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A representação identitária em letras de músicas d’ e no livro Os transparentes, de Ondjaki: uma abordagem discursiva

Débora Letícia Silva de Araújo1 Universidade Estadual de Goiás (UEG/Câmpus Cora Coralina) Jéssica Santana dos Santos2 Universidade Estadual de Goiás (UEG/Câmpus Cora Coralina) Cesar Augusto de Oliveira Casella3 Universidade Estadual de Goiás (UEG/Câmpus Cora Coralina)

Resumo

Neste artigo analisamos, sob uma abordagem discursiva, a representação da identidade em dois diferentes objetos culturais, ambos tratando de grupos marginalizados. Nesta pesquisa, metodologicamente bibliográfica, investigamos materiais impressos e examinamos de que forma foi construída, discursivamente, a identidade do trabalhador em letras de músicas d’O Rappa, e a identidade nacional angolana em Os Transparentes, de Ondjaki. Partimos das noções teóricas de Discurso e de Identidade, advindas da Análise do Discurso e dos Estudos Culturais, respectivamente. Entendemos o discurso como uma dispersão de enunciados inseridos num contexto sócio-histórico e que constituem uma regularidade e um efeito de sentido, originado na interlocução. Trabalhamos a identidade no contexto da pós-modernidade, fortemente articulada à noção de diferença, e a compreendemos como um processo discursivo, inserido social e historicamente, que se modifica no decorrer do tempo. Nossas análises indicaram que é pela produção de um certo discurso, tanto nas letras quanto no desenvolvimento do romance, que essas obras se transformam em objetos de afirmação de diferentes identidades. Assim, constatamos que as representações de identidades culturais, como significações produzidas através de uma determinada língua, assumem o papel de dar aos grupos populares a que se referem uma consciência de sua identidade e de sua força. Palavras-chave: Representação identitária, O Rappa, Os transparentes.

The Identity Representation in Lyrics by O Rappa and in Ondjaki’s Book Os Transparentes: a Discursive Approach

Abstract

In this article we analyze, under a discursive approach, the representation of identity in two different cultural objects, both dealing with marginalized groups. In this research, methodologically bibliographical, we investigated printed materials and we examined how were discursively constructed the worker’s identity in lyrics by O Rappa and the Angolan national identity in Ondjaki’s book Os Transparentes. We start from the theoretical notions of Discourse and Identity, derived from Discourse Analysis and Cultural Studies, respectively. We understand the discourse as a dispersion of statements, inserted in a social and historical context, that constitute a regularity and an effect of meaning, originated in the interlocution. We work the identity in the context of postmodernity, strongly articulated to the notion of difference, and we understand it as a discursive process,

1 Graduanda em Letras pela Universidade Estadual de Goiás (UEG/Campus Cora Coralina). E-mail para contato: [email protected] 2 Graduanda em Letras pela Universidade Estadual de Goiás (UEG/Campus Cora Coralina). E-mail: para contato [email protected]. 3 Mestre em Linguística Aplicada pelo Instituto de Estudos da Linguagem da Universidade Estadual de Campinas (IEL/Unicamp). Professor de Linguística da Universidade Estadual de Goiás (UEG/Campus Cora Coralina). E-mail para contato: [email protected].

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inserted socially and historically, that changes over time. Our analysis indicated that it is through the production of a certain discourse, in the lyrics and in the novel’s development, that these literary works become objects of affirmation of different identities. Thus, we find that representations of cultural identities, as meanings produced through a given language, assume the role of giving, to popular groups to which they refer, an awareness of their identity and strength. Keywords: Identity representation, O Rappa, Os transparentes.

La representación de la identidad en letras de músicas d’O Rappa y en el libro Os transparentes, de Ondjaki: un enfoque discursivo

Resumen

En este artículo analizamos, bajo un enfoque discursivo, la representación de la identidad en dos diferentes objetos culturales, ambos tratando de grupos marginados. En esta investigación bibliográfica investigamos materiales impresos y examinamos de qué forma fue construida, por el discurso, la identidad del trabajador en letras de canciones de O Rappa, y la identidad nacional angoleña, en Os Transparentes de Ondjaki. Partimos de las nociones teóricas de Discurso y de Identidad, provenientes del Análisis del Discurso y de los Estudios Culturales, respectivamente. Entendemos el discurso como una dispersión de enunciados, insertados en un contexto socio-histórico, que constituyen una regularidad y un efecto de sentido, originado en la interlocución. Trabajamos la identidad en el contexto de la posmodernidad, fuertemente articulada a la noción de diferencia, y la comprendemos como un proceso discursivo, insertado social e históricamente, que se modifica en el transcurso del tiempo. Nuestros análisis indicaron que es por la producción de un cierto discurso, tanto en las letras y en el desarrollo de la novela, que esas obras se transforman en objetos de afirmación de diferentes identidades. Así, constatamos que las representaciones de identidades culturales, como significaciones producidas a través de una determinada lengua, asumen el papel de dar a los grupos populares a que se refiere una conciencia de su identidad y de su fuerza. Palabras clave: Representación de la identidad, O Rappa, Os transparentes.

1. Identidade e discurso: pontos de partida

O presente texto deriva da junção de dois diferentes trabalhos monográficos de conclusão de curso em Letras, da Universidade Estadual de Goiás (UEG/Câmpus Cora Coralina), os quais, partindo de um mesmo referencial teórico, buscam compreender a representação identitária em dois objetos culturais diversos: a obra literária Os transparentes, do autor angolano Ondjaki, na qual é abordada o tópico da identidade nacional, e as letras de músicas da banda O’Rappa, em que se evidencia a identidade do trabalhador. Perceba-se, ainda, que a aproximação dos dois objetos se dá por eles tratarem, em representação artística, de grupos marginalizados na sociedade atual. De acordo com Bauman (2005), a concepção de identidade é um ponto gerador de grandes discrepâncias teóricas. Ela é, já de início, uma noção inquestionavelmente dúbia, pois comporta as possibilidades de utilização libertadora ou opressora e têm funções tanto unificadoras quanto excludentes. Outra característica de grande relevância na identidade é a

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propriedade da mobilidade, pois, como aponta Gregolin (2007), as identidades se potencializam e se modificam no decorrer da História, provocando a constante e mutável busca por identificação. Tendo isso em mente, é importante ressaltar que a identidade é uma ideia construída discursivamente, no interior de um contexto histórico específico, só assumindo sentido “nos discursos sociais em que é produzida, assim como mostra sua indissociável relação com a História” (BARACUHY, 2010, p. 171). Se olharmos para o lado, digamos, mais linguístico da identidade, podemos argumentar que é por meio da linguagem que o ser humano expressa sua ideologia e interage com os outros indivíduos. A linguagem permite que se nomeie, crie e transforme o universo real, que ele seja representado e que nos representemos nele. Entendemos, deste modo, conforme escreve Margarida Petter, que “a linguagem verbal é, então, a matéria do pensamento e o veículo da comunicação social”, pois a produção da linguagem ocorre em sociedade, “orientada pela visão de mundo, pelas injunções da realidade social, histórica e cultural de seu falante” (PETTER, 2002, p. 11). Agregamos a isto o pensamento bakhtiniano: a palavra é um signo ideológico que retrata as diferentes interpretações da realidade, por meio de vozes e dos pontos de vistas dos que fazem uso da linguagem (BAKHTIN, 2006, p. 19). Deste modo, a palavra, atravessada pela ideologia, via discurso, é condutora das múltiplas representações identitárias. Apontemos que, como escreve Helena Nagamine Brandão (2004, pp. 10-11), o reconhecimento da linguagem como algo que é constituído por aspectos formais, subjetivos e sociais provoca uma mudança nos estudos linguísticos, que até então estavam fundamentados em um só lado da dicotomia saussuriana língua/fala. O discurso surge como instância de estudos da linguagem, visto como elemento de mediação entre o homem e a sua realidade. Dessa forma, o estudo do discurso surge como uma nova tendência linguística, disseminada a partir da década de 60, principalmente pela Análise do Discurso. A Análise do Discurso, muito simplificadamente, trata-se de uma prática de leitura que busca os rastros de posicionamentos ideológicos historicamente constituídos, materializados em textos e quaisquer outras atividades semiótico-discursivas. Para Dominique Maingueneau, os discursos são

[...] objetos que aparecem ao mesmo tempo como integralmente linguísticos e integralmente históricos. As unidades do discurso constituem, com efeito, sistemas,

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sistemas significantes, enunciados, e, nesse sentido, tem a ver com uma semiótica textual; mas eles também têm a ver com a história que fornece a razão para as estruturas de sentido que elas manifestam. (MANGUENEAU, 2008, p. 16)

A atividade verbal, assim, é vista nos enunciados. Na visão bakhtiniana, é através dos enunciados que a vida cotidiana entra na língua e vice-versa. Lembremos que os enunciados são vários e múltiplos, infindáveis e mutáveis. Bakhtin (2011) nos apresenta o discurso em sua dimensão de acontecimento artístico-literário, entendido como uma réplica da vida cotidiana das pessoas. Percebemos, então, que o discurso está presente também nas obras artísticas e literárias, como os romances ou letras de músicas, por exemplo. Isto nos permitiu abordar discursivamente as letras de canções d’O Rappa e o romance Os Transparentes de Ondajki, que tratam, ambos, de grupos marginalizados. Compreendemos, assim, que o trajeto de geração de sentido de um texto, vindo da vida cotidiana ou da esfera artística, tem como patamar vital de observação o discurso, o lugar em que se manifesta o sujeito da enunciação, em que se manifestam as ideologias e em que se pode recuperar as relações entre o texto e o contexto sócio-histórico que o produziu. Assim, também, o discurso é o lugar em que se pode investigar as questões identitárias. Pensamos que o estudo discursivo da identidade pode revelar as fontes de representação identitária, além de indicar as maneiras pelas quais o discurso constitui-se em armas de fortalecimento das mais distintas identidades sociais. Por fim, cabe dizer que a investigação aqui relatada procura estabelecer uma interlocução entre os Estudos Culturais, área pensada como a base para o estudo das práticas culturais que originam um “fluxo identitário” (MATTELART; NEVEU, 2004), a Análise do Discurso, área em que se fundamenta a abordagem discursiva adotada (MAINGUENEAU, 2008) e a Crítica Literária, área que contribui com a compreensão de como as identidades são construídas na ficção (BERND, 2011). A ficção, a representação artística, é compreendida como representação cultural, como discurso (HALL, 2015).

2. Hibridismo e plurilinguismo: pontos de passagem

A busca pela identidade deve ser enxergada como um processo incessante, alavancado e mobilizado por representações formuladas por um indivíduo ou um grupo, sobre ele (indivíduo ou grupo) próprio e sobre os outros (indivíduos ou grupos em relação). Por esse

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ponto de vista, entendemos que os múltiplos aspectos que constituem uma identidade específica não configuram uma propriedade finalizada, mas um processamento em constante modificação (BERND, 2011). Esse movimento, compreendido no âmbito da pós-modernidade, é construído por meio do estabelecimento das diferenças, pelo que se objetiva a individualização de uma identidade em relação a outra, o que ocorre através de oposições sistemáticas. Em outras palavras, a diferença se configura como a disparidade existente entre as mais distintas identidades (WOODWARD, 2014). Contudo, em conformidade com Silva (2014), salientamos que tanto a identidade quanto a diferença são frutos de atos de criação linguísticos, e precisam ser construídas no interior do discurso por serem definidas social e culturalmente, não se tratando de concepções do mundo natural, mas do mundo cultural. O contexto da globalização, mesmo com seus aspectos uniformizadores de produção e consumo, impulsionou a hibridização das identidades, tornando-as fragmentadas em função da assimilação de diferentes posições e aspectos de outras culturas, sem que, contudo, haja necessariamente o efeito de exclusão das marcas originais do sujeito (CAMPOS, 2012). Para esta autora, o homem da pós-modernidade está submetido a uma realidade híbrida, que se manifesta principalmente em sua face linguística. Do hibridismo linguístico se vai ao hibridismo cultural. Temos, assim, um indivíduo que toma para si diferentes traços identitários, via linguagem e via cultura, chegando ao sujeito hibridizado, imerso em um contexto de plurilinguismo e de hibridização da linguagem. Compreendemos, com Bakhtin (2011), que as formas de uso da língua são multiformes, o que, entre outras coisas, contradiz o imaginário de unidade nacional de uma língua. Encontramos, então, o plurilinguismo, característica intrínseca às línguas, estabelecido pelo fato da língua se diferenciar, variar e mudar, sistemática e coerentemente, levando em conta os contextos histórico, geográfico e sociocultural nos quais os falantes dessa língua se manifestam verbalmente. Podemos encontrar o plurilinguismo nos mais variados enunciados, nos gêneros primários e secundários. Entretanto, a ocorrência do plurilinguismo é mais frequente nos gêneros secundários. Isto se dá porque, como afirma Bakhtin (2011), os gêneros secundários surgem em condições de um convívio cultural mais complexo, desenvolvido e organizado, em contextos artísticos, científicos, sociopolíticos etc. Destaquemos que os objetos tratados neste

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artigo, as letras de músicas d’O Rappa e o romance Os transparentes, de Ondajki, estão entre os gêneros secundários. A constante transformação da língua ocorre por meio do hibridismo de linguagens sociais existentes em uma determinada língua. A linguagem social, na perspectiva bakhtiniana, é a singularização social dos signos, ocorrida nas transformações semânticas e escolhas lexicológicas, “é uma perspectiva sócio-linguística concreta, que se singulariza no interior da língua abstratamente una” (BAKHTIN, 2010, p. 155). A mistura de linguagens carrega “novas visões de mundo, de formas interiores de uma consciência verbal do mundo” (BAKHTIN, 2010, p. 158). É importante salientar que todo enunciado que está em circulação tem certo grau de hibridização, mas que o hibridismo é um dos procedimentos vitais que produzem a linguagem artístico-literária, em que se misturam duas ou mais linguagens sociais em um único enunciado (BAKHTIN, 2010). Desta maneira, o plurilinguismo e o hibridismo estão presentes nos enunciados artístico-literários, assim como estão presentes nos enunciados da vida cotidiana. O hibridismo e o plurilinguismo são componentes dos efeitos de sentido do texto. Lembremo- nos que o sentido de um texto se constrói no discurso, por meio do discurso, e que o sujeito é construído discursivamente nas interações verbais com o outro, em uma esfera de comunicação humana específica.

3. Identidade do trabalhador e identidade nacional angolana: pontos de chegada

Para alcançarmos os objetivos desse estudo, foi adotada a pesquisa bibliográfica. Por um lado, este levantamento busca problematizar os seus objetos a partir de referenciais teóricos e científicos já publicados, analisando e refletindo o problema aqui colocado por meio das contribuições consolidadas. Por outro lado, os dados que analisamos são retirados de enunciados verbais materializados em escrita: 1). As letras de canções d’O Rappa, em que a análise busca ressaltar o discurso do trabalhador, tomando-o como uma formulação identitária presente nos enunciados; 2). O romance Os transparentes, cuja análise busca mostrar como os personagens são construídos como representação de uma identidade nacional angolana, considerando-se o autor como o enunciador desse discurso identitário.

3.1. A identidade do trabalhador nas letras de músicas d’O Rappa

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O Rappa é, reconhecidamente, um grupo de atuação social e política, cujas músicas são caracterizadas por letras que refletem sobre a realidade do Brasil e tem um cunho de protesto (FERREIRA, 2011). O estilo poético e musical da banda é ímpar, expondo e tratando de questões sociais de uma maneira singular, unindo a reflexão e o modo de viver das pessoas da favela, buscando a fala cotidiana. Desde o início, O Rappa busca a mistura de ritmos, de sons e de linguagens, o que faz com que a sua categorização musical seja difícil, indefinida ente o Rap, o e o Rock (FERREIRA, 2011). Características visíveis em sucessos musicais tais como A feira (1996), Miséria S/A (1997), O que sobrou do céu (2000), Reza vela (2003), Mar de gente (2005), dentre outros. Discutiremos as relações entre o discurso e a identidade, em letras de músicas d'O Rappa, por meio de uma abordagem que propõe que o sujeito do enunciado, por refração das linguagens sociais, por meio do plurilinguismo e do hibridismo, representa o discurso de uma certa parte – ou certas partes – da sociedade, de maneira que gera uma representação identitária, híbrida e múltipla. Sabemos que os diferentes grupos sociais representam diferentes culturas e, portanto, se expressam diferentemente, quer seja na língua, no vestuário ou na música, entre outras semioses passíveis de investigação, embora, neste artigo, atentemo- nos somente ao aspecto verbal. Mesmo que brevemente, gostaríamos de citar novamente a questão da identidade, compreendida em sua relação com a sociedade e os discursos. Amparados nos estudos de Hall (2003), podemos afirmar que há, na contemporaneidade, o surgimento de novas identidades que fazem do sujeito pós-moderno um sujeito fragmentado, composto por diversas identidades, sem que estas convirjam necessariamente para um todo coerente. Isto faz surgir, como destaca este autor, uma “crise de identidade” que é vista como um processo de mudança nas sociedades modernas. Na opinião de Stuart Hall (2003), com a qual fazemos coro, existe uma variedade de espaços discursivos que estão aptos a construir a identidade. Hall (2003, p. 13) afirma que “somos confrontados por uma multiplicidade desconcertante e cambiante de identidades possíveis, com cada uma das quais poderíamos nos identificar – ao menos temporariamente”. Deste modo, podemos compreender que a identidade do trabalhador é complexa, emanada de um conjunto diversificado de discursos (mercadológico, neoliberal, sindical, marxista etc) e de formações discursivas. Os espaços discursivos, tais quais as letras d’O Rappa, que

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constroem uma identidade do trabalhador, relacionam-se não apenas a sua identidade, mas também a sua linguagem social, ao seu discurso. Desta forma, entendido em sua complexidade e multiplicidade, o trabalhador adquire a sua identidade por meio da linguagem e expressa sua identidade através da linguagem, fenômeno a partir do qual é possível perceber justamente a dialética entre construção identitária e linguagem. Além disto, há a questão da diferença. Stuart Hall (2014, p. 106) aponta “que, como num processo, a identificação opera por meio da différance, ela envolve um trabalho discursivo, o fechamento e a marcação de fronteiras simbólicas, a produção de ”. A diferença entre uma identidade e outra passa também pela produção de um discurso diferenciador, um discurso que produza fronteiras de representação, o que nos leva a perceber a existência de múltiplas representações dos trabalhadores: o operário, o proletário, o camponês, o executivo etc. Neste sentido, da diversificação de identidades do trabalhador, podemos ver que, para Ricardo Antunes (2005), a classe do trabalhador proletário é hoje um conjunto heterogêneo, muito ampliado, que compreende o operário industrial, o trabalhador rural assalariado, os assalariados de serviços, como, por exemplo, a operadora que trabalha no telemarketing, os homens e mulheres que trabalham nos supermercados, a massa de trabalhadores que trabalham nos bancos como digitadores. No entanto, esse proletariado não é mais aquele proletariado estável da era taylorista e fordista, é um proletariado terceirizado e precarizado. É uma classe que inclui também o desempregado, porque ele é consequência do desemprego estrutural, que resulta da lógica destrutiva do capital. O desempregado não é desempregado porque quer, está nesta condição por causa da lógica do capital (ANTUNES, 2005). A identidade do trabalhador, portanto, emana de um processo muito complexo, que envolve a representação discursiva e as condições sociais e históricas do sujeito e do trabalho. Em nossa análise, postulamos que as letras de músicas d’O Rappa procuram representam um trabalhador marginalizado, elas tentam constituir um discurso em que o trabalhador figure como membro de uma classe trabalhadora proletária pós-moderna, precarizada e terceirizada. Colabora com esta representação o plurilinguismo, que é introduzido na música por meio da refração das linguagens sociais, organizadas no enunciado e no discurso produzido. Este discurso, representação artística que irrompe nas letras, é específico e exerce, no

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interlocutor (BAKTHIN, 2010), uma influência da ordem do ideológico. Vejamos um exemplo:

Letra 1: Óia o Rappa Tremenda correria É um armário esse negão Batida, batida Some com a mercadoria Derruba o tabuleiro Não tem colhé de chá Mais parece um caminhão Batida, batida Sujou, sujou, sujou, rapaziada Derruba o tabuleiro Não dá nem pra trampá É penalty, é penalty Batida, batida Os home tão na área Que barra pesada Não tem colhé de chá Levaram, levaram Os cara tão aí Que bode de vida Levaram na mão grande E a tal turma do rapa Não dá nem pra trampá É grande, é grande, é grande a Rapa dura de engolir confusão Que barra pesada Os cara tão aí E a tal turma do rapa Vai ser dura de engolir Fonte: Álbum (1995)

Nesta letra, percebemos a representação da fala de uma determinada camada social, a partir dos termos linguísticos “colhé” e “trampá”, que se referem respectivamente a “colher” e “trampar”, sendo este último um verbo tratado pelos dicionários como “gíria” ou palavra “popular” e como sinônimo de trabalhar. Nos dois casos, temos o apagamento da consoante /r/ em final de palavras, o que é socialmente desprestigiado e erroneamente ligado às classes sociais mais baixas ou menos escolarizadas. A Sociolinguística já demonstrou que este é um traço gradual e ocorre frequentemente em infinitivos verbais no português brasileiro, como em “andá” > “andar” ou “comê” > “comer”. Assim, “colhé” e “trampá” são uma representação que, cientificamente falando, “poderia ser empregada igualmente para representar a fala de qualquer brasileiro, de qualquer região ou classe econômica, inclusive os brasileiros altamente letrados” (BAGNO, 2013, p. 84). Além disto, vemos sintagmas em que não há a concordância de número em todos os itens: “os home” e “os cara”. Outro traço tido como característico das falas populares, apesar de também ser um traço gradual. Vemos, nestas representações da linguagem uma busca pela representação da identidade do trabalhador precarizado, aquele vai à rua vender produtos e objetos ilegalmente e que precisa estar alerta para fugir das fiscalizações policiais, que lhe tomam os produtos e objetos, o sustento e o trabalho.

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Nesta representação da fala do trabalhador, vemos a inserção de uma linguagem social, uma singularização dos signos, com transformação de sentido (“os home” é diferente de “os homens” e “trampá” é diferente de “trabalhar”) que trazem a perspectiva sócio- linguística concreta de que fala Bakhtin (2010). Vejamos outro exemplo:

Letra 2: Rodo Cotidiano Ô Ô Ô Ô Ô my brother (4x) Ô Ô Ô Ô Ô my brother (4x) Na mochila amassada uma quentinha abafada É… A ideia lá comia solta Não se anda por onde gosta Meu troco é pouco, é quase nada Subia a manga amarrotada social Mas por aqui não tem jeito, todo (2x) No calor alumínio nem caneta mundo se encosta nem papel Ela some é lá no ralo de gente É… Uma ideia fugia” Ela é linda mas não tem nome Como um concorde apressado Era o rodo cotidiano (2x) É comum e é normal cheio de força Sou mais um no Brasil da Que voa, voa mais pesado que o Espaço é curto quase um curral Central ar Da minhoca de metal que corta E o avião, o avião, o avião do as ruas trabalhador. Da minhoca de metal... Fonte: Álbum O Silêncio que Procede o Esporro (2003)

Na letra acima percebemos um enunciado em que o sujeito fala do lugar de um trabalhador que se dirige ao trabalho. No uso de “my brother” para se referir aos outros trabalhadores, vemos a criação de uma relação de cumplicidade pela utilização do termo, um mecanismo de identificação do trabalhador proletário moderno. Para Antunes (2008), o trabalhador vive “num processo de transformação recíproca que converte o trabalho social num elemento central do desenvolvimento da sociabilidade humana”. Veja-se que não se usa “camarada” ou “chapa”, termos que também poderiam sedimentar a comunidade. Um termo em inglês que aponta também para o hibridismo, com a mistura de idiomas na letra. Temos, na letra, a descrição das condições de locomoção do trabalhador proletário, que “subia a manga amarotada social”, por causa do lugar em que se encontra, o trem suburbano, cheio, abafado e quente. Amarrotada a camisa como estão amarrotados todos os trabalhadores no transporte coletivo, nos trajetos de ida ou volta para o trabalho. Trabalhadores empurrados para dentro do transporte coletivo pelo “rodo cotidiano”, tratados como animais, presos em um “espaço [que] é curto é quase um curral”. Vemos a precariedade social deste trabalhador. Pretendemos, então, ter demonstrado que a identidade – neste caso específico, a de certo trabalhador, estigmatizado e precarizado – é construída através dos discursos

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encontrados – e dispersos – na sociedade, em uma representação artística que hibridiza e refrata as linguagens sociais existentes no mundo concreto.

3.2. A identidade nacional angolana em Os Transparentes de Ondjaki

Os transparentes é um romance do autor angolano Ondjaki, publicado originalmente em Portugal, em 2012, pela editora Caminho. Protagonizada por pessoas de baixo poder aquisitivo, moradoras da cidade de Luanda, a obra é vencedora do prêmio literário José Saramago do ano de 2013. Os transparentes é fortemente marcado pela oralidade luandense e consegue mostrar ao leitor os contrastes entre diferentes grupos de uma sociedade que está pautada num capitalismo que explora, de forma leviana e incansavelmente, os recursos naturais locais e acentua cada vez mais as desigualdades sociais. Ondjaki, nessa obra, se dedica a dar notoriedade às figuras que são frequentemente ignoradas na sociedade, mesmo que lutem por visibilidade e por melhores condições de vida. Assim, o autor angolano retrata, de forma crítica, a realidade de Angola, que, em muitos aspectos, pode ser aproximada da realidade do Brasil e de tantos outros países em processo de desenvolvimento. Conforme explica Stuart Hall (2015), a identidade nacional é pensada normalmente como um aspecto essencial da natureza humana. Contudo, essa ideia é formulada a partir da produção de um sentido e é oferecida pelas instituições que propagam o discurso nacional. Esse fato é ilustrado em diversos momentos n’Os transparentes. Um exemplo disso é o momento em que o personagem PauloPausado encontra-se ocupado com recortes de revistas e jornais, apresentando ao leitor uma característica sua que, segundo o narrador, é recorrente entre os angolanos – um encantamento com armamentos e instrumentos bélicos:

assim, no modo de agir, de reagir, de receber os outros e de ir lá fora contar em muitos termos a ferida nacional, o angolano investia grande parte de sua imaginação em lembranças que o mais das vezes não eram suas, ou projetando no passado o que poderia ter acontecido, ou fazendo claríssimas alusões a um futuro que por sorte não aconteceria. (ONDJAKI, 2013, p. 194)

Nessa passagem, como em vários outros momentos, temos uma clara ilustração de uma das estratégias discursivas, apontada por Hall (2015, p. 32), como responsável pela construção de uma identidade nacional, à qual o autor chama de invenção da tradição. Essas reflexões são retratadas pelo narrador e justificam o fascínio de PauloPausado pelas armas, a

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partir da afirmação de que “todos os angolanos tinham, portanto, alguma paranoia com armas ou armamentos, todos tinham uma estória para contar, ou um episódio por inventar” (ONDJAKI, 2013, p. 195). O angolano é representado como beligerante e, portanto, como um lutador ou guerreiro, o que seria uma propriedade constitutiva da identidade nacional de Angola, o que interage com o desenvolvimento histórico-identitário apontado por Gregolin (2007), em que a identidade é compreendida como um efeito de sentido que é construído pela linguagem e na linguagem. Essa estratégia discursiva tem por finalidade a construção/perpetuação de uma identidade nacional que, com o advento da globalização, passa a tomar parte de uma tensão crescente entre os traços identitários locais e os aspectos de identidades globais, uma questão muito cara a Stuart Hall (2015). Isto é facilmente percebido na obra em questão, o que podemos exemplificar com um dos diálogos entre os personagens:

__ onde é que a senhora estava? __ tive que ir ao banheiro, senhor Assessor. __ bom, tudo bem, mas não é preciso dizer “banheiro”, que isso são brasileirices da telenovela... chame o meu motorista, temos que ir ao aeroporto apanhar o americano (ONDJAKI, 2013, p. 102-103).

Nessa conversa entre o assessor do ministro, que na narrativa é chamado apenas de Assessor, e a sua secretária, DonaCreusa, duas coisas nos chamam a atenção: a relutância do Assessor ao uso de termos linguísticos considerados característicos dos brasileiros, ou seja, uma relutância ao hibridismo linguístico e ao plurilinguismo, e a existência de uma influência da cultura brasileira em Angola, que se dá, mormente, através das telenovelas. Vemos, então, uma tensão entre o local angolano e o global, aqui representado pela cultura brasileira, como que por meio de um imperialismo cultural brasileiro, que, digamos, apresenta algo de irônico se pensarmos num Brasil que foi colônia por tantos tempo. A relutância ao brasileirismo, linguístico e cultural, também pode ser percebida em outros momentos do romance, na rejeição de outros vocábulos. Vejamos um trecho em que alguns moradores do prédio encontram CienteDoGrã ferido com um tiro e o levam para o apartamento de seu pai:

__ lhe encontramos lá embaixo, junto da lagoinha, com um tiro nas bundas – explicou Paizinho, suando e pedindo um copo de água. [...] __ vinha alguém atrás dele? – indagou Odonato

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__ parece que não, mas eu já tinha ouvido dois tiros, agora não posso garantir que seja o tiro da bunda. __ para lá com essa conversa de bunda, Paizinho – criticou CamaradaMudo, irritado, enquanto procurava um assento – para mais essas palavras da novela, você não sabe dizer rabo ou matako? (ONDJAKI, p. 122-123).

Observemos mais uma fina ironia neste trecho: em consulta ao Dicionário Priberam On-line (disponível em: www.priberam.pt) vê-se que termo “bunda”, refutado no diálogo por ser tomado como brasileirismo, na verdade é de origem africana, vindo do quimbundo, enquanto um dos termos sugerido como substituto, “rabo”, é uma palavra originada no Latim, tendo entrado no léxico angolano via Portugal, em que ainda se utiliza tal vocábulo. Isso mostra o quanto os elementos linguísticos utilizados para a formação identitária nacional estão sujeitos a manipulação e a distorção. Mais ainda: o trânsito do termo “bunda”, que circula entre África → América do Sul → África, evidencia a presença do hibridismo na vida das línguas e ilustra o dialogismo fundamental da língua, conforme postula Bakhtin (2010). Para Bakhtin (2010, p. 134) “a consciência da diversidade das linguagens do mundo e da sociedade que orquestram o romance, entram no romance”. Neste sentido, o discurso literário deve compreender a multiplicidade das línguas que o cercam, o que ocorre por meio dos personagens, dos sujeitos que falam no romance, em termos bakhtinianos. A personagem manifesta discursivamente as identidades que a compõem, assim como o seu posicionamento diante da identidade do outro. Isto pode ser visto neste trecho de Os transparentes:

(…) esgueirou-se pela cozinha, matou a sede, tirou uma fruta e já ia a sair quando se cruzou com AvóKunjikise no corredor _ só foge quem precisa de fugir... _ cala masé a boca com essa língua de merda que ninguém entende, nem sabes dizer bom-dia em português! _ cada um fala a língua que lhe ensinaram! (ONDJAKI, 2013, p. 162).

Acreditamos que é possível postular que há uma busca por afirmação identitária que passa pela imagem da língua falada por cada um dos personagens. No diálogo, percebemos a existência de um embate entre duas manifestações linguísticas, uma que caracterizaria a “identidade local” (o uso da língua da AvóKunjikise) e uma que mostraria uma “identidade global” (o uso da língua de CienteDoGrã). Novamente temos a reafirmação do “local” diante do impacto causado pelo “global”. Pensando bakhtinianamente, percebemos a atuação das forças centrípetas, as quais buscam e projetam uma língua única e centralizada, o “português”, e também a atuação das

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forças centrífugas, as quais fazem com que a língua se hibridize e se misture à “língua de merda”. Parece-nos que estes dados revelam que o mundo globalizado cria um mecanismo complexo de produção de identidades, em que há múltiplas misturas entre diferentes culturas, em que está presente o hibridismo e o plurilinguismo. Pretendemos ter mostrado que isto irrompe no romance de Ondajki como um discurso nacionalista, antiglobalização, apoiado na identidade nacional.

4. Considerações finais

As análises das letras d’O Rappa que trouxemos para este artigo são exemplos de representações identitárias de um certo trabalhador, no sentido de que buscam trazer uma linguagem social relacionada a ele. Em outras letras, tais como a de Rodo Cotidiano, a qual, pelo recorte apresentado, não trouxemos para este texto, há também a descrição do espaço em que este trabalhador vive e se desloca, com a apresentação de uma rotina que tenta fixar esta mesma identidade. Observamos, ao fim da análise, que o discurso presente nas letras, eivado de plurilinguismo e hibridismo, é elemento fixador da identidade de um trabalhador proletário pós-moderno, terceirizado e precarizado. Com a análise d’Os Transparentes, notamos o afloramento de identidades culturais instáveis, as quais transitam entre diferentes posições, angolanos que ocupam posições de mando e poder, angolanos que buscam a melhora social do país e angolanos marginalizados, buscando a diferenciação por meio do uso da língua. Contudo, apesar de o fenômeno da globalização pairar sobre o enredo, há um retorno à tradição, na intenção de construir uma identidade nacional angolana. Esse movimento é feito, pelo autor, através da linguagem e das ações de seus personagens, ilustrando a afirmação de Bakhtin (2002) de que a ação e a fala dos personagens dentro de um romance são direcionadas por uma ideologia, relacionando-se diretamente a um determinado discurso, apontando para uma determinada identidade.

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