicillata foide38,7%. AmenorcomunidadefoiobtidaparaoCER,onde55indivíduos(variânciade35a137 indivíduosparaumlimitedeconfiançade95%),independentedaespécie,foramestimadospara ocorrerdentrodaáreaamostral.Umamaiorprecisãonasestimativasdolimitedeconfiançade tamanho populacional foi igualmente obtida para a FES, onde 124 indivíduos (87 a 213 indivíduos) foram previstos para ocorrer dentro da área amostral, tendo sido, o tamanho da comunidadeestimadoparaestalocalidade,superioraodoCER.ParaoEUC,foiestimadoum número maior de indivíduos (n = 351), porém, devido à baixa taxa de recaptura obtida nesta

79

localidade,aprecisãonaestimativadosvaloresdeconfiançalimitesforammenores,resultando emumamaioramplitudenasprevisõesdetamanhopopulacional,de233a711indivíduos. Apartirdoconhecimentodonúmeroesperadodeindivíduosporáreaamostral,osvalores de densidade populacional puderam ser estimados. O CER apresentou uma densidade de 7 indivíduos/ha(4a17);aFES,15indivíduos/ha(10a26);eoEUC,43indivíduos/ha(28a86). Apopulaçãode C.perspicillata apresentoucorrelaçãopositivaentreonúmerodeanimais previamente marcados em relação aos marcados em quase todas as localidades (Figura 22), excetonoCER,possibilitandoaestimativadetamanhodaspopulações,em10(6a37),26(18a 48) e 20 indivíduos (14 a 33) para as localidades CER, EUC e FES, respectivamente. Estes tamanhosestimados,porsuavez,possibilitaramaestimativadasdensidadespopulacionaisde1, 2e3indivíduos/ha(limitemáximode6paraoEUC),deacordocomalocalidadeamostrada,e, considerando a somatória das localidades, a densidade da espécie permaneceu na média da estimada individualmente, para as localidades, de 2 indivíduos/ha, podendo variar de 1 a 3 indivíduos/ha. Otamanhopopulacionaldasdemaisespéciesregistradasparaaslocalidadesnãopuderam serestimados,pelaausênciaoubaixataxaderecapturaobtidaduranteoestudo,sugerindoque ummaioresforçoamostralsejanecessárioparaqueestaspopulaçõespossamserquantificadas.

2.3.1.6 Padrão de uso da área amostral

Outrasinovaçõesdaamostragemsistemáticaparaoestudopopulacionaldequirópteros, alémdaestimativadedensidadepopulacional,foramadescriçãodopadrãodedistribuiçãoea formadeusodaáreadeamostragempelosindivíduos(distribuiçãohorizontal),possibilitandoa correlação entre este aspectos e as diversas variáveis vegetacionais e topográficas, que pode proporcionarumamelhorcompreensãodaformacomqueacomunidadee/ousuaspopulações interagemcomoecossistemaflorestal. OpadrãoespacialdedistribuiçãodacomunidadedequirópterosdoCERfoiagrupado( Id =0,5038;χ2=91,176;p<0,01),comamaioriadascapturastendoocorridonoquadrantesudeste da área amostral (Figura 23), que correspondeu à porção mais elevada do terreno, de baixa declividade(topodomorro),comumdosselflorestalmaiselevadoeosubbosquepoucodenso (áreadetransiçãodocerradãoparaaflorestaestacionalsemidecidualdeencostaeripária).Os

80

pequenosagrupamentosisolados,apresentadosnamatrizdedistribuiçãoasudoesteeoeste,não puderam ser associados à oferta local de recursos,jáqueasespéciescapturadasnestespontos apresentam hábitos alimentares distintos ( G. soricina , C. perspicillata e M. microtis ), porém podemestarrelacionadosàproximidadedeabrigosdiurnose/ounoturnosnavegetação.

Figura22 Regressãolinearobtidaapartirdoestimador Schumacher para o tamanho populacional de Carollia perspicillata emEUC(a),FES(b),ouparaasomatóriadasáreasamostrais(c)

NoEUC( Id =0,5064;χ2=121,500;p<0,001)enaFES( Id =0,5038;χ2=106,000;p< 0,001),tambémfoiobservadoumpadrãodedistribuiçãoagregado(Figura24).Nestalocalidade, entretanto,adeclividadeaolongodaáreaamostralfoipoucopronunciadaemrelaçãoaoCERea 81

FES,havendoumatendênciamaiordosagrupamentosdesulalesteeaonortedaáreaamostral, compoucascapturasocorridasnaporçãocentralenasudoeste,queforamoslocaiscomumsub bosquemaisdenso(Figura24a).

Figura23Matrizdedistribuiçãodacomunidadedequirópterosnaáreaamostraldocerradão,demonstrandooperfil deusodalocalidadeduranteoperíododeestudo.Osvaloresapresentadosnabarralateralcorrespondem aonúmeromédiodeindivíduoscapturados

Figura24Matrizdedistribuiçãodacomunidadedequirópterosnaáreaamostraldoeucalipto(a)eda floresta estadualsemidecidual(b),demonstrandooperfildeusodalocalidadeduranteoperíododeestudo.Os valoresapresentados,nabarralateral,correspondemaonúmeromédiodeindivíduoscapturados

NaáreaamostralFES,assimcomoemCER,opadrãodeusodaáreaesteverelacionado principalmente a declividade. Houve uma maior agregação formando um corredor no sentido

82

oestecentronoroeste (Figura 24b), com poucas capturas realizadas nas porções sul, onde a declividadefoimaisacentuadaeosubbosquefechadoporlianaseespéciesarbustivasdecopa frondosa;enorte,ondeadeclividadefoimaisacentuadaeadensidadedosubbosquemenor. Avaliando o padrão de distribuição populacional para a C. perspicillata noCEReno EUC,omesmoperfilagregado,observadoparaacomunidadetotaldasdiferenteslocalidades,foi observado(Figura25a,b),comIdde0,5045(χ2=85,118;p<0,01)e0,5237(χ2=118,059;p< 0,001)paraoCEReoEUC,respectivamente.NaFES,entretanto,opadrãodedistribuiçãoda espéciefoiuniforme(Id=0,0930;χ 2=51,538,p=0,60783)aolongodocorredoridentificado peloperfilgeraldedistribuiçãodosquirópterosnestaáreaamostral(Figura25c).

Figura25MatrizdedistribuiçãodapopulaçãodaCarolliaperspicillata ,naáreaamostraldecerradão(a),eucalipto (b)eflorestaestadualsemidecidual(c),demonstrandooperfildeusodalocalidadeduranteoperíodode estudo. Os valores apresentados, na barra lateral, correspondem ao número médio de indivíduos capturados

83

Ao contrário da C. perspicillata , a espécie G. soricina apresentou um padrão de distribuiçãoagregado(Figura26)tantoparaaáreaamostraldoEUC(Id=0,5367;χ 2 =104,000, p<0,001)quantoparaadaFES(Id=0,5853;χ 2 =158,000,p<0,001).

Figura26MatrizdedistribuiçãodapopulaçãodaGlosssophagasoricina ,naáreaamostraldeeucalipto(a)ena floresta estadual semidecidual (b), demonstrando o perfil agregado de uso da localidade durante o período de estudo. Os valores apresentados, na barra lateral, correspondem ao número médio de indivíduoscapturados

NasáreasdoEUCedaFESforam,ainda,determinadosospadrõesdedistribuiçãoparaa D.rotundus ea C.auritus ,respectivamente.Omorcegovampiro( D.rotundus )apresentouId= 0,5125(Id=0,5125;χ 2 =104,333;p<0,001),descrevendoumpadrãoagregadodeusodaárea amostraldoEUC(Figura27a),enquantoqueaespécie C.auritus teveumpadrãodedistribuição casual para a FES (Id = 0,1564; χ 2 = 62,000; p = 0,24055). Entretanto, através da matriz de distribuição (Figura 27b), verificouse que o perfil de uso da área pela C. auritus , embora estimadocombaseemapenasoitocapturasedevendo,portanto,serinterpretadocomcautela,foi restritoàsadjacênciasdaencostaeaoparedãodoMorroGrande(naextremidadedenoroestea oestedaáreaamostral),ondeavegetaçãoseapresentamelhorestruturada,caracterizadaporum dosselmaiselevado,menosdescontínuo,eumsubbosquepoucodenso.

84

Figura27MatrizdedistribuiçãodapopulaçãodaDesmodusrotundus ,noeucalipto(a),eda Chrotopterusauritus , naflorestaestadualsemidecidual(b),demonstrandooperfilagregadoecasualdeusodaslocalidades duranteoperíododeestudo.Osvaloresapresentados,nabarralateral,correspondemaonúmeromédio deindivíduoscapturados

2.3.2 Estudo metodológico 2.3.2.1 Variáveis espaço-temporais

Asvariáveisespaçotemporais,comoonúmerodemovimentosdaunidadeamostralede noitesdecaptura,onúmerodehorasdecapturaeodistanciamentoentreasredesnaunidade amostral,foramtomadascomomedidasparaaanálisedomelhordelineamentoaserutilizado, aplicandoseaamostragemsistemáticanaobtençãodedadospopulacionaisededistribuiçãoda quiropterofaunadeinteriorflorestal. No EUC, foi obtida uma correlação linear positiva (r = 0,58; p = 0,018515) entre o acréscimodenoiteseonúmerodecapturaspornoitedeamostagem(Figura28),enquantoque, para as demais localidades ou para a paisagem, as variáveis não foram significativamente correlacionadas.Apesardascapturassemanteremcomoacréscimodoesforço,atendênciafoi paraumacorrelaçãonegativaemFESepositivanoCERenapaisagem.Osucessodecaptura também não teve diferença significativa com aumento de noites de amostragem na mesma localidade(variaçãode9,5x10 4a8,5x10 4). Odeslocamentodaunidadeamostralsobreasquatroposiçõesresultouemumacréscimo significativononúmeroacumuladodecapturasentresemanasdeamostragem(KruskalWallis;H 85

= 15,18; p < 0,001), nas ordens de 50%, 75% e 38%, para o primeiro, segundo e terceiro movimentos,respectivamente.Porém,areduçãodequase50%noacréscimodecapturas,apóso terceiromovimento,podeestarindicandoque,apartirdecincoouseisnoitesdeamostragemna mesma localidade, com um intervalo de uma semana entre elas, haja uma tendência de estabilizaçãooumesmodecréscimodonúmerodecapturas,possivelmenteacompanhadodeuma reduçãodosucessoamostral.

Figura28Correlaçãolinearpositivaentreoesforçoamostral(16noites)eosucessodecapturadequirópterosna áreadeeucalipto,apartirdousodométodosistemáticodeamostragem

Reforçando os benefícios amostrais da realização de quatro noites de captura com o movimento da unidade amostral, a Tabela 8 sintetiza os valores dos principais índices populacionaisparaodiagnósticotranscorridode12a48noitesdeamostragem(deumaaquatro noitessequenciais,namesmalocalidade,comintervalodeumasemana).

Tabela8Estimativaspopulacionaiscomoacréscimodenoitesdecapturasobretrêsáreasamostrais,seguindoo métodosistemáticodeamostragempropostoporesteestudo Noites de Esforço Capturas Sucesso Riqueza Diversidade Uniformidade captura (h.m 2) (n) amostral observada Shannon- de Camargo (n) Wiener 12 38.880 41 9,5x10 4 10 1,902 0,532 24 77.760 70 7,1x10 4 11 2,001 0,544 36 116.640 121 8,3x10 4 13 2,087 0,470 48 155.520 168 8,4x10 4 14 2,098 0,442

86

A análise de suficiência amostral para as localidades envolvidas neste estudo populacional, indicou que 37, 67 e 61 noites de amostragem seriam necessárias para a caracterizaçãopopulacionaldequirópterosnasáreasCER,EUCeFES,respectivamente.Assim, as 16 noites de amostragem, utilizandose 12 redesneblina através do procedimento metodológico proposto neste estudo, não foram suficientes para um estudo populacional satisfatórionestaslocalidades.Deformainversa,semantidasas16noites,conformeespecificado nosprocedimentosmetodológicos,estimasequeumtotalde63redesneblina(CER),31(EUC) e48(FES)seriamnecessáriasparaumacaracterizaçãopopulacionalmaisacuradaeprecisa. Decidirentreonúmerodenoitesoumovimentosdaunidadeamostral,entretanto,nãoéo único problema existente quando se planeja um diagnóstico ambiental. Assim, o número de horas,emqueasredesdevempermanecerabertas,foiaquiavaliadopelométodosistemáticode amostragem. PelotesteKruskalWallis( H=13,53;p<0,005),quandocomparadososdiferentes¼de horasdanoite,verificouseumadiferençasignificativaentreonúmerodecapturaseohoráriode amostragem,ocorrendoamaioriadelasatéàs21horas(primeiro¼danoite),seguindoporum decréscimodas21horasatéoamanhecer,naordemdeaté56%.Entreostrêsúltimos¼danoite, não foi verificada diferença significativa no número de capturas, porém, pelos dados populacionaisobtidos,aexclusãodessesperíodosnoestudopopulacionalresultariaemperdade acurácia e precisão, com prejuízos significativos aos dados populacionais (Tabela 9), já que espécies que podem forragear apenas a partir das 21 horas deixariam de ser registradas e as registradas antes desse horário poderiam ter a abundância superestimada, já que 50% das espécies,assimcomo M.microtis e C.perspicillata tendemaapresentarumIARaté34%maior noprimeiro¼danoite.Mudançasnaabundânciapoderiam,porsuavez,influenciarosíndicesde uniformidadeedediversidade. Tendosidoconsideradaapenasavariávelespacialdedistânciaentreasredes–excluindo avariáveltempoereduzindooesforçopara77.760h.m 2,deformaasimularousodeseisredese igualar os espaçamentos de 25, 60 ou 95 m, – não foi obtida diferença significativa entre o númerodecapturas,aindaassim,osdadospopulacionaisparaosdiferentesespaçamentosforam apresentados na Tabela 10, possibilitando a visualização de uma pequena tendência dos principais índices populacionais (riqueza, diversidade e densidade) e do sucesso amostral, superioresparaoespaçamentode60metrosentreredes.

87

Tabela 9 Estimativas populacionais para diferentes classes horárias nas noites de amostragem sobre os três fragmentosflorestaisavaliados Escala horária Capturas Sucesso Riqueza Espécies (n) amostral observada únicas 18h01 a 21h00 62 3,9x10 4 11 3 21h01 a 00h00 45 2,9x10 4 7 0 00h01 a 03h00 29 1,9x10 4 8 1 03h01 a 06h00 27 1,7x10 4 7 1 Total 163 1,0x10 3 14 5 Escala horária Diversidade Uniformidade Densidade Shannon-Wiener de Camargo populacional (ind./ha) 18h01 a 21h00 1,827 0,460 7 21h01 a 00h00 1,499 0,505 5 00h01 a 03h00 1,782 0,582 4 03h01 a 06h00 1,685 0,608 3 Total 2,098 0,442 20

Tabela 10 – Estimativas populacionais médias para um esforço amostral de 77.760 h.m 2, com mudanças no espaçamentoentreseisredesneblina,com feitossobreotamanhodaáreaamostralemsubbosque florestal Espaçamento Área amostral Capturas Sucesso amostral Riqueza entre redes (ha) (n) (ind./h.m 2) observada (n) 25 metros 0,735 21,25(6,184) 0,00027(7,68x10 5) 6,25(2,63) 60 metros 2,940 23,25(8,016) 0,00029(1,04x10 4) 6,75(1,26) 95 metros 6,615 22(5,477) 0,00028(6,88x10 5) 6,75(2,22) Espaçamento Diversidade Sahnnon- Uniformidade de Densidade entre redes Wiener Camargo (ind/ha) 25 metros 1,454(0,474) 0,586(0,08) 28,85(8,416) 60 metros 1,572(0,071) 0,588(0,106) 7,9(2,712) 95 metros 1,491(0,264) 0,533(0,062) 2,33(1,826) Nota:Osvaloresentreparêntesessereferemaodesviopadrãoestimadosobrequatroamostrasdeseisredesneblina, tomadas ao acaso para os espaçamentos de 25 e 60 metros, e a todas as combinações possíveis para o espaçamentode95m.

Emníveldepontoamostral,foiavaliadoosucessoamostralparaosdiferentessentidosde rotaçãodarede(sentidonortesuloulesteoeste)eparaaalturadascapturas.Quantoaposição das redes nos pontos amostrais, não foi obtida diferença significativa para o CER e o EUC, porém, para a FES foi verificada uma diferença significativa entre as capturas em redes posicionadasemsentidoinverso,tendo,osucessoamostral,sidorelativamentemaiorquandoas 88

redesestavamarmadasnosentidolesteoeste(FREQProcedure;SAS,F=10,7247,p<0,05), correspondendoàcapturasnosentidonortesul. Paraaalturadascapturas,foiobtidomaiorsucessonafaixados2,2a2,7metrosdealtura (KruskalWallis; H = 28,6; p < 0,001), correspondente à segunda bolsa de captura da rede neblina de cima a baixo. O valor, obtido para a primeira e terceira bolsas, não diferiram significativamente,porém,foramsuperioresaoobtidoparaaquartabolsa(alturadeaté1metro dosolo),sugerindoqueadisposiçãoverticaldaredeemsubbosqueflorestal,pelodelineamento sistemático,deve,preferencialmente,incluirafaixade1,2a2,8metrosdealtura,comaltitude menoroumaioraesteintervalo,carecendodemelhoravaliaçãoparaumaescolhamaisadequada. Ascaracterísticasvegetacionaisdistintasdasdiferenteslocalidades,dosselmaiselevadoe subbosquemenosdensoparaaFESeoEUC,parecemnãoinfluenciardeformasignificativao padrãodevoodasespéciesqueforrageiamemsubbosque,jáqueascapturastenderamaocorrer namesmaalturaobservadaparaasomatóriadasáreas(KruskalWallis;CER,H=7,732ep= 0,05;EUC,H=10,74ep<0,05;FES,H=13,67ep<0,01).ApenasemCER,foiobservada umaigualtendênciadecapturasnasalturasatingidaspelasegunda(1,6a2,1)eterceirabolsas (2,2a2,7). 2.3.2.2 Variáveis abióticas Osucessodecapturafoimaior(58,9%)noperíodoseco (FREQ Procedure; SAS, F = 5,3571;P<0,05),aindaassim,onúmerodecapturas,duranteaestaçãodaschuvas,correspondeu a¾doobtidonoperíodosecoe,avaliandoaslocalidadesseparadamente,nenhumadiferençade número de capturas foi obtida entre os períodos seco o chuvoso. Por outro lado, devido à diferentecapturabilidadedealgumasespécies,maiornoperíodoseco,comoa C.perspicillata ea C. auritus , ou no príodo chuvoso, como a S. lilium , a exclusão de um ou outro, em estudos rápidos, pode levar à subamostragem, ou mesmo à ausência do registro de espécies de significativointeresseecológico. Operíodoamostral,sepoucoinfluiusobreaquiropterofauna,outrasvariáveisambientais parecem ter exercido maior influência, assim como a luminosidade proporcionada pela lua. Houve diferença significativa entre o número de capturas entre as fases lunares, com 36,9%, tendoocorridosemluminosidade(FREQProcedure;SAS,F=15,0952;P<0,01),padrãoeste

89

queserepetiuemambososperíodosamostraisenalocalidadeEUC(FREQProcedure;SAS,F= 21,8750; P < 0,0001), onde metade dos quirópteros foram capturados durante a luanova. Igualmente,aespéciedominanteemEUC, D. rotundus , foi significativamente mais capturada nestalocalidadenaausênciadeluzlunar(FREQProcedure;SAS,F=18,8415;P<0,001).Para oCEReaFESnãohouvediferençasignificativaentreonúmerodecapturaseasfaseslunares. Embora não tenha ocorrido diferença significativa no número de capturas da C. perspicillata entre as fases lunares, houve uma tendência para se obter um maior sucesso amostralnosextremosdeluminosidadelunar–luascheiaenova,–duranteaqualforamobtidas 33% e 29% das capturas, respectivamente. As fases lunares intermediárias corresponderam a 37%dascapturas,porém,tiveramodobrodenoitesamostrais.Paraaslocalidades,amaioriadas capturasnasáreasdeamostragemdevegetaçãonativaocorreunapresençadeluminosidade(82% emCERe77%emFES)totalouparcial,enquantoque,noEUC,maisdametadedosindivíduos (52%)foramcapturadosnaausênciatotaldeluminosidade(luanova). Asmédiasdetemperaturadamaioriadasnoitesamostraispermaneceuentreos17 oCe 20,9 oC, intervalo este, de temperatura ambiente, em que as frequências de capturas foram significativamente maiores (Oneway ANOVA; F = 5,941; p < 0,001), impossibilitando a avaliaçãodainfluênciadavariáveltemperaturasobreacapturabilidade,jáque59%dasnoitese 54%dascapturasforamdentrodesteintervalo(Figura29). Onúmerodecapturasfoisignificativamentemaiorparaasnoitescomumidaderelativado ar superior a 90% (Oneway ANOVA; F = 5,941; p < 0,001), porém, assim como para a temperatura, não foi possível considerar a influência da umidade sobre a capturabilidade dos quirópteros no subbosque florestal, pela maioria das noites de amostragem ter apresentado valoresdeumidadenomesmointervaloobservadoparaascapturas(Figura30).Aporcentagem denoites,comumidadepróximaàsaturação,foide68%,poucosuperioraos59%dascapturas. OcoeficientedecorrelaçãodePearsonnãofoisignificativoentreonúmerodecapturase as médias noturnas de temperatura ou umidade, durante as 16 noites, em cada uma das localidades,eas48noites,emníveldepaisagem. Embora a influência das variáveis temperatura e umidade não tenha sido verificada, quandorelacionadoonúmerodenoitescomatemperaturaeaumidadepredominantesnoestudo dosperíodosdoano,foiconstatadoque75%dasnoites de amostragem, do período chuvoso, tiveram umidade superior a 90%, para apenas 46% no seco. Ainda, 71% das noites de

90

amostragem,noperíodoseco,tiveramtemperaturamédiaentre17 oCe20,9 oC,enquantoque,no período chuvoso, foram apenas 54% das noites nessa faixa de temperatura. Ainda assim, o sucessodecapturafoimaiorparaoperíodoseco.

Figura29Frequênciadenoites,pormédiadetemperaturaregistradaaolongodoperíododeestudo(barras),eo número correspondente de capturas, obtidas (linha) de acordo com os intervalos de temperatura. As linhasverticaiscorrespondemaodesviopadrãodamédiadascapturasobservada

Figura30Afrequênciadenoitespormédiadeumidaderelativaregistradaaolongodoperíododeestudo(barras),e onúmerocorrespondentedecapturas,obtidas(linha)deacordocomosintervalosdeumidade.Aslinhas verticaiscorrespondemaodesviopadrãodamédiadosvaloresdeumidadeobservados

91

Ao contrário do observado para temperatura e umidade, as capturas variaram significativamentecomanebulosidade(OnewayANOVA;F=8,556;p<0,001),comamaioria tendoocorridonosperíodoscaracterizadospornubladosouparcialmentenublados(Figura31). Os períodos da noite, sem nebulosidade, resultaram em menor proporção de capturas, talvez influenciadosporumamenoratividadedosquirópterosduranteasnoitesdealtaluminosidade (fasesdeluacheia,crescenteeminguante)ouporumabaixaumidadeatmosférica.Emrelaçãoàs localidadesamostradas,seexcluídasasnoiteschuvosas,nãohouvediferençasignificativaentreo númerodecapturaseanebulosidade.Aindaassim,podeserobservadoumamaiortendência,de 31,9%e59,4%,paracapturasemperíodosnublados,emEUCeFES,respectivamente.

Figura31Perfildenebulosidadeduranteasvistoriasrealizadasaolongodoperíododeestudo(barras)eonúmero correspondente de capturas, obtidas (linha) de acordo com as classes de nebulosidade. As linhas verticaiscorrespondemaodesviopadrãodamédiadosvaloresdecapturaobservados

2.3.2.3 Variáveis estruturais Emfunçãodascaracterísticasdistintasentreasunidades amostrais avaliadas (cerradão, eucalipto e floresta estacional semidecidual), a análise da capturabilidade correlacionada à declividadeealtitude,àpresençaealturadeumdosselfechadoeàdensidadedosubbosque,foi realizadaemníveldelocalidades.

92

EmCER,ascapturasforamlevementeinfluenciadaspeladeclividade,comamaioriados indivíduoscapturadosempontosamostraismaiselevados,localizadosentre680e700metrosde altitude (KruskalWallis; H = 14,43;p < 0,001).Nesta área amostral, formouse um corredor preferencialdecapturasnosentidosudestenoroeste (Figura 32a), com duas passagens, uma à norteeoutraàsul,parapontosdemaioremenoraltitude,respectivamente.Aáreapredominante decapturacorrespondeutambémàdetransiçãodavegetaçãocaracterísticadecerradãoparaas formaçõesdeflorestaestacionalsemidecidualdeencostaeripária,semrelaçãosignificativacom a altura do dossel ou com a declividade do solo,porém, significativamente influenciada pela densidade do subbosque (KruskalWallis; H = 19,73; p < 0,001), com um predomínio de capturas(56%)emníveisdedensidademediana(Figura 33a) e com a maior porcentagem na coberturadodossel(KolmogorovSmirnov;D=0,5;p<0,05),especialmentenoperíodoseco, duranteoqual81%dosindivíduoscapturadosoforamempontosamostraiscomdosselfechado, para69%noperíodochuvoso. NoEUCascapturasforamigualmenteinfluenciadaspelaaltitude(KruskalWallis;H= 11,03;p<0,01)(Figura32b),emboranestaáreaadiferençadopontomaisbaixoparaomaisalto tenhasidodeapenas19metros,oquerepresenta39%dadiferençaobservadanoCER(49m)e apenas15%daFES(129m).Adensidadedosubbosquefoioutrodosfatoresestruturaisque influenciouacapturadequirópterosnoEUC(KruskalWallis;H=20,98;p<0,01),comomaior númerodecapturas(52%)ocorridoemlocaisdedensidademediana(Figura33b),assimcomo observadoparaoCER.Apresençadedosselfechadonãoinfluenciounaatividadedosanimais,já quenenhumarelaçãofoiobtidaparaestavariável. Nãodiferentedasdemaislocalidades,na FESforamobservadassemelhantescondições altitudinais(KruskalWallis;H=11,63;p<0,05)dedensidademedianadesubbosque(Kruskal Wallis;H=20,93;p<0,001)epresençadedossel(KolmogorovSmirnov;D=0,5;p<0,05), como fatores responsáveis pelo acréscimo no sucesso amostral, em estudo com delineamento sistemáticoemsubbosqueflorestal(Figuras32c,33c).Aaltitudefavorávelascapturasesteveno intervaloentre830a869mdaescalaquefoide770a899,enquantoqueapresençadedossel fechadofavoreceuacapturade75%dosquirópteros,semdiferençasignificativaentreperíodos. Nestalocalidade,entretanto,aalturadodosseltambémesteverelacionadaaosucessoamostral (KruskalWallis;H=15,45;p<0,001),comapredominânciadecapturasocorridassobdossel comalturamédiade10a20metros,condiçãoestanãoobservadanasdemaislocalidades,ondea

93

alturapredominantefoidemenosde10m(CER)emaisde20m(EUC).Ainda,adeclividadedo solofoisignificativamenteinfluentenaformadeusodaáreaamostral,comaconcentraçãode animaisocorrendosobdeclividadeinferiora50º(Figura34).

Figura32Matrizessobrepostasdealtitudeapartirdoníveldomar(graduaçãoemtonsdecinza)enúmero de capturas (áreas sombreadas de laranja), nas localidades do cerradão (a), eucalipto (b) e floresta estacional semidescidual (c). A escala numérica apresentada à direita das matrizes representa a amplitudealtitudinaldastrêsáreasamostrais.

Emambasasáreasdeflorestanativa(CEReFES),amaioriadascapturasocorreu em pontosamostraiscommaiorcoberturadedossel(KolmogorovSmirnov;D=0,5;p<0,05).Por outrolado,no EUCnãofoiobservadadiferençasignificativa entre o número de capturas em

94

pontoscommenoroumaiorcoberturadodossel.Devido às áreas de amostragem estarem em zona de transição entre os biomas Cerrado e florestaestacionalsemidecidual,sendocomuma quedadefolhasnaépocaseseca,foiregistradaaperdadecoberturadodosselnaestaçãoseca paratodasaslocalidadesamostradas,naordemde15%,paraoCERouEUC,ede8%,paraa FES,porém,nestaúltima,asmedidasforamtomadasnoperíodoentreofinaldaestaçãochuvosa eoiníciodaseca,certamentetendosidosubestimadas.

Figura33Matrizessobrepostasdedensidadedosubbosque(graduaçãoemtonsdecinza)enúmerodecapturas (áreas sombreadas em laranja), nas localidades do cerradão (a), eucalipto (b) e floresta estacual semidescidual(c).Aescalanuméricaapresentadaàdireitadasmatrizesrepresentaograudedensidade dospontosamostrais:zero(0),semsubbosque;um(1),baixadensidade;dois(2),médiadensidade;três (3),altadensidade;equatro(4),subbosquetotalmentefechado

95

Figura34Matrizessobrepostasdedeclividadedosolo(graduaçãoemtonsdecinza)enúmerodecapturas(áreas sombreadasdelaranja),paraaáreaamostraldefloresta estacional semidescidual. A escala numérica apresentadaàdireitadamatrizrepresentaograudedeclividadedospontosamostrais

2.3.3 Estudo comportamental

A visualização de quirópteros nos pontos amostrais, através de equipamento de visão noturna, correspondeu a 28,9% do tempo de observação nas áreas florestais (Kolmogorov Smirnov; D = 0,83333; p < 0,001), valor este muito superior ao do registro de indícios de presençasemoequipamento(3,4%),demonstrandoaeficiênciadousodeleparaaobservaçãodo comportamentodequirópteros,emrespostaàpresençadaredeneblina. Nãohouvediferençasignificativaentreasvisualizaçõesnaredeounopontoamostralao redordela,considerandoseque,emquasemetade(51visualizações;45,5%)daspassagensde quirópteros pelos pontos amostrais, não foi possível determinar se os indivíduos haviam detectadoarede(osmorcegospassarampelaslateraisdarede,foradarotadecolisão),enquanto que a outra metade deles (61 visualizações) teve o contato com ela, confirmado a partir da captura(nãodetecçãodarede)oudodesvio(detecçãodarede). Embora o número de indivíduos, que foram capturados diretamente – indício de não detecção da rede, – tenha sido inferior ao número dos que, visivelmente, detectaramna, por teremdesviadodela,adiferençaentreosdoisgruposnãofoisignificativa,igualandoseachance dedetecçãoem50%.Das20(32,8%)visualizaçõesemquearedenãofoidetectada,amaioria

96

dosmorcegosfoiefetivamentecapturada(KolmogorovSmirnov;D=0,6875;p<0,001),como escape,seguidoàcaptura,representando19%dasvisualizações. O organograma apresentado na Figura 35 resume as tendências de detecção de redes observadas, iniciando pela presença de quirópteros no ponto amostral e culminando com os comportamentosapresentadosnoscasosemqueoanimaldetectouounãoaredeneblina. Dentreoscomportamentosapresentadosapósadetecçãodaredepelomorcego,nãofoi verificadadiferençasignificativaentreoretornoaoladodeorigem(24visualizações:57,1%)ou o desvio pelas laterais da rede (17 visualizações: 40,5%), demonstrando que ambos os comportamentos podem ser, usualmente, apresentados. De forma semelhante, não foi obtida diferençasignificativaentreodesviopelasdiferenteslateraisdarede,aindaassim,apassagem pelalateralinferiorteveumamenorfrequênciadecasos(5,9%)secomparadaàspassagenspelas laterais(52,9%)ouporcima(41,2%). A taxa total de detecção da rede não diferiu entre fases lunares, umidade do ar, temperaturaounebulosidade,podendoindicarqueosistemadeorientaçãodosquirópterosnão oupoucosealterasobdiferentescondiçõesclimáticas,semqueocorraprejuízoàdetecçãodas redesneblinaemsubbosqueflorestal. AsvisualizaçõesrealizadasnoCERsomaram139minutosecorresponderama27,2%do tempo total de observações (KolmogorovSmirnov; D = 0,8125; p < 0,001). A presença de morcegosnospontosamostraiscorrespondeua25,3%dasobservaçõesrealizadas,e94,4%dos indivíduos avistados, que detectaram a rede, apresentaram o comportamento de vistoria (KolmogorovSmirnov;D=0,88889;p<0,001).Ataxadedetecçãodaredefoide NoEUC,somaramse113minutosdevisualizações,representando21,6%dotempototal dasobservações(KolmogorovSmirnov;D=0,75;p<0,001),etodososindivíduosvistoriaram asredesapósoseuencontro.Já,naFES,foram137minutosdevisualizações(25,5%dotempo totaldeobservações);70,6%dosindivíduosdesenvolveramocomportamentodeconhecimento darede(KolmogorovSmirnov;D=7,871;p<0,05)eaporcentagemdeindivíduosquenãoa detectaram,tendosidoefetivamentecapturados(90%),foisignificativa(KolmogorovSmirnov; D=0,8571;p<0,01).Apresençademorcegosnessasduaslocalidadesfoide20,2%e22,7%, respectivamente,destaforma,todasastaxasdeobservaçãoestiveramnaordemde20e30%,o queindica,possivelmente,quenamaiorpartedotempodeexposiçãodasredes,ascapturasnão ocorrempornãohaverdeslocamentodeindivíduospelopontoamostral.

97

Astaxasdedetecçãodaredeneblinadaslocalidadesdevegetaçãonativa(FES=60,7%e CER = 81,8%), onde o nível de desorganização ou densidade do subbosque é maior, foram superioresàtaxaregistradanoeucalipto(54,5%).

Figura35Organogramademonstrativodopadrãodedetecçãoderedesneblina,emcomunidadesdequirópteros, emáreaflorestaldeforrageio

98

O encontro com a rede foi caracterizado por uma sequência de atos comportamentais, definidoscomo“vistoria”,quepuderamserobservadosnamaioriadosavistamentosefetuados (85,4%).Avistoriasecaracterizouporumasequênciadeatéquatrofases(Figura36): i. primeirafase(detecção):faseinicialdocomportamentodevistoria,caracterizada pela interrupção do voo frontal após aproximação perpendicular ou angular da redeneblina; ii. segundafase(inspeção):caracterizadaporvoosparaleloserentesàmalhadarede (cerca de 10 a 20 cm de distância), percorrendo grande extensão dela em comprimentoealtura,atravésdemovimentoscirculareserepetitivos; iii. terceirafase(afastamento):apósoconhecimentodasdimensõesdoequipamento, osanimaispodemmudarosentidodevoo,retornandoaoladodequeefetuarama aproximação,oudesviardaredes,porsuaslaterais,procurandoseafastardolocal; iv. quarta fase (reinspeção): em alguns casos, o mesmo animal pode ser visto pousandoemárvoresaoladodaredeeretornandoduasouatétrêsvezesseguidas para reconhecimentos, apresentando o mesmo procedimento descrito na fase ii, parasóentãoseafastardefinitivamentedarede(faseiii). Durante algunscomportamentosdevistoria,foipossívelverificar (apenasossonscom frequência audível ao ouvido humano) um aumento na frequência e redução da duração das vocalizações, durante as fases i, ii e iv, sugerindo um aumento na emissão de sons de alta frequência(ecololocalização)favorecendo,possivelmente,adetecçãodo“objetoestranho”(rede neblina). Nos casos em que a vistoria da rede não foi efetuada, a interação morcego/rede foi interrompidaapósafaseiii,semaexecuçãodafaseii,podendo,aausênciadocomportamentode conhecimento,serumindíciodequeoanimaljáteve um encontro anterior com o obstáculo, sendo dispensável qualquer conhecimento ou reconhecimento. Ainda, alguns animais, que chegaram à fase iv, puderam ser vistos desviando da rede, diretamente, após vários reconhecimentos, o que demonstra que, uma vez conhecendo a dimensão do obstáculo, os animaispassaramaalteraroslocaisdevoodeformaaevitaroencontroindesejado.

99

Figura36Esquemademonstrativodasquatrofases,detecção(i),inspeção(ii),afastamento(iii)ereinspeção(iv), que caracterizaram o comportamento de vistoria da redeneblina, apresentado por morcegos que detectarameseesquivaramàcaptura

100

2.3.4 Acurácia e precisão do método sistemático de amostragem A comparação dos dados populacionais, obtidos por meio do método sistemático de amostragem, foi realizada através das medidas de esforço amostral e de índices populacionais observados e estimados entre estudos realizados com os métodos de amostragem por conveniência,emlocalidadesondeostiposvegetacionaisforamCerradoe/ouflorestaestacional semidecidual (Tabela 11), e que tiveram seu esforço amostral padronizado de acordo com o propostoporStraubeeBianconi(2002). As três áreas amostradas por este e pelo estudo de Breviglieri (2008) foram avaliadas separadamente, além de somadas, por apresentarem características e/ou distanciamento significativos,eteremosdadosapresentadosseparadamente. Embora todos os estudos fossem anuais, com exceção de Zanon e Reis (2007), que conduziramaamostragempor16meses,oesforçonão teve grande relação com a duração do estudo,comosmaioresvaloresdeesforçoamostraldecorridosdesteedosestudosdesenvolvidos por Silva, Perini e Oliveira (2005), OrtêncioFilho e Reis (2009) e Bianconi, Mikich e Pedro (2004),commédiasde3.240,2.310,1.813e1.800h.m 2.noite,respectivamente. Mesmo os estudos tendo sido realizados em locais com características vegetacionais certamentepeculiareseosdiferentesesforçosaplicadossobcondiçõesmetodológicasdiversas, algumastendênciaspuderamserobservadas.Osucessoamostralobtidopelométodosistemático de amostragem não diferiu, significativamente, do obtido pelos estudos que utilizaram os métodos de amostragem por conveniência, que foram na ordem de 10 3 (50% dos estudos). Ainda,osestudospopulacionaisqueobtiveramsemelhantesucessocorresponderamaosdemaior esforço amostral, enquanto que os estudos com menor esforço (BARROS; BISAGGIO; BORGES,2006;BREVIGLIERI,2008;NOBREetal.,2009;ZANON;REIS,2009),obtiveram osmaioressucessosdeamostragemdaquirópterofauna. ApenasosestudosdeBreviglieri(2008)eBianconi,MikichePedro(2004)forneceramo númeroderecapturasdeformaqueataxadelaspudesseserestimada.Ovalorobtidoatravésdo uso da amostragem sistemática esteve acima do observado pelos autores citados, independentementedascaracterísticasdecadalocalidadeavaliada. A riqueza média foi de 15 espécies, obsevada apenas por Nobre et al. (2009), com variaçãodeumaouduasespécies,paramaisouparamenos,namaioriadosestudosavaliados

101

(62,5%). A riqueza inferior (em 46,6%) ou superior (em 62,5%) foi observada somente nos estudosdesenvolvidosporBarros, Bisaggio eBorges (2006), e Breviglieri (2008), que foram, também, os estudos responsáveis pela menor (1,123) e maior (3,413) diversidades, respectivamente.

Tabela11Quadrocomparativodosprincipaisíndicespopulacionaisedosucessoamostralentreodelineamento sistemático (este estudo) e as metodologias de amostragem por conveniência. Cap., número total de capturas;Recap.,númerocorrespondenteàsrecapturas

Duração Cap./Recap. Fonte Estado Esforço (h.m 2) (noites) (n) Esteestudo(2011) SP–CER 16 51.840 32/9 SP–EUC 16 51.840 63/5 SP–FES 16 51.840 68/15 SP–Total 48 155.520 163/29 Breviglieri(2008) SP–áreaI 24 10.320 189/22 SP–áreaII 24 10.320 427/16 SP–áreaIII 24 10.320 228/8 SP–Total 72 30.960 844/44 Bianconi,MikichePedro(2004) PR 96 172.800 752/54 OrtêncioFilhoeReis(2009) PR 48 87.040 563/ ZanoneReis(2007) PR 13.056 247/ Barros,BisaggioeBorges(2006) MG 30 14.700 209/ Nobreetal.(2009) MG ≈24 22.140 246/ Silva,PerinieOliveira(2005) MG 36 83.160 180/ Sucesso Taxa de Diversidade Fonte Riqueza amostral Recap. (%) (Margalef) Esteestudo(2011) 6,2x10 4 28,1 8 2,232 1,2x10 3 7,9 9 1,970 1,3x10 3 22,0 10 2,267 3 1,0x10 17,8 14 2,654 Breviglieri(2008) 1,8x10 2 11,6 18 3,243 4,1x10 2 3,7 15 2,311 2,2x10 2 3,5 16 2,947 2,7x10 2 5,2 24 3,413 Bianconi,MikichePedro(2004) 4,3x10 3 7,2 14 1,963 OrtêncioFilhoeReis(2009) 7,0x103 17 2,526 ZanoneReis(2007) 1,8x10 2 16 2,722 Barros,BisaggioeBorges(2006) 1,4x10 2 7 1,123 Nobreetal.(2009) 1,1x10 2 15 2,543 Silva,PerinieOliveira(2005) 2,1x10 3 13 2,311 Notas:EsforçoamostralpadronizadodeacordocomStraubeeBianconi(2002). 102

Quando agrupados os valores de diversidade em maior ou menor esforço ou sucesso amostral,eemriquezainferior,igualousuperioràmédia,nãohouvediferençasignificativaentre as estimativas. A diversidade média foi de 2,406 e apenas os estudos de Barros, Bisaggio e Borges (2006), Bianconi, Mikich e Pedro (2004) e Silva, Perini e Oliveira (2009), obtiveram valoresinferiores. Asimilaridade,estimadapelocoeficientebináriodeJaccard(Tabela12),foibaixapara 75%dosestudoscomparadose,intermediária,apenas para os estudos de Breviglieri (2008) e OrtêncioFilhoeReis(2009),eentreesteúltimoeodeZanoneReis(2007). EsteeoestudodeBreviglieri(2008)foramosúnicosrealizadosnointeriordoEstadode São Paulo, em área de transição entre os Biomas Mata Atlântica e Cerrado, e que tiveram a amostragemefetuadaemtrêslocalidadesdistintas,parasóentãoosresultadosseremagrupados para uma análise em nível de paisagem. Uma diferença significativa entre os valores de diversidadefoiobtidaentreaslocalidadesamostradasporambososestudos(KruskalWallis;H= 3,857;p<0,05),tendosidoestimadososmenoresvaloresparaaslocalidadesdesteestudo(CER, EUCeFES).

Tabela12–Matrizdesimilaridade,estimadapelométododeJaccard,entreosoitoestudoscomparados.Legenda:A, este estudo; B, Breviglieri (2008); C, Bianconi, Mikich e Pedro (2004); D, OrtêncioFilho e Reis (2009);E,ZanoneReis(2007);F,Barros,BisaggioeBorges(2006);G,Nobreetal.(2009);eH,Silva, PerinieOliveira(2009) A B C D E F G H A 1,000 B 0,357 1,000 C 0,400 0,321 1,000 D 0,348 0,519 0,500 1,000 E 0,261 0,212 0,240 0,259 1,000 F 0,313 0,292 0,235 0,263 0,211 1,000 G 0,318 0,300 0,474 0,375 0,292 0,375 1,000 H 0,389 0,321 0,227 0,429 0,261 0,429 0,273 1,000

Asimilaridadeentreosdoisestudoscitados,aplicandose o método de Jaccard, foi de 0,321 e considerada baixa, porém, se excluídas as espécies das famílias Noctilionidae e Molossidae,imprevistasdeseremregistradaspelométodosistemáticodeamostragememsub bosqueflorestal,asimilaridadeentreestudos,aindaquebaixa(0,476),passouaterumaumento

103

de67,4%.Adiversidadedaslocalidades(áreaI=2,634;áreaII=1,499;áreaIII=2,074;total= 2,419), sem os referidos grupos taxonômicos, se assemelhou às obtidas através do método sistemáticodeamostragem,semdiferençasignificativaentreasestimativas. Asestimativaspopulacionaisobtidaspelaamostragemsistemática,sendotantooumais acuradaseprecisas,devidoàpadronizaçãoespacial,doqueasestimadasatravésdosmétodosde amostragemporconveniência,demonstrouseviávelnascondiçõesapresentadasporesteestudo. Entretanto,comonamaiorpartedotempodeexposiçãodasredesemsubbosqueflorestal,não houveindivíduossedeslocandoouforrageandonospontosamostrais,eosíndicespopulacionais foram corrigidos na mesma proporção da presença de indivíduos suscetíveis à captura, – passandoaserconsideradosaqui,comoíndicespopulacionaiscorrigidos,–deformaaaumentar aindamaisaacuráciaeaprecisãodosíndicespopulacionais. Oesforçoamostral,corrigidopelaporcentagem depresença de quirópteros nos pontos amostrais,obtidapelométododeobservaçãocomequipamentodevisãonoturna,correspondeua 34.836,48 h.m 2, para a somatória das áreas amostrais, sendo 14.100,48 h.m 2, para o CER, 11.197,44h.m 2,paraEUC,e13.219,20h.m 2,paraaFES.Consequentemente,osucessoamostral considerandoseoesforçocorrigido,passouasermaioremtodasaslocalidades(Total=0,0047; CER=0,0022;EUC=0,0057;eFES=0,0052),jáqueonúmerodecapturasfoidivididoapenas pelo número de h.m 2, realmente suscetíveis à captura, excluindo aqueles que não estiveram expostosaosquirópteros. Já,osíndicespopulacionaisforamcorrigidospelataxadedetecçãodasredes,excetoos índicesderiquezaestimadaefrequênciadeocorrência,pelaimpossibilidadedeidentificaçãode espéciesatravésdoequipamentodevisãonoturna.Acorreçãodosdemaisíndicespopulacionais foiamesmaparatodasasespécies,comexceçãodaC.perspicillata ,pelaaltataxaderecapturas (38,7%)atribuídaàmenorhabilidadeparadetectarasredesnospontosamostrais,devendoter, naturalmente,suaspopulaçõesmaisseguramenteestimadas. Atravésdopadrãodeabundânciacorrigida,estimadacombasenataxadedetecçãodas redesparaasáreasflorestais(67,2%),foiobservadaumamudançanopadrãodedominânciada comunidade(Figura37),coma D.rotundus passandoaseraespéciedominante,seguidapelasG. soricina e C.perspicillata .Paraaslocalidades, aprobabilidadededetecçãoda redepareceter aumentadocomograudedesordenaçãodosubbosque,obtendosevaloresdistintospeloIAR corrigido.

104

Figura37Índicedeabundânciarelativa,corrigidopelataxadedetecçãodaredeporquirópterosemsubbosque florestal.Legenda:ANCAU; Anouracaudifer ;ANGEO, Anourageoffroyi ;ARLIT, Artibeuslituratus ; ARPLA, Artibeusplanirostris ;CAPER, Carolliaperspicillata ;CHDOR, Chirodermadoriae ;CRAUR, Chrotopterusauritus ;DEROT, Desmodusrotundus ;GLSOR, Glossophagasoricina ;LABLO, Lasiurus blossevillii ; MIMIC, Micronycteris microtis ; MYRIP, Myotis riparius ; PLLIN, Platyrrhinus lineatus ; STLIL, Sturniralilium

NoCER(emmultiplicandootamanhodasamostrasespecíficaspelataxadedetecçãode 81,8%),aespéciedominantepassouasera M.microtis ,com27,2%dosindivíduosnaamostra,o que foi considerado plausível, dada a presença de abrigos com pelo menos 40 indivíduos da espécie(estimativavisual),localizadossobárvoresemumdospontosdealtadeclividade(Figura 38),enquantoqueaC.perspicillata passoudedominanteacomum,semelhanteàsespécies C. doriae e A.caudifer . NoEUC(taxadedetecção54,5%),operfildeabundânciafoiomesmoobservadoparao IARnãocorrigido,comexceçãodaC.perspicillata ,quepassouaserumpoucomenosabundante doquea G.soricina ,porémpermaneceucomoespéciecomum,enquantoquea D.rotundus (IAR corrigido=0,40)foidominantenalocalidade.Porfim,naFES,ondeataxadedetecçãofoide 60,7%,a G.soricina passouaseraespéciedominante(IARcorrigido=0,205),seguidapelaC. perspicillata ,comIARde0,143. Os valores de uniformidade, pelo estimador Camargo, foram um pouco superiores, quandocorrigidososIARsdasespéciescombaixarecapturapelataxadedetecçãoderedes.Para

105

asáreasflorestaiscomoumtodo,auniformidadecorrigidafoide0,502,enquantoque,emse considerandootipovegetacional,foramde0,696(FES),0,687(CER),e0,519(EUC).

Figura38–Abrigosdiúrnosde Micronycterismicrotis ,registradossobárvoresnaencostaemumdospontosdaárea amostraldocerradão,SítioRecantodasÁguas,Corumbataí/SP

Seguindoomesmoprincípiodeacréscimonosvaloresdosíndicespopulacionais,quando consideradososindivíduoscapazesdedetectararede,oíndicedediversidadeShannonWiener, corrigido,apresentouumacréscimoemrelaçãoaoobtidosemacorreçãodasestimativasdeIARs (Test tpareado; t=8,109;p<0,005).Assim,adiversidadecorrigidaparaoCERfoide1,91, paraoEUC,de1,790eparaaFES,de2,129,enquantoqueparaasomatóriadasáreasamostrais houveumpequenoacréscimo,passandooíndicedediversidadede2,098a2,208. AdiversidadebetadeWhittaker,corrigida,resultouemumvalorde0,111,ampliandoa diferençaentreasáreasamostrais(tiposvegetacionais)avaliadas.Ovalorobtido,foicertamente influenciadopeladiferençadedominância(entre M.microtis , D.rotundus e G.soricina )emcada

106

uma das comunidades, sendo que, antes da correção da estimativa, a espécie C. perspicillata haviasidodominanteemduasdaslocalidades(CEReFES). Otamanhocorrigidodascomunidadesfoientãoestimadoem275(155a662),721(487a 1433)e288(212a461)indivíduos/área,amostradosparaasCER,EUCeFES,respectivamente. Somando as áreas florestais, obtevese uma comunidade constituída por 1.172 (607 a 1.730) indivíduosparaumaáreageográficade24,705ha.Assim,relacionadoaotamanhopopulacional, adensidadecorrigidapassouaserde33ind/ha(20a80)noCER,97ind/ha(59a174)noEUC,e 35ind/ha(26a56)naFES.Nosubbosqueflorestal,independentementedotipovegetacional,a densidademédiacorrigidafoiestimadaem47ind/ha,podendovariarde24a70ind/ha. O esforço amostral, aplicado à metodologia de amostragem sistemática, mesmo que tomado por satisfatório para estudos rápidos (anuais), por providenciar estimativas pouco divergentesdascomumenteapresentadasemestudosqueutilizamosmétodosdeamostragempor conveniência(videTabela10)eporpossibilitaraparâmetrosanteriormenteinacessíveis,comoa estimativadedensidadepopulacional,adeterminaçãodopadrãodedispersãoeomapeamentodo uso da área amostral pelos quirópteros, não deve ser tomado como suficiente para uma caracterizaçãototalitáriadacomunidadeedepopulaçõesdesubbosqueflorestal,semquehaja suaadequaçãoparaestudosdelongoprazo. 2.4 Discussão

2.4.1 Aspectos populacionais: riqueza, abundância, densidade e diversidade Ascurvasdeesforçoamostraldemonstraramqueumtempomaiorteriasidonecessário paraqueariquezatotal,passívelderegistroatravésdeumestudoanual,pudesseserreconhecida para as áreas de subbosque florestal, por meio da amostragem sistemática, para o que, no entanto,oesforçomínimodecapturanãopoderiaserinferioradezespécies.Assimmesmo,a riqueza observada foi satisfatória para um estudo rápido, ao representar 17,7% das espécies registradasparaaOrdemChiroptera,noEstadodeSãoPaulo,eaoabranger31,6%dasespécies dafamíliaPhyllostomidae,conhecidanesteEstado,segundoVivoetal.(2011). Ariquezaobtidaatravésdousodométodosistemáticodeamostagemrepresentou47% daquelapreviamenteregistradaparaaregião(CAMPANHÃ;FOWLER,1993;SARAIVA;2002;

107

SATO,2007)epossibilitouoacréscimodeseisnovasespécies: A.geoffroy , A.planirostris , C. doriae , M.microtis , L.blossevillii e M.riparius .Nototal,somandoosresultadosobtidosnestee nosestudoscitados,foramregistradas23espéciesparaaregião. Phyllostomidaefoiafamíliapredominante,conformeoesperado,quandoascapturassão conduzidasemníveldesolo,porém,aocontráriodosugeridoporKingston(2009),MacSwiney, Clarke e Racey (2008), este resultado não deve ser interpretado como superamostragem se a metodologia préestabelecer este grupo taxonômico como alvo do estudo, desconsiderando ou apenas citando espécies das demais famílias, assim como M. nigricans e L. blossevillii (Vespertilionidae), para fins de reconhecimento e constatação de uso do subbosque florestal avaliado,aindaquepoucofrequente,semquemaiorimportânciasejaatribuídaàestasespécies. Kalko, Handley Jr. e Handley (1996) abordaram bem a diferença na composição, especialmente de espécies insetívoras, e a diversidade ao longo do gradiente vertical, nas formações florestais, incluindo o subbosque florestal. Segundo os autores, insetívoros aéreos ocorrempreferencialmentenoespaçoorganizadoouentresubbosqueedossel,representadospor extensasáreaslivresparaovoooupequenasclareirasetrilhas,respectivamente.Já,osubbosque altamente desorganizado detém rica diversidade, composta não só por espécies – boas indicadorasdequalidadeflorestal,–comoosinsetívorosecarnívoroscatadoresdasubfamília Phyllostominae, mas também hematófagos, frugívoros, nectarívoros e onívoros das demais subfamílias. O acréscimo no sucesso de captura de quirópteros catadores, M. microtis e C. auritus (Phyllostominae),foiumaspectoimportantenousodométodosistemáticodeamostragem.Os filostomíneos têm sido pouco representativos nos estudos populacionais e, comumente, suas espécies são representadas por um número reduzido de capturas (ESBÉRARD, 2003; ESBÉRARD, 2007). Ainda, os catadores são considerados como altamente sensíveis a degradação ambiental e, consequentemente, bons indicadores de baixos níveis de perturbação (MEDELLÍN;EQUIHUA;AMIN,2000).KalkaeKalko(2006)considerama M.microtis como um importante insetívoro catador, ao desempenhar um papel central na predação de insetos herbívoros,comolagartas,grilos,gafanhotosebesouros. As áreas de preservação permanente (APPs) do perímetro Corumbataí da APA CorumbataíBotucatuTejupáforamcaracterizadasporumelevadoníveldedegradação,como usodasterras,nemsempreadequado,direcionadoaocultivodacanadeaçúcar(27,89%),que

108

passaasermaisrepresentativanaregiãodoqueas áreas florestais (21,84%) ou as pastagens (18,71%) (CORVALÁN; GARCIA, 2011). Consequentemente, o acréscimo de abundância dessesquirópteroscatadoresnãodevedecorrerdebaixosníveisdeperturbaçãolocalesimdouso dométodosistemáticodeamostragem,quetalvezconsigamelhorabrangeronichoecológicodos indivíduos,mesmoqueestestenhamelevadahabilidadeparadetectareseesquivardacaptura, favorecendoosestudospopulacionaiseecológicosdestasespécies. Variações locais da riqueza, abundância e, consequentemente, da diversidade populacional,podemocorrernãosomentepordiferençadosmétodosdeamostragem(COSTA, 2009; KALKO; HANDLEY Jr.; HANDLEY, 1996), mas também por resposta às diferenças fitofisionômicas, físicas e estruturais das áreas florestais amostradas, podendo ser esperadas, comunidades melhor estruturadas, em fragmentos florestais capazes de ofertar mais recursos (abrigo, alimento, água, parceiros reprodutivos, entre outros), para a quiropterofauna. Nesse sentido,osdadosobtidosparaofragmentodeFESestiveramdeacordocomoesperado,jáque fragmentos de floresta estacional semidecidual e matas ribeirinhas podem apresentar uma produtividadeprimáriasuperioràconstatadaparaalgunsfragmentosdeCerrado(MAMANetal., 2007;PINTOetal.,2009). Os dados discordam, entretanto, quanto à maior produtividade primária ser, por si só, responsávelporumacréscimopopulacionaldaquirópterofauna,namedidaemqueonúmerode capturasnoCERenaFESforaminferioresaosobtidosnoEUC.Seumamaiorprodutividade primáriaestárelacionadaàmaiorcomplexidadedoecossistemaflorestal,ese,emeucaliptais,a simplificaçãodoecossistemapodelevaraumareduçãonadiversidadeeprodutividadeflorestais, resultandoemumabaixaofertaderecursos(NERIetal.,2005;ONOFRE;ENGEL;CASSOLA, 2010; SARTORI; POGGIANI; ENGEL, 2002; SOUZA et al., 2007), qual fator explicaria o maiorsucessodecapturaparaoEUC? Em resposta, pela composição de espécies do EUC, o maior sucesso amostral nesta localidade esteveassociadoàsespécies D.rotundus ,dominantesobre C.perspicillata (espécie maisabundantenasoutraslocalidades), G.soricina e S.lilium .Asduasúltimas,entretanto,foram igualmente abundantes no fragmento de FES, e suas ocorrências, para ambas as localidades, estiveramrestritasapoucasnoitesdecaptura,indicandoumprováveleeventualposicionamento deredesaoladodefontesalimentares,assimcomoverificadoporKalko,HandleyJr.eHandley

109

(1996), para C. perspicillata , ao posicionarem as redesneblina ao lado de árvores do gênero Ficus spp.,emperíododefrutificação. Nocasodaespéciehematófaga( D.rotundus ),entretanto,nãotendosidoconstatadauma ocorrênciaagrupadaquepudesseserassociadaaatrativosespecíficos,comopresasempotencial, eestas,emnãoapresentandomaiordisponibilidadeparaoEUC(todasaslocalidadesavaliadas apresentamáreasdeentornocompostasporpastagensdestinadasacriaçãodegadobovinoe/ou equino),supõesequediversospontosamostraistenham sistematicamente sido alocados sobre umarotadevoo,porondeumgrandenúmerodeindivíduospoderiaestarsedeslocando,entreos locais preferenciais de alimentação e seus abrigos diurnos, já que a região apresenta cavernas capazes de abrigar colônias com algumas centenas de indivíduos (CAMPANHÃ; FOWLER, 1993;SARAIVA,2002).Também,Medellín,EquihuaeAmin(2000)indicamqueumaelevada abundância de D. rotundus pode representar alterações ambientais e, neste sentido, a espécie podeestarsebeneficiandodaalteraçãoflorestalpresentenoEUC. Aindaqueométodosistemáticominimizeasuperamostragempelousoderedesemlocais esperadosparaapassagemdeummaiornúmerodeindivíduos,éinevitávelquealgumasredes sejamsistematicamentealocadaspróximasàsfontesderecursosalimentares,abrigose/ourotas devoo,aindaquerepresentemumapequenaparceladaamostra.Nessascircunstâncias,oíndice de abundância relativa pode ser tendencioso, influenciado por uma ocorrência temporalmente agrupadadeindivíduos,quandoestesseagrupamao redor de um recurso disponibilizado por curto espaço de tempo. Como alternativa, a frequência de ocorrência deve ser o índice mais adequadocomoindicadordedominânciadasespécies,porserinsensívelàcapturadegrupose sensívelàcontinuidadedeusodaáreadeforrageioaolongodotempo,comomencionadopor Esbérard 4 (informação verbal), não tirando, entretanto, a importância das espécies com maior abundância, como as C. perspicillata e D. rotundus , que permaneceram em posição de dominância pelo índice de frequência de ocorrência, na medida em que foram continuamente capturadasaolongodotempo. Osdadosestimadospeloíndicedefrequênciadeocorrênciaforammaisconsistentesno acréscimo da importância das espécies, por exemplo, que apresentem hábitos primariamente carnívoros,comoa C.auritus (MEDELLÍN,1888;MEDELLÍN,1989;WITT;FABIÁN,2010). Do topo de cadeia alimentar, é esperado que este carnívoro ocorra em baixa abundância, na

4ESBÉRARD,C.E.L.UniversidadeFederalRuraldoRiodeJaneiro. 110

medidaemquerequergrandesáreasdevida(KALKO;HANDLEYJr.;HANDLEY,1996),por outro lado, dada a sua independência de recursos alimentares de ocorrência naturalmente agrupada e efêmera, como alguns recursos vegetais, deve apresentar uma maior frequência de ocorrência. A G.soricina ,aocontráriodocarnívoro C.auritus ,apresentaumadietaprimariamente nectarívora (ALVAREZ et al., 1991), sendo natural sua atração por uma oferta pontual e temporária de alimento (espécies vegetais com baixa densidade populacional e/ou com distribuiçãoagrupadapodemflorirempontosisoladoseterpequenadurabilidade),oquepode levaràfalsaidéiadeabundânciaelevadaoureduzidaenquantoque,narealidade,seuelevadoou reduzido sucesso de captura pode estar apenas refletindo uma distribuição agrupada, como respostaàagregaçãodorecursoprocurado. Asespéciesfrugívoras A.lituratus , A.planirostris , C.doriae , C.perspicillata , P.lineatus e S. lilium (GANNON; WILLIG; JONES, Jr., 1989), por sua vez, devem apresentar melhor variação entre o IAR e IFO, já que os frutos apresentam maior valor energético, requerendo menosvisitasàsárvoresfrutíferas,eestãouniformementedistribuídosaolongodoano,como constatado por Voigt, Kelm e Visser (2006), ao avaliarem as taxas metabólicas das espécies Glossophagacommisarisi e Carolliabrevicauda . Umaaltaequitabilidadepoderiaserobservadaemumacomunidademelhorestruturadaou emumapaisagempoucofragmentada(GORRESEN;WILLIG,2004).Assim,arazãoparaqueos índicesdeuniformidade,obtidosnesteestudo,fossemmedianos,podeterdecorridodohistórico de degradação e fragmentação observado para o Bioma Mata Atlântica (RAMBALDI; OLIVEIRA,2003),responsávelpeladesestruturaçãoflorestal,eparaqueamaioruniformidade fosse apresentada pelo fragmento de FES, decorrente de dois fatores: o primeiro, como mencionadoanteriormente,doresultadodamaiorprodutividadeprimáriadessetipovegetacional; osegundo,damaiordimensãoflorestalapresentadaporessefragmento.DeacordocomReiset al.(2003),quantomaiorotamanhodeumareservaflorestal,maiorascondiçõesfavoráveis à manutençãodeumaricacomunidade,devidoavegetaçãoencontrarsemaisestruturadas. Aespéciedominante C.perspicillata usualmenteapresentaestestatusemcomunidades espaçotemporalmenteheterogêneas(BERGALLOetal.,2003;MELLO;SCHITTINI,2005),ao contráriodasespécies D.rotundus , G.soricina , S.lilium , C.auritus , A.caudifer (BIANCONI; MIKICH; PEDRO, 2004; ESBÉRARD, 2003; MELLO; SCHITTINI, 2005) e M. microtis

111

(PEDRO; PASSOS; LIM, 2001), que comumente são pouco abundantes. Neste estudo, entretanto,estasespéciespoucocomunsrepresentaramumaproporçãorelativamentesuperiorna comunidade, ocupando inclusive posição de dominância (semelhante à C. perspicillata ) e diferindo dos estudos citados. Este resultado, portanto, pode ser um diferencial do uso da amostragemsistemáticaemrelaçãoàsmetodologiasporconveniência. Ao contrário, a espécie A. lituratus , também tida como dominante em algumas comunidades de Cerrado e Mata Atlântica de interior (BIANCONI; MIKICH; PEDRO, 2004; CAMARGOetal.,2009;PEDRO;PASSOS;LIM,2001),apresentoubaixoIARparaaáreade estudo.Estefrugívoro,porém,podedarpreferênciaparaforragearemáreasdevegetaçãomenos densa,comoáreasabertasemregeneração,bordasdemataoutrilhas,estradase/ououtrasrotas devoo,porapresentarmaiortamanhocorpóreo,aoinvésdeforragearemáreasflorestais,com diversosníveisdedificuldadeproporcionadospelasvariaçõesnadensidadedavegetaçãodosub bosque.EmboraBianconi(2009)tenhaverificadoqueasespécies C.perspicillata e A.lituratus nãotêmsuasatividadesinibidas,pelapresençadeumamatrizagropecuária,oforrageioemáreas abertas foi demonstrado especialmente para a A. lituratus , na presença de atrativo visual e odorífero,comofrutosde Piper L.e Ficus L.. Gorresen e Willig (2004) verificaram que a espécie A. lituratus apresenta maior abundância em áreas desmatadas, enquanto que as espécies C. perspicillata , G. soricina , P. lineatus e S.lilium seriammaisabundantesnasregiõescommoderadograudefragmentaçãoe nasquaisadiversidadetendeasersuperioràsáreasmuitooupoucofragmentadas. O baixo sucesso de captura e a alta porcentagem de recaptura possivelmente indicam baixa densidade populacional nas áreas de amostragem, e estiveram de acordo com as expectativas neste estudo, em função do maior número de morcegos residentes temporários (atraídos pela oferta de alimento e outros recursos) ou fixos, esperados para um subbosque florestal, ao contrário do esperado para as rotas de voo, onde podem prevalecer indivíduos errantes e não necessariamente aqueles funcionalmente ativos (atuando nos processos de dispersão, polinização, predação, etc), na área florestal avaliada. Ainda, o registro de poucos indivíduos, utilizando o espaço aéreo dos pontos amostrais, reforça a baixa densidade populacional. ParaascomunidadesdoCERedaFESfoiestimadoummenornúmerodeindivíduos,em funçãodasaltastaxasderecaptura,eentreessasduaslocalidades,oCERapresentouamenor

112

comunidade, de acordo com a perspectiva inicial, já que a floresta estacional semidecidual avaliada apresenta dimensão maior e, talvez, maior produtividade primária, que, como mencionadonaseçãoanterioredeacordocomMamanetal.(2007),Pintoetal.(2009)eReiset al.(2003),poderepresentarumacréscimonaofertaderecursos,possibilitandoamanutençãode maiores comunidades. Ao contrário do esperado, devido a baixa taxa de recaptura obtida, a estimativa de tamanho e densidade populacional para o EUC foi superior à estimada para as demaislocalidades,reforçandoaidéiadequenesteambienteestejaocorrendoapassagemdeum maior número de animais, no deslocamento entre locais de alimentação, talvez igualandoo a estudos conduzidos em rotas de voo (BIANCONI; MIKICH; PEDRO, 2006; ESTRADA; COATESESTRADA,2001;FALCÃO;REBÊLO;TALAMONI,2003), por terem semelhante taxasderecaptura. Osdoisíndicesdediversidadealfa(ShannonWienereMargalef)caracterizaramastrês localidadesamostradasdeacordocomaprodutividadeprimáriaesperada,emfunçãodostipos vegetacionais,masoíndicedeMargalef,aparentemente,foioquemelhorretratouaslocalidades, aoaproximarasáreasdevegetaçãonativae,secundariamente,degrandedimensãoemaioraltura dedossel.Entretanto,emboraasáreasflorestaisnativaspossamdarummaiorretornoemtermos de diversidade, se o estudo for conduzido em região constituída por um mosaico de tipos fitofisionômicos, incluindo as monoculturas florestais, o ideal é que ele abranja todas as formações vegetacionais, retratando, com maior fidelidade, a comunidade de quirópteros adaptada àsdiferentes modificaçõesdapaisagem,principalmente àquelas com alta mobilidade como A.lituratus , A.planirostris , C.perspicillata e D.rotundus (BERNARD;FENTON,2003; BIANCONI; MIKICH; PEDRO, 2006), por ser inevitável que utilizem duas ou mais fitofisionomiasaolongodavidaou,mesmodurantecurtoespaçodetempo,nodesenvolvimento desuasatividadesdiáriasdeforrageio. Os quirópteros podem apresentar extensas áreas de vida (BERNARD; FENTON, 2003; ESTRADA;COATESESTRADA;2001),porémnãoháumtamanhofixoesuadimensãopode variardepequenaagrande,naqualotamanhodapopulação será dependente da condição de suporte para a população em termos de recursos disponíveis (RACEY; ENTWISTLE, 2003). Neste sentido e quando as rotas de voo deixam de ser amostradas, a medida estatística de densidade populacional pode ser uma ferramenta robusta para a avaliação da capacidade de

113

suporte de um ecossistema à população de uma dada espécie, sendo esperadas maiores densidadessobmaiorofertaderecursos. Adiversidadebetavem,portanto,enfatizaraimportância do estudo ser conduzido em escaladepaisagem,pois,tendosidobaixa,sugerequeotipovegetacionalpodeexercermenor influêncianaestruturadacomunidadedequirópterosdoqueaproximidadedosfragmentosao longodapaisagemfragmentada.Muitasespéciesestãoaptasasedeslocarporlongasdistâncias (BERNARD; FENTON, 2003), e essa facilidade de deslocamento pode tornar o uso de fragmentos,dispersosnapaisagem,comum(ESTRADA;COATESESTRADA,2002).Assim,é de se esperar que mesmo os fragmentos, tendo características estruturais distintas, possam ser utilizadossenãoemtoda,certamente,emgrandepartedavidadosquirópteros.

2.4.2 O sucesso amostral e o conhecimento do padrão de uso da área de amostragem

2.4.2.1 A influência das variáveis espaço-temporais

Amemorizaçãodaposiçãodasredes,amplamentedivulgadapelaliteratura(ESBÉRARD, 2006;GANNON;WILLIG,1998;HAYES;OBES;SHERWIN,2009;KUNZ;BROCK,1975; KUNZ;KURTA,1988;KUNZetal.,1996),aumentaosucessodosquirópterosdeseesquivarda redeemumsegundoencontroe,comisso,écomumumareduçãodosucessoamostral,quando mantidas as redes em mesma posição por noites consecutivas (ESBÉRARD, 2006; KUNZ; BROCK, 1975; SIMMONS; VOSS, 1998). Mas, o movimento do conjunto de redes, em “escada”,possibilitouamanutençãodosucessodecapturatemporal,oqueindicasereficaz,esta estratégia,quandoseutilizaaamostragemsistemática.Ainda,todasasestimativaspopulacionais, comexceçãodauniformidade,tiveramumacréscimocomaamostragemapartirdeumanoite semanal e de redes móveis, por quatro semanas consecutivas, em uma mesma localidade, favorecendoacaracterizaçãodacomunidadedequirópteros. Emcondiçõesnaturais,ahabilidadedememorizarespacialmenteosobjetosdeinteresseé altamentedesenvolvidanosGlossophaginae,alémdeemoutrosquirópteros,quesãocapazesde localizarfloresconhecidasduranteaorientaçãoespacial(TOELCHetal.,2007). Emboraoaumentoouamanutençãodosucessoamostralcomoaumentodenoitesde capturasejaumindicativodesuficiênciaamostral,aavaliaçãodestasugerequeumacréscimono

114

número de noites ou no número de redes seja necessário, a longo prazo, para se atingir uma suficiência amostral mais segura na caracterização da quiropterofauna através do método de amostragem sistemático. Em estudos rápidos, entretanto, o esforço pode ser considerado satisfatório para um diagnóstico inicial quando há intenções de continuidade do estudo que, inclusive,podeserplanejadoatravésdocálculodesuficiênciaamostralapartirdosdadosobtidos pelo diagnóstico. No uso da amostragem sistemática para estudos de impacto ambiental, por exemplo,umlevantamentopopulacionalanualousemestraldaquiropterofaunapossibilitariao cálculo de acréscimo necessário no esforço amostral, a partir do qual tornarseia possível o planejamento do número de noites e/ou de redes a ser utilizados em um monitoramento ambiental,apósaimplantaçãodeempreendimentosimpactantes. Alémdonúmerodenoitesamostrais,onúmerodehoras de amostragem/noite ainda é bastantecontroversoparaosestudosqueutilizamosmétodosdeamostragemporconveniência. Diversosautoresapontamaimportânciadodiagnósticoaolongodetodaanoite(ESBÉRARD; BERGALLO,2005),masosestudospopulacionaisqueaplicamasmetodologiasdeamostragem apenasporseishorasoumenos,sãoaindabastantefrequentes(ALVEZ,2008;CAMARGOet al.,2009;REISetal.,2000,2006;ZORTÉAetal.,2010).Pelodelineamentosistemático,embora oprimeiroquartodehorastenharesultadoemmaiorsucessoamostral,concluiusequeoideal seria a amostragem por 12 horas, para evitar que as estimativas de riqueza, uniformidade e diversidadesejamenviesadasdacapturabilidadediferencialentreespéciesaolongodanoite. Quandoseaplicaametodologiadecapturapara¼ou½denoite,opressupostodeigual probabilidade de captura para todos os indivíduos da comunidade, assumido pelo método de capturarecaptura(CHAO,2001;FERNANDEZ,1995;O’DONNELL,2009;POLLOCKetal., 1990),passaaserignorado,namedidaemqueopesquisadorestáretirandoachancedeuma espécie ou indivíduo ser capturado se, no período em que este estiver voando pelo ponto amostral,nãohouverumequipamento(redeneblina)disponível para efetuar a captura. Ainda, quandoserestringeacapturaapenasaoperíododemaioratividadedequirópteros,passasea influenciaras estimativasdeheterogeneidadedacomunidade,forçandoumamaiordominância dasespéciesativasnopoenteeàraridade,aquelasquemantêmumpadrãodeatividadeconstante, mesmoque,emmenordensidade,aolongodetodaanoite. Homem(2010),simultaneoàesteestudoenasmesmasáreasdeamostragem,avaliouo padrão de atividades dos quirópteros e constatou que as espécies G. soricina e S. lilium

115

apresentaramumpadrãounimodalcommaioratividadenaquartaeterceirahoraapósoocaso, respectivamente, a D. rotundus , semelhante as anteriores, apresentou um padrão unimodal, porém,commaioratividadenosegundo¼dehorasdanoite.Já,aespécieC.perspicillata ,teve um padrão de atividade variado: bimodal, em nível de paisagem, com picos de atividade na segundaedécimasegundahorasapósoocaso;unimodal,noeucalipto,commaioratividadeda segundaasextahoradanoite;euniforme,nosfragmentosflorestaisnativos(CEReFES).Dados destanatureza,portanto,informamoquãotendenciosaseriaumaamostragemdeapenastrêsou seishoras,porexemplo,aoproporcionarumasubamostragemdasespéciescitadas. No que se refere ao posicionamento da rede nos pontos amostrais, pelo método sistemático de amostragem, a escolha entre a distância de espaçamento entre redes deverá dependerdascaracterísticasdodiagnósticopopulacional,jáque,teoricamente,nãohádiferença quandoasredesestãoarranjadasadistânciasde25,60ou95metros,emsubbosqueflorestal. Assim, para maximizar o sucesso amostral, ao priorizar o uso de pequeno espaçamento, o pesquisador deve considerar a importância no uso de mais redes, para que uma área espacial representativa do ecossistema avaliado possa ser contemplada, enquanto que, para o uso de espaçamentosmaiores,oaumentoderedespodeinviabilizaroestudo,deformaquesepassaa correroriscodesubamostraraáreaespacial,contempladapelobaixoesforçoamostral. Outropontoaserconsiderado,aoseutilizarummenorespaçamentoentreasredes,seriaa avaliaçãodaviabilidadedomovimentodasredesentrenoitesdecaptura.Seadistânciaentre posiçãooriginalesubsequenteforpoucosignificativa,podeocorrerumdecréscimonosucesso de captura, pela memorização dos pontos das redes pelos morcegos, facilitando a esquiva ou levando a uma mudança de local de forrageio pelos quirópteros, como suposto por Esbérard (2006),sobreareduçãodesucessodecapturaentrenoitesconsecutivascomasredesemmesma posição. Se a escolha por distanciamento de redes se fundamentar na abrangência temporal do diagnóstico populacional, por exemplo, quando se tem um estudo a longo prazo, o esforço temporalpodecompensaroespacial,sendopossívelamanutençãodeumnúmeromenorderedes e um maior espaçamento entre estas, abrangendo, desta forma, uma maior área espacial sem grandeperdadeacuráciae/ouprecisãodasestimativaspopulacionais,dedistribuiçãoedepadrão de uso da área florestal. Já, em se tratando de um estudo populacional rápido, como os diagnósticos realizados como requisitos dos processos de licenciamento de atividade, com

116

relevante potencial de impacto sobre as comunidadesdequirópteros,oempregodeummenor espaçamentopodesermaisadequadonamedidaemqueampliaseoesforçoeosucessoamostral por unidade de área, ainda que esta concentração possa prejudicar a avaliação do padrão de distribuiçãoe/ouousodaáreaflorestalpelaquiropterofauna. Emboraoespaçamentoentreredesneblinatenhasemostradoflexível,sugereseousodo espaçamento de 60 metros, por ter possibilitado o acréscimo do valor das estimativas populacionaisedosucessoamostral,principalmenteseoestudoforconduzidoemlocaisdebaixa declividade.Nesses,otempodespendidonasvistoriaspoderiaserreduzidoeasubamostragem minimizada,comareduçãodoescapedequirópterosapósacapturaque,segundoMacCarthyet al. (2006 apud KUNZ; HODGKISON; WEISE, 2009), pode ser agravada em até 30% com vistoriasrealizadasemintervalosuperiora20minutos. Oposicionamentodaredenopontoamostralpodeserirrelevantenaslocalidadespouco acidentadasgeograficamenteouquetenhampequenostrechosterritoriaiscommaiordeclividade e, nestes casos, o sentido em que a rede será posta deve se fundamentar na experiência do pesquisadoremposicionálaperpendicularmenteemrelaçãoapequenosespaçoslivresemmeioa vegetação, aumentando a probabilidade de captura de indivíduos que possam estar se aproveitando destes espaços, sem muitos obstáculos ao voo, enquanto forrageiam. Já, se um elevado número de pontos amostrais, dentro da área de amostragem, apresentar declividade superiora50º,osentidoidealparaoposicionamentodarede,queinfluenciarásignificativamente osucessodecapturadequirópterospelométodosistemáticodeamostragem,seriaoparaleloao sentidodemaiordeclividade,considerandosequeodeslocamentopreferencialdosanimaisserá nosentidoperpendicular,evitandoovoosobredecliveacentuado. Quantoàalturadaredenosubbosque,odesejáveléquesuasbolsascentraisfiquemno intervalo de 1,2 a 2,8 metros, onde um maior sucesso amostral pode ser obtido pelo método sistemáticodeamostragem.Poroutrolado,emtiposvegetacionaiscomdosselmenoselevado, comonoCER,osanimaispodemvoarmaisbaixo,aoacompanharamenoralturadodossel,e, nestecaso,devesepriorizarumposicionamentoverticalmenoselevadoparaasrede. Se os quirópteros que forrageiam em subbosque florestal tendem a voar na altura correspondenteasegundaeaterceirabolsadecaptura,daredeneblina,posicionarestaacimaou abaixo do intervalo preferencial de voo poderia reduzirosucessoamostral.Aocontrário,sea reduçãodacapturasobreasbolsasexternasrefletiuomaiorsucessonodesviodaredeneblina,

117

pelosindivíduosqueseaproximarampelasextremidadesdela,detectandoa,estasituaçãodeve persistir,sobreasbolsasexternas,emqualqueralturadeposicionamentodarede.Nessesegundo caso,umapossívelalternativaseriaadeusodaamostragemsistemáticaporconglomerados,pela qual uma segunda e/ou terceira rede, alocada de forma estratégica, poderia aumentar a probabilidade de captura dos animais, no momento deles se desviarem da primeira rede, a detectada.

2.4.2.2 A influência das variáveis abióticas

AocontráriodoobtidoporAlvez(2008),aabundânciadacomunidade dequirópteros, avaliadanesteestudo,poucosediferiu,entreosperíodossecoechuvoso,oquedeveseresperado se considerado que o período anual é uma escala temporal pequena para deixar transparecer variações populacionais sazonais significativas. Ainda assim, recomendase que os estudos populacionais anuais, pelo método sistemático de amostragem, englobem as diferentes sazonalidadesdaregiãoestudada,deformaaminimizaraobtençãodeestimativastendenciosasa umouaoutroperíodo,jáquealgumasespéciesdominantesoucomuns,comoa C.perspicillata e a S. lilium , podem ser mais frequentes na amostra em um ou outro período, influenciadas, possivelmente, pela disponibilidade temporal dos recursos alimentares; e algumas espécies incomunsoudebaixadensidade,comoa A.geoffroyiea C.doriae ,podemserregistradasem apenas um período do ano pela sua baixa abundância e frequência de ocorrência nos pontos amostrais. Odecréscimodecapturasnoperíododeseca,observadoparaaespécie S.lilum ,podeter decorridodareduçãodeatividade,comorespostaàescassezdealimento.AregiãodeArarase RioClaro,municípiosvizinhosdeAnalândiaeCorumbataí,apresentaumafortediminuiçãode produtividadeprimárianaestaçãodaseca,oquefazcomqueaespécietenhaumextensivouso desuasreservasdegorduraeumaperdasignificativademassacorpórea(ALMEIDA;CRUZ NETO, 2011). Ao contrário, semelhante resposta fisiológica não foi observada, pelos autores, paraa C.perspicillata e,nestecaso,aescassezdealimentonasecapodeterestimuladoaespécie aoaumentodabuscapelorecurso,oqueculminoucomumaumentodesuacaptura. O acréscimo de abundância da C. auritus para a estação seca, ao contrário, pode ter decorridodeumeventualacréscimodeatividadedospequenosmamíferosembuscadoescasso

118

alimentotemporário,emespecialdosroedores, por, juntamente com as aves, representarem a basedadietadestemorcegocarnívoro(WITT;FABIÁN,2010).Entretanto,somenteumestudo delongoprazopoderiareforçar,oumesmoconfirmar,taissuposições. Aluminosidadepodeexporosanimaisaummaiorrisco de predação por corujas, por exemplo,quepossuemavisãocomooprincipalsentidoutilizadoparalocalizare/ouperseguir suaspresas(BAXTERetal.,2006)e,consequentemente,fazercomqueosquirópterosreduzam suasatividadesemnoitescomaltaluminosidade(BÖRK, 2006). Assim, algunspesquisadores optamporrestringirsuascoletasàssemanaspróximasàluanovacomomeiodemaximizaras capturas.Porém,apesar doacréscimonosucessode captura nesta condição, ela não deve ser priorizadanosestudospopulacionaispor,alongoprazo,prejudicarasavaliaçõesderiquezatotal de Phyllostomidae e subrepresentar espécies da subfamília Phyllostominae (BREVIGLIERI, 2011;ESBÉRARD,2007). Pelométodosistemáticodeamostragemnãofoiverificadadiferençanacapturalidadeem fragmentosdeflorestanativa,sugerindoqueosanimaissaiamparaforragear,aomenosnosub bosque, independentemente da claridade existente no ambiente, pela necessidade de obter os recursosemaiorproteçãoconferidapelosombreamentopelodossel,deacordocomBreviglieri (2011).Aocontráriodoconstatadonesseslocais,noeucaliptalforamobtidasmaiscapturasem noites com pouca ou nenhuma luminosidade, que poderiam ser atribuídas ao menor risco de predação em noites escuras, o que favorece o deslocamento por áreas abertas e/ou ambientes florestaiscomdosselelevadoesubbosquepoucodenso,quepoderiam,eventualmente,exercer menorsombreamentoduranteoforrageio. Aausênciadeumsombreamentoefetivo,noeucalipto,destaforma,poderiaestimulara fobia lunar, observada por Börk (2006), por exemplo, para a espécie Noctilio leporinus . De acordo com o autor, essa espécie apresentou forte fobia lunar, associada ao seu hábito de forrageio em áreas abertas, sobre cursos d’água, tornandoa mais vulnerável à predação por corujas. Achuvaintensaecontinuada,porreduziracapturademorcegosemáreasdeforrageio, deve, sempre que possível, ser evitada em estudo populacional com método sistemático de amostargem em áreas de forrageio, de acordo com Barlow (1999), que considera que esta variável pode afetar as capturas e prejudicar os inventários. Já, a aparente preferência por forragearemnoitesnubladasouparcialmentenubladas pode estar relacionada às variáveis de

119

luminosidade, temperatura e umidade. A luminosidade lunar pode ser reduzida sob alta nebulosidade, criando uma condição semelhante àquela proporcionada pelo sombreamento do dosselflorestal,mensionadoanteriormente. Devidoaescassezdeamostras,emnoitessobbaixascondiçõesdetemperaturaeumidade, nãofoipossívelumaavaliaçãodarealaçãodestasvariáveissobreosucessodecaptura,porém,é muitoprovávelqueelasinfluenciemaatividadedeforrageiodosquirópteros,comoconstatado para a espécie Myotis lucifugus , por Lacki (1984), ao ter sua atividade positivamente correlacionadaaambasasvariáveis,temperaturaeumidade,elevadas.Ascapturas,dasespécies com variação periódica de abundância, ocorreram sob condições de temperatura e/ou umidade diversas daquelas constatadas para as noites dos seus respectivos períodos amostrais. Ainda, essasvariáveisambientaisnãoforamcorrespondentes,namedidaemqueamaioriadasnoites comtemperaturaeumidadeaparentementefavoráveisàcaptura,ocorreramnosperíodoschuvoso eseco,respectivamente.Essessãofortesindíciosdequeestasvariáveisambientaisatuemsobrea atividadedosquirópterosemsubbosqueflorestal.

2.4.2.3 A influência das variáveis estruturais Sabendo que a quiropterofauna não utiliza da mesma forma de locais com níveis de declividade, densidade de subbosque, altura e cobertura de dossel, ao se utilizar o método sistemáticonaamostragem,opesquisadordeveestaratentoàimportânciadeseabrangeromaior númerodecondiçõestopográficasevegetacionaisexistentesnalocalidadeemestudo,deformaa favorecer uma caracterização mais acurada e precisadacomunidadeesuaspopulações.Aose alocar uma área amostral em trecho de vegetação com menor declividade, dossel elevado e contínuo e densidade mediana do subbosque, por exemplo, podese estar superamostrando a comunidadenamedidaemqueserestringeascapturasaoslocaisesperadosdemaioratividadee, nestesentido,ousodométodosistemáticodeamostragempoucodifeririadousodométodopor conveniência,quetambémpreconizaaamostragemnesteslocais. Opadrãodeusodasáreasamostraisfoifortementeinfluenciadopelorelevomontanhoso característico das Cuestas Basálticas , que formam a A.P.A CorumbataíBotucatuTejupá (MARTINELLI,2009;ROSS;MOROZ,1997),comumapreferênciaporforrageioemlocaisde menor declividade, independentemente da altitude em relação ao nível do mar (a variação

120

altitudinalnointeriordaáreaamostraléirrelevanteparaumaavaliação).Limitaçõessemelhantes, no uso das encostas, puderam ser observadas por Alvez (2008), que obteve índices de diversidade,sobreencostasdeMataAtlântica,inferioresaosestimadosparaaplanície. A aparente preferência em forragear em locais de menor declividade pode estar correlacionadaàdificuldadededeslocamentoemlocaisdealtadeclividade,comoosfundosde vale e/ou encostas abruptas, por requerer, talvez, uma maior demanda energética. Estudos fisiológicosindicamummaiorcustoenergéticoduranteovooparadoemrelaçãoaovooveloz, em sentido horizontal, por espécies da subfamília Glossophaginae (HELVERSEN; WINTER, 2003) e, ainda, um maior gasto de energia sob baixa velocidade, devido à necessidade do morcegodegeraraforçanecessáriaparaasuspensãodocorpo,pormeiodosmovimentosdas asas, o que é minimizado durante o deslocamento horizontal durante o qual o fluxo de ar, passandoconstantementepelasasas,auxilianasustentaçãocorpórea(SPEAKMAN;THOMAS, 2003). Por estes atributos relacionados ao voo, passa a ser plausível acreditar que o voo acompanhandoadeclividadedosolo(“voodiagonal”)poderiasermaisdispendiosodoqueo horizontal,emtermosenergéticos,porrequerermaiormovimentodasasasegeraçãodeforçade elevaçãocorpóreacontraagravidade. Se o deslocamento em áreas de grande declividade pode ser prejudicado, consequentemente,põeseemdúvidaaefetividadedaconservaçãoderemanescentesflorestais, ondeadeclividadedosoloésuperioraos45º(amaiorpartedosfragmentosdaAPACorumbataí BotucatúTejupasãoformaçõesflorestaisdeencosta,quepermaneceramapósolongohistórico de fragmentação no interior paulista), como especificado pelo Código Florestal Brasileiro (BRASIL, 1965), na manutenção de comunidades de quirópteros bem estruturadas e dos processosecológicosporelasmantidos(REISetal.2007).Nestecaso,oidealseriaqueasAPPs, sobre encostas, incluíssem menor declividade ou, então, que áreas de preservação, como Reservas Legais (RLs) e/ou diferentes categorias de Unidades de Conservação (UCs), viessem suprimirestademanda.Entretanto,istonãoévistoemnossalegislaçãoe,aocontrário,através das recentes mudanças no Código Florestal, a tendência é a de redução das áreas florestais relevantesàconservação,comefeitosirreversíveisparaadiversidadedemamíferoseosserviços ecológicos,porestesexercido,nasAPPseRLs(GALETTIetal.,2010). Aaltitude,emrelaçãoaoníveldomar,influencianegativamenteariquezaeadiversidade dequirópteros(NOBREetal.,2009),porém,estacorrelaçãoévistaprincipalmentequandohá

121

grande mudança na escala altitudinal, como observado por Navarro e LeonPaniagua (2005), sobre uma variação de 800 e 2.560 metros de altitude, em que o aumento na altitude foi responsávelporumareduçãolinearenegativaderiquezaalestedoMéxico. Embora a altitude seja um fator limitante, a estrutura vegetacional pode exercer maior influência no padrão de forrageio em ambiente florestal, como constatado por Bordignon e França(2009),queobtiveramummaiorsucessoamostralentre450e500metrosdealtitudeno MaciçodoUrucum(variaçãode100a1.000metros),MatoGrassodoSul,quefoiassociadoà maiorriquezadeplantaszoocóricasemaltitudeintermediária. A preferência dos quirópteros do CER e da FES, por forragear em locais com maior coberturadedossel,podetersidoumarespostaamaiorproteçãocontrapredadores,conferida quando a luz da lua atinge a superfície do dossel, criando um efeito semelhante à zona de interceptação de recurso, descrita por Begon, Towsend e Harper (2007), e que, consequentemente, torna mais escuro o espaço aéreo do subbosque florestal. Ainda, esta suposiçãopodeserreforçadapelasemelhançanosucessoamostraldamaioriadasespéciesentre faseslunareseperíodosamostrais,pois,seaoforragearemlocalsombreadopelodosselflorestal os animais contam com uma redução significativa de luminosidade lunar, poderiam, teoricamente, forragear sob luacheia, mesmo no período seco, quando há perda de biomassa foliarnaflorestaestacionalsemidecidualevegetaçõesinfluenciadasporestetipovegetacional, comoconstatadoparaoCerradoregional(RODRIGUES,1999).Estimaseumaperdademassa foliarnaordemde20%a50%paraasflorestasestacionaissemideciduais(VELOSO;RANGEL FILHO;LIMA,1991). Amanutençãodosucessodecapturaaolongodasfaseslunares,vistaparaasáreasde vegetação nativa, corroboram com os dados observados por Breviglieri (2011), que obteve semelhanteresultadoemfunçãodareduçãodaluminosidadeexercidapelapresençadeumdossel maisfechado. Aocontrário,odosselformadopelos eucaliptos deve ser alto o suficiente para poucoinfluenciarnacomunidadedequirópteros,queforrageiaousedesloca30metrosabaixo. Também,odosselformadopelosubbosquedoreflorestamento,sendobastanteirregular,pode serincapazdeoferecerumsombreamentocontínuo,tornandosepoucoefetivonaproteçãocontra predadoresduranteaatividadedosanimais.Emfunçãodomaiorriscodepredaçãonapresença declaridade,naausênciadeumazonadesombreamentocontínua,osanimaispodemsesentir

122

mais seguros para forragear e/ou se deslocar nestes ambientes sob luanova, sendo, portanto, indiferentesàperdafoliarduranteoperíodoseco. Apreferência,vistanesteestudo,peloforrageamentoemlocaiscommedianadensidade dosubbosque(característicodeflorestasmelhorestruturadas),corroboramcomFalcão(2005), queregistrousemelhantecorrelaçãonegativaentreadiversidadeeadensidadedosubbosqueem umfragmentoumflorestaldegradadonoPlanaltodaConquista,Bahia.Entretanto,asrazõesque levam os animais a preferir este grau de densidade parecem desconhecidas, podendo ser uma respostaàscondiçõesdesfavoráveisaoforrageioe/oufavoráveisàdetecçãoeesquivadarede, sobmaioroumenordensidade.Sobaltadensidade,seosanimaispossuemmaiordificuldadede localizaralimento,devidoaossonsdealtafrequênciaserprejudicadospelosecosprovenientesda vegetação ao redor (JONES; RYDELL, 2003; KALKO; HANDLEY Jr.; HANDLEY, 1996; NEUWIELER,1968),seriaesperadoquepreferissemforragearemlocaiscomvegetaçãomenos densa, onde poderiam obter maior retorno energético; se apresentassem maior facilidade em detectar a rede, por estarem atentos aos fracos ecos provenientes da vegetação ao redor (LARSEN, 2007; VERBOOM; BOONMAN; LIMPENS, 1999), mesmo que forrageassem sob estascondições,dificilmenteseriamcapturados. Deformadiferente,porémnãomenosproblemática,em espaços abertos, clareiras e/ou bordasdemata,osanimaispodem:tornarsemaisexpostosapredadores,emfunçãodamenor proteçãoconferidapelavegetação;obtermenorretornoenergéticopelamenorofertadealimento na vegetação escassa; detectar as redes à maior distância e esquivaremse destas com maior facilidade (KALKO; HANDLEY Jr.; HANDLEY, 1996; LARSEN, 2007), pelo fato da visão passar a ter uma importância maior na orientação (ALTRIGHAM; FENTON, 2003; EKLÖF, 2003). Adisponibilidadedelocaiscomcondiçõesfísicasadequadasaoforrageioemsubbosque pode, por sua vez, limitar a atividade dos quirópteros a poucas localidades dentro do espaço florestalavaliado,visívelpelopadrãodedistribuiçãoagregado,apresentadopelascomunidades. Com este padrão de distribuição, processos regenerativos dos ecossistemas florestais, sob condiçõesfísicasdesfavoráveis,podemserprejudicados,requerendomaioratençãoduranteum manejoparaarecuperaçãodeáreasdegradadas.Assim,apadronizaçãoespacialproporcionada pelo método sistemático de amostragem passa a atuar como importante ferramenta na visualizaçãodospadrõesdeusodaáreadeamostragem,especialmenteemestudosdeimpactos

123

ambientais, podendo atuar como base no reconhecimento dos locais mais importantes para a conservaçãodaquiropterofauna e/ounaquelespassíveis de compensação em caso de perda de vegetação. 2.4.3 Aspectos comportamentais na interação quiróptero/rede-neblina A facilidade em detectar uma rede em subbosque florestal parece dar suporte aos argumentos de pesquisadores, que acreditam não ser eficaz a amostragem nestas localidades (KUNZ; KURTA, 1988; THOMAS; WEST, 1989). Lidar com a grande habilidade, que os quirópterosapresentamparadetectarumaredeeevitaracaptura,sejaatravésdeecolocalização e/ouvisãocomoprincipaismecanismos,éumaconsequênciaaparentementeinevitávelparaos estudos populacionais, já que esta habilidade parece não ser prejudicada sob as diferentes condiçõesfísicaseclimáticas.Defato,osistemadeorientaçãoporecosevisual,especialmenteo visual, é extremamente desenvolvido nos microquiroptera, como relatado por diversos autores (ALTRINGHAM; FENTON, 2003; EKLÖF, 2003; KALKO; HANDLEY Jr.; HANDLEY, 1996). Entretanto, a porcentagem geral de detecção, das redesneblina, obtida pelo método sistemáticodeamostragem,estevedeacordocomaconstatadaparaoscorredoresdevoo,por Larsen(2007),quando58,9%dosindivíduos,queentraramemcontatocomarede,adetectaram eseesquivaramacaptura.Essasemelhançanaprobabilidadededetecçãodasredesneblinavêm, portanto, neutralizar o argumento, desfavorável à amostragem em subbosque florestal, dos pesquisadoresqueacreditamsermaisfáciladetecçãoeidentificaçãodeumaredenesseslocais, pelosquirópterosestaremmaisatentosaosfracosecosprovenientesdosinsetosnoespaçoaéreo próximoaeles(KUNZ;KURTA,1988;THOMAS;WEST,1989). DeacordocomarevisãorealizadaporAltringhameFenton(2003),aespécie A.geoffoyi utilizaavisãocomoprincipalsentidodeorientação,partindoparaaecolocalização,quandoas condições visuais não são favoráveis. Se esta condição for usual entre espécies de Phyllostomidae,podeexplicaraprevalescênciadecapturasnaausênciadeluminosidadelunar, vistaparaaáreadeeucalipto,quando,então,passariam a utilizar a ecolocalização com maior frequência, concordando com os autores que acreditam na possibilidade das redes passarem despercebidas em áreas de voo, devido à confusão entre os ecos provenientes do objeto de

124

interesse e a vegetação ao redor (JONES; RYDELL, 2003; KALKO; HANDLEY Jr.; HANDLEY, 1996; NEUWEILER, 1989). O aumento de capturas na luanova, dessa forma, poderia estar influenciado pelos dois fatores, a redução na habilidade de detecção das redes neblinaeoaumentodeatividadedecorrentedomenor riscodepredação,discutidosnaseção anterior. Namedidaemqueosvaloresdedetecçãodas redespassam a ser conhecidos podem, então,serutilizadosparaacorreçãodeíndicespopulacionaiscomoabundância,densidadee/ou diversidade,vindoaminimizaroviésamostraldecorrentedestefatorlimitante(detecção)sobreo métododecapturaporredesneblina.Comacorreçãodosíndicespopulacionaisereduçãodos efeitosdadetecçãosobreeles,porsuavez,aumentamseaacuráciaeaprecisãodasestimativas quantitativas,mesmoqueahabilidadedetectoradasespéciesnãopossaserconhecidaeumataxa dedetecçãogeraltenhaqueseratribuídaaqualquerespéciecombaixaporcentagemderecaptura. Não só a correção dos índices populacionais deve ser o foco do estudo etológico da interação morcego/redeneblina, mas também o conhecimento do padrão comportamental apresentadopelosanimaisaoentrarememcontatocomasredes,oquepodefavoreceratomada de decisões frente ao posicionamento deste equipamento nos locais de captura. Neste sentido parecehaverumapadronizaçãocomportamentaldesdeadetecçãoatéoreconhecimentoeesquiva darede,jáqueosresultadosdesteestudoestiveramdeacordocomoobservadoporJensen,Moss eSurlykke(2005),queverificaramomesmopadrãodeinspeçãodarede,caracterizadopelovoo quaseparaleloaela. Ao contrário do relatado na literatura (JENSEN; MOSS; SURLYKKE, 2005; SURLYKKE; PEDERSEN; JAKOBSEN, 2009), entretanto, a redução na duração dos sinais sonoroseentreeles,comaaproximaçãodarede,nãopodeserconfirmadaemtodososcasos, sendonecessário,paraaconfirmaçãodestepadrãocomportamental,ousodeumdetectordesons de alta frequência (Anabat) na captação sonora não audívelaoouvidohumano.Mesmoqueo homempossaidentificarde86%ou56%dasvocalizaçõesemitidaspelosquirópteros,emnível genérico e específico, respectivamente (JENNINGS; PARSONS; POCOCK, 2008), este procedimento deve exigir grande experiência e familiaridade, do pesquisador em relação às espécieslocais, e,aindaassim,opadrãosonoropode ser interpretado de forma enviesada, se algumasfrequênciassonoraspassaremdespercebidasàhabilidadeauditivahumana.

125

Asequência comportamentaldesencadeadaapartirdadetecçãodaredetambémestevede acordocomoobservadoporLarsenetal.(2007),emboraestesautores tenhamregistradoum menordesviopelaslateraisdasredes.Dequalquerforma,desdequeamaioriadasultrapassagens pelasredesocorrepelaslateraiseporcima,ousodelas,umpoucoelevadasemrelaçãoaosolo e/ou formando pequenos grupos de redes, distribuídos de forma sistemática na área amostral, talvezformandoum“Y”,podevirafavorecerummaiorsucessoamostral. Oreconhecimentodaredepodeserinterpretadocomoumcomportamentodecuriosidade com relação a um “objeto estranho” surgido no subbosque florestal, esperandose que se desenvolva,principalmenteporindivíduosresidentes,jáqueoreconhecimentodoobjetoede suas dimensões parece ser mais relevante para estes animais, que estão se deslocando frequentementenolocal(precisarãoseesquivardestesobjetosnaspróximaspassadaspelaárea), do que para aqueles que apenas estão de passagem, sem a “intenção” de retorno, pelo local específicoondeseencontratal“objetoestranho”. Parececertoqueamaioriadosindivíduosécapazdedetectareseesquivardeumarede, levandoaumareduçãodeacuráciaeprecisãonasestimativaspopulacionais,intensificada,ainda, pelaelevadaporcentagemdeanimaishábeisaescapardaredenosminutosquesesucedemà captura.Ataxadeescaperegistradaduranteoestudocomportamentalestevedeacordocoma obtidaporMacCarthyetal.(2006apudKUNZ;HODGKISON;WEISE,2009),nosprimeiros5 minutosapósacaptura,devendo,arealizaçãodevistoriasaintervalosuperioraode20minutos, agravar a subamostragem em mais de 30%. Estes dados reforçam as limitações atribuídas ao equipamento de captura (JENNI; LEUENBERGER; RAMPAZZI, 1996), moldando, de forma enviesada,osdadospopulacionais. Poroutrolado,emboraataxadecapturaefetivasejainferioradesejada,apoucachance de escape seguido à captura, desde que vistorias frequentes possam ser efetuadas, pode trazer maiorsegurançaquandoseatribuiobaixosucessoamostralàhabilidadenadetecçãodaredee/ou baixadensidadepopulacional.Infelizmente,napresentepesquisa,asvistoriasnãopuderamser realizadasemintervalospequenos,emrazãodasespecificaçõesatribuídasaométodosistemático deamostragemeàscaracterísticasdasáreasamostraisselecionadasaoestudo.Entretanto,sendo conhecida a habilidade para escape e a fragilidadedas redesneblina, o pesquisador deve estar atentoàviabilidadedousodométodosistemáticodeamostragemnaáreaondesepretendea caracterizaçãopopulacionaldaquiropterofauna,adequandoodelineamentoamostraldeformaa

126

melhoratenderàalgumasestratégiasjáconhecidas(BARLOW,1999;ESBÉRARD,2006,2007; KUNZ;BROCK,1975;SIMMONS;VOSS,1998),nosentidodebuscaporumamaiorsucesso amostralnãotendencioso. Aslimitaçõesetendênciadosestimadoresestatísticosdepopulações, especialmenteos obtidospelométododecapturarecaptura,sãoconhecidasnaliteraturacientífica(CHAO,2001; FERNANDEZ,1995;GANNON;WILLIG,1998;POLLOCKetal.,1990)eestámaisdoqueem tempodesebuscarmaneirasdereduzirestesvieses.Desejávelseriaqueosprópriosestimadores populacionaisapresentassemfatoresqueoscorrigissemdeacordocomahabilidadedetectorae motora,paradesviardasredes,dosgrupostaxonomicamentepróximosdequirópteros,mas,para queesteavançometodológicosetornepossível,oestudoetológicodainteraçãomorcego/rede neblinasefaznecessário.

2.4.4 Avaliação da acurácia e da precisão do método sistemático de amostragem Osucessoamostralobservado foiconsiderado satisfatório, no sentido de demonstrar o potencialdométodosistemáticodeamostragem aoestudo populacional, já que representaram valorescomumenteobservadosemestudospopulacionaisanuais emformaçõesfitofisiológicas dosBiomasMataAtlânticaeCerrado,nasregiõessulesudestedoBrasil(BIANCONI;MIKICH; PEDRO,2004;ORTÊNCIOFILHO;REIS,2009;SILVA;PERINI;OLIVEIRA,2005),mesmo queesperadaumasubamostragem,peloescapedeindivíduospóscapturadecorrentedoelevado intervaloentrevistorias. Nosestudosqueutilizamométododeamostragemporconveniência,omaiorsucessode captura em estudos com melhor esforço amostral (BARROS; BISAGGIO; BORGES, 2006; BREVIGLIERI, 2008; NOBRE et al., 2009; ZANON; REIS, 2009) pode, de fato, estar relacionadoao aprendizadodelocalizaçãodasredesneblina,apartirdoqualpodeocorrerum decréscimo nas atividades ou mudança de locais de voo, com redução do sucesso amostral (ESBÉRARD,2006;GANNON;WILLIG,1998;LARSENetal.,2007;KUNZ;BROCK,1975; KUNZ; KURTA, 1988; KUNZ et al., 1996; SIMMONS; VOSS, 1998). Para este estudo, entretanto,nãotendosidoobservadadiferençanonúmerodecapturas,comoacréscimodenoites deamostragem,oreduzidosucessoamostralpodetersidoumacondiçãonaturalrefletoradeuma

127

baixadensidadepopulacional,poráreadeforrageio,e/oudeumaelevadahabilidadededetecção dasredes(demonstradanaseção2.3.3ediscutidana2.4.3). Acomposiçãogeraldeespécies,compredomíniodafamíliaPhyllostomidae,nãodivergiu docomumenteobservadoemestudospopulacionaisqueutilizamasmetodologiasdeamostragem por conveniência em diferentes localidades (BIANCONI; MIKICH; PEDRO, 2004; ESBÉRARD,2003;FALCÃO;REBÊLO;TALAMONI,2003;ORTÊNCIOFILHOetal.,2005; ORTÊNCIOFILHO; REIS, 2009; PEDRO; PASSOS; LIM, 2001), assim como a Família Vespertilionidae,representada,principalmente,poraquelasinsetívorasqueforrageiamacimado níveldesubbosque,sendosubrepresentadanestesestudospopulacionais,conduzidosemnível de subbosque. Os dados dos vespertilionídeos, portanto, devem sempre ser avaliados cautelosamente,quandoseutilizaestemodelometodológico. Por outro lado, os valores de abundância para algumas subfamílias divergiram dos obtidosporestudospopulacionaisqueutilizamométodosistemáticodeamostragem.Bianconi, Mikich e Pedro (2004), Breviglieri (2008) e OrtêncioFilho e Reis (2009), por exemplo, obtiveram valores de abundância substancialmente inferiores para as espécies das Subfamílias Phyllostominae e Desmodontinae. Os mesmos autores, por outro lado, tiveram índices de abundância muito superiores para espécies como A. lituratus , A. planirostris e P. lineatus (SubfamíliaStenodermatinae). A maior abundância da Desmodontinae, em relação aos estudos citados, pode estar relacionadaàpresençadeinúmerascavernasnaregiãodas CuestasBasalticas ,possibilitandoo abrigodegrandescolôniasde D.rotundus ,comoobservadoporCampanhãeFowler(1993),e Saraiva(2002).Poroutrolado,oacréscimodeabundânciadaPhyllostominae,consideradacomo boa indicadora de comunidades com baixo nível de perturbações (MEDELLÍN; EQUIHUA; AMIN,2000),nãopodeserexplicadounicamenteporestefator. Aregiãoavaliadaporesteestudo,aindaquemaisflorestada(menosfragmentada)doque as regiões dos estudos com os quais foi comparada, não justificaria, por si só, uma maior representatividadedePhyllostominae,jáqueestudosconduzidosemlocaismenosfragmentados ecomremanescentesflorestaisdemaiordimensãoeconservação(GONÇALVES;GREGORIN, 2004; MELLO; SCHITTINI, 2005) não tiveram maiores ou mesmo semelhantes resultados. Assim,divergênciascomoestaspodemindicarqueaestruturadapopulaçãofuncionalmenteativa emáreasflorestaispodenãoseramesmaquesemovimentapelasrotasdevoo,quecruzamestes

128

ambientes, e que o uso do método sistemático de amostragem pode ser mais efetivo na caracterizaçãodestegrupotaxonômico. Comooesperado,ariquezaeadiversidadedesteestudonãosedivergiramdamaioriadas respectivasobtidaspelosestudosqueutilizamométodo de amostagem por conveniência. Em relação à Breviglieri (2008), a diferença percebida entre as localidades, para ambas as estimativas,deveterdecorridodométododecapturaaplicadopelopesquisadoraoterincluidoa amostragem em dossel, tornando possível o registro de espécies das famílias Molossidae e Noctilionidae.Osinsetívorosaéreossãocapturados,usualmente,emredesposicionadasemnível desubdosseloudossel(FENTON;KUNZ,1977;KALKO;HANDLEYJr.;HANDLEY,1996) e,deacordocomSimmonseVoss(1998),osmolossídeos podem representar até metade das capturas,quandoaamostrageméconduzidacomredesneblinaelevadas. Abaixasimilaridadeentreosestudosfoiesperadaemfunçãodasinúmerasdivergências existentes entre os estudos populacionais distintos, resultantes das diferenças das localidades, periodicidades,metodologiaseesforçosutilizados.Algunsdosestudos,porexemplo,utilizaram asredesemsubbosqueedossel(BREVIGLIERI,2008),emcorredoresdevoo,comotrilhase estradas, sobre os cursos d’água (BREVIGLIERI, 2008; ORTÊNCIOFILHO; REIS, 2009; NOBREetal.,2009;ZANON;REIS,2007)ouparalelasàsuamargem(BIANCONI;MIKICH; PEDRO,2004;NOBREetal.,2009),empossíveisabrigos,bordasdemata,fontesalimentares (BREVIGLIERI, 2008; NOBRE et al., 2009), no interior florestal (BIANCONI; MIKICH; PEDRO,2004;BREVIGLIERI,2008)ouemabrigosdiurnos(ZANON;REIS,2007).Apenas esteestudofoipadronizado,enquantoqueosestudoselaboradosporBarros,BisaggioeBorges (2006),eSilva,PerinieOliveira(2005),nãoespecificaramoscritériosutilizadosnaalocaçãodas redesneblina. Asparticularidadesmetodológicassãotantasquesetornaimprovávelacomparaçãodas comunidadesdequirópteros.Afinal,elassãodiferentesdefatoouasdiversasmetodologiasque resultaram em composições específicas distintas? É plausível acreditar que as comunidades e populações animais sejam diferentes entre localidades, quando sob condições ambientais, altitudinais, latitudinais e vegetacionais também diversas. Porém, mesmo nesses casos, ao se utilizarumametodologiaamostralnãotendenciosa,comoasimplessistemática,adiferençaentre ascomunidadespoderiaser,então,seguramenteatribuídaàsdiferençasentreaslocalidadesenão maisàinfluênciapelométodoamostral.

129

Umpequenoexemplodopotencialdecomparaçãoentreestudosapartirdapadronização amostral foi possível ao simular a ausência de espécies de quirópteros insetívoros aéreos, da famíliaMolossidae,noestudodeBreviglieri(2008).Aoigualaroreferidoestudoaeste,ainda queunicamentepelaalturadecapturaemsubbosque,verificouseumacréscimosubstancialna estimativadesimilaridade. Outro ponto importante ao se utilizar o método sistemático de amostragem esteve no potencialderecaptura.Nosestudospopulacionaisqueutilizammetodologiasdeamostragempor conveniência, a taxa de recaptura média fica em torno dos 6 e 7% (BIANCONI; MIKICH; PEDRO, 2004, 2006; BREVIGLIERI, 2008; ESTRADA; COATESESTRADA, 2001; FALCÃO;REBÊLO;TALAMONI,2003),podendoatingirníveisrelativamentesuperioresnos estudos conduzidos em áreas com elevado número de cavernas, grutas e/ou fendas, como registradoparaoParqueEstadualdeCampinhos,Paraná,porArnoneePassos(2007),ondea taxa de recaptura pode ser consideravelmente maior devido à fidelidade que os morcegos demonstramaosabrigosdiurnos(GOMESetal.,2006;NOWAK,1994). Osmétodosdeamostragemporconveniênciapodem,ainda,providenciarelevadosíndices derecapturaquandoasredessãoalocadasempontosespecíficosdasvegetações,ondesepode esperar uma maior atividade específica. Isto foi observado por Kalko, Handley Jr. e Handley (1996),queobteveumataxaderecapturasuperiora27%,peladisposiçãoderedesaoladode árvorescomfrutos,especialmenteda Ficus sp. Discordase, em partes, da associação de elevada taxa de recaptura à fidelidade aos abrigosdiurnos(GOMESetal.,2006;NOWAK,1994), já que a presença de um abrigo com dezenasdeindivíduos M.microtis nãoresultouemelevadataxaderecapturaparaaespécie,na área amostral do CER, levando a crer que, embora a fidelidade ao abrigo possa favorer a recaptura, esta dependerá fortemente de outros fatores individuais e coletivos. Assim como a “tolerância”dos animaisaomovimentodepesquisadores nasproximidades do abrigo e/ou ao método de marcação utilizado, a habilidade do morcego em detectar uma redeneblina num primeiroencontro,memorizaraposiçãodeslaapósocontato,detectálaemumsegundoencontro eesquivarseàcaptura,podefazercomqueosanimaismudemsuaáreadevoo,abandonemos abrigos, ainda que temporariamente, e/ou morram como consequência dos ferimentos da marcação,respectivamente.

130

Entretanto,nãoépossivelatribuir,seguramente,aumououtrofatoratuante,acausada baixaporcentagemderecapturadamaioriadasespécies.Ahabilidadeemdetectararedeneblina, emboraelevada,nãopôdeseravaliadaemnívelespecífico.OúnicoindivíduodaM.microtis , recapturado, não apresentou ferimento no local da marcação, porém esse não foi um número representativo; e a atividade dos indivíduos nos abrigos de encosta do CER, embora tenha demonstradoumaaparentereduçãoaolongodoestudo,noabrigodiretamenteposicionadono pontodeamostragem,nãocessoucompletamentenesseounosdemaisabrigosavistadoseque nãotiveramamostragemadjacente. Apossibilidadedaobtençãodeestimativasquantitativas,comoasdedensidadeepadrão dedistribuição,passaramaserpossíveis,juntamentecomopadrãodeusodaáreaamostralpelos quirópteros. Dados desta natureza podem ser extremamente importantes quando se objetiva o reconhecimento de áreas primordiais a conservação como, por exemplo, quando se anseia a recuperação florestal de uma dada localidade, por regeneração vegetal. Neste exemplo, se se conheceopadrãodeusodaáreapelosquirópteros,podemsedirecionartécnicasderecuperação mais dispendiosas para os pontos em que os animais pouco se deslocam, deixando as áreas usualmente utilizadas por eles para a recuperação natural, através do processo dispersivo zoocórico. Além das novas estimativas e do conhecimento do padrão de uso da área amostral, possíveisdeseremestimadospelométodosistemáticodeamostragem,outragrandevantagemdo uso do delineamento sistemático está na padronização amostral. Através dos métodos de amostragem por conveniência (BARLOW, 1999; GARCIA, 1998; VONHOF, 2006), as redes podemserposicionadasemquaisquerlocaisnavegetação,foradela(rotasdevoo,sobrerios, lagos, bordas de mata, etc) ou em locais tendenciosos, como fonte de alimento ou saída de abrigos,moldandoaspopulaçõesecomunidadesdeacordocomodelineamentoutilizado.Como método sistemático de amostragem, ao contrário, na ausência de escolha tendenciosa para os locais de captura, uma retratação mais acurada e precisa das comunidades e a comparação quantitativa entre localidades, com características vegetacionais semelhantes, passam a ser possíveis,dandonosbaseparaumamelhorcompreensãodo status dacomunidadeefacilitando nosatomadadedecisõesquepossamlevaràconservação,aomanejoe/ouàexclusãodepartede ecossistemas,nosmaisvariadosníveisderelevância.

131

Porfim,ousodeequipamentodevisãonoturna,comometodologiacomplementaraos estudospopulacionais,tornouseumaferramentaaptanaquantificaçãodoesforçorealatribuído aoestudopopulacional(unidadeespaçotemporalderedes,expostasaosquirópteros,nospontos amostrais),possibilitando,assim,acorreçãodamedidadeesforçoaplicado.Consequentemente, namedidaemqueataxadedetecçãodasredespassaaserconhecida,tornasepossívelaumentar a acurácia e a precisão das estimativas populacionais, resultantes de estudos que utilizem o método sistemático de amostragem, e reduzir o viés amostral definido da subestimativa de espécieshabilidosasnadetecçãoeesquivadasredesneblina.

132

133

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS Na primeira etapa proposta neste estudo, ainda que a riqueza tenha permanecido no intervaloinferiordamédiaestimadaequeumacréscimonaestimativatenhasidoprevistopela curvadeesforço amostral,ariquezafoiconsideradasatisfatóriaparaumestudoanual,porser bemrepresentativadaesperadaparaoEstadoouaregiãodaAPACorumbataíBotucatúTejupá. Um acréscimo, com o uso do método sistemático de amostragem, possivelmente viria como consequênciadeumestudopopulacionaldelongoprazo,denomínimotrêsanos,queatingiriao esforçoidealestimadoparacadaumadastrêslocalidadesamostradas. Aespécie C.perspicillata foidominantenocontextodapaisageme,emmenorescala,nas comunidades dos fragmentos florestais nativos, enquanto que a D. rotundus dominou a comunidadedequirópterosnoeucalipto.Já,oconhecimentoquantitativodahabilidadedetectora eosucessoparaseesquivardaredeneblinapossibilitouacorreçãodosíndicesdeabundância relativae,atravésdesteprocedimento,adominânciadascomunidadesdecerradão,eucaliptoe florestaestacionalsemidecidualavaliadas,passouaserrepresentadapelasespécies M.microtis , D. rotundus e G. soricina , respectivamente. Quando consideradas as três áreas florestais no contextodapaisagemeavaliandosuaspopulaçõescomopertencentesaumaúnicacomunidade, D.rotundus passouaseraespéciemaisnumerosanapaisagemavaliada. Aocontráriodadiversidade,quenãoteveumarelaçãomuitonítidacomascaracterísticas locais,aabundânciaesteverelacionadaaumadensidadedesubbosquemediana,apresençaea alturadodossel.Mas,nãoapenasavegetaçãodemonstrouinfluenciaraformadeusodaárea amostral, na medida em que os animais apresentaram preferência por forragear em locais de menor declividade do solo. Assim, vegetação e topografia foram dois fatores importantes na compreensão da forma como uma comunidade e suas populações utilizaram a área amostral heterogênea e, por sua vez, como esta forma de uso pode influenciar os processos ecológicos pelosquaisosmorcegosatuamnestesecossistemasflorestais. Acompreensãodopadrãodeusodosubbosqueemambienteflorestalheterogêneo,em termos de vegetação e topografia, foi um diferencial do uso da amostragem sistemática em relaçãoaosmétodosporconveniência.Deformasemelhante,oíndicededensidadepopulacional, antes inacessível para o método de capturarecaptura, ao ser representado pelo número de indivíduosnacomunidadee/oupopulaçãoporunidadedeárea,favoreceuacomparaçãoentreas

134

diferentesáreasamostrais.Seaofertaderecursospodedarsuporteàmanutençãodepopulações maioresecomunidadesmaisdiversas,quantomaioradensidadepopulacional,maiordeverásero potencialdoecossistemaflorestalnamanutençãodadiversidade,desdequeaamostragemnão sejaenviesadapelaalocaçãoderedesemlocaisesperadosparaapassagemdeummaiornumero deindivíduos. De forma diferente, seria prematuro presumir que aausênciadeindivíduosemumaou maisnoitesdeamostragemsejaresultadodadetecçãoeesquivaàredeneblina,assim,nãofoi realizaacorreçãodosíndicesdefrequênciadeocorrência. Pela segunda etapa, as avaliações metodológicas apontam para um maior sucesso amostral,quandosepriorizaacapturanoprimeiroquartodehorasdanoite,durantealuanova e/ounoitesnubladasouparcialmentenubladas,independentementedatemperaturae/ouumidade. Entretanto,aopriorizarosucessodecaptura,opesquisadorestariaindocontraareduçãodeviés amostral,namedidaemqueutilizariaométodosistemáticodeamostragemdeformasemelhante àquela como são utilizadas as metodologias por conveniência. Neste sentido, o recomendado seriaqueaamostragemfosseconduzidaaolongodetodaanoite(dozehorasconsecutivas)edas sazonalidades, sob quaisquer condições abióticas (temperatura, umidade, nebulosidade e fases lunares). Emboraascapturasnãotenhamdemonstradocorrelaçãocomosaspectosdetemperaturae de umidade, as espécies com diferença de abundância entre período seco e chuvoso foram capturadassobcondiçõesambientaisdiversasdamédiaobtidaparaasnoitesdeamostragemeas noites com condições aparentemente favoráveis, a uma maior atividade dos animais, não ocorreram simultaneamente, tendo umidade e temperatura adequadas as do período chuvoso e seco, respectivamente. Aspectos como esses podem até representar indícios da variação populacionalperiódica,masnãosãoconfiáveisapartirdeestudosanuais.Assim,atemperaturae aumidade,devemseravaliadasapenasnosestudospopulacionaisdelongoprazo. Mesmo que os valores medianos da densidade de subbosque e altitude do dossel, presença de dossel, declividade do solo e altitude do ponto amostral possam influenciar no sucessodecaptura,aooptarpelousodométodosistemáticodeamostragem,opesquisadorjá estará excluindo a escolha destes fatores em sua amostragem e, desta forma, reduzindo um possívelviésnaamostragempelaseleçãodeumououtro aspecto estrutural, responsável pelo acréscimonaprobabilidadedecapturadeindivíduos.

135

Selecionadas as noites de amostragem aleatoriamente ou sistematicamente, evitando a escolhadenoitesfavoráveisàcapturadeummaiornúmerodeindivíduoseumavezalocados sistematicamente,pontosamostraiseredesneblina,opesquisadorpoderia,então,posicionar a rededeformaamaximizarosucessodecapturanopontoselecionado,atravésdoposicionamento delanosentidoquemelhorseadequaràdeclividadepontualeelevandoameiometroacimado níveldosolo.Estaestratégiapoderiasertomada,aocontráriodaescolhatendenciosaporlocais de amostragem, pois o pesquisador, ao posicionar a rede no subbosque florestal, não estaria maximizandoacapturadeanimaiscompadrõesdeatividadedistintosesimaquelesativosno subbosqueflorestal,nolocalemomentodaamostragem. Ousodeamostragemsistemática,porconglomerados(usodemaisdeumaredeporponto amostral),porsuavez,deveriaseravaliadocomoalternativaàamostragemsimplessistemática, poisjáqueumgrandenúmerodeindivíduosesquivouseàcaptura,desviandopelaslateraisda rede,apresençadeumaoumaisredes,posicionadasdeformaestratégicaemformaçõesdiversas, poderia, a partir de um efeito surpresa, reduzir o escape de espécies e indivíduos hábeis em detectarasredes. Aescalaespacialdodelineamentoamostrale/outemporal,atravésdonúmerodenoitesde amostrageme/ounúmeroderedesneblinaaserutilizadossimultaneamente,deveseradequada aospropósitosdoestudopopulacional,porém,adistânciade60metrosentreasredesmostrouse como a melhor alternativa para a caracterização da quiropterofauna, na medida em que possibilitou o registro de uma maior diversidade e equitabilidade, para a comunidade, em fragmentos florestais da paisagem fragmentada. Sua efetividade deve ser maior, ainda, nas localidades com menor declividade, em que o pesquisador poderia realizar vistorias com intervalomenorereduzirasubamostragemdecorrentedoescapeapósacaptura. Dois deslocamentos simultâneos, para o conjunto de redesneblina, foi o número responsávelporummaiorsucessoamostraldosquirópteros,porém,emnãohavendodecréscimo significativo do número de capturas ao longo das 16 (localidades) ou 48 noites (paisagem), concluíusequeonúmerodedeslocamentos,adistânciaeintervalodetempoentreeles,foram satisfatórios para minimizar os efeitos da memorização de locais com rede pelos quirópteros. Aindaassim,mudançasnessesparâmetrospodemserefetuadas,visandoaadequaçãodoestudo populacionalàsparticularidadesdaáreadeestudo, como, por exemplo, para a abrangência de umamaioráreageográficaouamaximizaçãodaamostragemsobreumaáreaespecífica.

136

Pela terceira etapa, foi constatado que a habilidade detectora e de esquiva das redes neblinaforamelevadassobquaisquercondiçõesobservadasenãodiferiramdoobservadopelos demais pesquisadores, que avaliaram estas habilidades em áreas abertas ou em cativeiro, sugerindoqueossistemasdeorientação,especialmenteoporecosevisão,eafacilidadepara realizarmanobras,sãoaltamentedesenvolvidosnosquirópteroseindependentesdolocalonde eles forrageiam. Em função das observações realizadas, podese, desta forma, rebater os argumentospréconcebidosdequeosanimaisapresentariamumamaiorhabilidadedetectoradas redes em meio à vegetação, e atribuir a baixa capturabilidade a uma densidade populacional reduzida e/ou, desde que diferenças na capturabilidade das espécies existam, às diferenças sensoriaisemorfológicasentreosdiversosníveistaxonômicos. Opadrãocomportamental,apósadetecçãodeumarede,foicaracterizadoportrêsfases características,asdedetecção,inspeçãoeafastamento,eumaeventual,adereinspeção.Dessa forma,quandooindivíduopassapelopontoamostral, tendo detectado a rede, ele parte para a vistoriado“objetoestranho”e,concluídoesteatocomportamentaletendooconhecimentosido suficienteparaaidentificaçãodoobjeto,paraoafastamentodarede.A“opção”porretornarà rede,paranovamentevistoriála,podeserobservadaemalgunscasosetalvezsejaumindíciode que o indivíduo é residente nas proximidades, já que, se estivesse apenas de passagem, a insistência em reconhecer o objeto e seus limites pudesse não ter a mesma importância. Infelizmente,ousodemonóculodevisãonoturnanãopossibilitaavisualizaçãodeumaampla área ao redor da rede e o reconhecimento de espécie e indivíduos, e a compreensão de particularidadespelasquaisestesdetectameseesquivamàcaptura,destaforma,talvezpudesse serobtidapormeiodeestudoscomportamentaisqueenvolvamradiotelemetria. Retomado o objetivo geral do estudo de avaliar o potencial do delineamento simples sistemáticoparaoestudopopulacionaldaquiropterofauna,concluiuse queestefoiefetivona caracterizaçãodaspopulaçõesdefragmentosflorestaiscomtiposfitofisionômicosespecíficosou, em maior escala, da paisagem fragmentada e heterogêneaqueconstituiasAPAsCorumbataí BotucatúTejupá e Piracicaba/JuqueriMirim. Uma vez que as estimativas populacionais não tenham sido enviesadas pela seleção determinística por locais de alocação das redesneblina, como acontece nos métodos de amostragem por conveniência, elas demonstraram o grande potencial,da amostragemsistemática,paraosinventários e monitoramentos a longo prazo ou paraosestudosrápidosdestinadosaosprocessosdelicenciamentodeatividadespotencialmente

137

poluidoras ou fisicamente impactantes. Nos estudos rápidos, porém, as estimativas obtidas no prazodeumanodevematuarcomopropósitodereconhecimentoinicialdaquiropterofaunae baseparaoplanejamentodeestudosalongoprazo,jáqueoesforçoamostral,necessárioparaa caracterizaçãodaquiropterofauna,nãosemostrousuficientenoestudoanual. A padronização espacial da amostragem, ainda, apresentouse eficaz por possibilitar a estimativadadensidadepopulacionalporunidadedeáreageográfica,aoinvésdeunidadedeárea deredeneblina,daformadeusoda áreadeamostragememfunçãodeaspectosdorelevo,da estrutura da vegetação e do padrão de distribuição espacial das populações, facilitando, consequentemente, a avaliação e comparação entre populações e comunidades em diferentes fragmentosflorestaisouemestudospopulacionaisdistintos. Oestudocomportamentalfoiumaferramentaimportantenadeterminaçãodapresençade quirópteros nos pontos amostrais, possibilitando a correção do esforço amostral e, consequentemente,osucessodecaptura,pelotempoemquedefatoasredesficaramexpostas aosanimais,eataxadedetecçãoderedesneblinapelosquirópteros,aqualpassouaserutilizada na correção de diversas estimativas, como as de abundância relativa, densidade e tamanho populacionais,reduzindoasubamostragememresultadodahabilidadededetectareseesquivarà captura. Entretanto,dadaamudançanoperfildedominância,determinadapelaestimativapadrão oucorrigidapelataxadedetecçãoderedes,recomendasequeestaquestãosejamelhoravaliada equeseapureaefetividadedeseaplicaracorreçãodasestimativaspopulacionaisparatodasas espéciesregistradase/ouapenasàquelascombaixaporcentagemderecaptura,porcarecermosde conhecimentosobrearealhabilidadedetectoraderedesneblina,emníveistaxonômicosdistintos (subfamílias, gêneros e espécies), para que correções mais acuradas e precisas possam ser realizadas,atribuindodevidamenteopapeldedominânciaeraridadeàsespéciesregistradas.Se, por um lado, a elevada taxa de recaptura pode ser um indício de menor habilidade para a memorizaçãodospontosamostrais,ondeasredesneblinaestiveraminstaladas,e/oudemenor habilidade para detectar e se esquivar à captura, principalmente de espécies fiéis aos abrigos diurnos, por outro, uma recaptura reduzida ou ausente pode ser um indício tanto de elevada habilidadeparaperceberasredeseseesquivaraelas,quantodeinfidelidadeaosabrigosdiurnos oudemaiordistanciamentodeles.

138

139

REFERÊNCIAS ALMEIDA,M.C.;CRUZNETO,A.P.Thermogeniccapacityofthreespeciesoffruiteating phyllostomidbats. Journal of Thermal Biology ,Durham,v.36,n.4,p.225231,May.2011.

ALTRINGHAM,J.D.;FENTON,M.B.SensoryecologyandcommunicationintheChiroptera. In:KUNZ,T.H.;FENTON,M.B.(Ed.). Bat ecology .Chicago;London:TheUniversityof ChicagoPress,2003.chap.2,p.90127.

ALVAREZ,J.;WILLIG,M.R.;JONESJR.,J.K.;WEBSTER,W.D.Glossophagasoricina . Mammalian Species ,Northampton,v.379,n.1,p.17,Nov.1991.

ALVES,L.A. Estrutura da comunidade de morcegos (Mammalia: Chiroptera) do Parque Estadual da Ilha do Cardoso, São Paulo, SP .2008.40p.Dissertação(MestradoemEcologia) UniversidadeFederaldoMatoGrossodoSul,CampoGrande.2008.

ANDERSON,D.R.;BURNHAM,K.P.;WHITE,G.C.;OTIS,D.L.Densityestimationofsmall populationsusingatrappingwebanddistancesamplingmethods. Ecology ,Brooklyn, v.64,n.4,p.674680,Aug.1983.

ARNONE,I.S.;PASSOS,F.C.Estruturadecomunidadedequiropterofauna(Mammalia, Chiroptera)doParqueEstadualdeCampinhos,Paraná,Brasil. Revista Brasileira de Zoologia , Curitiba,v.24,n.3,p.573581,set.2007.

BARLOW,K. Expedition field thechniques :bats.London:ExpeditionAdvisoryCenter,1999. 69p.

BARROS,R.S.de,BISAGGIO,E.L.;BORGES,R.C.Morcegos(Mammalia,Chiroptera)em fragmentosflorestaisurbanosnoMunicípiodeJuizdeFora,MinasGerais,SudestedoBrasil. Biota Neotropica ,SãoPaulo,v.6,n.1,fev.2006.Disponívelem: Acesso em:7nov2010.

BAXTER,D.J.M.;PSYLLAKIS,J.M.;GILLINGHAN,M.P.;O’BRIEN,E.L.Behavioural responseofbatstoperceivedpredationriskwhileforaging. Ethology ,Berlin,v.112,n.10, p.977–983,Oct.2006.

140

BEGON,M.;TOWSEND,C.R.;HARPER,J.L. Ecologia: deindivíduosaecossistemas. 2.ed. PortoAlegre:EditoraArtmed,2007.740p.

BERGALLO,H.G.;ESBÉRARD,C.E.L.;MELLO,M.A.R.;LINS,V.;MANGOLIN,R.; MELO,G.G.S.;BAPTISTA,M.BatspeciesrichnessinAtlanticForest:whatistheminimum samplingeffort? Biotropica ,Zurich,v.35,n.2,p.278288,Apr.2003.

BERNARD,E.;FENTON,M.B.Speciesdiversityofbats(Mammalia:Chiroptera)inforest fragments,primaryforests,andsavannasincentralAmazonia,Brazil. Canadian Journal of Zoology ,Toronto,v.80,n.1,p.11241140.May2002.

______.BatmobilityandroostsinafragmentedlandscapeinCentralAmazonia,Brazil. Biotropica ,Zurich,v.35,n.2,p.262277.June2003.

BERNARD,E.;ALBERNAZ,A.L.K.M.;MAGNUSSON,W.E.Batspeciescompositionin tthreellocalitiesintheAmazonBasin. Studies on Neotropical Fauna and Environment , Abingdon,v.36,n.3,p.177184,Feb.2001.

BIANCONI,G.V. Morcegos frugívoros no uso do hábitat fragmentado e seu potencial para recuperação de áreas degradadas :subsídiosparaumanovaferramentavoltadaàconservação. 2009.97p.Tese(DoutoradoemCiênciasBiológicas)–InstitutodeBiociências,Universidade EstadualPaulistaJuliodeMesquitaFilho,RioClaro,2009.

BIANCONI,G.V.;MIKICH,S.B.;PEDRO,W.A.Diversidadedemorcegos(Mammalia, Chiroptera)emremanescentesflorestaisdomunicípiodeFênix,noroestedoParaná,Brasil. Revista Brasileira de Zoologia ,Curitiba,v.21,n.4,p.943954,dez.2004.

______.Movimentsofbats(Mammalia,Chiroptera)inAtlanticForestremnantsinsouthern Brazil. Revista Brasileira de Zoologia ,Curitiba,v.23,n.4,p.11991206,dez.2006.

BORDIGNON,M.O.;FRANÇA,A.O.Riqueza,diversidadeevariaçãoaltitudinalemuma comunidadedemorcegosfilostomídeos(Mammalia:Chiroptera)noCentroOestedoBrasil. Chiroptera Neotropical ,Brasília,v.15,n.1,p.425433,jul.2009.

BÖRK,K.S.LunarphobiainthegreaterfishingbatNoctilioleporinus(Chiroptera: Noctilionidae). Revista de Biología Tropical ,CostaRica,v.54,n.4,p.11171123,dec.2006.

141

BRASIL.Lein.4771,de15desetembrode1965.Instituionovocódigoflorestalbrasileiro. Diário Oficial da União ,Brasília,16set.1965.Seção1,p.9529.

BREVIGLIERI,C.P.B. Diversidade de morcegos (Chiroptera; Mammalia) em três áreas do noroeste paulista, com ênfase nas relações tróficas em Phyllostomidae .2008.100p. Dissertação(MestradoemBiologiaAnimal)–InstitutodeBiociências,LetraseCiênciasExatas, UniversidadeEstadualPaulistaJuliodeMesquitaFilho,SãoJosédoRioPreto,2008.

______.Influênciadodosselnaatividadedemorcegos(Chiroptera:Phyllostomidae)emtrês fragmentosnoEstadodeSãoPaulo. Chiroptera Neotropical ,Brasília,v.17,n.1,p.917925, jul.2011.

CAMARGO,G.;FISCHER,E.;GONÇALVES,F.;FERNANDES,G.;FERREIRA,S. MorcegosdoParqueNacionaldaSerradaBodoquena,MatoGrossodoSul,Brasil. Chiroptera Neotropical ,Brasília,v.15,n.1,p.417424,jul.2009.

CAMPANHÃ,R.A.;FOWLER,H.G.Roostingassemblagesofbatsinareniticcavesinremnant fragmentsofAtlanticForestinSoutheasternBrazil. Biotropica ,Zurich,v.25,n.3,p.362365, Sept.1993.

CHAO,A.Anoverviewofclosedcapture–recapturemodels. Journal of Agricultural, Biological, and Environmental Statistics ,NewYork,v.6,n.2,p.158–175,June2001.

CHAVERRI,G.;QUIRÓS,O.E.;KUNZ,T.H.Ecologicalcorrelatesofrangesizeinthetent makingbat Artibeuswatsoni . Journal of Mammalogy ,Baltimore,v.88,n.2,p.477486,Apr. 2007.

CLOUTIER,D.;THOMAS,D.W. Carolliaperspicillata . Mammalian Species ,Northampton, v.417,p.19,Dec.1992.

COCHRAN,W.G. Sampling techniques. 3rd ed.NewYork:JohnWiley,1977.448p.

CORVALÁN,S.B.;GARCIA,G.J.Mapeamentoeusoinadequadodeáreasdepreservação permanente.Estudodecaso:APACorumbataí(SP)–Brasil.In:EPIPHANIO,J.C.N.; GALVÃO,L.S.(Eds.). Anais do 15° Simpósio Brasileiro de Sensoriamento remoto .SãoJosé dosCampos:INPE,2011.p.69246931.

142

COSTA,L.M. Morcegos insetívoros que voam sobre lagoas no Estado do Rio de Janeiro, Brasil .2009.69p.Dissertação(MestradoemCiências)–InstitutodeBiologia,Universidade FederalRuraldoRiodeJaneiro,Seropédica,2009.

DELCLARO,K. Comportamento animal :umaintroduçãoàecologiacomportamental.Jundiaí: LivrariaConceito,2004.132p.

EKLÖF,J. Vision in echolocating bats .2003.107p.Dissertation(MasterinZoology)– GöteborgUniversity,Göteborg,2003.

ESBÉRARD,C.E.L.DiversidadedemorcegosemáreadeMataAtlânticaregeneradanosudeste doBrasil. Revista Brasileira de Zoociências .JuizdeFora,v.5,n.2,p.189204,dez.2003.

______.Efeitodacoletademorcegospornoitesseguidasnomesmolocal. Revista Brasileira de Zoologia ,Curitiba,v.23,n.4,p.10931096,dez.2006.

______.InfluênciadociclolunarnacapturademorcegosPhyllostomidae. Iheringia .Série Zoologica,PortoAlegre,v.97,n.1,p.8185,mar.2007.

ESBÉRARD,C.E.L.;BERGALLO,H.G.Coletarmorcegosporseisoudozehorasacadanoite? Revista Brasileira de Zoologia ,Curitiba,v.22,n.4,p.10951098,dez.2005.

______.InfluênciadoesforçoamostralnariquezadeespéciesdemorcegosnosudestedoBrasil. Revista Brasileira de Zoologia ,Curitiba,v.25,n.1,p.6773,mar.2008.

ESTRADA,A.;COATESESTRADA,R.Batspeciesrichnessinlivefencesandincorridorsof residualrainforestvegetationatLosTuxtlas,Mexico. Ecography ,Sweden,v.24,n.1,p.94 102,Feb.2001.

______.Batsincontinuousforest,forestfragmentsandinagriculturalmosaichabitatislandat LosTuxtlas,Mexico. Biological Conservation ,Barkin,v.103,n.2,p.237245,Feb.2002.

FALCÃO,F.C. Morcegos do Planalto da Conquista :efeitosdaestruturadavegetaçãoeda paisagem.2005.103p.Dissertação(MestradoemZoologia)–UniversidadeEstadualdeSanta Cruz,Ilhéus,2005.

143

FALCÃO,F.C.;REBÊLO,V.F.;TALAMONI,S.A.Strutureofabat(Mammalia,Chiroptera)in SerradoCaraçaReserve,southeasternBrazil. Revista Brasileira de Zoologia ,Curitiba,v.20, n.2,p.347350,jun.2003.

FARINA,A. Principles and methods in landscape ecology .London:Chapman&Hall,1998. 235p.

FENTON,M.B.;KUNZ,T.H.Movementsandbehavior. Special Publications Museum Texas Tech University, Lubbock,v.13,n.1,p.351364,1977.

FERNANDEZ,F.A.S.Métodosparaestimativasdeparâmetrospopulacionaisporcaptura, marcaçãoerecaptura. Oecologia Brasiliensis ,RiodeJaneiro,v.2,p.126,1995.

FERRELL,C.S.;WILSON,E. Platyrrhinushelleri . Mammalian Species ,Northampton,v.373, p.15,Apr.1991.

FRANCIS,C.M.Verticalstratificationoffruitbats(Pteropodidae)inlowlanddipterocarp rainforestinMalaysia. Journal of Tropical Ecology ,Cambridge,v.10,n.4,p.523–530,1994.

GANNON,M.R.;WILLIG,M.R.Longtermmonitoringprotocolforbats:lessonsfromthe LuquilloExperimentalForestofPuertoRico.In:DALLMEIER,F.;COMISKEY,J.(Eds.). Forest diversity in North, Central, and South America, and the Caribbean :researchand monitoring. Carnforth:ParthenonPublishingGroup, 1998.chap.14,p.271291.(Manand BiosphereSeries,21).

GANNON,M.R.;WILLIG,M.R.;JONESJÚNIOR,K. Sturniralilium . Mammalian Species , Northampton,v.333,p.15,May1989.

GARCIA,P.F.J. Inventory methods for bats :standardsforcomponentsofBritishColumbia’s Biodiversity.Vancouver:BritishColumbiaMinistryofEnvironment,LandsandParks,1998.n. 20,51p.

GARDNER,A.L.(Ed.). of South America:marsupials,xenarthrans,shrews,and bats.Chicago;London:TheUniversityofChicagoPress,2007.v.1,669p.

GARDNER,A.L.;HANDLEYJÚNIOR,C.O.;WILSON,D.E.Survivalandrelativeabundance. In:HANDLEY,Jr.,C.O.;WILSON,D.E.;GARDNER,A.L.(Ed.). Demography and natural 144

history of the common fruit bat, Artibeus jamaicensis, on Barro Colorado Island, Panamá . Washington:SmithsonianInstitutionPress,1991.chap.5,p.5376.

GILLEY,M;KENNEDY,M.L.Atestofmistnetconfigurationsincapturingbatsoverstream corridors. Acta Chiropterologica ,Warsaw,v.12,n.2,p.363369,June2010.

GOMES,M.N.;UIEDA,W.;ROSÁRIO,M.do;LATORRE,D.O.Influênciadosexode indivíduosdamesmacolônianocontrolequímicodaspopulaçõesdomorcegohematófago Desmodusrotundus (Phyllostomidae)noEstadodeSãoPaulo. Pesquisa Veterinária Brasileira , Soropédica,v.26,n.1,p.3843,jan./mar.2006.

GONÇALVES,E.;GREGORIN,R.QuirópterosdaEstaçãoEcológicadaSerradasAraras,Mato Grosso,Brasil,comoprimeiroregistrode Artibeusgnomus e A.anderseni paraocerrado. Lundiana ,BeloHorizonte,v.5,n.2,p.143149,dec.2004.

HAMMER,Ø.;HARPER,D.A.T.;RYAN,P.D. PAST :Paleontologicalstatisticssoftware packageforeducationanddataanalysis2.04.Oslo,2001.Disponívelem: Acessoem:14jan.2010.

HAMMOND,E.L;ANTHONY,R.G.Mark–recaptureestimatesofpopulationparametersfor selectedspeciesofsmallmammals. Journal of Mammalogy ,Baltimore,v.87,n.3,p.618–627, June2006.

HAYES,J.P.;OBER,H.K.;SHERWIN,R.E.Surveyandmonitoringofbats.In:KUNZ,T.H.; PARSONS,S.(Ed.). Ecological and behavioral methods for the study of bats .2 nd ed. Baltimore:TheJohnsHopkinsUniversityPress,2009.chap.6,p.112132.

HELVERSEN,O.Von;WINTER,Y.Glossophaginebatsandtheirflowers:costsandbeefitsfor plantsandpollinators.In:KUNZ,T.H.;FENTON,M.B.(Ed.). Bat ecology .Chicago;London: TheUniversityofChicagoPress,2003.chap.8,p.346397.

HOLDERIED,M.W.;HELCERSEN,O.Von. Echolocationrangeandwingbeatperiodmatchin aerialhawkingbats. Proceedings of the Royal Society B ,London,v.270,n.1530,p.2293 2299,Nov.2003.

HOMEM,D.H. Padrão de atividade de morcegos filostomídeos em três diferentes áreas no interior de São Paulo. 2010.34p.TrabalhodeConclusãodeCurso(BacharelemEcologia)– InstitutodeEcologia,UniversidadeEstadualPaulistaJuliodeMesquitaFilho,RioClaro,2010. 145

HOROWITZ,S.S.;CHENEY,C.A.;SIMMONS,J.A.Interactionofvestibular,echolocation,and visualmodalitiesguidingflightbythebigbrownbat, Eptesicusfuscus . Journal of Vestibular Research ,Pittsburgh,v.14,n.1,p.17–32,2004.

JENNI,L.;LEUENBERGER,M.;RAMPAZZI,L.Captureefficiencyofmistnetswith commentsontheirroleintheassessmentofpasserinehabitatuse. Journal of Field Ornithology , Richmond,v.67,n.2,p.263274,1996.

JENNINGS,N.;PARSONS,S.;POCOCK,M.J.O.Humanvs.machine:identificationofbat speciesfromtheirecholocationcallsbyhumansandbyartificialneuralnetworks. Canadian Journal of Zoology ,Toronto,v.86,n.1,p.371377,Apr.2008.

JENSEN,M.E.;MOSS,C.F.;SURLYKKE,A.Echolocatingbatscanuseacousticlandmarksfor spatialorientation. The Journal of Experimental Biology ,Edinburgh,v.208,p.43994410, Sept.2005.

JONES,G.;RYDELL,J.Attackanddefense:interactionsbetweenecholocationbatsandtheir insectprey.In:KUNZ,T.H.;FENTON,M.B.(Ed.). Bat ecology .Chicago;London:The UniversityofChicagoPress,2003.chap.7,p.301345.

KALKA,M.;KALKO,E.K.V.Gleaningbatsasunderestimatedpredatorsofherbivorousinsects: dietof Micronycterismicrotis (Phyllostomidae)inPanama. Journal of Tropical Ecology , Cambridge,v.22,n.1,p.1–10,Jan.2006.

KALKO,E.K.;HANDLEYJÚNIOR,C.O.;HANDLEY,D.Organization,diversity,andlong termdynamicsofaneotropicalbatcommunity.In:MOODY,M.L.;SMALLWOOD,J.A.(Ed.). Long-term studies of vertebrate communities .SanDiego:AcademicPress,1996.chap.16, p.503553.

KENNEY,A.J.;KREBS,C.J. Programs for ecological methodology 5.1. 2 nd ed.Vancouver: UniversityofBritishColumbia,1998.1CDROM.

KINGSTON,T.SpeciesrichnessinaninsectivorousbatassemblagefromMalaysia. Journal of Tropical Ecology ,Cambridge,v.19,n.1,p.6779,Jan.2003a.

______.Alternationofecholocationcallsin5speciesofaerialfeedinginsectivorousbatsfrom Malaysia. Journal of Mammalogy ,Baltimore,v.84,n.1,p.205215.Feb.2003b. 146

______.Analysisofspeciesdiversityofbatassemblages.In:KUNZ,T.H.;PARSONS,S.(Ed.). Ecological and behavioral methods for the study of bats .2 nd ed.Baltimore:TheJohns HopkinsUniversityPress,2009.chap.10,p.177194.

KOFFLER,N.F.UsodasterrasdabaciadorioCorumbataíem1990. Geografia ,RioClaro, v.18,n.1,p.135150,1993.

KOTCHETKOFFHENRIQUES,O.;JOLY,C.A.Estudoflorísticoefitossociológicoemuma matamesófilasemidecíduanaSerradoItaqueri,Itirapina,SP. Revista Brasileira de Biologia , SãoCarlos,v.53,n.3,p.477487,1994.

KREBS,C.J. Ecological methodology. 2nd ed.Vancouver:UniversityofBritishColumbia,1998. 581p.

KUNZ,T.H.Littlebrownbat.In:DAVISJÚNIOR,D.E.(Ed.). Census methods for birds and mammals. BocaRaton:CRCPress,1982.p.124126.

______.Censusingbats:challenges,solutions,andsamplingbiases.In:O’SHEA,T.J.;BOGAN, M.A.(Ed.). Monitoring trends in bat populations of the United States and territories : problemsandprospects.Washington:InformationandTechnologyReport,2003.p.9–20.

KUNZ,T.H.;ANTHONY,E.L.P.OntheefficiencyoftheTuttlebattrap. Journal of Mammalogy ,Baltimore,v.58,n.3,p.309315,Aug.1977.

KUNZ,T.H.;BROCK,C.E.Acomparisonofmistnetsandultrasonicdetectorsformonitoring flightactivityofbats. Journal of Mammalogy ,Baltimore,v.56,n.4,p.907911,Nov.1975.

KUNZ,T.H.;KURTA,A.Capturemethodsandholdingdevices.In:KUNZ,T.H.(Ed.). Ecological and behavioral methods for the study of bats .Washington:SmithsonianInstitution Press,1988.chap.1,p.129.

KUNZ,T.H.;HODGKINSON,R.;WEISE,A.C.D.Methodsofcapturingandhandlingbats.In: KUNZ,T.H.;PARSONS,S.(Ed.). Ecological and behavioral methods for the study of bats . 2nd ed.Baltimore:TheJohnsHopkinsUniversityPress,2009.chap.1,p.335.

KUNZ,T.H.;BETKE,M.;HRISTOV,N.I.;VONHOF,M.J. Methodsforassessingcolonysize, populationsize,andrelativeabundanceofbats.In:KUNZ,T.H.;PARSONS,S.(Ed.). 147

Ecological and behavioral methods for the study of bats .2 nd ed.Baltimore:TheJohns HopkinsUniversityPress,2009.chap.7,p.133157.

KUNZ,T.H.;THOMAS,D.W.;RICHARDS,G.C.;TIDEMANN,C.R.;PIERSON,E.D.; RACEY,P.A.Observationaltechniquesforbats.In:WILSON,D.E.;COLE,R.;NICHOLS,J.; RUDRAN,R.;FOSTER,M.(Ed.). Measuring and monitoring biological diversity . Washington:SmithsonianInstitutionPress,1996.chap.7,p.105114.

LACKI,M.J.Temperatureandhumidityinducedshiftsintheflightactivityoflittlebrownbats. Ohio Journal of the Science ,Columbus,v.84,n.5,p.264266,1984.

LARSEN,R.J. Mist net interaction, sampling effort, and species of bats captured on Montserrat, British West Indies .2007.63p.Thesis(MasterofScience)–SouthDakotaState University,Brookings,2007.

LARSEN,R.J.;BOEGLER,K.A.;GENOWAYS,H.H.;MASEFIELD,W.P.;KIRSCH,R.A.; PEDERSEN,S.C.Mistneetingbias,speciesaccumulationcurves,andrediscoreryoftwobatson Montserrat(LesserAntilles). Acta Chiropterologica ,Warsaw,v.9,n.2,p.423435,Nov.2007.

LEIGH,E.G.;HANDLEYJÚNIOR,C.O.Populationestimates.In:HANDLEYJr.,C.O.; WILSON,D.E.;GARDNER,A.L.(Ed.). Demography and natural history of the common fruit bat, Artibeus jamaicensis, on Barro Colorado Island, Panamá .Washington:Smithsonian InstitutionPress,1991.chap.6,p.7788.

MacSWINEY,G.M.C.;CLARKE,F.M.;RACEY,P.A.Whatyouseeisnotwhatyouget:the roleofultrasonicdetectorsinincreasinginventorycompletenessinNeotropicalbatassemblages. Journal of Applied Ecology ,London,v.45,n.5,p.13641371,Oct.2008.

MADOW,L.H.Systematicsamplinganditsrelationtoothersamplingdesigns. Journal of the American Statistical Association,Alexandria,v.41,n.234,p.204217,June1946.

MAGURRAN,A.E. Diversidade ecológica y su medición .Bercelona:EdicionesVedrà,1989. 200p.

MAMAN,A.P.de;SILVA,C.J.da;SGUAREZI,E.M.;BLEICH,M.E.Produçãoeacúmulode serapilheiraedecomposiçãofoliaremmatadegaleriaecerradãonosudoestedeMatoGrosso. Revista de Ciências Agro-Ambientais ,AltaFloresta,v.5,n.1,p.7184,2007. 148

MARTINELLI,M.RelevodoEstadodeSãoPaulo. Confins ,SãoPaulo,v.7,n.1,nov.2009. Disponívelem:.Acessoem:31mar.2011.

______.ClimadoEstadodeSãoPaulo. Confins ,SãoPaulo,v.8,n.1,mar.2010a.Disponível em:.Acessoem:31mar.2011.

______.EstadodeSãoPaulo:aspectosdanatureza.Confins ,SãoPaulo,v.9,n.1,out.2010b. Disponívelem:.Acessoem:31mar.2011.

MEDELLÍN,R.A.Preyof Chrotopterusauritus ,withnotesonfeedingbehavior. Journal of Mammalogy ,Baltimore,v.69,n.4,p.841844,nov.1988.

______. Chrotopterusauritus . Mammalian Species ,Northampton,v.343,p.15,oct.1989.

MEDELLÍN,R.A.;ARITA,H.T. Tonatiaevotis and Tonatiasilvicola . Mammalian Species , Northampton,v.334,p.15,May1989.

MEDELLÍN,R.A.;AQUIHUA,M.;AMIN,M.A.Batdiversityandabundanceasindicatorsos disturbanceinneotropicalrainforests. Conservation Biology ,Cambridge,v.14,n.6,p.1666 1675,Dec.2000.

MELLO,M.A.R.;SCHITTINI,G.M.Ecologicalanalysisofthreebatassemblagesfrom conservationunitsinthelowlandAtlanticForestofRiodeJaneiro,Brazil. Chiroptera Neotropical ,Brasília,v.11,n.1/2,p.206210,Dec.2005.

MEYER,C.F.J.;AGUIAR,L.M.S.;AGUIRRE,L.F.;BAUMGARTEN,J.;CLARKE,F.M.; COSSON,J.;VILLEGAS,S.E.;FAHR,J.;FARIA,D.FUREY,N.;HENRY,M.; HODGKISON,R.;JENKINS,R.K.B.;JUNG,K.G.;KINGSTON,T.;KUNZ,T.H.; GONZALEZ,M.C.M.;MOYA,I.;PATTERSON,B.D.;PONS,J.;RACEY,P.A.;REX,K.; SAMPAIO,E.M.;SOLARI,S.;STONER,K.E.;VOIGT,C.C.;STADEN,D.von;WEISE, C.D.;KALKO,E.K.V.Accountingfordetectabilityimprovesestimatesofspeciesrichnessin tropicalbatsurveys. Journal of Applied Ecology ,London,p.111,Mar.2011.Disponívelem: .Acessoem:19 abr.2011.

MILDE,L.C.E.OregimepluviométricodabaciadoCorumbataí. Notícias PiraCena ,Piracicaba, n.43,nov.1999.Disponívelem: Acessoem:24fev.2010. 149

MUELLERDOMBÓIS,D.;ELLENBERG,H. Aims and methods of vegetation ecology. New York:JohnWiley,1974.547p.

NAVARRO,D.L.;LEONPANIAGUA,L.Communitystructureofbatsalonganaltitudinal gradientintropicaleasternMexico. Revista Mexicana de Mastozoología ,CiudaddeMéxico, v.1,n.1,p.921.July1995.

NERI,A.V.;CAMPOS,E.P.de;DUARTE,T.G.;MEIRANETO,J.A.A.;SILVA,A.F.da; VALENTE,G.E.Regeneraçãodeespéciesnativaslenhosassobplantiode Eucalyptus emáreade CerradonaFlorestaNacionaldeParaopeba,MG,Brasil. Acta Botanica Brasilica ,SãoPaulo, v.19,n.2,p.369376.abr./jun.2005.

NEUWEILER,G.Foragingecologyandauditioninecholocatingbats. Trends in Ecology & Evolution ,Oxford,v.4,n.6,p.160166,June1989.

NOBRE,P.H.;SANTOSRODRIGUES,A.dos;ALMEIDACOSTA,I.de;SILVAMOREIRA, A.E.da;MOREIRA,H.H. SimilaridadedafaunadeChiroptera(Mammalia),daSerraNegra, municípiosdeRioPretoeSantaBárbaradoMonteVerde,MinasGerais,comoutraslocalidades daMataAtlântica. Biota Neotropica ,SãoPaulo,v.9,n.3,p.151156,set.2009.

NOWAK,R.M. Walker's bats of the world.Baltimore:JohnsHopkinsUniversityPress,1994. 287p.

O’DONNELL,C.F.J.Populationdynamicsandsurvivorshipinbats.In:KUNZ,T.H.; PARSONS,S.(Ed.). Ecological and behavioral methods for the study of bats .2 nd ed. Baltimore:TheJohnsHopkinsUniversityPress,2009.chap.8,p.158176.

ONOFRE,F.F.;ENGEL,V.L.;CASSOLA,H.RegeneraçãonaturaldeespéciesdaMata Atlânticaemsubbosquede Eucalyptussaligna Smith.emumaantigaunidadedeprodução florestalnoParquedasNeblinas,Bertioga,SP. Scientia Forestalis ,Piracicaba,v.38,n.85, p.3952,mar.2010.

ORTÊNCIOFILHO,H.;REIS,N.R. dos.Speciesrichnessandabundanceofbatsinfragmentsof thestationalsemidecidualforest,UpperParanáRiver,southernBrazil. Brazilian Journal of Biology ,SãoCarlos,v.69,n.2,suppl.,p.727734,June2009.

ORTÊNCIOFILHO,H.;REIS,N.R.dos;PINTO,D.;ANDERSON,R.;TESTA,D.A.; MARQUES,M.A.Levantamentodosmorcegos(Chiroptera,Mammalia)doParqueMunicipaldo 150

cinturãoVerdedeCianorte,Paraná,Brazil.Chiroptera Neotropical, Brasília,v.11,n.1/2, p.211215,dez.2005.

PECHCACHE,J.M.;ESTRELLA,E.;LÓPESCASTILLO,D.L.;HERNÁNDEZ BETANCOURT,S.F.;MORENO,C.E.Complementarityandefficiencyofbatcapturemethods inalowlandtropicaldryforestofYucatán,Mexico. Revista Mexicana de Biodiversidad, Mexico,v.82,n.3,p.896903,sep.2011.

PEDRO,W.A.;PASSOS,F.C.;LIM,B.K.Morcegos(Chiroptera;Mammalia)daEstação EcológicadosCaetetus,estadodeSãoPaulo. Chiroptera Neotropical, Brasília,v.7,n.1/2, p.136140,2001.

PINTO,S.I.C.;MARTINS,S.V.;BARROS,N.F.de;DIAS,H.C.T.Ciclagemdenutrientesem doistrechosdeflorestaestacionalsemidecidualnaReservaFlorestalMatadoParaíso,emViçosa, MG,Brasil. Revista Árvore ,Viçosa,v.33,n.4,p.653663,jul./ago.2009.

POLLOCK,K.H.;NICHOLS,J.D.;BROWNIE,C.;HINES,J.E.Statisticalinferencefor capturerecaptureexperiments. Wildlife Monographs ,Bethesda,v.107,p.197,1990.

RACEY,P.A.;ENTWISTLE,A.C.Conservationecologyofbats.In:KUNZ,T.H.;FENTON, M.B.(Ed.). Bat ecology .Chicago;London:TheUniversityofChicagoPress,2003.chap.15, p.680744.

RAMBALDI,D.M.;OLIVEIRA,D.A.S.de(Org.). Fragmentação de ecossistemas :causas, efeitossobreabiodiversidadeerecomendaçõesdepolíticaspúblicas.Brasília:MMA;SBF,2003. 510p.

RAUTENBACH,I.L.Anewtechniquefortheefficientuseofmacromistnets. Koedoe ,Pretoria, v.28,n.1,p.81–86,1985.

REMSEN,J.V.Jr.;GOOD,D.A.Misuseofdatafrommistnetcapturestoassessrelative abundanceinbirdpopulations. The Auk ,Albuquerque,v.113,n.2,p.381–398.Apr.1996.

REIS,N.R.dos;BARBIERI,M.L.S.;LIMA,I.P.de;PERACCHI,A.L.Oqueémelhorpara manterariquezadeespéciesdemorcegos(Mammalia,Chiroptera):umfragmentoflorestal grandeouváriosfragmentosdepequenotamanho? Revista Brasileira de Zoologia ,Curitiba, v.20,n.2,p.225230,jun.2003. 151

REIS,N.R.dos;PERACCHI,A.L.;LIMA,I.P.de;PEDRO,W.A.Riquezadeespéciesde morcegos(Mammalia,Chiroptera)emdoisdiferenteshabitats,naregiãocentrosuldoParaná,sul doBrasil. Revista Brasileira de Zoologia ,Curitiba,v.23,n.3,p.813813,set.2006.

REIS,N.R.dos;PERACCHI,A.L.;SEKIAMA,M.L.;LIMA,I.P.de.Diversidadedemorcegos (Chiroptera,Mammalia)emfragmentosflorestaisnoestadodoParaná,Brasil. Revista Brasileira de Zoologia ,Curitiba,v.17,n.3,p.697704,set.2000.

REIS,N.R.dos;SHIBATTA,O.A.;PERACCHI,A.L.;PEDRO,W.A.;LIMA,I.P.de.Sobreos morcegosbrasileiros.In:REIS,N.R.dos;PERACCHI,A.L.;PEDRO,W.A.;LIMA,I.P.de. (Ed.). Morcegos do Brasil .Londrina:OAutor,2007.cap.1,p.1726.

REX,K.;KELM,D.H.;WIESNER,K.;KUNZ,T.H.;VOIGT,C.C.Speciesrichnessand structureofthreeneotropicalbatassemblages. Biological Journal of the Linnean Society , London,v.94,n.1,p.617629,Oct.2008.

RODRIGUES,R.R.AvegetaçãodePiracicabaemunicípiosdeentorno. Circular Técnica IPEF ,Piracicaba,v.189,n.1,p.117,ago.1999.

ROSS,J.L.S.;MOROZ,I.C. Mapa geomorfológico do estado de São Paulo . SãoPaulo:USP, FFLCH;IPT;FAPESP,1997.

RUSSO,D.;JONES,G.;ARLETTAZ,R.Echolocationandpassivelisteningbyforagingmause earedbats Myotismyotis and M.blythii . The Journal of Experimental Biology ,Cambridge, v.210,n.1,p.166176,Jan.2007.

SARAIVA,N.A. Fatores que afetam a seleção de abrigos pelo morcego vampiro Desmodus rotundus (Chiroptera, Plyllostomidae) dentro de uma caverna arenítica .2002.49p.Trabalho deConclusãodeCurso(BacharelemCiênciasBiológicas)InstitutodeBiociências, UniversidadeEstadualPaulistaJuliodeMesquitaFilho,RioClaro,2002.

SARTORI,M.S.;POGGIANI,F.;ENGEL,V.L.Regeneraçãodavegetaçãoarbóreanativano subbosquedeumpovoamentode Eucalyptussaligna Smith.localizadonoEstadodeSãoPaulo. Scientia Forestalis ,Piracicaba,v.62,n.1,p.86103,dez.2002.

SASINSTITUTE. SAS :user’sguide:statistics.Version8.2.6 th ed.Cary,2002.

152

SATO,T.M. Estrutura de comunidade, comportamento alimentar e frugivoria dos morcegos (Mammalia, Chiroptera) em Cecropia pachystachya (Urticaceae) na Estação Experimental de Itirapina, SP. 2007.92p.Dissertação(MestradoemZoologia)–Universidade EstadualdoParaná,Curitiba,2007.

SCHMIDLY,D.J. Texas natural history :acenturyofchange.Texas:TexasTechUniversity Press,2002.541p.

SCHMIEDER,D.A.;KINGSTON,D.;HASHIM,R.;SIEMERS,B.M.Breakingthetradeoff: rainforestbatsmaximizebandwidthandrepetitionrateofecholocationcallsastheyapproach prey. Biology Letters ,London,v.6,n.5,p.604609,Oct.2010.

SCHNITZLER,H.;MOSS,C.F.;DENZINGER,A.Fromspatialorientationtofoodacquisition inecholocatingbats. Trends in Ecology and Evolutio n,London,v.18,n.8,p.386394,Aug. 2003.

SCHUCHMANN,M. Spatial echo suppression and echoacoustic object normalization in bats :evaluationofspatialandobjectechoesinecholocatingbats.Saarbrücken:VDMVerlagDr. Müller,2008.80p.

SHANKER,K.SmallmammalstrappingintropicalmontaneforestsoftheUpperNilgiris, southernIndia:anevaluationofcapturerecapturemodelsinestimatingabundance. Journal of Biosciences ,Bangalore,v.25,n.1,p.99111,Mar.2000.

SHEWHART,W.A.Randomsampling. The American Mathematical Monthly ,Washington, v.38,n.5,p.245270,May1931.

SILVA,R.;PERINI,F.A.;OLIVEIRA,W.R.de.BatsfromthecityofItabira,MinasGerais, SoutheasternBrazil. Chiroptera Neotropical ,Brasília,v.11,n.1/2,p.216219,2005.

SIMMONS,N.B.;VOSS,R.S.Paracoubats. Bulletin American Museum of Natural History, Kansas,pt.1,n.237,1998.219p.

SOM,R.K. Practical sampling techniques .2 nd ed.NewYork:MarcelDekker,1995.635p.

153

SOUZA,P.B.Florísticaeaestruturadavegetaçãoarbustivoarbóreadosubbosquedeum povoamentode Eucalyptusgrandis W.HillexMaidenemViçosa,MG,Brasil. Revista Árvore , Viçosa,v.31,n.3,p.533543.maio/jun.2007.

SPEAKMAN,J.R.;THOMAS,D.W.Physiologicalecologyandenergeticsofbats.In:KUNZ, T.H.;FENTON,M.B.(Ed.). Bat ecology .Chicago;London:TheUniversityofChicagoPress, 2003.chap.10,p.430492.

STRAUBE,F.C.;BIANCONI,G.V.Sobreagrandezaeaunidadeutilizadaparaestimaresforço decapturacomutilizaçãoderedesdeneblina.Chiroptera Neotropical ,Brasília,v.8,n.1/2, p.150152,jan.2002.

SURLYKKE,A.;PEDERSEN,S.B.;JAKOBSEN,L.Echolocatingbatsemitahighlydirectional sonarsoundbeaminthefield. Proceedings of the Royal Society B ,London,v.276,n.1658, p.853860,Mar.2009.

THIES,W.;KALKO,E.K.V;SCHNITZLER,H.Influenceofenvironmentandresource availabilityonactivitypatternsof Carolliacastanea (Phyllostomidae)inPanama. Journal of Mammalogy ,Baltimore,v.87,n.2,p.331338,Apr.2006.

THOMAS,D.W.;WEST,S.D.Samplingmethodsforbats.In:CAREY,A.B.;RUGGIERO,L.F. (Ed.). Wildlife-habitat relationships: samplingproceduresforPacificNorthwestvertebrates. Portland:GeneralTechnicalReport,1989.p.120.

THOMPSON,S.K.Sampling .NewYork:AWileyInterscience,1992.343p.

TOELCH,U.;STICH,K.P.;GASS,C.L.;WINTER,W.Effectoflocalspatialcuesinsmall scaleorientationofflowerbats. Animal Behaviour ,Belfast,2007.Disponívelem: .Acessoem:7abr.2011.

TUTTLE,M.D.Populationecologyofthegraybat( Myotisgrisescens ):phyllopatry,timingand patternsofmovement,weightlossduringmigration,andseasonaladaptativestrategies. Occasional Papers of the Museum of Natural History ,Kansas,v.54,p.138,May1976.

VALENTE,R.O.A. Análise da estrutura da paisagem na bacia do Rio Corumbataí, SP . 2001.144p.Dissertação(MestradoemRecursosFlorestais)EscolaSuperiordeAgricultura “LuizdeQueiroz”,UniversidadedeSãoPaulo,Piracicaba,2001. 154

VELOSO,H.P.;RANGELFILHO,A.L.R.;LIMA,J.C.A. Classificação da vegetação brasileira, adaptada a um sistema universal .RiodeJaneiro:IBGE,1991.124p.

VERBOOM,B.;BOONMAN,A.M.;LIMPENS,H.J.G.A.Acousticperceptionoflandscape elementsbythepondbat( Myotisdasycneme ). Journal of Zoology ,London,v.248,n.1,p.59 66.May1999.

VIVO,M.de;CARMIGNOTTO,A.P.;GREGORIN,R.;HINGSTZAHER,E.;IACK XIMENES,G.E.;MIRETZKI,M.;PERCEQUILLO,A.R.;ROLLOJÚNIOR,M.M.;ROSSI, R.V.;TADDEI,V.A. ChecklistdosmamíferosdoEstadodeSãoPaulo,Brasil. Biota Neotropical ,Brasília,v.11,n.1a,Fev.2011.Disponívelem: Acessoem: 07abr.2011.

VIZOTTO,L.D.;TADDEI,V.A. Chave para determinação de quirópteros brasileiros . São JosédoRioPreto:[s.n.],1973.72p.

VONHOF,M.Handbook of inventory methods and standard protocols for surveying bats in Alberta .Alberta:AlbertaFishandWildlifeDivision,2006.63p.

VOIGT,C.C.;KELM,D.H.;VISSER,G.H.Fieldmetabolicratesofphytophagousbats:do pollinationstrategiesofplantsmakelifeofnectarfeedersspinfaster?Journal of Comparative Physiology B ,Heidelberg,v.176,n.3,p.213222,mar.2006.

WELLER,T.J.;LEE,D.C.Mistneteffortrequiredtoinventoryaforestbatspeciesassemblage. Journal of Wildlife Management ,Bethesda,v.71,n.1,p.251257,Feb.2007. WITT,A.A.;FABIÁN,M.E.Hábitosalimentareseusodeabrigospor Chrotopterusauritus (Chiroptera,Phyllostomidae). Mastozoología Neotropical ,Mendoza,v.17,n.2,p.353360, Dec.2010.

WUNDER,L.;CAREY,A.B.Useoftheforestcanopybybats. Northwest Science ,Seattle, v.70,spec.issue,p.7685,1996.

YOUNG,L.J.;YOUNG,H.J. Statistical ecology, a population perspective .Boston:Kluwer Academic,1998.565p.

155

ZANON,C.M.V.;REIS,N.R.dos.Morcegos(Mammalia,Chiroptera)naregiãodePonta Grossa,CamposGerais,Paraná,Brasil. Revista Brasileira de Zoologia ,Curitiba,v.24,n.2,p. 327332,jun.2007.

ZORTÉA,M.;MELO,F.R.de;CARVALHO,J.C.;ROCHA,Z.D.da. MorcegosdaBaciadorio Corumbá,Goiás.Chiroptera Neotropical ,Brasília,v.16,n.1,p.610616,jul.2010.

156

157

ANEXO

158

159

ANEXO A

Figura39LocalizaçãogeográficadosmunicípiosdeAnalândiaeCorumbataí,naregiãonortedabaciahidrográfica doRioCorumbataí,EstadodeSãoPaulo,Brasil.Fonte:J.FlávioMaraisCastro,2000

160

Figura 40 Zona de abrangência da Área de Proteção Ambiental Corumbataí/Botucatu/Tejupá (amarelo) e Área I da Área de Proteção Ambiental Piracicaba/JuqueriMirim (laranha), indicando a região de sobreposição entre as duas Unidades de Conservação, Estado de São Paulo, Brasil. Fonte:SMA,1998

161

ANEXO B Apêndice1.EspécimescoletadoseregistradoscomomaterialtestemunhonaColeçãodoMuseudeZoologiadaUniversidadedeSãoPaulo,nãotombadoatéo momentodaprublicaçãodestatese. Phyllostomidae: Chiroderma doriae (O. Thomas, 1891): 096; Glossophaga soricina (Pallas, 1766): 038; Micronycteris microtis Miller, 1898: 010; Platyrrhinuslineatus (É.GeoffroySt.Hilaire,1810):037;Vespertilionidae, Lasiurusblossevillii (Lesson,1826):103.

Tabela13.Estimativaetária erazãosexual,daspopulaçõesecomunidadesdequirópteros,eos mesescomoregistrodapresençadefêmeas,prênhese/ou lactantes,duranteoperíododoestudo Presença de fêmea prênhe e/ou Estimativa etária (n) Razão sexual (n) lactante de jul/2009 a jun/2010 Espécie Juvenil Adulto Senil Macho Fêmea J A S O N D J F M A M J Chrotopterusauritus (W.Peters,1856) 0 10 0 6 4 ● ● Anouracaudifer (É.GeoffroySt.Hilaire,1818) 1 8 0 0 9 ● ● Carolliaperspicillata (Linnaeus,1758) 4 27 7 20 18 ● ● ● ● Desmodusrotundus (É.GeoffroySt.Hilaire,1810) 5 10 0 11 15 ● ● ● ● ● Micronycterismicrotis Miller,1898 3 8 0 7 4 Sturniralilium (É.GeoffroySt.Hilaire,1810) 3 7 0 6 4 ● Glossophagasoricina (Pallas,1766) 2 16 0 8 10 ● ● Myotisriparius Handley,1960 0 2 0 1 1 Artibeuslituratus (Olfers,1818) 0 1 0 1 0 Artibeusplanirostris (Spix,1823) 0 1 0 0 1 ● Chirodermadoriae (O.Thomas,1891) 1 2 0 1 2 Anourageoffroyi Gray,1838 0 1 0 0 1 Platyrrhinuslineatus (É.GeoffroySt.Hilaire,1810) 0 1 0 1 0 Lasiurusblossevillii (Lesson,1826) 0 3 0 3 0 Localidade Cerrado 7 14 2 8 15 ● Eucalipto 7 47 4 27 31 ● ● ● ● FlorestaEstacionalSemidecidual 5 47 1 28 25 ● ● ● ● Total (n) 19 97 7 63 71 ● ● ● ● ● ● ●